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ECONOMIA Daniele Fernandes da Silva Estudo das elasticidades Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer e calcular a elasticidade-preço da demanda. � Determinar a elasticidade-preço da oferta. � Analisar a política de preço mais adequada ao empresário, conforme estudo da elasticidade. Introdução Você já sabe que os comportamentos dos preços afetam as decisões tanto dos empresários quanto dos consumidores. Neste texto, você analisará a magnitude das variações de preço e o impacto delas sobre a política de preços dos empresários. Esse tipo de análise é classificada como estudo das elasticidades e tipologias. A elasticidade-preço da demanda O estudo da elasticidade pertence à subárea da microeconomia, pois está relacionado à sensibilidade de um produto em relação a variações no seu preço ou no salário do consumidor. Portanto, tem grande importância para as tomadas de decisões dos empresários em relação ao planejamento futuro. Na macroeconomia, o estudo das elasticidades também se revela muito importante. Ele é usado, por exemplo, para avaliar o impacto do aumento da taxa de juros básica sobre o consumo e os investimentos. Um dos principais conceitos é o da elasticidade-preço da demanda. Ela mede a sensibilidade da demanda de um bem X em relação a variações no seu preço, coeteris paribus (mantendo as demais variáveis constantes). Outra forma de medir a elasticidade-preço da demanda é em termos percentuais. Nesse caso, se revela qual é a variação percentual da demanda de um bem X em relação a uma alteração percentual no seu preço. Você pode representar isso da seguinte forma: Onde: Epd = Elasticidade (E) do preço (p) da demanda (d) Qd = Quantidade (Q) demandada (d) P = Preço De modo alternativo, a fórmula pode ser: Onde: Epd = Elasticidade (E) do preço (p) da demanda (d) ∆Q = Variação (∆) das quantidades (Q) demandadas do bem Q = Quantidades do bem ∆P = Variação (∆) do preço (P) do bem P = Preço Note que, na fórmula da elasticidade-preço da demanda, a correlação entre preço e quantidade demandada é inversa. Isso se dá pois, quando ocorre um aumento dos preços, a quantidade procurada de um bem diminui, e vice-versa. Desse modo, para evitar problemas com o sinal matemático em caso negativo, o valor da elasticidade pode ser colocado em módulo. Dependendo do tipo de produto, a variação na demanda pode ser maior ou menor, conforme as variações nos preços. Assim, surgem novos conceitos que você precisa conhecer: demanda elástica, demanda inelástica e demanda de elasticidade-preço unitária. Estudo das elasticidades2 A demanda elástica ocorre quando a quantidade demandada de um bem X é maior do que a alteração no seu preço: │Epd│ > 1 Ou, por exemplo: Epd = −1,5 Nesse caso, quando │Epd│ > 1, se refere a produtos que apresentam uma grande sensibilidade em relação ao preço. Quando este cai, a demanda aumenta mais que proporcionalmente. Contudo, quando o preço aumenta, a procura pelo produto cai consideravelmente. Segundo o exemplo, quando o preço cair em Y%, o aumento da demanda será 1,5 vezes Y%. São situações em que os empresários possuem pouco poder de barganha na sua política de preços, pois em casos de alterações positivas o impacto na demanda pode inclusive prejudicar os seus negócios. Com relação à demanda inelástica, ocorre quando modificações percen- tuais nos preços de determinados produtos levam a variações percentuais inferiores nas suas quantidades demandadas: │Epd│ < 1 Ou, por exemplo: Epd = −0,5 ou │Epd│= 0,5 Nesse caso, quando │Epd│ < 1, se refere a produtos que apresentam pouca sensibilidade em relação ao preço. Quando este cai, a demanda aumenta menos que proporcionalmente, e vice-versa. Segundo o exemplo, quando o preço cair em Y%, o aumento da demanda será 0,5 vezes Y%. São casos em que os empresários possuem um maior poder de barganha na sua política de preços. Quanto à demanda de elasticidade-preço unitária, as variações nos preços e nas quantidades procuradas de um bem X ocorrem na mesma proporção em sentido inverso: │Epd│= 1 ou Epd = −1 3Estudo das elasticidades Quando │Epd│ = 1, uma queda no preço impacta sobre a demanda na mesma proporção. Segundo o exemplo, quando o preço cair em Y%, o aumento da demanda será Y%. Como você deve imaginar, existem alguns fatores que influenciam o grau de elasticidade-preço da demanda. Observe: � Bens substitutos: quanto maior for a presença de bens substitutos no mercado, maior será a elasticidade da demanda por determinado produto. Isso ocorre pois há uma maior possibilidade de o consumidor adquirir outro produto com características similares em caso de aumento no preço de um bem X. � Essencialidade do bem: quanto mais essencial for um bem X, menor será a sensibilidade de sua demanda em relação a alterações no seu preço. � Importância do bem, quanto a seu gasto, no orçamento do consu- midor: quanto maior for o peso de um bem X no total de gastos do consumidor, maior será a sensibilidade da sua demanda em relação a alterações no preço. Isso ocorre pois o orçamento familiar pode ser prejudicado em caso de alterações positivas. A elasticidade-preço da oferta A elasticidade-preço da oferta também se constitui em um dos principais conceitos relacionados ao estudo das elasticidades. Ela mede a sensibilidade da oferta de um bem X em relação a variações no seu preço, coeteris paribus. Alternativamente, a elasticidade-preço da oferta pode ser medida em termos percentuais. Nesse caso, revela qual a variação percentual da oferta de um bem X em relação a uma alteração percentual no seu preço. Você pode representar essa relação da seguinte forma: Onde: Epo = Elasticidade (E) do preço (p) da oferta (o) Qo = Quantidade (Q) ofertada (o) P = Preço De modo alternativo, a fórmula pode ser: Estudo das elasticidades4 Onde: Epo = Elasticidade (E) do preço (p) da oferta (o) ∆Q = Variação (∆) das quantidades (Q) ofertadas do bem Q = Quantidades do bem ∆P = Variação (∆) do preço (P) do bem P = Preço Note que, na fórmula da elasticidade-preço da oferta, a correlação entre preço e quantidade ofertada é direta. Isso se dá pois, quando ocorre um aumento dos preços, também aumenta a intenção dos empresários de elevar a quantidade ofertada de um bem, e vice-versa. Do mesmo modo como na elasticidade-preço da demanda, dependendo do tipo de produto, a variação na oferta pode ser maior ou menor, conforme as variações nos preços. Assim, surgem novos conceitos: oferta elástica, oferta inelástica e oferta de elasticidade-preço unitária. A oferta elástica ocorre quando a quantidade ofertada de um bem X é maior do que a alteração no seu preço: Epo > 1 Ou, por exemplo: Epo = – 1,5 Nesse caso, quando Epo > 1, se refere a produtos que apresentam uma grande sensibilidade em relação ao preço. Quando este cai, a oferta cai mais que proporcionalmente. Contudo, quando o preço aumenta, a oferta se eleva consideravelmente. Segundo o exemplo, quando o preço cair em Y%, a queda na 5Estudo das elasticidades oferta será 1,5 vezes Y%. São casos em que os empresários são mais sensíveis às alterações nos preços, tanto quando forem positivas quanto quando forem negativas. Isso acontece pois um aumento na oferta representa maior receita quando os preços forem maiores. Contudo, quando os preços forem mais baixos, a disponibilidade em ofertar diminui, pois significa menos receita. Com relação à oferta inelástica, ocorre quando modificações percentuais nos preços de determinados produtos levam a variações percentuais inferiores nas suas quantidades ofertadas: │Epo│ < 1 Ou, por exemplo: Epo = −0,5 ou │Epo│= 0,5 Nesse caso, quando Epo < 1, se refere a produtos que apresentam pouca sensibilidade em relação ao preço. Quando este cai, a oferta se reduz menos que proporcionalmente, e vice-versa. Segundo o exemplo, quando o preço cair em Y%, a queda na oferta será 0,5 vezes Y%. São casos em que os empresáriospossuem menor sensibilidade na sua política de preços. Quanto à oferta de elasticidade-preço unitária, as variações nos preços e nas quantidades ofertadas de um bem X ocorrem na mesma proporção em sentido inverso: │Epo│= 1 ou Epo = −1 Quando │Epo│ = 1, uma queda no preço impacta sobre a oferta na mesma proporção. Segundo o exemplo, quando o preço cair em Y%, a queda na oferta será de Y%. A determinação de preços Ao estudar a elasticidade-preço da demanda, seu objetivo deve ser o de entender o comportamento do consumidor em relação à variação dos preços de bens Estudo das elasticidades6 ou serviços no mercado. O grau de sensibilidade do consumidor perante as transformações dos preços influenciará as tomadas de decisão dos empresários em relação aos seus planejamentos futuros. A estrutura de mercado a que cada um desses produtores pertence irá determinar qual o poder de barganha que eles têm ao realizar alguma alteração no valor de sua mercadoria ou serviço. Quanto mais competitivo for o mercado, maior será a sensibilidade dos consumidores em relação a modificações nos preços. Isso ocorre pois as alternativas de compra de produtos similares são maiores. Considerando o seguinte exemplo, você pode verificar qual o grau de elasticidade de demanda de um cachorro-quente. P0 = Preço inicial = R$ 10,00 P1 = Preço final = R$ 11,60 Q0 = Quantidade demandada ao preço P0 = 25 Q1 = Quantidade demandada ao preço P1 = 20 Primeiro passo: calcular a variação percentual do preço. Segundo passo: calcular a variação percentual da quantidade demandada. Terceiro passo: calcular o valor da elasticidade-preço da demanda. P1 – P0 11,60 – 10,00 = = = P0 10 0,16 ou 16% 1,60 10 – 20% 16% Variação percentual em Qd Epd Variação percentual em P = – 1,25 ou |Epd|=1,25= = Epd 7Estudo das elasticidades Esse resultado revela que um aumento de 16% no preço do cachorro- -quente eleva a quantidade ofertada em 1,25 vezes, ou seja, 16% × 1,25 = 20%. Nesse caso, trata-se de um produto altamente sensível a alterações no preço. Portanto, é possível dizer que se trata de um produto com demanda elástica. Desse modo, o aumento no preço desse bem não é uma boa decisão para o empresário, uma vez que a queda na procura é proporcionalmente maior do que o aumento do preço. Isso prejudica a entrada de recursos financeiros. De modo contrário, uma queda no preço do bem traz um resultado diferente e benéfico para o empresário. Isso pois, se tratando de um produto elástico, o aumento da demanda é proporcionalmente superior à queda no preço, bene- ficiando as receitas. Se o produto apresentasse inelasticidade de demanda, um aumento no seu preço resultaria apenas em aumento de receita. Isso pois a queda na procura seria propor- cionalmente inferior à elevação do seu valor. Já uma queda no preço traria prejuízo ao produtor, pois a demanda aumentaria proporcionalmente menos que essa redução de valor do produto. Caso o cachorro-quente apresentasse uma demanda com elasticidade unitária, seria indiferente uma alteração positiva ou negativa. Isso pois um aumento no preço reduziria a demanda na mesma proporção. Paralelamente, uma queda provocaria um aumento na procura exatamente na mesma proporção, não afetando a receita do produtor. Agora, quanto ao vendedor, ou seja, à oferta, a relação entre preço e quan- tidade ofertada é direta. Ela traz resultados diferentes, como você pode ver no exemplo a seguir, que considera a mesma barraca de cachorro-quente apresentada anteriormente. P0 = Preço inicial = R$ 10,00 P1 = Preço final = R$ 12,00 Q0 = Quantidade ofertada ao preço P0 = 20 Estudo das elasticidades8 Q1 = Quantidade ofertada ao preço P1 = 30 Primeiro passo: calcular a variação percentual do preço. Segundo passo: calcular a variação percentual da quantidade ofertada. Terceiro passo: calcular o valor da elasticidade-preço da oferta. Como você pode perceber, esse resultado revela que um aumento de 20% no preço do cachorro-quente eleva a quantidade ofertada em 2,5 vezes, ou seja, 20% × 2,5 = 50%. Trata-se de um produto que apresenta elasticidade na oferta, já que é altamente sensível a alterações no preço. Portanto, quanto mais elevado o valor do bem, maior é a receita do empresário, por isso a sua maior disponibilidade em ofertá-lo no mercado. De modo contrário, uma queda no preço do cachorro-quente significaria queda nas receitas, por isso a oferta diminuiria em uma proporção superior. 9Estudo das elasticidades VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. Leitura recomendada 11Estudo das elasticidades
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