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AUDITORIA HOSPITALAR Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Ana Paula Poerschke CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli Prof. Ivan Tesck Revisão de Conteúdo: Caren Eliane Teixeira Thomazi Revisão Gramatical: Iara de Oliveira Revisão Pedagógica: Ivan Tesck Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2017 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 657.83045 A745a Poerschke, Ana Paula Auditoria hospitalar / Ana Paula Poerschke. Indaial : UNIASSELVI, 2017. 100 p. : il. ISBN 978-85-69910-34-3 1. Auditoria – Empresas Públicas. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Ana Paula Poerschke Ana Paula Poerschke é administradora pela Faculdade IBES e contadora formada pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Possui MBA em Gestão Empresarial; Finanças, Auditoria e Controladoria e no Executivo em Saúde, todos pela Fundação Getúlio Vargas. Tem experiência profissional em operadora de planos de saúde na área de controladoria, compras estratégicas, controle de custos e negociação com a rede credenciada. Também atua como professora no curso de administração de empresas e disciplinas em cursos de pós-graduação da área de administração e saúde. Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 Entendendo a Auditoria Hospitalar ....................................9 CAPÍTULO 2 Legislações e Órgãos Regulatórios na Saúde Privada e Pública ..................................................................31 CAPÍTULO 3 Ética, Bioética e Atribuições do Auditor em Saúde ..........49 CAPÍTULO 4 Prontuário do Paciente .......................................................61 CAPÍTULO 5 Auditoria Hospitalar: Ferramenta de Gestão ...................75 APRESENTAÇÃO A atribulada rotina de um hospital requer a interação de diversos agentes. Diante dessa complexa estrutura, um dos pontos de muita importância é o relacionamento com o financiador dos serviços, quer seja ele um ente público, quer privado, quer particular. Nesse contexto, abordaremos, na disciplina de Auditoria Hospitalar, diversos conceitos inerentes à área, bem como a importância e o foco que o processo deve ter. A intenção é despertar você, pós-graduando(a), para a necessidade de percepção da auditoria hospitalar com foco na qualidade do serviço prestado, que resultará em melhor atendimento ao paciente. Ao longo do caderno de estudos você encontrará cinco capítulos com os seguintes temas: Capítulo 1 (ENTENDENDO A AUDITORIA HOSPITALAR): Neste capítulo inicial, exploraremos os conceitos fundamentais da auditoria, bem como o(a) situaremos na evolução histórica do tema. Nesse momento, abordaremos os diversos tipos de auditoria para que perceba os diversos processos relacionados e a sua interligação. Capítulo 2 (LEGISLAÇÕES E ÓRGÃOS REGULATÓRIOS NA SAÚDE PRIVADA E PÚBLICA): Neste capítulo, serão tratadas as legislações gerais relacionadas ao processo de auditoria, bem como os órgãos que apoiam na definição das normas da área e as prerrogativas de cada profissional no processo, de acordo com seu órgão representativo de classe. Nesse ponto, cabe ressaltar a importância de o processo ser desenvolvido de acordo com as definições legais, visando adequá-lo aos ditames e realizá-los dentro das normas vigentes, inclusive, para garantir a validade jurídica dos processos. Capítulo 3 (ÉTICA, BIOÉTICA E ATRIBUIÇÕES DO AUDITOR EM SAÚDE): Neste capítulo, contextualizaremos o perfil do profissional para atuação na área e, também, analisaremos o papel que este profissional tem nos processos de assistência aos pacientes. Capítulo 4 (PRONTUÁRIO DO PACIENTE): Neste capítulo, iremos arrolar os principais conceitos relativos à documentação do atendimento dos pacientes, evidenciada pelo prontuário, bem com os tipos, suas vantagens e desvantagens e aspectos necessários para manutenção deste importante documento. Capítulo 5 (AUDITORIA HOSPITALAR: FERRAMENTA DE GESTÃO): Neste capítulo final, trataremos da importância da visão da auditoria hospitalar como ferramenta de gestão, com enfoque na melhoria dos processos, principalmente no que tange à qualidade da assistência. Nesse cenário, é fundamental a percepção dessa ciência com papel educativo e você será convidado(a) a ter essa visão do processo. Desejamos uma construtiva e satisfatória jornada de estudos pela frente. Cordialmente, A autora. CAPÍTULO 1 Entendendo a Auditoria Hospitalar A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Apresentar as concepções/categorias teóricas e referências históricas que compõem e acompanham os conceitos da área de auditoria hospitalar. Diagnosticar a relação da evolução econômica com a necessidade de incorpo- ração dos conceitos à realidade das instituições da área de saúde. 10 Auditoria Hospitalar 11 Entendendo a Auditoria Hospitalar Capítulo 1 Contextualização “Não se gerencia o que não se mede”. William Deming A auditoria, como vamos aprofundar no decorrer do nosso percurso, consiste em mecanismos de controle para averiguar se os processos estão ocorrendo conforme determinação prévia. Percebemos que os fundamentos da área têm diversas aplicabilidades, e podem ser desenvolvidos por vários tipos de profissionais, sejam eles da saúde, como é o caso de muitas aplicações da nossa área de estudo, sejam administradores, contadores e outros, contudo, todos com perfil, características e atribuições específicas. Apresentaremos as legislações e os órgãos regulatórios ligados diretamente à área da saúde. Outro ponto muito importante, abordado nesta disciplina, é o prontuário eletrônico, documento que registra todas as informações relativas aos tratamentos e condições de saúde de uma pessoa durante o atendimento em uma organização de saúde. Durante nosso percurso, trataremos extensivamente o tema auditoria hospitalar e as ferramentas/processos para desenvolvimento dessa atividade. Ao final, teremos um panorama geral do tema, com o reforço do papel educativo da auditoria hospitalar. Especificamente neste capítulo, abordaremos o conceito e a história do termo auditoria. Também serão apresentados os tipos de auditoria existentes para as diversas possibilidades que alcançamos com os processos de identificação da conformidade. Vamos começar?! Histórico da Auditoria Auditoria é uma análise cuidadosa e sistemática das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou setor, com o intuito de averiguar se elas estão de acordo com as disposições planejadas ou estabelecidas previamente, se foram implementadas com eficácia e se estão em conformidade com os objetivos. Etimologicamente, a expressão auditoria deriva do latim audire, que significa ouvir. De início, foi traduzido como auditing, com o intuito de apresentar Auditoria é uma análise cuidadosa e sistemática das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou setor. 12 Auditoria Hospitalar termos técnicos para a revisão de demonstrações contábeis. Com o passar do tempo, o sentido do termo auditoria passou a ser mais amplo, consistindo na ação independente de relacionar determinada situação com o seu processo previamente definido, que se pauta na situação ideal. De acordo com Sá (1980),a auditoria teve início na era antes de Cristo, na antiga Suméria, surgindo, em seguida, nas províncias romanas do primeiro século depois de Cristo. Contudo, apenas no século XVIII, na Inglaterra, com o advento da Revolução Industrial, essa ciência teve expressivo desenvolvimento diante do surgimento de grandes corporações, pois estas começaram a apresentar necessidades, por parte dos investidores, de acompanhamento do que estava sendo apresentado pela empresa, em função do capital que estavam investindo. No Brasil, a utilização da ferramenta ocorreu em 1808, com a introdução da obrigatoriedade do uso dos serviços de auditoria independente na Real Fazenda Portuguesa. Já na área da saúde, a auditoria teve início quando o enfoque deixou de ser apenas contábil, expandindo para o restante das áreas administrativas, em que o intuito era avaliar a eficácia e a efetividade da aplicação dos controles internos. Segundo Burmester e Moraes (2014), a partir do século XX, os hospitais, além de prestar assistência à saúde, passaram a apresentar funções de ensino e aprendizagem para produzir conhecimento, causando implicações importantes para o processo de auditoria, conforme veremos adiante. De acordo com Souza, Dyniewicz e Kalinowski (2010), no Brasil, a história da auditoria na saúde teve origem na previdência em 1923, por meio da Lei Eloy Chaves, e com o advento da criação da Caixa de Aposentadorias dos Ferroviários, que oferecia proteção social, pensão, aposentadoria, assistência médica e auxílio farmacêutico. Após a década de 1930, concomitantemente às caixas, surgiram os Institutos de Aposentadoria e Pensões dos Trabalhadores Urbanos: Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM), em 1933; Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC), em 1933; Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB), em 1934; Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), em 1936; Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE), em 1938. A Lei Orgânica da Previdência Social (Lei n. 3.807, de 26 de agosto de 1960) uniu a legislação aplicável aos vários institutos. A unificação da gestão, no entanto, demoraria mais alguns anos e seria implantada com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), em 1966. As rotinas de auditoria no Instituto Nacional de Previdência Social – INPS eram executadas pelos supervisores, por meio de averiguações nos prontuários dos pacientes e em contas hospitalares. Nesse período, não havia auditorias 13 Entendendo a Auditoria Hospitalar Capítulo 1 diretas em hospitais. A partir de 1976, as contas hospitalares transformaram- se em Guia de Internação Hospitalar – GIH, momento em que as atividades de auditoria ficam estabelecidas como Controle Formal e Técnico. Nesse contexto, a assistência à saúde não era o principal objetivo do INPS, no entanto, como a sua incorporação foi fundamental, agregaram-se mais duas letras, AM (Assistência Médica), à sigla (SOUZA; DYNIEWICZ; KALINOWSKI, 2010). A auditoria em saúde foi estabelecida oficialmente no Brasil em 1984, por meio da Resolução n. 45, de 12 de julho de 1984, expedida pelo extinto Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), apresentando um conjunto de ações administrativas, técnicas e observacionais, que visam à caracterização definida do desempenho assistencial realizado pelos integrantes de todos os níveis de execução, notadamente as unidades médico-assistenciais próprias, contratadas, conveniadas e em regime de cogestão (SOUZA; DYNIEWICZ; KALINOWSKI, 2010). Além do exposto, a auditoria veio a contribuir com a saúde por meio de ações inicialmente provocadas pela necessidade de aperfeiçoamento das GIH utilizadas pelo INAMPS, chamado mais adiante de Sistema de Assistência Médica da Previdência Social (SAMPS), que reconheceu o cargo de médico auditor, passando, assim, a auditoria a ser realizada nos próprios hospitais. Outro fato representativo foi a criação do Sistema Nacional de Auditoria (SNA), previsto pela Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, com a função de coordenar a avaliação técnica e financeira do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo território nacional, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal. Após todas essas evoluções, diante da necessidade dos próprios sistemas e mercados, a auditoria passou a ter um alto grau de importância nos setores das instituições que prestam serviços à saúde, dando uma especificidade a esse termo oriundo da contabilidade, que passa a ser auditoria em saúde, realizada por profissionais qualificados nessa área e, muitas vezes, relacionada ao trabalho de outras áreas, que contribuem para a realização de um processo de auditoria bem desenvolvido. De acordo com Burmester e Moraes (2014), na história da auditoria em saúde no Brasil, as primeiras normativas foram a Resolução CFM n. 1466, que foi revogada e substituída pela Resolução CFM n. 1614, de 2001, a qual permanece em vigor. Pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), houve a publicação da Resolução n. 266, de 2011, que versa sobre a regulamentação da função do enfermeiro auditor. Essas resoluções serão retomadas na sequência de nossos A auditoria em saúde foi estabelecida oficialmente no Brasil em 1984. 14 Auditoria Hospitalar Podemos definir, então, como auditoria hospitalar, a análise sistemática e independente dos fatos obtidos através da observação, medição, ensaio ou outras técnicas apropriadas de uma atividade, elemento ou sistema, para constatar a adequação aos requisitos preconizados pelas leis/normas vigentes e determinar se as ações de saúde e seus resultados estão de acordo com as disposições planejadas. estudos, pois aliada ao conhecimento dos profissionais da área formam a base do processo de auditoria da área da saúde. Podemos definir, então, como auditoria hospitalar, a análise sistemática e independente dos fatos obtidos através da observação, medição, ensaio ou outras técnicas apropriadas de uma atividade, elemento ou sistema, para constatar a adequação aos requisitos preconizados pelas leis/normas vigentes e determinar se as ações de saúde e seus resultados estão de acordo com as disposições planejadas. As atividades da auditoria concentram-se nos processos e resultados da prestação de serviços e pressupõem o desenvolvimento de um modelo de atenção adequado em relação às normas de acesso, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Consistem em controlar e avaliar o grau de atenção efetivamente prestado pelo sistema, comparando com um modelo definido. Como exposto, as ciências, de modo geral, tiveram uma evolução considerável da segunda metade do século XX em diante. A auditoria em saúde acompanhou essa evolução, principalmente a partir do século XXI, motivada pela necessidade de melhoria da gestão, que está relacionada com a escassez de recursos, e pela sistemática regulação. Além da necessidade de averiguação dos processos e normas regulatórias, que, como vimos, é o fundamento da auditoria em qualquer das suas áreas de aplicação, na saúde tem-se uma diferenciação. Pretende-se apresentar a visão de que a auditoria na área hospitalar está voltada para o enfoque da qualidade. Nesse ponto, mostraremos processos operacionais que, por vezes, são interpretados como burocracia, desconfiança, ignorância, interferência, mas, contudo, têm fundamento na definição e conferência segura das atividades de assistência à saúde, com foco principal no paciente que recebe o atendimento. As possibilidades encontradas com os avanços tecnológicos apresentam diversas formas de promover a saúde. Essas múltiplas possibilidades, que envolvem diversos agentes entre recursos humanos, indústrias e instituições de prestação de serviços de saúde públicos e privados, apresenta, também, uma preocupação no que tange à racionalização dos recursos, que, naárea da saúde, em função da demanda e restrições orçamentárias, é normalmente conflitante, pois busca ofertar os recursos necessários ao maior número de pessoas. Atenção caro(a) pós-graduando(a), aqui temos que deixar claro que a auditoria em saúde não pode e não deve ter a visão restrita de relação de consumo, pois 15 Entendendo a Auditoria Hospitalar Capítulo 1 é fundamental buscar dados e relacioná-los ao melhor conhecimento científico disponível para convertê-los em assistência. Sendo assim, para seguir nosso processo de conhecimento, agora já focados na auditoria em saúde, trataremos, na sequência, dos tipos de auditoria. Tipos de Auditoria Nas lições de Burmester e Moraes (2014), para desenvolver um processo adequado de auditoria em saúde, deve-se estruturar três grandes segmentos. Veja: • Auditoria operacional: que apresenta foco no controle e execução da assistência; • Auditoria analítica: que tem foco nos indicadores dos processos da assistência e da própria auditoria; • Auditoria clínica: que apresenta foco na melhoria da qualidade dos processos e resultados dos cuidados. A seguir, vamos estudar cada um desses processos. Auditoria Operacional A auditoria operacional na área de saúde tem como principal intuito o controle da utilização dos serviços, a verificação da padronização dos processos e procedimentos e, também, atua na solução de divergências. Tem como rotinas os processos de autorização prévia dos atendimentos/ procedimentos, a visitação dos pacientes durante os atendimentos, também chamada de auditoria concorrente, seja esse atendimento ambulatorial, hospitalar ou em domicilio, e tem como processo a busca de informações relevantes na área de saúde e a revisão do faturamento da rede de atendimento desses serviços aos pacientes. Com relação ao papel do auditor, não se concebe mais a possibilidade de o profissional estabelecer pareceres ou condutas com base exclusivamente no seu próprio conhecimento ou opinião. Faz-se fundamental o embasamento técnico- científico para lastrear o posicionamento apresentado e permitir a discussão de indicações ou possíveis adequações. A auditoria operacional na área de saúde tem como principal intuito o controle da utilização dos serviços, a verificação da padronização dos processos e procedimentos e, também, atua na solução de divergências. 16 Auditoria Hospitalar No que tange à auditoria concorrente, o profissional deve focar os princípios da boa assistência. O plano de cuidados é planejado para atender à necessidade específica de cada paciente e não apenas o controle e a verificação da realização efetiva dos procedimentos que foram planejados ou autorizados. Nesse momento, tem-se como ideal que o profissional auditor aproveite para desenvolver um relacionamento harmônico com os profissionais que estão ligados à prestação do serviço ao paciente, sejam médicos, enfermeiros ou demais profissionais da saúde, com o intuito de aparar arestas que possam ocorrer e estabelecer uma auditoria preventiva, para prestar o atendimento necessário ao paciente e organizar possíveis discussões relativas ao pagamento, pois é, nesse momento, que profissional auditor figura como o elo entre quem presta o serviço e a fonte pagadora. É, também, nessa etapa que surge a revisão do faturamento, fazendo com que a auditoria operacional priorize seu tempo e conhecimento técnico específico para analisar as contas de maior complexidade. Para isso, a utilização da metodologia de pagamento de procedimento/atendimento por pacote permite que o auditor não tenha que se debruçar detalhadamente para análise daquela conta, visto que os valores para faturamento já foram integralmente negociados entre prestador e fonte de financiamento. Com essa metodologia o tempo do auditor fica liberado para atenção aos cuidados prestados aos pacientes e seus resultados. Segundo Burmester e Moraes (2014), o auditor aparece no processo assistencial em diversos momentos. Nesse sentido, os tipos de auditoria operacional podem ser divididos da seguinte forma: • Preventiva: é a auditoria realizada previamente, na liberação ou prospectiva. Esse tipo de auditoria visa analisar a adequação do que está sendo proposto como diagnose ou como terapia para cada caso, conforme as diretrizes de saúde e/ou respectivos contratos de permissões de atendimento, no caso da saúde suplementar. Nesse processo também cabe a avaliação do plano de cuidados que será disponibilizado ao paciente, bem como a participação de profissionais administrativos, que tem como prerrogativa avaliar as normas contratuais previstas, no caso da saúde suplementar. A utilização da metodologia de pagamento de procedimento/ atendimento por pacote permite que o auditor não tenha que se debruçar detalhadamente para análise daquela conta, visto que os valores para faturamento já foram integralmente negociados entre prestador e fonte de financiamento. 17 Entendendo a Auditoria Hospitalar Capítulo 1 Na saúde suplementar, os contratos firmados após a promulgação da Lei n. 9.656/1998 têm garantidas coberturas mínimas que são revistas e atualizadas, em média a cada 2 anos, e a operadora pode aceitar ou não cobrir outros procedimentos além do mínimo que a lei prevê. A construção do chamado Rol de Procedimentos é feita por meio de consultas públicas, que propõem procedimentos novos ou até então não incorporados. Assim, mediante justificativas, tais condutas são submetidas à critérios econômicos pela ANS e podem ser incorporados ou não ao novo Rol. Podem participar dessas consultas todos os seguimentos envolvidos nos processos de atendimento: público em geral, prestadores, operadoras e órgãos públicos. Fonte: Burmester e Moraes (2014, p. 36). Quando ocorre divergência entre o entendimento do médico assistente e do auditor, deve-se buscar a avaliação de uma terceira opinião ou junta médica, realizada por profissional capacitado, com o aval do médico assistente e do beneficiário envolvido no procedimento. Nesse momento, é importante o controle dessas avaliações de liberações para gerar indicadores que podem lastrear as negociações futuras com a rede credenciada, ou, até mesmo, motivar o descredenciamento de serviços em função dos padrões de discordância apresentados. Além disso, esse é um momento muito delicado no processo de atendimento do paciente, pois traz consigo grande envolvimento emocional do usuário, que está ansioso em função do procedimento que será ou não realizado. Nesse ponto, ocorrem grande parte dos conflitos, que acabam evoluindo para órgãos de defesa do consumidor ou, até mesmo, a judicialização. Para definição sobre a negativa de cobertura de um atendimento, deve-se seguir um criterioso processo que vai desde a análise do que está sendo solicitado ao paciente, o rol de cobertura oferecido pela operadora, o contrato realizado com o beneficiário e, também, a jurisprudência para casos semelhantes, visto, como já comentado, que muitos casos são questionados na justiça. 18 Auditoria Hospitalar Para apresentação da negativa por uma operadora, a ANS publicou a Resolução n. 395, que vigora desde 14 de janeiro de 2016, a qual define que havendo negativa de autorização, a operadora deverá informar ao beneficiário detalhadamente, em linguagem clara e adequada, o motivo da negativa de autorização do procedimento, indicando a cláusula contratual ou o dispositivo legal que a justifique. Além disso, determina que o beneficiário, sem qualquer ônus, poderá requerer as informações por escrito no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas. Quadro 1 – Características das relações entre paciente e médico/paciente e plano de saúde Paciente frente ao médico Beneficiário frente ao plano O médico assistente e o gestor clínico do caso. O gestor administrativo do caso é um médico regulador. Escolha voluntária (referência). Escolha voluntáriaou por adesão (empresa). Relação pessoal (olho no olho). Relação impessoal (contato por terceiro ou a distância). Atenção médica individual. Atenção medica coletiva. Fonte: Burmester e Moraes (2014, p.38). O quadro acima explicita o entendimento do relacionamento das pessoas e seus papéis na atenção à saúde dos pacientes. Necessitamos perceber que cada profissional envolvido no processo possui uma atuação com um propósito, o que, por vezes, pode apresentar interesses múltiplos ou, até mesmo, divergentes. Diante desse cenário, é fundamental perceber que a auditoria de liberação ou prospectiva deve desenvolver ferramentas que auxiliem na redução das desavenças e que conduzam a uma assistência de qualidade, como, por exemplo, o trabalho realizado por um grupo de auditores do Sistema Unimed do Estado do Paraná, que desenvolveu um estudo destinado à melhoria do processo de liberação de procedimentos (BURMESTER; MORAES, 2014). Esse trabalho recebeu o nome de Racionalização do Atendimento e informa o médico, a sua secretária ou mesmo o paciente/beneficiário, quais documentos poderão ser solicitados pela auditoria médica para a análise das solicitações dos procedimentos que são efetivamente regulados. Para desenvolvê-lo, o processo, que durou aproximadamente 1 ano, contou com um grupo de auditores médicos de diversas especialidades, que analisou a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), selecionando aqueles que deveriam passar 19 Entendendo a Auditoria Hospitalar Capítulo 1 por processo e liberação prévia (em torno de 25%), estabelecendo o padrão de documentação necessária para que a análise da auditoria fosse feita. A intenção desse trabalho é fazer a guia de solicitação de procedimentos ser encaminhada à auditoria com os respectivos comprovantes da sua necessidade, evitando idas e vindas do paciente aos locais de liberação presencial. Sobre o processo de racionalização do atendimento, assista ao vídeo disponibilizado no seguinte endereço eletrônico: <https://goo. gl/pxh9g0>. Atividade de estudos: 1) Analise o estudo de caso que segue: Em uma operadora, há fluxo de avaliação prévia de solicitação por um funcionário que conferia a documentação dos beneficiários do plano, constatando que a situação deles estava regular do ponto de vista administrativo. Um médico auditor, contratado da operadora, é solicitado a dar um parecer para determinado paciente. Seguem os dados: Paciente: Mulher, 20 anos, 1 filho. Justificativa do médico assistente: Dor em hipocôndrio de média a grande intensidade, há cerca de 1 ano, com dispepsia à ingestão de alimentos gordurosos. Dados da ultrassonografia: Múltiplos cálculos no interior da vesícula biliar, medindo entre 0,4 e 0,8 c; parede da vesícula tem espessura normal; tem evidências de cálculos nas vias biliares. Solicitação do médico assistente: Internação de um dia; colecistectomia por videolaparoscopia; conjunto de instrumentos para videolaparoscopia (taxa de reuso); clips metálicos (6 unidades). Codificação da CBHPM: 3.10.05.49-7 – colecistectomia sem colangiografia por videolaparoscopia. 20 Auditoria Hospitalar Análise da auditoria: Médico devidamente habilitado para o procedimento solicitado. Quadro clínico e ultrassonográfico compatível com a solicitação. Técnica proposta sustentada por evidências científicas para o caso e prevista no rol de procedimentos cobertos pela ANS. Hospital proposto ao procedimento legalmente habilitado para funcionar e regularmente inscrito no cadastro nacional de estabelecimento de saúde, com as devidas habilitações para videocirurgia. Conjunto de instrumento para a execução do procedimento por videolaparoscopia contratado junto a este prestador e adequadamente composto para o procedimento. Os clips solicitados são efetivamente necessários na técnica cirúrgica proposta e sua codificação está registrada na ANVISA; verificado se há notificações de eventos adversos para os materiais solicitados e constatada a negativa. Paciente recebeu, entendeu e assinou, consentindo com a realização do procedimento. Parecer da auditoria: O procedimento de colecistectomia videolaparoscópica solicitado para paciente pelo médico assistente é compatível com a melhor evidencia em saúde e adequadamente indicado para o caso. As habilitações dos envolvidos são compatíveis com a legislação atual. Parecer da auditoria médica: Favorável Conclusão: O documento (ou arquivo digital) é enviado à administração da operadora, que emite a autorização para a realização do procedimento a todos os interessados (prestadores e paciente). Diante disso, agora responda: O processo de auditoria prospectiva ocorreu corretamente? Fundamente sua resposta. _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 21 Entendendo a Auditoria Hospitalar Capítulo 1 _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ É possível que, em algumas situações, eventuais divergências possam ocorrer. Essas divergências devem obedecer aos tramites estabelecidos na Resolução n. 1.614/2001, do Conselho Federal de Medicina, buscando uma terceira opinião sobre o caso concreto. No caso apresentado anteriormente, não coube discussão sobre os valores pagos, pois já estavam previamente estabelecidos com base nas tabelas contratadas, contemplando o honorário do cirurgião e dos membros da equipe, as despesas hospitalares, que compreendem as diárias, a taxa da sala cirúrgica e os materiais e medicamentos necessários para o ato cirúrgico. Havendo qualquer intercorrência decorrente do procedimento, as partes deverão ajustar o processo, mas em qualquer hipótese o paciente deve receber o tratamento necessário. Ainda podem ocorrer, paralelamente ao processo de auditoria prévia, outros processos de auditoria concorrentes e retrospectivos. Também é possível regular as carências para atendimentos de doenças preexistentes, as quais permitem a imputação de cobertura parcial temporária, que tem previsão de duração de 24 meses, período que é contado a partir da contratação ou da adesão ao plano (BURMESTER; MORAES, 2014). Cabe à auditoria em saúde elaborar, de forma regulamentar, as perguntas que estarão presentes na declaração de saúde, realizada no ingresso do beneficiário no plano de saúde, definir as correlações entre as doenças apresentadas e os procedimentos excluídos da cobertura temporária, oferecer parecer para aplicação da cobertura parcial temporária e avaliar os resultados das ações desenvolvidas para propor melhorias nos processos realizados (BURMESTER; MORAES, 2014). Cabe à auditoria em saúde elaborar, de forma regulamentar, as perguntas que estarão presentes na declaração de saúde, realizada no ingresso do beneficiário no plano de saúde. 22 Auditoria Hospitalar • Concorrente: é a auditoria operativa realizada concomitantemente ao atendimento e/ou leito hospitalar. Esse tipo de auditoria ocorre durante a prestação da assistência e tem como objetivo verificar e, se necessário, ajustar o planejamento dos cuidados. Ela é fundamentada nos protocolos estabelecidos pela medicina baseada em evidências. Cabe ressaltar que esse tipo de auditoria é frequentemente utilizado em procedimentos de alta complexidade, de modo especial em centros cirúrgicos e unidades de terapia intensiva (BURMESTER; MORAES, 2014). Nas instituições que possuem comissões estabelecidas, como, por exemplo,de prontuário e infecção, é desejável a participação do auditor em saúde. Seu envolvimento nessas discussões tem como intuito esclarecer e dirimir divergências antes que as contas sejam apresentadas ao convênio, reduzindo, assim, a possibilidade de inadimplência e suas consequências (BURMESTER; MORAES, 2014). Além disso, com a ação do auditor, espera-se ajuste entre as partes para apresentação de uma melhoria contínua no atendimento dos pacientes. Nos casos onde há internação desnecessária, o resultado esperado é a desospitalização. Para aqueles casos que exigem manutenção de cuidados além do ambiente hospitalar, pode-se realizar uma internação ou assistência domiciliar. Mesmo nesse processo, é fundamental a permanência do acompanhamento da auditoria concorrente para manter a qualidade da assistência prestada. Para tanto, é muito importante a construção de indicadores de qualidade da internação hospitalar adaptados à atenção domiciliar. CAUSAS FREQUENTES DE INTERNAÇÃO, PERMANÊNCIA DESNECESSÁRIA OU EXCEDENTE • Internação sem diagnóstico ou com diagnóstico impreciso por período prolongado, sem o devido esclarecimento; • Prorrogação de diárias de internação sem critério clínico claro; • Prestador de serviço com histórico de tempo médio de internação superior ao tempo médio de referência para a patologia; • Alta precoce para diagnóstico com período de internação mais prolongado; 23 Entendendo a Auditoria Hospitalar Capítulo 1 • Reinternações frequentes do mesmo paciente por agravos evitáveis ou com tratamentos incompletos pela mesma doença; • Admissão para internação de paciente sem critério clínico justificável; • Utilização de ambientes e de recursos de alta complexidade para casos de média ou baixa complexidade, como internamentos em UTI, prorrogação de medicações e/ou dietas desnecessárias, medicações endovenosas para pacientes com via oral acessível, entre outros. CAUSAS FREQUENTES DE COMPLICAÇÕES DE TRATAMENTO SOB INTERNAÇÃO OU CUIDADO AMBULATORIAL • Complicações clínicas ou pós-cirúrgicas com indicativo de provável redução do cuidado durante o internamento (infecção de sitio cirúrgico, úlcera por pressão, embolia, deiscência de sutura, entre outras); • Documentação e prontuário médico sem preenchimento adequado; • Equipe de cuidados atua de modo a gerar desconfiança ou reclamações, prejudicando a qualidade da assistência; • Infecção hospitalar em paciente admitido sem ela; • Quedas de leitos, acidentes com drogas vesicantes, reações por interação medicamentosa. CAUSAS FREQUENTES DE FALTA DE QUALIDADE NO ATENDIMENTO OU DE ENCAMINHAMENTO INADEQUADO • Direcionamento para atendimento em serviço de má qualidade; • Elaboração e aplicação de plano de cuidados com falhas metodológicas ou de processos; • Frequentes reclamações de clientes com relação ao tratamento ou à postura ética do prestador; • Não atendimento ou inadequação de regras contratuais estabelecidas; 24 Auditoria Hospitalar • Frequência elevada ou repetitiva de falhas administrativas do prestador. Fonte: Burmester e Moraes (2014). A qualidade da auditoria de contas é maior quanto mais diversificados forem os profissionais envolvidos no processo. É fundamental a participação dos profissionais médico e enfermeiro, contudo, outras áreas, como farmacêuticos, bioquímicos, fisioterapeutas e nutricionistas, são capazes de grandes contribuições para o processo. O enfermeiro pode contribuir substancialmente para verificação das técnicas de enfermagem adotadas pelo prestador e auxiliar com treinamentos que fornecerão conhecimentos para melhorar o padrão de atendimento dos pacientes, podendo, inclusive, avaliar a racionalização do uso dos materiais e aplicação de medicamentos. Entendemos que a análise das contas é mais consistente quando realizada separadamente para cada componente do custo, e cada divergência deve ser encaminhada ao prestador por meio de relatório embasado, para que, se necessário, este possa esclarecer, justificar ou apresentar recurso sobre o que está sendo cobrado. Nesse quesito, existem conceitos e regras, utilizados para agrupar e classificar as divergências, visando alcançar a conciliação. Esse processo deve ocorrer para que os itens agrupados estejam sujeitos às regras claras, que, após absorvidas pelas partes, evitam retrabalho. Destacamos, novamente, que o intuito do processo de auditoria em saúde tem como fundamento o cuidado que está sendo prestado, portanto, não se entende que a conferência de valores que estão sendo cobrados seja prerrogativa da auditoria em saúde, e sim de profissional administrativo ou de sistema informatizado ajustado para tal. Em geral, o índice de glosas é variável, e o objetivo deve ser sempre “glosa zero”. Índices próximos a zero são tidos como razoáveis, correspondendo a possíveis erros de lançamento, tanto de quantidade quanto de qualidade de alguns itens da conta. Índices que implicam medias superiores a 3% indicam problemas no faturamento ou no entendimento das regras que norteiam tais cobranças; faturamentos com tais índices devem ser verificados com mais atenção, pois podem apontar irreg- ularidades ou falhas processuais graves. Faturamentos com índices menores, por outro lado, indicam boa qualidade na co- leta dos dados e na confecção do faturamento por parte do prestador (BURMESTER; MORAES, 2014, p. 49). A qualidade da auditoria de contas é maior quanto mais diversificados forem os profissionais envolvidos no processo. 25 Entendendo a Auditoria Hospitalar Capítulo 1 Caro(a) pós-graduando(a), lembre-se de que uma estrutura de auditoria também denota investimento da parte financiadora pela manutenção da equipe qualificada para acompanhamento do processo. Em função disso, a literatura apresenta que é preferível executar a auditoria de forma concorrente, ou seja, que o acompanhamento seja diário durante o atendimento do paciente, visando prevenir qualquer divergência. Auditoria Analítica Acerca do tema auditoria, temos o conceito de auditoria analítica, entendida como função sênior, pois tem como preceitos sistematizar os processos e resultados da auditoria em saúde. É o processo responsável por analisar os dados e transformá-los em conhecimento e indicadores para subsidiar o desempenho da auditoria operacional e apoiar as decisões da direção. Com base em Burmester e Moraes (2014, p. 50), são exemplos de atividades da auditoria analítica: • Desenvolvimento de análises econômicas das tecnologias em saúde (custo-efetividade, custo-benefício e custo-efetividade); • Aprimoramento da decisão em saúde com base em estudos; • Difusão do conhecimento junto à colaboradores e prestado- res, compartilhando a necessidade de ações para a sustentab- ilidade da organização; • Estudo da implantação de mudanças no sistema de reemb- olso dos serviços de saúde (pagamento por qualidade de pro- cesso e resultado); • Monitoramento dos indicadores de saúde dos beneficiários; • Acompanhamento e apoio da implementação de sistemas de tecnologia da informação capazes de subsidiar o processo de análise econômica e a gestão da organização; • Proposição de mecanismos para a gestão de relacionamento entre os participantes dos processos de assistência à saúde; • Promoção e aplicação de ciclos de melhoria continua nos pro- cessos de auditoria operacional; • Provimento de subsídios para auditoria clínica. Diante das necessidades apresentadas, é comum a presença de profissionais da área de tecnologia da informação, estatística e financeiro, que dão subsídios para estudos mais consistentes. Essas relações também estão atreladas às ferramentas que usualmente são utilizadas nesse processo, como dados sobre epidemiologia clínica, sistemas de informações consistentes, saúde baseada em evidencias, gestão da tecnologia em saúde, planos de gerenciamento de agravos de doenças e de casos clínicos, gestão de riscos e economia da saúde (BURMESTER;MORAES, 2014). É o processo responsável por analisar os dados e transformá-los em conhecimento e indicadores para subsidiar o desempenho da auditoria operacional e apoiar as decisões da direção. 26 Auditoria Hospitalar Auditoria Clínica Nessa modalidade de auditoria, temos uma evolução da auditoria realizada por profissionais médicos, visto que possui maior abrangência de análise e de aplicação do conhecimento, pois utiliza uma sistemática da qualidade do cuidado prestado ao paciente. Esse processo inclui a análise dos procedimentos que foram realizados para chegar ao diagnóstico, para realizar o tratamento e atenção ao paciente, a utilização dos recursos disponíveis, os resultados que foram alcançados e a qualidade de vida dos pacientes. Para realização dessa análise, utilizam-se mecanismos para avaliar, baseados no estudo dos cuidados oferecidos, que são obtidos por meio da análise de prontuários e documentos referentes à assistência prestada. Os cuidados são analisados/categorizados e, em seguida, de acordo com falhas possivelmente encontradas ou também indicações de melhoria propostas, sugerem-se as medidas para serem implementadas (BURMESTER; MORAES, 2014). Essas avaliações e propostas de melhorias voltadas para a qualidade, fundamentam-se em sete atributos: eficácia; eficiência; efetividade; otimização; aceitabilidade; legitimidade; equidade. Cinco desses atributos constituem os critérios de qualificação da rede de prestadores, definidos pela Resolução Normativa n. 405/2016, editada pela ANS (BURMESTER; MORAES, 2014). As análises devem ser realizadas e as ações estruturadas em três itens principais denominados de estrutura, processos e resultados. A qualidade é alcançada na relação entre o que é desejado ao final do processo e os meios que são utilizados para alcançar esses objetivos. Dessa forma, ao se definir uma meta para determinada situação, ou, analogicamente, definir uma proposta terapêutica, é preciso analisar se há condições de estrutura, como, por exemplo, equipamentos disponíveis, recursos humanos, materiais, rede, entre outros. Da mesma forma, é necessário que os processos nos quais as atividades ocorrerão sejam compatíveis com a relação de recursos e finalidade, bem como a avaliação que será realizada deve apresentar indicadores confiáveis. Nessa modalidade de auditoria, o foco é buscar na análise dos documentos oportunidades de melhoria na estrutura e nos processos para alcançar melhores resultados. Esse processo inclui a análise dos procedimentos que foram realizados para chegar ao diagnóstico, para realizar o tratamento e atenção ao paciente, a utilização dos recursos disponíveis, os resultados que foram alcançados e a qualidade de vida dos pacientes. 27 Entendendo a Auditoria Hospitalar Capítulo 1 Auditoria de Enfermagem Nos primórdios dos processos de auditoria em saúde, essa era uma tarefa exclusiva dos profissionais médicos. Uma evolução considerável nesse processo foi a incorporação dos enfermeiros e de seus conhecimentos nessas rotinas, pois trouxe otimização de processos, racionalização do tempo e, também, permitiu a divisão das tarefas de acordo com os níveis de conhecimento entre os profissionais. A formação técnica desse profissional, bem como seu conhecimento junto à assistência ao paciente, fornece habilidades para relacionar o conhecimento na área de saúde com questões administrativas em geral. A formação técnica desse profissional, bem como seu conhecimento junto à assistência ao paciente, fornece habilidades para relacionar o conhecimento na área de saúde com questões administrativas em geral. Para regulamentar a atuação do profissional enfermeiro, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) editou a Resolução n. 266/2001, cujo conteúdo está disponível no seguinte endereço eletrônico: <https://goo.gl/y1wXbt>. Burmester e Moraes (2014, p. 61) apresentam as principais funções do enfermeiro auditor como sendo: Na auditoria prospectiva. Apoio aos processos de deliberação de procedimentos, especialmente quando envolvidas tecnolo- gias como materiais implantáveis e oncologia. É de fundamen- tal importância a avaliação do enfermeiro auditor nos proces- sos de avaliação e qualificação da rede de prestadores, o que é fator essencial para a contratação. Na auditoria concorrente. A avaliação dos cuidados, a análise dos processos da assistência e as avaliações de produtividade são objeto da auditoria de enfermagem. A conciliação do fatu- ramento pré-ajustado com o prestador é desejável e reduz eventuais contestações de glosas posteriores à apresentação do faturamento hospitalar. Auditoria retrospectiva. Atividade em que predominam profis- sionais de enfermagem, a auditoria retrospectiva refere-se à avaliação da qualidade do faturamento relativamente à as- sistência prestada. Como já afirmamos, essa atividade não se deve restringir à conferência de valores, mas sim buscar com- preender a qualidade da assistência prestada. 28 Auditoria Hospitalar AUDITORIA INTERNA: SUA IMPORTÂNCIA EM UM AMBIENTE GLOBALIZADO E COMPETITIVO Muito se tem falado sobre o atual momento pelo qual passa a função do auditor interno nas organizações de todo o mundo. É questionada a sua real necessidade nas organizações, como uma atividade que realmente agregue valor ao negócio e proporcione rentabilidade e segurança sobre as operações aos acionistas. Agregar valor é um somatório de interesses internos e externos que possibilitam um ganho, não necessariamente o monetário, que se bem aplicados corroboram para a gestão da organização como um todo. Outro ponto fundamental para a boa gestão dos trabalhos de auditoria interna, é a desmistificação entre os funcionários da empresa em que existe uma atividade de auditoria interna. Sobre a atuação e participação do auditor interno, entende-se que este profissional se encontra na organização como auxílio no desempenho das tarefas dentro da filosofia da organização, e não como um “dificultador” que está presente apenas para apontar erros, até porque ambos são parceiros na procura de um resultado comum. Nesse aspecto, o perfil atual do auditor interno não pode ser o mesmo do passado, onde era visto como uma pessoa metódica, É necessário ter claro que o enfermeiro não substitui o profissional médico e nem é seu intuito, contudo, pode auxiliá-lo significativamente em processos como o gerenciamento de doenças crônicas e de casos clínicos, nos processos de desospitalização, no gerenciamento de recursos através da avaliação de fornecedores e materiais implantáveis ou não, apoio para elaboração do custo de diárias e taxas, bem como na elaboração e aplicação de programas de medicina preventiva. Além da auditoria competente ao profissional da enfermagem, também existe campo de trabalho para outras áreas, como, por exemplo, dentistas para atuar nas avaliações relativas ao plano de saúde com cobertura odontológica; farmácia para atuação na elaboração de listas e tabelas de medicamentos para padronização em instituições; fisioterapeutas com o foco na confecção de planos de cuidados e de protocolos de indicação para o tratamento na área de fisioterapia; nutrição para atuação na seleção de dietas enterais/parenterais e na elaboração de planos de cuidados dos pacientes. 29 Entendendo a Auditoria Hospitalar Capítulo 1 desagradável, distanciada dos problemas futuros, debruçando-se apenas sobre os dados passados. Ao auditor interno vem sendo exigida uma série de conhecimentos diversificados para o bom desempenho das suas atividades: contabilidade, domínio de técnicas de gestão, qualidade total, marketing, organização e métodos, planejamento estratégico, informática, relações humanas, entre outros. O auditor interno deve ser um componente ativo da engrenagem da gestão interna, fazendo com que as suas observações recolhidas nos trabalhosde campo, sejam úteis e essenciais na procura de uma adequada gestão de recursos. A sua opinião e visão crítica dos processos, deve estar alicerçada em evidências que propiciem aos gestores a correta valoração das técnicas utilizadas na gestão do negócio, onde a aceitação de mudanças de rumos por parte da gestão poderá depender da forma de expressão oral e escrita do trabalho desenvolvido pelo auditor. Nesse sentido, o auditor interno deve desempenhar a sua atividade com visão holística e proativa, antecipando-se aos fatos, de modo que a sua opinião seja de fundamental importância nos rumos da organização. Ao mesmo tempo, deverá estar atento a novas tendências no mercado em que sua organização atua. A sua participação na gestão operacional das organizações deve ir muito além de uma “fiscalização” sobre os processos, atuando em sintonia com as solicitações do mercado, com metas e estratégias bem definidas, que é fundamental para a sobrevivência empresarial. Atualmente, também o perfil do gestor que dispõe de um quadro de auditores internos deve ser outro, possibilitando a este profissional uma plena autonomia, confiando-lhe informações atuais, não sendo necessário apurar determinados fatos após a sua ocorrência. Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/mPf1ZC>. Acesso em: 25 nov. 2016. Como vimos, diversos agentes estão relacionados no processo de auditoria. É fundamental a interação entre esses profissionais, visando, principalmente, que os possíveis apontamentos realizados sejam motivos de implementações de melhorias, para que a falha não torne a ocorrer. Dessa forma, cabe ao gestor hospitalar auxiliar na promoção de um ambiente de aprendizado e aperfeiçoamento dos processos. 30 Auditoria Hospitalar Algumas Considerações Neste capítulo, iniciamos nossos estudos sobre o tema da auditoria hospitalar e percebemos alguns conceitos sobre o assunto e suas diversas aplicações. Temos, agora, a consciência de que o papel dessa ciência é fundamentalmente verificar se os processos atrelados ao atendimento dos pacientes estão ocorrendo conforme preconizado pelas instituições e se estão atendendo aos padrões de qualidade necessários. Percebemos que os profissionais envolvidos são fundamentais na execução do processo, bem como devem agir de forma ética e fundamentada em conceitos técnicos/científicos para lastrear seus posicionamentos. No próximo capítulo, trataremos das legislações que regulam e interferem na auditoria hospitalar. Referências BURMESTER, H.; MORAES, M. V. de. Auditoria em saúde. São Paulo: Saraiva, 2014. SÁ, A. L. de. Curso de auditoria. São Paulo: Atlas, 1980. SOUZA, L. A. A. de; DYNIEWICZ, A. M.; KALINOWSKI, L. C. Auditoria: uma abordagem histórica e atual. Revista Administração e Saúde, Curitiba, V. 12, n. 47, p. 71-78, abr./jun. 2010. http://portal.revistas.bvs.br/transf.php?xsl=xsl/titles.xsl&xml=http://catserver.bireme.br/cgi-bin/wxis1660.exe/?IsisScript=../cgi-bin/catrevistas/catrevistas.xis|database_name=TITLES|list_type=title|cat_name=ALL|from=1|count=50&lang=pt&comefrom=home&home=false&task=show_magazines&request_made_adv_search=false&lang=pt&show_adv_search=false&help_file=/help_pt.htm&connector=ET&search_exp=Rev. adm. sa%FAde CAPÍTULO 2 Legislações e Órgãos Regulatórios na Saúde Privada e Pública A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Conhecer as legislações relacionadas à área da auditoria em saúde para subsidiar os processos de forma legal e ética. � Analisar as rotinas e as atribuições apresentadas pelos órgãos regulatórios para subsidiar os métodos utilizados e lastrear as competências de cada profissional envolvido no processo. 32 Auditoria Hospitalar 33 Legislações e Órgãos Regulatórios na Saúde Privada e Pública Capítulo 2 Contextualização Prezado(a) pós-graduando(a), após darmos início aos nossos estudos, com a apresentação dos conceitos iniciais sobre o que é auditoria e suas formas, neste capítulo, trataremos a respeito das legislações aplicadas à área. Tal assunto é fundamental, pois muitos dos procedimentos adotados são lastreados nos regulamentos apresentados pelos órgãos regulatórios e pelas instituições representativas de classe, que determinam e orientam as prerrogativas e exclusividades de atuação de cada profissão. Nesse ponto, é fundamental estarmos cientes dessas aplicações para o desenvolvimento do processo de forma eficiente e legal. Bons estudos! Leis, Decretos e Normativas Para Instituições Públicas e Privadas de Saúde A área da saúde, como sabemos, apresenta diversas complexidades, tanto na sua execução quanto no acompanhamento dos processos e nas rotinas de auditoria, que, como já vimos, têm como objetivo verificar se os métodos aplicados à atenção do paciente estão de acordo com os padrões e protocolos estabelecidos. Nesse ponto, a atividade do auditor apresenta diversas regulações, que possuem como objetivo orientar e, por vezes, ajustar as prerrogativas de cada profissional, bem como os métodos que devem ser utilizados para realização do processo corretamente. Diante disso, o profissional que atua na auditoria em saúde, para emitir seus pareceres, deve ter profundo conhecimento sobre a legislação e a atribuição do seu papel, visto que a confecção de normas serve para regular e padronizar as atividades e os processos. Para isso, é fundamental o embasamento técnico, característico do profissional da saúde, mas também o embasamento legal, ou seja, atentar para a legislação vigente, independente da autoridade competente para sua elaboração. Diante das evoluções do conhecimento, que, por vezes, não são acompanhadas pelas legislações vigentes, é fundamental que o auditor perceba o sentido almejado para a publicação das normas para É fundamental conhecer a pirâmide de Kelsen, que determina a relação hierárquica entre as várias formas e origens das normas. 34 Auditoria Hospitalar fundamentar seus pareceres administrativos. Para tanto, é fundamental conhecer a pirâmide de Kelsen, que determina a relação hierárquica entre as várias formas e origens das normas, conforme a figura que segue: Figura 1 – Pirâmide de Kelsen: hierarquia da legislação Fonte: Burmester e Moraes (2014, p. 76). A pirâmide de Kelsen apresenta, de maneira didática, a hierarquia entre as diversas formas de normas existentes, em que fica evidenciado que a Constituição Federal é a regra maior, a qual todas as demais devem estar subordinadas. Nela constam os princípios e normas de conduta para a sociedade. Na sequência, as leis complementares ou ordinárias têm como intuito regulamentar os artigos da constituição, detalhando-os. Abaixo, hierarquicamente, estão os decretos, as portarias e as resoluções. Assim, devemos atentar para que o parecer do auditor em saúde esteja de acordo com as normas vigentes e que não se valorize normas sem força de lei em detrimento de portaria ministerial ou lei, pois estas últimas têm hierarquia superior às demais apresentadas. Com relação à Constituição Federal, sabemos que ela estabelece que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, ponto bastante destacado na sociedade. Além disso, ela permite que a iniciativa privada tenha acesso à assistência à saúde. Outro ponto muito importante e relevante aos nossos estudos é o artigo 197 da Constituição Federal que determina: São de relevância pública as ações e serviços de saúde, caben- do ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua reg- ulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado (BRASIL, 1988). 35 Legislações e Órgãos Regulatórios na Saúde Privada e Pública Capítulo 2 Assim, podemos perceber que as ações de fiscalização e controle tanto podem ser realizadas por equipe do poder público quantodelegada para terceiros. Dessa forma, diante da promulgação da Lei n. 8.080/1990, foi criado o Sistema Nacional de Auditoria, que também dispõe sobre as condições para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências, estabelecendo que o financiador público pode organizar ações de auditoria em saúde. Para acessar na íntegra a Lei Ordinária da Saúde n. 8.080/1990, visite o seguinte endereço eletrônico: <https://goo.gl/vrYFLg>. Essa normatização é focada para o Sistema Único de Saúde por meio do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS). As regulações a respeito dessa instituição foram definidas no Decreto n. 1.651, que regulamenta o Sistema Nacional de Auditoria no âmbito do Sistema Único de Saúde. AS RESPONSABILIDADES DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE AUDITORIA DO SUS (DENASUS) Realiza auditorias e fiscalizações permanentes no SUS, de forma preventiva e operacional, sob os aspectos da aplicação dos recursos, dos processos, das atividades, do desempenho e dos resultados, mediante a confrontação entre uma situação encontrada e um determinado critério técnico, operacional ou legal. Averigua se as atividades estão de acordo com as disposições estabelecidas e se estão sendo executadas com eficácia, eficiência e efetividade. Busca orientar os gestores e assegurar o uso adequado dos recursos destinados à saúde, evitando desperdícios, beneficiando a população com o acesso cada vez mais eficaz ao SUS. Principais ações: Auditoria e Fiscalização – Atividades planejadas pelo DENASUS, demandadas pelo Ministério da Saúde ou pelos órgãos de controle, como Controladoria Geral 36 Auditoria Hospitalar da União, Tribunal de Contas da União, Ministério Público, Polícia Federal, Poder Legislativo, por solicitação dos cidadãos, por meio de denúncias ou reclamações à Ouvidoria Geral do SUS. Cooperação Técnica no SNA – Atividades que envolvem a interação entre os componentes do SNA do SUS; órgãos e entidades federais, estaduais e municipais; órgãos de controle interno e externo; conselhos de saúde; e gestores de saúde das três esferas de governo. Essas cooperações acontecem mediante a transferência de conhecimentos e técnicas, com produção e compartilhamento de informações visando ao aprimoramento dos processos de trabalho de auditoria no SUS. Fortalecimento do SNA – O DENASUS tem a responsabilidade de propor estratégias para a melhoria e fortalecimento do SNA. Atua visando à promoção do desenvolvimento, a interação e a integração das ações e procedimentos de auditoria entre as três esferas de gestão do SUS. Propõe ações de cooperação técnica com os componentes estaduais e municipais do SNA, gestores municipais e estaduais e controle social de saúde, contribuindo para a qualificação dos auditores, da gestão e dos conselheiros de saúde com informações compartilhadas e ações pactuadas. Estimula o diálogo entre os órgãos de controle interno e a gestão do SUS. Incentiva a implantação do componente municipal do SNA especialmente, em municípios contemplados com recursos da Participa SUS. Qualificação da Gestão – Orienta o gestor para alocação e utilização adequada dos recursos do SUS, favorecendo o acesso com qualidade para a população e deve ser utilizada na correção de distorções que porventura possam ser detectadas. Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/NjPwyi>. Acesso em: 05 dez. 2016. A função da auditoria vai muito além da fiscalização, sendo esta uma das etapas inerentes ao processo. Torna-se fundamental o papel educativo e de orientação com o intuito de ajustar os processos que, por ventura, não estejam sendo realizados da forma preconizada. Na iniciativa privada existem duas autarquias que regulamentam o setor, a ANVISA e a ANS, que foram instituídas por leis federais. 37 Legislações e Órgãos Regulatórios na Saúde Privada e Pública Capítulo 2 A ANVISA foi criada pela Lei n. 9.782/1999, que define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências. Nessa questão, cabe destacar a competência do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, estabelecida no artigo 2º, da Lei 9.782/1999: Art. 2º Compete à União no âmbito do Sistema Na- cional de Vigilância Sanitária: I - definir a política nacional de vigilância sanitária; II - definir o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; III - normatizar, controlar e fiscalizar produtos, sub- stâncias e serviços de interesse para a saúde; IV - exercer a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fron- teiras, podendo essa atribuição ser supletivamente exercida pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios; V - acompanhar e coordenar as ações estaduais, distrital e mu- nicipais de vigilância sanitária; VI - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; VII - atuar em circunstâncias especiais de risco à saúde; e VIII - manter sistema de informações em vigilância sanitária, em cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. § 1º A competência da União será exercida: I - pelo Ministério da Saúde, no que se refere à formulação, ao acompanhamento e à avaliação da política nacional de vig- ilância sanitária e das diretrizes gerais do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; II - pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVS, em conformidade com as atribuições que lhe são conferidas por esta Lei; e III - pelos demais órgãos e entidades do Poder Executivo Fed- eral, cujas áreas de atuação se relacionem com o sistema. § 2º O Poder Executivo Federal definirá a alocação, entre os seus órgãos e entidades, das demais atribuições e atividades executadas pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, não abrangidas por esta Lei. § 3º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fornecerão, mediante convênio, as informações solicitadas pela coordenação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 1999). Já a ANS, Agencia Nacional de Saúde Suplementar, foi criada pela Lei n. 9.961/2000, estabelecendo, em seu artigo 3º, que a autarquia tem por finalidade “promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores”. Essa instituição tem como prerrogativa: Art. 4o Compete à ANS: I - propor políticas e diretrizes gerais ao Conselho Nacional de Saúde Suplementar - Consu para a regulação do setor de saúde suplementar; II - estabelecer as características gerais dos instrumentos con- A ANVISA foi criada pela Lei n. 9.782/1999, que define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências. A ANS, Agencia Nacional de Saúde Suplementar, foi criada pela Lei n. 9.961/2000 38 Auditoria Hospitalar tratuais utilizados na atividade das operadoras; III - elaborar o rol de procedimentos e eventos em saúde, que constituirão referência básica para os fins do disposto na Lei no 9.656, de 3 de junho de 1998, e suas excepcionalidades; IV - fixar critérios para os procedimentos de credenciamento e descredenciamento de prestadores de serviço às operadoras; V - estabelecer parâmetros e indicadores de qualidade e de cobertura em assistência à saúde para os serviços próprios e de terceiros oferecidos pelas operadoras; VI - estabelecer normas para ressarcimento ao Sistema Único de Saúde - SUS; VII - estabelecer normas relativas à adoção e utilização, pelas operadoras de planos de assistência à saúde, de mecanismos de regulação do uso dos serviços de saúde; VIII - deliberar sobre a criação de câmaras técnicas, de caráter consultivo, de forma a subsidiar suas decisões; IX - normatizar os conceitos de doença e lesão preexistentes; X - definir, para fins de aplicação da Lei no 9.656, de 1998, a segmentação das operadoras e administradorasde planos privados de assistência à saúde, observando as suas pecu- liaridades; XI - estabelecer critérios, responsabilidades, obrigações e nor- mas de procedimento para garantia dos direitos assegurados nos arts. 30 e 31 da Lei nº 9.656, de 1998; XII - estabelecer normas para registro dos produtos definidos no inciso I e no § 1o do art. 1o da Lei no 9.656, de 1998; XIII - decidir sobre o estabelecimento de sub-segmentações aos tipos de planos definidos nos incisos I a IV do art. 12 da Lei no 9.656, de 1998; XIV - estabelecer critérios gerais para o exercício de cargos diretivos das operadoras de planos privados de assistência à saúde; XV - estabelecer critérios de aferição e controle da qualidade dos serviços oferecidos pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde, sejam eles próprios, referenciados, contratados ou conveniados; XVI - estabelecer normas, rotinas e procedimentos para con- cessão, manutenção e cancelamento de registro dos produtos das operadoras de planos privados de assistência à saúde; XVII - autorizar reajustes e revisões das contraprestações pe- cuniárias dos planos privados de assistência à saúde, ouvido o Ministério da Fazenda; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) XVIII - expedir normas e padrões para o envio de informações de natureza econômico-financeira pelas operadoras, com vis- tas à homologação de reajustes e revisões; XIX - proceder à integração de informações com os bancos de dados do Sistema Único de Saúde; XX - autorizar o registro dos planos privados de assistência à saúde; XXI - monitorar a evolução dos preços de planos de assistên- cia à saúde, seus prestadores de serviços, e respectivos com- ponentes e insumos; XXII - autorizar o registro e o funcionamento das operadoras de planos privados de assistência à saúde, bem assim sua cisão, fusão, incorporação, alteração ou transferência do con- trole societário, sem prejuízo do disposto na Lei no 8.884, de 11 de junho de 1994; (Redação dada pela Medida Provisória http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm#art30 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm#art31 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm#art1i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm#art12i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm#art12i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 39 Legislações e Órgãos Regulatórios na Saúde Privada e Pública Capítulo 2 nº 2.177-44, de 2001) XXIII - fiscalizar as atividades das operadoras de planos privados de assistência à saúde e zelar pelo cumprimento das normas atinentes ao seu funcionamento; XXIV - exercer o controle e a avaliação dos aspectos concer- nentes à garantia de acesso, manutenção e qualidade dos serviços prestados, direta ou indiretamente, pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde; XXV - avaliar a capacidade técnico-operacional das operado- ras de planos privados de assistência à saúde para garantir a compatibilidade da cobertura oferecida com os recursos dis- poníveis na área geográfica de abrangência; XXVI - fiscalizar a atuação das operadoras e prestadores de serviços de saúde com relação à abrangência das coberturas de patologias e procedimentos; XXVII - fiscalizar aspectos concernentes às coberturas e o cumprimento da legislação referente aos aspectos sanitários e epidemiológicos, relativos à prestação de serviços médicos e hospitalares no âmbito da saúde suplementar; XXVIII - avaliar os mecanismos de regulação utilizados pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde; XXIX - fiscalizar o cumprimento das disposições da Lei no 9.656, de 1998, e de sua regulamentação; XXX - aplicar as penalidades pelo descumprimento da Lei no 9.656, de 1998, e de sua regulamentação; XXXI - requisitar o fornecimento de informações às operadoras de planos privados de assistência à saúde, bem como da rede prestadora de serviços a elas credenciadas; XXXII - adotar as medidas necessárias para estimular a com- petição no setor de planos privados de assistência à saúde; XXXIII - instituir o regime de direção fiscal ou técnica nas op- eradoras; XXXIV - proceder à liquidação extrajudicial e autorizar o liq- uidante a requerer a falência ou insolvência civil das operado- ras de planos privados de assistência à saúde; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) XXXV - determinar ou promover a alienação da carteira de planos privados de assistência à saúde das operadoras; (Re- dação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) XXXVI - articular-se com os órgãos de defesa do consumidor visando a eficácia da proteção e defesa do consumidor de serviços privados de assistência à saúde, observado o dispos- to na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990; XXXVII - zelar pela qualidade dos serviços de assistência à saúde no âmbito da assistência à saúde suplementar; XXXVIII - administrar e arrecadar as taxas instituídas por esta Lei. XXXIX - celebrar, nas condições que estabelecer, termo de compromisso de ajuste de conduta e termo de compromisso e fiscalizar os seus cumprimentos; (Vide Medida Provisória nº 1.976-33, de 2000) (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177- 44, de 2001) XL - definir as atribuições e competências do diretor técnico, diretor fiscal, do liquidante e do responsável pela alienação de carteira. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) XLI - fixar as normas para constituição, organização, funciona- mento e fiscalização das operadoras de produtos de que trat- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas/1976-33.htm#art5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas/1976-33.htm#art5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 40 Auditoria Hospitalar am o inciso I e o § 1o do art. 1o da Lei no 9.656, de 3 de junho de 1998; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) a) conteúdos e modelos assistenciais; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) b) adequação e utilização de tecnologias em saúde; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) c) direção fiscal ou técnica; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) d) liquidação extrajudicial; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) e) procedimentos de recuperação financeira das operado- ras; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) f) normas de aplicação de penalidades; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) g) garantias assistenciais, para cobertura dos planos ou produ- tos comercializados ou disponibilizados; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) XLII - estipular índices e demais condições técnicas sobre investimentos e outras relações patrimoniais a serem obser- vadas pelas operadoras de planos de assistência à saúde. (In- cluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) § 1o A recusa, a omissão, a falsidadeou o retardamento injus- tificado de informações ou documentos solicitados pela ANS constitui infração punível com multa diária de R$ 5.000,00 (cin- co mil reais), podendo ser aumentada em até vinte vezes, se necessário, para garantir a sua eficácia em razão da situação econômica da operadora ou prestadora de serviços. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) § 2o As normas previstas neste artigo obedecerão às carac- terísticas específicas da operadora, especialmente no que concerne à natureza jurídica de seus atos constitutivos. (BRA- SIL, 2000). Além das resoluções estabelecidas pelas agências citadas, temos as normatizações do Ministério da Saúde, que apresentam critérios para todas as instituições de saúde, salvo se estiver evidenciado na norma que se aplica especificamente a um tipo de instituição. Diante do exposto, o auditor em saúde deve buscar sempre o embasamento nas legislações e suas atualizações para respaldar seus pareceres. Nesse ponto, tendo-se em vista a crescente normatização do setor, é fundamental o apoio de um assessor jurídico, com o intuito de auxiliar nesse processo. Para resumir as principais legislações aplicadas à função do auditor em saúde, veja o quadro que segue: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm#art1i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm#art1§1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9656.htm#art1§1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2177-44.htm#art4 41 Legislações e Órgãos Regulatórios na Saúde Privada e Pública Capítulo 2 Quadro 2 – Principais legislações aplicáveis ao auditor Legislação Resumo da finalidade Relevância em Auditoria em Saúde Constituição Federal de 1988. Estabelece direitos e deveres da sociedade. Normativo maior da legislação brasileira. Lei da Saúde (Lei n. 8.080/1990. Regulamenta a operacionalização do direito à saúde e as obriga- ções das organizações de saúde. Institui o Sistema Nacional de Auditoria. Lei n. 8.142/1990. Institui a participação popular no SUS. Estabelece processos de controle e de avaliação popular. Lei n. 9.656/1998 (Lei dos Planos de Saúde). Regulamenta os planos privados de assistência à saúde. Dispõe sobre as bases da oferta e das restrições da assistência à saúde suplementar. Lei 9.782/1999. Cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Autarquia responsável pelo controle sa- nitário de produtos e de organizações de saúde e pelo sistema de notificação de eventos adversos (NOTIVISA). Lei n. 9.961/2000. Cria a Agência Nacional de Saúde Suplementar. Dispõe sobre a finalidade da autarquia e sua relação com as operadoras de planos de saúde privados no país. Lei n. 8.078/1990 (Código de defesa do consumidor). Dispõe sobre a proteção ao consumidor. Define prestação de serviços de saúde, entendida como bem de consumo. Consu n. 8/1998 (Conselho de saúde suplementar). Dispõe sobre os mecanismos de regulação. Estabelece especialmente mecanismos de regulação e da constituição de junta médica. Decreto n. 1.651/1995. Dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Auditoria do SUS. Regulamenta o Sistema Nacional de Auditoria. Fonte: Burmester e Moraes (2014, p. 80). O quadro apresentado dispõe sobre as normas mais gerais, contudo, vale ressaltar que, muitas vezes, o auditor necessita, para embasar seus pareceres, buscar informações aplicadas especificamente para alguma situação, precisando, em consequência, especializar-se e estar atualizado. Outra legislação importante para o auditor é a CONSU n. 08, que dispõe sobre os mecanismos de regulação dos planos e seguros privados de assistência à saúde. Nesse ponto, destacam-se as práticas vedadas, referentes à regulação da demanda dos serviços em saúde. Veja: Art. 2° Para adoção de práticas referentes à regulação de de- manda da utilização dos serviços de saúde, estão vedados: Legislação importante para o auditor é a CONSU n. 08, que dispõe sobre os mecanismos de regulação dos planos e seguros privados de assistência à saúde. 42 Auditoria Hospitalar I - qualquer atividade ou prática que infrinja o Código de Ética Médica ou o de Odontologia; II - qualquer atividade ou prática que caracterize conflito com as disposições legais em vigor; III – limitar a assistência decorrente da adoção de valores máx- imos ou teto de remuneração, no caso de cobertura a patolo- gias ou eventos assistenciais, excetuando-se as previstas nos contratos com cláusula na modalidade de reembolso; IV - estabelecer mecanismos de regulação diferenciados, por usuários, faixas etárias, graus de parentesco ou outras estrat- ificações dentro de um mesmo plano; V - utilizar mecanismos de regulação, tais como autorizações prévias, que impeçam ou dificultem o atendimento em situ- ações caracterizadas como de urgência ou emergência; VI - negar autorização de procedimento em razão do profis- sional solicitante não pertencer à rede própria, credenciada, cooperada ou referenciada da operadora; VI - negar autorização para realização do procedimento exclu- sivamente em razão do profissional solicitante não pertencer à rede própria ou credenciada da operadora. (Redação dada pela Resolução CONSU nº 15, de 1999). VII - estabelecer coparticipação ou franquia que caracterize financiamento integral do procedimento por parte do usuário, ou fator restritor severo ao acesso aos serviços; VIII - estabelecer em casos de internação, fator moderador em forma de percentual por evento, com exceção das definições específicas em saúde mental. IX – Reembolsar ao consumidor as despesas médicas pro- venientes do sistema de livre escolha, com valor inferior ao praticado diretamente na rede credenciada ou referenciada. (Incluído dada pela Resolução CONSU nº 15, de 1999). (CON- SU, 1998). Além disso, a mesma norma apresenta as exigências para utilização dos mecanismos de regulação. Veja: Art. 4° As operadoras de planos ou seguros privados de as- sistência à saúde, quando da utilização de mecanismos de regulação, deverão atender às seguintes exigências: I - informar clara e previamente ao consumidor, no material publicitário do plano ou seguro, no instrumento de contrato e no livro ou indicador de serviços da rede: a) os mecanismos de regulação adotados, especialmente os relativos a fatores moderadores ou de coparticipação e de to- das as condições para sua utilização; b) os mecanismos de "porta de entrada", direcionamento, ref- erenciamento ou hierarquização de acesso; II - encaminhar ao Ministério da Saúde, quando solicitado, docu- mento técnico demonstrando os mecanismos de regulação ad- otados, com apresentação dos critérios aplicados e parâmetros criados para sua utilização; III - fornecer ao consumidor laudo circunstanciado, quando so- licitado, bem como cópia de toda a documentação relativa às questões de impasse que possam surgir no curso do contrato, decorrente da utilização dos mecanismos de regulação; IV - garantir ao consumidor o atendimento pelo profissional
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