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1 Serviço no Domicílio PSB Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas Módulo 2 Características Gerais e Eixos Orientadores do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, para fins não comerciais, desde que citada a fonte e que licenciem as novas criações sob termos idênticos. Ficha catalográfica elaborada pela Seção de Catalogação e Classificação da Biblioteca Central da Universidade Federal de Viçosa – Campus Viçosa Martins, Simone, 1969- M386s Serviço no domicílio PSB : serviço de proteção social 2022 básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas [recurso eletrônico] / Simone Martins, Cristina Caetano de Aguiar, Andréia Queiroz Ribeiro ; coordenação Marcelo José Braga ; Ministério da Cidadania – Viçosa, MG : UFV, IPPDS, 2022. 1 apostila eletrônica (138 p.) : il. color. Disponível em: https://novoead.cidadania.gov.br/index ISBN: 978-85-66148-36-7 1. Serviços de cuidados de saúde domiciliares. 2. Idosos – Cuidados de saúde domiciliares. 3. Pessoas com deficiência – Cuidados de saúde domiciliares. 4. Idosos – Política governamental. 5. Pessoas com deficiência – Política governamental. I. Aguiar, Cristina Caetano de, 1990-. II. Ribeiro, Andréia Queiroz, 1973-. IV. Braga, Marcelo José, 1969-. V. Brasil. Ministério da Cidadania. VI. Sistema Único de Assistência Social (Brasil). VII. Universidade Federal de Viçosa. Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável. VIII. Universidade Federal de Viçosa. Coordenadoria de Educação Aberta e à Distância. IX. Título. CDD 22. ed. 362.14 Bibliotecário responsável: Euzébio Luiz Pinto – CRB 6/3317 3 Conjunto de Ícones da Apostila Buscando facilitar a leitura e a compreensão dos conteúdos disponibilizados, apresentaremos um conjunto de ícones para auxiliar a organização do estudo. Esses ícones são pequenas figuras associadas a um tipo de texto que julgamos relevante, buscando, assim, chamar a sua atenção. Os ícones também são utilizados para indicar textos complementares. Cada ícone tem uma função específica, conforme descrito a seguir: TEXTO-DESTAQUE: São definições, conceitos ou afirmações importantes às quais você deve estar atento. SAIBA MAIS!: Conteúdos complementares, indicados por links, apresentando vídeos, sites ou artigos relacionados ao tema, visando um aprofundamento do nosso estudo. ATENÇÃO: Utilizado como um convite a refletir sobre os aspectos apontados no texto, relacionando-os com a prática profissional e cotidiana. PARA REFLETIR Quando vir este ícone, você deve refletir sobre os aspectos apontados, relacionando-os com a sua prática profissional e cotidiana. ! 4 LISTA DE SIGLAS BE | Benefícios Eventuais BPC | Benefício de Prestação Continuada CADUNICO |Cadastro dos Programas Sociais CENTRO POP | Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua CENTRO–DIA| Centro-Dia de Referência para Pessoas com Deficiência em situação de dependência CF | Constituição Federal CNAS| Conselho Nacional de Assistência Social CRAS | Centro de Referência de Assistência Social CREAS | Centro de Referência Especializado de Assistência Social IPEA| Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada LOAS | Lei Orgânica de Assistência Social MDS| Ministério do Desenvolvimento Social NOB-SUAS| Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social PAEFI | Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos PAIF |Proteção e Atendimento Integral à Família PBF | Programa Bolsa Família PDU| Plano de Desenvolvimento do Usuário PNAS | Política Nacional de Assistência Social PSB | Proteção Social Básica PSE | Proteção Social Especial PSE|AC | Proteção Social Especial de Alta Complexidade PSE|MC | Proteção Social Especial de Média Complexidade SCFV | Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo SUAS | Sistema Único de Assistência Social 5 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 6 UNIDADE 1: CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SERVIÇO DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA NO DOMICÍLIO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E IDOSAS 8 1. Breve Histórico sobre o Serviço 10 2. Condições e Formas de Acesso dos Usuários ao Serviço 14 3. Características do Serviço 16 4. Finalidades do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas 18 4.1. Concepção de “agravos que fragilizam e/ ou provocam o rompimento de vínculos” 18 4.2. Equiparação de oportunidades 20 4.3. Participação e autonomia 20 5. Objetivos do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio 22 6. Introdução aos eixos que orientam a concepção e a organização metodológica do Serviço 33 UNIDADE 2: EIXO I- PROTEÇÃO E CUIDADO SOCIAL NO DOMICÍLIO 37 UNIDADE 3: EIXO II – TERRITÓRIO PROTETIVO: OLHARES E APROXIMAÇÕES SOBRE O TERRITÓRIO 53 UNIDADE 4: TRABALHO EM REDE: ENFOQUE MULTISSETORIAL 60 REFERÊNCIAS CONSULTADAS 76 6 Apresentação Módulo 2 No Módulo 2 do curso Serviço no Domicílio PSB, vamos compreender as características gerais do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com deficiência e idosas. Busca-se, nesta etapa, aprofundar na caracterização do Serviço, sua finalidade e objetivos, bem como apresentar os eixos estratégicos para a sua execução. Este módulo é composto por 4 (quatro) Unidades, conforme Figura 1. Figura 1- Proposta de conteúdos para o Módulo 2 Ca ra ct er ís tic as G er ai s e E ix os O rie nt ad or es do S er vi ço Unidade 1 Características Gerais Unidade 2 Eixo I -Proteção e Cuidado Social no Domicílio Unidade 3 Eixo II- Território Protetivo: Olhares e Aproximações com o Território Unidade 3 Eixo III- Trabalho em Rede: enfoque Multisetorial Fonte: Elaborado pelos autores Para começar, na Unidade 1, serão tratados temas referentes às características gerais do Serviço de Proteção Básica no Domicílio, incluindo um breve histórico, 7 objetivos, usuários, abrangência, condições e formas de acesso dos usuários, sendo essas pessoas com deficiência e idosas. As unidades 2, 3 e 4 serão dedicadas aos eixos estruturantes. Na unidade 2, serão tratados temas relacionados à Proteção e ao Cuidado Social no Domicílio, que configuram o Eixo I. A unidade 3 contemplará o Eixo II, que trata de Território Protetivo: Olhares e Aproximações sobre o Território. Por fim, na Unidade 4, tem-se o Eixo III, que diz respeito ao Trabalho em Rede: Enfoque Multissetorial. Este Módulo 2 tem duração total de 19 horas. Cursista, pensando em lhe proporcionar um bom aproveitamento, além dos conteúdos disponibilizados nesta apostila, foram preparados para você: • Guia de estudos; • Vídeo de apresentação do módulo; • Aulas narradas; • Exercícios e jogos interativos. Primeiramente, recomendamos que leia o Guia de estudos, material preparado para lhe auxiliar na organização dos seus estudos e do seu tempo. Como se encontra orientado no Guia, sugerimos que assista ao vídeo de apresentação antes de continuar a leitura desta apostila. Para tanto, basta acessá-lo no Portal do curso. Após a leitura desta apostila, não deixe de assistir as aulas narradas. Veja se compreendeu tudo que leu e, se não, basta voltar ao conteúdo que sentirá segurança para dar continuidade. Ainda temos as atividades de fixação, que são interativas. São jogos divertidose de rápida realização. Todos os materiais foram preparados com uma linguagem simples e clara. Esperamos, dessa maneira, que faça a diferença na sua atuação junto ao seu município. Desejamos sucesso na realização do Módulo 2 e em todo o Curso de Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para Pessoas com deficiência e idosas – Serviço no Domicílio PSB! Bons estudos!!! Unidade 1 Características Gerais do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com deficiência e idosas 9 A unidade 1 está organizada em tópicos, que possibilitam conhecer as características gerais do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com deficiência e idosas. São eles: 1. Breve Histórico sobre o Serviço; 2. Condições e Formas de Acesso dos Usuários ao Serviço; 3. Características do Serviço; 4. Finalidades do Serviço; 5. Objetivos do Serviço; 6. Introdução aos Eixos que Orientam a Concepção e a Organização Metodológica do Serviço. Antes de conhecer melhor as características gerais do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, perpassando pelos temas mencionados, é importante recordarmos o conceito de Domicílio, visto que é o local onde será ofertado o Serviço. A definição de domicílio é tratada na Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil Brasileiro e afirma no art. 70 que “o domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo”. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em relação ao Censo Demográfico, considera domicílio “o local estruturalmente separado e independente, que se destina a servir de habitação a uma ou mais pessoas ou que esteja sendo utilizado como tal. Pode ser particular ou coletivo”. O domicílio da pessoa idosa ou da pessoa com deficiência é o local que se destina a servir de habitação/ moradia, ou seja, a residência. Sendo assim, quando a pessoa idosa ou a pessoa com deficiência muda de residência, implica mudança do domicílio civil. Isso pode demandar a reorganização do trabalho da equipe do Serviço, considerando o território da nova moradia. Vale ressaltar que as unidades de acolhimento coletivo de pessoas com deficiência e pessoas idosas, como os abrigos institucionais ou casas-lares, residências inclusivas (espaços de oferta dos serviços de acolhimento em geral), espaços de atendimento em saúde (hospitais e outros), locais de reclusão/ encarceramento (presídios), embora sejam considerados domicílios para as pessoas que neles habitam, não serão locais para o atendimento direto do Serviço. No entanto, o Serviço pode manter articulações para a troca de experiências e informações, na perspectiva de ampliar estratégias que garantam direitos de convivência e fortalecimento de vínculos, acesso a serviços e a benefícios essenciais no território, como direito de cidadania. 10 Para efeito do trabalho social do Serviço, faz-se importante considerar também o domicílio territorial – bairro, comunidade, região – onde a pessoa mora, tem uma presença física na localidade, vínculos de pertencimento ou mesmo vínculos ligados às suas origens, às raízes familiares ou às atividades profissionais. Por vezes, é a partir dessa base territorial que o cidadão organiza sua dinâmica de trabalho, de relações com a vizinhança, de acesso ao lazer e à cultura, enfim, de acesso às políticas públicas em geral. E, ainda, é em referência a esse lugar que o indivíduo responde aos órgãos de Justiça, aciona a defesa de seus direitos, inclui-se e é incluído em movimentos sociais de luta por ampliação e garantia de direitos coletivos. ATENÇÃO! O domicílio territorial é um lugar tão importante quanto o “domicílio- residência” para o cidadão sentir-se acolhido, pertencente, respeitado, protegido e cuidado. Especialmente porque a concepção de território vai muito além do espaço geográfico, incluindo vários aspectos, como a compreensão dos modos e significados de organização e ocupação do espaço, a sua dinâmica cultural e política, entre outros. Sendo assim, no território, expressam-se desigualdades, fatores de desproteção e de proteção que têm impacto nos vínculos e na convivência social dos moradores. Assim, ao Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio cabe desenvolver estratégias e ações que possam contribuir para que famílias, cidadãos e territórios ampliem suas capacidades protetivas em relação às pessoas idosas e às pessoas com deficiência. A partir dos aportes do Serviço, implicados com os subsídios familiares e territoriais, pode-se traduzir a proteção social, pautada na família, sociedade e Estado, como a busca pela redução dos riscos, vulnerabilidades e fragilidades que as pessoas e suas famílias enfrentam. Agora que sabemos no que consiste o Domicílio Residencial e Territorial, podemos avançar para conhecermos melhor o Serviço de Proteção Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Pessoas Idosas. 1. Breve Histórico sobre o Serviço Como vimos no Módulo 1, o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas está previsto, no âmbito da proteção básica, na Política Nacional de Assistência Social - PNAS. Esse Serviço foi concebido na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, a partir da revisão conceitual e das discussões ocorridas na Câmara Técnica da Comissão Intergestores Tripartite/CIT/2009, que promoveu um longo e intenso debate sobre algumas experiências municipais relacionadas ! 11 à execução do Serviço de Habilitação e Reabilitação na comunidade das pessoas com deficiência, nominado na PNAS e, até então, cofinanciado pelo piso básico de transição, previsto na NOB – SUAS 2005. Essa revisão, além de considerar as ações tradicionalmente desenvolvidas na área e que estavam voltadas para esses segmentos, avaliou as bases de organização do SUAS e as características de suas ofertas nos níveis de Proteção Social Básica e de Proteção Social Especial. Com isso, na Tipificação, foram concebidos dois serviços distintos: o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, sob o enfoque conceitual e de organização territorial da Proteção Social Básica, e o Serviço de Proteção Social Especial para pessoas com deficiência, idosas e suas famílias, concebido à luz do enfoque conceitual da Proteção Social Especial de Média Complexidade. Um fato que agregou novos elementos à concepção e organização do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio foi a deliberação do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), atualizando, por meio da Resolução nº 34 de 2011, o conceito de habilitação e reabilitação da pessoa com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária no campo da assistência social. O art.2º da referida Resolução define que habilitação e reabilitação da pessoa com deficiência “é um processo que envolve um conjunto articulado de ações de diversas políticas no enfrentamento das barreiras implicadas pela deficiência e pelo meio” (BRASIL, 2011). Com essa definição, superou-se a ideia da organização de uma ação específica com tal finalidade, seja no patamar da Proteção Social Básica ou da Proteção Social Especial. Nessa direção, o CNAS, por meio da referida Resolução, reafirma a compreensão de que habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência tem enfoque multissetorial e, por isso, a sua efetivação requer a realização de um conjunto de ações articuladas das diversas políticas públicas, buscando o enfrentamento das barreiras inerentes à deficiência e ao meio em que as pessoas vivem. E qual é o papel da Assistência Social nesse enfoque multissetorial proposto pela Resolução? A Assistência Social fica responsável por organizar ofertas próprias para promover o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, assim como contribuir com a autonomia, a independência, a segurança, o acesso aos direitos e a participação plena e efetiva das pessoas com deficiênciana sociedade. 12 SAIBA MAIS! O Censo SUAS de 2019 divulgou que dos 5.489 municípios que responderam à pesquisa, 54,3% (2.980) informaram que não ofertam o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas. Acesse o link https://aplicacoes.mds.gov.br/snas/vigilancia/index2.php para consultar o Censo SUAS completo. Quem são os usuários do Serviço? São usuários do Serviço as pessoas com deficiência (em qualquer faixa etária) e as pessoas idosas que vivenciam situação de vulnerabilidade social pela fragilização de vínculos familiares e sociais e/ou pela ausência de acesso a possibilidades de inclusão, autonomia, independência, segurança, usufruto de direitos, de participação plena e efetiva na sociedade e de processos de habilitação e reabilitação à vida diária e comunitária (RESOLUÇÃO CNAS nº 34). Em relação aos contextos particularmente vulneráveis, considera-se que as situações expostas a seguir podem revelar maior necessidade de suporte à proteção e aos cuidados familiares no domicílio pelo Serviço. São as situações: • Usuários do Benefício de Prestação Continuada (BPC); • Membros de famílias beneficiárias de programas de transferência de renda; • Famílias monoparentais com crianças com deficiência; • Famílias com mais de um integrante com deficiência ou com mais de uma pessoa idosa; • Crianças com deficiências associadas ao Zika Vírus; • Famílias cujo cuidador familiar da pessoa com deficiência e/ou da pessoa idosa desempenhe sozinho este papel - essa condição supõe maior estresse; • Famílias cujo cuidador familiar tenha interrompido as atividades laborais ou esteja impossibilitado de realizá-las em virtude da oferta continuada de cuidados diários à pessoa com deficiência ou idosa, condição que pode associar-se ao isolamento do cuidador; • Pessoas com deficiência ou pessoas idosas com dependência de cuidados de terceiros e/ou com limitações de mobilidade pela existência de barreiras no domicílio devido à ausência ou à precariedade de acessibilidade espacial, de comunicação e de transporte, impossibilitando-as de acessar a rede de serviços no território; https://aplicacoes.mds.gov.br/snas/vigilancia/index2.php 13 • Pessoas com deficiência e pessoas idosas com autonomia restrita ao domicílio e com dificuldades de acesso aos serviços socioassistenciais no território; • Pessoas com deficiência e pessoas idosas em iminência de isolamento social ou de risco de sofrer violência intrafamiliar; • Pessoas idosas com 80 anos ou mais; • Pessoas com deficiência e pessoas idosas que moram sozinhas, tendo suporte familiar e social insuficiente; • Pessoas com deficiência severa em face de sua maior dependência de cuidados de terceiros; • Pessoas com deficiência e pessoas idosas com demandas específicas associadas às questões de orientação sexual e identidade de gênero (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros); • Pessoas idosas e pessoas com deficiência que retornaram ao ambiente familiar após acolhimento institucional ou familiar, a partir de encaminhamento do CREAS; • Pessoas com necessidades de cuidados para as atividades da vida diária, cujo cuidador principal tenha idade igual ou superior a 60 anos, tenha deficiência, conviva com doença grave ou apresente outras incapacidades para oferecer cuidados continuados; • Pessoas com deficiência ou pessoas idosas que moram em territórios de difícil acesso, em longas distâncias e/ou sem transporte adequado para deslocamento. É importante esclarecer que os con- textos apresentados não se tratam de critérios de acessos, sendo ape nas si- tuações que podem contribuir para a fragilização da capacidade protetiva das famílias e, por isso, podem servir de bússola para a realização do diagnósti- co socioterritorial e da busca ativa quan- do necessário. Após este breve histórico do Serviço no Domicílio, apresentaremos as condi- ções e as formas de acesso dos usuários a ele. 14 2. Condições e Formas de Acesso dos Usuários ao Serviço As condições de acesso ao Serviço, conforme dispõe a Tipificação, vinculam- se à condição de pessoa idosa, de acordo com o Estatuto do Idoso, e à condição de pessoa com deficiência, conforme define a Lei Brasileira de Inclusão – Estatuto da Pessoa com Deficiência. De maneira geral, as condições de acesso estão vinculadas à vivência de vulnerabilidades sociais que, associadas ou não a barreiras culturais, sociogeográficas e de comunicação e/ou atitudinais, dificultam ou impedem a adesão e o acesso regular às ofertas nas unidades da rede socioassistencial no território. Para a definição do acesso ao serviço, cabe levar em conta as necessidades apresentadas pelo usuário e sua família. A inclusão de usuários no Serviço deve considerar a necessidade de atendimento por meio de visita ou encontro sistemático ocorrido, pelo menos, uma vez ao mês. Essa é a periodicidade mínima recomendada para caracterizar a regularidade da oferta no domicílio, salvo avaliação dos territórios dispersos, área com acesso por meio de transporte específico ou comunidades de grupos culturalmente diferenciados. Qual é a forma de acesso ao Serviço? A Tipificação define que a forma de acesso ao Serviço deve ser por encaminhamento do CRAS do território de abrangência da oferta. Dessa forma, onde houver apenas um CRAS, a abrangência territorial da oferta será o município. O CRAS é uma porta aberta às demandas socioassistenciais no território, sendo também o lugar de identificação de populações específicas e vulneráveis visando o acesso a direitos. Sendo assim, a identificação de usuários para o acesso ao Serviço no Domicílio pode se dar preferencialmente pelo PAIF, mas também por busca ativa e/ou por acolhida da própria equipe do Serviço, especialmente quando receber demandas da rede intersetorial e dos órgãos de defesa de direitos. A busca ativa, aqui indicada, diz respeito à procura intencional, no território, de pessoas idosas ou com deficiência, identificadas nas listas do BPC e do Programa Bolsa Família (atual Programa Auxílio Brasil) ou encaminhadas pelos órgãos de defesa de direitos, desde que apresentem perfil e necessidade de inclusão no Serviço. Essa busca ativa pode ser feita por meio do deslocamento de profissionais da equipe ao endereço indicado, no sentido de informar, orientar e avaliar a necessidade e a possibilidade de adesão ao Serviço. Sendo possível, esse atendimento pode ser agendado por telefone ou correspondência. 15 A determinação do encaminhamento pelo CRAS fundamenta-se na concepção de que, conforme o porte do município, cada CRAS deve referenciar um conjunto de famílias do território de sua abrangência. Considera-se família referenciada aquela que vive em área caracterizada como de vulnerabilidade, tomando-se por base as informações do Cadastro Único dos Programas Sociais (CadÚnico) Ser referência pressupõe reconhecer e compartilhar, com toda a rede socioassistencial do território, os esforços para que as famílias referenciadas e seus membros possam ter suas demandas socioassistenciais atendidas na sua integralidade. Essa direção orienta os fluxos locais para o acesso do público ao Serviço no Domicílio. ATENÇÃO! No caso da oferta do Serviço em parceria com entidade ou organização de Assistência Social, que deverá ser referenciada a um CRAS, cabe ao órgão gestor da política de Assistência Social definir o CRAS que fará o referenciamento do Serviço e a esse caberá realizar os encaminhamentos dos usuários. Com isso, reafirma-se que a rede não deverá realizar encaminhamento diretamente para a entidade, e sim para o CRAS de referência. No caso da oferta do Serviço pelo próprio CRAS, a equipe técnica do Serviço, ao receber o encaminhamento da rede, deve programar a acolhida no domicílio visando reconhecer as necessidades e obter a adesão formal ao Serviço. No caso da oferta compartilhada com uma entidade ou organização de Assistência Social, o técnico responsávelpelas atribuições relativas ao referenciamento do CRAS, ao receber o encaminhamento da rede, deve orientar a equipe do serviço da entidade para programar a acolhida no domicílio, tendo em vista o reconhecimento das demandas e a adesão do usuário e da família ao Serviço. Sempre que a acolhida no domicílio não se traduzir na inclusão no Serviço, seja pela não adesão do usuário e sua família, seja pelo não reconhecimento de demandas de visita periódica para orientação e suporte aos cuidados familiares dentro do escopo do Serviço, a equipe deve comunicar ao órgão ou à instituição da rede que fez o encaminhamento. Desse modo, vimos que as condições de acesso ao serviço estão relacionadas com a situação de vulnerabilidade dos usuários. Da mesma maneira, também foi possível compreender quais as formas de acesso. A partir deste momento, vamos aprofundar um pouco mais no conteúdo, buscando compreender as características do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio. ! 16 3. Características do Serviço Avançando nosso conhecimento sobre o Serviço de Proteção Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Pessoas Idosas, iremos agora conhecer as características fundamentais que irão nortear esse Serviço. Diante do enfoque da Proteção Social Básica, podemos destacar seis características fundamentais do Serviço, como você pode ver na Figura 2. Figura 2: Características fundamentais do Serviço de Proteção Básica no Município Caráter Preventivo Proteção Social Proativa Proteção como processo indissociável do cuidado Valorização do ambiente do domicílio como espaço de acesso a direitos socioassistenciais Acesso a ações e serviços públicos Complementação ao Serviço de Proteção e Atendimento Integral a Família (PAIF) Fonte: Elaborada pelos autores Vamos conhecer o que significa cada uma dessas características? Para o Serviço no Domicílio são destacadas algumas características. A primeira refere-se ao caráter preventivo, ou seja, como ponto de partida as suas ações buscarão evitar riscos sociais e violações de direitos. Outra característica do Serviço no Domicílio é a Proteção Social Proativa, que se norteia pela ação de ir ao encontro das pessoas no domicílio. O serviço no domicílio não se realiza nos intramuros dos espaços-base de sua oferta. Portanto, é necessário conhecer a dinâmica do cotidiano das pessoas, antecipando-se aos riscos pessoais e sociais. Ressalta-se que a Proteção deve sempre ser pautada na dimensão ética de incluir, mas sem ser invasivo A proteção é um processo indissociável do cuidado. Para proteger, é importante cuidar. O cuidado é mais que uma relação pautada na atenção e na acolhida, requer dedicação, presença na rotina, preocupação e, especialmente, corresponsabilidade e zelo com o bem-estar do outro. Ainda, o cuidado revela modos de vida particulares que se refletem na dinâmica das famílias, considerando, em todos os processos, sua cultura. 17 Além da Prevenção e Proteção, o Serviço valoriza o ambiente do domicílio como espaço de acesso a direitos socioassistenciais. O domicílio é o espaço que permite aproximação do Serviço com os contextos familiares e territoriais e que possibilita o atendimento de singularidades dos usuários e a maior compreensão dos saberes e potenciais intrafamiliares, respeitada a perspectiva de valorização do protagonismo e das competências das famílias no exercício da proteção e do cuidado à pessoa com deficiência e à pessoa Idosa. O Serviço ainda tem como característica o acesso a ações e serviços públicos, compreendido como direito de cidadania, seja por meio da rede socioassistencial, das demais políticas públicas e dos órgãos de defesa de direitos. Essa característica vincula-se ao reconhecimento da incompletude do Serviço, tanto frente às demandas pela garantia de direitos quanto frente ao princípio da proteção integral, que considera a indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos civis e políticos, sociais, econômicos e culturais. Por fim, o Serviço reafirma o lugar que a matricialidade sociofamiliar ocupa na estruturação do SUAS e se coloca como Complementar ao Serviço de Proteção e Atendimento Integral a Família (PAIF). A família, nas suas diversas configurações, é central no âmbito das ações da política de assistência social, sendo espaço privilegiado e insubstituível de proteção, socialização e cuidados aos seus membros, mas importa destacar a dualidade dessa perspectiva. A família é lugar de cuidar, mas também precisa ser alvo de cuidados e proteção, sobretudo, pelo Estado. Com base nas características fundamentais apresentadas, podemos agora definir qual a finalidade do Serviço. 18 4. Finalidades do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas Sabe-se que a finalidade definida para o Serviço da Proteção Social Básica do SUAS tem múltiplas dimensões e envolve inúmeros esforços de distintas políticas públicas, dentre elas a de Assistência Social, razão pela qual o Serviço deve atuar em estreita articulação com os demais serviços no território. Contudo, cabe esclarecer que o Serviço tem ofertas próprias concretizadas no conjunto de suas ações, que contribuem diretamente para o alcance de sua finalidade e justificam a sua importância, a intenção e o propósito do Serviço junto aos usuários, que são as pessoas idosas e as pessoas com deficiência. A Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais apresenta como finalidade do Serviço: [...] prevenção de agravos que possam provocar o rompimento de vínculos familiares e sociais dos usuários. Visa à garantia de direitos, o desenvolvimento de mecanismos para a inclusão social, a equiparação de oportunidades e a participação e o desenvolvimento da autonomia das pessoas com deficiência e pessoas idosas, a partir de suas necessidades e potencialidades individuais e sociais, prevenindo situações de risco, a exclusão e o isolamento (BRASIL, 2009, p. 16). Para compreendermos com mais profundidade a finalidade do Serviço, é importante refletirmos sobre algumas categorias conceituais mencionadas pela Tipificação, sendo elas: • Agravos que fragilizam e/ ou provocam o rompimento de vínculos; • Equiparação de oportunidades, e • Participação e autonomia. Vamos entender o que elas significam e como podem impactar na oferta do serviço? 4.1. Concepção de “agravos que fragilizam e/ ou provocam o rompimento de vínculos” O Serviço de Proteção Básica no Domicílio precisa estar atento aos agravos que contribuem para que haja a fragilização ou o rompimento de vínculos, sejam esses familiares ou comunitários. Agravo, neste contexto, significa qualquer prejuízo à integridade e à convivência familiar e social dos indivíduos e suas famílias, provocado por situações adversas, imprevistas, circunstanciais, nocivas ou que causem dano e/ou desvantagens pessoais e sociais. 19 Por rompimento de vínculos familiares, pode-se entender as situações de ruptura, corte ou quebra das relações e vínculos de afeto e amorosidade, sem a provisão de suporte em relação ao cuidado, à proteção e à provisão material. Um levantamento, feito por Dutra e Rodrigues (2021), apontou que os conflitos familiares são um dos principais motivos para a institucionalização do idoso, seja pela falta e/ou perda de vínculo afetivo entre o idoso e os membros de sua família, seja por problemas de relacionamento, de incompatibilidade de gênio, abandono, exclusão do idoso ou clima de tensão familiar. Logo, não dá para desconsiderar o contexto e o histórico da família com a qual a pessoa viveu ou ainda vive. É importante saber que o rompimento de vínculo é diferente do afastamento do núcleo de moradia familiar. Nesse último, não há moradia comum, mas a pessoa idosa ou a pessoa com deficiência pode continuar mantendo laços de afeto, contatos pessoais e, por vezes, ainda conta com o suporte material. Em relação ao rompimento de vínculos comunitários, algumassituações podem desencadeá-lo, tais como: a ausência no território de serviços de saúde, assistência social, educação, transporte adaptado, lazer, cultura, entre outros, obrigando as famílias e seus membros a recorrerem às ofertas de outros territórios e, assim, os vínculos de pertencimento se tornam mais frágeis. Outros fatores que podem contribuir para a fragilização ou mesmo para o rompimento de vínculos comunitários são: comportamentos discriminatórios ou de desvalorização da condição da pessoa com deficiência ou da pessoa idosa no território de moradia, gerando apartação ou isolamento social; elementos vinculados à violência urbana, que geram insegurança social; inexistência de acessibilidade nos equipamentos públicos e comunitários, constituindo-se em barreira para a participação e o exercício da cidadania no local de moradia. É importante ainda atentar-se para a associação entre as limitações impostas pelo próprio avanço da idade ou da deficiência e os seguintes elementos: dificuldades das famílias para cumprir as funções de proteção básica e cuidados cotidianos; privação de acesso a tecnologias assistivas; vivência de pobreza extrema; doença do cuidador familiar e/ou vivência de situações estressantes; moradia precária ou em contexto de difícil acesso, entre outras. Esses elementos podem se revelar como agravos às limitações decorrentes de deficiência e do envelhecimento e desencadear o afastamento temporário ou mesmo o rompimento dos vínculos protetivos, em particular, com o núcleo familiar. O trabalho social, na perspectiva da prevenção aos agravos, requer um olhar que vai além do reconhecimento dos fatores de desproteção; requer, sobretudo, a identificação e o reconhecimento de fatores protetivos nos vários domínios da vida: nos próprios indivíduos; em suas famílias; em seus pares; em suas escolas; em seus territórios; em serviços e atividades comunitárias ou religiosas; enfim, em qualquer outro nível de convivência socioambiental. 20 4.2. Equiparação de oportunidades A Constituição Federal de 1988 determina que “todos são iguais perante a lei, sem distinções de qualquer natureza”. Todavia, o acesso e o pleno exercício dos direitos para as pessoas idosas e pessoas com deficiência, em condições de igualdade com os demais, requer medidas e atitudes para igualar as oportunidades, como a garantia de meios e singularidades para atender condições físicas, intelectuais, mentais e relacionais específicas. Por vezes, faz-se necessário atribuir benefícios, fornecer tecnologias assistivas, assegurar prioridade de atendimento, instituir políticas públicas afirmativas para fazer com que as oportunidades se tornem, de fato, iguais. Assim, a equiparação de oportunidades tem relação direta com a eliminação de barreiras sociais que reduzam ou impeçam as pessoas de realizar uma atividade no campo pessoal, profissional ou relacional. Visa também suprimir ações ou atitudes que possa prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos. A viabilização da participação das pessoas com deficiência e idosas e suas famílias nas mais diversas instâncias da sociedade também pode ser entendida na perspectiva da equiparação de oportunidades. Para o Serviço, a oferta no ambiente do domicílio é uma estratégia do SUAS que possibilita a equiparação de oportunidades de acesso aos direitos socioassistenciais das pessoas com deficiência e das pessoas idosas, em particular daquelas com maiores dificuldades de adesão e acesso à rede. 4.3. Participação e autonomia Tanto a Política Nacional do Idoso quanto o Estatuto da Pessoa com Deficiência preveem em suas diretrizes a participação nas questões públicas. A participação, como componente do Serviço, cujo enfoque contempla a proteção, o cuidado e o fortalecimento de vínculos, pressupõe pensar em condições e estratégias para viabilizá-la ou fortalecê-la. Nesse sentido, cabe afirmar que a circulação de informações com conteúdo e linguagem acessível, o modo de se expor, de ver e de ser visto, de criticar e de ser criticado, de argumentar, bem como a troca e o compartilhamento de saberes e dos modos de produção de conhecimento são aspectos a serem considerados na dinâmica do Serviço (MDS, 2013). Em se tratando da autonomia, podemos defini-la como a “capacidade do indivíduo de eleger objetivos e crenças, de valorá-los com discernimento e de colocá-los em prática sem opressões” (MDS, 2016, p. 20). 21 É consenso que o ser humano é um ser de relações. Portanto, embora a construção da autonomia passe pela construção da subjetividade, na qual o indivíduo intenta desenvolver a possibilidade e a capacidade de reger-se por si e autodeterminar-se de acordo com sua vontade, necessariamente, é uma construção social. E, como tal, não pode ser entendida desvinculada do “pleno usufruto dos aportes de serviços públicos e serviços coletivos” (MDS, 2016, p. 20). Assim, a autonomia pode ser limitada ou expandida a partir da qualidade das relações e da existência ou não de barreiras impostas e vivenciadas nos contextos familiares, territoriais e sociais, a exemplo de transportes e espaços adaptado para a garantia de mobilidade, entre outras questões. Isso condiz com o que diz Jaccoud (2014), segundo a qual as garantias de renda e educação, de prevenção ao isolamento e à negligência devem ser ofertas permanentes do setor público para o exercício da autonomia (MDS, 2015, p. 23). Usufruir da autonomia de ir e vir, por meio da mobilidade independente, para uma pessoa que usa cadeira de rodas, requer contar com ambientes adaptados, tanto em casa quanto nas ruas e prédios. De forma semelhante, para uma pessoa com deficiência visual, a utilização de audiodescrição vai garantir autonomia para acessar informações. No campo do autocuidado, o aprendizado é permanente, exigindo adaptações cotidianas, para as pessoas com deficiência ou para pessoas idosas com alguma doença crônica ou degenerativa. A partir desse contexto, o trabalho social do Serviço deve contribuir para a ampliação da visão de mundo das pes- soas com deficiências e idosas, seus cui- dadores e familiares, de forma que elas compreendam que sua vida está relacio- nada a processos sociais territoriais mais amplos, que requerem disposição para lutar de forma organizada e consciente. Nessa linha, deve-se considerar sempre o desenvolvimento da autonomia e a par- ticipação na construção ou no aprimora- mento de seus projetos de vida. Por outro lado, o Serviço público de proteção social básica tem a função de identificar os fato- res ambientais, sociais e de entorno que constituem barreiras arquitetônicas, de compreensão, comunicação e de atitudes que impedem a participação social des- sas pessoas e suas famílias. 22 5. Objetivos do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio Agora que já conhecemos as características e a finalidade do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, iremos descobrir os objetivos pelos quais o Serviço foi criado. Ao estabelecer os objetivos do Serviço, a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais aponta, em âmbito nacional, o escopo central das suas ofertas e as possíveis inter-relações com outros serviços e benefícios socioassistenciais e com as demais políticas públicas. Os objetivos estão intrinsecamente relacionados e convergem para o alcance das aquisições previstas para os usuários e para os impactos esperados em sua realidade e de suas famílias. São objetivos do Serviço: I. Prevenir agravos que possam desencadear o rompimento de vínculos familiares e sociais; II. Prevenir confinamento de idosos e/ ou de pessoas com deficiência; III. Identificar situações de dependência; IV. Colaborar com redes inclusivas no território; V. Prevenir a institucionalização de pessoas com deficiência e/ ou pessoas idosas com vistas a promover a sua inclusão social; VI. Sensibilizar grupos comunitários sobre direitos e necessidadesde inclusão de pessoas com deficiência e pessoas idosas, buscando a desconstrução de mitos e preconceitos; VII. Desenvolver estratégias para estimular e potencializar recursos das pessoas com deficiência e pessoas idosas, de suas famílias e da comunidade no processo de habilitação, reabilitação e inclusão social; VIII. Oferecer possibilidades de desenvolvimento de habilidades e potencialidades, a defesa de direitos e o estímulo à participação cidadã; IX. Incluir usuários e familiares no sistema de proteção social e serviços públicos, conforme necessidades, inclusive pela indicação de acesso a benefícios e programas de transferência de renda; X. Contribuir para resgatar e preservar a integridade e a melhoria de qualidade de vida dos usuários; XI. Contribuir para a construção de contextos inclusivos. 23 Passamos, então, a compreender cada um dos objetivos do Serviço. I- Prevenir agravos que possam desencadear o rompimento de vínculos familiares e sociais Esse objetivo aponta para a necessidade de conhecimento da dinâmica da família e dos contextos territoriais em que vivem as pessoas com deficiência e as pessoas idosas. Dessa forma, é importante identificar e reconhecer elementos ou situações que assegurem proteção e cuidado ou possam vir a se constituir em fatores protetivos, como: • Fortes vínculos afetivos entre os membros da família; dinâmicas familiares capazes de conciliar cuidados com outros papéis sociais na família, como cuidar dos outros filhos, estudar e trabalhar, desenvolver projetos pessoais; existência de família ampliada ou estendida próxima à moradia ou disponível para dividir cuidados; conhecimento, valorização e respeito às limitações, habilidades e capacidades das pessoas com deficiência e pessoas idosas; convivência intergeracional incentivada, entre outras; • Inexistência de doenças que agravam a situação de dependência, e a presença de práticas de acompanhamento regular das questões de saúde das pessoas cuidadas; • Inclusão das crianças e jovens com deficiência na escola, nos serviços de reabilitação, em atividades ocupacionais, terapêuticas, de cultura, lazer e outras; • Inexistência de fatores que precarizam os cuidados familiares, como a extrema pobreza, o envelhecimento ou adoecimento dos cuidadores ou a incapacidade deles prestarem o cuidado; • Moradia adequada, adaptada às dificuldades de locomoção e deslocamento, e a existência de momentos de lazer junto à família, à vizinhança e à comunidade; • Independência econômica da pessoa idosa ou da pessoa com deficiência e o exercício regular da capacidade de autocuidar-se e do respeito à integridade; • Acesso facilitado à rede de serviços públicos e comunitários; • Cuidadores familiares cientes da importância de autocuidar-se; presença de atitudes positivas, proativas e colaboradoras, evitando a superproteção, práticas de negligência, maus-tratos, violência psicológica, física, sexual ou de abandono. 24 De igual modo, é importante reconhecer e compreender aquilo que se constitui ou pode vir a se constituir em fatores de risco ou de desproteção, como: • O uso prejudicial de álcool ou outras drogas pelos membros da família; • A falta de interesse ou as dificuldades de mobilidade para a participação em grupos e atividades sociais; • As relações familiares conflituosas, com frágeis laços afetivos; • O isolamento social da pessoa cuidada e do cuidador, havendo cuidador único na família; • A inexistência de família ampliada e/ou estendida que possa compartilhar cuidados; a dependência econômica dos membros da família da renda da pessoa idosa ou da pessoa com deficiência; • As expectativas negativas dos membros da família por conta da idade ou da deficiência; • O cansaço, o estresse e o adoecimento do cuidador(a); • A suspeita de violência intrafamiliar; • A moradia inadequada; • O desemprego ou subemprego dos provedores da família; • A insuficiência ou ineficiência de serviços públicos no território de moradia; • A existência de barreiras ambientais e sociais diversas. Esse conhecimento é importante, pois ajuda no planejamento de ações e estra- tégias com vistas à antecipação dos riscos e, sobretudo, à construção de vínculos e ao fortalecimento do papel protetivo da famí- lia, a partir de processos de ressignificação das dinâmicas familiares, de modo que essa supere os sentimentos de perda, de luto, da negação, de raiva, e promova a aceitação e a construção de relações sociais signifi- cativas de valorização, inclusão, evitando, assim, a quebra ou o rompimento dos laços de pertencimento. 25 II- Prevenir confinamento de idosos e/ ou de pessoas com deficiência Confinar pessoas, seja no ambiente familiar ou em instituições, relaciona-se com controle ou impedimento de a pessoa exercer sua autonomia individual e sua liberdade de decidir sobre o que fazer de sua vida. Também pode significar manter a pessoa presa ao redor de obstáculos, em ambiente sem a mínima acessibilidade, sem meios para a pessoa sobressair, imprimindo a marca da inferioridade. O confinamento social das pessoas com deficiência e das pessoas idosas pode provocar adoecimentos, seja na área física, emocional ou psíquica, a exemplo de fobias, depressão, angústia, ansiedade, dificuldades de se aproximar, de se relacionar, sensação de não pertencimento, de abandono, entre outras. É importante considerar que as pessoas dependentes de cuidados de terceiros são, particularmente, mais vulneráveis à vivência de confinamentos, pois a oferta contínua de proteção e cuidados com as atividades da vida diária pode requerer competências e condições emocionais e/ou financeiras e responsabilidades nem sempre presentes nas famílias. A oferta de proteção e cuidados no domicílio pelo Serviço tem papel preponderante para evitar essas situações, especialmente com ações de estímulo à autonomia e de suporte à participação social. Ao “fazer com”, os técnicos do Serviço mostram aos cuidadores familiares possibilidades do fazer e sucessos até então imperceptíveis a eles. As famílias também se queixam do isolamento social vivenciado pela não aceitação dos seus filhos com deficiência, necessitando de exemplos positivos e de espaços que reafirmem a sensação de pertencimento. III. Identificar situações de dependência Constitui preceito constitucional (CF/1988, art. 229) que “os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”, ou seja, a própria lei reconhece a condição de dependência nesses ciclos de vida. Contudo, em sentido geral, a condição de dependência pode acontecer em qualquer faixa etária. Assim, a dependência humana, no sentido amplo, pode vincular-se a diversos aspectos. Para contribuir com a reflexão, apresentamos alguns: • Aspectos econômicos - o indivíduo não tem recursos próprios e precisa que outro auxilie em seu sustento; • Aspectos físicos - quando a pessoa tem a mobilidade impedida, prejudicada ou reduzida, seja por deficiência, acidente, doença, alterações fisiológicas inerentes à idade, com a diminuição da força muscular e do equilíbrio corporal; 26 • Aspecto funcional - quando a pessoa perde ou tem reduzida a autonomia para desempenhar sozinha as atividades da vida diária, como, por exemplo, alimentar-se, vestir-se, tomar banho, deslocar de um local para outro, participar de atividades ou eventos no território; • Aspectos mentais ou intelectuais - quando limitações cognitivas, de aprendizagem, de perda de memória, de comunicação e de interação social impõem a necessidade de apoio mais constante de terceiros; • Aspectos psicológicos - ligados à necessidade de estar na companhia do outro. Pode relacionar-se a situações de depressão, ansiedade, situações estressantes, às vezes, em função da morte de alguém querido, viuvez, afastamento ou fragilização de vínculos em relação a pessoas com quem havia forte laçode cuidado e afeto; • Aspectos vinculados ao ciclo de vida – uma criança, pelo estágio de desenvolvimento que vivencia, é particularmente mais dependente do que os adultos. As necessidades de cuidados de terceiros pelas pessoas com deficiência e pelas pessoas idosas, pode-se dar de duas formas: nas atividades básicas e nas atividades instrumentais. As atividades básicas relacionam-se a apoios nas tarefas de autocuidado, como arrumar-se, vestir-se, comer, fazer higiene pessoal, locomover-se e outros. Já as atividades instrumentais, relacionam-se aos apoios para atividades importantes no desenvolvimento pessoal e social, como fazer refeições, limpar a residência, fazer compras, pagar contas, manter compromissos sociais, usar meio de transporte, comunicar-se, cuidar da própria saúde e manter a sua integridade e segurança (MDS, 2012, p. 15). De qualquer modo, é fundamental compreender a condição de dependência à luz da história de vida da pessoa, do apoio familiar que dispõe e das oportunidades vividas. Igualmente importante é compreender as necessidades de apoio constante ou temporário e as perspectivas de expansão de suas potencialidades, capacidades e habilidades. O grau ou estágio de dependência pode ser influenciado pela qualidade do cuidado recebido ou de restrições de acesso à tecnologia assistiva. PARA REFLETIR! O envelhecimento e a deficiência não são sinônimos de dependência, porém, quando associados, deixam as pessoas mais vulneráveis a riscos e à violação de seus direitos. 27 O fato de o Serviço atuar na identificação das situações de dependência dos usuários pode contribuir para a promoção de ações no contexto do domicílio e do território que favoreçam a antecipação a agravos de vulnerabilidade ou a riscos da vivência de situações de violência e violação de direitos. IV. Colaborar com redes inclusivas no território O reconhecimento da diversidade humana pressupõe a preparação das redes para o atendimento inclusivo das pessoas com deficiência e das pessoas idosas, com a oferta de ações e serviços de forma descentralizada, próximos à residência, de modo a assegurar a convivência e a vivência de experiências com pessoas de outras gerações e sem deficiência. Ainda na perspectiva inclusiva, cabe ressaltar o necessário enfoque de gênero, uma vez que mulheres com deficiência e mulheres idosas, geralmente, estão mais expostas a riscos de violência e à violação de direitos, como abusos sexuais. É igualmente importante atentar-se para o atendimento de crianças e adolescentes com deficiência em espaços e serviços inclusivos, para que usufruam dos seus direitos em condições de igualdade com as crianças e adolescentes sem deficiência. PARA REFLETIR! Serviços, ações e espaços inclusivos podem contribuir, decisivamente, para a consolidação da cultura do reconhecimento e do respeito às diferenças. O Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, ao fazer parte das redes territoriais e, particularmente, da rede socioassistencial e da rede intersetorial de políticas públicas, ainda que se constitua numa ação específica para pessoas com deficiência e pessoas idosas, colabora, fundamentalmente, na perspectiva de estimular e promover a convivência familiar e social inclusiva, sem discriminação e segregação de qualquer natureza. V. Prevenir o abrigamento institucional de pessoas com deficiência e/ ou pessoas idosas com vistas a promover a sua inclusão social O acolhimento institucional em abrigo, residência inclusiva ou casa-lar corresponde à medida protetiva para aqueles que não podem ou não contam com os cuidados parentais, seja da família de origem ou da família extensa/ampliada. 28 ATENÇÃO! Toda a legislação a respeito do acolhimento tem como premissa básica a garantia do direito constitucional à convivência familiar e comunitária. A medida de acolhimento (abrigamento), por sua vez, somente deve ser adotada quando representar a medida mais adequada e protetiva para a pessoa acolhida. No caso da pessoa idosa e da pessoa com deficiência adulta, a decisão de morar sozinho, em abrigo ou casa-lar deve ser sempre respeitada. Como descrito nas características fundamentais do Serviço, evitar a fragilidade e a ruptura dos vínculos familiares que resultem em acolhimento institucional exige ações preventivas no campo da sensibilização, da orientação ao(s) cuidador (es) familiar(es) e, sobretudo, da oferta de ações públicas continuadas que ampliem a capacidade de proteção e cuidado das famílias. Para isso, é preciso oferecer acesso à informação e apoio, compartilhamento de cuidados por meio de serviços com essa finalidade, acesso a benefícios e a serviços essenciais de cuidados, educação, habilitação e reabilitação, convivência, lazer e cultura, entre outros. Essas iniciativas requerem investimentos na qualidade das relações institucionais, familiares, comunitárias e sociais, com vistas a fortalecer as funções protetivas da família e evitar desproteções como a negligência e a violência intrafamiliar, que têm sido apontadas como algumas das principais causas do afastamento de pessoas idosas e de crianças e adolescentes do núcleo familiar, inclusive daquelas com deficiência. VI. Sensibilizar grupos comunitários sobre direitos e necessidades de inclusão de pessoas com deficiência e pessoas idosas, buscando a desconstrução de mitos e preconceitos. Esse objetivo aponta para a necessária transversalidade das ações de proteção e cuidados das pessoas com deficiência e das pessoas idosas, impondo a integração do Serviço às iniciativas mobilizadoras do território e à promoção de ações que privilegiem os encontros coletivos entre famílias, cuidadores familiares e ofertadores de serviços, buscando suprimiras situações de exclusão social e preconceito. É bastante comum ouvirmos expressões do tipo: “pessoa idosa só gosta de bingo e baile”; “todo velho é ranzinza”; “estar velho é estar dependente”; “burro velho não aprende línguas”; “pessoas idosas são todas iguais”; “envelhecimento traz impotência sexual ou perda do interesse sexual”; “os mais velhos são mais inflexíveis”; “velho já deu o que tinha que dar, não tem futuro”. A reprodução não refletida dessas crenças pode propagar uma representação social fantasiosa, preconceituosa, idadista e estigmatizante. ! 29 De forma semelhante, há muitas falácias sobre a sexualidade das pessoas com deficiência, reproduzidos em discursos, ideias e crenças que terminam por manter ou disseminar relações de dominação e de inferiorização em relação às pessoas sem deficiência. Um exemplo é dizer que as pessoas com deficiência não têm necessidades sexuais, ou seja, não têm sentimentos, nem pensamentos sobre sexo. Assim, são vistas como assexuadas ou, no extremo oposto, como pessoas com desejos incontroláveis e exacerbados. Por trás das crenças e preconceitos, pode haver aspectos de cunho ideológico e de direção política que reforçam posturas discriminatórias, de segregação ou mesmo de exclusão de direitos. Por isso, esclarecer, desconstruir e fazer desaparecer uma ideia ou uma crença falsa, reproduzida ao longo dos anos, como mito e preconceito, não é uma tarefa simples, mesmo diante da convicção de que é completamente errônea. Dessa forma, são necessárias ações claras, multidisciplinares e com metodologias que contemplem a sensibilização de grupos e sujeitos para contribuir com a difusão, a afirmação e a reclamação de direitos. VII. Desenvolver estratégias para estimular e potencializar recursos das pessoas com deficiência e pessoas idosas, de suas famílias e da comunidade no processo de habilitação, reabilitação e inclusão social. Esse objetivo tem como alicerce a compreensão e a integração com as ações e serviços das áreas de saúde, educação, habitação, trabalho e previdência social, pois a inclusão social não é tema de uma só política. A inclusão social diz respeito à garantia das possibilidades para que todas as pessoas tenham acesso e usufruam das mesmasoportunidades, em condições de igualdade, na sociedade em que vivem. 30 Como exposto anteriormente, o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) já reconheceu, por meio da Resolução nº 34/2011, que a habilitação e a reabilitação das pessoas com deficiência têm enfoque multissetorial, portanto, requerem trabalho integrado de diversas políticas, inclusive da assistência social, com o seu conjunto de ofertas nos âmbitos da proteção social básica e especial, de média e alta complexidade, e dos seus distintos serviços e benefícios, com orientações técnicas específicas e integrados por equipes de referência. Especificamente no campo da assistência social, a contribuição do Serviço com os processos de habilitação, reabilitação e inclusão social pode ser compreendida na direção do estímulo e da orientação aos processos de convivência que resultem no fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Em outras palavras, o estímulo e a orientação têm a finalidade de ampliar a proteção e os cuidados, além de favorecer o acesso a serviços essenciais no território como direito de cidadania, expandindo seus efeitos positivos pela articulação do Serviço com os demais serviços socioassistenciais do SUAS e das demais políticas públicas. VIII. Oferecer possibilidades de desenvolvimento de habilidades e potencialidades, a defesa de direitos e o estímulo à participação cidadã Ter direitos inscritos na CF e nas leis infraconstitucionais é fundamental, pois constitui condição para a sua materialização, porém não é suficiente. A defesa de direitos vincula-se, portanto, à busca pela garantia, na prática, dos direitos declarados. Para algumas pessoas ou grupos, a busca, junto às políticas públicas, pelo acesso a direitos ou à reclamação jurídica dos seus direitos torna-se mais difícil, seja pela falta ou pouco acesso à informação e/ou por desconhecimento ou dificuldade de acessar os órgãos de defesa de direitos, a exemplo do Ministério Público, das delegacias especializadas e do Poder Judiciário. Podemos dizer que a defesa de direitos se relaciona intimamente com o exercício da participação como direito social. No caso do Serviço, é fundamental estimular a participação das pessoas idosas, das pessoas com deficiência, das famílias e de grupos comunitários, mediante a oferta de atividades planejadas com a participação desses segmentos. Também é necessário respeitar, apoiar e valorizar a sua participação em espaços coletivos, nas diversas esferas públicas, a exemplo de Conselhos de Direitos e de Políticas Públicas, dos movimentos sociais de luta por ampliação ou afirmação de direitos, das campanhas de sensibilização e difusão de direitos e de combate a violências e violações de direitos, entre outros. Sendo assim, a perspectiva de defesa de direito de que trata o Serviço tem a intenção de tornar seus usuários alcançáveis pelos demais serviços e benefícios socioassistenciais, pelas demais políticas públicas e órgãos de defesa de direitos, sempre que necessitarem. Para isso, a articulação intersetorial, também no âmbito dos territórios, constitui-se estratégia fundamental. 31 IX. Incluir usuários e familiares no sistema de proteção social e serviços públicos, conforme necessidades, inclusive pela indicação de acesso a benefícios e programas de transferência de renda. Esse objetivo busca facilitar o acesso das pessoas com deficiência e das pessoas idosas a benefícios e programas, como o Benefício de Prestação Continuada, Benefícios Eventuais, Programa de transferência de renda, entre outros. Visa também a inclusão nas demais políticas públicas, em especial, naquelas que envolvem crianças e adolescentes com deficiência que usufruem o BPC; inserção e acesso às escolas e serviços de habilitação e reabilitação. Da mesma maneira, busca o acesso das pessoas idosas aos serviços de saúde que necessitam. A inclusão em benefícios e programas pode representar a independência econômica e a melhoria no padrão de vida para estes grupos. X. Contribuir para resgatar e preservar a integridade e a melhoria de qualidade de vida dos usuários No campo dos direitos humanos, o respeito à dignidade da pessoa humana, a inviolabilidade do direito à vida e à integridade constituem preceitos expressos na Constituição Federal de 1988. Nesse contexto, pode-se falar de integridade física, moral, psicológica, da intimidade pessoal, da honra, da imagem, entre outras dimensões. A preservação da integridade remete pensar sobre a necessidade de ações voltadas à prevenção de quaisquer formas de violências, pois toda violência fere, diminui, subalterniza, inferioriza, descaracteriza, desumaniza e atinge a integridade em alguma dimensão. Por tudo isso, a violação do direito à integridade requer um enfoque interdisciplinar e intersetorial, pois tem repercussões importantes na saúde física e mental das pessoas, nas relações de gênero, nas relações intergeracionais e na fragilização do cuidado ou mesmo na quebra de vínculos protetivos. Dessa maneira, a prevenção à violência contra as pessoas idosas e contra as pessoas com deficiência exige considerar as diferentes formas de configuração da violência e, por vezes, ressignificar as representações sociais existentes desses segmentos, no contexto do território e da família, de modo a privilegiar a cultura do cuidado, da proteção, da acessibilidade e do estímulo à convivência, em condições de igualdade. Em relação à melhoria da qualidade de vida dos usuários, por vezes, para promovê-la, soluções mais complexas e de acesso à tecnologia assistiva deverão ser providenciadas. Outras vezes, soluções práticas, de facilitação da vida diária, especialmente nas moradias, deverão ser implementadas, como os cuidados de segurança; o alargamento das portas; a colocação de rampas, de suporte nos 32 banheiros, de tapetes antiderrapantes, de corrimãos em áreas arriscadas; a melhoria da ventilação e iluminação; o acompanhamento nos deslocamentos, entre outros. Tudo isso pode contribuir para evitar a ocorrência de quedas e facilitar a mobilidade. É igualmente importante a disponibilização de tempo para a escuta e a conversa em geral, assim como a orientação sobre atitudes e comportamentos que podem implicar em riscos à qualidade de vida. De qualquer maneira, manter ou melhorar a qualidade de vida requer antecipar mecanismos protetores para uma situação ou evento de risco nas mais diversas dimensões: do autocuidado, da provisão de suporte de cuidadores, seja familiar ou não, e da qualidade da interação com o ambiente/território. XI. Contribuir para a construção de contextos inclusivos. Os contextos inclusivos têm por base a noção de que o desenvolvimento humano requer aprendizagem, experiências e troca com o meio sociocultural e ambiental onde a pessoa vive e que a qualidade das interações e encontros, nos contextos diários, tem impacto direto no percurso do desenvolvimento. Nessa perspectiva, as ações do Serviço devem orientar-se sempre pela convivência inclusiva, tanto no contexto familiar quanto no territorial. Importante alertar que, na perspectiva inclusiva, os espaços ou os encontros preparados para atender somente pessoas sem deficiência são tão segregadores quanto aqueles destinados ou preparados somente a pessoas com deficiência, pois terminam por reforçar a estranheza e o desrespeito à diversidade humana. 33 6. Introdução aos eixos que orientam a concepção e a organização metodológica do Serviço A concepção metodológica do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosos pode ser organizada a partir de três eixos inter-relacionados, como você pode ver na Figura 3. Figura 3: Eixos Estruturantes do Serviço de Proteção Básica no Domicílio Proteção e Cuidado Social no Domicílio Território Protetivo Trabalho em Rede Fonte: Elaborada pelos autores A definição dos eixos tem por base a organização do conteúdo, pensado na Tipificação Nacional dos ServiçosSocioassistenciais, em relação ao trabalho social essencial ao Serviço e também aos subsídios levantados de algumas práticas de execução em alguns municípios visitados, em 2010, por uma consultoria contratada pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Esses subsídios apontam intervenções, com base no domicílio, no território e em rede. Os eixos apontam as diretrizes ou linhas de ação do Serviço a partir do olhar sobre as dinâmicas no território, no contexto familiar e na rede de proteção. Tem o intuito de facilitar a compreensão operacional do serviço pelos profissionais e usuários, assim como contribuir para a construção de indicadores de monitoramento e avaliação. Embora cada eixo aponte um conjunto de possibilidades de ações ou estratégias, eles estão inter-relacionados e, no seu conjunto, convergem para o alcance das aquisições previstas na Tipificação em relação os usuários. É importante esclarecer que o objetivo aqui não é oferecer “receitas” ou o “como fazer”, pois cada contexto tem suas singularidades e, assim sendo, demanda seu próprio caminho. Todavia, é por reconhecer as pluralidades dos contextos que se faz importante algumas referências orientadoras. Sendo assim, esses eixos devem contribuir para orientar a metodologia, a gestão, o planejamento do Serviço e a organização do trabalho da equipe de referência. Antes de adentrarmos nos eixos estruturantes, é importante nos atentarmos para algumas colocações. 34 As ações do Serviço, no ambiente do domicílio de pessoas com deficiência e de pessoas idosas, não substituem as responsabilidades mútuas entre os membros da família, nem os cuidados familiares nas suas múltiplas dimensões (física, material, emocional, espiritual, relacional). Muito pelo contrário, as ações devem contribuir para orientar e apoiar os esforços das famílias no desenvolvimento de atividades de proteção e cuidados que favoreçam vínculos protetivos, autocuidado, autonomia e participação social dos usuários, considerando, inclusive, a perspectiva do reconhecimento e da valorização da rede de parentesco, vizinhança e solidariedade. Considera-se que a proteção e o cuidado da família, em princípio, é a melhor opção, seja para as pessoas independentes ou com algum grau de dependência de cuidado de terceiros. As atividades do Serviço ocorrem no ambiente domiciliar, pois pressupõe-se que seja um espaço mais tranquilo e confortável para o usuário e seus familiares que apresentam dificuldades de locomoção ou estão vivenciando singularidades que os impedem ou dificultam o acesso à rede. O atendimento domiciliar favorece o apoio e a orientação dos usuários quanto aos seus direitos e planejamentos da rotina da vida diária, oferencendo suporte temporário enquanto superam as situações de risco e vulnerabilidade. Igualmente, deduz-se que, para além de interagir com seu meio e realizar escuta mais reservada, a equipe pode ter um olhar mais ampliado acerca das relações familiares, da ambiência de vizinhança, da relação da família com os serviços do território e da capacidade atual de acesso a eles. Pode contribuir, por vezes, para a realização de encaminhamentos mais assertivos, a partir do conhecimento mais aprofundado das necessidades das famílias e da estrutura que elas dispõem para fazer frente a essas. Sendo assim, as ações no domicílio requerem da gestão do Serviço considerar, no seu planejamento, a heterogeneidade das situações e os diversos perfis das pessoas com deficiência e idosas e das suas famílias, assim como o reconhecimento do nível relacional de autonomia, inerente à ligação entre o cuidador e a pessoa cuidada. Alguns grupos podem demandar orientações mais específicas sobre o acesso a direitos e/ou planejamento de rotina; outros podem requerer suporte frequente de orientação aos cuidados familiares; outros grupos ainda podem demandar mais orientação e apoio ao cuidador (a); alguns, aporte direto de cuidados às atividades da vida diária, em particular, das atividades instrumentais (convívio); outros, suporte temporário, enquanto passam uma determinada situação. Ainda pode haver grupos de pessoas independentes e autônomas, cujas demandas estão mais relacionadas a vulnerabilidades econômicas, de interação social, prevenção de isolamento social, entre outras. 35 Vale ressaltar que o Serviço destina-se a dois segmentos que, embora possam apresentar situações de vulnerabilidades ou ameaças de riscos pessoais e sociais com alguma semelhança, reúnem singularidades. As pessoas idosas podem demandar constantemente alguma mediação das relações intergeracionais. As pessoas com deficiência, por sua vez, a depender do ciclo de vida, do gênero, do tipo de deficiência e do grau de limitações decorrentes, podem requerer suportes profissionais diferenciados, assim como demandar da equipe do Serviço o aprofundamento de cada tipo de deficiência para definir melhor a metodologia de interação com a pessoa e com sua família. O importante é atentar-se para não abrir espaços para estratégias segregadoras, pois não se pode, de maneira alguma, fortalecer desigualdades. ATENÇÃO! A regularidade e a frequência da oferta no domicílio podem favorecer a identificação de sinais ou indícios de situação de violência e/ou violação de direitos nas relações intrafamiliares. Nessas situações, é importante que a equipe técnica do Serviço, com o devido cuidado e celeridade, promova o estudo do caso, se necessário com o apoio do PAIF e do PAEFI. Isso é importante para dar o encaminhamento mais assertivo possível, seja para o CREAS ou para outros serviços e órgãos de proteção e defesa dos direitos das pessoas com deficiência e idosas, em acordo com a legislação, no sentido de interromper qualquer ameaça ou violação de direitos. Vale ressaltar que a ação do Serviço no domicílio ou a partir do domicílio do usuário deve mirar a concretização das aquisições previstas na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, quais sejam: a preservação da identidade, da integridade da história dos usuários; o reconhecimento e a acolhida de suas reais demandas, interesses, possibilidades e capacidade para fazer escolhas e agir; a ampliação do acesso a benefícios socioassistenciais, a programas de transferência de renda e a outros direitos sociais. O Serviço deve oportunizar, sobretudo, a vivência de experiências que contribuam para o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários; a expressão de opiniões, reivindicações; a ampliação de autonomia e independência; o desenvolvimento de autoestima; a construção de projetos pessoais; a promoção da inserção e do convívio social, entre outros. A partir dessas reflexões, agora iremos apresentar algumas possibilidades de ações ou estratégias de intervenção do Serviço no ambiente do domicílio para a melhor orientação da gestão e da(s) equipe(s). As ações aqui concebidas estão intrinsecamente relacionadas à sua gestão e operacionalização, seguindo os princípios da interdependência, da flexibilidade e do respeito às singularidades familiares, territoriais e regionais. ! 36 Agora que você aprendeu um pouco mais sobre o Serviço de Proteção Básica no Domicílio, iremos discutir, nas próximas unidades, as características de cada um dos eixos que compõem esse Serviço. 37 Agora que você aprendeu um pouco mais sobre o Serviço de Proteção Básica no Domicílio, iremos discutir, nas próximas unidades, as características de cada um dos eixos que compõem esse Serviço. Unidade 2 Eixo I- Proteção e Cuidado Social no Domicílio 38 O Eixo I- Proteção e Cuidado no Domicílio - é composto por quatro pistas orientadoras da organização didático-metodológica, como pode ser visto na Figura 4. Figura 4- Pistas Orientadoras da Organização Didático-Metodológica do Eixo 1 Acolhida no Domicílio Elaboração do Plano de Desenvolvimento do Usuário Visita para orientação e suporte profissional aos cuidados familiares no domiílio Rodas de Diálogo coma Família no Domicílio Fonte: Elaborada pelos autores Vamos compreender melhor no que consiste o eixo proteção e cuidado no domicílio seguindo estas pistas. 39 Pista 1- Acolhida no Domicílio Primeiramente cabe ressaltar que a acolhida, como segurança afiançada pelo SUAS, é inerente a todos os espaços e serviços socioassistenciais e pressupõe ter atenção e zelo para com os seus diversos aspectos, desde as instalações físicas até a ação profissional. Assim, constitui direito socioassistencial do usuário desse Serviço ser acolhido por profissionais qualificados e capacitados e receber explicações sobre o Serviço e seu atendimento, de forma clara, simples e compreensível, assegurando o reconhecimento das pessoas idosas e das pessoas com deficiência como sujeitos de direitos. Com postura receptiva e atenciosa, a acolhida é pressuposto de todas as intervenções profissionais e processos de trabalho desenvolvidos com as famílias, indivíduos, grupos e redes locais. Na perspectiva de uma ação de proteção e cuidado no domicílio/residência da pessoa idosa ou da pessoa com deficiência, a acolhida no domicílio tem como intencionalidade estabelecer, sem julgamentos e preconceitos, um clima de diálogo, o mais horizontalizado possível, de confiança, de respeito ao espaço privado e de escuta qualificada das reais necessidades de proteção e cuidados dos usuários e das singularidades do seu contexto familiar e territorial. A escuta da acolhida no domicílio pode incluir, quando o contexto permitir, vizinhos(as) e amigos(as), sendo sempre pautada no respeito à autonomia das famílias. A acolhida no domicílio pode estender-se para além do primeiro atendimento ao usuário pelo Serviço. Ela irá corresponder aos momentos necessários de escuta qualificada, para conhecer as potencialidades e reconhecer as demandas e direitos, a partir da fala do usuário e de sua família, na dinâmica do ambiente de convívio familiar. Esses momentos de atendimento inicial devem possibilitar a compreensão do perfil da pessoa com deficiência ou da pessoa idosa e da família, a avaliação e o entendimento dos diversos significados das demandas apresentadas para o registro e a definição da linha de base das necessidades de apoio ao usuário, inclusive de descanso do cuidador(a) familiar para prevenir e/ou superar cansaço, sobrecarga, desgastes na relação de cuidado, momentos estressantes ou dificuldades decorrentes do adoecimento temporário do cuidador(a). Essa escuta deve ser utilizada como referência para demarcar a adesão do usuário e da família ao Serviço, bem como para definir a periodicidade do atendimento domiciliar, para orientar a elaboração inicial do Plano de Desenvolvimento do Usuário (PDU), para organizar a atuação dos profissionais (técnicos e profissionais de nível médio) e, ainda, servirá como parâmetro para a avaliação periódica do Serviço. A compreensão do contexto em que a pessoa ou sua família acessou ao Serviço 40 deve ser considerada na acolhida no domicílio. Isso pode evitar desconfortos ou mesmo constrangimentos. Nos casos em que a equipe já conheça o perfil da pessoa idosa ou da pessoa com deficiência e de sua família ou já tenha informações fundamentais sobre a dinâmica e as demandas da família e de seus membros, a acolhida no domicílio pode requerer apenas um encontro. É também importante reconhecer e valorizar todas as informações advindas dos serviços e programas que atendem ou já atenderam a pessoa e sua família, inclusive, as do Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico), do Programa de transferência de renda e do Benefício de Prestação Continuada, quando for beneficiário. ATENÇÃO! Quando o acesso ao serviço incluir medidas protetivas, aplicadas pelos órgãos de defesa de direitos, a exemplo do Conselho Tutelar, no caso de criança ou adolescente com deficiência, ou do Ministério Público, no caso de pessoas idosas, é imprescindível esclarecer, na acolhida no domicílio, o sentido da medida e seus desdobramentos junto aos referidos órgãos de defesa. Nesses momentos, a atitude dos profissionais deve demonstrar o dever do Estado de proteger os direitos dos usuários, inclusive o direito ao sigilo e à privacidade sobre suas narrativas e também de reconhecer a autonomia e a capacidade das pessoas de decidirem sobre suas vidas. Por meio da acolhida no domicílio, deve ser esclarecido, em linguagem acessível e no ritmo dos usuários (pessoa cuidada e cuidador(a)), o que é o Serviço, as ações que podem ser desenvolvidas no ambiente familiar e no território e a necessidade de adesão da pessoa e/ou de sua família ao Serviço. O usuário e a família devem ser convidados a participarem, como forma de respeito à sua autonomia e à capacidade de posicionar-se pela sua inclusão ou não no Serviço. PARA REFLETIR! A acolhida no domicílio não pode se resumir a preenchimento de fichas e a levantamento de dados. Muito pelo contrário, é um espaço de escuta para acolher a fala, as impressões, os significados, o simbolismo das vivências e das limitações e o protagonismo dos usuários e famílias. Essa escuta, menos diretiva e mais qualitativa, pode favorecer a construção de vínculos de confiança e a identificação dos recursos e potencialidades dos usuários, da família e do território. Constitui, assim, ação primordial na garantia de acesso ao Serviço como direito de cidadania. É importante que a acolhida no domicílio seja cuidadosamente planejada para que a pessoa com deficiência e a pessoa idosa e sua família sintam-se respeitadas e apoiadas. ! 41 E qual metodologia pode ser adotada para realizar a acolhida no domicílio? A acolhida poderá ser realizada por meio de diversas metodologias, como a escuta individualizada do usuário, roda de conversa, reunião com o grupo familiar ou até mesmo o acompanhamento do usuário em uma caminhada. A decisão, tanto pela organização da atuação da equipe técnica quanto pela metodologia, cabe à própria equipe, no entanto deve-se considerar sempre o que for mais adequado à situação do usuário. Nesse sentido, é preciso lembrar que o diferencial de uma metodologia é a sua fundamentação técnica, sua intencionalidade, operacionalidade e acessibilidade junto aos envolvidos. É fundamental ter em vista que a acolhida no domicílio implica em conversas no ambiente doméstico, portanto, o respeito e adequação ao ambiente disponível são essenciais, assim como evitar encontros demorados e cansativos, respeitando o ritmo e o tempo das pessoas. A acolhida deve ser realizada por quais profissionais? A acolhida no domicílio deve ser realizada pelos profissionais de nível superior do Serviço, porém recomenda-se um encontro de acolhida no domicílio com a presença do técnico e do profissional de nível médio que compõem a equipe do Serviço e que serão inseridos nas visitas e atividades de orientação aos cuidados familiares no domicílio. Esse momento, para além de permitir a apresentação desse profissional, também tem o sentido de permitir a sua acolhida pelos usuários no domicílio. 42 Pista 2- Elaboração do Plano de Desenvolvimento do Usuário (PDU) Após a acolhida no domicílio, é recomendado que seja elaborado o Plano de Desenvolvimento do Usuário (PDU). O que consiste esse Plano? O PDU é um instrumento técnico de acompanhamento e desenvolvimento do usuário. Corresponde ao planejamento particularizado de cada usuário a partir de suas demandas, singularidades e dos objetivos a serem alcançados. É o PDU que estrutura o trabalho social do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, com cada usuário e sua família. Ele é elaborado a partir do conhecimento de contextos, consensos, combinados, compromissos e responsabilidades assumidas pelas partes: Serviço no Domicílio e usuário/ cuidador(a)/ família - também as redes de apoio existentes no território. No caso de o usuário morar sozinho, é necessário consensuar com ele o envolvimento da família na elaboração do PDU. Essa atitude traduz-se em respeitoà sua autonomia. O PDU ainda inclui um conjunto de informações que norteia o trabalho profissional, tanto no planejamento quanto na intencionalidade e previsibilidade de ações. ATENÇÃO! Na elaboração do Plano de Desenvolvimento do Usuário, é essencial atentar- se para o respeito à autonomia dos usuários. Por vezes, para avançar no desenvolvimento do PDU, faz-se necessário pactuar ações ou intervenções profissionais conjuntas com outros serviços socioassistenciais, com outras políticas públicas e, se for o caso, com órgãos de defesa de direitos. Nessa direção, na elaboração do Plano, é decisivo valorizar e reconhecer os recursos e potencialidades da pessoa, da família e do território. Na elaboração do PDU, algumas questões precisam ser bem esclarecidas com o usuário e sua família para não gerar expectativas para além da missão do Serviço. A princípio, é importante entender: • A disponibilidade de tempo para o agendamento dos encontros, contatos, atendimento; • O conjunto de atividades a serem desenvolvidas no domicílio e no território e a atuação dos profissionais do serviço; • A relação do Serviço com os demais membros da família e com o território; ! 43 • A complementariedade do atendimento familiar com o PAIF e as possibilidades de participação da pessoa no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos; • O acesso a benefícios, seja ao BPC ou a benefícios eventuais; • Os encaminhamentos a outros serviços e programas, quando for o caso. É muito importante que o PDU seja um documento simples, didático e com linguagem acessível e objetiva, sem anotações que demandam sigilo ou que possam desmotivar a contribuição dos envolvidos. O PDU não é somente um documento técnico, é também um documento que dá a direção político- metodológica e participativa aos envolvidos, por isso ele deve ser acessível e permitir clareza na interpretação das informações e o acompanhamento do andamento das ações. ATENÇÃO! O PDU não pode ser rígido. É essencial promover os ajustes e as readequações necessárias à medida que a dinâmica do trabalho e da vida do usuário apresentarem novos elementos - como novas dificuldades, descobertas de potencialidades e habilidades individuais e familiares -, assim como ao verificar algum movimento das redes locais em função do surgimento de novos serviços ou parceiros. É importante que essa flexibilidade esteja clara para todos. A metodologia ou a maneira de elaboração do PDU deve ser a que mais se adequar à participação do usuário, do seu cuidador familiar e dos membros da família envolvidos no atendimento. A escolha metodológica cabe à equipe. Por exemplo, podem ser combinados encontros familiares somente com esse fim, mas também pode-se optar por uma elaboração mais processual nos meses iniciais à adesão ao Serviço. O importante é, a partir das necessidades identificadas na acolhida no domicílio, construir os consensos sobre os apoios necessários para a diminuição das vulnerabilidades, os apoios possíveis de serem ofertados, as ações essenciais, os compromissos das partes, as parcerias a serem construídas e a periodicidade dos acompanhamentos pelo Serviço. É importante que a linguagem do plano seja acessível, por isso deve-se evitar o uso de nomenclaturas e questões genéricas que sejam compreendidas somente pelos técnicos. Um exemplo é o uso da expressão “vulnerabilidade em relação a dificuldades de deslocamento”; em vez dessa expressão, deve-se utilizar, por exemplo, “dificuldade de sair sozinho para pagar suas contas”. A linguagem facilita a comunicação sobre o plano. ! 44 O PDU também deverá ser o instrumento que apontará a perspectiva da temporalidade do atendimento do usuário pelo Serviço. Dessa forma, recomenda- se que a cada três meses, diante de avaliações participativas, definam-se as projeções de permanência. Essa previsibilidade pode ajudar no planejamento tanto do Serviço quanto do usuário. Embora cada pessoa tenha sua história e sua dinâmica cotidiana, portanto, cada PDU tende a ser único, alguns elementos gerais podem ajudar na organização de cada plano. Dessa forma, reunimos alguns pontos que podem ser observados e incluídos no PDU, sendo eles: • A identificação do usuário; • As principais necessidades de apoio e os objetivos a serem alcançados; • A forma de acesso ao Serviço (origem e motivação do encaminhamento, se por medida protetiva, por busca ativa, PAIF, PAEFI, rede privada de Assistência Social, serviços de saúde, de educação, entre outros); • A condição de dependência (atividades básicas, atividades instrumentais), isto é, se tem alguma dificuldade ou redução da autonomia para a realização dessas atividades; • As questões que demandam superação mais rápida para resguardar dignidade, integridade e qualidade de vida (do ambiente da pessoa idosa ou com deficiência ou do cuidador e da família) e resoluções e/ ou aquisições desejadas/esperadas; • As questões que demandam superação a médio ou longo prazo e resoluções ou aquisições desejadas/esperadas; • O suporte de apoio que já dispõe (o usufruto de benefícios, a adesão em programas de transferência de renda, a participação no Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, na estratégia de Saúde da Família, a frequência à escola inclusiva; além disso, se há cuidador familiar, se tem acesso à tecnologia assistiva, se conta com apoio da família extensa, de vizinhos, de amigos etc.); • As demandas de apoio de outros serviços/ações socioassistenciais; • As demandas de apoio das redes intersetoriais (outras políticas ou órgãos de defesa de direitos); • Os compromissos, combinados, consensos, responsabilidades do usuário, conforme sua condição, bem como do cuidador familiar, de outros familiares e do próprio serviço; 45 • As barreiras ambientais (moradia e entorno) e estratégias de enfrentamento e resolução; • A forma de acompanhamento das ações e compromissos, a definição da periodicidade, considerando a expectativa de previsibilidade de tempo e dos envolvidos. É importante ressaltar que esses elementos podem subsidiar a elaboração do PDU, mas não significa que todos os planos devem tratar de todas essas questões. Cabe novamente reafirmar que o PDU deve ser um instrumento simples e didático, ficando a cargo da equipe técnica coordenar a sua elaboração. 46 Pista 3- Visita para Orientação e Suporte Profissional aos Cuidados Familiares no Domicílio Após a acolhida no domicílio e a elaboração do PDU, chega o momento de realizar visitas para orientação e suporte profissional aos cuidados familiares no domicílio. Essa ação ou estratégia consiste na realização de acompanhamento à pessoa idosa e à pessoa com deficiência por meio de visitas domiciliares ou encontros sistemáticos e periódicos, tendo por base o desenvolvimento do PDU. A decisão pela metodologia a ser utilizada cabe à equipe do Serviço, pois cada visita ou encontro deve ter objetivos e intencionalidades definidos por meio de planejamento. Alguns indicativos podem orientar o conteúdo das visitas domiciliares ou encontros, sendo eles: o acesso à informação e a acolhida de dúvidas sobre as ofertas do SUAS (serviços, programas e benefícios); a identificação de necessidades, orientação e promoção de encaminhamentos monitorados à rede no território para acesso a direitos; o acesso à escuta qualificada (usuário e seu cuidador(a) familiar); a promoção de atividades orientadas de estímulo à autonomia, desenvolvimento do convívio e participação social (usuário e seu cuidador(a)); o desenvolvimento de atividades para ampliação da rede de apoio(familiares e vizinhanças); a oferta de atividades lúdicas e de qualificação das relações de cuidado familiar e territorial. A acolhida no domicílio e o PDU darão a direção da periodicidade das visitas ou encontros, que pode variar em função do conjunto de necessidades identificadas e avaliadas pela equipe do Serviço, cabendo a essa decidir com os usuários e o cuidador(a) familiara programação mais adequada. Recomenda-se a organização de visita ou encontro semanal, quinzenal ou mensal, garantindo regularidade e previsibilidade. Em relação ao tempo de duração da cada visita/encontro, pode ser planejado em horas por dia, por semana ou por turnos. É fundamental que a periodicidade e o tempo sejam definidos, considerando-se, para isso, o perfil do usuário e da família. No caso de mais de um usuário com deficiência ou de pessoa idosa no mesmo domicílio, os horários podem ser estendidos ou alternados a fim de oportunizar o atendimento de cada um no seu ritmo e singularidade. 47 ATENÇÃO! As visitas domiciliares ou encontros sistemáticos podem ser realizados pelos profissionais de nível superior do SUAS e/ou pelos profissionais reconhecidos para o desenvolvimento de ocupações de nível médio, a saber: cuidadores sociais, educadores e orientadores sociais, desde que capacitados e sob a orientação técnica dos profissionais de nível superior. Essa orientação pode ser realizada por metodologias diversas, inclusive por meio de escutas individualizadas, reuniões periódicas e o acompanhamento de alguma visita ou encontro no domicílio. Conforme já mencionamos, vale reafirmar que as atividades desenvolvidas pelo Serviço no domicílio não substituem a proteção e os cuidados familiares. Porém, em algum momento, o suporte e o apoio prestados pelo profissional ao usuário podem representar um momento de descanso e autocuidado (“respiro”) para o(a) cuidador(a) familiar. Ao planejar as visitas ou encontros, é importante ter em vista os diversos perfis dos usuários, como pessoas: • Com deficiência em ciclos de vida diferentes (criança, adolescente, adulto), em função dos quais decorrem orientações e cuidados singulares; • Que, embora independentes para as atividades da vida diária, apresentam iminência de riscos de isolamento social ou de outras situações de riscos ou ameaças de violação de direitos; • Com déficit de autonomia ou na condição de dependentes para realizar as atividades instrumentais, ou seja, para realizar tarefas, como: fazer compras, pagar contas, manter compromissos sociais ou religiosos, visitar um parente ou amigo, usar meio de transporte sozinho, frequentar espaços públicos, comunicar-se junto a órgãos públicos, cuidar adequadamente da própria saúde e manter a sua integridade e segurança; • Dependentes para as atividades básicas da vida diária, como vestir-se, tomar banho, alimentar-se etc; • Que moram sozinhas e não contam com cuidadores familiares e apresentam riscos de isolamento social; • Idosas, com vínculos familiares fragilizados por conflitos intergeracionais; • Com deficiência e pessoas idosas, pertencentes a grupos culturalmente diferenciados, reconhecidos como Povos e Comunidades Tradicionais. ! 48 Cabe à gestão, em função do diagnóstico do(s) território(s), identificar e definir os grupos populacionais e as atividades de apoio dos profissionais do Serviço para atendê-los. Os usuários devem ser organizados por proximidade de moradia e/ou facilidade de deslocamento dos profissionais. Nessa perspectiva, as visitas ou encontros para a orientação e o suporte aos cuidados familiares no domicílio podem incluir um conjunto de saberes e atividades acessíveis aos usuários (pessoa cuidada e cuidador(a), a saber: • A oferta de momentos de escuta ou de conversa com a pessoa com deficiência ou idosa; • A socialização e a comunicação de informação sobre acesso a direitos; • A acolhida de dúvidas sobre o SUAS e sobre o acesso à rede; • O apoio e a orientação no planejamento e organização da rotina da pessoa com deficiência ou idosa, visando estimular a autonomia, a participação social e o fortalecimento da proteção mútua entre os membros da família; • O apoio ao cuidador(a) familiar, dedicando momentos para a sua escuta, orientação, reconhecimento de direitos, estímulo à troca de vivências com outros cuidadores(as), de modo que não se perceba sozinho; • A orientação aos usuários e cuidadores familiares sobre o acesso à documentação pessoal e à tecnologia assistiva, quando for o caso; • O apoio à realização de atividades envolvendo a pessoa com deficiência ou a pessoa idosa, o cuidador(a) e/ou outros familiares no espaço do domicílio, como: apoiar e orientar os cuidados com a organização de espaços acessíveis na moradia; apoiar e orientar a organização da higiene do ambiente, o acesso à alimentação e a adoção de hábitos alimentares saudáveis; dar suporte às atividades de autocuidado, como vestir-se, alimentar-se, tomar sol, deslocar- se pelo território, entre outras; • A identificação de necessidades e o repasse de informação sobre a rede de serviços existente, com a indicação de endereços e pontos de referência e a realização de encaminhamentos à rede, quando for o caso; • A organização de momentos lúdicos no domicílio, em especial, no caso do atendimento a crianças e adolescentes com deficiência; • O estímulo à mobilização de cuidadores-colaboradores junto à família ampliada/extensa, à vizinhança ou junto ao círculo de amizades da pessoa; 49 • O estímulo à participação de cuidadores e familiares nos encontros do território e nas atividades de mobilização para a cidadania, e nos espaços de controle e participação social; • O auxílio no monitoramento dos encaminhamentos realizados para o acesso a serviços, programas, projetos, benefícios, transferência de renda, ao mundo do trabalho por meio da escuta das pessoas encaminhadas e/ou o auxílio na realização de contatos com as políticas referentes aos encaminhamentos realizados; • O apoio ao cuidador(a) familiar para que esse(a) possa dispor de momentos de descanso, autocuidado e de acesso a direitos, de forma planejada no PDU, de acordo com as singularidades das necessidades do cuidador e da pessoa cuidada; • O apoio e o acompanhamento, quando necessário, a usuários nas atividades externas, como: acompanhar em uma caminhada, numa ida ao banco, ao grupo de convivência, ao supermercado, à padaria, à quitanda/mercearia, ao teatro, ao cinema; ler, interpretar e organizar documentos; organizar horários e lembretes para a ingestão de medicação; dar um telefonema; orientar sobre como lidar com as finanças; organizar o horário das refeições; fazer companhia em um evento social ou religioso; organizar uma roda de conversas com vizinhos e amigos, entre outros; • A realização dos registros das atividades executadas no domicílio para o compartilhamento de informações com a equipe técnica e para permitir o acompanhamento, o monitoramento e a avaliação do Serviço; • A realização de outras atividades voltadas à qualificação das relações de cuidado familiares, ao reconhecimento de direitos dos usuários e dos cuidadores familiares, ao desenvolvimento da autonomia, de acordo com as diversidades e singularidades do contexto familiar e territorial, desde que não extrapole o escopo das ofertas do Serviço. No caso das pessoas dependentes para a realização das atividades básicas da vida diária – como alimentar-se, vestir-se, tomar banho, deitar-se, realizar higiene pessoal, levantar-se, entre outras - o profissional do Serviço pode apoiar o cuidador(a) familiar, quando necessário ou diante de um imprevisto ou urgência no momento da visita, porém não deve assumir sozinho a prestação dos cuidados, sem a presença de algum cuidador(a) familiar. O apoio a pessoas com dependência para as atividades básicas pressupõe a presença de um cuidador(a) familiar identificado. 50 Ao identificar pessoas sem cuidadores familiares e na condição de dependência de terceiros para as atividades básicas - ou significativa redução ou perda da autonomia para realizar seu autocuidado -, cabe ao profissional articular-se, por meio do CRAS, com o CREAS, demais serviços da rede e os órgãos de defesa de direitos, para estudar a possibilidade da inserção dessa pessoa em serviços de acolhimento, caso se vislumbre que seja a melhor alternativa.A pessoa que cuida deve estar atenta para conhecer e reconhecer as atividades que a pessoa cuidada pode fazer, sem colocar em risco sua segurança e saúde. Deve também considerar que pessoas adultas com deficiência e pessoas idosas, geralmente, não gostam de ser infantilizadas, ou seja, tratadas como crianças. PARA REFLETIR! A autonomia e a independência da pessoa devem ser sempre respeitadas, preservadas e, sobretudo, fortalecidas. Cuidar e apoiar não significa fazer no lugar do outro, e sim, fazer com o outro ou mesmo só estar com o outro. Portanto, é importante tratar a pessoa de acordo com suas habilidades e capacidades, sempre atento para não confundir dependência ou dificuldade com incapacidade. Deve-se sempre estimular e incentivar a pessoa a cuidar-se e a fazer o que sabe e o que pode, visando expandir capacidades, superar dificuldades e nunca fazê-la sentir-se intimidada a prosseguir e a ousar. Convém lembrar que cada pessoa tem sua história, seu ritmo e hábitos. É importante considerar tudo isso no planejamento das atividades no domicílio. Igualmente, cabe atentar-se para os cuidados decorrentes de ocorrências ou agravos em saúde e nunca se ariscar na realização de procedimentos de competência dos profissionais da rede de saúde, mesmo que o trabalhador da assistência social seja também um profissional com atuação na área de saúde, pois não cabe ao Serviço essa responsabilidade. Todavia, as necessidades de saúde devem ser consideradas, pois influenciam nas relações de cuidado e de vínculos protetivos em geral. 51 Pista 4: Rodas de diálogo com a família no domicílio Para a Política de Assistência Social, segundo a diretriz da matricialidade sociofamiliar, todas as ações do SUAS devem considerar a centralidade na família. Essa perspectiva visa garantir a proteção da família pelo Estado, para que essa possa ser protetora dos seus membros. Essa proteção ultrapassa a transferência de renda, abrangendo apoios socioassistenciais que fortaleçam as tarefas cotidianas de cuidado aos seus membros e que valorizem a convivência familiar e comunitária, afinal, questões sociais diversas perpassam a dinâmica das famílias, o que pode implicar diretamente na qualidade das interações e dos cuidados aos seus membros. Nesse contexto, incluir a família em ações que resultem na expansão ou ampliação da capacidade protetiva dos seus membros é fundamental, em particular, para as pessoas com deficiência ou pessoas idosas com limitações de acesso à rede socioassistencial no território ou com redução da mobilidade que gere dificuldades para realizar as atividades essenciais ao convívio social. Nessa direção, a criação de espaços de diálogos, que já devem ser previstos no PDU, com os membros da família, incluindo aqueles que normalmente não estão presentes nas visitas sistemáticas, torna-se fundamental, tanto para aquelas famílias que apresentam maior dificuldade para prestar suporte e apoio quanto para aquelas cujas pessoas idosas e pessoas com deficiência não requerem maiores cuidados, tendo em vista a prevenção de riscos. ATENÇÃO! As rodas de diálogos com a família são momentos ou encontros planejados de apoio sociofamiliar que fortalecem a interação familiar, a partir da melhor compreensão das necessidades e direitos da pessoa idosa e da pessoa com deficiência. Os diálogos devem favorecer a valorização do saber da família e dos seus vínculos protetivos; a atualização e a ampliação do universo informacional; a mediação do diálogo intrafamiliar; a sensibilização e orientação para a melhoria ou adaptação do ambiente domiciliar; a reflexão sobre uma nova situação que envolva mudança na dinâmica da família; o acesso a direitos e os investimentos na qualidade de vida de todos os que participam do cuidado com a pessoa idosa ou com a pessoa com deficiência; a troca de vivências e de ideias. As rodas de diálogo também podem contribuir para conhecer e acolher demandas de outros membros da família, para apoiar o desenvolvimento de habilidades, de atitudes de tolerância e paciência ou para viabilizar estratégias de enfrentamento mais positivo das situações implicadas nos vínculos de cuidado. Ainda podem propiciar: a reflexão sobre as relações de cuidados estabelecidas e sobre a necessidade de ampliação e reorganização do cuidado intrafamiliar; a difusão de direitos das pessoas idosas e das pessoas com deficiência; a desconstrução de mitos e preconceitos; a observação em relação à iminência de possíveis riscos de violências nas relações. ! 52 Em relação à metodologia das rodas de diálogo com a família, cabe à equipe técnica optar pela mais adequada, em função do perfil da família, da sua composição, da organização do seu tempo e do seu movimento em busca da proteção e do cuidado entre as pessoas. Pode-se optar por trabalhar com temas geradores1, relacionados à história da família, do território, temas transversais ou específicos. É possível utilizar-se de reunião com alguns familiares ou com todo o grupo familiar, realizar leitura conjunta de algum texto, conversar sobre alguma situação do território, preparar um momento de contação de história, confeccionar murais, entre outras ações. Cada encontro pode se adequar melhor a uma ou a outra metodologia. Essas possibilidades metodológicas são apenas sugestões para a equipe técnica; sua execução e efetividade estão condicionadas à criatividade e ao conhecimento técnico da equipe de profissionais. Essencial é ter sempre em mente o objetivo da atividade, a sua adequação ao contexto do ambiente familiar e a qualidade da relação que se quer estabelecer entre a equipe e os usuários e entre os familiares. Quanto à periodicidade e o tempo de duração das rodas de diálogo com a família, cabe à equipe técnica decidir e planejar, considerando os diversos aspectos do contexto familiar. Contudo, recomenda-se o intervalo máximo de 90 dias entre uma roda de diálogo e outra e a duração de, no máximo, 2 horas para cada encontro. É importante frisar que as rodas de diálogo não consistem em acompanhamento familiar, todavia podem contribuir de alguma forma para complementar o acompanhamento desenvolvido pelo PAIF ou pelo PAEFI, no caso de famílias em acompanhamento por esses serviços. Nessa situação, os profissionais desses serviços podem participar das rodas de diálogo, desde que combinado com a família. Isso porque o vínculo da equipe do Serviço com a pessoa idosa ou com a pessoa com deficiência e sua família é fundamental nesses diálogos. Na mesma linha, profissionais da rede intersetorial também podem ser convidados a participar. As rodas de diálogos serão coordenadas e/ou facilitadas pelos profissionais de nível superior, que podem contar, à medida que for importante e adequado, com o apoio do profissional de nível médio – o cuidador social que dá suporte à pessoa com deficiência ou à pessoa idosa. Após cada roda de diálogo, é importante que a equipe técnica verifique se há a necessidade de alguma mudança em relação às atividades de orientação e suporte aos cuidados familiares. 1 A proposta de que se trabalhe a partir de “temas geradores” está relacionada com uma metodologia que favorece o debate de temas importantes, a partir do olhar de todos os envolvidos. O tema pode ser escolhido pelos familiares ou sugerido pelo Serviço. Podem ser temas que contribuam na reflexão de situações cotidianas ou temas para ampliar o universo informacional. Para mais informações, sugere-se a leitura do trabalho “O ensino por meio de temas-geradores: a educação pensada de forma contextualizada, problematizada e interdisciplinar”, de autoria Jaqueline de Morais Costa e Nilcéia Aparecida Maciel Pinheiro, disponível no link https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ImagensEduc/article/view/20265. Em relação à metodologia das rodas de diálogo com a família, cabe à equipe técnica optar pela mais adequada, em função do perfil da família, da sua composição, da organização do seu tempo e do seumovimento em busca da proteção e do cuidado entre as pessoas. Pode-se optar por trabalhar com temas geradores1, relacionados à história da família, do território, temas transversais ou específicos. É possível utilizar-se de reunião com alguns familiares ou com todo o grupo familiar, realizar leitura conjunta de algum texto, conversar sobre alguma situação do território, preparar um momento de contação de história, confeccionar murais, entre outras ações. Cada encontro pode se adequar melhor a uma ou a outra metodologia. Essas possibilidades metodológicas são apenas sugestões para a equipe técnica; sua execução e efetividade estão condicionadas à criatividade e ao conhecimento técnico da equipe de profissionais. Essencial é ter sempre em mente o objetivo da atividade, a sua adequação ao contexto do ambiente familiar e a qualidade da relação que se quer estabelecer entre a equipe e os usuários e entre os familiares. Quanto à periodicidade e o tempo de duração das rodas de diálogo com a família, cabe à equipe técnica decidir e planejar, considerando os diversos aspectos do contexto familiar. Contudo, recomenda-se o intervalo máximo de 90 dias entre uma roda de diálogo e outra e a duração de, no máximo, 2 horas para cada encontro. É importante frisar que as rodas de diálogo não consistem em acompanhamento familiar, todavia podem contribuir de alguma forma para complementar o acompanhamento desenvolvido pelo PAIF ou pelo PAEFI, no caso de famílias em acompanhamento por esses serviços. Nessa situação, os profissionais desses serviços podem participar das rodas de diálogo, desde que combinado com a família. Isso porque o vínculo da equipe do Serviço com a pessoa idosa ou com a pessoa com deficiência e sua família é fundamental nesses diálogos. Na mesma linha, profissionais da rede intersetorial também podem ser convidados a participar. As rodas de diálogos serão coordenadas e/ou facilitadas pelos profissionais de nível superior, que podem contar, à medida que for importante e adequado, com o apoio do profissional de nível médio – o cuidador social que dá suporte à pessoa com deficiência ou à pessoa idosa. Após cada roda de diálogo, é importante que a equipe técnica verifique se há a necessidade de alguma mudança em relação às atividades de orientação e suporte aos cuidados familiares. 1 A proposta de que se trabalhe a partir de “temas geradores” está relacionada com uma metodologia que favorece o debate de temas importantes, a partir do olhar de todos os envolvidos. O tema pode ser escolhido pelos familiares ou sugerido pelo Serviço. Podem ser temas que contribuam na reflexão de situações cotidianas ou temas para ampliar o universo informacional. Para mais informações, sugere-se a leitura do trabalho “O ensino por meio de temas-geradores: a educação pensada de forma contextualizada, problematizada e interdisciplinar”, de autoria Jaqueline de Morais Costa e Nilcéia Aparecida Maciel Pinheiro, disponível no link https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ImagensEduc/article/view/20265. Unidade 3 Eixo II – Território Protetivo: Olhares e Aproximações sobre o Território 54 Antes de apresentarmos as pistas estratégicas para a realização desse eixo, é preciso inicialmente pensar e reconhecer algumas ideias. Vamos juntos? • Comumente, quando se pergunta a alguém onde fica seu domicílio, a resposta mais rápida diz respeito ao território (bairro, comunidade, região, cidade) onde mora, o que pressupõe considerar o domicílio na perspectiva territorial. • O território onde as famílias ou indivíduos moram, enquanto lugar que ocupam em uma dada cidade ou município, diz muito sobre o cotidiano das pessoas, da condição social e do acontecer da vida. • Território é um campo de sociabilidades e interações permeado por alguns elementos importantes, como: copresença (as pessoas estão juntas em um contexto civilizacional em um mesmo espaço geográfico); proximidade física (admite-se a possibilidade de relações de vizinhança); intimidade (os moradores dividem momentos e, em algum grau, vivenciam coletivamente sentimentos de alegria, medo, cólera, compaixão, solidariedade, entre outros); cooperação (pressupõe que, em alguma medida, as pessoas e suas famílias se preocupem umas com as outras e pensam no coletivo). • O sentimento de identidade em relação ao território resulta também dos sentidos e significados das manifestações culturais dos habitantes. Essas manifestações são inseparáveis da história do território, da organização do espaço geográfico e dos modos de convivência entre seus moradores. • O sentimento de pertencimento está vinculado ao reconhecimento e ao respeito mútuo do território para com as pessoas e das pessoas para com o território. A partir dessas reflexões, cabe ainda considerar que a aproximação com o território pode revelar a heterogeneidade em seu processo de ocupação e organização que, por vezes, expressam desigualdades, disputas, significados políticos diversos, desterritorialização de alguns e territorialização de outros. Nessa heterogeneidade, é possível que você encontre territórios constituídos via ocupações tradicionais, ocupações irregulares, assentamentos precários, condomínios de alto padrão e conjuntos habitacionais populares, entre outros. Há territórios com alta densidade populacional e urbanizados, territórios sob políticas de pacificação, territórios com populações dispersas e, ainda, territórios do campo, organizados com base em pequenas propriedades rurais ou mesmo povoados rurais e áreas ribeirinhas. Há também os territórios dos Povos e Comunidades tradicionais (quilombolas, indígenas, ciganos etc.), entre outras formas de ocupação e organização do território. 55 ATENÇÃO! A dinâmica do território traduz processos desiguais, diversos e heterogêneos dentro de um mesmo município ou região. Tudo isso repercute e interfere no trabalho social com as pessoas idosas e com as pessoas com deficiência, pois o reconhecimento e a valorização das identidades e dos direitos territoriais e as diversas formas de organização da população contribuem, em muito, na definição e na organização das estratégias de trabalho das equipes. A aproximação com cada território pode requerer, em alguma medida, caminhos gerais, mas também caminhos metodológicos singulares. Dito isso, vale ressaltar que a proposição da territorialização como eixo estruturante do SUAS demonstra o reconhecimento de que, em grande medida, a proteção às famílias e a seus membros vincula-se à dinâmica do território onde vivem. Nessa perspectiva, a concepção de território protetivo para esse Serviço relaciona-se, necessariamente, à leitura do território onde se propõe atuar e ao reconhecimento da inserção desse espaço na luta por direitos e igualdade social. Sendo assim, para trabalhar na perspectiva de território protetivo, além de reconhecer a heterogeneidade e as diferentes dinâmicas territoriais, é importante ter em mente alguns ideários sobre o território: refletir sobre ele como lugar de reconhecimento e respeito aos direitos das pessoas idosas e das pessoas com deficiência, de mobilização e luta por acessibilidade ambiental e ampliação de direitos, de valorização do pertencimento e conquista de patamares éticos civilizatórios em defesa dos direitos humanos, de enfrentamento a quaisquer formas de discriminação, ameaça e violação de direitos, de respeito à diversidade humana e territorial e de oferta de uma rede de apoio voltada aos cuidados e à proteção das pessoas, quando necessitarem. De outra parte, as ações e/ou estratégias com foco no território, sob a concepção de território protetivo, deve contribuir, o máximo possível, para que os usuários e suas famílias alcancem diversas aquisições, entre as quais, destacam- se: • Ter acolhidas as suas demandas nas redes locais; • Ter sua identidade, integridade e história de vida respeitada; • Vivenciar experiências que favoreçam o alcance da autonomia, da independênciae das condições de bem-estar; • Ter vivências de ações pautadas em princípios éticos de justiça e cidadania; • Ter oportunidade de participar de ações de defesa de direitos e da construção de políticas inclusivas; ! 56 • Ter vivências de reconhecimento, respeito e proteção aos direitos humanos; • Ter seus direitos de atendimento prioritário respeitados e compartilhar vivências coletivas. Tendo em vista essa reflexão inicial, agora iremos apresentar algumas pistas e possibilidades de ações que podem ser desenvolvidas no território. Pista 1- Mobilização para a cidadania Falar de cidadania corresponde a falar de reconhecimento de direitos e deveres pelos indivíduos e pela coletividade, tomando como referência a garantia de direitos sociais como dever do Estado. A cidadania também traduz a condição de cidadão e o direito de identidade e de pertencimento a um país e, por extensão, a um estado, município ou território. Segundo Mioto (2015, p.21), “é justamente o alargamento da visão sobre o território que possibilita conhecer melhor as condições de vida das famílias, observar claramente a omissão do Estado na provisão de serviços e investir no fortalecimento das condições de proteção social e da cidadania”. Nessa linha, as ações de mobilização para a cidadania, podem envolver: • Articulação com grupos comunitários do território para a sensibilização e a difusão de informação sobre os direitos desses segmentos e de suas famílias; • Organização e participação em campanhas socioeducativas e comunitárias e de enfrentamento a situações de violência e violação de direitos; • Participação na organização e realização de programação no território, sobre datas e semanas que tratam das temáticas relacionadas a pessoas idosas e a pessoas com deficiência; • Discussão e difusão de informações e dados sobre a realidade de pessoas idosas e pessoas com deficiência; • Mobilização das famílias e das pessoas inseridas no serviço para participarem das campanhas e eventos de mobilização no território ou para contribuírem com relatos de experiências e troca de vivências; • Reconhecimento das redes para o atendimento inclusivo e especializado desses segmentos; • Encontros com grupos comunitários, em geral, para a interpretação e a difusão do serviço; 57 • Realização de palestras sobre temas relacionados à questão de gênero e orientação sexual e suas implicações com as violações de direitos das pessoas idosas e das pessoas com deficiência; • Difusão e estímulo à participação em conselhos de controle social de políticas públicas; • Outras ações, tendo em vista consolidar a cultura da proteção e do cuidado territorial às pessoas idosas e às pessoas com deficiência. Cabe salientar que o território, de acordo com o contexto local, pode contar com diversos grupos e/ ou formas e arranjos de encontro coletivo. As motivações e vinculações podem estar relacionadas à organização das pessoas como moradoras do território, como pessoas com deficiência, como pessoas idosas, como crianças e adolescentes, como juventude, como mulheres, como trabalhadores, como estudantes, como donas de casa, como pessoas em situação de rua, como empresários ou, ainda, na forma de conselhos locais de políticas públicas, de fóruns de usuários, de movimentos religiosos, de movimentos da sociedade civil em defesa de direitos humanos e de enfrentamento às discriminações diversas, entre outras possibilidades. Pode contar, ainda, com entidades prestadoras de serviços, instituições públicas vinculadas às diversas políticas públicas e órgãos de defesa de direitos. Independentemente da vinculação e motivação, são espaços com potencial mobilizador, protetivo e colaborativo. PARA REFLETIR! A perspectiva de mobilização para a cidadania indica que a ação do Serviço está inteiramente integrada às forças mobilizadoras já existentes no território, ou seja, o Serviço deve atentar-se ao movimento do território e agregar-se para somar e contribuir. Nesse somar, cabe reforçar que a proatividade do Serviço está intrinsecamente relacionada à inclusão do território na efetivação das aquisições previstas para os usuários na Tipificação. Nessa direção, o CRAS deve ser o principal indutor e orientador do trabalho coletivo do Serviço no território. Vale lembrar que cabe ao CRAS a gestão da rede socioassistencial no território, missão que agrega a si um potencial articulador e mobilizador extraordinário. Além disso, o PAIF, por meio de ações comunitárias, promove a realização de palestras, campanhas, entre outras estratégias coletivas. Ações nessa linha podem materializar-se em ponto de encontro e complementação entre os dois serviços. 58 Pista 2 - Encontros territoriais com grupos multifamiliares e com cuidadoras(es) que compartilham situações semelhantes ou inter- relacionadas Os encontros periódicos entre as famílias e entre cuidadoras(es) familiares atendidos no território podem agregar um potencial enorme à qualificação das relações intrafamiliares e comunitárias, pois propiciam: a troca de vivências, aprendizados e experiências; o aprimoramento dos cuidados e apoios; a ampliação da compreensão de situações novas; a cooperação e o desenvolvimento de novas habilidades; a construção de consciência coletiva e solidária; o conhecimento e o reconhecimento das redes de apoio existentes; o diálogo sobre as angústias, medos e dificuldades, entre outras possibilidades. Como devem ser esses encontros? Os encontros devem ser planejados, facilitados pela equipe técnica do Serviço, realizados periodicamente, de preferência, em local de fácil acesso e próximo às moradias, inclusive no CRAS, quando esse for o melhor espaço. Importante ressaltar que não se trata de grupos de autoajuda ou grupos terapêuticos, pois, apesar da sua importância, esses não se incluem no escopo do Serviço. Quanto à escolha dos temas para os encontros, eles podem ter como motivação temas comuns, questões transversais ou acontecimentos ocorridos no território que expressam desproteção ou ampliam a proteção às famílias, assim como a coletivização de visões e de demandas individuais. É importante ter em vista que os fatores de desproteção ou de proteção expressos pelas pessoas e suas famílias não podem ser analisados e compreendidos fora do território onde vivem e convivem. A solução de algumas questões pode estar fora do alcance das famílias individualmente, a exemplo da acessibilidade ambiental. Os encontros também podem ser espaço de colaboração multiprofissional e de valorização de histórias de vida e do desenvolvimento do convívio social. Nessa ótica, a colaboração de especialistas e convidados será bem-vinda, no sentido de acrescentar conhecimento técnico e experiências positivas às discussões com as famílias e cuidadoras(es). PARA REFLETIR! A comunicação e a circulação de informações, o conhecimento de experiências e o acesso a informações técnicas pelas famílias e cuidadoras (es) podem facilitar a formulação de opinião e a reflexão e análise do seu agir, assim como pode significar a possibilidade de cuidar de quem cuida numa perspectiva mais coletiva. 59 A metodologia de cada encontro e quem deles participam cabe à equipe técnica definir, expressando, assim, a autonomia de seus membros no processo do trabalho social. Quanto à amplitude dos encontros, eles podem ser abertos, cuja periodicidade será definida com as famílias e com as(os) cuidadoras(es). Podem ser extensivos aos familiares de apoio, membros da família ampliada, vizinhança, cuidadoras(es) particulares/formais, cuidadoras(es) voluntários, atendentes pessoais, acompanhantes, de acordo com a realidade local. Recomenda-se uma periodicidade regular e programada para a divulgação prévia e a garantia de previsibilidade aos participantes. Um aspecto importante é atentar-se ao número de participantes, visando que a quantidade de pessoas seja confortável ao contexto das famílias, dos cuidadores e dos convidados, àmotivação dos participantes, ao espaço disponível, entre outros aspectos. A equipe técnica pode optar, por exemplo, por realizar alguns encontros só com cuidadores familiares ou só com cuidadores colaboradores; outros, com os familiares ou com a vizinhança ou encontros mistos e intergrupais, ou mesmo incluí-los nas atividades coletivas do PAIF e potencializar esses espaços com discussões relacionados a cuidados das pessoas idosas e pessoas com deficiência. De acordo com o objetivo do encontro, pode-se trabalhar com pequenos grupos (até 30 pessoas), grupos médios (até 50 pessoas) ou grandes grupos (até 80 pessoas), quando, por exemplo, usar a metodologia de seminário. É igualmente importante assegurar metodologias participativas, de fácil compreensão e manejo dos participantes e que valorizem a acolhida e a fala de todos. Esses encontros podem se constituir também em espaço para estimular a participação das pessoas nos conselhos de controle social das políticas públicas, a exemplo dos conselhos dos direitos da pessoa idosa, dos direitos da pessoa com deficiência, dos direitos da criança e do adolescente, de assistência social, entre outros. Ressalta-se também que os encontros são espaços para difundir os serviços e ações socioassistenciais, como o SCFV, PAIF E PAEFI, Centros-dia, outros serviços de atenção à pessoa com deficiência e à pessoa idosa no SUAS ou os serviços de outras políticas públicas existentes no território. Os conselhos, institucionalizados a partir da Constituição de 1988, são instrumentos de controle social, por meio dos quais a sociedade exerce papel ativo na defesa de seus interesses. Compostos por representantes do estado e da sociedade civil, esses órgãos objetivam intermediar os interesses desses dois segmentos na defesa e garantia de direitos, na identificação de problemas e respectivas soluções e na gestão de programas e políticas públicas. 60 Unidade 4 EIXO III – Trabalho em Rede: Enfoque Multissetorial 61 O trabalho em rede, proposto pelo Serviço, pauta-se em algumas referências conceituais. Vamos conhecê-las? As referências são: • As diversas dimensões do ser humano repercutem em várias necessidades e demandas cotidianas, o que quer dizer que nenhuma política, serviço ou órgão por si só atende à diversidade de necessidades do indivíduo e da família; • As situações de vulnerabilidades e riscos pessoais e sociais são multidimensionais, envolvem vários fatores; • A integralidade da proteção social da assistência social pressupõe a integração dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais; • A proteção integral dos indivíduos e das famílias requer a integração e a articulação da rede SUAS com as demais políticas públicas e órgãos setoriais. Essas referências pressupõem diálogo constante do Serviço com os demais no interior do SUAS e com os órgãos e serviços de outras políticas públicas no território. Esse diálogo pode ser mais fluido e orientado pela pactuação de fluxos, pois eles provocam um movimento constante de informações, ideias e energias. Segundo Guará (2010), o novo modelo de rede pressupõe relações mais horizontalizadas que, além de acolher a participação de várias políticas setoriais, derruba os limites daqueles serviços que costumam agir isoladamente. Para Moreto (2012), o trabalho em rede pode resguardar as seguintes dimensões interligadas: Política, Ética e Técnica. Veja o significado de cada dimensão na Figura 5. Figura 5- Dimensões do Trabalho em Rede POLÍTICA Inclui a articulação e a pactuação de fluxos e responsabilidades para o atendimento adequado das famílias e indivíduos, assegurando que as normas estabelecidas pelas políticas, decretos, portarias e resoluções - sejam postas em prática. Requer uma ação de gestores ou de atores que têm poder de decisão, além de conselhos de políticas públicas e movimentos sociais. ÉTICA Diz respeito ao compromisso direto com os direitos humanos, com a pessoa humana, seus potenciais, limitações e seu contexto. É transversal às outras dimensões, cabendo a ela resguardar o respeito, a dignidade e a relevância das histórias de vida dos usuários dos serviços TÉCNICA Resguarda a qualidade e o compromisso com o atendimento ao usuário, observando a flexibilidade necessária ao atendimento de cada caso. Requer um trabalho fluido e pressupõe articulação entre as unidades e serviços existentes no território e relação dialógica entre os profissionais. Fonte: Moreto (2012) 62 Dessa forma, a rede deve sempre resguardar a devida flexibilidade dos fluxos, pois a realidade pode se apresentar mais complexa. Para isso, são fundamentais os diálogos permanentes, pois o trabalho em rede baseia-se, sobretudo, na corresponsabilidade, na complementaridade e na colaboração institucional e individual por parte das equipes. Após essas reflexões iniciais, assim como nos eixos I e II, iremos apresentar algumas pistas e possibilidades de ações a que o Serviço poderá integrar-se, em consonância com as práticas e as atribuições de gestão do CRAS, para assegurar complementariedade ao atendimento das demandas dos usuários e suas famílias, como: • A elaboração e pactuação de fluxos que incluam a proteção e o cuidado a pessoas com deficiência e a pessoas idosas, seus cuidadores e famílias; • As reuniões, encontros ou grupos de trabalho para a discussão de casos em atendimento comum, a análise de informações sobre o território, a construção coletiva de indicadores, o alinhamento conceitual entre os serviços existentes no território, entre outras; • A formação e a capacitação em rede, baseando-se na diversidade de situações atendidas e no desenvolvimento de competências e habilidades requeridas pelo Serviço; • A capacitação em serviço por meio de supervisão técnica intrassetorial e interdisciplinar para os profissionais que atuam com as temáticas relacionadas às pessoas com deficiência e às pessoas idosas; • Os encontros para o monitoramento e a avaliação em rede dos encaminhamentos intra e intersetoriais; • A realização de estudos intrassetorial e intersetorial para avaliar impactos dos serviços de proteção e cuidado no domicílio para os segmentos em referência; • Outras possibilidades locais. Como é possível perceber, o olhar multissetorial para o trabalho em rede requer diálogo, pois busca-se colocar em prática a intrassetorialidade para tornar possível relacionar o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoa com Deficiência e Idosas com as demais ações da rede Socioassistencial. Vamos conhecer um pouco mais como ocorre essa articulação entre os serviços socioassistenciais? 63 Intrassetorialidade dos Serviços Socioassistenciais A intrassetorialidade pressupõe a possibilidade de uma família ou indivíduo ser atendido por vários serviços e ações da rede socioassistencial. Trata-se de um desafio comum à proteção dos seus direitos e ao atendimento a suas demandas, na perspectiva da integralidade. Dessa forma, essa lógica intrassetorial precisa repercutir na gestão e na condução dos processos de trabalho do Serviço e no interior das unidades de referência e demais serviços e ações socioassistenciais. As relações do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, no âmbito do próprio SUAS, vão estar sempre orientadas pelos contextos territoriais e familiares, pelas demandas particulares das pessoas e pelas características de cada nível de proteção social. Conforme já dito no módulo I, a Proteção Social Básica (PSB) se organiza sob a centralidade do CRAS, principal porta de acesso ao SUAS. Assim, a articulação do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio com os demais serviços e ações da PSB dá-se a partir do CRAS, ou seja, em observância aos protocolos e fluxos praticados e estabelecidos por essa unidade. O Coordenador do CRAS desempenha uma importante função na articulação dos Serviços no território.É válido ressaltar que a execução do serviço referenciado ao CRAS não pressupõe vinculação ou subordinação administrativa da entidade ou organização de assistência social que executa o serviço ao CRAS, mas, sim, o desenvolvimento de um serviço sob a gestão territorial do CRAS e vinculado às normativas, às concepções e aos parâmetros de qualidade do SUAS. O referenciamento ao CRAS traduz ainda a importância de assegurar a integração e a complementaridade entre as ações socioassistenciais no território, assim como a garantia de: • Reconhecimento da centralidade da família no trabalho social com pessoas com deficiência e com pessoas idosas, o que significa que a família poderá ser atendida ou acompanhada pelo PAIF, no CRAS, ou pelo PAEFI, no CREAS, sempre que necessitar; • Reconhecimento do CRAS como unidade estruturante da PSB, responsável pela gestão da rede socioassistencial no território; • Estabelecimento de registros, compromissos e procedimentos comuns e/ou complementares à rede; • Definição de fluxos de encaminhamentos e troca de informações no âmbito da rede; • Planejamento de trabalhos e atividades que possam ser desenvolvidos em conjunto; 64 • Gratuidade na oferta do serviço; • Observação do público usuário do serviço; • Observância das orientações técnicas sobre o serviço; • Respeito ao direito de acesso e permanência no Serviço; • Construção conjunta de indicadores de monitoramento e avaliação. Já percebemos que a intrassetorialidade é essencial para tornar possível a complementariedade com outros serviços do SUAS, assim como a integração com outros programas socioassistenciais. Como exemplo de outros serviços com os quais se busca a complementariedade, tem-se: a) Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF); b) Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV); c) Serviços ofertados pela Proteção Social Especial de Média Complexidade; d) Serviços de Acolhimento (Proteção Social Especial de Alta Complexidade). Passamos a compreender cada um deles: a) Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) O PAIF agrega, na PSB, a centralidade em relação ao atendimento e ao acompanhamento familiar, isto é, reúne as condições técnicas e operacionais para dar suporte e apoio às famílias no processo de reconhecimento dos seus direitos socioassistenciais, na superação de situações de vulnerabilidades sociais e no fortalecimento da sua capacidade protetiva. Por seu turno, conforme dispõe o pacto de aprimoramento da gestão municipal e do Distrito Federal do SUAS, é responsabilidade do PAIF o acompanhamento das famílias com membros beneficiários do BPC, pois, em princípio, essas famílias podem estar expostas a situações de desproteção, cabendo ao Estado manter-se vigilante na sua função de proteção e cuidado a essas famílias. Nessa ótica, o PAIF é, portanto, o lugar privilegiado de reconhecimento e apoio às dinâmicas familiares implicadas com situações de vulnerabilidade diversas. 65 O PAIF tem grande capacidade para reconhecer, na dinâmica das famílias com pessoas idosas ou com pessoas com deficiência, as situações de vulnerabilidade que dificultam ou impedem a adesão e o acesso regular dessas pessoas às unidades da rede socioassistencial. É responsável também pela verificação dos casos em que a oferta de orientação e suporte aos cuidados no domicílio constituem-se na melhor estratégia para estreitar a relação com a sua rede de apoio e referência, reduzir as barreiras de acesso, estimular a participação social dos usuários e para a ampliação e a qualificação das relações de cuidados familiares. Sendo assim, diante das situações de vulnerabilidades, o PAIF deve lançar mão da complementariedade da oferta do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, tendo em vista garantir a continuidade da atenção socioassistencial, facilitar a adesão à oferta do SUAS ou ampliar o escopo da oferta ao usuário e à sua família. De todo modo, sempre que, no desenvolvimento das ações do serviço, a equipe identificar situações familiares cuja leitura de contexto requeira o acompanhamento sistemático do PAIF, deve lbuscar essa complementariedade. Isso passa, necessariamente, pelo diálogo permanente entre os profissionais dos dois serviços. Na articulação do PAIF com o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, espera-se que o PAIF possa, dentre outras ações: • Prestar informações às famílias e comunidade sobre o Serviço de Proteção Básica no Domicílio, esclarecendo seus objetivos e funcionamento; • Identificar e incluir famílias com perfil para participação e inclusão no Serviço; • Articular-se com a equipe do Serviço para uma ação integrada entre as equipes; • Realizar discussões de casos para dar suporte às equipes do serviço; • Apoiar encaminhamentos, quando necessário, para os serviços da Proteção Social Especial (PSE), bem como para a rede das demais políticas. b) Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) Entre os objetivos do SCFV, destaca-se o de prevenir a institucionalização e a segregação de crianças, adolescentes, jovens e pessoas idosas, em especial, das pessoas com deficiência, assegurando o seu direito à convivência familiar e comunitária. 66 O SCFV tem como principal característica a organização de grupos de convivência no território, o mais próximo possível da moradia dos usuários, e a perspectiva do atendimento inclusivo. A participação das pessoas idosas e das pessoas com deficiência nesse serviço é fundamental, tanto como estratégia de socialização, elevação da autoestima e ampliação dos vínculos protetivos no território quanto para estimular a autonomia, a participação social e, sobretudo, para prevenir o isolamento social. A oferta de orientação e suporte no domicílio pode se apresentar como uma estratégia de sensibilização, estímulo e superação das barreiras que dificultam a participação das pessoas com deficiência e das pessoas idosas no SCVF, especialmente daquelas que necessitam de maior compreensão sobre o SCFV, de segurança em relação à convivência inclusiva, de algum aporte para os deslocamentos, entre outras necessidades. A oferta no domicílio pode, ainda, garantir a orientação e o apoio mais singular às pessoas com limitações impostas pelo avanço da idade, pela natureza da deficiência ou pelas barreiras sociogeográficas, que trazem dificuldades para frequentar o SCFV com a necessária regularidade. Nesse sentido, as pessoas com deficiência e as pessoas idosas podem estar vinculadas ao SCFV e serem atendidas pelo Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, ampliando sua rede de proteção, assim como podem acessar inicialmente o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio e depois serem encaminhadas ao SCFV. A relação entre os dois serviços é de complementariedade e, portanto, requer contínua integração. Contudo, o fluxo dos encaminhamentos entre os dois Serviços tem a centralidade no CRAS, uma vez que essa unidade faz a gestão e a referência da rede socioassistencial no território. c) Serviços ofertados pela Proteção Social Especial de Média Complexidade Como estudamos no módulo I, a Proteção Social Especial (PSE) de média complexidade se organiza por meio de serviços e programas especializados para atender famílias e indivíduos em situações de risco e violação de direitos, visando à superação e à prevenção do agravamento das situações vivenciadas. Os serviços de PSE de média complexidade são ofertados, em grande parte, nas seguintes unidades de referência: Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) e no Centro-Dia de Referência para Pessoas com Deficiência em situação de dependência (Centro-Dia). 67 ATENÇÃO! A articulação do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas com os serviços de Proteção Especial de Média Complexidade deve orientar-sea partir da referência dessas três unidades e dos fluxos estabelecidos entre essas unidades e o CRAS. Ressalta-se que a relação com o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), ofertado, obrigatoriamente, pelo CREAS. Ao PAEFI cabe o acompanhamento especializado das famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco, por violação de direitos, a exemplo de violência física, psicológica, sexual, patrimonial, entre outras. A partir desse ponto, abre-se a possibilidade de o PAEFI, ao atender uma família com pessoas com deficiência ou idosas, buscar o aporte do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, tendo em vista prosseguir o atendimento na rede protetiva após o desligamento do PAEFI. Nessas situações, recomenda-se que o PAEFI participe de forma planejada da orientação técnica aos profissionais do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para prevenir atuação inadequada frente à situação. A relação com o Serviço Especializado de Abordagem Social também pode se dar via CREAS, observada a possibilidade de atendimento complementar, tendo em vista a superação das dificuldades relacionadas as vivências de situações de rua. De igual modo, o Centro Pop, por meio do Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, ao atender uma pessoa idosa ou com deficiência em situação de rua, mas ainda com vínculos familiares, pode recorrer ao aporte do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, no sentido de construir estratégias conjuntas de proteção e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários existentes. Isso posto, cabe lembrar que a Pesquisa Nacional sobre a População em situação de Rua, realizada em 2008, pelo MDS, revelou que 51,9% dos entrevistados possuíam algum parente residente na cidade onde se encontravam em situação de rua, e 38,9% deles não mantinham contato com esses parentes. A pesquisa ainda revelou que 13,3% dos entrevistados tinham 55 anos ou mais. ! 68 SAIBA MAIS! A população em situação de rua cresceu 140% desde 2012, chegando a quase 222 mil brasileiros em março de 2020, e tende a aumentar com a crise econômica acentuada pela pandemia da Covid-19. Entre as pessoas sem moradia, estão desempregados e trabalhadores informais. Além de atualizar dados sobre esse grupo social, duas pesquisas recém-concluídas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) alertam: a propagação do novo coronavírus aumenta a vulnerabilidade de quem vive na rua e exige atuação mais intensa do poder público. Para ter acesso às pesquisas na íntegra, basta acessar o link: Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/7289/1/td_2246.pdf Ou, ainda: População em Situação de Rua em Tempos de Pandemia: Um levantamento de Medidas Municipais Emergenciais h t t p s : / / w w w . i p e a . g o v . b r / p o r t a l / i n d e x . p h p ? o p t i o n = c o m _ content&view=article&id=35809 No que diz respeito ao Centro-Dia de Referência para Pessoas com Deficiência em Situação de Dependência, esse, por meio do Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência e suas famílias, ao programar o atendimento dos seus usuários, tem a flexibilidade de organizar a frequência dos atendimentos, de acordo com as necessidades da pessoa e de sua família. Assim, ao avaliar cada situação, é possível identificar, para além das demandas de cuidados e convivência no próprio espaço do Centro-Dia, necessidades de orientação e suporte aos cuidados familiares que poderão ser melhor atendidos pelo Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio. De igual modo, esse Serviço pode identificar, entre seus usuários, demandas de cuidados cujo atendimento é mais apropriado ao Centro-Dia, a exemplo de necessidades de descanso do cuidador(a) familiar. d) Serviços de Acolhimento (Proteção Social Especial de Alta Complexidade) Entre os objetivos do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, cabe destacar o de prevenir agravos que possam desencadear o rompimento de vínculos familiares e sociais. A partir desse objetivo, é possível reafirmar que o acolhimento institucional de pessoas com deficiência, em qualquer faixa etária, e de pessoas idosas são medidas excepcionais, indicadas somente quando avaliadas como a melhor medida para protegê-las e melhorar a sua qualidade de vida. http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/7289/1/td_2246.pdf https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=35809 https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=35809 69 ATENÇÃO! Mesmo diante do acolhimento, todo aporte de orientação e apoio deve ser assegurado à pessoa acolhida e à sua família, no sentido de a pessoa em situação de acolhimento/institucionalizada poder retornar ao núcleo familiar ou, em se mantendo afastada, poder contar com o apoio, o afeto e os cuidados dos familiares. A partir desse ponto, abre-se a possibilidade do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio constituir-se em importante estratégia de aporte às pessoas idosas ou às pessoas com deficiência, em qualquer faixa etária, que retornaram ao núcleo familiar, no sentido de contribuir com ações que fortaleçam vínculos e ampliem a oferta de cuidados familiares na perspectiva da prevenção de novos afastamentos. As considerações sobre complementariedade entre os Serviços de PSE (média e alta complexidade) e o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para pessoas com Deficiência e Idosas apenas ilustram algumas possibilidades, há que se considerar que somente os fluxos locais e o diálogo estabelecido entre as equipes de Proteção Social Básica e de Proteção Social Especial vão, de fato, materializar os procedimentos e a definição das articulações entre os dois patamares de proteção. Além da complementariedade com os serviços da rede SUAS, busca-se também integrar o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio a outros programas socioassistenciais, sendo eles: • Benefícios socioassistenciais e programas de transferência de renda; • Programa Acessuas Trabalho; • Programa BPC na Escola. Agora iremos conhecer os programas socioassistenciais que podem fazer integração com o Serviço de Proteção Básica no Domicílio. e) Integração com benefícios socioassistenciais e programas de transferência de renda A integração entre serviços, benefícios e programas é uma orientação geral da Política de Assistência Social, disciplinada no Protocolo de Gestão Integrada de Serviços, Benefícios e Transferências de Renda no âmbito do Sistema Único de Assistência Social – SUAS/2009. No caso do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, essa integração tem origem na própria Tipificação Nacional dos ! 70 Serviços Socioassistenciais, quando essa destaca, entre os usuários do Serviço, os beneficiários do BPC e membros de famílias beneficiárias de Programa de transferência de renda com deficiência ou com 60 anos ou mais. Parte-se do pressuposto de que, associadas às vulnerabilidades econômicas, esses grupos populacionais podem apresentar demandas específicas de orientação e suporte aos cuidados familiares. Para além de atender aquelas pessoas beneficiárias, o Serviço pode identificar, no percurso de suas ações, pessoas com deficiência e pessoas idosas que preenchem os critérios de acesso aos programas de transferência de renda ou ao BPC. Nesses casos, deve-se articular com o CRAS para que elas recebam orientação sobre os procedimentos necessários. Também cabe ressaltar a possibilidade de integração do Serviço com os Benefícios Eventuais (BE), os quais, diferentemente do BPC, são provisões destinadas aos cidadãos e às famílias em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidades temporárias e de calamidade pública. Os benefícios eventuais são de responsabilidade dos municípios e do Distrito Federal, portanto os critérios de acesso e os valores são estabelecidos em lei municipalou distrital. Para o Serviço, é importante conhecer as provisões asseguradas nessas legislações para articular, via CRAS, o encaminhamento dos usuários que apresentarem demandas incluídas no escopo dos benefícios eventuais. Também podem ser acolhidas no Serviço pessoas com deficiência ou pessoas idosas que acessaram o SUAS por meio dos benefícios eventuais e que apresentam necessidades dentro do escopo do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio. f) Integração com o Programa Acessuas Trabalho O Programa Nacional de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas Trabalho) é coordenado, no âmbito nacional, pelo MDS/SNAS, porém é desenvolvido de forma descentralizada, em parceria com estados, Distrito Federal e municípios. Do ponto de vista da sua regulamentação, o programa teve início em 2012 e foi prorrogado até 2026 por meio da Resolução CNAS/MC nº 49, de 23 de novembro 2021. A LOAS, no art. 2º, destaca que a proteção social no campo da Assistência Social visa também à promoção da integração dos seus usuários ao mercado de trabalho. Isso posto, o CNAS, por meio da Resolução nº 33/2011, estabeleceu que as ofertas do SUAS nessa área visam à promoção do protagonismo, à participação cidadã, à mediação do acesso ao mundo do trabalho e à mobilização social para construção de estratégias coletivas de inclusão. 71 Nessa direção, o Acessuas Trabalho tem como estratégias sensibilizar, mobilizar e encaminhar as pessoas em situação de vulnerabilidade e riscos sociais às oportunidades relativas ao mundo do trabalho, de forma articulada com as demais ações do SUAS e de outras políticas públicas. Tais estratégias envolvem a sensibilização para cursos de capacitação, encaminhamento para intermediação ao mercado de trabalho formal, aprendizagem, economia solidária e microempreendedorismo individual, acesso ao microcrédito, dentre outras iniciativas. Nessa linha, o programa agrega um caráter articulador intrassetorial e intersetorial, no sentido de mapear oportunidades, potencialidades e demandas do território; mobilizar usuários e trabalhadores do SUAS, comunidade e empregadores em potencial para discussão sobre trabalho decente; realizar debates sobre o direito ao trabalho e emprego junto aos usuários e, na mesma direção, realizar orientações junto aos trabalhadores do SUAS. Outro dado importante é que a regulamentação do programa define as pessoas com deficiência como indicadasao Benefício de Prestação Continuada (BPC) sendo, inclusive, público prioritário, em um claro reconhecimento de que os jovens e adultos com deficiência devem contar com aportes de apoio do Estado para a garantia do direito ao trabalho. Por todo esse contexto, a integração do Serviço com o Acessuas Trabalho é fundamental, no sentido de oportunizar que os usuários do Serviço que queiram acessar o mundo do trabalho disponham de orientação do programa. A forma de articulação deve ser construída nos fluxos intrassetoriais com o CRAS. 72 g) Integração com o Programa BPC na Escola O Programa BPC na Escola prevê a constituição, nos municípios e no Distrito Federal, de um grupo gestor, formado pelos gestores das políticas de Assistência Social, Educação, Saúde e Direitos Humanos, para administrar e coordenar o programa em seu âmbito, tendo em vista favorecer o desenvolvimento de ações intersetoriais, tanto para a identificação quanto para a superação das barreiras que dificultam o acesso à escola e a inserção social das crianças e adolescentes com deficiência. O Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, ao atender as pessoas com deficiência, não faz recorte de idade. Portanto, é importante que a equipe tenha em mente a estreita articulação com o programa, considerando o foco na inclusão educacional. Após descobrirmos as possibilidades de integração e complementaridade do Serviço com as demais ações socioassistenciais, agora iremos ver como ela também pode ocorrer com outras políticas públicas, além da Assistência Social. Intersetorialidade entre as Políticas Públicas A intersetorialidade pressupõe a integração com outras políticas públicas e órgãos de defesa de direitos, tendo em vista a integralidade da atenção à pessoa idosa e à pessoa com deficiência no contexto familiar e territorial. Pressupõe, ainda, a possibilidade de uma família e/ou indivíduo serem atendidos em comum por várias políticas públicas e órgãos, dada a diversidade e a complexidade de suas demandas e necessidades e na perspectiva da garantia de direitos. A complementaridade intersetorial pode ocorrer tanto no campo da intervenção profissional mais direcionada às pessoas e a suas famílias quanto naquelas atuações vinculadas ao território, no sentido de esse se tornar mais acessível e protetivo. A qualidade da articulação intersetorial depende de diálogo no âmbito das equipes locais e no plano da gestão e da coordenação, esferas em que são tomadas as decisões e definidas as diretrizes. ATENÇÃO! Historicamente, um dos maiores desafios das equipes tem sido superar a fragmentação, a sobreposição de ações e as lacunas pela ausência de serviços ou de diálogo entre as redes existentes nos territórios. Um bom caminho em direção à superação desse problema pode ser o alinhamento conceitual entre os serviços existentes no território, visando assegurar, minimamente, a compreensão da concepção de cada um, os objetivos, o que faz, onde e como funciona. A leitura permanente do território, o diagnóstico local e o reconhecimento das demandas das pessoas idosas e das pessoas com deficiência e de suas famílias orientarão as articulações intersetoriais e a construção de fluxos que contemplem a contribuição do serviço e sua relação com a rede. ! 73 Contudo, algumas questões, notoriamente implicadas na autonomia e na qualidade de vida das pessoas com deficiência e idosas, podem apontar uma relação mais estreita do Serviço com as políticas de Saúde, Educação, Trabalho e Previdência Social, entre as quais se destacam acessos: • à tecnologia assistiva; • a serviços especializados de habilitação e reabilitação em saúde; • à reabilitação profissional e a benefícios previdenciários e socioassistenciais; • à qualificação profissional; • à educação na perspectiva da inclusão, em especial, para as crianças e adolescentes com deficiência. É válido ressaltar que esses exemplos não excluem a importância da articulação com os serviços de cultura, esporte, meio ambiente, trabalho e habitação, pois são áreas importantes para o exercício da convivência comunitária e para o fortalecimento dos vínculos de pertencimento ao território, além de importantes para a autonomia das pessoas Cuidadas e dos Cuidadores familiares. De maneira geral, a articulação intersetorial local se desenha a partir da interpretação e da análise dos dados e informações acumuladas sobre o contexto das pessoas, das famílias e dos territórios. Nesse sentido, as informações organizadas pela vigilância socioassistencial podem dar a direção dos fluxos nos territórios e dos compromissos intersetoriais a serem incluídos no PDU do usuário, assim como dos processos de monitoramento dos encaminhamentos que transitam em rede. Para finalizar esse eixo, iremos discorrer sobre a relação do Serviço no Domicílio com instituições participativas: os Conselhos Gestores de Políticas Públicas O Trabalho em Rede com os Conselhos Gestores de Políticas Públicas Desde o contexto da redemocratização do país e, de maneira complementar, após a Constituição Federal de 1988 e da posterior legislação das políticas sociais, ocorreu a proliferação de canais de participação da sociedade civil nas políticas públicas, o que resultou em um repertório amplo e heterogêneo de desenhos, processos deliberativos e possibilidades democráticas (BRASIL et al., 2013).Dentre esses canais, destaque para os conselhos de políticas públicas, que alcançaram uma enorme expressividade em todo o país, o que significou o envolvimento de milharesde pessoas no debate e na decisão acerca das ações públicas (CUNHA, 2009). 74 Os conselhos são espaços públicos criados por lei com papel importante na formulação e no acompanhamento e avaliação do desenvolvimento das políticas públicas. É nos conselhos que a participação, preconizada na Constituição Federal, acontece. A composição plural e heterogênea, com representação da sociedade civil e do governo, caracteriza os conselhos como instâncias de negociação e diálogo em torno de conflitos entre diferentes grupos e interesses. Esse aspecto contribui para qualificar o processo de proposição, monitoramento e avaliação das políticas públicas. Cabe destacar a importância do controle social exercido pelos Conselhos de Assistência Social no âmbito federal, estadual, municipal e do Distrito Federal. ATENÇÃO! Para a garantia do controle social, é fundamental que os conselhos funcionem com composição paritária e representativa entre o poder governamental e a sociedade civil. Essa condição deve ser respeitada desde a primeira ação após a publicação da lei de criação do conselho. Ao atuar na garantia do efetivo controle social, as expectativas quanto ao funcionamento dos Conselhos incluem: • Proteger os direitos adquiridos e lutar por novos direitos; • Ser instrumento de democratização da gestão pública; • Ser local de escuta e de diálogo; • Dar mais transparência aos processos políticos e controlar a corrupção, qualificando as políticas públicas; • Fortalecer a democracia; • Ser um contrapeso a formas autoritárias de poder. Entre os diversos conselhos de políticas públicas existentes, vale distinguir a relevância de conhecer e reconhecer o papel e o funcionamento dos Conselhos dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Conselho dos Direitos da Pessoa Idosa. É essencial, portanto, considerar a interface da atuação desses conselhos com o Conselho de Assistência Social, pois todos são órgãos de controle social e, como tal, participam da rede como espaço de participação social. Nessa linha, é primordial que o Serviço crie espaços para difundir o papel do controle social e estimule a participação dos usuários e de suas famílias nas organizações de representação dos usuários, tendo em vista a possibilidade de participação como membro dos conselhos. O Serviço pode contribuir tanto na difusão do papel e do funcionamento dos referidos conselhos quanto no estímulo à participação dos usuários e de suas famílias nas suas programações abertas ao ! 75 público, assim como na qualidade de representantes dos usuários nesses espaços. Em contrapartida, os conselhos devem conhecer e acompanhar a gestão e o funcionamento do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas. SAIBA MAIS! Para aprender mais sobre outras características dos Conselhos, consulte o artigo “O mapeamento da institucionalização dos Conselhos gestores de políticas públicas nos municípios brasileiros”, da autora Danitza Pas-samai R. Buvinich, publicado em 2014 na Revista de Administração Pública e disponível no link: https://bit.ly/3j4q64T RESUMINDO No Módulo 2, conhecemos a fundamentação e o papel do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio. Na unidade 1, foi apresentado um breve histórico sobre o Serviço, suas características, objetivos e finalidades, bem como as condições e formas de acesso. A concepção metodológica do Serviço de Proteção Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas pode ser organizada a partir de três eixos inter- relacionados, assim, na unidade 2, foi apresentado o Eixo Estratégico 1 (Proteção e Cuidado Social no Domicílio). Na unidade 3, foi apresentado o Eixo Estratégico 2 (Território Protetivo: Olhares e Aproximações sobre o Território), e por fim, na unidade 4, foi apresentado o Eixo Estratégico 3 (Trabalho em Rede: enfoque Multissetorial). Os eixos apontam as diretrizes ou linhas de ação do Serviço a partir do olhar sobre as dinâmicas do território, do contexto familiar e da rede de proteção. Em todos os 3 eixos, foram apresentadas pistas que irão contribuir para orientar a metodologia, a gestão, o planejamento do Serviço e a organização do trabalho da equipe de referência. https://bit.ly/3j4q64T 76 REFERÊNCIAS CONSULTADAS BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009. Brasília, 2009 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 20 nov. de 2021 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Orientações técnicas: Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas. Brasília, DF: MDS, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2017. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Rua: aprendendo a contar: Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua. Brasília, DF: MDS: Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2009 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004. Norma Operacional Básica - NOB/ SUAS. Brasília, DF, nov. 2005. Disponível em: http://mds. gov.br/acesso-ainformacao/legislacao/resolucoes/resolu-cao-cnas-no-145-de-15-de- outubro-de-2004. Acesso em: 05 nov. 2021 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Consultoria, produto IV. Documento abordando, concepção e metodologia para o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para pessoas com Deficiência e Idosas. Novembro, 2010 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Fundamentos ético-políticos e rumos teórico-metodológicos para fortalecer o Trabalho Social com Famílias na Política Nacional de Assistência Social. Brasília, 2016. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/ assistencia_social/Cadernos/TrabalhoSocialcomFamilias.pdf. Acesso em 11 dez. 2021 BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.842, de 04 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Brasília, DF, p. 77, 05 jan. 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm. Acesso em: 05 out. de 2021 BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília, 3 out. 2003. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ LEIS/2003/L10.741.htm. Acesso em: 05 out. 2021 BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, 6 jul.2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em 06 out. de 2021 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm.%20Acesso%20em%2006%20out.2021 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm.%20Acesso%20em%2006%20out.2021 77 BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.842, de 04 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Brasília, DF, p. 77, 05 jan. 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-vil_03/leis/l8842.htm. Acesso em: 05 maio. 2021 BRASIL. Resolução nº 34, de 28 de novembrode 2011. Define a Habilitação e Reabilitação da pessoa com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária no campo da assistência social e estabelece seus requisitos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 nov. 2011. Disponível em:https://diariofiscal.com. br/ZpNbw3dk20XgIKXVGacL5NS8haIoH5PqbJKZaawfaDwCm/legislacaofederal/ resolucao/2011/cnas.032.033.034.htm. Acesso em: 19 dez. de 2021 BRASIL. Resolução nº 49, de 23 de novembro de 2021. Aprova a prorrogação e o aprimoramento do Programa Nacional de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho - ACESSUAS-TRABALHO. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 nov.2021. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-cnas/mc-n-49-de-23-de-novembro- de-2021-361603985. Acesso em 24 dez. de 2021 BRASIL. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988. [Texto consolidado até a Emenda Constitucional n. 93 de 08 de setembro de 2016]. Disponível em:<https://www.senado.leg.br/atividade/const/ con1988/con1988_08.09.2016/CON1988.pdf>. Acesso em: 29 out. de 2021 CUNHA, E. S. M. Efetividade deliberativa: estudo comparado de conselhos municipais de assistência social (1997/2006). 2009. 372p. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Departamento de Ciência Política, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. DUTRA, N. S.; RODRIGUES, A. G. Levantamento dos principais motivos para a institucionalização de idosos. Boletim Informativo Unimotrisaúde em Sociogerentologia.v.28, n.22, 2021 GUARÁ, I. M. F. R. Redes de proteção social / [coordenação da publicação Isa Maria F. R. Guará] . 1. ed. São Paulo : Associação Fazendo História : NECA - Associação dos Pesquisadores de Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente, 2010 IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-2020-censo4. html. Acesso em 15 dez.2021 JACCOUD, L. Programa Bolsa Família: proteção social e combate à pobreza no Brasil. Revista Do Serviço Público, 64(3), p. 291-307. 2014. Disponível em: https://doi. org/10.21874/rsp.v64i3.125. Acesso em 11 jan. 2022 MIOTO, R. C. T. CONSULTORIA: Elaborar Orientação Técnica sobre Trabalho Social com Famílias no âmbito da Política Nacional de Assistência Social e fortalecer o atendimento prioritário das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família. Documento técnico 2. Brasília: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2015. 23 p. https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-2020-censo4.html.%20Acesso%20em%2015%20dez.2021 https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-2020-censo4.html.%20Acesso%20em%2015%20dez.2021 https://doi.org/10.21874/rsp.v64i3.125 https://doi.org/10.21874/rsp.v64i3.125 Curso Serviço no Domicílio PSB: Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com deficiência e idosas. Material de base: O curso foi desenvolvido tendo como base o Caderno de Orientações Técnicas: Proteção Social Básica nos Domicílios para Pessoas com Deficiência e Idosas – Brasília, DF: MDS, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2017. Distribuição e informações: Ministério da Cidadania, Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS/MC) FICHA TÉCNICA MINISTÉRIO DA CIDADANIA Coordenação: Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS/MC) Departamento de Proteção Social Básica Coordenação Geral de Serviços Socioassistenciais a Famílias Supervisão: Mariana Lelis Moreira Catarina Camila Salvador Cipriano UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável - IPPDS Coordenação e Gestão Financeira: Marcelo José Braga – Diretor e Professor do Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável (IPPDS/UFV) Suporte Técnico e Gestão Financeira: Karinne Nogueira Galinari - Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável (IPPDS/UFV) Organização e Desenvolvimento de Conteúdo: Simone Martins – Professora e Pesquisadora da Universidade Federal de Viçosa Cristina Caetano de Aguiar – Professora e Pesquisadora do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais Andréia Queiroz Ribeiro – Professora e Pesquisadora da Universidade Federal de Viçosa Revisão de vernáculo: Juliano de Oliveira Pires - Universidade Federal de Viçosa (UFV) Projeto Gráfico e Diagramação: Adriana Helena de Almeida Freitas – Jornalista e Editora do Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável (IPPDS/UFV) Ilustração, Produção e Edição de Vídeos: Elisa Vieira Martins – Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFV) Produção, Locução e Edição de Vídeos: José Timóteo Júnior - Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFV) Raphael Baía Nicolato - Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFV) © 2022 Ministério da Cidadania. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica. Esplanada dos Ministérios, Bloco A CEP 70 054 906 Brasília/DF www.cidadania.gov.br Serviço no Domicílio PSB Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas _heading=h.gjdgxs _GoBack Apresentação Unidade 1 1. Breve Histórico sobre o Serviço 2. Condições e Formas de Acesso dos Usuários ao Serviço 3. Características do Serviço 4. Finalidades do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas 4.1. Concepção de “agravos que fragilizam e/ ou provocam o rompimento de vínculos” 4.2. Equiparação de oportunidades 4.3. Participação e autonomia 5. Objetivos do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio 6. Introdução aos eixos que orientam a concepção e a organização metodológica do Serviço Unidade 2 Unidade 3 Unidade 4 REFERÊNCIAS CONSULTADAS