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Nota de aula - Agravo em execução

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Curso: Direito
Disciplina: Prática Simulada Penal
Professora: Isabelle Lucena
isabellelucenadv@gmail.com
AGRAVO EM EXECUÇÃO
· Cabimento
O Agravo em Execução Penal, disposto no artigo 197 da LEP (Lei de Execução Penal) consiste em uma forma de recurso utilizado na impugnação de toda e qualquer decisão, despacho ou sentença prolatada pelo juiz da vara da execução criminal, que de alguma forma prejudique as partes principais envolvidas no processo.
· Prazo
STF. SÚMULA 700 - É DE CINCO DIAS O PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO CONTRA DECISÃO DO JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL.
Jurisprudência
Advogado: “(...) A partir do momento em que o Supremo Tribunal, na Questão de Ordem nº 11 da AP nº 470, entendeu que cabia ao Supremo a execução penal de seus julgados, artigo 102, I, m, da Constituição, e delegou apenas parcialmente a competência para a execução penal, restaram na mão do eminente Relator várias decisões durante a execução penal observada a Lei de Execução Penal. Ele atua então na condição de juiz da execução penal, e, nesta condição, o artigo 197 da Lei Federal nº 7.210, que é a Lei de Execução Penal, diz que, contra as decisões do juiz da execução, cabe agravo em execução penal, que este Supremo Tribunal Federal, interpretando na sua Súmula nº 700, disse que era no prazo de cinco dias e devia ser adotada a mesma sistemática do recurso em sentido estrito. Logo, como recurso ordinário criminal, entende a defesa que cabe ao Tribunal, assim como mandou distribuir as primeiras 23 execuções penais no Supremo, que o Regimento não previa, deve também receber como agravo em execução penal o recurso ora formulado, e não como mero agravo regimental, para assegurar ao agravante o direito à sustentação oral. É esta a questão de ordem que se coloca no momento.
Relator Ministro Luís Roberto Barroso: "Presidente, esta alegação, portanto, do ilustre advogado, é de que o agravo seria um agravo em execução penal com base no artigo 197 da Lei de Execução Penal, que é o dispositivo que prevê que da decisão do juiz da vara de execução penal cabe recurso para o tribunal mediante agravo. O argumento é engenhoso, mas, de certa forma, já foi inclusive rejeitado pelo Plenário do Supremo no julgamento da Ação Penal 470, quando o Supremo entendeu que a impugnação de decisão do Relator desafiava agravo regimental e que consequentemente não há direto à sustentação. [EP 12 ProgReg-AgR, rel. min. Roberto Barroso, P, j. 8-4-2015, DJE 111 de 11-6-2015.]
Requisitos para calcular os benefícios previstos na LEP:
Requisito objetivo + Requisito subjetivo
Fração/porcentagem prevista em lei
Comportamento do preso constante na certidão carcerária (classificação de comportamento)
Obs: Os dois requisitos são cumulativos.
Para os crimes praticados antes da Lei nº 13.964, de 2019 – Anticrime.
Lembrar da Teoria da atividade, art. 4 do CP.
· Progressão de Regime 
Crime comum – 1/6 art.112 da Lei 7.210/84 (LEP)
Crime hediondo – 2/5 (primário) 3/5 (reincidente) art.2º §2 da Lei 8.072/90 (Crimes hediondos)
Cálculo (CC)
Penal total (regime fechado) x requisito obj. + requisito sub. = Pena total x 1/6 (requisito obj.) = xx anos (regime semiaberto)
Cálculo (CH)
Primário - Penal total (regime fechado) x requisito obj. + requisito sub. = Pena total x 2/5 (requisito obj.) = xx anos (regime semiaberto)
OU 
Reincidente (GENÉRICA) - Penal total (regime fechado) x requisito obj. + requisito sub = Pena total x 3/5 (requisito obj.) = xx anos (regime semiaberto)
Obs: em todos deve-se observar o requisito subjetivo (comportamento carcerário).
· Livramento condicional 
Crime comum – 1/3 (primário) ½ (reincidente) art.83 I e II do CP/art.113 da LEP
Crime hediondo – 2/3 (primário) art.83 V do CP, se reincidente específico, não haverá o benefício.
Obs: se o assistido for reincidente em crime hediondo, ele não terá direito ao Livramento condicional. 
Cálculo (CC)
Primário - Penal total (regime fechado) x requisito obj. + requisito sub. = Pena total x 1/3 (requisito obj.) = xx anos (regime semiaberto)
OU 
Reincidente (ESPECÍFICA) - Penal total (regime fechado) x requisito obj. + requisito sub. = Pena total x 1/2 (requisito obj.) = xx anos (regime semiaberto)
Cálculo (CH)
Penal total (regime fechado) x requisito obj. + requisito sub. = Pena total x 2/3 (requisito obj.) = xx anos (regime semiaberto)
Obs: nesse caso, o réu não poderá ser reincidente em crime específico da lei de crimes hediondos, caso contrário, não terá direito ao benefício. 
Para os crimes praticados depois da Lei nº 13.964, de 2019 – Anticrime.
Lembrar da Teoria da atividade, art. 4 do CP.
· Progressão de Regime
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: 
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; 
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; 
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; 
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; 
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: 
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; 
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou 
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; 
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; 
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional. 
· Livramento condicional 
Permanece as mesmas regras!
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL
João foi condenado definitivamente pela prática do crime de lesão corporal seguida de morte, sendo-lhe aplicada a pena de 06 anos de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado, em razão das circunstâncias do fato. Após cumprir 01 ano da pena aplicada, João foi beneficiado com progressão para o regime semiaberto. Na unidade penitenciária, o apenado trabalhava internamente em busca da remição. Durante o cumprimento da pena nesse regime, veio a ser encontrado escondido em seu colchão um aparelho de telefonia celular. O diretor do estabelecimento penitenciário, ao tomar conhecimento do fato por meio dos agentes penitenciários, de imediato reconheceu na ficha do preso a prática de falta grave, apenas afirmando que a conduta narrada pelos agentes, e que teria sido praticada por João, se adequava ao Art. 50, inciso VII, da Lei nº 7.210/84.  O reconhecimento da falta pelo diretor foi comunicado ao Ministério Público, que apresentou promoção ao juízo da Vara de Execuções Penais do Ceará, juízo este competente, requerendo a perda de benefícios da execução por parte do apenado. O juiz competente, analisando o requerimento do Ministério Público, decidiu que, “considerando a falta grave reconhecida pelo diretor da unidade, impõe-se:
a) a regressão do regime de cumprimento de pena para o fechado;
c) reinício da contagem do prazo de livramento condicional;
Ao ser intimado do teor da decisão, em 15 de julho de 2021, João entra em contato, de imediato, com você, na condição de advogado(a), esclarecendo que nunca fora ouvido sobre a aplicação da falta grave, apenas tendo conhecimento de que a Defensoria se manifestou no processo de execução após o requerimento do Ministério Público. Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de João,redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES
	
	
	
MODELO DE ESTRUTURA
1ª FOLHA
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___Vara de Execuções Penais da Comarca xxxx.
espaço)
Execução penal nº xxxxxx
(espaço)
JOÃO, já qualificado nos autos em epígrafe, atualmente recolhido no presídio estadual XXXX, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosa e tempestivamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a r. Decisão de fls. XX, interpor AGRAVO EM EXECUÇÃO com fulcro no artigo 197 da Lei 7.210/84. 
Requer o agravante que seja recebido e processado o presente agravo, já com as inclusas razões, para que possa Vossa Excelência retratar-se, caso entenda. Na eventualidade da manutenção de seu "decisum", após a oitiva do ilustre representante do Ministério Público, requer que seja encaminhado o recurso ao Egrégio Tribunal de Justiça de xxxxx.
Nesses Termos, 
Pede Deferimento.
Local, dia de mês de ano.
Assinatura do Advogado
Nome do Advogado
OAB/UF nº xxxxx.
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2ª FOLHA
EXC. SR. DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO XXXXXX.
RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO
AGRAVANTE: JOÃO.
EXECUÇÃO PENAL Nº: xxxxxxxxxxxxxx
Egrégio Tribunal de Justiça, 
Colenda Câmara, Douta Procuradoria, 
Em que pese o ilibado saber jurídico do MM juízo a quo, a respeitável decisão de fls. __ não merece prosperar, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:Em que pese o indiscutível saber jurídico do MM. juiz "a quo", impõe-se a reforma de respeitável sentença que pronunciou o Recorrente, pelas seguintes razões de fato e fundamentos a seguir expostas:
1. SÍNTESE DOS FATOS
O agravante resta condenado à pena de...
2. FUNDAMENTOS
Determinar todos os fundamentos pertinentes à causa.
3. PEDIDOS
Ante o exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso, sendo devidamente concedida a unificação de penas nos termos acima, como medida da mais pura e lídima justiça.
Nestes termos,
Pede deferimento. 
Local, dia de mês de ano.
Assinatura do Advogado
Nome do Advogado 
OAB/UF nº xxxxx.

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