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Detração Penal e os efeitos da lei 12736/12

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0 
 
 FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, GERENCIAIS E 
EDUCAÇÃO DE SINOP – CAMPUS INDUSTRIAL 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
JHONATHAN ANTUNES PAULUK 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DETRAÇÃO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SINOP –(MT) 
2014 
1 
 
 
 
 
JHONATHAN ANTUNES PAULUK 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DETRAÇÃO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Disciplina de Trabalho de 
Conclusão de Curso do Curso de Direito da Faculdade 
de Ciências Juridicas Aplicadas de Sinop, como 
exigência parcial para a obtenção de nota. 
 
Docente Prof.: Felipe Matheus de F. Guerra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SINOP – MT 
2014 
2 
 
 
 
 
JHONATHAN ANTUNES PAULUK 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DETRAÇÃO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Prof. Examinador:___________________________________________________ 
 
 
Prof. Examinador:___________________________________________________ 
 
 
Prof. Examinador:___________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
SINOP-MT 01/11/2014 
3 
 
ATESTADO DE ÉTICA 
 
 
Eu, Jhonathan Antunes Pauluk, atesto para os devidos fins que os dados e 
informações constantes neste trabalho intitulado: Detração Penal, são verídicos segundo as 
fontes utilizadas e originais segundo a abordagem e tratamento dado aos mesmos por mim, e 
que a obra em suas partes constituintes e no seu todo são de minha autoria. Assim, eximo de 
qualquer responsabilidade o professor orientador, o Coordenador de Monografia, o 
Coordenador do curso de Direito e os demais participantes da Banca de Defesa de autoria e de 
veracidade dos dados e informações apresentadas que possam existir neste trabalho. 
 
 
Sinop, 01 de novembro de 2014. 
 
 
________________________________________________________________ 
Jhonathan Antunes Pauluk 
 
 
DETRAÇÃO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICO a Deus que em momento de incertezas, 
sempre esteve ao meu lado dando-me forças para que eu 
chegasse até o fim e a todos que, de alguma forma, 
contribuíram para a conclusão do presente trabalho. 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus, que em sua bondade sempre esteve ao meu lado. 
 
Agradeço também a todos que, de alguma forma, contribuíram para a conclusão do presente 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, 
lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram 
conquistadas do que parecia impossível”. 
 
Charles Chaplin 
http://pensador.uol.com.br/autor/charles_chaplin/
7 
 
RESUMO 
 
 
PAULUK, Jhonathan Antunes. Detração Penal. 2014. Monografia (Graduação) – Faculdade 
de Ciências Jurídicas, Gerenciais e Educação de Sinop. 
 
 
Este trabalho tem por objetivo expor alguns detalhes, acerca da detração penal antes e após o 
advento da lei 12.736/2012, fixando fundamentos, características, requisitos, modalidades, 
bem como divergências controvérsias, no que diz respeito à inovação legislativa. Analisado 
tais objetivos, buscou-se um estudo de alguns casos práticos, buscando visualizar a aplicação 
prática do instituto, bem como sua importância para o direito penal. 
 
Palavras-chave: Detração penal; prisões; computo da detração penal com a inovação 
legislativa, novo momento para o reconhecimento da detração penal com advento da lei 
12.736/2012; progressão de regime com o advento da lei 12.736/2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
RESUMEN 
 
 
PAULUK, Jhonathan Antunes. Detracción penal . 2014 Monografía (Graduación) - Facultad 
de Ciencias Jurídicas, Gestión y Educación de Sinop. 
 
 
Este trabajo tiene el objetivo de exponer algunos detalles sobre la detracción penal antes y 
después de la llegada de la ley 12.736/2012, la demonstración de conceptos básicos, sus 
características, requisitos, modalidades, diferencias, puntos en contra y sobre innovación 
legislativa. Analizado estos objetivos, se buscó el estudio de algunos casos prácticos, tratando 
de señalar donde se aplica esto en la práctica del instituto, así como también su importancia 
para el derecho penal. 
 
Palabras clave: detracción penal; cálculo de la detracción penal con la innovación legislativa; 
nuevo momento para el reconocimiento de la detracción penal con la llegada de la ley 
12736/2012; progresión de la penas con la llegada de la Ley 12736/2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................10 
 
1 –DAS PRISÕES..............................................................................................................................11 
1.1 Prisão Definitiva...................................................................................................................12 
1.2 Prisão Provisória..................................................................................................................12 
1.2.1 - Prisão em Flagrante...................................................................................................13 
1.2.2 - Prisão Temporária....................................................................................................16 
1.2.3 - Prisão Preventiva......................................................................................................18 
 
2 – DETRAÇÃO PENAL.................................................................................................................24 
2.1 – Conceito de Detração Penal...........................................................................................24 
2.2 – Prisão Provisória e Detração Penal..............................................................................26 
2.3 - Cômputo da Prisão Provisória na Medida de Segurança........................................27 
2.4 - Cômputo da Pena de Multa............................................................................................28 
 
3 – INOVAÇÕES DA LEI 12.736/2012........................................................................................29 
3.1 – Finalidade da Inovação Legislativa..............................................................................30 
3.2 - Momento para o Reconhecimento da Detração Penal Com Advento da Lei 
12.736/2012..........................................................................................................................................32 
3.3 - Progressão de Regime com o Advento da lei 12.736/2012.......................................34 
3.4 – Questão controversa: detração ou progressão de regime.......................................42 
3.5 – Competência do Juízo da Execução Penal..................................................................46 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................49 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................50 
 
 
 
 
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562912
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562913
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562914
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562914
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562914
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562914http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562918
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562919
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562920
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562923
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562924
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562924
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562926
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562929
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5961#_Toc276562930
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O presente estudo tem como objetivo analisar a sistemática da detração penal, 
bem como a repercussão trazida pela inovação legislativa da Lei 12.736/2012, que 
acrescentou o §2º no artigo 387 do Código de Processo Penal. 
A Lei 12.736/2012 modificou o momento para a aplicação da Detração Penal, ou 
seja, deixou de ser instituto exclusivo do Juízo da Execução Penal e passou a integrar fase da 
prolação da sentença pelo Juízo da formação da culpa. 
O verdadeiro motivo para a alteração desta lei foi o de impedir perpetuação de 
prisão desnecessária, adiantando o momento da detração para estabelecer regime inicial mais 
brando. Antes, teria que aguardar a formulação do executivo criminal para, após, solicitar a 
detração e progressão. 
A nova lei reviu o momento para a aplicação da detração penal, permitindo ao 
Juízo do processo de conhecimento (formação da culpa), quando da prolação da sentença, o 
cômputo da detração penal para estabelecer o regime inicial de cumprimento. Noutras 
palavras o tempo de prisão provisória passa a ser descontado para a fixação do regime inicial 
de cumprimento de pena. 
Alem disso, a nova legislação trouxe consigo algumas controvérsias, as quais diz 
respeitos sobre entendimentos que o juiz sentenciante ao proferir a sentença faça o computo 
da detração penal, e após feito esse computo, faça uma analise acerca da possibilidade do 
condenado progredir de regime. 
Esse trabalho justifica-se com o interesse pelo tema em razão ao fato de que 
anteriormente da entrada em vigor da lei verificou-se uma grande divergência no mundo 
jurídico em relação ao tema, uns prós e outros contra. 
De forma que, um estudo aprofundado em relação ao tema, mostra-se necessário, 
de modo que contribui com os interesses jurídicos, tendo em vista o objetivo de ver o assunto 
harmonizado. 
Por subsequente, faz um estudo para verificar-se se a referida lei em estudo trouxe 
melhoras ou pioras ao condenado, estudo esse que será confirmado ao final do trabalho. 
Partindo desta premissa, será feito um estudo acerca dos benefícios e malefícios 
que trouxe a lei, bem como será abordado alguns posicionamentos doutrinários e 
jurisprudências acerca do tema. 
11 
 
Outrossim, o objetivo especifico deste trabalho, é verificar a aplicabilidade da lei 
12.736 de 30 de novembro de 2012 se a lei vem trazendo benefícios ao usuário da mesma. 
Por fim, a opção pelo tema deve-se a necessidade de trazer a lume a amplitude da 
referida Lei, seus avanços e retrocessos, além de suas controvérsias, inclusive abordando 
entendimentos jurisprudenciais e doutrinários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
1 – DAS PRIÕES 
 
 
 
Historicamente, com o desenvolvimento da sociedade foram surgindo situações 
em que algumas atitudes injustas praticadas por alguns, prejudicava os demais. Assim para a 
proteção desses demais, houve a necessidade de imposição de regras rigorosas, a qual a prisão 
foi uma dessas regras que, em que pese privar a liberdade do cidadão, é um mal necessário. 
As prisões consistem em um “castigo” imposto pelo Estado àqueles que 
infringirem as normas penais, ou seja, àquele que comete crimes, será preso em 
estabelecimento prisional de segurança máxima, ou terá sua liberdade limitada em colônias 
agrícolas ou casas de albergues. 
Conceitua objetivamente, Guilherme de Souza Nucci acerca da prisão, em seu 
Manual de Processo Penal, veja: 
 
É a privação da liberdade, tolhendo-se o direito de ir e vir, através do recolhimento 
da pessoa humana ao cárcere. Não se distingue, nesse conceito, a prisão provisória, 
enquanto se aguarda o deslinde da instrução criminal, daquela que resulta de 
cumprimento de pena. Enquanto o código penal regula a prisão proveniente de 
condenação, estabelecendo as suas espécies, formas de cumprimento e regimes de 
abrigo do condenado, o código de processo penal cuida da prisão cautelar e 
provisória, destinada unicamente a vigorar, quando necessário, até o transito em 
julgado da decisão condenatória. (NUCCI, 2011, p. 575). 
 
 
Ainda, no mesmo sentido, Mirabete faz o seguinte comentário acerca do tema, 
veja: 
 
A prisão, em sentido jurídico, é a privação da liberdade de comoção, ou seja, do 
direito de ir e vir, por motivo ilícito ou por ordem legal. Entretanto, o termo tem 
significados variados no direito pátrio, pois pode significar a pena privativa de 
liberdade - prisão simples para o autor de contravenções; prisão para crimes 
militares alem do sinônimo de reclusão e detenção -, o ato da captura - prisão em 
flagrante ou em cumprimento de mandado - e a custodia - recolhimento da pessoa ao 
cárcere -. (MIRABETE, 2004, p.359). 
 
 
A prisão possui algumas modalidades, quais seja prisão definitiva, é aquela que é 
imposta com o transito em julgado da sentença penal condenatória, e a prisão processual (sem 
pena), que decorre das modalidades, a saber: a) prisão temporária; b) prisão em flagrante; c) 
prisão preventiva, as quais veremos a seguir. 
 
13 
 
1.1 - Prisão Definitiva 
 
A prisão definitiva consiste na prisão decorrente depois da sentença penal 
condenatória, ou seja, a prisão decorrente de sentença transitada em julgado. 
Exemplificando, um sujeito é processado por trafico internacional de 
entorpecentes, ao final da instrução processual é condenado a 09 (cinco) anos de reclusão em 
regime inicial fechado, e, iniciando sua pena no dia seguinte à sentença. Esse inicio da pena é 
a pena definitiva, ou seja, é a pena que visa a finalidade executória do Ente Estatal. 
 
1.2 – Prisão Provisória 
 
Conforme relatado acima, a prisão consiste em restringir a liberdade de ir e vir de 
alguém, em razão de ter o agente praticado algum deslinde criminal proibido pelo direito 
penal. 
Quando falamos de prisão podemos afirmar que a mesma possui duas 
modalidades, a prisão definitiva, já abordada em tópico retro, e a prisão provisória também 
chamada de prisão processual, cautelar, ou prisão sem pena. 
A privação da liberdade do agente na prisão provisória ocorre antes do transito em 
julgado da sentença penal condenatória, ou seja, o agente infrator fica preso provisoriamente 
antes que o juiz profira sua sentença. 
Silva (2009) apud Duclerc (2006) relata que: 
 
As prisões processuais ou provisórias são mecanismos que permitem restringir o 
estado original de liberdade do indivíduo, por isso, só poderão ter lugar em situações 
excepcionais, quando e enquanto forem estritamente necessárias para garantir o 
resultado útil da medida principal, ou seja, o processo penal de conhecimento”. 
(disponível em http://www.unibrasil.com.br/arquivos/direito/20092/marcelo-tavares-
gumy-silva.pdf, acesso em 06/10/2014 às 08:45 hs). 
 
Ainda, nesse mesmo sentido conceitua Fernando Capez, acerca do assunto, veja. 
 
Trata-se de prisão de natureza puramente processual, imposta com finalidade 
cautelar, destinada a assegurar o bom desempenho da investigação criminal, do 
processo penal ou da futura execução da pena, ou ainda a impedir que, solto, o 
sujeito continue praticando delitos. É imposta apenas para garantir que o processo 
atinja seus fins (2012, p. 301). 
14 
 
Nossa Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso LVII, que “ninguém será 
considerado culpado até o transito em julgado da sentença penal condenatória”,o chamado 
princípio da presunção de inocência. 
Porem, esse referido princípio constitucional, não proíbe que o acusado seja preso 
antes do transito em julgado da sentença penal condenatória, eis que em seu artigo 5º, inciso, 
LXI, prevê que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou 
crime propriamente militar, definidos em lei”. 
A prisão processual ou prisão cautelar decorre de três modalidades, a saber: a) 
prisão temporária; b) prisão em flagrante; e c) prisão preventiva; as quais trataremos uma a 
uma em tópicos separados. 
 
1.2.1 – Prisão em Flagrante 
 
Essa modalidade de prisão decorre de umas das modalidades de prisão provisória, 
ou seja, uma modalidade de prisão que ocorre antes do transito em julgado da sentença penal 
condenatória. 
A Prisão em Flagrante é a prisão do que esta sendo cometido ou acaba de ser. Se 
nas outras modalidades de é necessário uma ordem emanada do judiciário para a decretação 
da prisão de alguém, na prisão em flagrante, independe de ordem judicial para segregar a 
liberdade de alguém. 
A prisão em flagrante ocorre no momento em que um agente esta praticando ou 
acabou de praticar uma conduta criminosa, é surpreendido por qualquer pessoa que realiza sua 
captura. 
Importante ressaltar que, a prisão em flagrante pode ser feita por qualquer pessoa 
que flagre alguém cometendo alguma conduta criminosa, conforme disciplina o Código de 
Processo Penal, em seu artigo 301, “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus 
agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”. 
Nas palavras de Guilherme de Souza Nucci, prisão em flagrante conceitua-se 
como: 
 
Flagrante significa o manifesto ou evidente e o ato que se pode observar no exato 
momento de sua ocorrência. Nesse sentido, pois, prisão em flagrante é a modalidade 
de prisão cautelar, de natureza administrativa, realizada no instante em que se 
desenvolve ou termina de se concluir a infração penal (crime ou contravenção 
penal). Autoriza-se essa modalidade de prisão, inclusive na Constituição Federal 
15 
 
(art. 5.º, LXI), sem a expedição de mandado de prisão pela autoridade judiciária, 
demonstrando o seu caráter administrativo, pois seria incompreensível e ilógico que 
qualquer pessoa – autoridade policial ou não – visse um crime desenvolvendo-se à 
sua frente e não pudesse deter o autor de imediato. O fundamento da prisão em 
flagrante é justamente poder ser constatada a ocorrência do delito de maneira 
manifesta e evidente, sendo desnecessária, para a finalidade cautelar e provisória da 
prisão, a análise de um juiz de direito. Por outro lado, assegura-se, prontamente, a 
colheita de provas da materialidade e da autoria, o que também é salutar para a 
verdade real, almejada pelo processo penal. Certamente, o realizador da prisão fica 
por ela responsável, podendo responder pelo abuso porventura cometido. De outra 
parte, essa prisão, realizada sem mandado, está sujeita à avaliação imediata do 
magistrado, que poderá relaxá-la, quando vislumbrar ilegalidade (art. 5.º, LXV, CF). 
Ressalte-se, no entanto, que, analisada e mantida pelo juiz, por meio da conversão 
em preventiva, passa a ter conteúdo jurisdicional. Seu responsável (e autoridade 
coatora) é o magistrado – e não mais o delegado, que lavrou o auto de prisão em 
flagrante. (2014, p. 1035). 
 
 
Na doutrina, no que diz respeito à natureza jurídica da prisão em flagrante, não é 
pacifica, eis que para alguns autores sustentam a tese de que a prisão em flagrante tem 
natureza administrativa, e para outros, a prisão tem natureza acautelatória, como da 
preventiva, e por fim, há quem diga que a prisão em flagrante tem natureza mista, ou seja, 
quando diz respeito à prisão (captura) é de ordem administrativa, e a outra, é de natureza 
processual, a partir do momento em que se faz a comunicação ao juiz. 
Para Nucci a prisão em flagrante tem natureza meramente administrativa, 
conforme ensina em sua obra, veja: 
 
É medida cautelar de segregação provisória, com caráter administrativo, do autor da 
infração penal. Assim, exige apenas a aparência da tipicidade, não se exigindo 
nenhuma valoração sobre a ilicitude e a culpabilidade, outros requisitos para a 
configuração do crime. É o fumus boni juris (fumaça do bom direito). Tem, 
inicialmente, natureza administrativa, pois o auto de prisão em flagrante, 
formalizador da detenção, é realizado pela Polícia Judiciária, mas se torna 
jurisdicional, quando o juiz, tomando conhecimento dela, ao invés de relaxá-la, 
prefere mantê-la, pois considerada legal, convertendo-a em preventiva. Tanto assim 
que, havendo a prisão em flagrante, sem a formalização do auto pela polícia, que 
recebe o preso em suas dependências, cabe a impetração de habeas corpus contra a 
autoridade policial, perante o juiz de direito. Se o magistrado a confirmar, no 
entanto, sendo ela ilegal, torna-se a autoridade coatora e o habeas corpus deve ser 
impetrado no Tribunal. (2014, p. 1036). 
 
 
Para considerar que um agente esta em flagrante delito, é necessário levar em 
considerações os incisos do artigo 302 do Código de Processo Penal, “I) esta cometendo a 
infração penal; II) acaba de cometê-la; III) é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo 
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser o autor da infração; e, IV) 
é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papeis que façam presumir 
ser ele o autor da infração”. 
16 
 
Para exata compreensão, veja o Artigo 302 do Código de Processo Penal 
transcrito, in verbis: 
 
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
I – Esta cometendo a infração penal; 
II – Acaba de cometê-la; 
III – É perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer 
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; 
IV – É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papeis que 
façam presumir ser ele o autor da infração; 
 
 
A partir desses incisos é possível retirar algumas espécies de flagrante, como as 
modalidades de flagrante próprio ou perfeito, flagrante impróprio ou imperfeito e flagrante 
presumido ou ficto. 
O flagrante próprio ou perfeito (inciso I e II), no caso do inciso I, o mesmo ocorre 
quando o agente é surpreendido no exato momento em que esta cometendo a infração penal, 
já no caso do inciso II, o mesmo ocorre quando o agente já terminou, concluiu a infração 
criminosa e é surpreendido por alguém em situação que faça presumir ser ele o autor da ação. 
O flagrante impróprio ou imperfeito (inciso III), ocorre quando o agente infrator já 
concluiu a infração e é perseguido pela policia, vitima ou qualquer pessoa, conforme diz o 
inciso. Lembrando que é valido somente na situação, evidentemente, que faça presumir ser o 
perseguido autor do ato delituoso. Ademais, vale destacar, que a perseguição tem que ser 
imediata e ininterrupta. 
O flagrante presumido ou ficto (inciso IV), ocorre quando logo depois da pratica 
do crime, sem perseguição, o agente é encontrado com produtos que evidenciam ser ele o 
autor do ato delituoso, como por exemplo, armas, papeis, objetos, etc., tudo fazendo presumir 
ser o agente o autor da ação. 
A única diferença do flagrante presumido para o flagrante impróprio, é que 
naquele não temos a perseguição do agente. 
Alem dessas modalidades temos também o flagrante preparado, que ocorre 
quando o agente “infrator” é induzido a cometer o ato delituoso e acaba por esta ação sendo 
preso em flagrante delito. 
Esta modalidade de flagrante trata-se de crime impossível, pois o agente 
provocador do flagrante age em contradição, eis que não deveria provocar um crime e sim 
evitar que o crime seja praticado. 
17 
 
Ademais, o Supremo Tribunal Federal, consolidou o entendimento em sua súmula 
145 que, “não há crimequando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação”. Portanto, essa modalidade de flagrante torna a prisão ilegal. 
 
1.2.2 – Prisão Temporária 
 
 A Prisão Temporária, diferente das outras modalidades de prisão temporária, que 
são tratadas diretamente pelo Código de Processo Penal, esta é prevista por lei especial, qual 
seja, a lei 7.960/89. 
Essa modalidade de prisão aplicasse a casos especiais, como assegurar que uma 
investigação policial seja eficaz, e terá sua duração por prazo de 05 (cinco) dias, quando tratar 
de crime comum e de 30 (trinta) dias quando tratar-se de crimes hediondos, ambas poderão 
ser prorrogadas por igual período caso haja necessidade. 
Guilherme de Souza Nucci conceitua prisão temporária, como: 
 
É uma modalidade de prisão cautelar, cuja finalidade é assegurar uma eficaz 
investigação policial, cuja finalidade é assegurar uma eficaz investigação policial, 
quando se tratar de apuração de infração penal de natureza grave. Esta prevista na 
Lei 7.960/89 e foi idealizada para substituir, legalmente, a antiga prisão para 
averiguação, que a policia judiciária estava habituada a realizar, justamente para 
auxiliar nas suas investigações. A partir da edição da Constituição de 1988, quando 
se mencionou, expressamente que somente a autoridade judiciária, por ordem escrita 
e fundamentada, esta autorizada a expedir decreto de prisão contra alguém, não mais 
se viu livre para fazê-lo a autoridade policial, devendo solicitar a segregação de um 
suspeito ao juiz. (2011, p. 586). 
 
 
A prisão temporária autoriza que o acusado fique preso provisoriamente nos 
seguintes casos: I) “quando imprescindível para as investigações do inquérito policial”; e, II) 
“quando o indiciado não possuir residência fixa ou não fornecer elementos necessários para o 
esclarecimento de sua identidade”. Vale ressaltar que essas possibilidades vêm dispostas no 
artigo 1º, incisos I e II da Lei 7.960 de 21 de dezembro de 1989, veja: 
 
Art. 1° Caberá prisão temporária: 
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; 
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos 
necessários ao esclarecimento de sua identidade; 
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na 
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: 
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); 
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); 
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); 
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); 
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); 
18 
 
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo 
único); 
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, 
caput, e parágrafo único); 
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo 
único); 
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); 
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal 
qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); 
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; 
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em 
qualquer de sua formas típicas; 
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976); 
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986). 
 
Nesse sentido, veja alguns julgados de Tribunais Superiores, acerca da 
necessidade de decretação da prisão temporária: 
 
HABEAS CORPUS" - PRISÃO TEMPORÁRIA - REVOGAÇÃO - 
IMPOSSIBILIDADE - DECRETO FUNDAMENTADO - EXISTÊNCIA DE 
MOTIVOS CONCRETOS PARA A CUSTÓDIA - PACIENTE SUPOSTAMENTE 
ENVOLVIDO NOS DELITOS DE HOMICÍDIO QUALIFICADO CONSUMADO, 
POR CINCO VEZES, E HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO - 
IMPRESCINDIBILIDADE DA MEDIDA PARA AS INVESTIGAÇÕES - 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CONFIGURADO - ORDEM 
DENEGADA. - Estando devidamente justificada a necessidade da prisão temporária 
do paciente, diante da suspeita de seu envolvimento na prática de diversos crimes de 
homicídio qualificado e tendo em vista a necessidade da medida para o bom 
andamento das investigações criminais, inexiste constrangimento ilegal a ser sanado. 
(TJ-MG - HC: 10000140131327000 MG , Relator: Beatriz Pinheiro Caires, Data de 
Julgamento: 20/03/2014, Câmaras Criminais / 2ª CÂMARA CRIMINAL, Data de 
Publicação: 31/03/2014). 
 
HABEAS CORPUS - CRIME DE TENTATIVA DE HOMICÍDIO - ART. 121, § 
2º, INCISO IV C/C ART. 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL - 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL - DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA, 
NOS TERMOS DA LEI Nº 7.960/89 - DECISÃO FUNDAMENTADA - 
NECESSIDADE DE DILIGÊNCIAS IMPRESCINDÍVEIS - LIBERDADE 
PROVISÓRIA - IMPOSSIBILIDADE - CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS 
- IRRELEVÂNCIA - DENEGADO O HABEAS CORPUS. - O crime de homicídio, 
sobretudo aquele que extrapola a gravidade adstrita ao próprio tipo penal, constitui 
fato que gera insegurança e instabilidade social, sendo indubitável que a soltura de 
quem o pratica, certamente contribuirá, e muito, pelo aumento da desconfiança e 
descrédito da sociedade em relação ao Poder Judiciário. - A prisão temporária é uma 
modalidade de prisão cautelar, cuja finalidade é assegurar uma eficiente investigação 
criminal policial, cuidando-se de infração penal de particular gravidade, 
devidamente apontada em lei. - A existência de condições pessoais favoráveis não 
possibilita a concessão da liberdade provisória, quando presentes, no caso concreto, 
outras circunstâncias autorizadoras da segregação cautelar. 
(TJ-MG - HC: 10000130385511000 MG , Relator: Jaubert Carneiro Jaques, Data de 
Julgamento: 20/08/2013, Câmaras Criminais / 6ª CÂMARA CRIMINAL, Data de 
Publicação: 28/08/2013). 
 
 
Enfim, a prisão temporária, segrega o agente acusado temporariamente à prisão, 
desde que atendidos os requisitos acima mencionados. 
19 
 
1.2.3 – Prisão Preventiva 
 
A Prisão Preventiva é uma medida cautelar ao procedimento investigatório ou 
processual que restringe a liberdade do agente caso encontrado alguns requisitos legais para 
sua decretação. 
Nas palavras de Guilherme de Souza Nucci; 
Prisão preventiva é uma medida cautelar de constrição à liberdade do indiciado ou 
réu, por razões de necessidade, respeitados os requisitos estabelecidos em lei. No 
ensinamento de Frederico Marques, possui quatro pressupostos: a) natureza da 
infração (alguns delitos não a admitem, como ocorre com os delitos culposos), b) 
probabilidade de condenação (fumus boni juris), c) perigo na demora (periculum in 
mora) e d) controle jurisdicional prévio (Elementos de direito processual penal, v. 
IV, p. 58). (2014, p. 1076). 
 
 
O artigo 311 do Código de Processo Penal dispõe sobre o momento em que será 
possível a decretação da prisão preventiva, que pode ser decretada tanto na fase de 
investigação policial, quanto na fase processual. Veja; 
 
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a 
prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a 
requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por 
representação da autoridade policial. 
 
 
Vale ressaltar que, somente o Juiz pode decretar a prisão preventiva do agente, em 
razão do requerimento do Ministério Publico, do querelante ou assistente de acusação, ou 
mediante representação da autoridade policial. Ademais, o juiz pode decretar a prisão 
preventiva, inclusive, de oficio, desde que o processo já esteja em curso da ação penal. 
A prisão preventiva foi criada para dar um bom curso (andamento) na ação penal 
sem que esta seja atrapalhada por atos em que o agente possa intervir e prolatar o 
procedimento. 
O artigo 312 do Código de Processo penal, nos da os requisitos legais para ser 
possível adecretação dessa segregação cautelar, a saber: 
 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, 
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício 
suficiente de autoria. 
 Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de 
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas 
cautelares (art. 282, § 4
o
). 
 
 
20 
 
Para decretação da prisão preventiva precisa-se de ao menos no mínimo três 
requisitos, a prova da existência de um crime, indícios suficientes de autoria e umas das 
situações descritas no artigo 312 do Código de Processo Penal, conforme citado acima, quais 
sejam, garantia da ordem publica, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução 
criminal e garantia da aplicação penal. 
A prova da materialidade do crime é a concreta certeza da existência do crime, ou 
seja, não pode restar duvida acerca da ocorrência de um delito, de modo que não se pode 
decretar a segregação de alguém sem a concreta certeza da existência de um crime. 
O indicio suficiente de autoria, é a fundada suspeita de que o agente teve 
participação no delito da infração penal. Vale dizer que não é exigida a plena comprovação de 
que o agente tenha participado do delito, ou seja, precisa-se ao menos de uma prova indireta 
de que o indiciado tenha concorrido para a infração penal. 
No tocante a garantia da ordem publica, requisito do artigo 312 do Código de 
Processo Penal, é a hipótese mais ampla dentre os outro requisitos, eis que a nomenclatura diz 
respeito à uma ordem na sociedade. 
Nucci conceitua a garantia da ordem publica como: 
 
Garantia da ordem pública: trata-se da hipótese de interpretação mais extensa na 
avaliação da necessidade da prisão preventiva. Entende-se pela expressão a 
necessidade de se manter a ordem na sociedade, que, como regra, é abalada pela 
prática de um delito. Se este for grave, de particular repercussão, com reflexos 
negativos e traumáticos na vida de muitos, propiciando àqueles que tomam 
conhecimento da sua realização um forte sentimento de impunidade e de 
insegurança, cabe ao Judiciário determinar o recolhimento do agente. (2014, p. 
1084). 
 
 
Conforme dito, a garantia da ordem publica é ampla e pode ser entendida por 
vários fatores, como, gravidade da infração, crime que comoveu a sociedade, periculosidade 
do infrator. 
Exemplificando, um crime de uso de documento falso, cometido por alguém que 
nunca haverá sido presa antes, não estava acostumada a cometimento de crimes, não causaria 
um abalo à sociedade. Por outro turno, um crime de latrocínio, estupro de vulnerável, abala 
negativamente o meio social, diferente do primeiro crime. 
Se crimes como esses abalam negativamente a sociedade, acaba por consequência 
pondo em cheque a credibilidade do judiciário, conforme ensina Nucci, em sua obra, veja: 
 
(...) a afetação da ordem publica constitui importante ponto para a própria 
credibilidade do judiciário, como vem decidindo os tribunais pátrios. Apura-se o 
21 
 
abalo à ordem publica também, mas não somente, pela divulgação que o delito 
alcança nos meios de comunicação – escrito ou falados. Não se trata de dar credito 
único ao sensacionalismo de certos órgãos da imprensa, interessados em vender 
jornais, revistas ou chamar audiência para seus programas, mas não é menos correto 
afirmar que o juiz, como outra pessoa qualquer, toma conhecimento dos fatos do dia 
acompanhando as noticias veiculadas pelos órgãos de comunicação. Por isso, é 
preciso apenas bom senso para distinguir quando já estardalhaços indevido sobre um 
determinado crime, inexistindo abalo real à ordem publica, da situação de 
divulgação real da intranquilidade da população, após o cometimento de grave 
infração penal. (2011, p. 608). 
 
 
Portanto, poderá ser decretada a prisão preventiva com fundamentos na garantia 
da ordem publica desde que comprovada à afetação da ordem publica da sociedade, 
verificando todos os pontos, pertinentes à segregação cautelar. 
No que tange à garantia da ordem econômica, esta não é tão diferente quanto 
espécie da garantia da ordem publica, eis que esta busca impedir a afetação da sociedade em 
razão do delito praticado, enquanto aquela busca intervir no serio abalo à situação econômica 
financeira de alguma instituição financeira do Estado, caso permaneça o agente em liberdade. 
Nesse sentido, leciona Guilherme de Souza Nucci, acerca da garantia da ordem 
econômica, veja: 
 
Garantia da ordem econômica: trata-se de uma espécie do gênero anterior, que é a 
garantia da ordem pública. Nesse caso, visa-se, com a decretação da prisão 
preventiva, a impedir possa o agente, causador de seríssimo abalo à situação 
econômico-financeira de uma instituição financeira ou mesmo de órgão do Estado, 
permanecer em liberdade, demonstrando à sociedade a impunidade reinante nessa 
área. Equipara-se o criminoso do colarinho branco aos demais delinquentes comuns, 
na medida em que o desfalque em uma instituição financeira pode gerar maior 
repercussão na vida das pessoas, do que um simples roubo contra um indivíduo 
qualquer. Busca-se manter o Judiciário atento à chamada criminalidade invisível dos 
empresários e administradores de valores, especialmente os do setor público. Não é 
possível permitir a liberdade de quem retirou e desviou enorme quantia dos cofres 
públicos, para a satisfação de suas necessidades pessoais, em detrimento de muitos, 
pois o abalo à credibilidade da Justiça é evidente. Se a sociedade teme o assaltante 
ou o estuprador, igualmente tem apresentado temor em relação ao criminoso do 
colarinho branco. (2014, p. 1097). 
 
 
Nesta esteira, veja algumas jurisprudências dos Tribunais Superiores, acerca da 
fundamentação para a decretação da preventiva: 
 
Nesse sentido: STJ: “O decreto prisional, com expressa menção à situação 
demonstrada nos autos, está plenamente motivado na garantia da ordem pública e da 
ordem econômica, diante da alegada reiteração dos Pacientes na prática criminosa – 
acusados de serem os principais responsáveis por complexo esquema de fraudes que 
lesou o erário em milhões de reais –, e por apontar concreta possibilidade de os réus, 
se forem soltos, continuarem na prática delituosa, gerando intranquilidade no meio 
social” (HC 130.046-RS, 5.ª T., rel. Laurita Vaz, 09.06.2009). 
 
22 
 
HABEAS CORPUS – PRISÃO PREVENTIVA – FUNDAMENTAÇÃO – 
INDÍCIOS SUFICIENTES DA AUTORIA E PROVA DA EXISTÊNCIA DO 
CRIME – GARANTIA DA ORDEM PUBLICA – ART. 312 DO CPP – 
CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS DO PACIENTE – A presença de fortes 
indícios da autoria e da materialidade do delito, associada à solida fundamentação 
contida no decreto de prisao preventiva, são requisitos suficientes para a manutenção 
da custodia do paciente, a fim de que seja assegurada a garantia da ordem publica. 
Condições favoráveis ao réu, como residência fixa, família, emprego definido e 
conduta exemplar dentro da corporação militar da qual era integrante, não são 
suficientes, por si sós, para impedir a decretação da prisão cautelar, quando 
presentes os requisitos autorizadores. Precedentes. Ordem denegada. (STF – HC 
87878 – RJ – 2ºT. – Rel. Min. Joaquim Barbosa). 
 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. 
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO 
CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PERICULOSIDADE CONCRETA E 
MODO DE EXECUÇÃO DO DELITO. ORDEM DENEGADA. 1. Não há qualquer 
ilegalidade no decreto prisional, calcado em condutas graves perpetradas contra 
criança com apenas seis anos de idade à época dos fatos, cujo modo destacado de 
execução do delito revela um quadro suficiente para justificar a prisão cautelar com 
fundamento na garantia da ordem pública. Precedentes. 2. Ordem denegada. 
(STF - HC: 116303 SP , Relator: Min. TEORIZAVASCKI, Data de Julgamento: 
01/10/2013, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-211 DIVULG 23-10-2013 
PUBLIC 24-10-2013). 
 
HABEAS CORPUS – PENAL – PROCESSO PENAL – CRIME ORGANIZADO – 
PRISÃO EM FLAGRANTE – MANUTENÇAO – NECESSIDADE DA PRISÃO 
COMO GARANTIA DA ORDEM PUBLICA E COVENIENCIA DA 
INSTRUÇÃO CRIMINAL – Necessidade da manutenção da custodia cautelar 
exsurge da própria gravidade dos fatos evidenciado nos autos, razão bastante a 
desautorizar a liberdade provisória em obsequio a garantia da ordem publica. 
Precedentes desse Supremo Tribunal, o qual considera necessária a manutenção da 
prisão em flagrante como garantia da ordem publica quando a gravidade dos fatos 
narrados nos autos a justifica. Habeas Corpus a que se denega a ordem. (STF – HC 
894914 – SP 1º T. – Rel. Min. Carmen Lucia). 
 
 
Portanto, mostra-se possível a prisão preventiva decretada com fundamentos na 
garantia da ordem publica àquele que desviou grande quantia de dinheiro dos cofres públicos, 
de modo que para atender as necessidades da população, mostra-se viável a segregação do 
agente infrator. 
No que diz respeito à conveniência da instrução criminal, esta vem para garantir o 
livre procedimento do processo, ou seja, vem para garantir que o processo desenvolva sem 
que nada atrapalhe o desenrolar do feito. 
Nas palavras de Nucci, acerca da conveniência da instrução criminal, veja: 
 
Conveniência da instrução criminal: trata-se do motivo resultante da garantia de 
existência do devido processo legal, no seu aspecto procedimental. A conveniência 
de todo processo é realização da instrução criminal de maneira lisa, equilibrada e 
imparcial, na busca da verdade real, interesse maior não somente da acusação, mas, 
sobretudo, do réu. Diante disso, abalos provocados pela atuação do acusado, visando 
à perturbação do desenvolvimento da instrução criminal, que compreende a colheita 
de provas de um modo geral, é motivo a ensejar a prisão preventiva. Configuram 
23 
 
condutas inaceitáveis a ameaça a testemunhas, a investida contra provas buscando 
desaparecer com evidências, ameaças ao órgão acusatório, à vítima ou ao juiz do 
feito, a fuga deliberada do local do crime, mudando de residência ou de cidade, para 
não ser reconhecido, nem fornecer sua qualificação dentre outras. (2014, p. 1099). 
 
 
Enfim, quando restar evidencias que o agente ira atrapalhar o bom andamento do 
processo, resta configurada a fundamentação para a decretação da segregação cautelar em 
razão da conveniência da instrução criminal. 
Por fim, em relação à garantia da aplicação da lei penal, esta significa assegurar 
o Estado o seu direito de punir, ou seja, quando houver fundado receio de que o agente 
infrator ira fugir do distrito da culpa, mostra-se fundada as razões para decretação da 
preventiva. 
Nesse sentido leciona Nucci, acerca da aplicação da lei penal, veja: 
 
Significa garantir a finalidade útil do processo penal, que é proporcionar ao Estado o 
exercício do seu direito de punir, aplicando a sanção devida a quem é considerado 
autor de infração penal. Não tem sentido o ajuizamento da ação penal, buscando 
respeitar o devido processo legal para a aplicação da lei penal ao caso concreto, se o 
réu age contra esse propósito, tendo, nitidamente, a intenção de frustrar o respeito ao 
ordenamento jurídico. Não bastasse já ter ele cometido o delito, que abala a 
sociedade, volta-se, agora, contra o processo, tendo por finalidade evitar a 
consolidação do direito de punir estatal. Exemplo maior disso é a fuga deliberada da 
cidade ou do País, demonstrando não estar nem um pouco interessado em colaborar 
com a justa aplicação da lei. É certo que a fuga pode ser motivo também, de 
decretação da preventiva por conveniência da instrução. Depende, pois, do móvel da 
escapada. Se o acusado tem por fim não comparecer aos atos do processo, apenas 
para não ser reconhecido, reflete na conveniência da instrução. Se pretende fugir do 
País para não ser alcançado pela lei penal, insere-se neste contexto. Entretanto, pode 
ser dúplice o motivo, ou seja, tanto a fuga prejudica a instrução criminal, quanto à 
aplicação da lei penal. É o que fundamenta a decretação da prisão preventiva para o 
processo de extradição, instaurado no Supremo Tribunal Federal – garantia de 
aplicação da lei penal (art. 82 da Lei 6.815/80). (NUCCI, Guilherme de Souza, 
2014, p. 1102). 
 
 
Ainda, veja alguns julgados dos Tribunais Superiores, acerca da garantia da 
aplicação da lei penal, veja; 
 
STF - Conforme remansosa jurisprudência desta Suprema Corte, a fuga do réu do 
distrito da culpa justifica o decreto ou a manutenção da prisão preventiva. (HC 
103.124-PE, 1.ª T., rel. Ricardo Lewandowski, j. 10.08.2010). 
 
STF - Conforme remansosa jurisprudência desta Suprema Corte, a fuga do réu do 
distrito da culpa justifica o decreto ou a manutenção da prisão preventiva.” (HC 
97.887-CE, 1.ª T., rel. Ricardo Lewandowski, j. 04.05.2010). 
 
STF - Conforme remansosa jurisprudência desta Suprema Corte, a fuga do réu do 
distrito da culpa justifica o decreto ou a manutenção da prisão preventiva. II – O 
excesso de prazo na formação da culpa, caso existente, deve-se ao fato do paciente 
24 
 
ter sido preso em outro Estado da Federação. III – Ordem denegada” (HC 95.159-
SP, 1.ª T., rel. Ricardo Lewandowski, 12.05.2009). 
 
TJSP - Habeas Corpus – Prisão preventiva fundamentada – Homicídio triqualificado 
e homicídio biqualificado este na forma tentada – Suspeito que se evadiu do local 
dos fatos, indo para local incerto e não sabido – Logo depois, teve sua prisão 
temporária decretada de forma fundamentada – Prisão preventiva idem – Crimes 
hediondos – Resguardo da ordem pública e da instrução criminal – Ordem 
denegada” (HC 990.10.277922-0, 16.ª C., rel. Pedro Menin, j. 05.10.2010). 
 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. INÉPCIA DA 
DENÚNCIA. NÃO-OCORRÊNCIA. PRESENTE A JUSTA CAUSA PARA A 
AÇÃO PENAL. FUGA DO ACUSADO DO DISTRITO DA CULPA APÓS A 
INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL. CITAÇÃO POR EDITAL. 
PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA. LEGALIDADE. ORDEM DENEGADA. 
1. A denúncia que atende os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal – 
expondo o fato tido como delituoso, suas circunstâncias, a qualificação do acusado, 
a classificação do crime, o pedido de condenação, e a apresentação do rol de 
testemunhas – não é inepta, permitindo pois ao paciente o pleno exercício de sua 
defesa, como assegurado constitucionalmente. 2. Não se acolhe alegação de nulidade 
da citação por edital, se os autos evidenciam terem sido esgotados todos os meios à 
disposição do juízo para localizar o acusado (HC 36.254/SP, Rel. Min. PAULO 
MEDINA, Sexta Turma, DJ de 1/10/05). 3. A fuga do acusado do distrito da culpa, 
após a instauração do inquérito policial, é elemento suficiente para a decretação da 
prisão preventiva, tanto pela conveniência da instrução criminal como para garantir 
a aplicação da lei penal, não havendo ilegalidade na decisão que decretou a custódia 
cautelar do paciente, que não atendeu ao chamado judicial. 4. Ordem denegada. 
(STJ - HC: 54399 PE 2006/0030151-8, Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES 
LIMA, Data de Julgamento: 06/03/2008, T5 - QUINTA TURMA, Data de 
Publicação: DJe 02/06/2008). 
 
 
Assim, quando houver fundados indícios de que o agente irá fugir do distrito da 
culpa, pode o juiz decretar sua prisão preventiva, com fundamentos na garantia da aplicação 
da lei penal. 
Alem dessas hipóteses elencadas acima, a prisão preventiva poderá ser decretada, 
caso haja descumprimento de alguma medida imposta por foca de medidas cautelares, as 
quais são impostas pelo juiz como condição para manter o agente em liberdade. 
Portanto, essas são as hipóteses para que o juiz possa decretar a prisão preventiva 
de alguém, ou seja, desde que haja materialidade + indícios suficientes da autoria + um dos 
requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal,quais sejam garantia da ordem publica, 
garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e garantir a aplicação da lei 
penal, alem do descumprimento de medidas cautelares. 
 
 
 
 
 
25 
 
2 – DETRAÇÃO PENAL 
 
 
2.1 – Conceito de Detração Penal 
 
A detração penal é o abatimento da pena em que o agente ficou preso 
provisoriamente na pena em definitiva da sentença condenatória. 
Segundo Guilherme de Souza Nucci, a detração penal é definida como; 
 
É a contagem no tempo da pena privativa de liberdade e da medida de segurança do 
período em que ficou detido o condenado em prisão provisória, no Brasil ou no 
exterior, de prisão administrativa ou mesmo de internação em hospital de custódia e 
tratamento. (2014, p. 489). 
 
 
Nada diferente disto veja também como leciona Cezar Roberto Bitencourt: 
 
Através da detração penal permite-se descontar, na pena ou na medida de segurança, 
o tempo de prisão ou de internação que o condenado cumpriu antes da condenação. 
Esse período anterior à sentença penal condenatória é tido como de pena ou medida 
de segurança efetivamente cumpridas. (2012, p. 1387). 
 
 
Exemplificando, se um sujeito permanece preso provisoriamente no curso da 
instrução criminal por 01 (um) ano, na sentença condenatória, o juiz fixa sua pena definitiva 
em 05 (cinco), assim ele devera levar em conta o tempo que o réu ficou preso 
provisoriamente. Portanto, o réu ainda terá que cumpri 04 (quatro) anos de pena. 
A detração penal possui fundamento no Código Penal em seu artigo 42 que diz, in 
verbis: 
 
Detração 
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o 
tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e 
o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. 
 
 
Para exata compreensão, veja um exemplo de uma sentença judicial condenatória 
ao o momento em que se aplica a detração penal, veja: 
 
{...} 
DOSIMETRIA DA PENA 
Verificada a violação ao preceito primário da norma supra mencionada, resta 
doravante determinar a extensão da responsabilidade, em vista do grau de 
reprovabilidade do ato. Passo, então, à dosimetria e individualização da pena, na 
26 
 
forma do artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal e artigo 59 e 68 do Código 
Penal. 
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS 
Quanto à culpabilidade, a conduta do réu se exteriorizou pela simples consciência da 
infringência da norma penal, nada tendo a se valorar. 
O mesmo não possui antecedentes criminais, por força da Súmula n. 444 do STJ (fls. 
300/302). 
Não há também elementos nos autos que permitam aferir a personalidade do 
acusado, o seu perfil psicológico, o que inviabiliza ponderar em seu desfavor tal 
circunstância. 
Sua conduta social não se revela ajustada a comunidade em que vive, eis que 
segundo consta nos autos, o réu incutia temor na pequena União do Sul, sendo 
relatado pelas testemunhas no transcorrer no processo, que todos tem medo do réu. 
Os motivos do crime foram objeto de apreciação pelo Conselho de Sentença, 
tornando-se irrelevante neste momento, uma vez que servirá para qualificar o delito 
de homicídio, preservando a inocorrência de bis in idem. 
Quanto às circunstâncias, foram objeto de apreciação pelos Senhores Jurados, sendo 
que constitui em agravante específica, razão pela qual deixo de valorá-la, 
postergando sua análise para a segunda fase do processo de dosimetria da pena, 
como forma de evitar o bis in idem. 
Quanto as consequências, são normais à espécie, eis que ceifada uma vida. 
Com relação ao comportamento da vítima, nada a se valorar. 
Diante do norte estabelecido pelo artigo 59 do CP, considerando que uma 
circunstância judicial é desfavorável, fixo a pena base em 13 (treze) anos de 
reclusão. 
Concorrem as circunstâncias atenuantes previstas no artigo 65, I, 1ª parte, e III, ‘d’, 
do Código Penal, quais seja, agente menor de 21 anos na data do fato e confissão, 
com a circunstância agravante (crime de que podia resultar perigo comum, previstas 
no artigo 61, II, ‘d’, do Código Penal, em observância ao artigo 67 do Código Penal 
e a vista da jurisprudência predominante verifico que àquelas preponderam sobre 
esta, razão pela qual atenuo a pena em 06 (seis) meses, passando a dosá-la em 12 
(doze) anos e 06 (seis) meses, o que a torno definitiva em razão da ausência de 
causas de diminuição e de aumento de pena. 
Com o advento da Lei n. 12.736, de 30 de novembro de 2012, que acrescentou o 
§2º ao artigo 387, do Código de Processo Penal, o juiz da condenação deve 
realizar a DETRAÇÃO da pena cautelar quando do proferimento da sentença, 
surtindo efeitos, assim, no regime inicial de cumprimento de pena. 
Deste modo, observa-se que o acusado foi preso em 30.01.2012 (fl. 34) e assim se 
mantém até a presente data, houve o cumprimento de prisão de 02 anos, 06 
meses e 27 dias. 
Diante disso, realizada a detração penal, deduzindo-se o período de prisão 
cautelar, o réu deverá cumprir pena de 09 (nove) anos, 11 (onze) meses e 03 
(três) dias de reclusão. 
Em consonância com o artigo 33, § 2º, “a” do CP c/c o § 3º do mesmo dispositivo de 
lei, fixo o regime inicial FECHADO para cumprimento de pena. 
{...} 
 
 
Como se observa acima, o tempo em que o réu permaneceu preso provisoriamente 
foi abatido em sua pena definitiva. 
Como cediço, a detração não é feita somente no tempo em que o réu ficou preso 
provisoriamente em relação a pena privativa de liberdade, no Brasil ou no estrangeiro, mas 
também pode ser nas penas de medidas de segurança, nas de prisões administrativa e o de 
internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo 41 do Código Penal, quais 
sejam, hospitais de custodias ou estabelecimento adequado. 
27 
 
2.2 – Prisão Provisória e Detração Penal 
 
A detração nas prisões provisórias são feitas nas mesmas modalidades de prisões 
explicadas no capitulo I, ou seja, a) prisão temporária, b) prisão em decorrência de flagrante, e 
c) prisão preventiva. 
Neste ponto, importante destacar que existem duas corrente, basicamente, 
explicando sobre a ligação entre a prisão provisória e a pena aplicada para aplicar a detração 
penal, quais sejam, a) deve haver ligação entre o fato criminoso, a prisão provisória decretada 
e a pena aplicada, e, b) não precisa haver ligação entre o fato criminoso praticado, a prisão 
provisória e a pena. 
A) Deve haver ligação entre o fato criminoso, a prisão provisória decretada e a 
pena aplicada, diz respeito que deve haver um ligação entre o fato com a pena aplicável, ou 
seja, o delito em que o réu foi preso provisoriamente ao final do processo se condenado, pelo 
mesmo crime, deve ser computada sua pena. 
Exemplificando, se um sujeito pratica um crime, e dias depois a ser preso 
preventivamente por este, ao final do processo na sentença penal condenatória, poderá ter sua 
pena computada para fins de detração penal. 
Vale destacar que essa é a posição majoritária na jurisprudência dos tribunais 
superiores, inclusive, Supremo Tribunal de Justiça e Superior Tribunal de Justiça, veja: 
 
STF – A prisão computável na duração da pena deve relacionar-se com o fato que é 
objeto da condenação. Aplicação dos arts. 34 do Código Penal e 672 do Código de 
Processo Penal. (RHC 48.718-SP, 2º T., Rel. Eloy da Rocha, 26/03); 
STJ – O melhor entendimento da doutrina e da jurisprudência firma-se na 
necessidade de que haja nexo de causalidade entre a prisao provisória e a pena 
privativa de liberdade. (RHC 2.184-SP, 6º T., Rel. José Candido de Carvalho Filho, 
26/10); 
STJ – Detração – Contagem necessariamente regida pelo nexo de causalidade entra 
a prisão provisória e a pena a cumprir-se em regime fechado, sem causa de sua 
correspondência com a anterior condenação a cumprir-se em regime aberto. ( HC 
6.235-SP, 5º T., Rel. José Dantas, 04/11). 
TJSP – Para detração penal, é necessário que o tempo de encarceramentoprovisório, 
isto é, período anterior ao transito em julgado da sentença condenatória, seja 
referente ao mesmo feito, ou que seja referente a outro processo, mas desde que o 
fato delituoso tenha sido praticado em data anterior à prisão. O art. 42 do CP 
determina que seja computado na pena privativa de liberdade o tempo de prisão 
provisória; por obvio refere-se ao recolhimento cautelar em razão do fato que 
culminara na privação da liberdade. O artigo 11 da LEP trata, como se pode 
observar, de condenações que sobrevenham no curso da execução penal. Portanto, 
não há previsão legal em nosso ordenamento jurídico que sustente a existência da 
citada “conta corrente” de penas. ( Ag. 333.664-3, 3º C., Rel. Luiz Pantaleão, 
27/08). 
 
 
28 
 
 B) Não precisa haver ligação entre o fato criminoso praticado, a prisão provisória 
e a pena, só temos uma possibilidade de não precisar a ligação entre o crime e a pena, desde 
que haja absolvição. 
Não se é possível a aplicação da detração penal quando o crime e a pena não 
possuem ligação, eis que caso seja aceitável esta possibilidade, estaríamos diante de um 
“credito’’ que o agente possui com o Estado, o que não se é possível. 
Como por exemplo, se um agente pratica determinado crime, e é preso 
preventivamente por este, mas é absolvido ao final, e dias depois comete outro crime e é 
condenado ao final, logo não poderá computar a pena daquele em que foi absolvido. 
Nesse sentido, garante a jurisprudência nacional, veja: 
 
STJ – A Constituição da Republica, em razão da magnitude conferida ao status 
libertatis (art 5º, XV), inscreveu no rol dos direitos e garantias individuais regra 
expressa que obriga o Estado a indenizar o condenado por erro judiciário ou que 
permaneça preso por tempo superior ao fixado na sentença (art. 5º, LXXV), 
situações essas equivalentes à de quem foi submetido a prisão processual e 
posteriormente absolvido. Em face desse preceito constitucional, o art. 42 do Código 
Penal e o art 111 da LEP devem ser interpretados de modo a abrigar a tese de que o 
tempo de prisão provisória imposta em processo no qual o réu foi absiolvido seja 
computado para a detração da pena imposta em processo relativo a crime 
anteriormente cometido. (REsp. 61.899-SP, 6º T., Rel. Vicente Leal, 26/03). 
 
 
Ainda, completa Nucci (2014, p. 489) {...} “não se pode aceitar, de modo algum, 
é a aplicação da detração quando o fato criminoso pelo qual houve condenação tenha sido 
praticado posteriormente ao delito que trouxe a prisão provisória e a absolvição”. Seria o 
indevido “crédito em conta corrente”. 
 
Portanto, para fins de cômputo de detração penal é necessário que haja ligação entre o crime e 
a pena, caso não haja é necessário que haja absolvição por parte do agente. 
 
2.3 – Cômputo da Prisão Provisória na Medida de Segurança 
 
Primeiramente, covem explicar que a pena de medida de segurança, é a pena 
diferenciada das demais, e aplicadas a indivíduos inimputáveis que cometeram uma 
determinada infração penal. 
A pena para os inimputáveis não será iguais as dos demais, de modo que a mesma 
será de tratamento ambulatorial ou internação em hospitais de custodia, por prazo 
indeterminado ou até que dure a periculosidade do inimputável. 
29 
 
O computo da prisão na medida de segurança, deve ser feito no prazo mínimo da 
internação ou do tratamento. 
Conforme conceitua Guilherme de Souza, veja: 
 
Cômputo da prisão provisória na medida de segurança: O desconto deve ser 
feito no prazo mínimo de internação ou tratamento ambulatorial (1 a 3 anos), e não 
no tempo total de aplicação da medida de segurança. Assim, se o juiz fixa 2 anos de 
internação mínima, mas o apenado já ficou preso por um ano, preventivamente, deve 
ser realizado o exame de cessação de periculosidade dentro de um ano (e não em 
dois, como originalmente determinado). 
Expõe a doutrina que “a regra da detração em relação à medida de segurança se 
justifica não para o fim de ser levantada a medida, como é curial, mas para o efeito 
de contar o tempo para a realização obrigatória do exame de averiguação de 
periculosidade ao termo do prazo mínimo” (Miguel Reale Júnior, René Ariel Dotti, 
Ricardo Antunes Andreucci e Sérgio Marcos de Moraes Pitombo. Penas e medidas 
de segurança no novo Código, p. 123). (2014, p. 489). 
 
 
Neste mesmo sentindo é o entendimento de Fernando Capez, acerca do assunto, 
veja: 
 
Medida de segurança: admite-se detração do tempo de prisão provisória em 
relação ao prazo mínimo de internação. 
O exame de cessação da periculosidade, portanto, será feito após o decurso do prazo 
mínimo fixado, menos o tempo de prisão provisória. (2012, p. 422). 
 
 
Portanto, o desconto na pena da medida de segurança deve ser feita no mínimo 
legal da internação ou do tratamento, e não no total da pena aplicada na medida de segurança. 
 
2.4 – Cômputo da Pena de Multa 
 
A detração penal, também pode ser aplicada à pena de multa. Assim, se o agente 
ficou preso provisoriamente antes da sentença condenatória, e ao final do processo for 
condenado somente a pena de multa não terá que cumprir pena alguma. 
Segundo Nucci (2014, p 490), a detração penal na pena de multa “aplica-se, por 
analogia in bonam partem, no desconto da pena de multa o tempo de prisão provisória. 
Assim, quem foi preso preventivamente para, ao final, ser condenado apenas à pena 
pecuniária não terá nada a cumprir”. 
Portanto, se tratando de pena de multa, mostra-se aplicável a detração, eis que 
aplica-se, conforme citado acima, analogia in bonam partem, ou seja, aplica-se quando 
utilizada a prejudicar o agente. 
 
30 
 
3 – INOVAÇÕES DA LEI 12.736/2012 
 
 
Por meio de um programa nacional, o Governo Federal, visando diminuir o alto 
índice de presos provisórios em presídios no Brasil, repassando 1,1 bilhão aos Estados para 
colocar o programa em pratica. 
Assim, por meio do poder Executivo em 25 de novembro de 2011 foi elaborada a 
lei para reduzir esse índice. 
Após ser aprovado nas duas Câmaras Legislativas, a lei foi sancionada pela 
Presidente da Republica em 30 de novembro de 2012. 
Nesse sentido, Marivaldo Pereira, Secretário de Assuntos Legislativos do 
Ministério da Justiça, comenta acerca do surgimento da lei, veja: 
 
Apresentado em 25 de novembro de 2011, o projeto de autoria do Poder Executivo 
teve tempo de tramitação recorde e, depois de aprovado nas duas Casas Legislativas, 
foi sancionada pela presidente da República a Lei 12.736, de 30 de novembro de 
2012. 
Em novembro de 2011, o governo federal lançou o Programa Nacional de Apoio ao 
Sistema Prisional, com repasse de R$ 1,1 bilhão aos estados e ao Distrito Federal 
para zerar o déficit de vagas femininas em presídios e reduzir a quantidade de presos 
provisórios em delegacias. 
Dentre as medidas propostas, algumas tiveram caráter legislativo. Uma delas levou 
ao Congresso Nacional projeto de lei para alterar o Código de Processo Penal e 
estabelecer que o juiz, por ocasião da sentença penal condenatória, deverá ajustar o 
regime de cumprimento da pena privativa de liberdade ou de internação ao tempo de 
prisão provisória ou medida de segurança já cumprido pelo sentenciado. (Disponível 
em: <http://www.conjur.com.br/2013-jan-22/lei 127362012-detracao-sentenca-
penal-condenatória>. Acesso em 30/09/2014 às 11;29). 
 
 
Observe as considerações de Felipe Rodrigues Tassi, acerca do assunto 
tratado, veja: 
 
Tal lei tem o objetivo de fazer cessar as injustiças que ocorrem no interregno que vai 
desde a prolação da sentença condenatória de réu que está (ou esteve) recolhido no 
cárcere ou internado, até a análise pelo juiz da execução penal da possibilidade de se 
estabelecer regime menos gravoso. Aquela competência que era exclusiva do juiz da 
execução (art. 66, III, “c”, da LEP), agora também é do magistrado do processo de 
conhecimento. (disponível em. <http://jus.com.br/artigos/25171/analise-da-lei-12-736-2012-e-a-in - aplicabilidade-do-2-do-art-387-do-cpp>, acesso em 
30/09/2014 às 18:18). 
 
 
31 
 
Assim sendo, segue transcrito abaixo as exposições de motivos que embasaram o 
Senador Federal José Eduardo Martins Cardoso a elaborar o projeto de lei 93/2011, que 
posteriormente tornou-se a lei 12.736/2012. 
Na atualidade, o sistema de justiça criminal é composto de aproximadamente 40% 
de presos provisórios. Essa realidade ocasiona problemas ao sistema de justiça, em 
especial no que tange ao cumprimento de pena impostas por aqueles que durante o 
processo permaneceram presos. 
Comumente ocorre que após a sentença condenatória ter sido proferida, tenha o réu 
que aguardar um juiz da execução penal, permanecendo nesta espera por alguns 
meses em regime mais gravoso ao que pela lei faz jus, em razão de não existir 
previsão expressa do Código de Processo Penal conferindo ao juiz do processo de 
conhecimento a possibilidade de, no momento da sentença, realizar o desconto da 
pena já cumprida. 
Tal situação, ademais de gerar sofrimento desnecessário e injusto à pessoa presa, 
visto que impõe cumprimento de pena além do judicialmente estabelecido, termina 
por aumentar os gastos públicos nas unidades prisionais com o encarceramento 
desnecessário. Ademais, atualmente, essa realidade acaba por gerar uma grande 
quantidade de recursos aos Tribunais superiores com a finalidade de se detrair da 
pena aplicada ao réu o período em que esteve preso provisoriamente. 
Atualmente o Código Penal em seu art. 42, expressamente prevê que será computada 
na pena privativa de liberdade o tempo de prisão provisória, administrativa e o de 
internação no Brasil ou no estrangeiro sendo necessário que tal previsão, também 
conste no Código de Processo Penal. 
O que se almeja com este projeto, portanto, é que o abatimento da pena cumprida 
provisoriamente possa ser aplicada , também, pelo juiz do processo de conhecimento 
que exarar sentença condenatória conferindo maior celeridade e racionalidade ao 
sistema de justiça criminal, evitando a permanência de pessoa presa em regime que 
não mais corresponde à sua situação jurídica concreta. 
São essas, Senhora Presidenta, as razões que fundamentam que ora submeto à 
elevada consideração de Vossa Excelência. (Disponível em: 
<http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=114662&tp=1> 
acessado em 09/10/2013 às 22:00 hs). 
 
 
Assim, deu-se criação a lei 12.736/2012 visando dar diminuição a presos 
provisórios, bem como estabelecendo novo momento para aplicação da detração penal que 
transferiu para o juiz sentenciante. 
 
3.1 – Finalidade da Inovação Legislativa 
 
Como sabemos, a celeridade significa dar tempo razoável ao andamento 
processual, garantindo ao réu a conclusão ao caso, sem que esse tempo possa cercear seus 
direitos. 
O objetivo da nova lei 12.736 de 30 de novembro de 2012 foi para dar celeridade 
ao processo, bem como garantir benefícios ao condenado no andamento mais rápido ao seu 
cumprimento de pena. 
32 
 
Antes da alteração da lei, o juiz do processo de conhecimento dava a sentença e 
depois de expedir a guia de execução, encaminhava o processo para o juiz da vara de 
execuções penais para assim fazer a detração, bem como dar inicio ao cumprimento de pena 
do condenado. 
Com a alteração, o juiz do processo de conhecimento, ao proferir a sentença, já 
faz o computo da detração penal e já fixa o regime ao condenado, dando o inicio do 
cumprimento de pena do condenado já no momento da sentença. 
Exemplificando, digamos que um sujeito praticou um delito de roubo qualificado, 
e ficou preso preventivamente por 02 (dois) anos antes da sentença penal condenatória. Ao 
proferir a sentença, o juiz condena o sujeita a 09 (nove) anos de reclusão em regime inicial 
fechado, nos termos do artigo 33, inciso III, alínea “a”, do código penal, encaminhando o 
processo ao juízo de execução só para daí então aplicar a detração penal. 
Note-se que ao transferir o processo ao juízo de execuções penais o condenado 
permaneceu em regime fechado, eis que sua pena foi superior à 08 (oito) anos, conforme 
determina o artigo 33, III, “a” do Código Penal, ou seja, em regime mais gravoso ao que lhe é 
de direito. 
Com o advento da lei, ao proferir a sentença e fixar o regime, o juiz sentenciante 
deve fazer o computo do tempo em que o sujeito ficou preso provisoriamente e já fixar o 
regime que lhe é de direito. 
No exemplo acima, o sujeito que havia sido condenado a 09 (nove) anos de 
reclusão em regime inicial fechado, com o advento da nova lei, o juiz deveria fazer o computo 
do tempo em que ficou preso provisoriamente, ou seja, condenaria o sujeito a 07 (sete) anos 
de reclusão em regime inicial semiaberto, nos termos artigo 33, inciso III, alínea “a”, do 
código penal. 
Observem-se as considerações de Marivaldo Pereira, Secretário de Assuntos 
Legislativos do Ministério da Justiça, ao comentar a nova norma, veja: 
 
“Com o propósito de racionalizar o sistema de execução penal, fornecendo 
mecanismos eficazes ao reconhecimento célere de direitos e benefícios, e evitar o 
encarceramento desnecessário de pessoas cuja situação jurídica já lhes permite 
maior aproximação da liberdade, a nova legislação funcionará como mais um 
mecanismo de acesso à Justiça da população carcerária. 
A detração consiste no cômputo da prisão provisória no tempo de cumprimento de 
pena ou de internação, no caso de medida de segurança, antes do início da execução 
e se fundamenta no princípio da equidade e na vedação ao bis in idem, a nova 
legislação autoriza o juiz do conhecimento a efetuar o desconto já na sentença penal 
condenatória e ajustar o regime inicial de cumprimento da pena, permitindo que o 
indivíduo — cujo direito somente seria reconhecido meses depois pelo juiz da 
33 
 
execução penal quando já protocolada a guia de recolhimento - possa dele desfrutar 
imediatamente. 
Significa dizer que a recente lei antecipa o reconhecimento de direito legalmente 
assegurado sem a necessidade de esperar a burocracia do sistema de justiça, 
porquanto do sentenciado será, forçosamente, descontado o tempo de prisão 
provisória ou de internação, reforçando a garantia fundamental de individualização 
da pena, presente no artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal. 
A abreviação deste tempo tem especial impacto na realidade prisional brasileira, 
infelizmente marcada por todas as deficiências já rotineiramente conhecidas que se 
espraiam por quase todo país. Não se trata de ampliação de qualquer benefício, mas 
de viabilização do reconhecimento de direito que será concedido em momento 
posterior. A nova lei nada mais é do que mero catalisador do instrumental judiciário, 
guardando estreita relação com o Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional 
do governo federal, que o originou, e servindo para correção de situações 
manifestamente injustas. 
Imbuída do racional espírito facilitador do reconhecimento de direitos, a nova 
legislação, no entanto, vem recebendo idêntica interpretação restritiva a que se deu à 
Lei 12.403/2011, conhecida como Nova Lei das Cautelares. Aqui e ali, a intenção 
projetada pelo legislador de fornecimento de instrumentos e mecanismos para evitar 
o desnecessário encarceramento tem surtido efeito oposto, em razão de 
interpretações absolutamente equivocadas. 
A nova Lei de Detração não reduz ou suprime competência do juiz da execução 
penal. Tão somente tem o objetivo, como já dito, de permitir ao condenado a 
adequação do regime de cumprimento de pena ao tempo de prisão provisória ou 
internação já cumprido, evitando disfunção do sistema de execução penal, que 
somente autoriza a operação, por força do artigo 107 da Lei 7.210/1984 (Lei de 
Execução Penal), quando já houver sido expedida guia de recolhimento meses 
depois. A diferença é que, a partir de agora, a competência será concorrente. 
Ademais, aos que compreendem a inovação como progressãode regime, lembramos 
que a natureza da prisão cautelar eventualmente decretada não se confunde com a da 
prisão em regime fechado, esta decorrente de sentença condenatória. Ao juiz do 
conhecimento não caberá a análise de requisitos subjetivos para eventual progressão 
porque não se trata de concessão de nenhum benefício, senão de ajuste do tempo de 
pena já cumprido e cujo desconto apenas será antecipado. Por exemplo, se o 
indivíduo estiver preso provisoriamente há um ano e for condenado a seis anos em 
regime semiaberto, bastará ao juiz descontar o tempo de pena já cumprido e 
estabelecer o regime inicial adequado, qual seja, cinco anos em regime aberto. Outro 
exemplo, se este mesmo indivíduo, no momento da sentença, já não mais estiver 
preso provisoriamente, mas já tiver cumprido idêntico período, não há 
questionamento sobre requisito subjetivo, cabendo ao juiz a mesma operação. 
Evita-se, assim, que o sujeito, cuja condenação foi menos gravosa do que a prisão 
cautelar tenha que, por força do artigo 107 da LEP, se recolher ao regime semiaberto 
e, no mesmo dia, efetuar pedido de detração e, consequentemente, ajustar o regime. 
(Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2013-jan-22/lei 127362012-detracao-
sentenca-penal-condenatória>. Acesso em 30/09/2014 às 15:42). 
 
 
Portanto, alem de trazer celeridade ao processo, a nova lei trouxe significantes 
benefícios ao condenado, de modo que já iniciaria seu cumprimento de pena no regime que 
lhe é de direito no momento da sentença. 
 
3.2 – Momento Para o Reconhecimento da detração Penal Com Advento da Lei 
12.736/2012 
 
34 
 
Com o advento da lei 12.736 de 30 de novembro de 2012, trouxe um novo 
momento para aplicação da detração penal. Por força desta referida lei inclui-se o §2º ao 
artigo 387 do Código de Processo Penal, veja: 
 
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
{...} 
§ 2.º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no 
Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial 
de pena privativa de liberdade. 
 
 
A lei 12.736/2012 alterou o momento de aplicação da detração penal o que, antes 
do advento da lei era do juiz de execução agora passou a ser do juiz do processo de 
conhecimento. Vale ressaltar que, a alteração da lei não retirou a competência do juízo de 
execução do processo, apenas transferiu o momento da aplicação da detração penal. 
Nesse sentido, leciona Ronaldo Batista Pinto, Promotor de Justiça do Estado de 
São Paulo, Professor e Mestrando em direito na UNESP, acerca do assunto, veja: 
 
A partir do novo dispositivo, cumpre ao próprio juiz da condenação, no momento 
em que dosar a pena, já abater esse período de prisão processual. É dizer: há uma 
antecipação de um juízo de valor cuja formulação, antes, era exclusiva da execução 
penal e que, agora, é elaborada pelo juízo de mérito. Com isso, argumentam os 
idealizadores da legislação novel ao justificarem o projeto de lei, a prestação 
jurisdicional se torna mais célere, evitando “sofrimento desnecessário e injusto à 
pessoa presa [...] além do judicialmente estabelecido”, minorando, ademais, “o gasto 
público nas unidades prisionais com o encarceramento desnecessário”. (PINTO, 
Ronaldo Batista, Provisória deve ser contada na progressao de regime. Disponivel 
em.<http://www.conjur.com.br/2013-jan-08/ronaldo-pinto-prisao-provisoria-
contada-progressao-regime> Acesso em 30/09/2014 as 14:44). 
 
 
Antes da referida lei, quem fazia o computo da detração penal era os juízes das 
varas de execuções penais, conforme disciplina o artigo 66, inciso III, alínea “c”, veja: 
 
Art. 66. Compete ao Juiz da execução: 
{...} 
III - decidir sobre: 
{...} 
c) detração e remição da pena; 
 
 
Assim, após a sentença penal condenatória, o processo era encaminhado ao juízo 
de execuções penais, com a guia de execução, e, o juiz da vara de execução era quem fazia a 
aplicação da detração penal do acusado. 
35 
 
Com a criação da nova lei, ficou estabelecida que a aplicação da detração penal 
seria feita pelo juízo sentenciante, ou seja, geralmente pelo juiz do processo de conhecimento. 
Assim, o juiz sentenciante ao dar a sentença ao condenado já computaria o tempo 
em que o mesmo ficou preso provisoriamente, bem como com esse calculo já fixaria desde já 
o regime carcerário que o condenado teria direito. 
Portanto, a lei 12.736/2012, não alterou a forma de aplicação da detração penal, mas sim o 
momento em que a mesma há de ser aplicada, transferindo-a do juízo de execuções penais 
para o juízo de conhecimento. 
 
3.3 – Progressão de Regime com o Advento da lei 12.736/2012 
 
Como cediço, o cumprimento da pena privativa de liberdade do condenado será 
feita de forma progressiva, conforme disciplina o artigo 112 da Lei de Execuções Penais, veja 
in verbis: 
 
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a 
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o 
preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom 
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas 
as normas que vedam a progressão. 
§ 1
o A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério 
Público e do defensor. 
§ 2
o Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, 
indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. 
 
 
Para que o condenado tenha direito a progressão de regime, conforme disciplina o 
artigo acima citado, é necessário que o mesmo cumpra dois requisitos o objetovo e o 
subjetivo. 
O requisito objetivo impõe ao condenado que o mesmo já tenha cumprido o 
mínimo estabelecido de pena cumprida, por exemplo, o réu que já cumpriu 1/6 (um sexto) da 
sua pena estabelecida e determinada por lei já tem o requisito objetivo apto à progressão. 
O requisito subjetivo impõe ao condenado que o mesmo possua um bom 
comportamento carcerário nesse tempo em que o mesmo ficou preso para fazer jus ao 
requisito subjetivo. 
Assim, atendendo os requisitos objetivos e subjetivos, o condenado já tem direito 
a progressão de regime. 
36 
 
Voltando à lei em comento, não se tem duvidas que o legislador criou-a com o 
intuito de beneficiar o réu, bem como o judiciário. 
Contudo, a nova lei trouxe junto com seu sancionamento algumas divergências a 
respeito de sua interpretação. 
Alguns juízes interpretam que a nova lei trouxe dois tempos de prisão o primeiro 
antes do computo da detração que é a pena total do agente, e o segundo depois do computo da 
detração feito nos moldes do artigo 42 do Código Penal. 
Por este lado, analisando dessa forma a lei, os juízes não levavam em 
consideração o tempo de prisão provisória para admitir a progressão para um regime menos 
gravoso. 
Analisando por este prisma, nesse “segundo tempo” da pena, após aplicada a 
detração, o agente teria um novo tempo de pena a cumprir, bem como uma nova fração de 
pena para fins de progressão de regime. 
Para exata compreensão veja uma sentença, na integra, proferida por uma 
Magistrada da Cidade de Sinop em um caso concreto, acerca do assunto, veja: 
 
Trata-se de pedido de progressão de regime de cumprimento de pena formulado por 
Fulano de Tal, condenado por homicídio qualificado, com pena fixada em 19 anos 
de reclusão, a ser cumprida em regime inicialmente fechado, com condenação 
transitada em julgado em 21/01/13 (defesa e réu) e 31/01/13 (Ministério Público), 
conforme se vê na guia de execução (fl. 06) e certidões as fls. 34 e 36. 
Aduziu o reeducando ter cumprido prisão processual de 03 anos, 06 messes e 23 
dias, bem como ter cometido o crime antes da alteração operada pela Lei 11.646/07, 
o que lhe garantiria a progressão com o cumprimento de 1/6 da pena e, ainda, 
requereu a aplicação da Lei 12.736/2012, a qual incluiu no artigo 387, do CPP,

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