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Aula 10 Lesões do Cotovelo

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Articulação do 
cotovelo 
ARTICULAÇÕES: 
➢ Úmero-ulnar: a superfície articular 
côncava da ulna (incisura troclear) articula-
se com a superfície articular convexa do 
úmero (tróclea do úmero); 
➢ Úmero-radial: a superfície articular 
côncava do rádio (fóvea do rádio) articula-
se com a superfície articular convexa do 
úmero (capítulo do úmero). 
LIGAMENTOS: 
➢ L. Colateral lateral/radial; 
➢ L. Colateral medial/ulnar: mais 
afetado em atletas, principalmente os de 
baseball; 
➢ L. Colateral Ulnar Lateral: principal 
estabilizador lateral do cotovelo; 
➢ L. Anular: estabiliza a cabeça do rádio. 
 
MÚSCULOS: 
➢ Bíceps braquial: movimento de flexão 
e supinação => rosca direta; 
➢ Braquial: principal flexor primário => 
flexão neutra, rosca martelo; 
➢ Braquiorradial: principal estabilizador 
lateral => flexão pronada, rosca inversa; 
➢ Tríceps: principal extensor do 
cotovelo; 
➢ Ancôneo: mínima extensão, estabiliza 
o cotovelo aproximando o úmero da ulna; 
➢ Extensores de punho e dedos: tem 
origem no epicôndilo lateral; 
➢ Flexores e pronadores: tem origem no 
epicôndilo medial. 
Tendinopatia lateral 
do cotovelo 
 Expressão a ser usada para designar 
dor persistente e perda funcional 
relacionada à carga mecânica nos tendões 
do aspecto lateral do cotovelo. 
Na preensão os flexores se contraem 
para fechar os dedos e os extensores se 
contraem para que o punho não fique 
fletido. 
DEFINIÇÕES: 
➢ Tendinopatia Lateral do Cotovelo 
(TLC) é a causa mais comum de dor crônica 
no cotovelo gerando dor, incapacidade e 
perda de produtividade; 
➢ Sinônimos: epicondilite lateral, 
cotovelo de tenista, epicondilalgia lateral. 
INDIVÍDUOS COM MAIOR RISCO: 
➢ Homens e mulheres de 35 – 54 anos; 
➢ Trabalhadores envolvidos em tarefas 
manuais => maior risco de desenvolver TLC 
e são mais resistentes ao tratamento 
(prognóstico ruim); 
➢ Mulheres, mais velhas e trabalhadoras 
de escritório => maior risco; 
➢ Tabagismo e lesões de MR => maior 
risco de TLC. 
FISIOPATOLOGIA: 
➢ Fisiopatologia da TLC é multifatorial; 
➢ Tenócitos de tendões sobrecarregados 
auxiliam na liberação de substâncias 
envolvidas em nocicepção e que alteram a 
matriz; 
➢ Histologia: o aumento da celularidade 
e substância amorfa, desorganização do 
colágeno e neovascularização; 
Lesões do cotovelo 
➢ “O ERCC (extensor radial curto do 
carpo) é o mais acometido, pois quando se 
contrai sofre fricção pelos LCL e LA”. 
➢ Substâncias bioquímicas liberadas 
pelos Tenócitos sobrecarregados (tensão ou 
compressão), crescimento de neovasos, 
microlesões que geram inflamações. 
➢ Tendão em estágio degenerativo pode 
apresentar porções em estágio reativo: 
intervenções devem levar em conta o estágio 
da disfunção. 
➢ Tendinite X Tendinopatia: 
o Tratamentos tradicionais para 
desordens inflamatórias têm baixo 
sucesso em tendinopatias; 
o Estudos histológicos mostram 
mínima ou nenhuma inflamação; 
o Opções de tratamento para 
desordens inflamatórias e 
degenerativas. 
TEORIA DO ICEBERG: 
 A ponta do iceberg é a dor e a base é 
o exercício saudável, entre essas 
extremidades tem muitos fatores, dentre 
eles exercícios com muita repetição e pouco 
tempo de descanso. 
ESTÁGIOS DA TENDINOPATIA: 
 Quando o tendão normal sofre carga 
normal/ideal => fortalecimento. 
 Quando o tendão sofre com uma 
carga excessiva + pouco tempo de repouso 
adequado + fatores individuais = provável 
tendinopatia. 
1. Tendinopatia Reativa: maior 
potencial de reversibilidade; 
2. Tendinopatia Degradativa: carga 
excessiva contínua; 
3. Tendinopatia Degenerativa: maior 
risco de ruptura. 6 – 10 meses para 
conseguir voltar a atividade esportiva. 
➢ Se tirar a carga totalmente do tendão 
= enfraquecimento e sem estímulos que os 
Tenócitos precisam para fortalecer; 
o Pode gerar ruptura do tendão; 
o Carga excessiva e carga nenhuma, 
ambos são ruins. 
Aspectos da avaliação 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA, DIAGNÓSTICO 
E AVALIAÇÃO: 
➢ Diagnóstico baseado na história 
clínica e avaliação física; 
➢ Dor insidiosa na região do epicôndilo 
lateral, que pode irradiar para o antebraço; 
➢ Dor agravada com preensão, extensão 
do punho e/ou 2º e 3º dedos, além de 
palpação; 
➢ Testes de Cozen, Mill e Extensão do 3º 
dedo = +++; 
➢ Déficits em preensão, força extensora 
e flexora do punho (sem alteração na força 
extensora dos dedos) e déficits de força no 
MR; 
➢ Redução da eletromiografia do ERCC 
na extensão isométrica, preensão e 
backhand geram redução da Endurance, 
devendo trabalhar a resistência. 
HISTÓRICO: 
➢ Histórico abrangente; 
➢ Localização, intensidade e duração da 
dor; 
➢ Data dos eventos relevantes/ 
mecanismo de lesão; 
➢ Fatores agravantes, lesões prévias, 
tratamentos anteriores; 
➢ Objetivos, expectativas, crenças do 
paciente. 
AVALIAÇÃO E EXAME FÍSICO: 
➢ Flexão e extensão de cotovelo; 
➢ Cotovelo fletido em 90º, polegar para 
cima (joia), realiza o movimento de 
pronação e supinação; 
➢ Teste de Unidade Contrátil e 
Avaliação de Força: contração isométrica, se 
doer o tendão ou os músculos estão 
acometidos. 
➢ ADM passiva e ativa dos movimentos 
do punho: flexão, extensão, desvios ulnar e 
radial; 
➢ Testes de força dos extensores do 
punho e dedos: ERLC (cotovelo estendido), 
ERCC (cotovelo fletido), extensor dos dedos; 
➢ Testes de força dos flexores do punho 
e dedos; 
➢ Movimentos acessórios e colunas 
cervical e torácica: flexão de cotovelo + RL e 
RM, tração posterior, testar coluna cervical 
e torácica (compressão máxima no final dos 
movimentos da cervical); 
➢ Testes Especiais: 
o Teste de Cozen: cotovelo a 90º e 
manter seu antebraço em 
pronação. Solicite ao paciente que 
realize a extensão ativa do punho, 
realizando o movimento contrário 
à resistência imposta. 
• Positivo: refere dor no EL. 
o Teste de Mill: cotovelo em extensão 
e o punho fletido, solicite ao 
paciente para resistir a hiperflexão 
de punho. 
• Positivo: refere dor no EL. 
o Extensão do 3º dedo: paciente 
deve vencer a resistência e manter 
o dedo estendido. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 
➢ Instabilidades: mecanismo de lesão, 
testes especiais e histórico; 
➢ Aprisionamento de nervo periférico 
(radial, interósseo posterior) => local 
sintomas e testes neurodinâmicos, além de 
paresia em extensores sem perda sensorial; 
➢ Dor referida da cervical/ 
radiculopatia; 
➢ Mobilização neural se houver 
compressão do nervo; 
o Procurar a reprodução dos 
sintomas e não apenas a dor. 
COMORBIDADES RELEVANTES: 
➢ Dor cervical é mais comum em 
pessoas com EL; 
➢ Pacientes com dor cervical e EL 
apresentam um pior prognóstico; 
➢ Avaliação das colunas cervical e 
torácica é relevante. 
➢ Podem ser aspectos contribuintes ou 
causais para a dor no epicôndilo. 
EXAMES DE IMAGEM: 
➢ Exames de US são os principais 
exames complementares para identificação 
de alterações nos tendões; 
➢ Áreas hipoecóicas, neovascularizações, 
espessamento do tendão e desorganização 
do tecido são achados relevantes; 
o Tendão branco: calcificação; 
o Tendão preto: alteração na 
matriz. 
➢ Cuidado é necessário na interpretação 
=> achados anormais são observados em 
50% das pessoas assintomáticas. 
ASPECTOS DA AVALIAÇÃO: 
➢ Força de preensão sem dor: válida e 
confiável para avaliação funcional => 
preensão até o aparecimento da dor => 
média de 3 tentativas com 1 min de 
intervalo; 
➢ Questionários: PRTEE e DASH. 
Reabilitação DA tcl 
➢ O tratamento conservador é a 
primeira linha de cuidado da epicondilalgia 
lateral; 
➢ É improvável que um tratamento 
padronizado para todos os casos de 
epicondilalgia lateral seja eficiente em todos 
os casos; 
➢ Intervenções devem ser desenhadas 
sob medida para a apresentação clínica e 
características individuais de cada caso. 
 
“Por que não começamos com repouso 
para os atletas? Porque quando tira a carga 
total, o tendão fica mais fraco.”Após 14 semanas sem treinar, atletas 
de futebol americano tiveram um treino 
intenso por 17 dias antes das competições = 
aumento em 4x a incidência de ruptura 
pré-temporada. 
COMPRESSÃO E OS TENDÕES: 
➢ Um tendão submetido a estresse 
compressivo por tempo prolongado se 
remodela, passando a ter características de 
fibrocartilagem; 
➢ Situações comuns de compressão dos 
tendões em atividades funcionais, laborais e/ 
ou esportivas devem ser consideradas! 
➢ “Alongamento gera compressão, não 
pode começar alongando (braço pronado + 
extensão de punho);” 
➢ “Comprimir o ERCC pode gerar 
compressão e lesão patológica;” 
➢ “Na pronação: cabeça do rádio sobre 
e gera a compressão do ERCC pelo ligamento 
anular.” 
 
“E as injeções de anti-inflamatórios, 
como corticosteroides? Será que não são 
uma boa opção? Corticoide no tendão tem 
efeito negativo reduzindo a proliferação 
celular, síntese e organização do colágeno, 
além de aumentar a necrose.” 
 
➢ O tendão com alterações patológicas 
apresenta MAIOR área de secção transversa 
de tecido com boa estrutura do que um 
tendão normal; 
o “A intervenção precisa envolver 
cargas progressivas ao tendão 
como um todo e não só a parte 
lesada.” 
COMO PROPORCIONAR CARGAS 
PROGRESSIVAS AO TENDÃO: 
 “Exercícios excêntricos para 
tendinopatias são parte de um tratamento 
multimodal para reabilitação da TLC. Fazer 
exercícios concêntricos também não fazem 
mal, mas precisam ser feitos de forma lenta 
na fase inicial e no final com maior 
velocidade.” 
FASE 1: ISOMÉTRICOS, CADEIA CINÉTICA 
E MANEJO DA CARGA; 
➢ Fase aguda – manejo dos sintomas; 
➢ Bandagem rígida do diamante: 
objetivo de reduzir a tensão nos tecidos 
acometidos (origem dos extensores). A 
bandagem é tensionada e a pele é movida 
em direção ao centro do “diamante”. Reduz 
a tensão nos tecidos acometidos; 
➢ Contrações Isométricas Sustentadas: 
isométricos de 30 – 45” para tendinopatia 
reativa => punho em 30° de extensão, 
cotovelo a 90º de flexão; 
➢ Controle Motor: dissociação da 
extensão do punho dos dedos; 
 
➢ Manejo de carga: equilibrar na 
balança o repouso e o exercício; 
➢ Alongamento: causa compressão do 
tendão contra o epicôndilo e a cabeça do 
rádio; 
➢ Fortalecimento: musculatura do 
quadril, joelho e tornozelo. 
FASE 2: FORTALECIMENTO ISOTÔNICO 
COM CARGA PROGRESSIVA AO TENDÃO: 
➢ Evitar flexão excessiva: gera 
compressão; 
➢ Fortalecimento local: flexão de punho 
+ desvio ulnar => extensão de punho + desvio 
radial; 
➢ Progressão de posições que menos 
estressam para as que mais estressam: 
1. Antebraço em extensão e supinado 
+ extensão de punho; 
Oferecer carga progressiva para os 
extensores do punho inicialmente 
com o antebraço supinado; 
2. Cotovelo a 90º de flexão + 
antebraço pronado + extensão de 
punho; 
3. Antebraço pronado + extensão de 
punho. 
 
➢ Progressão pode ser feita com 
manipulação da carga, repetição, ADM, 
repouso. 
➢ Dor é permitido até 5/10, não 
podendo passar de 5 caso passe, a carga se 
excedeu. 
➢ Fortalecimento com o componente 
excêntrico e o antebraço estendido e 
pronado (compressão inserida 
gradualmente), pode ser enfatizado, 
principalmente em fases mais avançadas. 
➢ Exercícios realizados 2 – 3x/semana; 
➢ Recondicionamento com 3 x 8 – 12 
repetições (1 – 2 min de intervalo); 
➢ Alongamento na fase subaguda auxilia 
na dessensibilização (lentos e sustentados – 
apenas sensação de alongamento leve, no 
início); 
o Extensão e flexão de punho; 
o 3 – 5 x 20 – 30 segundos. 
➢ Fortalecimento bilateral; 
➢ Cuidado com exacerbação dos 
sintomas (durante ou após), carga durante 
AVD/trabalho, forma e execução adequada. 
“E o tempo de descanso entre os dias 
de reabilitação e os dias de atividades 
esportivas/laborais? Tempo de descanso 
entre sessões de alta intensidade de exercício 
de fortalecimento ou atividade física/laboral 
é de 36 horas por causa da produção/ 
degeneração de colágeno. Após 36h que a 
síntese de colágeno > degradação de 
colágeno”. 
 “Fortalecimento proximal (bíceps, 
tríceps, MR, deltoide) são importantes para 
fazer a ação do movimento do exercício e 
laboral.” 
➢ Mobilizações com Movimento (MWM): 
o Mobilizações de deslizamento 
sustentadas enquanto o paciente 
executa uma ação => movimento 
simples, complexo, preensão; 
o Para ser indicada, deve haver uma 
redução ≥ 50% da dor com a 
técnica; 
o Mobilizações aplicadas com as 
mãos ou cinto. Bandagem pode ser 
aplicada; 
o MWM para ganho de flexão e 
extensão; 
o Manipulação (Grau 5) da 
articulação rádio-umeral; 
o Mobilização oscilatória da coluna 
cervical; 
o Glide lateral com flexão ativa e 
sobrepressão; 
o Glide lateral usando cinto com 
extensão ativa; 
o Glide lateral em vértebra cervical; 
o Bandagem para deslizamento 
lateral – mobilizações para 
melhora na força de preensão; 
o Mobilização com movimento para 
melhora na força de preensão; 
o Automobilização em deslizamento 
lateral; 
➢ Treino de Atividades Funcionais: 
o Treino das tarefas funcionais 
específicas de AVD; 
o Treino das tarefas funcionais 
específicas de trabalho; 
o Treino das tarefas funcionais 
específicas do esporte; 
o Objetos leves, menores, de fácil 
pegada => objetos maiores, mais 
pesados e/ou de pegada mais 
difícil. 
➢ Recurso eletrotermofototerapêutico: 
o Laser infravermelho: 904nm, 0,5 
– 7,2 J => efetivo em conjunto 
com outras condutas. 
FASE 3: PLIOMÉTRICOS E RETORNO À 
FUNÇÃO: 
➢ Exercícios Pliométricos: 
o Treino de perturbação; 
o Controle motor e estabilização; 
o Fortalecimento da musculatura do 
tronco e quadril; 
o Integração da cadeia cinética; 
o Fortalecimentos específicos do 
gesto esportivo; 
➢ Adaptação e Retorno ao Trabalho – 
Fatores laborais associados à prognóstico 
ruim: 
o Manejo de ferramentas pesadas; 
o Manejo de cargas pesadas; 
o Movimentos muito repetitivos; 
o Pouco controle sobre o trabalho; 
o Posturas não neutras de punho no 
trabalho. 
➢ Modificações ergonômicas devem 
evitar tarefas envolvendo desvios da posição 
neutra, exaustão excessiva e movimentos 
altamente repetitivos. Instaurar pausas e 
tempos de repouso adequados. 
➢ Importância da cadeia cinética – os 
membros inferiores e o tronco 
desempenham importantes funções para: 
o Base estável para o movimento do 
MS; 
o Promover torque rotacional para 
geração de força; 
o Gerar 50 – 55% da energia 
cinética gerada em um saque no 
tênis; 
o Quebra na propagação das forças 
geradas nesses segmentos 
impedindo a sua chegada até os 
MMSS => padrões compensatórios 
e sobrecargas excessivas em 
tendões e articulações. 
➢ Retorno ao esporte: 
o Retorno irrestrito quando os 
déficits locais e da cadeia cinética 
estiverem sanados; 
o Programa de intervalo do esporte 
=> minimizar a chance de re-lesão 
e facilitar o ganho de confiança e 
retorno à função; 
o O programa e suas progressões 
devem ser modificados para ir de 
encontro às necessidades 
específicas do atleta; 
o Programa abrangente de 
fortalecimento, flexibilidade, 
exercícios pliométricos, controle 
neuromuscular, estabilização 
dinâmica adequados aquecimento 
e gesto(s) esportivo(s) são 
importantes para a manutenção 
dos ganhos, com menor chance de 
recidivas. 
Tendinopatia média do 
cotovelo 
Teste Especial: extensão de punho 
passiva com cotovelo estendido gera 
reprodução dos sintomas em casos de 
tendinopatia medial de cotovelo. 
Instabilidade do 
cotovelo 
➢ Classificação Cronológica: aguda, 
crônica e recorrente; 
➢ Classificação Anatômica das 
Instabilidades: 
o Simples: sem fratura associada, 
mais comum; 
o Complexas: com fratura associada 
(fratura da cabeça radial, processo 
coronóide, olecrano ou úmero 
distal). 
➢ Tríade terrível: luxação do cotovelo + 
fratura da cabeça radial + fratura do 
processo coronóide; 
CLASSIFICAÇÃO DAS INSTABILIDADES: 
➢ Direção da luxação: definidapela 
direção dos ossos do antebraço. 
 
➢ Subdivisão da luxação posterior 
(baseada na relação final entre o úmero e o 
olecrano): 
o Posterior; 
o Póstero-Lateral: mais comum. É a 
condição na qual o rádio e a ulna 
rodam lateralmente em relação à 
extremidade distal do úmero, 
levando a um deslocamento 
posterior da cabeça radial em 
relação ao capítulo; 
• Mecanismo de lesão: queda 
com a mão espalmada, punho 
em extensão, com a 
combinação de força axial 
aplicada em valgo, estando o 
antebraço em supinação. 
 
o Póstero-Medial: carga axial 
extrema com o braço acima da 
cabeça (Overhead). 
o Lateral Pura; 
Instabilidade póstero-
lateral 
FISIOPATOLOGIA DA INSTABILIDADE: 
➢ A combinação de forças produz uma 
ruptura sequencial das estruturas moles, que 
progride de lateral (LCUL) para medial 
(LCUM) através da articulação (“anel da 
instabilidade”); 
➢ Sequência de rupturas determina 
graus variáveis de instabilidade que vão 
desde a subluxação até luxação completa. 
ESTÁGIOS DA RUPTURA: 
1. O ligamento colateral ulnar lateral é 
rompido, resultando em subluxação 
rotatória póstero-lateral do cotovelo e 
ocorre redução espontânea da subluxação; 
2. Lesões adicionais, anteriormente e 
posteriormente (cápsula), ocorrem 
resultando em luxação póstero-lateral 
incompleta do cotovelo; 
3. Pode ser dos seguintes tipos: 
a) Ruptura das estruturas mediais: 
apenas a banda anterior do LCM 
intacta; 
b) Todo o complexo ligamentar 
medial é rompido: instabilidade 
em valgo, varo e rotacional 
presente; 
c) Ruptura da origem dos tendões 
flexores/pronador: instabilidade 
marcante. 
 
COMORBIDADES DA INSTABILIDADE: 
➢ Fraturas associadas: cabeça radial, 
epicôndilo medial ou lateral, processo 
coronóide e fraturas intra-articulares do 
úmero; 
➢ Lesões neurológicas: principalmente 
dos nervos ulnar e/ou mediano. 
Avaliação 
TESTES ESPECIAIS: 
➢ Estresse em varo (0 – 30º) - interno; 
➢ Estresse em valgo (0 – 30º) – 
externo; 
➢ Pivot Shift: DD cotovelo a 70º e 
antebraço supinado. Terapeuta com uma 
mão estabilizando o braço e a outra no 
punho. Extensão + estresse em valgo no 
cotovelo, impondo uma compressão axial 
sobre o antebraço. Positivo: produz 
subluxação da articulação úmero-ulnar. 
Reabilitação 
➢ Reabilitação pós-lesão é complexa, é 
preciso manter a congruência articular e 
prevenir rigidez; 
➢ Cotovelo => especialmente propenso a 
rigidez => tecidos capsulares tendem a 
enrijecer e contraturar após trauma; 
➢ Mobilização precoce é enfatizada para 
prevenir rigidez; 
➢ Conhecimento, reparos e fixações 
internas são importantes para mobilização 
precoce segura. Boa comunicação entre 
cirurgião e fisioterapeuta é fundamental; 
➢ Muitos cirurgiões optam por 
abordagem conservadora no PO => cotovelo 
rígido é de mais fácil manejo do que um 
instável; 
➢ Considerações importantes: 
o A pronação do antebraço reduz 
espontaneamente a instabilidade 
rotatória póstero-lateral quando o 
complexo ligamentar lateral está 
rompido; 
o Evitar força em varo na presença 
de um ligamento colateral lateral 
deficiente; 
o O LCL restringe o varo do cotovelo 
e a instabilidade póstero-lateral; 
o Músculos extensores do punho 
previnem a rotação do antebraço 
na direção póstero-lateral; 
o Nos casos de reconstrução dos 
ligamentos colaterais laterais, é 
necessário proteção do enxerto 
para evitar alongamento ou falha; 
o A progressão da terapia é baseada 
na estabilidade do cotovelo e nas 
adaptações fisiológicas que 
ocorrem com a cicatrização; 
o Alongamento passivo após 6-8 
semanas. 
FASES DA REABILITAÇÃO PO 
1. Fase 1 – dia 1 a 4 semanas: 
o Splint mantendo o antebraço em 
pronação e o cotovelo em flexão de 
90º, mantido por até 3 a 4 sem; 
o PRICE: controle da dor e derrame 
articular; 
o Cuidado deve ser tomado com a 
RM do ombro, pois pode provocar 
estresse em varo no cotovelo; 
o Movimentação precoce para evitar 
contratura em flexão; 
o A mobilização precoce depende: 
estabilidade articular, se um 
bloqueio da extensão é necessário e 
se há a presença de drop sign 
(sinal de queda); 
o Se a articulação é estável após a 
redução: exercícios de ADM com o 
antebraço em pronação e 
exercícios de pronação e supinação 
do antebraço com cotovelo em 
90º ou mais de flexão; 
o Na presença de um drop sign: 
exercícios isométricos para tríceps, 
ancôneo e braquial e exercícios de 
flexão e extensão (antebraço em 
pronação) com a mão acima da 
cabeça; 
o Ênfase em exercícios resistidos 
para os extensores de punho: 
estabilização articular; 
2. Fase 2 – 4 a 6 semanas: 
o Objetivos: maximizar a ADM do 
cotovelo e antebraço, mantendo-
se a estabilidade, maximizar a 
força dos músculos extensores de 
punho; 
o Se o cotovelo estiver estável, 
retira-se a órtese (splint); 
o Exercícios de flexão e extensão 
com o antebraço em posição 
neutra; 
o Os exercícios de pronação e 
supinação do antebraço com o 
cotovelo à 90º de flexão são 
continuados; 
o Exercícios de preensão; 
o Estimular AVD leves, porém 
movimentos combinados de 
extensão do cotovelo + supinação 
do antebraço devem ser evitados; 
o Splint noturno para ganho de 
extensão. 
➢ Fase 3: 6 a 12 semanas: 
o Objetivos: aumentar a mobilidade, 
força e Endurance, função de todo 
o membro superior; 
o Uso de calor superficial é indicado 
para aumentar a complacência 
dos tecidos para ganho de ADM; 
o Mobilizações articulares em 
distração => grau 3 => grau 4 
para ganho de mobilidade em 
geral; 
o Alongamento de baixa carga e 
longa duração: casos em que há 
marcante redução na ADM nessa 
fase; 
o Incorporar exercícios com pesos e 
resistência elástica; 
o Exercícios resistidos para flexores 
do cotovelo com o antebraço em 
pronação até a 8ª semana; 
o Exercícios resistidos para tríceps; 
o Exercícios resistidos para músculos 
do ombro, antebraço e punho; 
o Alongamentos, movimentação 
passiva e mobilização articular 
para aumento da ADM; 
➢ Fase Final: fortalecimento avançado e 
treino sensório-motor. 
Outras instabilidades 
relevantes 
➢ Lesão do LCU por estresse no 
arremesso: provoca instabilidade medial do 
cotovelo do atleta; 
➢ Luxação da cabeça do rádio: distração 
longitudinal vigorosa (ser puxado/ 
carregado); 
o Não puxe a criança pelos braços => 
Campanha de Conscientização 
para Prevenção da Lesão

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