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FUNDEB - Trabalho

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FUNDEB
Criação
 O FUNDEB, Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, foi criado em 2006 com o intuito de substituir o antigo FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) e tem “data de validade”. Ele foi um acordo da união com a educação básica e se estenderá até 2020.
 Com vigência estabelecida para o período 2007-2020, sua implantação começou em 1º de janeiro de 2007, sendo plenamente concluída em 2009, quando o total de alunos matriculados na rede pública foi considerado na distribuição dos recursos e o percentual de contribuição dos estados, Distrito Federal e municípios para a formação do Fundo que atingiu o patamar de 20%.
 O programa do FUNDEB veio para substituir o FUNDEF, criado na gestão de Fernando Henrique Cardoso, que atendia apenas aos alunos do ensino fundamental. O FUNDEB será mais abrangente e atenderá aos estudantes do ensino básico. Mais da metade do dinheiro (60%) destina-se à remuneração dos professores.
 O restante é aplicado em outras despesas de manutenção e desenvolvimento da Educação Básica. Para fiscalizar a aplicação dos recursos, os municípios se organizam em conselhos.
Por que o FUNDEB?
 Para assegurar um mecanismo de financiamento que promova a inclusão sócio-educacional no âmbito de toda a educação básica.
Objetivo
 Com objetivo de atender apenas aos alunos do ensino fundamental o FUNDEB foi criado com o intuito de substituir o antigo FUNDEF, seria mais abrangente e atenderia aos estudantes do ensino básico. O programa deve beneficiar 47 milhões de alunos. Cerca de 60% dos recursos serão destinados a pagamentos de salário dos professores.
 Perceber que o FUNDEB como uma política pública de financiamento da política da educação capaz de:
- Reduzir a desigualdade;
- Valorizar os profissionais da educação;
- Contribuir para universalização da educação.
 Conhecer o histórico das demandas por educação gratuita da sociedade brasileira e os processos de oferta e financiamento da educação no país.
Distribuição dos recursos (entidades participantes)
 Os recursos do FUNDEB serão distribuídos entre o Distrito Federal, os Estados e seus Municípios, considerando-se exclusivamente as matrículas presenciais efetivas, nos respectivos âmbitos de atuação.
	Ente da federação
	Âmbito de atuação prioritária
	Estados e Distrito Federal
	Ensino Fundamental e Médio
	Municípios
	Ensino Fundamental e Educação Infantil
Diferenças entre o FUNDEF e o FUNDEB
 O FUNDEB terá duração de 14 anos, contra os 10 anos do FUNDEF, e, por um lado, amplia o espectro atendido para todos os alunos do Ensino Básico – Ensino Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos. Com isso, segundo o MEC, seriam atendidos 48 milhões de alunos em todos os níveis ao final do quarto ano de vigência do fundo.
 O projeto prevê, ainda, maior alocação de recursos ao aumentar de 15% (FUNDEF) para 20% a participação das fontes indicadas no projeto, além de incluir novas origens de recursos. A principal mudança do FUNDEB para o FUNDEF é que o primeiro cobre todas as matriculas da educação básica, desde a creche até o ensino médio.
 Na área da educação básica, a substituição do FUNDEF pelo FUNDEB constitui na estratégia prioritária dessa política. Além da efetiva universalização do atendimento do ensino fundamental, o FUNDEB permitirá a inclusão progressiva de todas as crianças em creches e pré-escolas, e fará ainda com que todos os jovens e adultos sem escolarização ou concluintes da educação fundamental possam também concluir o ensino médio.
 Como instrumento inclusivo, o FUNDEB estenderá os benefícios do antigo FUNDEF a todos os alunos e professores da educação básica, garantindo o acesso de toda população escolarizável a todos os níveis de educação básica. No geral, o FUNDEF se assemelha ao FUNDEB. A diferença reside basicamente no volume de recursos movimentados e aos níveis e modalidades de ensino determinantes da função redistributiva de um e outro fundo.
O FUNDEB e a não valorização do magistério
 A aprovação do Piso Nacional Salarial abre discussões em torno da valorização dos professores da educação básica. A não valorização salarial do magistério público não deveria ser uma questão de mercado, por dois motivos:
 Primeiro, porque a educação escolar de qualidade é um direito de todos e dever do Estado, do que deriva também o direito da população em contar com professores bem remunerados e, consequentemente, valorizados.
 Segundo, porque, dos 52 milhões de alunos, oficialmente matriculados na educação básica, 48 milhões frequentam escolas da rede pública – municipal, estadual e federal – o que impede um regime de concorrência entre elas e a rede privada.
FUNDEB: avanços e recuos (Opinião de Ivan Valente)
 Do ponto de vista contábil, mantém a mesma lógica do anterior, sendo constituído por 27 fundos estaduais, compostos de 20% de todos os impostos transferidos pela União para Estados e municípios e por aqueles arrecadados pelos Estados, excluindo somente os arrecadados pelos municípios.
 O novo fundo aprovado deveria ter sido analisado a partir de um olhar crítico sobre o modelo anterior. O FUNDEF representou a falta de compromisso da União com o financiamento da educação básica, restrito somente ao ensino fundamental regular, com uma participação irrisória, variando de 1% a 3% do total de recursos no fundo. Outro aspecto é que manteve um dos principais problemas educacionais: a desigualdade regional.
 Apesar de o FUNDEB trazer inovações importantes, como a unificação em um mesmo fundo de todo o ensino básico, os debates realizados em torno da PEC não modificaram duas questões essenciais do modelo de financiamento que orientou o antigo fundo.
 A primeira delas diz respeito ao regime de colaboração entre os entes federados para garantir uma política universalista de atendimento aos educandos. Atualmente, persiste a disputa entre os entes federados por recursos procurando atender somente as etapas de sua competência.
 A segunda é quanto ao papel da União. O ponto de partida não foi o quanto de aporte financeiro é indispensável para o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação (PNE). O eixo do debate deveria ser: quanto de recursos suplementares seria possível retirar do montante destinado a pagar juros e o principal da dívida pública e que poderiam ser disponibilizados para compor o novo fundo.
 A lógica de ajuste fiscal impediu um custo aluno/ano que assegurasse a qualidade no ensino público e a aprovação de imediato de um piso salarial nacional digno para quem trabalha com educação. Da mesma forma, inviabilizou que se estipulasse um limite de alunos por salas de aulas de acordo com cada etapa e modalidade de ensino, única forma de evitar o inchaço nas salas como expediente para obter mais recursos e demitir professores.
 O FUNDEB inicia sua vigência com um custo aluno/ano inferior ao que previa a lei regulamentadora do Fundef, aliás, descumprida tanto no governo atual como no anterior.
 Em 2005, o valor mínimo decretado para séries iniciais do ensino fundamental urbano ficou em R$ 620,56 por aluno/ano, enquanto o cálculo pelo critério legal levaria a R$ 945 por aluno/ano. Na proposta do FUNDEB, os valores girarão em torno de R$ 800 por aluno/ano. Ou seja, não foram corrigidos os erros do passado recente e nem houve equiparação aos valores que já estavam legalmente previstos. Não é possível falar em qualidade da educação nessas condições.
 Para nós, seria preciso retomar a visão de educação como elemento central de política de Estado, recuperando seu papel de indutora de outro modelo de desenvolvimento do país, por meio de um Sistema Nacional de Educação, planejado e ordenado em regime de colaboração entre a União, os Estados e os municípios, com os recursos públicos adequados. Na ausência desse sistema, o FUNDEB só se justifica e terá impacto na educação se houver um aumento substancialdas verbas para educação e a redefinição do papel da União no financiamento da educação básica, passando de coadjuvante a protagonista.
 Apresentamos um substitutivo que respondia minimamente a essa questão, prevendo um aporte da União, de imediato, equivalente a 10% do total de recursos depositados no fundo, utilizando as verbas constitucionais destinadas à educação nos Estados e municípios (25%), o que representaria 21 bilhões de reais nos quatro primeiros anos de vigência do FUNDEB. Pela proposta aprovada, no primeiro ano serão menos de 1 bilhão de recursos novos, que serão aumentados gradualmente.
 Vale destacar que o governo antecipou o pagamento ao FMI -de 15,5 bilhões de dólares, cerca de quatro vezes o montante de recursos novos previsto com o FUNDEB nos quatro primeiros anos (8,6 bilhões de reais).
 Para que a emenda constitucional tenha impacto real para enfrentar os desafios da educação básica, seria necessária uma virada na política econômica. Em vez de suprir o capital financeiro e os rentistas, os recursos públicos duramente economizados deveriam garantir acesso, permanência e qualidade no ensino e proporcionar esse direito a milhões de crianças e jovens brasileiros. Sem remover esses obstáculos, qualquer fundo não passa de socialização da miséria na educação.
Considerações finais
A natureza e a configuração do FUNDEF e do FUNDEB os caracterizaram como fundos de gestão. Num primeiro momento centralizam os recursos e os redistribuem na proporção do número de matrículas existentes nas respectivas redes de ensino. A estrutura dos mesmos não visa à ampliação dos recursos, mas à focalização na sua aplicação – o FUNDEF no Ensino Fundamental e o FUNDEB na educação básica. Portanto, não se trata de fundos canalizadores de novos recursos e sim de gerenciamento, cuja tarefa foi concedida à União que o criou e o gerencia. Esta medida é interpretada por alguns advogados e juízes como inconstitucional, por ferir os princípios do federalismo, no que concerne à intervenção da União na autonomia financeira dos estados e municípios, na aplicação dos seus recursos. 
Os estudos que avaliaram impactos do FUNDEF na educação de estados e municípios evidenciaram que houve: redução das disparidades no gasto-aluno, mas somente no âmbito dos estados; redistribuição de recursos que beneficiou aos municípios, possibilitando a expansão das matrículas no Ensino Fundamental, porém sem universalizá-la (VERHINE, 2003; SOUZA, 2003; GEMAQUE, 2004). Entretanto foi constatado que as disparidades no gasto-aluno entre os estados estavam sendo ampliadas. Apesar da expansão das matrículas e do fluxo de recursos entre as redes de ensino estadual e municipal, as condições de ensino e a valorização do magistério não foram alteradas significativamente. Uma das principais razões para esse resultado foi a de que a participação da União no combate às desigualdades educacionais, por meio do Fundo, não correspondeu às necessidades e expectativas, tanto por descumprir a lei quanto pela ausência de novos aportes de recursos para a educação (GEMAQUE, 2004).
Em relação ao FUNDEF concluímos que o limite em assegurar o direito à educação passa tanto pela insuficiência do montante de recursos financeiros disponibilizados quanto pela focalização dos recursos em apenas uma etapa da educação básica. Isso resultou na exclusão de milhões de crianças e jovens desse direito.
No que concerne ao FUNDEB avaliamos que apresenta alguns avanços em relação ao Fundef no que concerne à ampliação do atendimento para toda educação básica; ao aumento do gasto-aluno ano; e, ao aumento de recursos financeiros advindos da União. Todavia, o limite em assegurar o direito à educação passa também pelo quantitativo de recursos disponibilizados.
Estudiosos da área do financiamento da educação têm insistido na proposta de que a garantia do direito de todos à educação, considerando as demandas e complexidade dos problemas, demanda gastos correspondentes a 10% do PIB. Atualmente, os gastos com educação não atingem 5%.
Desta feita, considerando que a política de fundos na educação não consiste na ampliação dos recursos financeiros, avaliamos que essa estratégia apenas ameniza os problemas educacionais nos locais de muita pobreza, mas não os resolve. A magnitude dos recursos mobilizados nos fundos estaduais é definida pela capacidade fiscal dos mesmos e a complementação financeira da União não é o bastante, embora amenize o problema. O combate às desigualdades educacionais requer muito mais que “suplementos”, uma vez que demanda a implementação de políticas consistentes que visem à descentralização do capital/riqueza dos grandes centros para os estados/municípios pobres, e a revisão dos critérios de coleta e distribuição de impostos, acompanhados de políticas capazes de reconstruir as bases sobre as quais se assentam as relações intergovernamentais, para qual o papel do estado é fundamental.
Referências bibliográficas
http://seer.bce.unb.br/index.php/SER_Social/article/viewFile/6355/5164
http://revistaescolapublica.uol.com.br/textos/18/por-dentro-do-fundeb-246407-1.asp
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0902200610.htm

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