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Pós-venda Como melhorar o relacionamento e garantir a lealdade de seus clientes Como melhorar o relacionamento e garantir a lealdade de seus clientes Raúl Candeloro Editora Quantum 2ª Edição perfeito processo de venda. Foram vários passos até aqui. Você aprendeu a prospectar de forma criativa e inovadora, como realizar uma abordagem mais persuasiva, como levantar as necessidades do cliente utilizando todas as técnicas de perguntas, como formular uma proposta de valor, como lidar com objeções e concretizar acordos personalizados e como concluir a negociação e dar um final perfeito às suas vendas. E agora chegou a vez de manter tudo o que você conquistou com os clientes através do pós-venda. Como você vai acompanhar neste livro, quando falamos de pós-venda, imediatamente nos vêm à mente a palavra fidelização. E hoje, mais do que nunca, tornou-se mais difícil fidelizar um cliente. Isso acontece porque: os clientes buscam produtos e serviços de melhor qualidade, preço competitivo e, especialmente, o atendimento especial; e possuem um número incontrolável de opções de compra e as facilidades nas transações comerciais, advindas do desenvolvimento das telecomunicações. Segundo o especialista Antônio Augusto Simão Neto, poder experimentar, tocar, conhecer e testar os produtos passou a ser um direito mais amplo do consumidor. E deixar de comprar daquela fábrica ou loja tornou-se um fato que acontece a cada instante. “O seu cliente de hoje passa a ser o cliente do seu concorrente amanhã. Você não vê, mas acontece pela força do mercado, pela força do consumo e pelas mudanças de comportamento do próprio cliente. E nesse vai-e-vem de mudanças, quem será mais competitivo? Aquele que souber administrar o saldo de clientes”, alerta Simão. Esse saldo, na verdade, é a diferença entre o número de clientes conquistados e o número de clientes perdidos num determinado período de tempo. Administrar as tendências desse saldo com um sistema de pós-venda pode representar o fator de sucesso ou retrocesso da sua empresa. A verdade é que nenhum profissional de vendas de sucesso vai deixar que os dados e históricos de negociação de seus clientes se deteriorem em seus arquivos, de computador ou não. Eles podem ser trabalhados de várias formas. Engana-se quem pensa que só em grandes empresas se pratica o marketing de relacionamento como grande ferramenta de vendas, pesquisas, análise de satisfação, pós-venda, etc. A pequena empresa é omissa e, na maioria das vezes, tem medo de dar o primeiro passo – o primeiro pensamento é a elevação dos custos. E, quando faz algo diferente, fica surpreendida com os resultados. Tudo vai depender da forma como a empresa irá trabalhar todo esse rico banco de dados. E o pós-venda vem ao encontro da necessidade de manter clientes ou aumentá-los em número. Você vai ver que, muitas vezes, o sucesso de algumas empresas se dá pela prática correta e constante do cuidado com seus clientes. Elas conhecem o verdadeiro valor de um cliente e, acima de tudo, sabem que conquistar um novo custa bem mais. Em resumo, ao dar mais esse passo para o aprimoramento profissional, você vai perceber que saber usar os diversos artifícios do pós-venda poderá representar um bom desempenho da sua empresa como um todo. Pense nisso! Descubra o que você pode fazer para fidelizar os seus clientes. Trate-os como um patrimônio! Então, aproveite! Vire a página e comece uma nova jornada. Boa leitura. F Introdução inalmente chegamos ao fim de um Raúl Candeloro ©2006 by Raúl Candeloro Todos os direitos reservados Coordenação Rodrigo Saporiti Capa, projeto gráfico e ilustrações Anderson L. A. Revisão Cione dos Santos Impressão e acabamento Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro , SP , Brasil) Candeloro, Raúl Pós-venda : como melhorar o relacionamento e garantir a lealdade de seus clientes / Raúl Candeloro ; ilustrações Anderson Loureiro. ; -- Curitiba : Quantum, 2006. -- (Coleção passos da venda / coordenação Rodrigo Saporiti) ISBN 85-98204-07-2 1. Administração de vendas 2. Clientes - Contatos 3. Clientes - Lealdade 4. Clientes - Satisfação 5. Vendas e vendedores I. Loureiro, Anderson. II. Saporiti, Rodrigo. III. Título IV. Série. 06-8942 CDD-658.812 Índices para catálogo sistemático: 1. Pós-venda : Fidelização dos clientes : Empresas : Administração de vendas Proibido reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Direitos exclusivos para a língua portuguesa cedidos à Editora Quantum Ltda. Rua Milena da Costa, 101 CEP: 82100-450 Curitiba Paraná Brasil E-mail: atendimento@editoraquantum.com.br Prol Editora Gráfica – – Pós-venda é custo? Certa vez, o saudoso consultor Eduardo Botelho escreveu um artigo dizendo que havia telefonado para uma pizzaria e que havia sido surpreendido com duas atitudes: A atendente, educadamente, perguntou-lhe a que horas ele gostaria que a pizza fosse entregue. Uma hora depois de haver recebido sua pizza, a mesma atendente ligou novamente para saber se estava tudo bem (sabor, horário da entrega, temperatura e sugestões). O resultado? A partir desse dia, Eduardo disse não ter com- prado pizza de mais ninguém. Quanto custa esse tipo de cui- dado? Provavelmente, um valor baixo. Quanto rende? Muitas vezes o valor investido. Há que se registrar que em um bairro existem centenas de pizzarias querendo que o seu telefone toque. “É preciso dizer, também, que esse custo que a ‘minha’ pizzaria tem, levará algumas dessas outras à falência”, dizia o consultor. Quando o vendedor/empresa não toma conhecimento do clien- te, após ele ter comprado, ele está dizendo o seguinte: “Você não me interessa. O que me interessava era só o seu dinheiro e esse eu já lhe tirei”. Ao contrário, se você procura conhecê-lo melhor, está dizendo: “Muito obrigado pela sua preferência. Saiba que o importante é você e não o seu dinheiro. Queremos que você, cliente, se sinta bem comprando conosco. Se há algo em que possamos melhorar, por favor, nos diga”. 1. 2. O pós-venda coloca o cliente dentro da empresa, trabalhando para ela ou para o vendedor, de graça. Na verdade, o pós-venda vende muito mais do que um quadro de vendas que, muitas vezes, custa caríssimo. Todos nós gostamos de ser bem atendidos, de nos sentirmos importantes. Não gostamos de ser apenas mais um. Gostamos, principalmente, de ser ouvidos. É claro que a pizzaria em questão telefona para todos os seus clientes, mas quando ela liga para você, está diferenciando-o dos outros. Ela está atendendo-o bem e ouvindo-o. Portanto, você pode confiar nela. Há muito, a venda deixou de ser um ato praticado por um vendedor e passou a ser um processo que tem de ser praticado por todas as pessoas da empresa. Eduardo Botelho já se perguntava: “Por que todas as outras pizzarias não fazem a mesma coisa? Por um motivo muito simples: as outras são apenas pizzarias, enquanto a ‘minha’ é uma casa de negócios. Enquanto as outras querem só vender pizzas, a ‘minha’ quer fazer clientes”. O empresário que faz pós-venda adicionou ao seu papel o de empreendedor. E o vendedor que habitualmente entende que seu papel é unicamente vender – e que, uma vez feito isso, acabou a sua função – está enganado. Seu papel é fazer clientes. Quem não procura os clientes após a compra, só tem compradores e está sempre precisando encontrar novos compradores, o que não é fácil. Enfim, pós-venda não é custo, é benefício. Ao analisar apenas o aspecto custo, bitolamo-nos e, é claro, decidimos não fazer. Mas, se descobrirmos quantos e como são enormes os benefícios, não há como não praticarmos. Sabiamente Botelho resumia a importância do tema dizendo: “Quando fazemos a primeira venda para um cliente e logo em seguida fazemos o pós-venda, estamos, na realidade, fazendo a pré-venda da segunda venda. A pós-venda é o real fechamentodo circuito da venda. Ela faz com que o cliente continue sempre seu”. Fonte: Eduardo Botelho foi uma referência em vendas no Brasil. Consultor, autor e palestrante, realizou cursos para vendedores, supervisores, gerentes e diretores comerciais. Foi também fundador do IPEB www.ipeb.com.br Índice Como começar? Como fazer a coisa certa na hora do pós-venda? Como compreender o ponto de vista do cliente? Como reagir quando os clientes reclamam? Como evitar problemas no relacionamento com os clientes? Como lidar com clientes furiosos? Como tornar-se um mestre em fidelização? Como perceber as mudanças na relação? Como lembrar de tudo? Glossário 09 19 29 41 55 67 79 97 107 121 09 Como começar? 10 Vantagens e benefícios (não só financeiros) de melhorar o pós-venda com seus clientes Embora muitos possam achar que cuidar do relaciona- mento com os clientes significa perder um tempo precioso, que poderia ser utilizado para prospectar novas vendas, como você vai ver neste livro, o efeito é exatamente o contrário. A fidelização oferece uma imagem melhor de sua empresa – e mais lucros. Veja como isso acontece: Estimulando recompras – Todo mundo está cansado de saber que os custos de conquistar um novo cliente são muito maiores do que os custos para mantê-los. Quanto mais você satisfizer seus clientes atuais, maior será sua base de clientes fiéis, e maiores serão suas chances de vendas adicionais e de que a publicidade boca a boca estimule seus negócios. Atraindo novos clientes – Sabemos que qualquer tipo de empresa precisa de novos clientes. Como dissemos, sua reputação no mercado pode determinar quantos desses novos clientes vão escolher a sua empresa e não a concor- rência. Implementar um programa de melhoria sistemáti- ca de atendimento a clientes pode garantir, a médio prazo, um fluxo constante de novos clientes. 1. 2. 11 3. 4. 5. Diminuindo custos administrativos – Pedidos de mais infor- mações e reclamações podem sair muito caro. Se você tiver de fazer um recall ou redesenhar um projeto, por exemplo, seus custos totais podem acabar sendo imensos. Ao me- lhorar seu pós-venda, você diminuirá significativamente seus custos administrativos. Além disso, você pode dedicar mais tempo a outras atividades mais produtivas. Dando uma ajuda valiosa à pesquisa de mercado – Ninguém pode dar uma opinião objetiva melhor do que seus clientes atuais. Por mais sofisticadas que sejam, as pesquisas de mercado geralmente têm resultados pouco concretos, quando não enganadores. Ao juntar pesquisas de mercado com as informações levantadas no pós-venda ou no servi- ço de atendimento ao cliente, você será alertado para possíveis problemas e/ou tendências. Esse approach vai produzir dicas para melhorar seus serviços e produtos, além de diminuir significativamente a necessidade de in- vestir grandes somas em pesquisas de marketing. Alertando para possíveis problemas legais – No ambiente competitivo de hoje, basta um pequeno problema ser explorado pela mídia para danificar seriamente a imagem de uma empresa. Por isso, é do seu interesse utilizar o pós- venda para prevenir possíveis ações na justiça. 12 6. 7. 8. Maior participação de mercado – A não ser que você esteja na rara posição de monopólio (e mesmo assim eu me cuidaria bastante), você está competindo no mercado com a imagem de todos os seus concorrentes. Sua reputação de honestidade e pronto atendimento vão atrair clientes, aumentando portanto o seu share de mercado. Publicidade grátis – Você já notou como algumas empresas parecem ser permanentemente notícia? A publicidade positiva, seja por rádio, TV ou por escrito (jornais e revis- tas), tende a fazer com que essas empresas sejam vistas como profissionais e boas de se lidar. Benefícios financeiros – Cuidar do atendimento e do pós- venda melhora definitivamente o seu fluxo de caixa, por- que tem um duplo benefício positivo: melhora o fatura- mento enquanto diminui os custos. Se reduzir o seu endividamento é uma das suas principais preocupações, preste bastante atenção: a maioria das dívidas inclui um excesso de investimento em estoques e ativos imobiliza- dos, vendas baixas e custos muito altos. Um mau atendi- mento a clientes piora ainda mais essa situação. 13 Os 12 mandamentos para lidar com clientes Agora que já vimos as vantagens específicas de um cons- tante excelente atendimento a clientes, principalmente utili- zando o pós-venda como ferramenta de fidelização, vejamos algumas regras básicas para lidar com clientes em qualquer situação, segundo entrevistas e pesquisas realizadas pelo Alexander Hamilton Institute. Algumas serão mais impor- tantes e aplicáveis para sua realidade do que outras. Concen- tre-se nessas. Copie-as e aplique-as no seu dia-a-dia e na sua empresa. Responda os e-mails e mensagens que receber no máximo em 24 horas. Se for necessário um estudo mais detalhado, telefone para que o cliente saiba que você recebeu sua mensagem. Exponha claramente que a situação está sendo estudada e que a resposta será fornecida dentro de um certo período de tempo. Assegure-se de que o nome, endereço, cargo e outros deta- lhes do cliente estejam corretos. Pequenos detalhes produ- zem grandes resultados – de maneira positiva ou negativa, dependendo do seu profissionalismo. Trate telefonemas com a mesma atenção que cartas. Alguém que telefona quase sempre busca satisfação ins- tantânea. Deixe-o com essa sensação. Assegure-se que palavras e expressões em todo seu mate- rial estão gramaticalmente corretas. A maioria dos clientes vai notar os erros e considerá-los reflexos de uma empresa de segunda categoria. 1 2 3 4 14 Faça com que os funcionários que recebem telefonemas anotem todos os dados: nome, endereço, telefone, fax, data em que o cliente chamou e por que e quando é mais conveniente contatá-lo (aliás, distribua o checklist apre- sentado logo a seguir para ter certeza de que todos em sua empresa estão preparados para receber e transmitir as in- formações que você precisa). Escute atentamente: deixe que o cliente fale, sem inter- rupções. Deixe que ele coloque todas suas cartas na mesa, antes de você jogar. Dê uma resposta positiva a qualquer comunicação, mesmo que seja: “Vou dar atenção especial a isto e ver o que pode ser feito”. Ao escrever mensagens, coloque o seu nome, cargo e assine. Isso dá mais seriedade e autoridade à mensagem. 5 6 7 8 Arquive sempre a correspondência do cliente junto com uma cópia da que você mandou. Isso pode ser de grande valia, caso o cliente escreva de novo. Agradeça tanto elogios quanto reclamações. Se um outro funcionário também for elogiado, parabenize-o e dê-lhe uma cópia do material. Dê a todos os clientes que entrarem em contato uma data e hora para responder as questões solicitadas, e como isso será feito. Por carta? Fax? Telefone? Verifique pessoalmen- te de que o follow-up foi feito, pois nada é pior do que uma promessa não cumprida. Faça chamadas pós-follow-up para ver se o cliente ficou satisfeito ou se alguma coisa ainda ficou pendente. 15 9 10 11 12 Escute atentamente: deixe que o cliente fale, sem interrupções. Deixe que ele coloque todas suas cartas na mesa, antes de você jogar 16 Um checklist de como administrar contatos e reclamações por telefone Como dissemos, existe uma maneira correta de gerenciar o contato com seus clientes. E como nem sempre você estará disponível para fazê-lo pessoalmente, ajude seus colegas distri- buindo este pequeno guia. Ele deve ser usado como inspiração para manejar seus contatos de maneira consistente dentro da empresa, ou seja, padronizando o atendimento, o que vai ajudá-lo a evitar “ruídos” na comunicação entre você e seu cli- ente – principalmente quando estiver colocando em prática o sistema de pós-venda. Faça as mudanças e adaptações que achar necessárias, de acordo com a realidade da sua empresa, e depois distribuaa lista entre todos os funcionários que intera- gem (regularmente ou não) com clientes e prospects: Identifique sua empresa, nome e cumprimente (bom dia, boa tarde, etc.). Descubra o nome do cliente e, se possível, seu código ou número. Faça perguntas para descobrir o que o cliente quer. Fale pouco, escute muito. Deixe o cliente falar. Repita, com suas próprias palavras, o que entendeu que o cliente está pedindo. Peça as informações necessárias para realizar a transação ou resolver o problema. Informe o cliente sobre possíveis opções (quando for o caso). Diga especificamente o que você vai fazer. Complete o contato e agradeça pela ligação. Tome as devidas providências internas. Faça um follow-up para ver se o cliente ficou satisfeito. Ofereça feedback à gerência sobre possíveis problemas, situações sérias ou potencialmente preocupantes. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 17 Para finalizar, a newsletter The Service Edge oferece ainda um procedimento simples de 5 passos para melhorar o contato com clientes. Desenvolvido originalmente para encontros pessoais. Estes passos foram adaptados para quem “encon- tra” o cliente pelo telefone: Cumprimente o cliente. Pergunte como você pode ajudar o cliente. Escute o cliente. Ajude o cliente. Convide o cliente a voltar. Fazer cada uma dessas ações simples já é 90% do caminho andado, quando falamos de sucesso no atendimento a clientes – algo que se não é cuidado, de nada adiantará fazer pós-venda. I. II. III. IV. V. “ O relacionamento entre um vendedor e um comprador raramente termina após a venda ” Theodore Levitt 18 C omo fazer a coisa certa na hora do pós-venda? 19 20 A final de quem é a responsabilidade do pós-venda? Segundo o consultor Antonio Braga, no interior de muitas empresas é comum encontrarmos cartazes afixados nas paredes com os dizeres “Volte sempre”. Também, após a concretização da venda, o vendedor ainda diz mecanicamente “Obrigado e volte sempre”. Será que o cliente volta? Ele obedece a essa ordem? Infelizmente, a maneira como a frase está exposta ou como é dita pelo vendedor, dá a impressão de uma ordem, até mesmo porque nada é feito no sentido de que o cliente sinta-se estimulado a voltar. Fonte: Antonio Braga é palestrante e instrutor de vendas e qualidade no atendimento da Sagra Consultoria em Vendas. É também autor de artigos sobre os referidos temas em diversos sites do gênero sagracv@terra.com.br Após a concretização da venda, é comum o vendedor dizer mecanicamente “Obrigado e volte sempre”. Será que o cliente volta? 21 Muitos vendedores de lojas, por exemplo, já não fazem uma abordagem positiva, não conquistando com facilidade a simpatia e confiança do cliente, mas, mesmo assim, alguns ainda vendem. Entretanto, feita a venda, abandonam o clien- te no meio do salão de vendas, sem conduzi-lo ou pelo menos indicar onde é o caixa e o setor de embalagem. Fazem exata- mente como o “cavalheiro” que deixa a dama no meio do salão de festa após a dança. A verdade é que para muitas empresas/vendedores, o pós- venda é trabalhoso, toma tempo e custa caro. Não há pessoas disponíveis para isso. Os vendedores/funcionários estão sem- pre ocupados com suas vendas e demais tarefas. O “patrão” tem outros afazeres mais importantes e assim sucessivamen- te. Então, de quem é a responsabilidade do pós-venda? Não deve ser feito? Como você vai ver neste capítulo, muito pelo contrário: deve ser bem feito, e muito, sendo dever de todos na empresa, fazendo parte de um trabalho prioritário, tal como a pré- venda e a venda. 22 Vejamos, através de algumas ações sugeridas por Braga, como é simples, mas poderoso, o trabalho proativo de pós- venda, para a conquista definitiva do cliente: Ligar para o cliente para saber se a mercadoria chegou em perfeitas condições, dentro do prazo combinado, se o serviço solucionou seu problema, se foi realmente útil, se satisfez a sua necessidade, se era isso mesmo que ele que- ria. Se não solucionou, vamos partir para outra alternativa, contanto que o nível de satisfação seja atingido na sua plenitude. Verificar se o cliente necessita de alguma ação de suporte para o funcionamento do produto ora adquirido ou serviço contratado. Orientar sobre instalação, uso adequado, ins- truções adicionais, como tirar melhor proveito, etc. Ou seja, deixar o cliente a par de como se beneficiar ao máxi- mo desse produto ou serviço, otimizando o seu trabalho. 1. 2. 23 3. 4. É uma boa oportunidade para avaliar o trabalho de pré- venda e da venda, com o objetivo de corrigir falhas e aprimorar os acertos. Procurar aproximar-se ao máximo da perfeição. Analisar se argumentou corretamente, se o cliente ficou realmente consciente dos benefícios do produto ou serviço, se ficaram perguntas sem respostas, permanecendo dúvidas, etc. Se as objeções foram de fato superadas, deixando o cliente convicto disso, a ponto de concordar com um feliz e entusiasmado “sim”. Ligar para o cliente, ou visitá-lo, não só na hora da venda, mas em outras ocasiões, como data do aniversário, dia do profissional, aniversário da fundação da empresa, Dia da Secretária para fazer um elogio por alguma ação ou feito por parte do cliente, que chegou ao seu conhecimento, etc. Mostre que está acompanhando de perto o seu clien- te e que apesar de atarefado, está sempre se lembrando dele. Mostre que está acompanhando de perto o seu cliente e que apesar de atarefado, está sempre se lembrando dele 24 5. Como seres humanos, somos suscetíveis a falhas e se essas vierem a ocorrer, de maneira alguma pode-se fugir delas. Muito pelo contrário, você deve agir imediatamen- te no sentido de corrigi-las. Não deixe o cliente na mão. Reclamou hoje, faça tudo para atender “ontem”, não deixe para amanhã, que já fica tarde. Afinal, reclamações não atendidas e má qualidade no atendimento geram desgastes horríveis, chegando a responder por 80% das perdas de clientes. Não deixe o cliente na mão. Reclamou hoje, faça tudo para atender “ontem”, não deixe para amanhã, que já fica tarde 25 Foi bom para você? Para quem ainda não se convenceu da importância do pós- venda, saiba que, por muito tempo, o problema já vinha de cima, uma vez que o marketing das empresas se concentrava prioritariamente na relação transacional entre ofertante e consumidor, ou seja, o objetivo era de promover a troca pura e simples, confundido a venda com a própria atividade distri- butiva. Segundo o especialista Paulo Ricardo Meira, o paradigma começou a mudar na década de 60, quando Theodore Levitt afirmava, então, que “marketing é conquistar e manter clientes”. Quer dizer, começou-se a pensar em marketing não como uma forma de garantir a troca (às vezes de uma forma até agressiva nas vendas), mas de garantir o cliente, sua fidelidade em trocas futuras. Fonte: Paulo Ricardo Meira é mestre em Marketing pelo PPGA/UFRGS e professor da pós-graduação em Marketing 26 Essa mudança na forma de se planejar e executar a estra- tégia mercadológica das instituições levou uma corrente a defender o que convencionou-se chamar de marketing de relacionamento. Na construção desse relacionamento, a mola- mestra é a comunicação mercadológica, principalmente con- centrada no último estágio do processo de decisão de compra (o pós-venda, do ponto de vista do ofertante), a saber: o reconhecimento de uma necessidade; busca de informações; avaliação das alternativas existentes no mercado; compra; consumo; avaliação pós-consumo. Pensando de uma forma mais estratégica, teríamos dois motivos principais para apostar na importância da comuni- cação pós-venda: O primeiro motivo é que, com o plano de estabilização da economia e preços mais estáveis, o mercado como um todo necessitaria de um diferencial nos serviços, para atrair os clientes. Em se tratando de empresas com os mesmos produtos básicos ou preços semelhantes,o consumidor voltaria às empresas em que teve tratamento adequado e serviços adicionais. Além disso, há a diminuição do “remorso de comprador”, tema que abordamos no livro Fechamento, da Coleção Passos da Venda. Esse desconforto pós-compra é uma ten- tativa da mente humana de cercar-se de argumentos que confirmem que a decisão de compra foi acertada. É uma “pulga atrás da orelha” que fica após comprarmos um determinado produto (ou serviço). Quem de nós nunca continuou olhando preços de um determinado produto em diversas lojas, mesmo após já tê-lo comprado? E por que será que, uma vez clientes de uma determinada empresa, a) b) c) d) e) f) 27 prestamos muito mais atenção a seus anúncios publicitá- rios do que aos das outras? Trata-se de uma busca de vol- tarmos a um equilíbrio emocional pela paz de ter feito a escolha de um determinado produto ou serviço, sobretudo se este teve um preço alto ou se será visto pelas pessoas que nos cercam. É aí que entra a empresa. Como profissio- nal de vendas, você pode – e deve –, discutir com a dire- toria ou departamento responsável a melhor forma de comunicação mercadológica para certificar o cliente da bela escolha que fez, seja por telefonemas no pós-venda, seja por cartaz de parabenização, enfim, uma miríade de formas que, no fundo, perguntam: “Foi bom para você?” 28 “ Se você quer superar o medo, não fique sentado em casa pensando no assunto. Saia e faça alguma coisa ” Dale Carnegie C omo compreender o ponto de vista do cliente? 29 30 Aprenda a diferenciar-se através do atendimento pós-venda Vimos no capitulo anterior como a empresa pode colaborar para implementar uma visão estratégica de pós-venda e aju- dar a equipe de vendas. Agora é a sua vez. E a primeira coisa que você precisa entender é que a satisfação é definida indi- vidualmente por cada cliente. As expectativas de um, por exemplo, podem ser bem maiores ou menores do que as de outros. O que irrita você pode nem me incomodar, e o que faz você feliz pode não ter a mínima importância para outra pessoa. A satisfação é definida individualmente por cada cliente. As expectativas de um, por exemplo, podem ser bem maiores ou menores do que as de outros 31 Os produtos e serviços que compramos são geralmente os mesmos para todo mundo. Viaje numa excursão, por exem- plo, e todo mundo tem o mesmo clima, comida, entreteni- mento e lugares para visitar. Assista a um show, e todo mun- do na audiência assiste a mesma coisa. Viaje de São Paulo a Nova York, e todo mundo viaja no mesmo avião, com o mes- mo serviço de bordo e as mesmas condições meteorológicas. Nesses três exemplos, eu garanto que vai ter gente feliz, e também pessoas insatisfeitas e reclamando de alguma coisa (ou de tudo). Por quê? Por causa de diferentes interpretações para um mesmo evento. Segundo o expert Tim Connor, isso acontece com todo mundo, o tempo inteiro, sobre tudo e todos nas nossas vidas. Mas poucos monitoram isso, e menos pessoas ainda administram isso com sucesso. Fonte: Tim Connor é presidente do Connor Resource Group www.timconnor.com 32 Maneiras de evitar que seus clientes voltem Estabelecer um programa de atendimento a clientes que cuida da média de reclamações, necessidades ou desejos vai com certeza agradar aos clientes médios. Mas será que o cliente médio representa a totalidade dos seus clientes? É claro que não. Essa estratégia conseguirá agradar a alguns, mas também desagradará e irritará a outros. Como é que os funcionários de uma empresa, na qual os clientes gastam seu tempo e dinheiro, criam clientes insatis- feitos? Oferecendo soluções possíveis para problemas na vida do cliente que nem existem. Dizendo que outros departamentos da empresa vão cuidar disso, quando isso não é verdade – por qualquer que seja a razão. Fazendo com que fornecedores, baseados em promessas, invistam em soluções para planos que depois não se con- cretizam. Passando a responsabilidade para outra pessoa, departa- mento ou empresa. Prometendo fazer follow-up e não fazendo. Jogando a culpa em normas da empresa, chefes ou equi- pamentos. Oferecendo cronogramas impossíveis de cumprir. 33 Em cada uma das instâncias acima, o funcionário (que representa a empresa, na visão do cliente) cria situações de conflito potencial, insatisfação e perda de clientes. Para cada cliente que traz um problema à tona, reclamando, existem pelo menos mais uns 15 ou 20 com o mesmo problema, mas que preferem não dizer nada. O resultado é que provavel- mente não comprarão mais de você, e contarão a diversas outras pessoas sobre a experiência negativa que tiveram. A resposta a essa situação é simples, mas nem por isso fácil. Na dúvida, atenha-se à verdade, seja ético e, se você não consegue controlar todas as variáveis e o resultado final, não faça promessas irreais ou impossíveis de manter. Para cada cliente que traz um problema à tona, reclamando, existem pelo menos mais uns 15 ou 20 com o mesmo problema, mas que preferem não dizer nada 34 As 12 leis do atendimento pós-venda O atendimento ao cliente, para ser eficaz, exige compor- tamentos consistentes de cada funcionário da empresa, sem- pre que você entra em contato com a empresa, seja lá qual for o motivo (são os famosos “Momentos da Verdade”). Para melhorar o relacionamento com seus clientes, Tim Connor recomenda começar com as 12 leis: O cliente nem sempre tem razão. Entretanto, seu objetivo não deve ser desacreditá-lo, embaraçá-lo, irritá-lo ou desafiá-lo de maneira destrutiva. O que deve ser feito é descobrir a fonte ou a causa dessas percepções, crenças e atitudes incorretas. O próximo passo é descobrir se a em- presa contribuiu de alguma forma para criar essa situação, ou se a causa é alguma ação da concorrência, do mercado, ou do primo Zé. 1. O fato de você ter ficado trabalhando até tarde ontem à noite não deveria tornar-se um problema para seus clientes – eles não têm nada com isso 35 2. 3. 4. O cliente nunca está completamente errado. Existe sempre algum elemento na percepção do cliente que é a verdadei- ra expressão da realidade por ele compreendida. Um clien- te insatisfeito pode nos ensinar muitas lições, se mantiver- mos a mente aberta e um comportamento receptivo e neu- tro. Ele pode ser o reflexo da nossa propaganda, canais de distribuição, estratégias de preço, normas administrativas e métodos de venda que precisam de melhorias ou de uma mudança radical. O cliente merece o melhor, independentemente da hora do dia, dia da semana ou mês do ano. O fato de você ter ficado tra- balhando até tarde ontem à noite porque tinha de entre- gar o relatório mensal não deveria tornar-se um problema para seus clientes – eles não têm nada com isso. O cliente merece o melhor, independentemente do seu treinamento, filosofia ou qualquer outra atitude corporativa. Um vendedor está contando os dias que faltam para se aposentar. O novato fica reclamando que o pessoal da produção não lhe dá apoio. Outro, na primeira semana de trabalho, está meio perdido e ainda não conseguiu enten- der como todas as coisas funcionam. Ou você tem um de- terminado item encalhado no estoque, e começa a estimu- lar sua saída, forçando os clientes a substituírem suas compras regulares pelo item que você quer girar. Essas e milhares de outras situações, quando não enfrentadas e resolvidas, acabam sendo um convite para o seu cliente procurar a concorrência. 36 5. 6. Não passe o pepino para a frente. Se reclamaram para você, o problema agora é seu: resolva. Quantas vezes aconteceu de você ligar e ser transferido quatro vezes, antes de che- gar à pessoa certa (isso quando ela está)? Quantas vezes, como cliente, você já escutou a famosa frase “Isso não é comigo”? Não fique na posição defensiva ou irritado quan- do um cliente lhe trouxer uma sugestão ou reclamação. Aceite o fato de que o problema realmenteexiste, e ajude a resolvê-lo. Nunca esteja ocupado demais para seus clientes, nem dificulte fazer negócios com você. Quantas vezes um vendedor ou funcionário de uma empresa agiu como se você, cliente, estivesse interrompendo o seu trabalho? Quantas vezes, quando um determinado aparelho dá problema, tentam jogar a culpa em cima de nós, consumidores? Quantas vezes um vendedor nos atendeu parecendo que estava nos fazendo um favor? Não deixe isso acontecer na sua empre- sa, e muito menos com você. 37 7. 8. 9. Funcionários também são clientes. Qualquer funcionário, que faça qualquer coisa dentro da empresa, está fazendo isso diretamente ou indiretamente em função dos clientes. Isso faz com que todos os funcionários sejam embaixado- res, representantes e porta-vozes do cliente. Quando um funcionário ou departamento falha em servir internamen- te aos outros funcionários ou departamentos da empresa, mais cedo ou mais tarde os clientes também vão sentir na pele os resultados dessa incompetência ou falhas de co- municação. Se você usar tecnologia, faça com que seja amigável. Já está começando a ficar irritante o fato de ligar e falar com uma máquina. “Disque 9 para falar com um ser humano”. Às vezes, é mais fácil simplesmente ligar para o concorrente. Diga o que você vai fazer, e cumpra o que prometeu. Mante- nha a palavra, respeite as promessas feitas, honre seus compromissos e mantenha sempre os clientes informados sobre o que está acontecendo. Seus clientes tenderão a ser bem mais compreensivos, pacientes e tolerantes se você comunicar-se com eles de forma íntegra e com freqüência. 38 10. 11. Mostre seu interesse, atenção e aja como se estivesse feliz que o cliente resolveu dar-lhe seu dinheiro. As pessoas gostam de comprar de outras pessoas que apreciam fazer negócios com elas. Clientes acabam gastando mais dinheiro com empresas amigáveis, que acomodam seus pedidos espe- ciais e que demonstram seu interesse. Uma das maneiras de mostrar esse interesse é transformando-se num expert na sua área, para que, com um sorriso no rosto, você possa resolver imediatamente qualquer problema que surgir, sem ter de ficar dez minutos com o cliente dependurado no telefone, esperando achar alguém que o ajude. O que é privado é privado – clientes não querem saber da sua vida pessoal ou dos problemas internos da empresa. Eles estão ocupados demais e não têm tempo, paciência ou a mínima vontade de ouvir o que é que o pessoal da Contabilidade andou aprontando. Nem querem saber se você está insa- tisfeito, querendo mudar de emprego. Seja você o presi- dente da empresa ou a recepcionista, trocar confidências (pessoais ou profissionais) é de mau gosto e pouco profis- sional. Também faz o cliente ficar imaginando o que é que você deve falar dele para o resto do mundo. 39 12. Esteja sempre um passo à frente do cliente, pensando e agindo com a atitude de quem quer realmente resolver problemas. Para sobreviver e prosperar neste novo milênio, as empre- sas – e todos os seus funcionários – vão ter de pensar sobre as necessidades e desejos futuros dos clientes, bem como possíveis problemas e suas soluções. Se você ficar esperan- do que seus clientes lhe tragam de bandeja os problemas ou que comuniquem de forma organizada e compreensível seus desejos e necessidades futuras, vai ser tarde demais, principalmente se a concorrência já estiver trabalhando nisso. As expectativas de cada um dos seus clientes no pós-venda são únicas, merecendo sua flexibilidade, atenção e esforço extra para garantir satisfação e vendas futuras. “ Não é justo pedir aos outros que façam aquilo que você não está a fim de fazer ” Anna Eleanor Roosevelt 40 C omo reagir quando os clientes reclamam? 41 42 Quando o cliente reclamar, não peça desculpas: diga obrigado! Uma reclamação, nos termos mais simples possíveis, é uma declaração de expectativas não satisfeitas. Infelizmente, a palavra reclamação tem conotação negativa, provocando as mais diversas reações nos funcionários de uma empresa. Por exemplo: se logo de manhã você chega ao escritório e a pri- meira coisa que a secretária lhe diz é: “Um cliente ligou recla- mando”, certamente você vai resmungar e dizer: “É hoje!”, “Hoje vai ser fogo” ou “Já vi que hoje vai ser um daqueles dias...”. No excelente livro Reclamação de Cliente? Não Tem Melhor Presente (Editora Futura), os autores Janelle Barlow e Claus Moller defendem a teoria de que deveria ser justamente o contrário. Na verdade, cada reclamação é uma chance que você tem de consertar as coisas, de aprofundar relaciona- mentos, de vender mais. Segundo eles, uma reclamação é um presente, e você deveria agradecer por recebê-la. Fonte: Claus Moller é presidente da Time Manager International – TMI; e Janelle Barlow é autora, palestrante e presidente da TMI/US www.tmiworld.com 43 O problema é que reclamar jamais significou algo de positivo, pelo contrário, significa impugnação, protesto ou oposição (verbal ou escrita) e seu conceito se identifica em queixar-se, proveniente do latim quassare, significando o ato de golpear-se violentamente; uma manifestação de dor ou pesar; emissão de gemidos por sofrimento. Reclamação é, portanto, protesto, queixa, invocação, clamor, pedido, deman- da, súplica, exigência, lamento, lamúria, reivindicação. Não é de se admirar que ninguém goste de receber reclamações. Mas as reclamações são um dos meios mais diretos e eficazes dos clientes informarem aos vendedores de que há espaço para melhorias. Em economias de mercado altamente competitivas, os clientes vão comprar de outros fornecedores se estas melhorias não ocorrerem. Reclamações servem para fazer o ajuste fino. Elas indicam à empresa o que não está funcionando bem num produto ou serviço já inventado. Raramente são inovações espetaculares ou radicais. 44 Pena que a reclamação não tenha um nome mais bonito e elegante como feedback, porque a maioria dos vendedores se esquece que o meio utilizado é a reclamação, mas que na verdade a mensagem transmitida é o que interessa, pois ela consiste em informações vitais para a sobrevivência e cresci- mento da empresa. Reclamações diretas constituem a manei- ra mais eficiente e menos dispendiosa de obter informações e entender as expectativas dos clientes. Outra face das reclamações, segundo Barlow e Moller, é que a alguns clientes falta o traquejo social, e essas pessoas podem ser inábeis ao reclamar – ficam nervosas e parecem ásperas, bravas ou mesmo estúpidas. Temos de aprender a concentrar-nos no conteúdo da reclamação e não na forma como ela é apresentada. Dependendo da situação, isso, às vezes, é pedir muito, mas para quem consegue ver reclama- ções como presentes, não importa como os presentes vêm embrulhados. Reclamações são mais diretas e específicas, coisa que a pesquisa de mercado não é (por isso reclamações doem mais do que pesquisas). 45 Empresas que trabalham para diminuir o número de reclamações também podem estar cometendo um erro. O primeiro, bastante comum, é o dos vendedores pararem de repassar reclamações para a chefia. É mais ou menos como aquela história do marido traído que tira o sofá da sala. Outro perigo de se estabelecer metas para a redução de reclamações, segundo Barlow e Moller, é que isso pode realmente aconte- cer! Queremos o máximo de reclamações. É a única forma de saber o que está acontecendo, principalmente em médias e grandes empresas. Mas não adianta só falar, é preciso tam- bém agir. Quantas vezes você já preencheu um formulário de reclamação (em hotéis, por exemplo), e ficou imaginando se aquilo daria em alguma coisa? Reclamações também são uma maneira fantástica de des- cobrir o que é importante para os clientes. Se você ficar na porta de um banco e perguntar para as pessoas saindo qual é a taxa de juros adotada pelo banco naquele dia, a maioria dos clientes não saberá responder. Mas eles saberão descrever como foram tratados ládentro. Como disse Oscar Foster, vice- presidente de Qualidade do First Chicago Bank, em depoi- mento a Barlow e Moller: “Banqueiros gostam de pensar que as pessoas nos deixam por causa de nossas taxas, e é sur- preendente, mas as taxas não aparecem correlacionadas com índices de satisfação”. É fundamental entender isso, pois muitas empresas se entusiasmam de tal maneira com crité- rios técnicos e avanços tecnológicos que se esquecem de per- guntar ao cliente se ele realmente quer ou precisa de tudo aquilo. 46 Um pouco de estatística Quantas pessoas do total reclamam? Para quantas pessoas do seu círculo de amizades contam sua má experiência? Os números variam bastante, dependendo do estudo. O impor- tante é lembrar da conclusão a que chegaram os pesquisa- dores de um estudo executado pela Harvard Business Review: “Embora não possamos afirmar que nossos dados estejam isentos de viés, para cima ou para baixo, as empresas deve- riam se alarmar com a quantidade de insatisfações não resol- vidas que aparentemente existe no mercado”. A propaganda negativa boca a boca é um mau negócio. Como diz Geral Stephens, especialista em seguros: “Muitos executivos consideram os clientes ao mesmo tempo adversá- rios e números que eles podem manipular, ao invés de ativos valiosos. Nossa indústria responde às críticas não atacando os problemas reais, mas tentando defender sistemas e custos que não fazem muito sentido. Nós todos sabemos que muitas das reclamações dos clientes são legítimas, mas nos recusa- mos a tomar conhecimento ou, ainda pior, tentamos refutá- los”. É como aquelas assistências técnicas que dizem ao clien- te: “Você deve ter feito alguma coisa de errado...”. Só falta chamar o cliente de burro e incompetente. 47 E agora a coisa ficou pior ainda. A internet tornou públicas (e instantâneas) todas as reclamações. Imagine você ser maltratado pelo seu cartão de crédito, por exemplo, e decidir fazer uma comunidade em um site de relacionamento sobre o assunto. Em poucos dias você vai ter milhares de pessoas discutindo, contando mais histórias de horror, a imprensa vai descobrir – fazendo, para variar, um carnaval em torno do assunto e, para finalizar, o cartão ia passar pelo vexame de ter de pedir desculpas, se retratar, ou tomar uma atitude drástica e antipática como processar o reclamante. Mas já pensou se a empresa perder na justiça? Por isso é muito melhor ouvir as reclamações e resolvê-las. Prevenir é sempre mais sábio do que remediar. Só que as empresas também não ajudam. Veja como concordamos com Barlow e Moller: Os clientes não sabem direito onde ou como reclamar. A reclamação tem associada um alto fator de constran- gimento. Raramente existe follow-up, para ver se a reclamação foi realmente resolvida e o cliente ficou satisfeito. As garantias dadas pelas empresas nem sempre funcio- nam, principalmente por rotinas burocráticas internas. 48 Este último assunto merece uma atenção especial. Já fala- mos no livro Abordagem, da Coleção Passos da Venda, sobre a importância de se utilizar a garantia de satisfação como argu- mento de venda. Pois bem, é a hora da verdade. É agora no pós-venda que ela precisa ser eficaz. Mas o que é uma garan- tia eficaz? Ela deve, acima de tudo, assegurar ao cliente que se ele estiver insatisfeito, por qualquer razão, a empresa (e o vendedor) estará lá para ajudar. Sem constrangimentos, sem perguntas provocativas. Em seu livro Garantias Extraordinárias, Christopher Hart escreve: “Uma garantia comum é planejada para aliviar a perda do cliente no caso de uma falha no produto ou serviço dentro de certos limites. Uma garantia extraordinária é mais ambiciosa: em sua forma mais abrangente, ela promete ao cliente qualidade e satisfação excepcionais e desvinculadas, e fundamenta esta promessa com um pagamento concebido para reconquistar completamente a preferência do consu- midor, com poucas restrições.” No mesmo livro, Christopher Hart descreve uma garantia extraordinária como um investimento mercadológico na boa reputação da empresa, e diz que ela tem três partes: Um compromisso claro que identifique exatamente o que o cliente pode esperar. Uma afirmação clara do que o consumidor vai receber se o compromisso não puder ser cumprido. Uma afirmação clara de que o processo de solicitação de garantia seja livre de embaraços e constrangimentos. 1. 2. 3. 49 “Não pode ser. Jamais alguém reclamou disto antes!” Em Reclamação de Cliente? Não Tem Melhor Presente, Barlow e Moller apresentam a fórmula para se lidar com reclamações: Dizer obrigado. Explicar por que você apreciou a reclamação. Pedir desculpas pelo erro. Prometer que alguma medida será tomada imediata- mente. Pedir as informações necessárias. Corrigir o erro – imediatamente. Verificar se o cliente está satisfeito. Prevenir erros futuros. Acontece que os clientes que não reclamam são de longe os menos fiéis. Infelizmente, empresários e vendedores ten- tam se esconder de clientes insatisfeitos. Outro problema é da cultura da empresa. Nunca aconteceu de alguém lhe dizer: “Sinto muito, mas são as normas da empresa”? Na verdade, pessoas que dizem isso estão tentando satisfazer seu chefe, e não os clientes. Estão dizendo: “Nossa política interna é mais importante do que fazer negócios com você”. E, segundo um estudo do Boston Consulting Group, concluiu-se que virtual- mente nenhuma (95 a 99%) das atividades internas tem qual- quer relevância para os clientes. Ou seja, eles não querem nem saber da sua política interna, muito pelo contrário. “Quero meu problema resolvido. Agora!” 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 50 Por isso é tão importante o empowerment. Afinal, é necessá- rio que não apenas os vendedores, mas todos os funcionários da linha de frente tenham autonomia para resolver rapida- mente os problemas mais comuns e freqüentes, ou que não ultrapassem um determinado valor. Betsy Sanders, vice-presi- dente da Nordstrom (uma das cadeias varejistas de maior sucesso nos EUA), tem uma filosofia que deixaria muitos em- presários centralizadores de cabelo em pé: na hora de resolver problemas, ela diz aos seus mais de 20 mil funcionários “Use seu próprio bom senso e julgamento, da melhor forma possí- vel, todas as vezes”. E eles têm sido extremamente bem-su- cedidos, chegando a ser tema de matérias na televisão e revis- tas especializadas em negócios. Mas para que isso aconteça, na maioria das empresas, é necessária uma mudança da filo- sofia da empresa. Se você disser e repetir incessantemente que tem um bom serviço, não significa que realmente o tenha 51 No seu livro Cultura Organizacional e Liderança, Edgar Schein define culturas organizacionais como “padrões forma- dos por pressupostos básicos compartilhados, que os grupos aprendem com a experiência passada e julgam suficiente- mente eficazes para que sejam ensinados aos novos membros do grupo”. Schein enfatiza que, se as organizações querem mudar suas culturas, primeiro precisam entendê-las, e então os líderes precisam trazer novas crenças e implantar seus pressupostos nas várias rotinas da organização. Segundo Barlow e Moller, um dos meios de se fazer isso com reclama- ções é definir uma filosofia e então se assegurar de que o comportamento dos empregados em todos os níveis apoiam essa filosofia. E aqui é fundamental o papel da gerência, já que um ge- rente se escondendo de um cliente reclamando, ou discutindo com ele, é um mau exemplo que reverbera e repercute por toda a organização. O exemplo tem de vir de cima, pois os funcionários geralmente valorizam o que é valorizado pela empresa. Como indagava Abraham Lincoln: “Quantas patas tem um cachorro se você chamar o rabo de pata?” A maioria dos ouvintes respondia cinco, e então Lincoln dizia: “Não, ainda são quatro. Chamar o rabo de pata não o torna uma pata”. Falar não significa nada, garantem Barlow e Moller. Se você disser e repetir incessantemente que tem um bom servi- ço, não significa querealmente o tenha. Fonte: Edgar Shein é autor e professor no MIT Sloan School of Management web.mit.edu/scheine/www/home.html 52 Coisas que sua empresa pode fazer para encorajar reclamações A principal delas é colocar uma linha 0800 para contato com o público. Você sabia que um estudo realizado nos EUA revelou que 86% dos clientes automaticamente pensam que produtos com números de telefone para ligações gratuitas no rótulo são uma garantia de boa qualidade? Além disso, o 0800 tem outras vantagens: aumento da credibilidade da empresa junto a clientes; feedback imediato dos clientes; aumento da capacidade de reduzir reclamações sobre pro blemas comuns; ajuda no controle de ações legais; melhoria no sistema de pesquisa de mercado e produtos; oportunidade para vender produtos adicionais; aumento na habilidade para prestar atenção especial em clientes especiais; estímulo ao aumento de reclamações. 2 2 2 2 2 2 2 2 - Outras coisas que você pode fazer para seus clientes reclamarem mais Treine seus clientes para que também vejam reclamações como presentes. Divulgue o fato de que está procurando ouvir todas as reclamações. Avalie suas estruturas internas referentes às reclamações. Mantenha sempre disponíveis formulários para os clientes comentarem. v v v v 53 v v v v v v v Permita que seus clientes reclamem com privacidade. Não se satisfaça com a primeira resposta que os clientes lhe derem. Vá atrás dos que não respondem aos seus levantamentos de opinião. Utilize um sistema de pontuação para obter dados sobre as emoções dos clientes. Escolha aleatoriamente os clientes a quem pedir feedback. Solicite pontuações para valor e qualidade. Visite pessoalmente os seus clientes. “ As soluções, eu já as possuo há muito tempo. Mas ainda não sei como cheguei a elas ” Carl Friedrich Gauss 54 C omo evitar problemas no relacionamento com os clientes? 55 56 13maneiras garantidas de irritar seus clientes Toda empresa, por melhor que seja, pode cometer alguns erros básicos que fazem com que a experiência do pós-venda de um produto ou serviço seja mais difícil do que precisa ser. Como exemplo, podemos dar as imobiliárias na hora de alu- gar imóveis, consórcios que cobram ‘taxas residuais’ e as esta- tais, com toda sua arrogância e ineficiência. É necessário que todos os departamentos, principalmente o de vendas, enten- dam que é necessário suavizar o ato da compra, deixando que ele flua livremente, sem empecilhos. Ao eliminar esses 13 erros, você terá uma empresa muito mais “simpática”, com- petitiva e dinâmica: 1. Prometer e não cumprir – Muitas empresas, no afã de fechar um negócio, acabam dando a impressão enganosa de ter uma varinha mágica que vai acabar com todos os proble- mas do comprador. Isso inclui promessas irrealísticas, pra- zos de entrega impossíveis, preços artificialmente reduzi- dos, etc. Como a mentira tem pernas curtas, esses exage- ros acabam sempre descobertos, dando ao cliente invaria- velmente a sensação de que foi enganado. Se você tem de mentir ou exagerar para vender, volte para a prancheta e desenvolva produtos ou serviços que atendem realmente às necessidades do cliente ou procure nichos de mercado que possam ser totalmente satisfeitos com o que você oferece hoje. 57 2. Cobrar errado – Eu sei que você vai me dizer que isso é res- ponsabilidade do departamento financeiro ou de cobranças, mas o cliente não quer nem saber – vai ligar para você para saber o que aconteceu. Faturas incompletas, com valores errados, que chegam depois da data de cobrança, etc., são detalhes que devem ser tratados com muita atenção. Vender já é suficientemente difícil sem problemas adicionais – a última coisa que você pode querer é perder um cliente por- que foi cobrado cem, sendo que o cliente só pediu dez. Além disso, por um motivo que deveria ser estudado por psicólo- gos, existe uma tendência do pessoal financeiro de ver o cliente como uma fonte de problemas e incômodos, e não como as pessoas que pagam seus salários. Encarando esse problema, uma empresa canadense de telefonia celular eli- minou termos depreciativos sobre clientes dentro da empre- sa (como maus pagadores, inadimplentes, etc.). Pode pare- cer um exagero, mas é a melhor maneira de mostrar ao público interno que, até provar-se o contrário, todo cliente merece o máximo de atenção e respeito. 3. Entregar fora do prazo – Com pessoas físicas é um desrespeito; com pessoas jurídicas é incompetência completa. Sempre que alguém faz uma compra, começa a fazer planos levando em conta o uso do bem ou serviço adquirido. As empresas, por exemplo, dependem diretamente de seus fornecedores para continuar trabalhando. Muitas vezes a dependência é tão forte que o fornecedor vai para dentro da fábrica do cliente (como no caso de algumas montadoras e produtoras de autopeças). A entrega dentro do prazo especificado, ou mais cedo, mostra ao cliente que você tem palavra. Ou seja, é alguém em quem se pode confiar. Se você mentir a respeito do prazo de entrega só para ganhar o negócio e depois não puder cumpri-lo, lembre-se de que você realizou uma tran- sação apenas, e jogou no lixo todas as compras posteriores que poderiam ter sido feitas. 58 4. Efetuar mudanças sem avisar – As empresas que fabricam calçados desportivos ficaram famosas por essa prática. Se um lançamento tinha sucesso (o XT 200, por exemplo), no ano seguinte eles tiravam o tênis de linha e lançavam o XT 210 – dez dólares mais caro. A mesma coisa com carros, com suas maquiagens anuais e mais recentemente com computadores e softwares – todo dia ficamos um pouco mais defasados. Mas existe uma grande resistência por parte dos consumidores a muitas dessas mudanças. Os clientes geralmente são muito mais conservadores do que parece. Acontece que as pessoas gostam de um pouco de estabilidade. Imagine se o seu marido ou esposa acordar um dia e disser que vai virar punk. Você pode até achar engraçado, mas a graça toda vai acabar quando ele ou ela pintar o cabelo de rosa, laranja e verde. Digo isso porque muitas empresas acham que têm de fazer uma mudança radical na sua apresentação, nos seus produtos ou nos seus serviços. Minha recomendação é que, para não perder a sua base de clientes fiéis, você implemente as modifica- ções ao longo de um determinado período de tempo. A não ser, é claro, que por um motivo mercadológico você queira se livrar imediatamente dessa base de consumido- res. Qualquer que seja o caso, porém, faça pesquisas com o público-alvo desejado, para não ter de mudar tudo de novo daqui a um ano. Só para você pensar: o logotipo da Coca- Cola foi criado em 1886; o da Levi Strauss em 1853, o Marlboro Man em 1953. Tudo que é bom dura. 59 5. Não aceitar reclamações ou devoluções – A maioria das empresas tenta se proteger de alguns malandros e acaba irritando a milhares de consumidores e clientes. O valor de um cliente na sua empresa pode ser medido cientifica- mente em reais. Só quem nunca se deu ao trabalho de fazer essa conta é que maltrata um cliente que reclama. Além disso, perde-se uma chance excelente de melhorar. Aliás, ouvir o cliente que reclama não é função de apenas uma pessoa ou departamento dentro da empresa – é fun- ção de todos. Por isso os funcionários devem sempre rece- ber treinamento básico para apresentar pelo menos um mínimo de profissionalismo ao lidar com clientes irritados. 6. Vendedores ignorantes – Numa recente pesquisa que fize- mos entre consumidores das classes C, D e E, ficou claro o total despreparo da maioria dos vendedores varejistas, principalmente em relação a eletrodomésticos e aparelhos importados. Produtos de informática, então, são uma piada. Mesmo vendedores bem treinados, que sabem cada detalhe ou especificação técnica do produto ou serviço, podem ser incompetentes. Basta não aplicar esse conheci- mento para resolver os problemas dos clientes. Sempre que puder, saia a campo com seus vendedores e acompa- nhe-osnas suas visitas. Veja se eles estão aplicando seus conhecimentos para ajudar o cliente ou simplesmente para mostrar o quanto sabem. Existe no Brasil uma cultu- ra do “decoreba”: decorar o suficiente como para passar. Não deixe seus vendedores caírem nessa armadilha. 60 7. Vendas de alta pressão – É o vendedor chato, o pessoal do tele- marketing que mente para passar pela barreira da secretária, o que não admite que você saia da loja sem levar pelo menos uma lembrancinha, o vendedor chorão que rasteja imploran- do um pedido qualquer para fechar a sua cota, etc. Todo e qualquer tipo de técnica de alta pressão tem dois tipos de resultados: um imediato e outro a longo prazo. Os dois devem ser levados em consideração na hora de aplicar qualquer tipo de técnica, principalmente as de fechamento. Lembre-se de que vendedores de sucesso têm todos uma carteira de clientes e adotam a postura de consultores na sua área de atuação. Às vezes, um empurrãozinho é realmente necessário para fechar uma venda, mas se ele se tornar comum, é porque alguma coisa está sendo feita incorretamente. 8. Não ser atendido imediatamente – Quantas vezes o telefone toca na sua empresa até ser atendido? Quantas vezes ele toca quando a chamada é transferida? Muitas empresas têm tele- fonistas bem treinadas, que atendem no segundo toque, e depois deixam o cliente ouvindo cinco minutos uma musiqui- nha infeliz. Todos na empresa devem ter o mesmo padrão de atendimento, não apenas as telefonistas. Da mesma maneira, em lojas ou showrooms, é necessário que o cliente seja imedia- tamente saudado. Se o vendedor estiver ocupado deve pedir licença, saudar o novo cliente que acabou de entrar, dizer que estará disponível em breve, e voltar imediatamente ao outro cliente. Nada é pior do que entrar num lugar e ser tratado como um fantasma invisível. Evite, porém, o que eu chamo da “Síndrome do Paraguai”, que é quando você entra numa loja e cinco vendedoras desesperadas saltam em cima de você, tentando empurrar qualquer coisa, e que depois ficam se- guindo os clientes pela loja (provavelmente para ver se não vão roubar nada). Evite os excessos, tanto de cordialidade (que é vista como falsidade) quanto de frieza (que é vista como falta de interesse). Ambos prejudicam o relacionamen- to em qualquer negócio. 61 9. Descaso – Conheço a história de um senhor que entrou numa loja de carros importados vestindo chapéu de palha e chinelo de dedo. Um dos vendedores, mais por obrigação do que por profissionalismo, atendeu-o e acabou venden- do duas limusines que, juntas, custavam uma fortuna. Seus outros colegas, que julgaram o cliente somente pela aparência, aprenderam uma lição bem dura. A mesma coisa acontece com empresas que trabalham no business to business: tratam mal ou com descaso as micro, pequenas e médias empresas, dedicando toda a sua atenção aos gigan- tes. Acontece que todo gigante um dia foi pequeno, e são justamente os menores clientes os que têm maior poten- cial de crescimento. Também são mais leais, a concorrên- cia é menor, pode se trabalhar com margens maiores e você geralmente tem acesso direto aos decisores, muitas vezes, ao próprio dono. A melhor maneira de crescer é crescendo junto com seus clientes, por isso não desconsi- dere o potencial dos clientes C, D ou E, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. 62 10. Preço absurdo – Todos temos na cabeça uma série de referen- ciais quanto ao valor relativo de alguma coisa. Um preço ge- ralmente é considerado absurdo quando ele é desproporcio- nalmente mais alto do que o que imaginávamos pagar. Isso pode ser fruto tanto da ignorância do cliente quanto de um posicionamento errado da empresa. Produtos commoditiza- dos são os que mais facilmente caem nessa armadilha, e aca- bam tendo de brigar por preço. Já as empresas que investem num diferencial competitivo acabam conseguindo cobrar mais. Então sua empresa tem duas opções: ou investe num diferencial competitivo, treina a sua equipe para saber ven- der e defender esse diferencial, e investe em propaganda para tornar público esse posicionamento, ou vai acabar parte do mercado de commodities, e os clientes vão achar o seu pre- ço um absurdo. Como você acha que a Ferrari, a Lambor- ghini, a Porsche, etc. fazem para cobrar US$ 1.000.000,00 por um carro? Haja diferencial competitivo! Trabalhar em nichos é o maior diferencial que a sua empresa pode ter. Entenda isso antes que alguém o faça, pois é muito mais difícil vender em um nicho já ocupado depois 63 11. Tamanho único – A solução padrão geralmente é padrão apenas em irritar clientes. A média é uma coisa que não existe. No seu livro Marketing Um a Um, Don Peppers cita vários casos de empresas que fabricam produtos utilizando a customização em massa. É a melhor maneira de agradar e fidelizar clientes. Se você já está resmungando e achando que na sua empresa não se aplica, compre o livro que você vai entender melhor. Trabalhar em nichos é o maior diferencial que a sua empresa pode ter. Entenda isso antes que alguém o faça, pois é muito mais difícil vender em um nicho já ocupado depois. Um bom exemplo foi dado, certa vez, pela revista Istoé, que customizou suas capas em época de eleição. Cada capital brasileira tinha na capa as fotos de seus dois ou três principais candidatos. É claro que dá mais trabalho, mas é um investimento altamente recompensador, que ajuda a empresa a se posicionar da melhor maneira, diferenciando-se da concorrência (que neste caso não é ninguém menos do que a revista Veja, da Abril, uma das melhores do mundo). Fonte: Don Peppers é uma das maiores autoridades do mundo em marketing e criador do conceito de Marketing Um-a-um (ou CRM – Customer Relationship Management) www.1to1.com.br 64 12. Falta de flexibilidade – Só aceitamos... Exige-se... Não pode- mos... Uma vez vi um empresário discutir publicamente com um cliente sobre um determinado procedimento de entrega. Perguntei por que havia feito aquilo. Respondeu ele: “Precisava dar um exemplo para todo mundo, senão isso aqui vira uma bagunça”. Neuróticos que não conse- guem lidar com o mundo caótico dos negócios deveriam se dedicar a outras coisas, e não a vender. É impossível tentar controlar o mercado, e isso ficou bem provado com o fra- casso do comunismo. Veja bem: não estou defendendo a ausência total de regras. Apenas sou da opinião de que empecilhos à venda devem ser retirados na medida do possível. Se um cliente com excelente histórico quer par- celar uma compra, por que não? Quanto dinheiro você já não ganhou com ele? Quanto ainda pode ganhar? Se a sua empresa, devido às condições de mercado, precisa ser dura em algumas situações, pelo menos considere o histórico do cliente e veja se não é possível ser um pouco mais camara- da. Não trate todos os seus clientes da mesma maneira, pois nem todos são iguais uns aos outros. Você não quer ser tratado de forma diferente como fornecedor? Então trate bem os seus melhores clientes, e deixe eles lhe dize- rem como preferem fazer negócios, incluindo formas e prazos de pagamento. Afinal, o dinheiro é deles. 65 13. Burocracia – Já aconteceu de você ter de preencher uma ficha quilométrica “só para cadastro”? E os hotéis, que pedem que você preencha uma ficha ridícula justamente quando você chega e está louco para tomar um banho e ir dormir? Os melhores vendedores cuidam desse lado ope- racional para o próprio cliente, pois sabem que isso é essencial para que a venda “flua”. O cliente só tem de assinar. Facilite a vida de todo mundo, eliminando qual- quer tipo de burocracia desnecessária na sua empresa. Se por algum motivo você precisa de uma série de informa- ções para efetuar a venda, certifique-se de que é o vende- dor que trabalha, e não o cliente. O cliente tem todo o direito de ser preguiçoso; o vendedor nunca. 66 “ O que estiver realizando para os outros é justamente o que estará realizando por si mesmo ”Micelde Montai C omo lidar com clientes furiosos? 67 68 Os 7 passos de Donna Siegel para lidar com clientes em fúria Certo. Você já viu o que e como fazer para construir um relacionamento duradouro com seus clientes. Porém, como dissemos, alguns erros podem acontecer – por sua culpa ou de outra pessoa na empresa. Ou do próprio cliente que, sem saber o que deveria fazer, fica furioso e resolve ligar para você. E agora? Como lidar com essas situações? Bem, a primeira coisa que temos de fazer quando entra- mos numa discussão com clientes irritados é nos perguntar: “O que é que este cliente realmente quer?” Além das coisas normais que esperam de nós, clientes irritados querem espe- cialmente duas coisas: Empatia com sua situação. Sucesso ou algum sinal de sucesso, não importa quão pequeno. 2 2 69 Usando empatia com clientes furiosos A primeira coisa que um cliente irritado quer de você é empatia com sua situação. Podemos definir empatia como um tipo humano ou simpático de resposta. Isso inclui ex- pressões de preocupação e atenção, como: “Entendo” ou “Sinto muito que isso tenha acontecido com você”. Sua empatia demonstra a preocupação pessoal com o cliente como ser humano – que você realmente preocupa-se com seus problemas. Você pode melhorar a maioria dessas situações desagradáveis simplesmente usando sua empatia. A primeira coisa que temos de fazer quando entramos numa discussão com clientes irritados é nos perguntar: “O que é que este cliente realmente quer?” 70 Criando um “sucesso” para clientes furiosos A segunda coisa que um cliente irritado quer é algum tipo de sucesso. Em outras palavras, eles querem “ganhar”. O que constitui uma vitória vai variar de um cliente para outro. Embora em alguns casos você possa resolver tudo e oferecer de volta exatamente o que o cliente está querendo, em outros você não terá essa habilidade. Por exemplo: o cliente pode querer alguma coisa que está fora da sua alçada ou algo que demore mais do ele esteja disposto a esperar. Ou ainda você pode ter de passar o cliente para outro departamento, para que eles resolvam o problema. Mesmo em situações onde você não pode resolver o pro- blema imediatamente, você ainda pode criar sucessos para seus clientes. Embora eles estejam esperando por uma solu- ção, muitas vezes um simples sinal de que a solução ‘vem vindo’ é suficiente para acalmá-los. O importante é que o cliente sinta-se recompensado e melhor depois de ter inte- ragido com você. 71 Processos para ajudá-lo a lidar com clientes difíceis Muitas vezes acontece de você ter de lidar com um cliente insatisfeito. Lembre-se de que você quer mostrar empatia e demonstrar algum tipo de sucesso. Como você consegue? A especialista Donna Siegel desenvolveu uma fórmula de sete passos para fazer isso: Deixe o cliente desabafar – Antes de conseguir fazer qual- quer coisa com clientes nessa situação, você tem de deixá- los primeiro desabafar. Os clientes querem contar como estão furiosos e como exigem que alguém faça alguma coisa para resolver a situação. Muitas vezes eles acumula- ram essa irritação, e depois precisam descarregá-la. Este ‘descarregamento’ é muito importante, tanto para você quanto para o cliente. Enquanto essa irritação estiver acu- mulada em suas cabeças, seus clientes não raciocinarão direito. Até eles se livrarem disso, não vão conseguir pres- tar atenção em nada que você disser. Fonte: Donna Siegel é especialista em Vendas e editora do SalesDoctors Magazine 1. 72 Então a melhor coisa que você pode fazer para começar a interagir é deixar o cliente falar. Enquanto o cliente des- carrega a tensão, você consegue: 2 Descobrir o que o cliente está pensando. 2 Descobrir como o cliente quer ver o problema resolvido. Demonstre que você realmente se importa com o que o cliente está sentindo. Enquanto seu cliente está desaba- fando, seu papel é ficar quieto e escutar. Fique calmo e aja de maneira profissional, para que o nível de irritação do cliente não aumente. Fique escutando até o cliente cansar e fazer uma pausa natural, indicando que está pronto para ouvi-lo. Ofereça ajuda – Uma vez que o cliente tenha terminado seu desabafo, ele estará pronto para começar a resolver o problema. E sua oferta para ajudar indica sua boa vontade para participar do processo de resolução. Expressões típi- cas para demonstrar isso: “Vamos ver o que podemos fazer para ajudá-lo” ou “Eu posso ajudá-lo”. Veja que uma boa oferta de ajuda é só isso – uma oferta –, e não uma promessa de um resultado qualquer. Isso porque, nesse ponto, você ainda não pode garantir nenhum tipo de resultado, pois ainda não tem dados suficientes. 2. 73 3. 4. Descubra a raiz da questão – Muitas vezes isso não está muito claro. Freqüentemente as pessoas ligam ou voltam e simplesmente estão irritadas – muitas vezes nem elas mesmas sabem o porquê. Outras vezes estão confusas, sem saber o que realmente as incomoda. Seu papel é identificar a raiz do problema para que você possa resol- vê-lo. E suas ferramentas para conseguir descobrir isso são as mesmas que qualquer vendedor usa para descobrir as outras necessidades de um cliente: fazendo perguntas e ouvindo com atenção. Suas perguntas deveriam encorajar o cliente a fornecer os detalhes que permitirão a resolução do problema. Fazer perguntas tem uma vantagem adicio- nal: um efeito calmante sobre os clientes. O cliente come- ça a ver que seu problema está começando a ser resolvido, e começam então a cooperar e mudar de atitude. Defina “sucesso” para essa interação – Além de descobrir exatamente qual é o problema, suas perguntas, muitas vezes, vão criar uma definição do que o cliente julga ser uma conclusão favorável em sua interação com você. Lembre-se: a definição de sucesso pode não ser a resolu- ção total do problema ou questão. Pode ser também um primeiro passo no caminho dessa resolução (desde que o caminho esteja claro para o cliente). 74 5. Ofereça uma solução – Uma vez que você tenha descoberto o verdadeiro problema e já saiba qual é o mínimo que seu cliente espera de você, você está pronto para o próximo passo: oferecer uma solução. Como já vimos, esta solução pode ser tanto a resolução total do problema quanto o mínimo de “sucesso” que você pode dar imediatamente ao cliente. Antes de oferecer a solução, porém, você deve preparar o ambiente para que o cliente entenda clara mente todos os benefícios da sua solução. Para isso: 2 Reafirme o problema do cliente e suas causas, do jeito que você entendeu. Isso dá ao cliente a segurança de que você estava ouvindo e realmente o compreende. Melhor ainda: evita mal-entendidos e identifica claramente o problema que você está se preparando para resolver. 2 Identifique a solução que você tem para oferecer. De novo, pode ser a resolução total do problema, ou um “pequeno sucesso” (na definição do cliente e por ele reconhecido). 2 Explique por que esse pequeno sucesso é o caminho para resolver o problema completamente. Para você pode parecer óbvio, mas não para o cliente, por isso faça a conexão entre o que está sendo feito e o resul- tado, e ofereça sua assistência mais uma vez. - 75 6. Consiga um acordo verbal – Antes de tomar qualquer atitu- de, você quer ter antes a certeza de que o cliente concorda que a ação tomada vai ajudá-lo a resolver seu problema. A melhor forma de fazer isso é conseguindo seu acordo ver- bal. Esse passo é muito importante para assegurar-se de que o cliente acredita que o que está sendo feito está resolvendo ou que vai ajudá-lo a resolver seu problema. Em caso negativo, descubra quais as preocupações exis- tentes ou por que a hesitação – antes de fazer qualquer coisa. Já que você identificou o problema, a solução, e por que esta solução vai resolver o problema, é fácil continuar a conversação, dizendo: “Você acha que isso vai resolver seu problema?” – e espere a resposta! Uma vez que você tenha descoberto overdadeiro problema e já saiba qual é o mínimo que seu cliente espera de você, você está pronto para o próximo passo: oferecer uma solução 76 7. Apresente quais são os próximos passos – Aqui encerramos o processo, descrevendo o que vai ocorrer a seguir. Seus clientes precisam desse reforço, mesmo que o problema vá ser resolvido rapidamente. Em muitos casos, você conseguirá resolver imediatamente a questão. Em outros, vai demorar um pouco. Aqui é justamente quando você deve prestar atenção aos próximos passos. Do contrário, o cliente vai achar que caiu num “buraco negro”, e que seu problema vai ser engavetado e esquecido. Aí o cliente fica irritado novamente (e com razão). Não deixe seus clientes com dúvidas: diga exatamente o que vai acontecer, e quando. Não adianta nada ter feito tudo corretamente até aqui, se o seu cliente sair do contato achando que só perdeu tempo (lembre-se dos pequenos sucessos). 77 Sei que muitos clientes irritados são grosseiros, mal-edu- cados e, muitas vezes, irracionais – mas continuam sendo clientes (aqueles que pagam as contas, lembra-se?). É muito fácil ser correto e educado quando tudo é lindo e maravilho- so, mas os verdadeiros profissionais mantêm a linha mesmo debaixo da mais pesada pressão. Afinal, conquistar um novo cliente não custa muito mais do que manter um antigo? “ Se você conhece uma pessoa que está tentando afogar as mágoas, poderia dizer-lhe que as mágoas sabem nadar muito bem ” S. Brown 78 C omo tornar-se um mestre em fidelização? 79 80 maneiras de fazer seus clientes voltarem sempre 5 Como você está acompanhando neste livro, sabe-se que dá para crescer muito mais rapidamente se conseguirmos vender mais produtos e serviços para nossos clientes antigos do que apostar todas as fichas procurando conquistar novos clientes. Afinal, você já investiu para encontrá-los – seja através de anúncios no jornal, uma bela placa na frente da empresa, malas-diretas ou visitas. Não seria ótimo se você pudesse aproveitar ao máximo esse investimento, conseguindo um fluxo constante de pedi- dos e vendas, sempre das mesmas pessoas? As pessoas gostam de fazer negócios com vencedores. Faz com que elas sintam-se bem, e aumenta a chance de confiarem em suas próprias decisões de compra 81 Você pode, planejando e usando um pouco a cabeça. Aqui estão cinco atitudes que vão ajudá-lo a construir relaciona- mentos mais fortes com seus clientes, fazendo com que vol- tem diversas vezes para comprar: Sucesso e confiança: As pessoas gostam de fazer negócios com vencedores. Faz com que elas sintam-se bem, e au- menta a chance de confiarem em suas próprias decisões de compra. Para provar este ponto, basta visitar um concessionário de automóveis. Os vendedores mais ocupados são justamen- te aqueles que exalam confiança. Dá para sentir isso na maneira como dizem ‘Oi!’. Dá para sentir na forma como andam pela loja, como mostram os carros, e até em como convidam para fazer um test-drive. 1) 82 E você, o que você pode fazer para construir uma atmos- fera de sucesso nos seus negócios junto aos clientes? Exis- tem diversos fatores que você deve levar em consideração: 2 Embora tenham um alto custo financeiro, estoques transmitem a sensação de segurança financeira. Eis aí um dado relevante a ser repassado sobre sua empresa – na hora e da forma certa, é claro, para não acabar transmitindo a idéia de que precisa “desovar” tudo o mais rápido possível. 2 Comporte-se com confiança, o tempo inteiro. Isso pode ser transmitido ao andar olhando para frente, sem curvar-se, com um sorriso nos lábios, e as mãos soltas ao lado do corpo. 2 Evite usar palavras como ‘problemas’, ‘dificuldades’ e ‘complicações’. Elas sinalizam que alguma coisa está errada, mesmo que você não perceba. 2 Nunca discuta seus problemas pessoais ou profissio- nais com seus clientes – eles não querem saber como seu dia foi difícil. Clientes já têm problemas demais – não precisam de mais um vendedor negativo. Use so- mente linguagem positiva com seus clientes. 83 2) Reconheça clientes freqüentes: Outra dica importante para construir relacionamentos é reconhecer seus melhores clientes. Você sabe que um cliente que fez negócios com a sua empresa várias vezes vai provavelmente recomendá-lo também. Para eles, fazer isso é muito fácil, porque existe essa associação na cabeça deles. Também é sua função reconhecer clientes que voltam a comprar de você. Algumas sugestões simples incluem: 2 A utilização do nome do cliente. Se você sabe o nome do cliente, use-o. Se você não souber, pelo menos cum- primente de forma que ele note que você o reconheceu. 2 Se você já conhecer as preferências do cliente, demons- tre isso também. Por exemplo, se uma pessoa sempre almoça no restaurante, o garçom poderia dizer: “Vai querer sua Coca-Cola com gelo e limão, como de cos- tume?”. 84 3) Use as próprias palavras do cliente – As pessoas gostam de comprar de outras pessoas com as quais sentem-se con- fortáveis. Como vimos no livro Abordagem, da Coleção Passos da Venda, existem muitas formas diferentes de entrar em sintonia com os clientes, através das quais você pode ajudá-los a sentirem-se confortáveis com você. Uma das melhores dicas para fazê-lo de imediato é usar o mes- mo vocabulário do cliente. Por exemplo: em algumas regiões do Brasil “guaraná” é sinônimo de refrigerante. (“O guaraná que o senhor vai querer é Coca-Cola?”). Dependendo da região também, um cachorro-quente pode ter vinas, lingüiças ou salsichas. Utilizar as mesmas palavras cria um tipo de ligação entre as pessoas. Em essência, reforça a sensação de que essas pessoas vêem o mundo da mesma forma. Isso ajuda os clientes a concluírem que preferem continuar comprando de você, um profissional de vendas que realmente os en- tende. O segredo aqui é ouvir com atenção, determinando quais palavras são importantes para o cliente. Aí, ao res- ponder perguntas e objeções, você pode utilizar exata- mente as mesmas palavras que ele usou. 85 4) Fale com seus clientes – Já aconteceu de você entrar numa loja, dar uma olhada em volta, sair, e não interagir com nenhuma pessoa que trabalha lá dentro? Aqui entre nós, francamente, quando isso acontece, como você sente-se em relação à loja? Não muito bem, com certeza. As pessoas querem conexões. Querem ser reconhecidas. Querem que você converse com elas sempre que estive- rem por perto. Então dê-lhes o que querem. Aprenda a falar diretamente com seus clientes com freqüência, sempre que encontrá-los. Você pode falar sobre o tempo, esportes ou acontecimentos locais. Você pode conversar sobre onde compraram aquela roupa, sapato ou óculos. Na verdade, nem importa muito o assunto – a única coisa que importa é que você inicie a conversa. E uma vez que você comece, você verá que as pessoas vão responder. Assim começam a formar-se os relacionamentos, e em épocas altamente competitivas, isso pode ser um excelen- te diferencial em relação à concorrência. 86 5) Excelência no atendimento – Provavelmente, a coisa mais eficaz que você pode melhorar nas suas atitudes se quiser que seus clientes voltem a comprar de você é oferecer um atendimento exemplar. Por atendimento exemplar quere- mos dizer dar aqueles passos extras que tanto fazem a diferença para o cliente, é ir além. A maioria dos vendedores fala muito, mas na verdade não têm o interesse ou a capacidade de oferecer um atendimen- to exemplar consistentemente. Como resultado, os clientes acabam ficando menos satisfeitos. Tudo que um concorren- te precisa fazer é oferecer um pouquinho a mais de satisfa- ção, e um cliente de anos pode – de maneira rápida e fácil – parar imediatamente de comprar de você e passar todo seu orçamento para eles. Vamos pegar um exemplo: digamos que o cliente entrou em uma loja procurando um determinado produto. Pode ser que o cliente ache o produto facilmente, mas se ele não conhecer bem a loja, pode
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