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Leitura Fundamentos da Economia 3

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ECONOMIA
POLÍTICA 
Filipe Prado Macedo da Silva 
Noções de microeconomia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Definir o objeto de estudo da microeconomia.
 Analisar o comportamento da demanda: a teoria do consumidor.
 Analisar o comportamento da oferta: a teoria da firma e as estruturas 
de mercado.
Introdução
A microeconomia é o ramo da economia que se concentra no compor-
tamento das unidades individuais, como os consumidores, as empresas, 
os proprietários de fatores de produção e os governos. Basicamente, a 
teoria microeconômica tem dois lados analíticos: o da demanda e o da 
oferta. Enquanto o comportamento microeconômico da demanda é 
analisado a partir da teoria do consumidor, o comportamento da oferta 
é estudado a partir da teoria da firma e da teoria dos mercados. Em todos 
os casos, a microeconomia apresenta uma perspectiva microscópica dos 
fenômenos econômicos, ou seja, uma análise parcial deles.
Neste capítulo, você vai conhecer o objeto de estudo da microe-
conomia. Além disso, vai compreender o que é o comportamento da 
demanda e o que é o comportamento da oferta.
Objeto de estudo da microeconomia
A microeconomia é o ramo da economia que estuda o comportamento das 
unidades individuais, como os consumidores, as empresas, os proprietários 
de fatores de produção e os governos. Em outras palavras, a microeconomia 
se ocupa da forma como as unidades individuais que compõem a economia 
— consumidores privados, empresas, trabalhadores, produtores de bens e 
serviços, etc. — agem e reagem umas sobre as outras (SANDRONI, 2005).
C06_Nocoes_microeconomia.indd 1 13/03/2018 15:10:42
Assim, a microeconomia se preocupa em estudar como e por que os agentes 
econômicos capitalistas agem de determinadas formas. Entre inúmeras per-
guntas, a microeconomia procura respostas para as seguintes questões: o que 
determina o preço dos bens e serviços em uma economia? O que determina o 
quanto de cada mercadoria será produzido? O que determina a maneira pela 
qual uma família gasta a sua renda?
Para Vasconcellos (2009), deve ser observado que a microeconomia 
não tem seu foco na empresa, portanto não deve ser confundida com a 
administração. O foco da microeconomia está no mercado no qual as em-
presas e os consumidores interagem, analisando os fatores econômicos que 
determinam tanto o comportamento da demanda quanto o da oferta. Logo, 
a microeconomia apresenta uma perspectiva “microscópica” dos fenômenos 
econômicos, ou seja, uma análise parcial desses fenômenos.
Enquanto a microeconomia se preocupa mais com uma análise parcial, 
a macroeconomia foca nos grandes agregados econômicos dentro de uma 
análise global. É importante você notar que, antes do início do século XX, 
a economia era uma ciência exclusivamente microeconômica (SANDRONI, 
2005). A divisão da economia em dois grandes ramos — microeconomia 
e macroeconomia — apareceu no início da década de 1930. Apesar de es-
ses dois grandes ramos da economia caminharem por canais distintos, a 
separação é muito frágil. Afinal, os fenômenos econômicos requerem o 
inter-relacionamento das teorias que se inserem em ambos os ramos.
Fundamentalmente, a análise microeconômica pode ser dividida em cinco 
grandes categorias:
1. a teoria da demanda/procura;
2. a teoria da oferta;
3. a análise das estruturas de mercado;
4. a teoria do equilíbrio geral e do bem-estar;
5. as imperfeições de mercado (as externalidades, os bens públicos e as 
informações assimétricas).
Dentro da teoria da demanda/procura aparecem:
a) a teoria do consumidor (que é a demanda individual);
b) a demanda de mercado.
Noções de microeconomia2
C06_Nocoes_microeconomia.indd 2 13/03/2018 15:10:42
Já na teoria da oferta surgem:
a) a oferta individual — com a teoria da produção e a teoria dos custos 
da produção;
b) a oferta de mercado.
E, por fim, na análise das estruturas de mercado há:
a) a análise do mercado de bens e serviços;
b) a análise do mercado de insumos e de fatores de produção (dê uma 
olhada na Figura 1, a seguir).
Figura 1. Grandes categorias da teoria microeconômica.
Fonte: Vasconcellos (2009, p. 30).
Teoria da
demanda/
procura
Teoria do
consumidor
(demanda 
individual)
Demanda
de mercado
Teoria da
oferta
Análise das
estruturas
de mercado
Teoria do
equilíbrio
geral e do
bem-estar
Imperfeições
de mercado:
externalidades,
bens públicos,
informação
assimétricaOferta
individual
Oferta de
mercado
Teoria da
produção
Teoria dos
custos da
produção
Mercado
de bens e
serviços
Mercado de
insumos e
fatores de
produção
Teoria microeconômica
Demanda Oferta Mercado
Em resumo, a teoria microeconômica se assenta em três pilares: a demanda, 
a oferta e o mercado. Nesse contexto, a análise microeconômica acontece em 
dois mercados: o mercado de bens e serviços, e o mercado dos serviços dos 
fatores de produção (terra, trabalho e capital).
3Noções de microeconomia
C06_Nocoes_microeconomia.indd 3 13/03/2018 15:10:42
Na prática, é da relação entre a demanda e a oferta nos dois mercados que surge a 
preocupação fundamental da microeconomia: a formação dos preços. É por isso que 
a microeconomia pode ser chamada também de teoria de preços.
Já para Pindyck e Rubinfeld (1999), a microeconomia se assenta em dois 
grandes grupos: compradores (demandantes) e vendedores (ofertantes). É a 
partir da interação entre esses dois grupos que surgem os mercados. Nesse 
sentido, o mercado é um grupo de compradores e vendedores que, por meio 
das suas reais ou potenciais interações, determina o preço de um produto ou 
conjunto de produtos. 
É importante você notar que o mercado não é a mesma coisa que a indústria: a indústria 
é um conjunto de empresas que vendem o mesmo produto ou produtos correlatos. 
Assim, uma indústria corresponde apenas a um dos grupos (o lado dos vendedores) 
que compõem um mercado.
Características da microeconomia
O estudo da microeconomia caracteriza-se por, pelo menos, quatro axiomas ou 
princípios teóricos que servem de base para todas as cinco grandes categorias 
apresentadas anteriormente. Em outras palavras, trata-se de características 
que permeiam todas as análises microeconômicas.
Análise dedutiva ou teórica: a microeconomia se caracteriza como um 
ramo da economia de natureza dedutiva ou teórica. Esse caráter dedutivo 
decorre da complexidade e entrelaçamento de infl uências que subjazem às 
situações reais que são objeto de estudo. Ou seja, a análise microeconômica 
trabalha com muitas variáveis que não podem ser observadas ou mensuradas. 
Noções de microeconomia4
C06_Nocoes_microeconomia.indd 4 13/03/2018 15:10:43
É o caso, por exemplo, do grau de utilidade que os consumidores desfrutam 
ao dispor de certos bens ou serviços. Logo, a microeconomia lança mão de 
modelos teóricos, ou seja, de construções teóricas compostas por uma série 
de hipóteses, a partir das quais as conclusões são elaboradas. Assim, a partir 
da situação do mundo real, são selecionadas as variáveis mais signifi cativas 
do fenômeno que se estuda, permitindo que a complexidade do mundo seja 
teoricamente manipulável (SANDRONI, 2005).
Condição coeteris paribus: o estudo da microeconomia se baseia muito na 
condição coeteris paribus. Coeteris paribus é uma expressão em latim que 
signifi ca “tudo o mais permanecendo constante”. Assim, a análise micro-
econômica, para poder analisar um mercado isoladamente, supõe todos os 
demais mercados constantes. Ou seja, supõe que o mercado em estudo não 
afeta nem é afetado pelos demais. Por exemplo, ao se adotar essa condição, 
verifi ca-se como a demanda — ou até mesmo a oferta — é infl uenciada pelo 
preço, permanecendo os demais fatores (hábitos, renda, entre outros) constantes 
(VASCONCELLOS, 2009). A condição coeteris paribus pode ser chamada 
também de análise de equilíbrio parcial.
Análise estático-comparativa: a microeconomia tende a confrontar duas ou 
mais situações de equilíbrio, sem se preocupar com o período intermediárioentre 
essas situações inicial e fi nal. De acordo com Carrera-Fernandez (2009), a análise 
estático-comparativa é a técnica que analisa as consequências de variações nos 
parâmetros econômicos da demanda e da oferta sobre o equilíbrio de mercado.
Visão positiva/científi ca: a microeconomia se enquadra dentro do ramo da 
ciência positiva. Isso implica a ausência de juízo de valor ou conotação ética 
nas teorias microeconômicas, que se mantêm exclusivamente descritivas 
(CARRERA-FERNANDEZ, 2009; SANDRONI, 2005).
Comportamento da demanda: 
a teoria do consumidor
A teoria do consumidor é uma peça fundamental da chamada teoria econô-
mica neoclássica. Para Carrera-Fernandez (2009), a teoria do consumidor 
talvez seja a mais importante das teorias econômicas da microeconomia. 
Consequentemente, é uma teoria muito criticada devido aos seus postulados 
teóricos de comportamento.
5Noções de microeconomia
C06_Nocoes_microeconomia.indd 5 13/03/2018 15:10:43
Assim, a teoria neoclássica do consumidor está fundamentada no prin-
cípio da racionalidade e postula um comportamento otimizador por parte 
dos consumidores. Em outras palavras, todos os consumidores estão sempre 
buscando o máximo com o mínimo de esforço”. Logo, a teoria do consumidor 
desconsidera consumidores irracionais, até porque seria impossível montar uma 
teoria dos consumidores irracionais, já que não há padrão de comportamento 
para realizar uma modelagem teórica.
É daí que a teoria do consumidor fundamenta dois postulados de 
comportamento: 
  maximização da utilidade; 
  minimização do gasto ou custo. 
O primeiro — maximização da utilidade — refere-se ao fato de que o 
consumidor escolhe o consumo de cada mercadoria de modo a maximizar a 
sua satisfação ou utilidade, estando condicionado ao seu conjunto de possibi-
lidade de consumo, limitado pela sua capacidade orçamentária (CARRERA-
-FERNANDEZ, 2009). Já o segundo postulado refere-se ao fato de que o 
consumidor escolhe as quantidades das mercadorias a serem consumidas de 
modo a minimizar o seu gasto ou custo, estando limitado a atingir certo nível 
de utilidade(CARRERA-FERNANDEZ, 2009).
É importante você saber que, na teoria do consumidor, o conceito de mercadoria é 
amplo. Ele envolve qualquer bem ou serviço que de alguma forma pode ser consumido 
ou gerar um fluxo de serviços de consumo. Nesse grupo de mercadorias, podem ser 
incluídas também aquelas que desagradam os consumidores e, logo, são fonte de 
insatisfação e “desutilidade”. Por exemplo, a poluição e o tempo dedicado ao trabalho 
são bons exemplos de mercadorias que desagradam grande parte dos consumidores.
Ao lado dos dois postulados de comportamento, a teoria do consumidor 
apresenta ainda dois pressupostos básicos: 
  informação completa;
  existência de uma função de utilidade.
Noções de microeconomia6
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A informação completa é o pressuposto de que o consumidor possui 
perfeito conhecimento de todas as mercadorias, bem como da forma pela 
qual esses bens e serviços atendem às suas necessidades. Nessa situação, 
o consumidor conhece também todos os preços das mercadorias, bem 
como sua renda. Esse pressuposto é utilizado no sentido de garantir que 
todos os consumidores tomarão as melhores decisões, ou seja, não faltam 
informações sobre o mercado (CARRERA-FERNANDEZ, 2009; SAN-
DRONI, 2005).
Já o pressuposto da existência de uma função de utilidade revela que os 
consumidores derivam satisfação dos bens e serviços consumidos de acordo 
com uma função de preferência ou uma função de utilidade — que, na análise 
microeconômica, é representada graficamente e matematicamente. Assim, a 
existência de uma função de utilidade é um pressuposto mais amplo que a 
existência de preferências. Isso significa dizer que o pressuposto de que os 
consumidores têm preferências não é suficiente para garantir a existência de 
uma função de utilidade. Mas, ao se pressupor que os consumidores têm uma 
função de utilidade, pode-se afirmar que eles têm, de fato, preferências. Essa 
questão é fundamental para compreender a teoria do consumidor.
A ideia de que os consumidores estão sempre buscando o máximo com o mínimo 
de esforço é a lei do interesse pessoal ou princípio hedonístico. O hedonismo deriva 
do grego hedone, que significa prazer. Na economia, foi um princípio introduzido por 
John Stuart Mill, em que cada um dos indivíduos procura o bem e a riqueza e evita 
o mal e a miséria. Logo, o bem e a riqueza são tratados como valores superiores, 
alinhados ao critério quantitativo da aritmética dos prazeres. Em suma, é a doutrina 
que considera o prazer como a essência da felicidade e como suprema norma moral. 
Preferências
Em termos gerais, a utilidade é um conceito subjetivo que se modifi ca de 
consumidor para consumidor e, por conseguinte, não pode ser quantifi cada. 
Vários economistas marginalistas, no princípio das bases da teoria do consu-
midor, imaginaram que a utilidade pudesse ser mensurada do mesmo modo que 
qualquer conceito objetivo, como a temperatura, o peso, o volume e a altura.
7Noções de microeconomia
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Atualmente, para a moderna teoria do consumidor, a utilidade é um con-
ceito estritamente ordinal, ou seja, necessita apenas ser ordenado. Em outras 
palavras, tudo que é requerido na moderna teoria do consumidor é que o 
consumidor seja capaz de ordenar as várias cestas de bens. Dessa maneira, 
quando confrontados com duas ou mais cestas de bens, os consumidores 
podem ordená-las de acordo com as suas preferências.
Por exemplo, com apenas duas cestas de bens, é possível encontrar três 
situações mutuamente excludentes que podem ocorrer: 
  a cesta A é preferida à cesta B; 
  a cesta A não é preferida à cesta B; 
  a cesta A é indiferente à cesta B. 
Nesse contexto, apenas uma situação pode ser escolhida de cada vez, de 
modo que qualquer mudança na escolha é um indicativo de que houve altera-
ção nas preferências dos consumidores. Logo, as três situações mutuamente 
excludentes podem ser visualizadas também a partir da função utilidade, em 
que (CARRERA-FERNANDEZ, 2009):
1. utilidade de A > utilidade de B;
2. utilidade de A < utilidade de B;
3. utilidade de A = utilidade de B.
Nessa análise, as preferências são consideradas completas, de modo que o 
consumidor é capaz de mostrar as suas preferências entre quaisquer das duas 
cestas de bens. Na prática, isso implica que a função de utilidade é contínua. 
Assim, não existem vazios no ordenamento das preferências dos consumi-
dores. Além do mais, leva-se em conta que as preferências são transitivas. 
Ou seja, com uma terceira cesta de bens, pode-se estabelecer a propriedade 
da transitividade das preferências da seguinte forma: se a cesta A é preferida 
à cesta B, e se a cesta B é preferida à cesta C, então a cesta A é preferida à 
cesta C. Conforme Carrera-Fernandez (2009), a propriedade da transitividade 
é importante porque possibilita que o consumidor revele as suas preferências 
entre múltiplas cestas de mercadorias de forma consistente.
É a partir daí que se define a função de utilidade como a relação do espaço 
de quantidades de bens e serviços para o conjunto real que preserva o ordena-
mento das preferências do consumidor” (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). 
Assim, para simplificar a compreensão das preferências, a teoria do consumidor 
faz uso da análise gráfica, de modo a decompor a função de utilidade.
Noções de microeconomia8
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Na teoria do consumidor, a curva de indiferença é o instrumento gráfico 
que serve para ilustrar como são as preferências do consumidor. Ou seja, a 
curva de indiferença é o lugar geométrico de pontos que mostram diferentes 
combinações de bens que dão ao consumidor o mesmo nível de utilidade 
(CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Na Figura 2a, você pode ver, na curva 
de indiferença, U0, várias combinações entre batatas e carne. Por exemplo, 
as cestasde bens A, B e C (na curva U0) possuem diferentes combinações 
entre batatas e carne, mas o mesmo nível de utilidade ou bem-estar para o 
consumidor (VASCONCELLOS, 2009). Em outras palavras, é indiferente 
para ele consumir 2 kg de carne e 8 kg de batatas (cesta de bens A), ou 3 kg 
de carne e 5 kg de batatas (cesta de bens B), ou então 5 kg de carne e 3 kg de 
batatas (cesta de bens C).
Figura 2. Curva de indiferença e mapa de indiferença.
Fonte: Vasconcellos (2009, p. 34–35).
Nesse contexto, a curva de indiferença apresenta duas características básicas:
  inclinação negativa, em que, para manter o mesmo nível de bem-estar, 
ao aumentar o consumo de um bem determinado, é necessário reduzir 
o consumo de outro bem, substituindo-o; 
  convexidade em relação à origem, em que a taxa marginal de subs-
tituição — que é a taxa de intercâmbio de um bem por outro — vai 
diminuindo à medida que aumenta o consumo de um bem e diminui 
o do outro bem. 
Isso é devido à lei da utilidade marginal decrescente, em que, à medida 
que o consumo de um bem aumenta, o consumidor vai saturando-se dele e 
logo reduz o seu interesse (ou a sua preferência) em consumir mais desse bem.
9Noções de microeconomia
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Assim, cada curva de indiferença representa determinado nível de utili-
dade. Por isso, quanto mais alta a curva de indiferença, maior a satisfação 
que o consumidor pode obter no consumo dos dois bens (como, no exemplo, 
batatas e carne). Na Figura 2b, você pode ver um mapa de indiferença com 
três curvas de indiferença: U0, U1 e U2. Logo, a curva de indiferença mais 
desejada/satisfatória é a curva mais alta (U2), que é a com maior consumo dos 
dois bens (VASCONCELLOS, 2009). 
Os limites da escolha: o conjunto de oportunidades
Para defi nir o conjunto de possibilidade de escolha do consumidor, supõe-se 
que ele não possa consumir quantidades negativas de qualquer bem ou serviço. 
Também se presume que possui uma renda nominal, bem como que enfrenta 
preços constantes para todos os bens e serviços. Desse modo, existem limites 
da escolha do consumidor, ou seja, existe uma restrição orçamentária.
Os limites da escolha do consumidor estão restritos à sua possibilidade 
de consumo, o que significa dizer que o seu gasto total não pode exceder a 
sua renda nominal (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Assim, o conjunto de 
oportunidades de escolha é o conjunto de todas as cestas de bens e serviços 
que podem ser compradas com a renda do consumidor.
Nesse sentido, define-se a reta orçamentária como as combinações máximas 
possíveis de bens e serviços, dados a renda do consumidor e os preços dos bens. 
Em outras palavras, essa reta representa um menu — conjunto de oportunidades 
de escolha — de opções que o consumidor poderá comprar. Na Figura 3a, esse 
menu se refere a todos os pontos abaixo da reta orçamentária (RO).
Figura 3. Reta orçamentária e alternativas de equilíbrio do consumidor.
Fonte: Vasconcellos (2009, p. 35–36).
Noções de microeconomia10
C06_Nocoes_microeconomia.indd 10 13/03/2018 15:10:44
Como explica Vasconcellos (2009), a RO representa pontos em que o 
consumidor gasta toda a sua renda na compra dos dois bens — no exemplo, 
batatas e carne. Abaixo da RO, o consumidor está gastando menos do que 
poderia. Já acima da RO, o consumidor não tem condições de adquirir os 
bens ou serviços com a renda de que dispõe e dados os preços de mercado.
Por conseguinte, se o consumidor deseja maximizar seu nível de utilidade, 
deverá buscar alcançar — dada sua restrição orçamentária — a curva de 
indiferença mais alta. Em termos práticos, o consumidor maximizará sua 
utilidade quando sua reta orçamentária tangenciar sua curva de indiferença, 
como você pode ver na Figura 3b. Por exemplo, na Figura 3b o consumidor que 
tem a RO0 maximizará a sua utilidade na curva de indiferença U0 (PINDYCK; 
RUBINFELD, 1999).
Esse ponto de tangenciamento — como, no exemplo, RO0 e U0 — representa 
o equilíbrio do consumidor, no sentido de que, uma vez alcançado esse ponto, 
não haverá incentivos para que o consumidor execute uma realocação de sua 
renda gasta no consumo dos dois bens (VASCONCELLOS, 2009). Ainda na 
Figura 3b, se a renda do consumidor aumenta, ou, alternativamente, se os 
preços dos bens e serviços reduzem, a RO se eleva — por exemplo, de RO0 
para RO1 —, permitindo que o consumidor atinja níveis maiores de satisfação.
Em síntese, na Figura 3b, você pode observar as várias alternativas de 
equilíbrio do consumidor. Nesse sentido, há um mapa de possibilidades de 
tangenciamento entre a reta orçamentária e a curva de indiferença, dados 
as rendas do consumidor e os preços dos bens e serviços. Assim, você pode 
perceber que o mapa de equilíbrio do consumidor é dinâmico, não estático.
Comportamento da oferta: a teoria 
da firma e as estruturas de mercado
Uma parte da teoria microeconômica se dedica a explicar e prever os com-
portamentos da oferta a partir da compreensão do funcionamento da fi rma, 
em especial no que se refere à produção, aos custos e ao lucro. De acordo 
com Vasconcellos (2009), a teoria da fi rma trata justamente do problema da 
produção, dos custos de produção e dos rendimentos (lucros) da fi rma. Logo, 
a teoria da fi rma pode ser dividida em teoria da produção, teoria dos custos 
e teoria do lucro.
Além disso, a microeconomia se dedica ao estudo dos tipos de estruturas 
de mercado, ou seja, se dedica à forma como os mercados se estruturam do 
ponto de vista econômico. É importante você se lembrar de que as firmas e 
11Noções de microeconomia
C06_Nocoes_microeconomia.indd 11 13/03/2018 15:10:44
a competição entre elas acontecem nos mercados. Pelo menos seis tipos de 
mercados são relevantes (SANDRONI, 2005; VASCONCELLOS, 2009):
  concorrência perfeita;
  concorrência monopolista;
  monopólio;
  oligopólio; 
  monopsônio;
  oligopsônio.
Teoria da firma: produção, custos e lucro
A teoria da fi rma se assenta no intuito de entender a racionalidade do com-
portamento da oferta de um bem ou serviço. Lembre-se de que o grande 
objetivo da fi rma que opera na economia capitalista é a maximização dos 
lucros. Daí que o primeiro dilema das fi rmas é a escolha do processo de 
produção — e as escolhas das relações tecnológicas, das quantidades a 
serem produzidas e das quantidades de insumos a serem usados na produção 
(VASCONCELLOS, 2009).
Teoria da produção: a produção é o processo pelo qual uma fi rma transforma 
os fatores de produção adquiridos em bens ou serviços para a comercialização 
no mercado. Assim, a teoria da produção refere-se aos conceitos e princípios 
que norteiam a análise de preços e o emprego dos fatores de produção. Ela é 
a base para a análise dos custos e da oferta dos bens produzidos.
É fundamental você compreender que a firma — da teoria microeconômica — é a 
unidade técnica que produz bens e serviços. Já os fatores de produção — mão de obra, 
capital físico, área ou terra e matérias-primas — são os bens e serviços intermediários 
que, combinados, suscitam outros bens e serviços finais. Em outras palavras, a firma 
é uma intermediária: compra insumos (inputs), combina-os segundo um processo de 
produção escolhido e vende os bens e serviços (outputs) nos mercados.
Noções de microeconomia12
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O processo de produção pode ser intensivo em um dos fatores de pro-
dução. Ou seja, pode depender quase exclusivamente de um dos fatores de 
produção, que também passa a ter relevância na estrutura total de custos. 
Fundamentalmente, existem três possibilidades em um processo de produção 
(VASCONCELLOS, 2009): 
1. mão de obra intensivo, em que a mão de obra é indispensável para a 
produção;
2. capital intensivo, em que máquinas, equipamentos e instalações são 
altamente relevantes;
3. terra intensivo, em que a área ou a terra é o insumo primordial para 
que a produção aconteça.
Em suma, a produção pode depender em maior quantidade de algum dos 
fatoresde produção.
Além disso, a escolha do processo de produção depende da sua eficiência. 
A eficiência pode, por um lado, ser avaliada do ponto de vista tecnológico 
— processo que permite produzir uma mesma quantidade de produto usando 
menor quantidade física de fatores de produção. De outro lado, ela pode ser 
avaliada do ponto de vista econômico — processo que permite produzir uma 
mesma quantidade de produto com menor custo de produção.
Na teoria da produção, um dos conceitos mais relevantes é o da função de 
produção. Logo, a função de produção é a relação técnica entre a quantidade 
física de fatores de produção e a quantidade física de produto em determi-
nado período de tempo. Em outras palavras, a quantidade de produto está em 
função ( f ) da quantidade de fatores de produção (mão de obra, capital físico 
e matérias-primas utilizadas).
É importante você observar que o conceito de função de produção não deve ser 
confundido com o conceito de função de oferta. Este é um conceito econômico que 
relaciona a produção com os preços dos fatores de produção.
13Noções de microeconomia
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Soma-se a tudo isso a questão do prazo e a distinção entre fatores de 
produção fixos e variáveis. Segundo Vasconcellos (2009), os fatores de 
produção fixos são aqueles que permanecem inalterados quando a firma 
aumenta ou diminui a produção. Enquanto isso, os fatores de produção 
variáveis se alteram com a mudança da quantidade produzida pela firma. 
Por exemplo, são fatores de produção fixos o capital físico e as instalações 
da empresa. E são fatores de produção variáveis a mão de obra e as matérias-
-primas usadas. Com relação ao prazo, define-se curto prazo o período no 
qual existe pelo menos um fator de produção fixo. Já no longo prazo todos 
os fatores de produção variam.
Teoria dos custos: todas as fi rmas na teoria microeconômica têm como 
objetivo maximizar os lucros por meio de sua atividade produtiva, ou seja, 
combinar de maneira efi ciente os fatores de produção. É nesse caso que os 
estudos dos custos das fi rmas tornam-se de fundamental importância para 
a economia. Assim, a quantidade empregada de cada fator de produção, 
multiplicada pelo seu preço de mercado, constituirá os custos da empresa, 
originando o custo total de produção (PINDYCK; RUBINFELD, 1999).
Em outras palavras, o custo total de produção é o total das despesas 
realizadas pela firma com a utilização da combinação mais econômica dos 
fatores por meio da qual é obtida uma determinada quantidade de bens ou 
serviços (VASCONCELLOS, 2009). Dessa forma, os custos totais de produ-
ção podem ser divididos em custos fixos e custos variáveis. Os custos fixos 
são aqueles que não dependem da quantidade produzida. Eles são decorrentes 
dos fatores de produção fixos. Já os custos variáveis de produção são aqueles 
que dependem da quantidade produzida, logo serão maiores quanto maior 
a produção e vice-versa.
Na microeconomia, os custos também são analisados a partir do prazo 
— curto e longo prazo. Nesse caso, os custos de produção no curto prazo 
são afetados apenas pelos fatores de produção variáveis. Logo, você pode 
notar que os custos no curto prazo dependem diretamente do nível de 
produção estabelecido pela firma. Já os custos de produção no longo prazo 
são afetados por todos os fatores de produção, já que, nesse caso, não há 
fatores de produção fixos e logo não existem custos fixos de produção. Em 
outras palavras, no longo prazo todos os custos são variáveis (CARRERA-
-FERNANDEZ, 2009).
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Além dos custos totais, fixos e variáveis, a teoria microeconômica se interessa também 
por outras análises de custos. Nesse contexto, a microeconomia analisa ainda os 
custos médios e os custos marginais. Os custos médios se referem aos custos totais 
divididos pelas quantidades produzidas. Ou seja, constituem o custo unitário da 
produção (ou o custo por unidade). Existe também o custo variável médio, que é 
o custo variável dividido pela quantidade, e o custo fixo médio, que é o custo fixo 
dividido pela quantidade. Já os custos marginais referem-se às variações dos custos 
em resposta às variações na quantidade produzida.
Lucro: a teoria da fi rma postula um comportamento otimizador por parte 
dessa unidade produtiva. Em outras palavras, o propósito maior da fi rma é a 
maximização do lucro. A maximização do lucro ocorre quando a fi rma escolhe 
o nível de utilização de insumos e, portanto, o nível de produção, de modo a 
maximizar o seu lucro, condicionado à tecnologia disponível e dados os preços 
dos insumos e do produto (CARRERA-FERNANDEZ, 2009).
De acordo com Carrera-Fernandez (2009), o postulado de maximização 
do lucro é mais amplo que o de minimização do custo. Em termos práticos, o 
autor defende que, ao se postular que a firma maximiza lucros, isso implica 
que ela estará minimizando o seu custo de produção. Porém, o inverso não é 
verdadeiro: se a firma minimiza os custos, isso não quer necessariamente dizer 
que ela esteja maximizando o lucro (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Quando 
analisado sob o ponto de vista econômico, o lucro da firma pode ser definido 
pela diferença entre a receita total (RT) e o custo total (CT). Vale lembrar que 
a receita total é o resultado da multiplicação do preço do produto pelo nível de 
produção. Já o custo total é a soma do gasto com todos os fatores de produção.
Estruturas de mercado
Como você sabe, na economia os mercados podem ser estruturados de manei-
ras diferentes. Dois fatores básicos diferenciam a competição dos mercados 
(VASCONCELLOS, 2009):
  o número de firmas produtoras operando no mercado;
  a homogeneidade ou a diferenciação existente entre os produtos das 
firmas.
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É a partir desses dois fatores básicos que podem ser classificados, pelo 
menos, quatro tipos de mercados de bens e serviços:
1. concorrência perfeita;
2. concorrência monopolista;
3. monopólio;
4. oligopólio.
Além disso, são classificados mais dois mercados de insumos e fatores 
de produção:
1. monopsônio;
2. oligopsônio.
A seguir, você pode ver mais detalhadamente as características gerais 
de cada uma dessas estruturas de mercado e compreender como funciona o 
processo de determinação de preço e quantidade produzida.
Concorrência perfeita: é uma estrutura de mercado que visa a revelar 
qual deveria ser o funcionamento ideal de uma economia, servindo de base 
comparativa para as demais estruturas de mercado. Apesar de ser uma cons-
trução teórica, existem algumas situações que se aproximam da concorrência 
perfeita, como o mercado das commodities agrícolas ou de uma feira livre. 
Nesse sentido, a concorrência perfeita é uma situação de mercado assinalada 
pela existência de um grande número de compradores e vendedores que são 
tão pequenos que nenhum deles, de maneira isolada, é capaz de determinar 
o preço de mercado. Em outras palavras, tanto os produtores como os con-
sumidores são tomadores de preços.
Além disso, na concorrência perfeita, os produtos são homogêneos, não 
existindo diferenças entre eles. Logo, todos os produtos nesse mercado são 
perfeitos substitutos entre si. Ou seja, o consumidor comprará de qualquer 
firma, sendo indiferente a qualquer tipo de vendedor. Soma-se a isso, na 
concorrência perfeita, a inexistência de barreiras legais e econômicas tanto 
para a entrada como para a saída de firmas do mercado. Também há, tanto 
para compradores como para vendedores, informações perfeitas acerca do 
funcionamento do mercado. Ou seja, é um mercado com grande transparência 
nos preços, custos e lucros (PINDYCK; RUBINFELD, 1999).
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Concorrência monopolista: é a estrutura de mercado que contém ele-
mentos da concorrência perfeita e do monopólio. Fica em uma posição 
intermediáriaentre as duas estruturas citadas. Da mesma maneira que 
na concorrência perfeita, existe na concorrência monopolista um grande 
número de fi rmas vendedoras que respondem por uma pequena fração 
do mercado total e possuem ainda a possibilidade de entrar e de sair do 
mercado com relativa facilidade.
Logo, o que distingue a concorrência monopolista da concorrência perfeita 
é o afrouxamento da hipótese dos produtos homogêneos. Ou seja, as firmas 
na concorrência monopolista produzem produtos diferenciados — entretanto, 
substitutos próximos. Em termos práticos, cada firma procura diferenciar seu 
produto a fim de torná-lo único no mercado. É essa diferenciação no produto 
que dá à firma o poder de monopólio, uma vez que apenas ela produz aquele 
tipo de bem ou serviço. Isso permite que as empresas tenham alguma liberdade 
para fixar os seus preços (VASCONCELLOS, 2009).
Monopólio: é a estrutura de mercado mais concentrada. É justamente o 
oposto da concorrência perfeita. Em outras palavras, é a situação de mercado 
em que há um só produtor de um bem ou serviço, que não tem substituto 
próximo, ou o produto não é homogêneo. Nesse mercado, o grau de diferen-
ciação (exclusividade) do produto é pleno. Nesse contexto, a fi rma monopo-
lista exerce grande infl uência na determinação do preço e das respectivas 
quantidades que serão vendidas ao mercado (SANDRONI, 2005).
Em síntese, as características básicas do monopólio são:
  determinado bem ou serviço é fornecido por uma única empresa;
  não há substitutos próximos para esse bem ou serviço;
  existem obstáculos à entrada e à saída de novas firmas desse mercado.
É importante você compreender que essa última característica revela que, 
para que o monopólio exista, é fundamental manter os concorrentes em poten-
cial completamente afastados do mercado, mediante barreiras que impeçam 
ou desestimulem o surgimento de novas firmas.
Basicamente, esses obstáculos podem ser oriundos de:
  monopólio natural (ou puro), que é aquele inerente ao próprio negócio, 
por exigir grandes investimentos financeiros;
  controle sobre o fornecimento de matérias-primas;
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  proteção mediante patentes;
  processos burocráticos do sistema;
  monopólio legal, que é aquele em que o governo tem direito exclusivo 
de ser o produtor.
Oligopólio: é o tipo de estrutura de mercado em que poucas empresas detêm 
o controle da maior parcela do mercado. O oligopólio é uma tendência das 
economias capitalistas modernas, em que a concentração da propriedade em 
poucas fi rmas de grande porte acontece a partir de fusão, incorporação ou 
mesmo compra e eliminação das pequenas fi rmas. Nesse mercado, as fi rmas 
dominam as áreas de atuação, limitando assim os custos de concorrência e 
fi xando os preços que ampliam as margens de lucro (SANDRONI, 2005).
Na prática, o oligopólio pode ser classificado como puro — com produtos 
homogêneos — e diferenciado — com produtos heterogêneos. Assim, o oligo-
pólio puro é aquele em que as firmas oferecem exatamente o mesmo produto. 
Já no oligopólio diferenciado as firmas oferecem produtos diversificados, em 
geral com uma competição focada na qualidade e no marketing. É importante 
você notar que há uma tendência ao oligopólio em setores da economia que 
exigem grandes volumes de investimentos.
Monopsônio: é a estrutura de mercado em que existe apenas um comprador 
de uma mercadoria, em geral matéria-prima ou produto primário. No mo-
nopsônio, mesmo quando diversos produtores fortes oferecem o produto, os 
preços não são determinados pelos vendedores, mas pelo único comprador. 
Nesse sentido, por exemplo, o monopsônio puro é muito raro. Ele costuma 
acontecer principalmente com empresas estatais que garantem a compra de 
determinados produtos estratégicos para o país (SANDRONI, 2005).
Oligopsônio: é a estrutura de mercado em que poucas fi rmas — de grande 
porte — são as compradoras de determinada matéria-prima ou produto pri-
mário. Nesse contexto, o oligopsônio pode ter duas formas:
  um mercado comprador muito concentrado, com poucas firmas grandes 
que negociam com muitos pequenos produtores;
  um mercado consumidor concentrado e um mercado vendedor também 
concentrado, com poucos e grandes produtores.
Esse último caso é chamado também de oligopsônio bilateral.
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Na economia real, existem inúmeros exemplos das estruturas de mercado. Algumas 
estruturas de mercado são mais predominantes do que outras e, logo, são mais fá-
ceis de serem visualizadas. O exemplo mais clássico de concorrência perfeita é a 
feira livre, em que inúmeros vendedores (inúmeras “barraquinhas”) comercializam o 
mesmo produto, em geral produtos agrícolas in natura. Em outras palavras, são muitos 
vendedores que comercializam produtos homogêneos. Já o caso da concorrência 
monopolista apresenta vários exemplos na realidade concreta. Talvez essa seja a 
estrutura de mercado em que é possível encontrar o maior número de exemplos 
reais. Dois casos ilustram muito bem essa estrutura de mercado.
Primeiro, você pode considerar o exemplo dos salões de beleza. Existem inúmeros 
salões de beleza em qualquer cidade, mas cada salão de beleza faz uso de serviços 
cuja execução é praticamente exclusiva. Para entender melhor: imagine que existem 
muitos salões de beleza para cortar o cabelo, mas cada um corta de uma maneira 
diferente, sendo quase um monopólio no que realiza. Um segundo exemplo são as 
padarias. Como você sabe, todas produzem pães e produtos de panificação, mas cada 
uma tem o seu sabor específico e a sua qualidade peculiar.
No monopólio, são comuns os casos relativos ao fornecimento de serviços con-
siderados de natureza pública. Por exemplo, o fornecimento de água e esgoto, de 
energia elétrica, de telecomunicações, de estradas ou vias públicas, entre outros. Já os 
exemplos de oligopólio são comuns em grande parte dos setores contemporâneos, 
especialmente nos setores industriais mais complexos. Isso inclui, por exemplo, a indús-
tria automobilística, a indústria farmacêutica, a indústria de tecnologia da informação, 
a indústria aeronáutica, entre outras. Ou seja, são exemplos em que existem apenas 
poucas firmas ou poucos big players (grandes participantes) no mercado produtor.
Por fim, tanto o monopsônio como o oligopsônio apresentam exemplos nos setores 
de matérias-primas estratégicas, como o petróleo, os minérios, a energia, etc. No Brasil, 
um exemplo de monopsônio são as usinas de energia solar, que são obrigadas a vender 
a energia para um único distribuidor elétrico. Já um exemplo de oligopsônio são os 
pequenos/médios exploradores de petróleo que, em alguns países, são obrigados a 
vender os barris de óleo para poucas refinarias de petróleo.
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CARRERA-FERNANDEZ, J. Curso básico de microeconomia. Salvador: EDUFBA, 2009.
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 4. ed. São Paulo: Makron Books do 
Brasil, 1999.
SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
Leituras recomendadas
FRANK, R. H. Microeconomia e comportamento. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
KISHTAINY, N. et al. O livro da economia. São Paulo: Globo, 2013.
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