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Exame físico do sistema nervoso / neurológico Profª. Ma. Ana Paula Machado Silva Vamos relembrar... Sistema nervoso autônomo Funções do sistema nervoso Através dos impulsos nervosos, o sistema nervoso regula varias atividades do corpo humano, tais como: controle de batimentos cardíacos, dilatação de vasos sanguíneos, estimulo ao sistema urinário e digestório, constrição pulipar, etc. Função sensititiva / integradora / motora ; Neurologia é o ramo da Medicina que estuda o sistema nervoso dos seres humanos. Anamnese neurológica Historia da doença atual; História pessoal ; Antecedentes familiares; Avaliação do nível de consciência O nível de consciência é o indicador mais sensível de disfunção cerebral que pode ser resultante de alterações encefálicas estruturais ou metabólicas. A consciência é definida como o conhecimento de si mesmo e do ambiente. O fenômeno da consciência é dividido em dois componentes: o despertar e o conteúdo de consciência. Despertar A capacidade de abrir os olhos e de despertar indica o estado de alerta ou de vigília da pessoa examinada. Conteúdo da consciência A capacidade cognitiva e afetiva do indivíduo (linguagem, memória, crítica, humor, etc.) depende exclusivamente de funções mentais das regiões corticais cerebrais. O despertar e o conteúdo da consciência são avaliados por meio das respostas de reatividade e perceptividade, respectivamente. Perceptividade A perceptividade está relacionada à função cortical. A avaliação é feita por meio da análise das respostas que envolvem mecanismos de aprendizagem (gestos e palavras), o que requer certo grau de integração cortical. Reatividade A avaliação da reatividade é realizada quando há perda da consciência, sendo que as respostas estão relacionadas às atividades subcorticais e do tronco cerebral, constituindo-se em reflexos. Estímulos auditivos e táteis Estímulos verbais, ruídos e dor são utilizados para a obtenção de respostas, que podem ser abertura dos olhos, verbalização e/ou movimentação. A avaliação do nível de consciência depende da correta utilização de estímulos para gerar respostas, isto é, da utilização de estímulos e da observação de respostas. Esses estímulos devem ser, inicialmente, auditivos e, depois, táteis. Estímulos dolorosos Resposta motora As respostas motoras podem ser consideradas apropriadas, inapropriadas ou ausentes; As apropriadas ocorrem quando o paciente retira o membro após o estímulo e/ou empurra a mão do examinador, indicando integridade de vias sensitivas e corticoespinais. As inapropriadas (decorticação e descerebração) dependem do nível da lesão e indicam reações primitivas. A decorticação é indicativa de lesões nos hemisférios cerebrais ou na cápsula interna, que interrompem a via corticospinal. A descerebração relaciona-se às lesões diencéfalo- mesencefálicas, estruturas do tronco cerebral e é considerada importante sinal de disfunção cerebral. A ausência da resposta motora (arreflexia) pode significar uma lesão atingindo a porção inferior do tronco encefálico ou depressão intensa causada por substâncias tóxicas ou drogas sedativas. Níveis de consciência O paciente consciente é aquele que está acordado, alerta, que responde adequadamente ao estímulo verbal e que está orientado no tempo e no espaço; O indivíduo em coma está em sono profundo, inconsciente, com os olhos fechados, não emite som verbal, não interage consigo ou com o ambiente. Como descrever o nível de consciência ... A Escala de Coma de Glasgow (ECG) tem sido amplamente utilizada para determinar e avaliar a profundidade e a duração do coma e prognosticar a evolução dos pacientes com ou sem trauma craniencefálico. Escala de Coma de Glasgow INDICADOR RESPOSTA PONTOS PADRÃO DA RESPOSTA Abertura ocular (AO) Espontânea 4 Olhos abertos sem necessidade de estímulo Ao som da voz 3 Abre os olhos com solicitação verbal À pressão 2 Abre os olhos com compressão do leito ungueal Nenhuma resposta 1 Olhos fechados; não existe fator interferindo a abertura dos olhos Não testável NT Olhos fechados devido a existência de fator que impede a abertura INDICADOR RESPOSTA PONTOS PADRÃO DA RESPOSTA Resposta verbal (RV) Orientado 5 Sabe onde está, o que aconteceu, seu nome Confuso 4 Sem orientação, mas se comunica Palavras 3 Palavras isoladas incompreensíveis Sons 2 Somente sons, gemidos Nenhuma resposta 1 Não fala; não existe fator interferindo a fala Não testável NT Não fala devido à existência de fator que impede a fala INDICADOR RESPOSTA PONTOS PADRÃO DA RESPOSTA Resposta motora (RM) Obedece aos comandos 6 Obedece aos comandos Localiza 5 Dirige a mão em direção ao estimulo doloroso Flexão normal 4 Flexiona o braço rapidamente, mas não apresenta movimento anormal Flexão anormal 3 Flexiona os braços e os cotovelos, apresenta predominantemente movimento anormal (decorticação) Extensão 2 Extensão dos braços (descerebração) Nenhuma resposta 1 Não movimenta braços ou pernas; não existe fator interferindo a atividade motora Não testável NT Existência de fatores que impedem a atividade motora A utilização da ECG deve obedecer a recomendações para sua aplicação. A primeira regra a ser obedecida é pontuar sempre a melhor resposta apresentada pelo paciente. Quando sua condição impede a avaliação de determinado indicador, esse fator deve ser registrado com não testável (NT) juntamente com a pontuação obtida nos demais indicadores. Somar os valores dos três parâmetros: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora. O efeito de sedativos, curares, anestésicos, drogas e álcool interfere na resposta do paciente, prejudicando a avaliação. A presença destes fatores contraindica a aplicação da ECG. Na vigência de hipotensão e hipoxia, a avaliação do nível de consciência deverá ser realizada após a estabilização das condições do paciente. A pontuação na ECG varia de 3 a 15, sendo que os escores mais elevados indicam melhores condições do nível de consciência. A pontuação que indica o coma é ≤ 8; Na ECG, a redução de dois ou mais pontos significa que as condições do paciente estão se deteriorando, e uma redução de três ou mais pontos indica deterioração grave. Durante a avaliação das pupilas, devem ser observados e anotados: o diâmetro, a forma e a reação a luz O diâmetro pupilar é mantido pelo sistema nervoso autônomo, tendo o simpático a função de dilatação da pupila (midríase) e o parassimpático a função constrictora (miose). AVALIAÇÃO PUPILAR O exame das pupilas deve ser realizado observando-se o diâmetro, a simetria e a reação à luz. Na avaliação das pupilas, deve-se sempre comparar uma pupila com a outra. Inspeção A inspeção neurológica deve ser realizada nas posições de pé, sentado ou no leito; O enfermeiro deve procurar observar as posições, as expressões e os movimentos do paciente. O exame do equilíbrio O sinal de Romberg indica que há lesão no cordão posterior, sendo evidenciado quando, ao fechar os olhos, o paciente oscila e cai sem direção. Lesão cerebelar, o paciente balança e cai para o lado da lesão, com instabilidade do tronco. Lesão do sistema vestibular, ocorre queda para o lado da lesão após um período de latência, de relativa lentidão e de constância da direção do desvio, se não houver alteração na posição da cabeça. Em relação ao equilíbrio A astasia é a impossibilidade de se manter em pé. A abasia é a impossibilidade de andar. Equilíbrio dinâmico Solicitar ao paciente que caminhe normalmente e, depois, pé ante pé. A princípio, em marcha normal; depois, nas pontas dos pés; e, enfim, nos calcanhares, andar rapidamente, voltar rapidamente, ir para a frente e para trás. - Avaliar a marcha; - A todo e qualquer distúrbiode marcha dá-se o nome de disbasia. Tônus muscular O tônus pode ser considerado como o estado de tensão a que estão submetidos os músculos tanto em repouso (postura) quanto em movimento. Avaliação da função motora O exame do sistema motor inclui a avaliação do tônus e da força muscular. O tônus muscular é avaliado palpando-se grupos musculares tanto em repouso como em sua movimentação ativa. As alterações no tônus incluem flacidez, rigidez e espasticidade. Hipertonia / aumento do tônus muscular Hipotonia / diminuição do tônus muscular Ambas as condições devem ser registradas com a respectiva graduação: hipotonia leve, moderada ou acentuada. Força muscular A avaliação da função motora mede a força dos membros superiores e inferiores, com a finalidade de verificar a dependência ou independência do paciente para realizar atividades diárias. A técnica utilizada para a avaliação da força muscular depende do nível de consciência do paciente. Se estiver consciente, pede-se para que estenda os membros superiores (A), avaliando-se a capacidade do paciente de mantê-los estendidos contra a força da gravidade Pede-se para que o paciente aperte as mãos do avaliador: o aperto das mãos deverá ser forte, firme e igual de ambos os lados Nos membros inferiores, pede-se ao paciente que deite sobre a cama, estendendo e flexionando, bem como elevando e abaixando, um membro de cada vez. Deve-se, também, observar o modo de caminhar do paciente, os movimentos de balanço dos braços e a firmeza na deambulação. Nos pacientes inconscientes, é aplicado o estímulo doloroso e avaliada a resposta motora, considerando, principalmente, sinais de decorticação e de descerebração. O comprometimento da força é denominado de fraqueza ou paresia. A ausência de força é chamada de paralisia ou plegia. A hemiparesia consiste na diminuição da força muscular de metade do corpo, enquanto a hemiplegia é a paralisia de metade do corpo. A paraplegia é a ausência de força muscular dos membros inferiores, e a tetraplegia significa paralisia dos quatro membros. A descrição deve ser literal, anotando-se a graduação, o local e o movimento. Exemplo: força normal nos quatro membros ou força discretamente diminuída na extensão do braço direito, ou força moderadamente diminuída na flexão da perna esquerda. Avaliação da função sensitiva As sensações somáticas são classificadas segundo Guyton e Hall em três tipos fisiológicos: (1) sensações mecanorreceptivas que incluem as sensações de tato e posição do corpo (2) as sensações termorrecepitivas que detectam frio e calor (3) sensação a dor, ativada por qualquer fator que lesione o corpo. Durante o exame sensitivo, peça ao paciente para fechar os olhos. Pesquise a sensibilidade nos membros superiores, no tronco e nos membros inferiores, de maneira comparativa, relacionando um hemicorpo com o outro. Para testar a sensibilidade tátil do paciente, utiliza-se uma gaze ou algodão seco, comparando um lado do corpo com o outro. Para a sensibilidade à dor superficial, utiliza-se um objeto de ponta romba. Para a sensibilidade térmica, utilizam-se tubos de ensaio contendo água fria e água quente. A analgesia consiste na ausência de sensação de dor; A hipoalgesia, em diminuição da sensação de dor; e a hiperalgia, no aumento da sensação de dor. A anestesia é a ausência de sensibilidade, sendo utilizada com mais frequência para a perda da sensibilidade tátil; a hipoestesia é a diminuição da sensibilidade; e a hiperestesia, o aumento da sensibilidade. A parestesia constitui a sensação de formigamento ou adormecimento referida pelo paciente. Avaliação dos reflexos superficiais Reflexo é uma resposta do organismo a um estímulo de qualquer natureza. Arco reflexo patelar Reflexo cutâneo plantar. Reflexo cutâneo abdominal. Avaliação dos nervos cranianos Doze pares de nervos cranianos originam-se do encéfalo. A maioria deles liga-se ao tronco cerebral, excetuando-se apenas os nervos olfatório e óptico, que têm conexão com o cérebro. É necessário que o paciente esteja consciente e colaborativo, a fim de se verificar, de modo objetivo, as alterações das funções dos nervos cranianos Primeiro par de nervos cranianos: nervo olfatório Nervo sensitivo responsável pelo sentido da olfação. Durante o exame físico, devem-se observar possíveis obstruções das vias nasais, como, por exemplo: desvio de septo, fratura e presença de secreção. Com os olhos fechados, o paciente deve identificar odores familiares (café, cravo-da-Índia, limão, sabonete). Cada narina deve ser testada separadamente. Hiposmia é a redução da olfação e anosmia é a ausência da olfação. Segundo par de nervos cranianos: nervo óptico O nervo óptico é sensitivo, sendo responsável pela visão. O campo visual é constituído pelos campos nasal e temporal. A área do lado nasal é chamada campo visual nasal, e a área do lado lateral ou temporal é denominada campo visual temporal. Para avaliar o campo visual, o paciente deve cobrir um dos olhos, fixando seu olhar no nariz do examinador. Este, por sua vez, move o seu dedo na frente do paciente, do campo temporal ao campo nasal. O paciente deverá informar quando estiver visualizando o dedo do examinador. Aquele que não possui visão em metade do campo visual de cada olho apresenta uma hemianopsia (hemicegueira). Quando ocorre lesão do nervo óptico, haverá perda dos campos nasal e temporal, levando a amaurose (perda total da visão) do lado lesado. III, IV e VI pares de nervos cranianos: nervos oculomotor, troclear e abducente Os nervos oculomotor, troclear e abducente são responsáveis pelos movimentos dos olhos. Os distúrbios desses nervos podem provocar dilatação pupilar, com perda do reflexo luminoso hemilateral, alteração do movimento ocular, diplopia (visão dupla), paralisia do olhar, ptose palpebral (queda da pálpebra) e nistagmo (abalo rítmico do globo ocular). A lesão dos nervos oculomotor e abducente pode provocar estrabismo convergente e divergente (quando os dois olhos não se fixam no mesmo objeto). Para avaliar o motilidade ocular, pede-se ao paciente para seguir o dedo do examinador em movimento, para o lado, para cima e para baixo. Isso é feito com cada um dos olhos. Dessa forma, examinam-se os movimentos do globo ocular, os movimentos conjugados (movimentos simultâneos de ambos os olhos) e a presença de nistagmo (tremor do globo ocular). Com o uso de uma lanterna, testam-se os reflexos pupilares. Para testar o reflexo córneo-palpebral, deve-se encostar delicadamente uma gaze na superfície temporal de cada córnea, enquanto o paciente olha para cima. A resposta esperada é o piscar de olhos e o lacrimejamento. V par de nervos cranianos: nervo trigêmeo O nervo trigêmeo é um nervo misto, com raiz motora e sensitiva. A raiz sensitiva é formada por três ramos: oftálmico, maxilar e mandibular, os quais inervam todo o território da face. Para verificar a sensibilidade, o examinador deve instruir o paciente a fechar os olhos. Com uma gaze, toca a fronte do indivíduo, seu queixo e a face lateral do rosto, comparando sempre as duas metades do rosto. O paciente deve descrever que tipo de toque lhe está sendo feito. Para a realização do teste da função motora do nervo trigêmeo, o examinador deve pedir ao paciente para que abra a boca amplamente e, usando as mãos, deve tentar fechá-la. VII par de nervos cranianos: nervo facial O nervo facial desempenha as funções motora e sensitiva. O examinador avalia a simetria dos movimentos faciais enquanto o paciente sorri, assobia, franze as sobrancelhas e cerra as pálpebras. Testa-se, ainda, a diferenciação entre doce e salgado, examinando, dessa forma, a sensibilidade gustativa da língua. As lesõesdo nervo facial são caracterizadas por hemiparesia facial, desvio da comissura dos lábios para o lado contralateral e o não fechamento da pálpebra. VIII par de nervos cranianos: nervo vestibulococlear O nervo vestibulococlear tem duas porções distintas: a porção vestibular e a porção coclear. A primeira é responsável pela percepção consciente da posição da cabeça, do movimento e do equilíbrio. A segunda tem como função a sensibilidade auditiva. No exame da acuidade auditiva, deve-se cobrir um dos condutos auditivos e testar a audição por meio do som de um relógio, um sussurro ou estalar dos dedos. O paciente deve estar apto a ouvir o som e a fazer a sua diferenciação. A avaliação de equilíbrio deve ser feita da seguinte maneira: instruir o paciente para que fique de olhos fechados e em pé, com as pernas aproximadas, posicionando os braços e as mãos paralelamente ao corpo. A posição é mantida por 10 segundos, sem perder o equilíbrio. Logo em seguida, o paciente é orientado a assumir a posição normal para andar, unindo o calcanhar de um pé com o dedo do outro, e dar 10 passos. IX par de nervos cranianos: nervo glossofaríngeo O nervo glossofaríngeo é um nervo misto, e suas fibras distribuem-se principalmente para a língua e para a faringe. O paciente deve ser instruído para que abra a boca e diga “ah”. Observa-se a elevação e a contração do palato mole e da úvula. Avalia-se o reflexo de deglutição, percebendo sinais de disfagia. Recomenda-se anotar alguma dificuldade de fonação e articulação de palavras. X par de nervos cranianos: nervo vago O nervo vago é um nervo misto, com funções motoras, sensitivas, sensoriais e vegetativas. As fibras vegetativas são responsáveis pela inervação parassimpática de vísceras torácicas e abdominais. O examinador deve tocar a parte posterior da língua com um abaixador, ou estimular a faringe posterior para desencadear o reflexo de vômito. XI par de nervos cranianos: nervo acessório Este nervo possui fibras motoras que vão para os músculos esternocleidomastóideo e trapézio. O examinador deve avaliar a capacidade do paciente de encolher os ombros e de fazer rotação com a cabeça contra uma resistência imposta. Um desvio do queixo para baixo, contra a resistência, indica o lado paralisado. O exame deve ser feito em busca de atrofia muscular e queda de ombro. XII par de nervos cranianos: nervo hipoglosso O nervo hipoglosso inerva os músculos extrínsecos e intrínsecos da língua. A força da língua é testada pedindo-se ao paciente para que empurre sua ponta contra a bochecha, para ambos os lados, contra resistência do dedo do examinador. Deve-se observar a presença de desvio, atrofia ou tremores na protusão da língua. Os distúrbios e as manifestações mais frequentes são movimentos anormais da língua, paralisia e debilidade dos músculos da língua, bem como dificuldade para falar, mastigar e deglutir. Resumindo .... Anamnese neurológica ; Avaliação de nível de consciência; Avaliação de equilíbrio; Avaliação da função motora; Avaliação dos reflexos ; Avaliação dos nervos cranianos;
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