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Tema 5 -Pesquisa em artes visuais_ linhas das áreas de criação

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Prévia do material em texto

Pesquisa em artes visuais: linhas das áreas de criação
Prof.ª Alexandra Cristina Moreira Caetano
Descrição
O papel do artista pesquisador nas linhas das áreas de criação em artes visuais. Processos e metodologias envolvidos na pesquisa nas áreas de
criação.
Propósito
Entender as linhas das áreas de criação em artes visuais como prático-teóricas é essencial para a compreensão do papel do artista-pesquisador e
dos aspectos metodológicos que diferenciam esse formato de pesquisa. O estudo dos processos se torna uma chave para a compreensão do fazer
artístico e um ponto de partida para a escrita da pesquisa, considerando as escolhas do artista, seus referenciais, seu envolvimento com sua arte e
seus processos de criação.
Objetivos
Módulo 1
O artista pesquisador
Reconhecer o artista pesquisador e seu papel na pesquisa em artes visuais.
Módulo 2
Estudo dos processos artísticos em artes visuais
Analisar os processos artísticos envolvidos em pesquisas nas áreas de criação.
Módulo 3
A pesquisa em artes no meio acadêmico
Identificar as metodologias de pesquisa em artes visuais no meio acadêmico.
Introdução
Em artes visuais, há diferentes contextos e atores envolvidos nos processos de pesquisa. Individualmente, há artistas que são somente artistas.
Imersos em sua arte, sua preocupação e seu envolvimento se atêm a ela, assim como às suas referências e aos seus processos de produção.
De forma paralela, há o pesquisador em artes. Teórico, ele pesquisa contextos históricos, poéticas, linguagens, meios e processos. Trata-se daquele
que desvenda a cabeça do artista, embora não tenha criado nenhuma obra de arte em sua trajetória.
Dividimos a pesquisa nas artes em pesquisa sobre as artes (história da arte, movimentos, artistas ou produções já consagradas), pesquisa para as
artes (processos criativos em artes visuais ou tecnologias sencientes aplicadas a tais artes) e pesquisa em artes (produção em poéticas visuais ou
de instalações interativas), relacionando produção prática.
Certos vieses metodológicos acompanham os formatos de pesquisas, como, por exemplo, a pesquisa baseada em arte, a pesquisa em artes e a
artografia (a/r/tografia). Nossa busca, desse modo, é costurar a pesquisa envolvendo a criação artística e os processos de criação com a figura do
artista-pesquisador, trazendo tal pesquisa para o contexto acadêmico a fim de ampliar a percepção sobre a produção realizada.
1 - O artista-pesquisador
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o artista-pesquisador e seu papel na pesquisa em
artes visuais.

Origens do artista-pesquisador
Será que todo pesquisador em artes é um artista? Frequentando o ambiente acadêmico, certamente você já se deparou com artistas e
pesquisadores dos mais variados.
Ao mirar a pesquisa voltada para a criação artística, é impossível não pensar no artista-pesquisador. Afinal, quando o foco está na criação, tê-lo à
frente da pesquisa é o natural.
Entretanto, a ideia de manter o artista-pesquisador à frente dela começou a ser construída por Elliot Eisner e Tom Barone, entre os anos 1960 e
1980, a partir das discussões que se cruzam com o ensino da própria arte. Os autores a viam como uma forma de construir conhecimento. Foi aí
que se estruturou a Arts based research (ABR) traduzido em português para Pesquisa baseada em arte (PBA). Difundida no meio acadêmico a partir
de 1990, a PBA só se consolidou na primeira década do século XXI. Na década de 1980, Fernando Hernandez, lastreado pelas investigações de
Eisner, desenvolveu um método de pesquisa que se baseia nas artes: a IBA (Investigación basada em las artes).
Capa do livro: Arts based Research.
Abordaremos aqui a PBA e a IBA não para falar da metodologia de pesquisa em si, e sim como ponto de partida da reflexão do perfil do artista-
pesquisador, cuja obra de arte torna-se um objeto da pesquisa. Segundo Hernández (2008), o importante é perceber como o artista desenvolve suas
obras, seus trabalhos ou seus projetos e qual processo poético e prático de criação foi construído por ele para chegar à obra final. Ao abordarmos o
artista-pesquisador, retomaremos aquele que:
Produz suas obras;
Explora os processos de criação;
Pesquisa a partir das suas criações;
Explora referências pelo fazer de outros artistas ou de seus alunos.
No meio acadêmico, o fazer artístico se transforma em pesquisa. Com isso, o artista passa a ser um pesquisador. O artista-pesquisador investiga:
A criação artística;
Os processos criativos;
Os modos de fazer arte;
As linguagens e contextos (não apenas em trabalhos, projetos e obras dele, mas também em projetos similares).
O artista pensa em processos e fluxos, além de estabelecer etapas e passos para a execução da obra. Seu objetivo é a criação de um método
próprio que seja o resultado da combinação de suas referências. Por isso, ele explora suas emoções nos processos de criação, sendo, muitas vezes,
contido no seu fazer. Cada artista tem sua forma de:
Aplicabilidade de determinada técnica
Exploração de linguagem
Utilização e escolha dos materiais (insumos de suas criações)
Já o pesquisador é racional, crítico e distante. Trata-se, afinal, daquele que revela, desvenda, registra, coleta dados, metrifica e aponta. Ele preocupa-
se com a qualidade dos dados coletados e dos registros realizados.
As artes e humanidades proporcionaram uma longa tradição de formas de descrever, interpretar, e valorizar o
mundo: história, arte, literatura, dança, teatro, poesia e música são algumas das formas mais importantes por
meio das quais os humanos representaram e configuraram as suas experiências. Essas formas nunca foram
significativas para a indagação qualitativa por razões que têm a ver com uma concepção limitada e limitante de
saber.
(EISNER, 1998, p. 16)
O pesquisador também é detalhista e meticuloso, e procura ser fiel aos fatos. Com isso, se aproxima de metodologias abraçadas pela ciência, busca
respaldo para suas pesquisas e confia nos registros de suas observações, bem como em seus números. Todo pesquisador lida com:
A experimentação;
Não efetividade de seus testes;
O fazer e fazer novamente.
Em suma, o artista-pesquisador une o racional e o emocional/poético. Ele precisa assumir um perfil investigativo, indo além da superfície e em
busca dos porquês, ao mesmo tempo que se deixa tocar, emocionando-se com os resultados. Ele deve estar disposto a questionar sua forma de
fazer, arriscando-se a realizá-la de forma diferente pelo simples prazer de testar novas formas. Por isso, ele está aberto aos seguintes desafios:
Criação
Nas áreas de pesquisa em artes visuais que envolvem a criação, o artista-pesquisador parte do processo da sua obra ou dela mesma. Essa
configuração é sua zona de conforto, a criação dele é o ponto de partida para a investigação de materiais.
Registro
No momento da pesquisa, esse pesquisador registra sua própria produção. Com isso, cria processos, selecionando e anotando dados gerados
nos processos de criação. O registro é parte desse processo – e certamente dele nascerá outra obra em processo, isto é, em desenvolvimento.
Diferentemente do pesquisador, que observa e faz a leitura e a interpretação desses dados, na pesquisa de criação, que é uma pesquisa prático-
teórica, há tanto a produção quanto a fala sobre ela, seja tal fala relativa ao processo ou à obra acabada. Manter a qualidade em todas as etapas
desse processo (na criação da obra e no registro da pesquisa), portanto, é o que se espera do artista-pesquisador.
Artista e pesquisador?
Vamos aprofundar um pouco mais a relação entre o cotidiano artístico e a vida acadêmica do profissional da área de Artes.
O papel do artista-pesquisador


O papel do artista-pesquisador está em desvelar processos de criação. As criações artísticas nascem na mente do artista e, muitas vezes,
permanecem por lá, sendo intocáveis.
Saindo do papel de gênio criativo, esse artista se coloca como observador, questionador e arqueólogo do próprio processo de produção em arte.Seu papel principal está em se expor, retirando as camadas poéticas e desconstruindo os passos da criação, além de fazer com que tudo aquilo
íntimo e próprio do artista que ele é faça sentido para qualquer outro que venha a ler sua pesquisa.
O artista-pesquisador busca novos meios de aliar a pesquisa teórica à sua produção prática. Na área de pesquisa em processos de criação, o
pesquisador mantém a produção artística ou inicia sua produção em função da pesquisa.
Exemplo
Em busca de um embasamento sobre sua produção por meio de métodos de pesquisa, ele faz um levantamento de um referencial bibliográfico, seja
com o foco na construção de referências para sua produção artística, seja para a produção conceitual (que é parte da pesquisa).
Esse artista explora os temas de seus processos de criação. Tais processos são pertencentes à prática artística, pois é nela que se apresenta a
aproximação do artista com a sua produção poética. Quanto mais estreita a relação dele com sua pesquisa, mais se evidencia a concretização do
seu pensamento na produção.
O artista-pesquisador é um alquimista que busca no fazer as respostas que não encontra em
conceitos e teorizações.
Olhando para a pesquisa em arte, nota-se que o recorte se atém ao processo metodológico do pesquisador. Tal metodologia se faz presente na
construção da prática na pesquisa em arte e nos modos de se operar essa pesquisa. Porém, como a arte é um campo de invenção, experimentação
e subjetividade, os modos de pesquisa mais rígidos não dariam conta de mencionar esses processos criativos.
Diante da rigidez do método científico, o artista-pesquisador não consegue se ver mais espelhado na pesquisa que iniciou, não se reconhecendo nos
modos em que operou durante o processo de investigação.
Isso demonstra a importância de se investigar a pesquisa em arte não em busca de definir uma metodologia específica, e sim para apresentar
possibilidades na flexibilidade, na mobilidade e na mutabilidade, como se dá, por exemplo, no próprio ato de fazer arte.
A teoria, os conceitos e os registros fazem parte do processo de criação. Dessa forma, tal pesquisa é processual, sendo o fio condutor de uma
produção, pois:
A pesquisa em artes visuais implica um trânsito ininterrupto entre prática e teoria. Os conceitos extraídos dos
procedimentos práticos são investigados pelo viés da teoria e novamente testados em experimentações
práticas, da mesma forma que passamos, sem cessar, do exterior para o interior, e vice-versa.
(REY, 2002, p. 123)
A sociedade costuma aceitar bem a ideia de que o artista é um pesquisador na construção de conhecimento. A dificuldade talvez esteja no valor
que esse conhecimento tem para a vida prática (resultado da pesquisa acadêmica) na comparação, por exemplo, com o conhecimento da ciência.
Nessa perspectiva, o conhecimento da arte se centra no produto da obra de arte, enquanto a pesquisa do artista se fecha em sua autoexpressão.
Essa é a crítica feita ao artista-pesquisador, o qual, quando se fecha na investigação da obra dele, pesquisa sobre sua identidade artística e seu
universo paralelo antes de investir na pesquisa sobre o que de fato interessa ao mundo exterior, ao científico ou ao social. Veja a seguir algumas
premissas do artista-pesquisador:
A arte requer que o artista, ao criar uma obra, estabeleça seu percurso, sua forma e seus modos de fazer. Como criador de processos, projetos e
obras de arte, ele tem a possibilidade de estruturar seus caminhos no próprio universo de trabalho, pois a pesquisa é resultado dos registros
realizados pelo caminho percorrido durante o trabalho de criação.
O artista-pesquisador transforma seu papel original de artista. Ele estabelece o movimento de externalização da arte (no geral) e da sua arte, a
qual, em pesquisa, é analisada e comparada ao trabalho de outros artistas, ao mesmo tempo que é confrontada e desnudada em seus processos.
O que interessa ao artista-pesquisador são as rupturas na ordem do discurso da arte, que estabelecem um fluxo linear para tornar tal discurso
didático e criam dicotomias entre belo ou útil, sujeito ou objeto, teoria ou prática, corpo ou mente, forma ou substância.
Artistas-pesquisadores: referências históricas
Mas quem são esses artistas-pesquisadores? Na realidade, eles só passaram a existir com esse nome, por direito, quando a pesquisa em artes se
concretizou nas universidades.
Silvio Zamboni (2006) usa o termo “pesquisa em arte" para diferenciar as pesquisas empreendidas por artistas que objetivam obter como produto
final a obra de arte, em que o artista se assume como pesquisador, daquelas desenvolvidas em outros campos das artes, como história, teoria da
arte, arte-educação, restauro e curadoria, entre outros exemplos, que já possuem há mais tempo metodologias próprias e uma área de atuação mais
clara.
Saiba mais
O ensino superior em Artes Visuais demorou a ser estabelecido no Brasil, o que só ocorreu em 1974. A Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP) foi a precursora na implantação de um programa de pós-graduação em Artes Visuais, introduzindo no país as
pesquisas referentes à teoria, à crítica, ao ensino e à história da arte. Trata-se de um dos primeiros programas do mundo a estabelecer a pesquisa
do artista na universidade (GODÓI, 2021). Em 1980, já professora do Colégio de Aplicação da ECA/USP, Regina Silveira foi a primeira artista a
defender uma dissertação no programa de pós-graduação recém-criado. Com o título Anamorfas, o trabalho se trata de uma produção artística e um
texto descritivo com referências, a partir de uma bibliografia, à produção anterior da artista e à história da arte por meio de aspectos conceituais
relacionados à obra.
De lá para cá, muita coisa mudou – a começar pelo fato de as instituições de ensino terem desenvolvido grupos de pesquisa. Atualmente, muitos
deles são ativos e participantes em uma constante construção das pesquisas em artes. Destacaremos a seguir alguns desses grupos espalhados
pelos quatro cantos do país:
São Paulo 
Rio de Janeiro 
Minas Gerais 
Distrito Federal 
Optamos por destacar os artistas-pesquisadores inseridos nas academias. Por conta disso, não mapeamos – embora salientemos aqui – o
percurso do artista-pesquisador, o qual, autônomo, pesquisa a partir do seu ateliê, explorando diversas conexões entre as artes visuais e as outras
áreas e construindo poéticas, o que nos leva a refletir sobre o perfil do artista contemporâneo.
Se pensarmos nos artistas contemporâneos mais conhecidos, veremos que as suas formações são as mais diversas possíveis, não seguindo
necessariamente apenas as artes visuais. Entre os artistas-pesquisadores, é possível encontrar:
O autodidata;
O discípulo;
Aquele que frequenta cursos livres ou uma graduação em Artes;
Quem tem formação em cursos, como, por exemplo, Arquitetura, Design Gráfico ou mesmo de outras áreas;
Imigrantes das áreas de exatas, perfazendo conexões com as artes visuais.
Dessa forma, vamos nos concentrar na pesquisa-criação, pois o aspecto presente em qualquer perfil de artista-pesquisador é justamente a pesquisa
com foco na criação, etapa na qual a obra/projeto/trabalho constitui tanto o propósito da pesquisa quanto seu resultado esperado.
O espaço do artista-pesquisador
Se precisamos escolher uma metodologia de pesquisa que se encaixe perfeitamente com o perfil do artista-pesquisador, ela é a pesquisa-criação, já
que possibilita a intersecção dos campos artísticos tanto no nível teórico quanto no prático, proporcionando, assim, o desenvolvimento de
experiências e habilidades essenciais para transformar a criação artística.
A pesquisa por meio das práticas artísticas e inserida nelas abre um leque de possíveis colaborações entre artistas, pesquisadores e cientistas,
estejam eles presentes em áreas acadêmicas ou não. Veja a seguir:
Se compreendemos a criação como um ato de ordenar, selecionar, relacionar e integrar elementos que inicialmente nos pareciam impossíveis, entãodevemos entender que o processo de trabalho criativo, a criação artística e a pesquisa se aproximam durante o percurso (ZAMBONI, 2006). Por se
tratar de uma pesquisa prática-teórica, seu foco inicial está na produção artística, nas ideias e insights, nos processos criativos e nos processos de
pesquisa e de trabalho que permeiam a criação, culminando na produção da obra.
Ao longo do processo de elaboração da prática, surgem demandas de conhecimento. Elas dizem respeito à necessidade de referenciais artísticos e
teóricos e aos conhecimentos que o artista-pesquisador não detém. A partir de tais demandas do processo artístico, desenvolvem-se a
fundamentação teórica e a construção dos referenciais bibliográficos, webgráficos, artísticos e imagéticos que acompanham a pesquisa em arte.
Goiás 
Rio Grande do Sul 
Outras localidades 
Pesquisa-criação 
Pesquisa-ação 
Ao considerar a pesquisa em arte na perspectiva da produção em pesquisa-criação, percebe-se, na visão do artista-pesquisador, quão necessário é
buscar interfaces que resultem em trabalhos mais dinâmicos e mais complexos e que demandem construções colaborativas, processos coletivos e
um trabalho em equipe.
Dica
O trabalho colaborativo com artistas envoltos em suas poéticas de criação e aquele realizado pelo pesquisador representam dois momentos
distintos no interior do processo de pesquisa, ainda que ambos sejam complementares.
A prática se processa em etapas. O incentivo da produção teórica ocorre de forma simultânea ao registro do processo criativo e da pesquisa
conceitual e referencial. A produção prática, por sua vez, inicia-se com um momento de introspecção do pesquisador.
Individual, a produção teórica é acompanhada por brainstorms temáticos e contextuais, ou seja, o registro de ideias. No entanto, essa pesquisa só
conseguirá avançar e se expandir a partir da colaboração e das parcerias. Conheça agora o registro do processo da pesquisa-criação:
Brainstorms
Brainstorm ou braintorming, cuja tradução do inglês seria tempestade mental, é uma técnica utilizada com objetivo de levantar ideias acerca de
determinado tema, mas sem amarras conceituais. Com isso, todos os participantes falam suas ideias acerca da proposta feita, mesmo aquelas que
poderiam parecer exageradas e descontextualizadas. Após o registro de todas essas ideias, a mesma equipe analisa sua pertinência e aplicabilidade.
Fase exploratória
Observar para reunir informações e construir um contexto.
Fase de ideação
Pensar, explorar, estabelecer processos e definir poética.
Fase de ação
Fazer, produzir, criar, intervir e moldar a criação.
A pesquisa-criação constitui o lugar do artista-pesquisador por levá-lo à ação constantemente. Ela estabelece que a obra constitui o resultado
esperado e a necessidade de pesquisar tal obra, assim como de realizar uma pesquisa sobre seus processos e seus entornos.
Como artista, desenvolve-se o processo poético de criação das obras, trabalhos e projetos. Já como pesquisador, são desenvolvidas as
metodologias que caibam no formato de pesquisa, o qual, em primeiro plano, considera a poética de criação da obra.
Fluxos, processos e registros, assim como a criação da obra e a pesquisa, são, portanto, simbióticos e indissociáveis.
Fase de validação
Registrar, analisar, refletir e comunicar.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O artista-pesquisador tem um perfil distinto tanto do artista, focado na sua produção e nos seus processos de criação, quanto do pesquisador,
que desenvolve sua pesquisa, seja ela teórica ou prática. Esse tipo de artista desenvolve ações que perpassam os papéis referenciados, dando
espaço para o surgimento de um novo perfil prático-teórico. Assinale a alternativa que caracteriza o perfil do artista-pesquisador.
Parabéns! A alternativa B está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
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pesquisador%2C%20elas%20as%20apresentam%20de%20forma%20incompleta.%20Por%C3%A9m%2C%20ao%20afirmarmos%20que%20%E2%80%9
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Questão 2
Definir a pesquisa-criação não é tarefa fácil, mas ela se torna fundamental se queremos realmente compreender a extensão dessa área de
pesquisa no âmbito das artes visuais. Dessa maneira, marque a opção que, de forma mais completa, descreve uma das etapas da pesquisa-
criação.
A O artista-pesquisador mantém a integralidade do papel original do artista.
B O artista-pesquisador analisa, compara, subverte a ordem natural e externaliza sua arte.
C O artista-pesquisador busca a linearidade didática do processo de criação.
D O artista-pesquisador mergulha no processo criativo, estando preocupado com a produção.
E O artista-pesquisador concentra-se no levantamento e no cruzamento referencial para registro.
A Fase exploratória: explorar, estabelecer processos e fazer brainstorming.
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
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cria%C3%A7%C3%A3o%20abrange%20as%20seguintes%20fases%3A%20fase%20explorat%C3%B3ria%3A%20observar%20para%20reunir%20informa
2 - Estudo dos processos artísticos em artes visuais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os processos artísticos envolvidos em pesquisas nas
áreas de criação.
A pesquisa baseada em arte
A pesquisa baseada em arte (PBA) é uma metodologia que nasceu do campo das Ciências Sociais, da Psicologia e da Educação para dar suporte às
pesquisas nessas áreas tendo como base a investigação de imagens e de aspectos estéticos e performáticos, os quais, encontrados em suas
investigações, os pesquisadores consideraram que a arte tinha uma melhor abordagem metodológica para o tema. A PBA, portanto, é inspirada no
modo de criar dos artistas, ou seja, no seu processo de criação. Para Barone e Eisner (2006), a PBA reúne as seguintes características:
B Fase de ideação: observar, levantar dados, reunir informações e construir um contexto.
C Fase de ação: fazer, produzir, criar, intervir e moldar a criação.
D Fase de validação: análise de registro e definição do formato e da obra.
E Fase de registro: pesquisa propriamente dita.

Utiliza elementos artísticos e estéticos

Busca outras maneiras de olhar e representar a experiência

Trata de debelar aquilo do qual não se fala
A metodologia PBA apresenta a inclusão de características bastante comuns na prática artística, que envolvem incerteza, imaginação, ilusão,
introspecção, improvisação, visualização e dinamismo nos processos de pesquisa. As artes, em suma, levam o fazer para o campo da pesquisa.
A prática e a teoria são indissociáveis quando a proposta é realizar uma pesquisa prático-teórica.
Como o processo da pesquisa teórica se constrói por uma demanda do desenvolvimento da prática, quando se está em um processo do tipo, é
preciso, em diversos momentos, investigar certos pontos da teoria para se desvencilhar de impasses no projeto. Dessa maneira, é fundamental
estar consciente dos próprios processos de criação.
Isso significa entender quão fundamental é inserir, no processo de costrução, qualquer referencial válido, toda a proposta prática dessa criação e
sua história, reunindo-os como a costura de todos esses elementos. No decorrer do processo, essa prática o transforma, assim como os que
mantêm contato com ela, pois tais pessoas adquirem outras experiências e diferentes saberes.
A metodologia da pesquisa baseada nas artes aumenta as possibilidades da prática de pesquisa em
praticamente qualquer área de conhecimento.
Sob essa ótica, Barone e Eisner (2006) encontram sete aspectos para a PBA:
1. Criação de uma realidade virtual em que a pesquisa se torna palpável.
2. A presença da ambiguidade como estímulo.
3. Utilizaçãode linguagem expressiva e poética.
4. Desafiar a linguagem contextualizada e vernacular.
5. Promover a empatia e a relação entre pesquisador e leitor, abrindo espaço para o diálogo.
6. Demonstrar a autoria pessoal do pesquisador/artista/escritor. Isso quer dizer que ele pode redigir a pesquisa em primeira pessoa e falar sobre
experiências pessoais pertinentes, fato que, muitas vezes, foi justamente o que gerou o problema a ser pesquisado.
7. Utilização de uma forma estética de apresentação do trabalho (não somente do ponto de vista visual, mas que também envolve todos os
sentidos) relacionada ao conteúdo do trabalho.
No Brasil, destaca Caetano (2015), algumas organizações que promovem a pesquisa em artes (o que é diferente daquela baseada nas artes)
também englobam as PBA. Listemos alguns autores brasileiros que trabalham com PBA: Sílvio Zamboni, Blanca Brittes, Elida Tessler, Maria Carla G.
A. Moreira, Ricardo Basbaum, João A. Telles e Bia Medeiros.
Quanto à IBA, Hernández (2008) informa que os seguintes itens podem ser considerados uma investigação baseada nas seguintes artes:
Ensaios visuais nos quais as imagens contam por si mesmas um relato ou dialogam – o que é diferente de ilustrar – a partir de outro plano em
relação àquele que apresenta o texto.
Ensaios que usam diferentes formas de narrativa literária e experiências de transição por meio da educação para permitir ao leitor estabelecer
uma ressonância com o texto que lhe foi dado.
Investigações que apresentam o processo e o resultado, utilizando formas não convencionais de investigação (especialmente aquelas com
recursos visuais ou performáticos).
O valor desses exemplos depende de nosso foco. Afinal, o que caracteriza a "investigação baseada nas artes" não é a inclusão de imagens, textos
literários, poesias ou desenhos para compor a pesquisa.
A IBA se caracteriza, na verdade, pelo modo como essas e outras formas de representação artística se inserem na pesquisa, em que ponto elas
se situam e onde se encontram pesquisadores e leitores. Não se trata, portanto, de usar determinados métodos ou práticas "artísticas", e sim de
se relacionar de "outro modo" com o que se investiga, isto é, se apropriar de outro tipo de olhar que se reconhece no "artístico" e que permite
vislumbrar aquilo que, mediante outras metodologias, seria impossível.
O cotidiano de um pesquisar em artes visuais
Através de um relato pessoal e profissional, vamos entender como a atuação pesquisador em artes, para um docente, é fundamental.
Processos criativos: o artista sendo artista
Na pesquisa em artes visuais, a análise e os questionamentos precisam estar vinculados tanto com o desenvolvimento da sensibilidade do olhar
quanto com a fundamentação teórica sobre o processo criativo. É fundamental que o artista-pesquisador busque uma metodologia que favoreça a
expressão do processo criativo mediado pela postura de pesquisador. As variáveis, portanto, devem ser mensuradas e analisadas com o propósito
de atingir um fim com o processo de pesquisa.
Nessa modalidade de pesquisa, o objeto vai se desvelando aos poucos. À medida que o processo de investigação se consolida, as hipóteses podem
ser revistas. O percurso, assim, precisa ser ressaltado.
A poética dos processos de criação é marcada pela reflexão sobre os meios em que a obra se realiza. É preciso pensar no ambiente, no
tempo/espaço e em como se desenrola a proposta criativa para que as interfaces possibilitem e potencializem as conexões presentes no discurso
artístico.
As artes visuais exploradas em áreas de criação suscitam ambientes nos quais é permitido ultrapassar a instrumentalidade e explorar outros
comportamentos e maneiras de se conectar uns aos outros.

É possível perceber, de acordo com Plaza e Tavares (1998), as metodologias e as poéticas artísticas inerentes aos meios tecnológicos que
investigam os processos criativos subjacentes à metodologia das obras computacionais. Os autores afirmam que criar com os meios eletrônicos
difere-se da prática artesanal, já que os produtos artísticos derivam das potencialidades e das especificidades da infraestrutura tecnológica e/ou da
combinação algorítmica que estabelece um campo de infinitas possibilidades a explorar.
Desse modo, nos processos criativos em meios computacionais , a qualidade é evidenciada como
compromisso estabelecido entre a subjetividade daquele que inventa e as regras sintáticas inerentes aos
programas por ele utilizados: Essas tecnologias, ao participarem deste tipo de criação, instituem-se como
forma de expressão, manifestada pelo diálogo entre a materialidade do meio e o insight criativo.
(PLAZA; TAVARES, 1998, p. 63).
As diferentes poéticas revelam-se a partir de tais diálogos. Contudo, antes de pensar no processo, é importante esmiuçar o potencial conceitual dos
termos “interatividade” e “interação”. Tais terminologias eram empregadas pelos artistas nos anos 1980 quando a produção de obras passou a
incorporar o uso dos computadores, destacando a possibilidade de uma maior participação do público.
Alguns artistas e pesquisadores se perguntam se a expressão “arte-e-criação” requer um paradigma por si só. Não há uma resposta precisa, pois
existe uma vasta gama de pesquisas realizadas em artes. Além disso, a investigação de vanguarda implantada por pesquisadores pós-positivistas
apresenta um trabalho que, às vezes, exibe uma notável semelhança com certas formas de práticas artísticas.
Na verdade, por causa das semelhanças entre a pesquisa realizada nas artes e as alternativas conduzidas por investigadores em ciências sociais,
nossa tendência é situar a pesquisa-criação nas artes dentro de um paradigma pós-positivista. Veja a seguir como a posição dos artistas-
pesquisadores varia quanto a esse requisito:
Pós-positivistas
“Por mais que os resultados de uma análise possam ser generalizados para abranger uma ampla gama de situações, sempre haverá inconsistências
decorrentes da natureza dos fenômenos ou da própria incompletude do pesquisador. Em razão disso, importante passo dado na ciência foi o
surgimento da concepção pós-positivista, que passou a assumir que a realidade não é apreensível em sua totalidade, nem neutra e muito menos
objetiva, como defendiam (e ainda defendem) os cientistas positivistas. Contudo, ainda hoje, os elementos caracterizadores do positivismo são
considerados por muitos pesquisadores como critérios essenciais para o rigor e a cientificidade das pesquisas” (FURTADO PINTO et al., 2022, p. 2).
Teórico
Por um lado alguns artistas permanecem reticentes sobre essa parte da pesquisa. Seu argumento é que o processo criativo e a obra de arte
são suficientes, não havendo a necessidade de uma parte escrita.
Discursivo
Por outro, sobretudo, alguns artistas querem aprofundar o componente discursivo da pesquisa-criação. Eles almejam entender melhor sua

prática artística – ou, pelo menos, compreendê-la de forma diferente.
Processos criativos: procedimentos artísticos
Cada procedimento artístico implica o estabelecimento de um conceito sobre o processo expressivo. Ao analisar a obra, o artista-pesquisador cria
novos sentidos, ampliando a percepção e a compreensão sobre a arte. Para concretizar a ação da pesquisa em artes visuais, explicam Plaza e
Tavares (1998), é necessário que o artista-pesquisador:
Verbalize suas ideias.
Crie estratégias.
Esteja atento às ambiguidades.
Utilize instrumentos para a pesquisa.
Conceitualize.
Redija pequenos ensaios ao longo do processo.
Apresente suas ideias com clareza.
Possa expressar-se com propriedade.
Faça análises comparativas.
Apresente os resultados de forma criativa.
A partir dessa percepção do papel da criação na pesquisa em artes, que ainda poderia ser mais amplo, extrai-se que o espaço que reservamos às
artes (no sentido de criação artística) em uma investigação é, na melhor das hipóteses, desigual. Na maioria dos estudos de caráter narrativo, a
etnografia continua sendo a forma mais comum de "observar" o vivido.As "artes" costumam ser vistas como uma possibilidade "alternativa" no modo de dar conta, ou seja, de reconstruir ou comunicar o que é aprendido
na pesquisa. Sendo assim, poderíamos questionar:
Re�exão
Em que casos podemos falar de uma "investigação baseada nas artes"? Em quais casos as artes constituem apenas uma estratégia pontual,
isolada, complementar e residual? Será que não podemos desenvolver estratégias de "registro" baseadas nas artes? Que implicações teria esse
posicionamento para as pesquisas desenvolvidas no campo da educação?
A partir desse ponto de vista, percebemos que o que está em jogo nessas questões não é apenas a noção de "investigação baseada nas artes", a
qual manipulamos, mas também a própria noção de pesquisa, de metodologia, de subjetividade ou de arte (no contexto de uma investigação). O
processo criativo, afinal, é inerente à prática do artista.
Uma possibilidade para o artista pesquisador dar sentido à prática seria, em seu processo de criação, buscar a teoria e os conceitos que rodeiam
todos os pontos abordados na produção prática, tentando cercar todo conhecimento capaz de justificar as escolhas feitas no desenvolvimento da
prática. Nesse processo, podemos sugerir as seguintes ações:
Mergulhar em sons, cores, abstrações envolvendo cores, linguagens de programação, dispositivos, interfaces e sistemas.
Até chegar à etapa das experimentações de fato, há um longo caminho a ser percorrido entre tentativas e erros, o que abarca estudos, rascunhos e
rasuras, além das necessárias escolhas e definições para limitar o escopo da pesquisa e manter o foco nos processos – e não nos resultados. O
processo criativo é parte do artista que produz, isto é, que cria sua obra. Como você descreve a forma com que se relaciona com os materiais, os
métodos de pesquisa e os seus registros?
Artogra�a: artista/ pesquisador/ professor
A a/r/tografia se trata de uma prática da "investigação baseada nas artes" de perspectiva narrativa que parte do acrônimo a/r/t:
"a" de artist (artista).
"r" de researcher (pesquisador).
"t" de teacher (professor).
A a/r/tografia é um tipo de pesquisa realizada/produzida por um pesquisador que também exerce a função de professor e artista. Considerando que
o artista-pesquisador, via de regra, está em um ambiente acadêmico, existe uma grande probabilidade de que ele exerça a docência.
Esse método aproxima-se da tríade: teoria, prática e ensino, estabelecendo um diálogo entre esses elementos. Ao propor que o pesquisador utilize a
imaginação, a incerteza, a introspecção, a dúvida e o erro como meios para a construção do conhecimento, a pesquisa sobre artes, nessa
concepção, não é neutra, mas, apesar de tais regras, é flexível, adaptando-se aos campos dos saberes em que a arte é produzida, vivenciada e
apreciada.
A a/r/tografia reúne as pesquisas desenvolvidas a partir de diferentes manifestações, como por exemplo: manifestações artísticas, manifestações
escritas, performances, artes visuais, visualidades.
Criar obras que sejam instalações interativas.
Explorar referências e artistas que criam instalações.
Buscar fazer a engenharia reversa para apropriar-se dos processos de outros artistas enquanto registra seus apontamentos e
considerações.
Redigir notas de pesquisa (usadas para organizar a prática).
Enquanto o artista mergulha nos processos criativos envolvidos em sua arte, o professor distancia-se do objeto e ensina seus alunos. Já o
pesquisador observa o fazer deles, que seguem os passos de seu professor. Ao ensinar como professor, o artista-pesquisador tem a chance de:
Testar suas teorias.
Verificar se seus processos funcionam com outros.
Experimentar.
Averiguar se a forma como explica, registra e processa é clara e objetiva para outras pessoas.
Em vez de ser o artista que se fecha em sua arte e sua produção, o artista/pesquisador/professor instiga a pesquisa-criação.
A a/r/tografia provoca o questionamento. Em permanente movimento, ela permite ao pesquisador manter um olhar investigativo a partir da sua
práxis como artista/pesquisador/educador. Com isso, ele se torna um pesquisador que também aprende, gerando o desejo premente no aluno de
investigar as próprias práticas. Na a/r/tografia, saber, fazer e realizar se fundem e se dispersam, criando uma linguagem mestiça e híbrida.
Ao colocar a criatividade à frente no processo de ensino, pesquisa e aprendizagem, a a/r/tografia gera insights
inovadores e inesperados ao incentivar novas maneiras de pensar, de engajar e de interpretar questões teóricas
como um pesquisador e práticas como um professor. O ponto crítico da a/r/tografia é saber como
desenvolvemos inter-relações entre o fazer artístico e a compreensão do conhecimento.
(DIAS, 2013, p. 9-10)
Essa prática procura maneiras de acolher as imagens em seus processos e produtos. Ela atua não apenas em suas atividades de
ensino/aprendizagem, mas também em sua prática de pesquisa/questionamento, para complementar ou romper com a ordem do texto escrito.
A a/r/tografia oferece outra forma de escrita e criação dentro da pesquisa educacional, dando ênfase à imagem. O a/r/tógrafo integra esses
múltiplos e flexíveis papéis nas suas vidas profissionais. Ele, afinal, não está interessado em identidades, só em papéis temporais e transitórios.
O a/r/tógrafo habita intervalos, espaços limiares, terceiros espaços e entrelugares. Ele, enfim, vive o trabalho dele, representando sua compreensão
e executando suas práticas pedagógicas.
Enquanto integram teoria, prática e criação por meio de suas experiências estéticas, os a/r/tógrafos "produzem sentido" no lugar de fatos e dados.
Isso pode ser compreendido como um método de pesquisa híbrido, mestiço e fronteiriço, situando-se entre a pesquisa em artes visuais e aquela
sobre artes visuais. Tal processo, frisa Irwin (2013), é desenvolvido a partir de seis conceitos:
Seu método: validando sua metodologia de pesquisa
Desconsiderando o lado do artista, quando decidimos iniciar uma pesquisa, somos instantaneamente guiados por seus métodos tradicionais. Tais
métodos estão presentes nos livros clássicos de metodologia científica. Vamos descrevê-los em detalhes a seguir.
Métodos de abordagem
Os métodos de abordagem estão divididos da seguinte forma:
Métodos de procedimento
Os métodos de procedimento estão divididos da seguinte forma:
Contiguidade
Respeito aos saberes como:
artista/pesquisador/professor.
Questionamento
Ênfase em práticas e relações
vivenciadas.
Metáfora e metonímia
Construção de novos
significados interligados.
Aberturas
Foco no estabelecimento de
links entre esferas do
conhecimento.
Método dedutivo 
Método indutivo 
Método hipotético-dedutivo 
Método dialético 
Método histórico 
Método comparativo 
Método estatístico 
Método funcionalista 
Não necessariamente esses métodos servem às artes visuais, afinal, em tal processo, você reúne a sua produção artística, considera a subjetividade
do seu processo criativo e faz emergir a obra, o projeto ou o trabalho que permeará toda sua proposta de pesquisa.
Por isso, falaremos sobre um método para você poder entender como construir o seu dentro da pesquisa. Considere a pesquisa prático-teórica e
defina o objeto da pesquisa e sua pergunta de partida, além de delimitar o seu campo de investigação.
Foi dada a largada para que você comece a sistematizar suas informações e a coleta de dados. Comece por realizar uma auditoria. Levante todos
os referenciais compatíveis com a pesquisa proposta e organize em pastas os seguintes itens:
Obras e artistas de referência.
Artigos científicos.
Trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses.
Livros físicos ou virtuais que podem constituir a base da consulta.
Esses materiais servem para o brainstorming inicial. Mesmo que você possua um processo de criação, seu objetivo não é fazer mais do mesmo, e
sim buscar uma proposta de pesquisa que possa servir de referência futura para outros pesquisadores.
Dica
Artigos, trabalhos de conclusão,dissertações e teses ajudam a identificar os livros pelos cruzamentos dos referenciais bibliográficos utilizados.
Como você organiza o material a ser utilizado na sua pesquisa? Vamos oferecer mais algumas dicas! Em outra pasta, crie os registros da prática.
Tais registros podem conter: materiais usados, imagens das etapas da produção, como, por exemplo, registros das etapas e desenhos das
montagens (pode ser que você tenha croquis, rascunhos, esboços, mockups ou outros itens que representem fases intermediárias do processo),
biblioteca de códigos (caso envolva arte computacional/digital), e um diário de produção cujas anotações serão a costura das informações entre a
teoria e a prática.
Mockups
Representação gráfica que busca simular, em tamanho real ou escalar, os detalhes (textura, cor, perspectiva etc.) de determinado projeto artístico.
O pesquisador decompõe o processo de produção a fim de poder analisar o processo, distanciando-se do momento da realização em si, como
registros imagéticos e escritos criados durante essa produção, para captar os insights e as emoções que envolvem a criação. Como artista-
pesquisador, você não vai simplesmente produzir sua obra, seu trabalho e seu projeto.
O processo de produção se difere pela busca por outros artistas, referências de obras distintas, inspirações e registros, além de colocar-se na
posição do expectador: “Investe-se na vivência que o espectador tem em relação à obra, [em] desvendar suas sensações, provocar-lhe, para que
possa conectar-se com o ambiente da obra e com os outros espectadores”, aponta Caetano (2009, p. 5).
Método monográfico ou estudo de caso 
A escrita da pesquisa deve acontecer simultaneamente com a criação da obra. A construção do diálogo entre prática e teoria funciona como uma
dança. Um justifica e complementa a ação do outro, configurando uma simbiose entre a poética da produção e os referenciais responsáveis por
sustentar conceitos, métodos, técnicas, linguagens e processos.
Re�exão
Adote um método híbrido, combinando os elementos que respaldam os seus processos. Evite adotar um modelo pronto, mas, ao mesmo tempo,
não descarte nenhum deles – em especial, aqueles que favorecem processos criativos. E então... você já produz? Cria suas obras? Qual é sua
motivação?
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Em seu artigo A/R/tografia: uma mestiçagem metonímica, Rita Irwin desenvolve a ideia de que o profissional envolvido com o ensino da arte
precisa ser um artista-pesquisador-professor. Segundo a autora, é necessário integrar teoria e pesquisa, ensino e aprendizagem e arte e
produção para que o trabalho do professor de Arte não seja unilateral. Para explicar essa posição nova, Irwin utiliza a metáfora da mestiçagem.
Assinale a alternativa correta em relação ao conceito e à metáfora utilizada.
Parabéns! A alternativa D está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3ERita%20Irwin%20considera%20que%20a%20a%2Fr%2Ft%2C%20como%20a%20mesti%C3%A7agem%2C%20oferece%20ao%20artista%
Questão 2
A arte desperta os sentidos pela fruição. Ela é generosa e inclusiva, dando prazer. A arte não cabe em definições ou prescrições. Trata-se (ou
pode vir a ser) do imaginário e da poética. Ela pode ser atividade humana que (re)cria a realidade, emocional, evento artístico e até pedagógica.
O encontro entre a prática artística e o conhecimento científico é que confere um diferencial ao processo criativo do artista-pesquisador. É, em
suma, a sistematização dos processos de criação, construção de uma poética de produção e metodologia de pesquisa aderente ao perfil do
artista-pesquisador, híbrido e complexo. A partir desse contexto, avalie as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas:
A
Mestiçagem é o ato de mostrar como fazer a combinação entre teoria e prática artística do mesmo modo como a
mestiçagem racial é legitimada.
B Mestiçagem diz respeito à miscigenação de raças e à valorização das diferenças raciais nas práticas educativas.
C
Mestiçagem é uma metáfora para a prática de artistas-pesquisadores-professores que replica papéis para criar
representatividade.
D
Na mestiçagem, os processos e os produtos são experiências estéticas em si mesmas, pois integram três formas de
pensamento (teoria-prática-criação).
E Mestiçagem é um pensamento dicotômico.
I. As articulações da arte com a teoria e a pesquisa propiciam uma abordagem capaz de ressignificar a produção de novas obras, trabalhos e
projetos artísticos...
Porque
II. Na perspectiva da pesquisa-criação em arte, o artista-pesquisador desenvolve, reconstrói, mixa e reinventa seu processo criativo, ao mesmo
tempo que investiga, registra, busca referências e reflete sobre sua prática à luz das experiências de outras criações.
A respeito dessas afirmativas, assinale a opção correta.
Parabéns! A alternativa A está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20produ%C3%A7%C3%A3o%20do%20artista%20s%C3%B3%20tem%20a%20ganhar%20quando%20ele%20se%20torna%20um%20ar
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3 - A pesquisa em artes no meio acadêmico
A As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C A afirmativa I é uma proposição verdadeira; a II, uma proposição falsa.
D A afirmativa I é uma proposição falsa; a II, uma proposição verdadeira.
E As afirmativas I e II são proposições falsas.
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car identi�que as metodologias de pesquisa em artes
visuais no meio acadêmico.
Caminho acadêmico: artista-pesquisador nas universidades
O termo “artista-pesquisador”, como vimos, nasce na academia praticamente ao mesmo tempo que a pesquisa em arte. A questão é que a
institucionalização da pesquisa do artista na universidade é próxima da institucionalização da própria pesquisa na universidade como um todo.
Saiba mais
A pesquisa na universidade brasileira só ocorre a partir da implementação dos programas de pós-graduação stricto sensu após a reforma
universitária de 1968. Com isso, os cursos de mestrado e doutorado passam a ser adotados; consequentemente, a pesquisa ganhar forma no
mundo acadêmico.
No caso das Artes, o primeiro programa de pós-graduação próprio para artistas foi estabelecido, em 1974, na ECA/USP. No entanto, observaremos
que esse caminho foi tortuoso, cheio de atrasos, desigualdades e interrupções, ao mesmo tempo que, em outros pontos, houve processos de
modernização e pioneirismo.
O desafio, afinal, sempre foi este: construir um espaço de pesquisa em Artes na universidade que mantivesse em aberto os canais com o circuito de
arte. De nada adianta a pesquisa ficar fechada no ambiente acadêmico se ela não ganhar as galerias e os museus para ser exposta, validada e
apresentada nos espaços referendados da arte.
Espaço expositivo - EdA - ECA - USP.
Academicamente, os artistas-pesquisadores são desafiados a levar o laboratório universitário para dentro do circuito de arte, produzindo a
possibilidade de um lugar no qual os projetos de intervenção (obras e demais variações) sejam portadores de uma dinâmica de pensamento
interessante e potente. Trata-se, em suma, de criar um caminho de mão dupla entre esse circuito e o espaço da pesquisa universitária, dissolvendo,
nesse percurso, certos hábitos normativos próprios do espaço acadêmico, os quais, muitas vezes, impedem a emergência de processos.
Pensemos, portanto, no lugar do artista-pesquisador. Na academia, ao se falar de pesquisa, inevitavelmente se imagina um laboratório. Vejamos
qual seria o laboratório do artista-pesquisador:
Estúdio
Ateliê
Na realidade, é complexo o ato de comparar o artistacom o pesquisador de outras áreas. A questão não está no objeto de estudo, e sim nos
processos, nas poéticas e nos modos de fazer arte.
Durante anos, temos observado o artista-pesquisador conquistar seu espaço de pesquisa dentro das universidades, mostrando quão relevantes
podem ser suas escolhas. Presenciamos ainda os artistas-pesquisadores associarem-se a pesquisadores de outras áreas com o intuito de agregar
novos modos de pensar.
A arte é disruptiva. Ela quebra paradigmas e incomoda os pilares rígidos das formações clássicas da academia, que são vestígios do passado. Além
disso, sabemos que nem todos os artistas utilizam o “estúdio” ou o “ateliê” como núcleo de suas produções.
Exemplo
Para desenvolver a pesquisa-criação, pode-se optar por um laboratório mais parecido com um próprio da ciência da computação.
Concordamos que a academia ainda carrega vários estereótipos, muitos dos quais vêm sendo desconstruídos pelos grupos de pesquisa que atuam
dentro das próprias instituições. Prova disso são as parcerias interdisciplinares e interdepartamentais que aproximam pesquisadores de áreas
aparentemente opostas. A universidade dá ao artista-pesquisador ferramentas e oportunidades de:
Arte, cultura e sociedade devem estar presentes na pesquisa do artista. Afinal, a universidade potencializa o artista, deixa-o inquieto e o leva a
desenvolver uma série de ferramentas conceituais importantes em seu laboratório, bem como utilizar tais ferramentas, entrelaçando-as com as
questões do ambiente (incluindo-se aí o sistema de arte).
Atenção!
O artista-pesquisador precisa sempre colocar-se à frente dos processos artísticos, promovendo a integração do seu ambiente de trabalho com as
questões que perpassam a sociedade.
Expandir seu campo de pesquisa.
Explorar conexões possíveis.
Fazer parcerias com empresas privadas.
Participar de circuitos envolvendo outros artistas-pesquisadores.
O que difere o meio acadêmico do não acadêmico na pesquisa em artes é essa possibilidade da construção prático-teórica. Indo além da pesquisa
criativa, ela parte para uma pesquisa-criação amparada por todos os vieses metodológicos proporcionados pela academia. A pesquisa em arte na
academia assume ao menos dois caminhos:
Pesquisa teórica
Terá o texto como resultado.
Pesquisa prático-teórica
Está ancorada na pesquisa-criação, cujo resultado é duplo: obra + texto.
Estamos nos atendo aqui a esse segundo caminho. A pesquisa prático-teórica, afinal, se expande na produção da obra e converge para a escrita da
pesquisa. Com isso, a academia trouxe a possibilidade de recriar e de percorrer os passos de outros artistas pesquisadores que cuidadosamente
deixaram seus registros.
O espaço acadêmico da pesquisa-criação
Após seus anos de academia, você reconhece o espaço da pesquisa de artes? Ao retomarmos a produção artística, logo somos levados a pensar no
ateliê, um espaço sagrado dos processos criativos do artista. No entanto, se focamos a visibilidade, a distribuição e a exposição, rapidamente
voltamos nossa atenção para os lugares sagrados do circuito das artes:
Museus
Galerias
Mas qual é o espaço da arte construído na universidade? Mesmo quando fora do circuito habitual das artes, é aquele que se posiciona frente ao
conjunto de caminhos a partir dos quais se apreendem as questões artísticas.
Desse modo, é preciso pensar nas especificidades da pesquisa em artes. Isso faz com que a academia seja o lugar ideal para sua produção, razão
pela qual apostamos na presença da arte a partir da universidade como um caminho de ação possível para os artistas contemporâneos.

Se a universidade é parte de um circuito mais amplo pertencente ao sistema de arte, precisamos atentos se queremos que as ações (no campo da
produção artística, crítica, teórica e histórica) geradas na universidade produzam algum efeito de intervenção no quadro geral dos saberes, na
dinâmica ampla arte-sociedade ou na área específica em que estão inseridos. Tal movimento é possível: basta, para isso, integrar as pesquisas da
academia ao circuito de artes referendado pela sociedade.
As práticas do ensino de arte no ensino superior estão comprometidas inteiramente com o objeto do estudo da arte, mas nem sempre se propõem a
desenvolver estratégias, métodos ou modelos interpretativos que reflitam, explorem e valorizem o sujeito como um elemento fundamental para a
compreensão do contexto e o posicionamento da visão do espectador. Do mesmo modo, muitos registros textuais das práticas acadêmicas
dissimulam, mascaram e negam o sujeito.
Por isso, seria interessante vislumbrar o espaço universitário sob uma contaminação de fazeres-saberes que gradualmente instalassem uma
prática de valores decorrentes das formas de ação da arte contemporânea. Como construção de novos conhecimentos e saberes, a produção
própria das artes não necessita diretamente da universidade para se efetivar. Há séculos, a sociedade é agraciada pela produção de inúmeros
artistas, os quais, por sua vez, recebem alunos, observadores e aprendizes em seus ateliês.
É somente na academia que a pesquisa em artes visuais pode buscar o mesmo rigor de análise que outros tipos de pesquisas, o que permita
associá-la à categoria de pesquisa sem perder a perspectiva da poética estudada. O pesquisador em artes visuais, afinal, sempre transita entre:
O conceitual e o sensível.
A teoria e a prática.
O concreto e o onírico.
Uma pesquisa em artes visuais pode articular a produção criativa do ateliê com a produção textual, representando a produção e a reflexão sobre o
produto da criação. A academia promove a sistematização, articulando o projeto artístico, enquanto a execução da pesquisa é o ponto de partida
para uma investigação em (e sobre) artes visuais.
Se a pesquisa se constrói durante o processo de pesquisar, consideramos que o pesquisador se reconhece como
alguém que se constrói na investigação. Essa é a visão do artista-pesquisador em ação.
“Em processo” é o estado no qual se encontra o artista-pesquisador imerso em sua pesquisa. Em artes, não é possível considerar nada pronto e
acabado; aliás, em muitas pesquisas, acaba-se abandonando o objeto e dando por concluída a pesquisa para, em seguida, se abrir um novo projeto
em criação.
O artista-pesquisador se insere em um contexto não só de crescimento da participação da arte no ensino e na pesquisa na academia, mas também
de profissionalização dos modos de produção e circulação da arte. Se esse artista está em construção ao longo da pesquisa-criação, devemos
considerar que as metodologias não são compartimentadas, fixas e determinadas pela coleta de dados, pelos registros e pelas análises de dados.
Na pesquisa-criação, a metodologia também se constrói na investigação, sendo considerada sua natureza híbrida (combinação de métodos,
abordagens e metodologias que se prestam a um fim). Reconhece-se, assim, que cada pesquisa tem metodologia e história próprias, uma história
que também pode (e deve) ser contada.
Na academia, existem múltiplos olhares e interpretações distintas. Artistas de diferentes linhas de pesquisa dividem o mesmo espaço,
desenvolvendo suas poéticas e um processo de criação próprio.
Portanto, no ambiente acadêmico, há um incentivo para ser incansável na experimentação, na busca e no ato de testar, fazer, refazer e fazer de novo.
A academia, dessa forma, cria pontes improváveis, gerando encontros e confrontos que gestam a criação artística.

A academia e a produção artística
Graças a um estudo de caso, um especialista demonstra como a academia é fundamental na vida do artista-pesquisador.
Como a pesquisa-criação é favorecida na academia
Em todos os níveis de ensino, são pesquisadas e realizadas pontes entre o conhecimento existente e o que compreendemos dele, assim como as
análises que se pode fazer a partir de saberes já construídos. Entretanto, é somente na academia que se adquire mais autonomia sobre todo o
processo em si, isto é, sobre nossas escolhas, erros e acertos.
Chegar à conclusãodesse processo, porém, em vez de diminuir a ansiedade e apaziguar as inquietações internas e a curiosidade, só as faz
aumentar. Ao final dessa etapa, descobrimos novas ideias e expectativas com propostas mais complexas.
Acreditamos, afinal, no potencial e nas possibilidades de se alcançar resultados além da superfície como artista-pesquisador. Também
estabelecemos outros parâmetros para a consideração de trabalhos e projetos a serem realizados a partir de então.
Quanto à pesquisa realizada na academia, há uma contaminação de saberes e fazeres. Sozinhos, só batemos a cabeça em pontos que
desconhecemos ou insistimos em procedimentos que não melhorarão os resultados, além de persistirmos em métodos que podem não dar
resultado algum além do óbvio. Nada, afinal, garante que acertaremos nas primeiras tentativas. Durante nossa jornada acadêmica, somos levados e
instigados a:
Trabalhar com outros colegas (como artistas, muitas vezes trabalhamos fechados em nosso mundo).
Experimentar técnicas, procedimentos, materiais, recursos e modos de fazer.
Treinar nossa escuta ativa e o compartilhamento dos processos.
Aprendemos, com isso, a ouvir a nós mesmos ao falarmos sobre as nossas experimentações. O resultado disso é que a construção prática-teórica
acaba, durante o desenvolvimento da pesquisa, refletida em uma participação em exposições e congressos.
Dica
A reflexão do processo possibilita uma visão crítica do trabalho decorrente das discussões da temática com outros artistas-pesquisadores da
mesma área. É nessas oportunidades que testamos nossas escolhas metodológicas, o que possibilita uma reflexão contínua sobre a produção
prática e promove uma constante atualização da prática – ou até uma reconstrução das propostas em virtude de novos contextos ou demandas.
A pesquisa-criação é favorecida na academia por ter o potencial de gerar aproximações entre arte, ciências e tecnologias ao buscar referências de
parcerias e propostas nas quais a arte se encontra associada a outros saberes, o que enriquece a pesquisa e o desenvolvimento de projetos que
envolvem a manipulação de dados fora do domínio das artes. Tal pesquisa não se limita a uma linguagem ou técnica, pois, na academia, existe
campo para combinações diversas e diálogos entre linguagens artísticas.
Há espaço para a realização da pesquisa teórica apoiada tanto no referencial bibliográfico, webgráfico e imagético quanto em possibilidades que
abrangem o uso de métodos qualitativos e quantitativos para coleta de dados, seja por meio de observação participante, seja em testes realizados
com os sistemas desenvolvidos e os elementos presentes na criação.
Pode-se realizar a pesquisa que antecede o processo de produção utilizando métodos de abordagem propostos por outros artistas-pesquisadores
ou por demais artistas-professores. Na academia, salienta Caetano (2015), é possível explorar os preceitos da PBA, a qual inclui características
comuns na prática artística.
Exemplo
Incerteza, imaginação, ilusão, introspecção, improvisação, visualização e dinamismo, inserindo “o fazer” no campo da pesquisa.
Representada pela produção da obra que é foco de uma pesquisa, a prática é constituída de experimentações para a realização de parcerias que
possibilitem o desenvolvimento de uma criação complexa. Além disso, a academia proporciona espaços de exposição que nos possibilitam verificar
a experiência do público frente a obra ou às etapas de construção dela.
Não significa que encontraremos todas as respostas na academia. Podemos até mesmo nem chegar perto delas.
Entretanto, uma coisa é certa: a academia modela nossa forma de pensar e produzir.
Não se trata de fazer o que queremos e como queremos. Significa, na verdade, respaldar as nossas ações com as referências de outros que vieram
antes de nós.
Não é preciso cometer os mesmos erros ou repetir caminhos que já sabemos que não darão resultado algum. A academia, afinal, é o lugar para
isso: nela, podemos – e devemos – errar, testar, arriscar (dentro de um ambiente controlado) e experimentar.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Mesmo que esse processo tenha sido demorado e o caminho, longo, a academia abriu espaço para a pesquisa em arte. Entretanto, precisamos
considerar que, por muitos anos, os processos de pesquisa utilizados pelos artistas mais incomodaram e geraram questionamentos do que
soluções, já que a academia estava acostumada com os métodos cartesianos das ciências. Diante desse contexto, muitos desafios surgiram.
Aponte a alternativa que melhor representa um desses desafios.
Parabéns! A alternativa D está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EAo%20instituir%20a%20pesquisa%20em%20arte%20na%20academia%2C%20um%20dos%20desafios%20%C3%A9%20a%20legitima%C
Questão 2
Na academia, a pesquisa-criação conquista seu espaço como metodologia de pesquisa do artista cuja obra, projeto ou trabalho é o ponto de
partida e de chegada de sua pesquisa. A criação artística, assim, se vê acompanhada do registro da pesquisa. Marque a alternativa que justifica
A Presença de conexões com outras áreas de conhecimento flexíveis, como a arte.
B Incentivo aos métodos do artista em detrimento do pesquisador.
C Gerar distinção pelos caminhos e processos do artista.
D Reconhecer e validar o espaço de pesquisa do artista.
E Respaldar os processos artísticos em oposição aos métodos científicos.
a pesquisa-criação como espaço do artista-pesquisador.
Parabéns! A alternativa C está correta.
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Considerações �nais
Vimos neste conteúdo que, diante das áreas de criação, somos artistas-pesquisadores. Na academia, podemos usar a interdisciplinaridade para a
busca de conceitos, métodos, sistemas de organização de processos e processamentos de dados, os quais, em nossa área específica, não se
conseguia encontrar para poder alavancar o processo de produção artística.
Entendemos que a produção da prática artística muitas vezes se transforma durante a pesquisa. Destacamos ainda que a pesquisa-criação é
característica da academia.
Demonstramos também que o registro acadêmico e metodológico reflete nossa trajetória e nossas influências, operando como um memorial de
referenciais teóricos, imagéticos e audiovisuais no qual estabelecemos diálogo entre autores, pesquisadores e artistas. O objetivo desse tipo de
pesquisa é desvelar o processo de criação da obra e sua poética a partir da escrita, dando sentido a todo o resto.
Acabamos, assim, por nos descobrir pesquisadores. Isso é o resultado de uma jornada acadêmica e pessoal, assim como o fruto do acúmulo de
vivências, experiências, compartilhamentos e colaborações.
A A pesquisa-criação se propõe a ser uma pesquisa prático-teórica, que tem como objetivo a criação de uma obra plástica.
B
O artista-pesquisador só consegue reconhecimento acadêmico a partir do confronto entre teoria e história da arte e de sua
produção.
C
Na academia, é possível haver conexão entre diferentes áreas de pesquisa, criando diálogos entre arte e ciência, bem como a
obtenção de respaldo metodológico e registro sistemático.
D A academia é o lugar de legitimação da pesquisa e da criação.
E Entende-se que a pesquisa-criação depende de recursos que só estão disponíveis na academia.
Podcast
Para encerrar, ouça um panorama da pesquisa em artes na área de criação.
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Referências
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Assista a dois vídeos no YouTube:
a) Eduardo Kac, artista e pesquisador, vida & obra
Acesse o canal Arte & educação e saiba mais sobre esse artista-pesquisador brasileiro com projeção internacional.
b) What is a "research-based" art practice?
Conheça melhor a prática de arte baseada em pesquisa (mesmo em inglês, é possível habilitar a legenda) no canal Brainard Carey.
Pesquise na internet estes dois artigos:
a) Por uma abordagem metodológica de pesquisa em artes plásticas. O texto de Sandra Rey nos permite entender o contexto da pesquisa em artes
visuais e suas metodologias.
b) Os artistas como pesquisadores na virada pedagógica da arte. O artigo de Tatiana Fernandez e Rosana de Castro dá acesso a um estudo acerca
da formação de professores de arte e artistas no âmbito nacional.
Acesse a página do Núcleo de Arte Grande Otelo para ter ideia de como é possível integrar artes, pesquisa e educação: RIO DE JANEIRO (Estado).
Núcleo de Arte Grande Otelo - 6ª CRE. Rioeduca.net. Consultado na internet em: 29 abr. 2022.

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