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Sobre o autor Marcus Vinicius de Freitas Soraggi Prof. Marcus Vinicius de Freitas Soraggi, brasileiro, natural de Tombos /MG, técnico em Mecânica Industrial pela Escola Técnica Federal de Campos (ETFC 1998), bacharel em Engenharia Civil pela Faculdade Redentor em 2010 (REDENTOR, 2010), Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, (REDENTOR, 2011). É professor do Centro Universitário Redentor desde 2012, nos cursos de Engenharia Civil. Tem experiência nas disciplinas de Introdução a Engenharia Civil, Desenho Técnico, Projeto Assistido por Computador, Desenho de Projeto Civil, Técnicas de Construção Civil, Instalações Prediais II e Edificações. Atua como Engenheiro Civil e Segurança do Trabalho além de ser profissional agente de fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ) desde setembro de 2000. Jefferson Alves Seuffitelli Prof. Jefferson Alves Seuffitelli, brasileiro, natural de Bom Jesus do Itabapoana/RJ, Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade Redentor (UniRedentor, 2014), Especialista em Gestão Educacional: Orientação, Coordenação, Supervisão e Administração pela Faculdade Redentor (UniRedentor, 2016), mestrando em Políticas Sociais (UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro). Professor da UniRedentor desde 2017, ministrando no Curso de Arquitetura e Urbanismo as disciplinas de Introdução à Arquitetura e Urbanismo, Desenho Técnico I e Desenho Técnico II, PACII e Psicologia Ambiental. Sobre o autor Apresentação Olá querido aluno (a), seja muito bem-vindo (a)! Dentro da sua formação acadêmica até agora, tivemos contato com disciplinas que nos proporcionaram um conhecimento de técnicas de desenho, interpretação e elaboração de projetos de engenharia civil, abordando normas técnicas e legislações pertinentes ao assunto. Continuando neste ciclo de disciplinas de desenvolvimento de projetos que temos no curso de engenharia civil na Uni Redentor, temos um novo desafio. Nossa disciplina intitula-se Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo, que aborda temas que são muito importantes para formação profissional no âmbito de projetos. Projetar não é uma tarefa muito fácil, precisa-se de dedicação, uma boa interpretação de normas e legislações para elaboração de um bom produto. Temos que considerar, na maioria das vezes, que nossos clientes são leigos no assunto, no entanto, são muito exigentes quanto à qualidade dos nossos projetos. Temos que estar atento para as necessidades e qualidade de nossos projetos para bem atendê- los. É importante frisar que nesse caderno você encontrará o básico dos conceitos necessários para obter um melhor desempenho nas disciplinas do ciclo básico e profissional. Vale ressaltar que será muito importante consultar as bibliografias referenciais, além de outras que forem recomendadas. Acima de tudo, você deverá praticar muito. A disciplina foi dividida em aulas, contendo exemplos e atividades a serem resolvidas, sendo importante você manter uma constância em seus estudos. Portanto, não acumule dúvidas! Consulte o professor, participe dos fóruns, releia o caderno, as bibliografias recomendadas, faça os exercícios teóricos e práticos, assista aos vídeos sugeridos e outras fontes que você considerar importantes para sua aprendizagem. O material que você vai precisar para fazer os exercícios serão softwares de desenho de engenharia como o AUTO CAD e ou REVIT. Então vamos lá! Bons estudos! Objetivos A disciplina de Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo (FAU) tem como objetivo geral o estudo das normas técnicas e legislações vigentes para elaboração de um partido arquitetônico de edificações de alto padrão, observando a lei do ministério das cidades e plano diretor participativo, além das normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e Código de obras já estudadas anteriormente nas disciplinas de desenho técnico, projeto assistido por computador e Desenho de projeto de engenharia civil. Como referência em nossos estudos e elaboração de projeto, iremos utilizar o plano diretor do município de Itaperuna RJ. Esta disciplina visa proporcionar uma formação básica profissional, que deve ser aliada às disciplinas de desenho de projeto, instalações prediais e projetos de estrutura de concreto armado do curso de Engenharia Civil. Este caderno de estudos tem como objetivos: ➢ Orientação para elaboração de um projeto de edificações de um edifício multifamiliar de alto padrão; ➢ Elaboração de projeto de escadas; ➢ Elaboração de projetos de garagem de edificações; ➢ Orientação básica para elaboração de projetos de telhado; ➢ Introdução à história e teoria do urbanismo; ➢ Estudo do Estatuto da Cidade e Plano Diretor. Sumário AULA 1 - APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 1 FUNDAMENTOS DA ARQUITETURA E URBANISMO ...................................... 16 1.1 Temas abordados na disciplina de FAU ................................................... 16 AULA 2 - INTRODUÇÃO A HISTORIA E TEORIA DO URBANISMO 2 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E TEORIA DO URBANISMO ............................... 22 2.1 Urbanismo no Brasil .................................................................................... 24 AULA 3 - ESTATUTO DAS CIDADES 3 ESTATUTO DA CIDADE – COMO SURGIU? ................................................... 31 3.1 Da usucapião especial de imóvel urbano ............................................... 33 3.2 Do direito de superfície .............................................................................. 34 3.3 Do direito de preempção .......................................................................... 34 3.4 Outorga onerosa do direito de construir .................................................. 35 3.5 Transferência do direito de construir ........................................................ 36 3.6 Estudo de impacto de vizinhança ............................................................ 37 AULA 4 - PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO 4 PLANO DIRETOR ........................................................................................... 43 4.1 Plano Diretor Participativo de Itaperuna .................................................. 45 4.1.1 Dos parâmetros urbanísticos ..................................................................... 53 4.2 Coeficiente de aproveitamento do terreno – CAT. ................................. 54 4.3 Taxa de ocupação ..................................................................................... 55 4.4 Quadro de áreas ........................................................................................ 56 AULA 5 - CÓDIGO DE OBRAS 5 O PLANO DIRETOR E SUA FUNÇÃO ............................................................. 63 AULA 6 - ETAPAS DE PROJETO E PROGRAMA ARQUITETÔNICO 6 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 73 6.1 Planta de situação ...................................................................................... 73 6.2 Planta de locação ...................................................................................... 74 6.3 Planta baixa da edificação ....................................................................... 75 6.4 Corte ............................................................................................................ 75 6.5 Fachada ...................................................................................................... 76 6.6 Detalhes ou ampliações ............................................................................ 76 6.7 Escala ..........................................................................................................77 6.8 Programa de necessidades ....................................................................... 77 6.9 Memorial justificativo ................................................................................. 78 6.10 Discriminação técnica ............................................................................... 78 6.11 Especificação ............................................................................................. 78 6.12 Lista de materiais ........................................................................................ 78 6.13 Orçamento .................................................................................................. 78 6.13.1 Estudo preliminar ........................................................................................ 79 6.13.2 Anteprojeto ................................................................................................. 80 6.13.3 *Projeto Legal .............................................................................................. 81 6.13.4 Projeto executivo ........................................................................................ 81 6.13.5 Projeto como construído (As build) ........................................................... 82 AULA 7 - PROCESSO E MÉTODOS DE PROJETO / PROJETO ARQUITETÔNICO 7 ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES VERTICALIZADAS DE ALTO PADRÃO..................................................................................................................... 89 7.1 Informações necessárias para o desenvolvimento de projeto ............. 90 7.2 A cargo do projetista ................................................................................. 90 7.3 Objetivos do projeto de edificações ........................................................ 91 7.3.1 Edificação – ambientes exteriores ............................................................ 92 7.3.2 Edificação – ambiente interiores .............................................................. 92 7.3.3 Coberturas .................................................................................................. 92 7.3.4 Vedação (paredes, esquadrias e elementos de proteção).................. 92 7.3.5 Equipamentos para comunicação visual (ambientes exteriores e interiores) ................................................................................................................... 92 7.3.6 Jardins e parques ....................................................................................... 93 AULA 8 - RESUMO DAS NORMAS TÉCNICAS 8 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 100 8.1 NBR 6492/1994 – Representação de projetos de arquitetura ............... 101 8.2 Representação norte ................................................................................ 103 8.3 Indicação Dos Acessos ............................................................................ 103 8.4 Indicação sentido escadas e rampas .................................................... 103 8.5 Indicação inclinação de telhados e pisos ............................................. 104 8.6 Cotas .......................................................................................................... 104 8.7 Indicação e marcação de cortes .......................................................... 105 8.8 Indicação de fachadas e elevações ..................................................... 106 8.9 Designação de portas e esquadrias ....................................................... 106 8.10 Representação dos materiais usados .................................................... 106 8.11 NBR 8196/1999 - Desenho técnico – emprego de escalas ................... 107 8.12 NBR 8402/1994 - Execução de caractere para escrita em desenho técnico ...................................................................................................... 108 8.13 NBR 8403/1984 - Aplicação de linhas em desenho, tipos de linhas e larguras das linhas .................................................................................... 109 8.14 NBR 10068/1987 - Folha de desenho, leiaute e dimensões .................. 111 8.15 NBR 10126/1987 - Cotagem em desenho técnico ................................ 112 8.16 NBR 10582/1988 - Apresentação da folha para desenho técnico ...... 119 8.17 Espaço para o texto ................................................................................. 120 8.18 Legenda .................................................................................................... 121 8.19 NBR 10647/1989 – desenho técnico ........................................................ 121 8.20 Quanto ao aspecto geométrico ............................................................. 121 8.20.1 Desenho projetivo .................................................................................... 121 8.20.2 Desenho não projetivo ............................................................................. 122 8.20.3 Diagrama .................................................................................................. 122 8.20.4 Esquema .................................................................................................... 122 8.20.5 Ábaco ou nomograma ........................................................................... 122 8.20.6 Fluxograma ............................................................................................... 122 8.20.7 Organograma ........................................................................................... 123 8.20.8 Gráfico ....................................................................................................... 123 8.21 Quanto ao grau de elaboração ............................................................. 123 8.21.1 Esboço ....................................................................................................... 123 8.21.2 Desenho preliminar ................................................................................... 123 8.21.3 Croqui ........................................................................................................ 123 8.21.4 Desenho definitivo .................................................................................... 123 8.22 Quanto ao grau de pormenorização ..................................................... 124 8.22.1 Desenho de componente ....................................................................... 124 8.22.2 Desenho de conjunto .............................................................................. 124 8.22.3 Detalhe ...................................................................................................... 124 8.23 Quanto ao material empregado............................................................. 124 8.24 Quanto à técnica de execução ............................................................. 124 8.25 Quanto ao modo de obtenção ............................................................... 124 8.25.1 Original ...................................................................................................... 124 8.25.2 Reprodução .............................................................................................. 124 8.26 NBR 13142/1999 - Dobramento de cópia ............................................... 125 8.27 NBR 12298/1995 – Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico ............................................................... 127 AULA 9 - DESEMPENHO AMBIENTAL NAS EDIFICAÇÕES 9 DESEMPENHO AMBIENTAL NAS EDIFICAÇÔES ......................................... 132 9.1 Mecanismos de termo-regulação .......................................................... 133 9.1.1 Reação ao calor ...................................................................................... 133 9.1.2 Reação aofrio .......................................................................................... 133 9.1.3 A pele ........................................................................................................ 133 9.1.4 Troca térmica entre corpo e ambiente ................................................. 133 9.1.5 A temperatura do ar ................................................................................ 134 9.1.6 Velocidade do ar ..................................................................................... 135 9.1.7 Umidade relativa do ar ............................................................................ 135 9.2 Variáveis do clima .................................................................................... 135 9.2.1 Radiação solar .......................................................................................... 135 9.2.2 Temperatura ............................................................................................. 136 9.2.3 Umidade .................................................................................................... 136 9.2.4 Vento ......................................................................................................... 136 9.3 Estratégias bioclimáticas ......................................................................... 138 9.3.1 Ventilação ................................................................................................. 138 9.3.2 Resfriamento evaporativo ....................................................................... 139 9.3.3 Inércia térmica para resfriamento .......................................................... 140 9.3.4 Resfriamento artificial ............................................................................... 141 9.3.5 Umidificação ............................................................................................. 141 9.3.6 Inércia térmica e aquecimento solar ..................................................... 141 9.3.7 Aquecimento solar passivo...................................................................... 142 9.3.8 Aquecimento artificial .............................................................................. 143 AULA 10 - GARAGENS: NORMAS E FUNCIONAMENTO 10 GARAGENS ................................................................................................ 149 10.1 Identificando os parâmetros ................................................................... 150 10.2 Dimensionando a vaga ........................................................................... 151 10.3 Disposição de vagas e faixas de acesso e manobra ........................... 152 10.3.1 Vagas de garagem com acessibilidade ............................................... 155 AULA 11 - CIRCULAÇÕES VERTICAIS 11 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 163 11.1 Escadas ..................................................................................................... 163 11.2 Dimensionamento de escadas ............................................................... 164 11.3 Cálculo de uma escada segundo Blondell ........................................... 166 11.4 Recomendações nos projetos de escadas ........................................... 168 11.5 Rampas ...................................................................................................... 170 11.5.1 Patamares em rampas ............................................................................ 173 11.5.2 Calculando uma rampa .......................................................................... 174 11.5.3 Elevadores ................................................................................................. 175 11.5.4 Paradas prováveis .................................................................................... 179 AULA 12 - A HUMANIZAÇÃO NO PROJETO DE HABITAÇÃO COLETIVA 12 HUMANIZAÇÃO EM ARQUITETURA ........................................................... 186 12.1 Estar ............................................................................................................ 189 12.2 Jantar ......................................................................................................... 191 12.3 Cozinha ..................................................................................................... 193 12.4 Banheiro .................................................................................................... 195 12.5 Quarto ........................................................................................................ 196 AULA 13 - COBERTURAS E TELHADOS 13 COBERTURAS E TELHADOS ......................................................................... 203 13.1 Tipos de Telhados ..................................................................................... 204 13.1.1 Uma água (meia água) ........................................................................... 204 13.2 Duas águas ............................................................................................... 204 13.3 Três águas ................................................................................................. 205 13.4 Quatro águas ............................................................................................ 206 13.5 Múltiplas águas ......................................................................................... 206 13.5.1 Inclinação do telhado ............................................................................. 206 13.6 Elementos construtivos das coberturas .................................................. 208 13.7 Tipos de telha ............................................................................................ 209 13.8 Chapas e painéis ...................................................................................... 213 13.9 Membranas ............................................................................................... 217 13.10 Elementos de captação de águas ......................................................... 218 AULA 14 - COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS 14 COMPATIBILIZAR É PRECISO ..................................................................... 226 14.1 Formas de compatibilização de projetos .............................................. 227 14.2 Planta de subsolo ..................................................................................... 230 14.3 Quando compatibilizar? .......................................................................... 231 14.4 Passo a passo para compatibilização de projetos ............................... 233 AULA 15 - INTEGRAÇÃO ENTRE O PROJETO ESTRUTURAL E ARQUITETURA 15 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 240 15.1 O projeto de edificações ......................................................................... 240 15.2 O projeto de estrutura .............................................................................. 240 15.3 A integração entre os projetos de arquitetura e estrutura ................... 241 15.4 Lançamento dos elementos estruturais .................................................. 242 15.5 Cálculo da estrutura ................................................................................. 244 AULA 16 - INTEGRAÇÃO ENTRE O PROJETO DE EDIFICAÇÕES E O PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS 16 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 250 16.1 O projeto de instalações prediais hidrossanitárias................................ 250 16.2 Compatibilização do projeto de instalações prediais hidrossanitária 251 16.3 Erros em construções por falta de compatibilização do projeto de instalações prediais hidrossanitária ........................................................253 16.3.1 Hidráulicos ................................................................................................. 253 16.3.2 Sanitários ................................................................................................... 254 Iconografia Apresentação da disciplina Aula 1 APRESENTAÇÃO DA AULA Nesta aula faremos a apresentação da disciplina a você prezado (a) aluno (a). OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: ➢ Assimilar os conceitos iniciais da disciplina. P á g i n a | 16 1 FUNDAMENTOS DA ARQUITETURA E URBANISMO A disciplina de Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo (FAU), é apresentada neste período para que você aluno (a) de engenharia civil obtenha conhecimentos para a elaboração de um bom projeto de edificações e que atenda não somente às legislações e normas pertinentes ao assunto, mas também ao gosto e conforto do usuário que é aquele que irá usufruir da edificação. Infelizmente, observamos em nossa volta, por falta de projeto ou atenção do profissional de arquitetura e engenharia civil na hora da elaboração, erros que culminam a não aprovação do projeto em órgãos governamentais como também nas interfaces entre o projeto de edificações e os projetos complementares (estrutural, instalações elétricas, instalações hidro sanitárias, outros) gerando desconforto ao usuário na hora de construir. Nesta disciplina iremos abordar assuntos que irão nortear nosso pensamento em projeto além de aulas práticas de desenvolvimento de desenhos, evitando assim possíveis erros entre a compatibilização entre os elementos projetados e de construção. 1.1 Temas abordados na disciplina de FAU Para melhor entendimento da disciplina abordaremos os seguintes temas em nossas aulas: • introdução à história do urbanismo; • estatuto da cidade; • plano diretor participativo; • código de obras; • etapas de um projeto e o programa arquitetônico; • o projeto arquitetônico; • normas técnicas para elaboração de projeto de engenharia civil; • desemprenho ambiental nas edificações; • garagens; • circulações verticais; • humanizações em projetos arquitetônicos; • coberturas e telhados; P á g i n a | 17 • compatibilização de projetos; • elaboração de projeto arquitetônico de um edifício multifamiliar de alto padrão; • integração entre os projetos estrutural e arquitetônico; • integração dos projetos de instalações prediais hidrossanitárias e o projeto arquitetônico; • integração do projeto de instalações prediais elétricas e o projeto arquitetônico; • elaboração do projeto de escadas; • elaboração de projeto de garagem; • elaboração do projeto de cobertura (telhado) • acessibilidade; • interfaces na execução de obra devido a erro de projeto. Resumo Nesta aula vimos: ✓ Apresentação da disciplina. Complementar Como material complementar para nossa disciplina, indico os referidos vídeos Estatuto da Cidade https://www.youtube.com/watch?v=VBkpMX36Des. Coletivo A Cidade que Queremos - Plano Diretor de Porto Alegre https://www.youtube.com/watch?v=iY8YTMHX1QY. Estatuto da Cidade: Antecedentes e Perspectivas https://www.youtube.com/watch?v=ilUVuhDJ8Xs. https://www.youtube.com/watch?v=VBkpMX36Des https://www.youtube.com/watch?v=iY8YTMHX1QY https://www.youtube.com/watch?v=ilUVuhDJ8Xs Referências Básica: BENÉVOLO, L. História da cidade. 4. ed. São Paulo, Perspectiva,2007. BOTELHO, M. H. C.; GIANNONI, A.; BOTELHO, V.C. Manual de projeto de edificações. São Paulo. Editora Pini, 2008. CARVALHO, C. S. O estatuto da cidade: comentado. São Paulo. Aliança das Cidades, 2010. Costa, E. C. Arquitetura ecológica, condicionamento térmico natural. São Paulo. Editora Edgard Blucher, 1982. LENGEN, J. V. Manual do arquiteto descalço. 1. ed. São Paulo. Editora Empório do Livro, 2008. MONTENEGRO, G. A. Desenho de Projetos. São Paulo. Edgard Blucher. 2001. ZEVI, B. Saber ver arquitetura. São Paulo. Editora Martins Fontes, 2000. Complementar: BASSUL, José Roberto. Estatuto da cidade: antecedentes e perspectivas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ilUVuhDJ8Xs. Acesso em: 10 jan. 2018. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Estatuto da cidade. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VBkpMX36Des. Acesso em: 02 jan. 2018. NOVA FRIBURGO. REVISÃO PLANO DIRETOR NOVA FRIBURGO. . Vídeo Concidades – “Plano Diretor 10 anos”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fTQnbhgPwIA. Acesso em: 10 jan. 2018. Introdução à história e teoria do urbanismo Aula 2 APRESENTAÇÃO DA AULA Nesta aula faremos uma abordagem sobre a história e teoria do urbanismo. O objetivo desta aula a apresentar para você aluno (a) questões introdutórias do entendimento dos centros urbanos, pois como profissionais de engenharia civil, contribuiremos, e muito, para o desenvolvimento das cidades. É dentro deste contexto de cidade que iremos implementar obras como edificações, centros urbanos e praças, obras de infraestrutura, entre outras necessárias ao crescimento organizado dos municípios. OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: ➢ Entender as diretrizes do desenvolvimento urbano de uma cidade; ➢ Entender a necessidade do conhecimento do processo de desenvolvimento urbano para elaboração de projetos E implementação de obras em geral; P á g i n a | 22 2 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E TEORIA DO URBANISMO Entende-se por urbanismo a técnica de organizar as cidades obtendo melhores condições de vida aos centros urbanos trazendo benefícios a toda sociedade1(PINHAL, 2009). O urbanismo nasce com a necessidade de organizar as cidades tendo em vista o crescimento da população que deixa a área rural e migra para a cidade, trazendo consigo grandes conflitos e problemas como insalubridade, problemas de habitação e de mobilidade na época da revolução industrial. Numa perspectiva simplista, o urbanismo corresponde à ação de projetar e ordenar as cidades. No entanto, sob um ponto de vista mais amplo, o urbanismo pode ser entendido tanto como um conjunto de práticas ou de ideias, quanto como uma forma ideológica que visa reproduzir as condições gerais do modo de produção capitalista. (PINHAL, 2009, s.p). Estados Unidos e Europa passaram por uma grande transformação no urbanismo no Século XIX, quando aconteceram grandes transformações sociais e territoriais devido à migração da população rural para urbana devido ao processo de industrialização. Esse crescimento populacional desencadeou em um descontrole no crescimento populacional das cidades. Neste período a população da Europa passou de 180 milhões de pessoas para 460 milhões, vindo com este crescimento diversos problemas de saneamento, doenças, miséria, etc. O Urbanismo então, é a faculdade que procura conhecer e dar soluções a estes problemas urbanos. As cidades, principalmente aquelas com crescimento industrial, neste período, foram caracterizadas pela insalubridade, UMA VEZ QUE POSSUÍAM sistema de abastecimento de água precário, esgotamento sanitário sem tratamento e além de não possuírem coleta de lixo. Surgem também epidemias sem controle prejudicando a população. O Brasil passou por esta situação mais intensamente no Século XX devido ao desenvolvimento tecnológico, bem como industrialização, fim da escravidão, necessidade de mão de obra nas indústrias. Este crescimento desordenado impactou 1 Pinhal, P. O que é o urbanismo? 2009. Disponível em: http://www.colegiodearquitetos.com.br/dicionario/2009/02/o-que-e-urbanismo/.Acesso em 05 dez. 2018. P á g i n a | 23 diretamente nas questões urbanísticas das cidades. Daí surgem os projetos e planos de desenvolvimento de técnicas para resolver problemas como saneamento, circulação, organização dos espaços públicos e a criação de legislação urbanística. Havendo aumento populacional nas cidades, outras demandas surgem, consequentemente, ocorre a necessidade de transporte, moradia, bens de consumo como água, energia elétrica. Com o intuito de controlar graves problemas de saúde pública, começaram a ser editadas legislações e códigos sanitários que garantiriam condições de salubridade, abastecimento de água e sua potabilidade, canalização de esgoto sanitário, drenagens urbanas com riscos de inundações, abertura de vias e vielas sanitárias. As leis sanitárias serviram de base para evolução da legislação urbanística. Com estas leis, foram padronizadas as densidades, os critérios de implantação de loteamentos, distância entre as construções, gabaritos (altura da edificação). Foram criadas também as leis de zoneamento, uso e ocupação do solo urbano, código de obras, planos diretores, todas com origem da preocupação sanitarista com intuito de criar um ambiente saudável e adequado. Embora a legislação tenha sido elaborada para melhorar e organizar o crescimento urbano, observa-se nos dias atuais que o ritmo de crescimento populacional das cidades tem sido superior ao controle das autoridades públicas municipais, estaduais e federais. Observa-se esta questão devido às grandes obras promovidas pelos órgãos públicos criando novas estruturas para atender a população que ainda vive na miséria, bem como a ocupação desordenada que gera a formação de bairros com condições precárias de saneamento. Muitos também migram de uma cidade para outra, e por não terem aonde morar, são forçadas a se assentarem em locais afastados, abandonados, invadindo propriedades alheias ou zonas urbanas inadequadas. As famosas favelas brasileiras são exemplos deste crescimento urbano descontrolado e sem planejamento. Há uma necessidade urgente de se criar novas formas de se pensar o planejamento urbano para que este se adeque as reais necessidades de cada cidade, proporcionando ambientes ideais para a construção de habitações dignas para a sociedade. Há também de se educar a população, para que possam compreender seus direitos e executarem seus deveres em prol da sociedade oportunizando o entendimento de suas obrigações como cidadãos, contribuindo assim para melhorias das cidades. P á g i n a | 24 2.1 Urbanismo no Brasil O processo de urbanização, no caso das cidades brasileiras, aconteceu devido à rápida inversão demográfica entre o campo e a cidade gerando um meio urbano desordenado e subestruturado. É fato que não houve no momento do pico crescimento e desenvolvimento urbano uma discussão de um modelo a ser seguido. Diante do crescimento das cidades o poder público cedeu sua função de planejamento para a ocupação desordenada e para setores da sociedade que viam na especulação imobiliária uma fonte de lucros. Historicamente, observa-se que o Brasil, através dos seus governantes, só deu importância ao planejamento urbano a partir da década de 80, quando a população e setores importantes da sociedade passaram a pressionar as autoridades governamentais que consolidaram a função social na Constituição Federal de 1988. Em meados dos anos 2001, quando surge o estatuto das Cidades e a criação do ministério das cidades em 2003, solidificam-se os meios legais de intervenção pública no planejamento urbano. Com a criação do Estatuto das Cidades e o respectivo Plano Diretor, a discussão do modelo de urbanização a ser seguido, por exemplo, cidade compacta x cidade espraiada, se intensificou, atraindo a participação de vários segmentos sociais, surgindo, portanto, um caminho para discutir e planejar o desenvolvimento sustentável das cidades, uma vez que parte das cidades brasileiras já estavam inchadas e com graves problemas urbanos, muitos deles oriundos de um processo de verticalização desenfreado. Vale ressaltar que este processo de verticalização, diz respeito aos edifícios em geral, tanto os de apartamentos como os comerciais e outros. A prática cada vez maior deste tipo de construção, trouxe novos problemas para as cidades, em geral, sem infraestrutura necessária para esta compactação. Com um maior adensamento de massa populacional por metro quadrado, problemas de saneamento, trânsito, mobilidade, falta de áreas verdes, entre outros, se tornaram comuns nas cidades brasileiras. Imagine o quadro, onde antes vivia uma família com cerca de cinco pessoas (um terreno com 15 x 30 m por exemplo), agora vivem dez vezes mais famílias ou mais, a falta de planejamento para esta nova modalidade de adensamento trouxe junto uma série de problemas urbanos não esperados. P á g i n a | 25 No Brasil, um dos mais importantes meios de promoção da política nacional de desenvolvimento urbano é o Ministério das Cidades, que tem como objetivo combater as desigualdades sociais, transformando as cidades em espaços mais humanizados, ampliando o acesso da população à moradia, ao saneamento e ao transporte. No entanto, a existência desse ministério não retira do estados e municípios a competência sobre a política urbana, estando inclusos nesta esfera a habitação, energia elétrica, transportes aéreos, aquaviário, ferroviário e rodoviário trânsito, telefonia e saneamento básico. Passando por etapas que reproduziram as necessidades e tendências de sua época, o planejamento urbano no Brasil viveu a fase dos “planos de embelezamento”, influenciados pelas tradições europeias e geralmente limitados a áreas especificas; os “planos de conjunto”, que passaram a incluir toda a cidade e tinham as vias não pensadas apenas em termos de embelezamento, mas também em termos de transporte; os “planos de desenvolvimento integrado” marcados pela complexidade, rebuscamento técnico e sofisticação intelectual, distanciando as propostas contidas no plano de sua execução; e os “planos sem mapas” que, contrapondo o momento anterior, passaram a elaborar planos sem os diagnósticos técnicos extensos e, até mesmo, sem os mapas técnicos das propostas. Atualmente, o urbanismo no Brasil é marcado por uma enorme diversidade de situações e dinâmicas. A cada dia é maior o número de jovens migrando para os grandes centros. Nas áreas ligadas ao agronegócio, polos industriais, turismo e logística, surgem novas cidades ou as antigas crescem, criando favelas, periferias e loteamentos irregulares. No lado oposto, persiste o esvaziamento demográfico de zonas rurais e pequenas cidades, que se tornam lugar de pobreza e precariedade urbanística. Resumo Nesta aula vimos: ➢ As diretrizes do desenvolvimento urbano de uma cidade; ➢ A necessidade do conhecimento do processo de desenvolvimento urbano para elaboração de projetos E implementação de obras em geral; ➢ O urbanismo no Brasil. Complementar Trabalho de THAU - Documentário https://www.youtube.com/watch?v=k7-wJx4oaBE. Caos Planejado: entendendo o urbanismo das cidades brasileiras (1/4) https://www.youtube.com/watch?v=LsRE10uPew0. [1/1] URBANISMO: Os condomínios horizontais e as cidades https://www.youtube.com/watch?v=HPHhm0T30Cg. [2/3] URBANISMO: Os condomínios horizontais e as cidades https://www.youtube.com/watch?v=ueKKcmAFws8. [3/3] URBANISMO: Os condomínios horizontais e as cidades https://www.youtube.com/watch?v=PWO9m-px_2E. Urbanismo e planejamento urbano no Brasil – 1875 a 1992 http://urbanidades.arq.br/2008/11/urbanismo-e-planejamento-urbano-no-brasil- 1875-a-1992/. https://www.youtube.com/watch?v=k7-wJx4oaBE https://www.youtube.com/watch?v=LsRE10uPew0https://www.youtube.com/watch?v=HPHhm0T30Cg https://www.youtube.com/watch?v=ueKKcmAFws8 https://www.youtube.com/watch?v=PWO9m-px_2E http://urbanidades.arq.br/2008/11/urbanismo-e-planejamento-urbano-no-brasil-1875-a-1992/ http://urbanidades.arq.br/2008/11/urbanismo-e-planejamento-urbano-no-brasil-1875-a-1992/ Referências Básica: BENÉVOLO, L. História da cidade. 4. ed. São Paulo, Perspectiva,2007. BOTELHO, M. H. C.; GIANNONI, A.; BOTELHO, V.C. Manual de projeto de edificações. São Paulo. Editora Pini, 2008. CARVALHO, C. S. O estatuto da cidade: comentado. São Paulo. Aliança das Cidades, 2010. Costa, E. C. Arquitetura ecológica, condicionamento térmico natural. São Paulo. Editora Edgard Blucher, 1982. LENGEN, J. V. Manual do arquiteto descalço. 1. ed. São Paulo. Editora Empório do Livro, 2008. MONTENEGRO, G. A. Desenho de projetos. São Paulo. Edgard Blucher. 2001. ZEVI, B. Saber ver arquitetura. Editora Martins Fontes, 2000. Complementar: 81, Canal Cine. [1/1] URBANISMO: Os condomínios horizontais e as cidades. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HPHhm0T30Cg. Acesso em: 05 jan. 2018. 81, Canal Cine. [2/3] URBANISMO: Os condomínios horizontais e as cidades. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ueKKcmAFws8. Acesso em: 05 jan. 2018. 81, Canal Cine. [3/3] URBANISMO: Os condomínios horizontais e as cidades. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PWO9m-px_2E. Acesso em: 06 jan. 2018. PLANEJADO, Caos. Caos Planejado: entendendo o urbanismo das cidades brasileiras (1/4). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LsRE10uPew0. Acesso em: 01 jan. 2018. SABOYA, Renato T. de. Urbanismo e planejamento urbano no Brasil: 1875 a 1992. Disponível em: http://urbanidades.arq.br/2008/11/urbanismo-e-planejamento-urbano-no- brasil-1875-a-1992/. Acesso em: 07 jan. 2018. VHSKATETRASH, Canal. Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo I: Documentário. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=k7-wJx4oaBE. Acesso em: 01 jan. 2018. AULA 2 Exercícios 1) O que se entende por urbanismo? Qual o seu objetivo? 2) Na sua opinião, basta apenas criar leis para ajustar o crescimento populacional e educar a sociedade ao urbanismo? Justifique? 3) Faça uma pesquisa das leis urbanísticas de sua cidade e comente sobre a sua eficácia e aplicação desta legislação. Estatuto das cidades Aula 3 APRESENTAÇÃO DA AULA Nesta aula estudaremos os conceitos legais do estatuto da Cidade que foi promulgado pela Lei Federal 10.257/2001 com o objetivo de organizar o crescimento ordenado das cidades regulamentando a política urbana da constituição Federal detalhando e esclarecendo seus artigos 182 e 183. O objetivo desta lei é garantir o direito à cidade como um dos direitos fundamentais da pessoa humana, para que todos tenham acesso às oportunidades que a vida urbana oferece. Um dos pontos importantes do estatuto da cidade é estabelecer as diretrizes para a elaboração do plano diretor, bem como determinar quais cidades são obrigadas a ter este plano, que neste caso, entre outros critérios está a obrigatoriedade para cidades com população acima de 20.000 habitantes. OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: ➢ Entender as diretrizes da Lei 10.257/2001; ➢ Entender e interpretar as informações do plano diretor para elaboração de projetos que atendam todos os parâmetros urbanísticos da cidade. ➢ Aplicar as diretrizes do estatuto da cidade e plano diretor nos projetos de engenharia civil. P á g i n a | 31 3 ESTATUTO DA CIDADE – COMO SURGIU? O Estatuto da Cidade foi elaborado levando em conta a mudança, do campo para as áreas urbanas, de 80 milhões de pessoas entre as décadas de 40 e 80. Os movimentos sociais encontram, no Estatuto, variados mecanismos para o enfrentamento dos problemas urbanos. As cidades, marcadas por uma profunda desigualdade, fruto do crescimento desordenado, abrigam, simultaneamente, áreas planejadas, dotadas de infraestrutura de serviços que permitem um padrão de vida adequado às necessidades do mundo moderno e áreas precárias, desenvolvidas fora do traçado original e desprovidas de condições para o atendimento das necessidades básicas de seus moradores. Esse fenômeno vem provocando o agravamento do quadro de exclusão social, tornando mais evidentes a marginalização e a violência urbana, e tem sido motivo de grande apreensão. Históricas reivindicações populares quanto ao direto de todos os cidadãos à cidade se apresentaram com força ao longo da Constituição Federal de 1988, assumindo destacado papel. A inclusão dos artigos 182 e 183, compondo o capítulo sobre política urbana, foi uma vitória da ativa participação de entidades civis e de movimentos sociais em defesa de oportunidades de vida digna para todos. O Estatuto surgiu como projeto de lei em 1989, proposto pelo então senador Pompeu de Souza (1944-1991). Entretanto, a transformação do projeto em lei deu-se apenas em 2001, mais de 12 anos depois, com aprovação do substitutivo de autoria do então deputado federal Inácio Arruda. Sancionado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, tornou-se lei nº 10257, de 10 de julho de 2001. A questão da função social da propriedade é umas das questões fundamentais trazidas pelo Estatuto e também das mais polêmicas. Segundo ele cabe ao município a promoção e controle do desenvolvimento urbano de acordo com a legislação urbanística e a fixação das condições e prazos para o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios da propriedade (ou do solo) “...não edificado, subutilizado ou não utilizado...”. No primeiro capítulo o Estatuto traz as diretrizes gerais para a execução da política urbana, que segundo ele, tem como objetivo “(...) ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana (...)”. Dentre P á g i n a | 32 as diretrizes gerais para a execução da política urbana pode se destacar a gestão democrática, cooperação entre governos, planejamento das cidades e a garantia do direito a cidades sustentáveis. Em seguida o Estatuto traz os instrumentos da política urbana como, por exemplo, o plano diretor, lei de parcelamento, do uso e da ocupação do solo, zoneamento ambiental, plano plurianual, gestão orçamentária participativa, diretrizes orçamentárias e orçamento anual, etc. A lei se utiliza de instrumentos os quais é necessário conhecer: a) Planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; b) Planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões; c) Planejamento municipal, em especial: Plano diretor Parcelamento, do uso e da ocupação do solo; Zoneamento ambiental; Planos, programas e projetos setoriais. d) Institutos tributários e financeiros: Imposto sobre propriedade predial e territorial urbano – IPTU; e) Institutos jurídicos e políticos: Desapropriação; Servidão administrativas; Tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano; Usucapião especial de imóvel urbano; Direito de superfície; Direito de preempção; Outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso; Operações urbanas consorciadas; Regularização fundiária; Legitimação de posse. Estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) (BRASIL, 2001, s.p).2 A Lei, menciona a competência da União, Estados e Municípios quanto ao seu atendimento: 1) Compete à União, entre outras atribuições de interesse da política urbana: a) Legislar sobre normas gerais de direito urbanístico; b) Legislar sobre normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios em relação à política urbana, tendo em vista o equilíbriodo desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional; 2 BRASIL. Estatuto da Cidade: Lei 10.257/2001 que estabelece diretrizes gerais da política urbana. Brasília, Câmara dos Deputados, 2001, 1a Edição. P á g i n a | 33 c) Promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, programas de construção de moradias e melhoria das condições habitacionais, de saneamento básico, das calçadas, dos passeios públicos, do mobiliário urbano e dos demais espações de uso público. d) Elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social (BRASIL, 2001, s.p).3 Ainda destaca diretrizes para o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios. No artigo 5º da mesma Lei, fica acordado que a legislação municipal específica para área incluída no plano diretor poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsória do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixar condições e os prazos para implementação da referida obrigação. Considera-se subutilizado o imóvel: 1) Cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em legislação dele decorrente; 2) O proprietário será notificado pelo poder executivo municipal para o cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser averbada no cartório de registro de imóveis (BRASIL, 2001, s.p).4 3.1 Da usucapião especial de imóvel urbano Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. O título de domínio será conferido ao homem ou a mulher, ou ambos, independentemente do estado civil. O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. A lei diz ainda, que o herdeiro legítimo continua, de pleno direito a posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão. 3 4 BRASIL. Estatuto da Cidade: Lei 10.257/2001 que estabelece diretrizes gerais da política urbana. 1. Ed. Brasília: Câmara dos Deputados, 2001. P á g i n a | 34 3.2 Do direito de superfície O proprietário urbano poderá conceder a outrem o direito de superfície do seu terreno, por tempo determinado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis. O direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma estabelecida no contrato respectivo, atendida a legislação urbanística. A concessão do direito de superfície poderá ser gratuita ou onerosa. O superficiário responderá integralmente pelos encargos e tributos que incidirem sobre a propriedade superficiária, arcando, ainda, proporcionalmente à sua parcela de ocupação efetiva, com os encargos e tributos sobre a área objeto da concessão do direito de superfície, salvo disposição em contrário do contrato respectivo. O direito de superfície pode ser transferido a terceiros, obedecidos os termos do contrato respectivo. Por morte do superficiário, os seus direitos transmitem-se a seus herdeiros. Em caso de alienação do terreno, ou do direito de superfície, o superficiário e o proprietário, respectivamente, terão direito de preferência, em igualdade de condições à oferta de terceiros. Extingue-se o direito de superfície: I – pelo advento do termo; II – pelo descumprimento das obrigações contratuais assumidas pelo superficiário. Extinto o direito de superfície, o proprietário recuperará o pleno domínio do terreno, bem como das acessões e benfeitorias introduzidas no imóvel, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário no respectivo contrato. Antes do termo final do contrato, extinguir-se-á o direito de superfície se o superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para a qual for concedida. A extinção do direito de superfície será averbada no cartório de registro de imóveis. 3.3 Do direito de preempção O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares. P á g i n a | 35 Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as áreas em que incidirá o direito de preempção e fixará prazo de vigência, não superior a cinco anos, renovável a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência. O direito de preempção fica assegurado durante o prazo de vigência fixado na forma do § 1o, independentemente do número de alienações referentes ao mesmo imóvel. O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público necessitar de áreas para: I – regularização fundiária; II – execução de programas e projetos habitacionais de interesse social; III – constituição de reserva fundiária; IV – ordenamento e direcionamento da expansão urbana; V – implantação de equipamentos urbanos e comunitários; VI – criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes; VII – criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse ambiental; VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico (BRASIL, 2001, s.p). 3.4 Outorga onerosa do direito de construir A outorga onerosa do direito de construir consiste na possibilidade de o Município estabelecer relação entre a área edificável e a área do terreno, a partir da qual a autorização para construir passaria a ser concedida de forma onerosa. Por exemplo: a relação 1 possibilita construir 1 vez a área do terreno, a relação 2, permite construir 2 vezes a área do terreno, e assim por diante. Sendo assim, o proprietário poderá construir para além da relação estabelecida, porém, pagando ao poder público este direito concedido, com valor proporcional ao custo do terreno. O Plano Diretor deverá fixar áreas nas quais o direito de construir e de alteração de uso poderá ser exercido, estabelecendo relação possível entre a área edificável e a do terreno. Poderá, também, fixar um coeficiente de aproveitamento básico, único para toda a zona urbana, ou nos casos necessários, adotar coeficiente diferenciado para áreas especificas. O Plano Diretor definirá, ainda, os limites máximos de construção a serem atingidos, considerando a infraestrutura existente e o potencial de densidade a ser alcançado em cada área. As condições a serem observadas para a outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso deverão constar em lei municipal P á g i n a | 36 específica, onde serão estabelecidos: a fórmula de cálculo para a cobrança; os casos passíveis de isenção do pagamento da outorga; e a contrapartida do beneficiário. Os recursos provenientes da adoção da outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso deverão ser aplicados na construção de unidades habitacionais, regularização e reserva fundiárias, implantação de equipamentos comunitários, criação e proteção de áreas verdes ou de interesse histórico, cultural ou paisagístico. A utilização deste instrumento possibilita um maior controle das densidades urbanas; permite a geração de recursos para investimentos em áreas pobres; e promove a desaceleração da especulação imobiliária. Cabe registrar, contudo, que a sua adoção exige, do poder público, controles muito ágeis e complexos. 3.5 Transferência do direito de construir Este instrumento compreende a faculdade conferida, por lei municipal, ao proprietário de imóvel, de exercer em outro local o direito de construir previsto nas normas urbanística e ainda não exercido. Trata-se de um instrumento que já está sendo usado por algunsmunicípios, trazendo flexibilidade na aplicação da legislação urbanística e na gestão urbana, tendo inúmeras aplicações, como, por exemplo, a preservação de imóveis de interesse histórico, proteção ambiental ou operações urbanas. O direito de transferência previsto no Plano Diretor, ou em legislação urbanística dele decorrente, só poderá ser aplicado quando o referido imóvel for considerado necessário para fins de: a) implantação de equipamentos urbanos e comunitários; b) preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural; c) servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda e habitação de interesse social (BRASIL, 2001, s.p). No Brasil, a origem desse instrumento está vinculada à proteção do ambiente natural e do construído (patrimônio arquitetônico), objetivando o incentivo à sua preservação. Sendo parte de uma política de incentivo à preservação, tal instrumento deve ter sua adoção inserida em um planejamento cuidadoso, com objetivos e metas bem definidos, e custos avaliados em função do interesse público. Cabe lembrar que, nos procedimentos da transferência, o poder público deve considerar a possibilidade de a vizinhança absorver o impacto urbanístico decorrente P á g i n a | 37 e o possível aumento de densidade provocado pelos índices transferidos. Outra exigência se refere à concordância dos proprietários para efetiva negociação e à própria capacidade do poder público para gerenciar o processo. 3.6 Estudo de impacto de vizinhança O Estatuto da Cidade estabelece que lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privadas ou públicas em área urbana, que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento, a cargo do poder público municipal. O EIV será executado de forma a contemplar a análise dos efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade na qualidade de vida da população residente na área e em suas proximidades. O estudo de impacto de vizinhança incluirá, ao analisar os impactos do novo empreendimento, pelo menos: o aumento da população na vizinhança; a capacidade e existência dos equipamentos urbanos e comunitários; o uso e a ocupação do solo no entorno do empreendimento previsto; o tráfego que vai ser gerado e a demanda por transporte público; as condições de ventilação e de iluminação; bem como as consequências, para a paisagem, da inserção deste novo empreendimento no tecido urbano e, também suas implicações no patrimônio cultural e natural. O EIV, além de contemplar as questões acima citadas, deverá considerar a opinião da população diretamente afetada pelo empreendimento e a abrangência destes impactos, que podem vir a se estender para área além dos limites da própria cidade. Registra-se que o Estudo de Impacto de Vizinhança não substitui a elaboração e a aprovação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental — EIA, requerido nos termos da legislação ambiental. Resumo Nesta aula, abordamos: ➢ As diretrizes da Lei 10.257/2001; ➢ As informações do plano diretor para elaboração de projetos que atendam todos os parâmetros urbanísticos da cidade. ➢ As diretrizes do estatuto da cidade e plano diretor nos projetos de engenharia civil. Complementar Estatuto das Cidades - Introdução https://www.youtube.com/watch?v=0tqKYfBn1b0. O estatuto da cidade https://www.youtube.com/watch?v=D40j5D87EjE. Estatuto da cidade - Para compreender http://www.fec.unicamp.br/~labinur/Estatuto_comp.html. Lei 10.257 / 2001 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm. http://www.fec.unicamp.br/~labinur/Estatuto_comp.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm Referências Básica: BRASIL. Estatuto da cidade: Lei 10.257/2001 que estabelece diretrizes gerais da política urbana. Brasília, Câmara dos Deputados, 2001, 1. ed. BRASIL. Lei do plano diretor participativo de Itaperuna – RJ. Lei 403/2007. Itaperuna, Prefeitura Municipal de Itaperuna, 2007. CARVALHO, C. S. O estatuto da cidade: comentado. São Paulo. Aliança das Cidades, 2010. Complementar: BRASIL. Governo do Planalto. Casa Civil (Org.). Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm. Acesso em: 01 jan. 2018. BRASIL. Lei do plano diretor participativo de Itaperuna – RJ. Lei 403/2007. Itaperuna, Prefeitura Municipal de Itaperuna, 2007. CONCURSOS, Canal Voxjus. Lei 10.257/2001: Estatuto da Cidade. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GSZC9UWgcRI. Acesso em: 01 jan. 2018. FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO - UNICAMP. Estatuto da cidade: Para compreender. Disponível em: http://www.fec.unicamp.br/~labinur/Estatuto_comp.html. Acesso em: 08 fev. 2018. PAIXÃO, L. Como calcular taxa de ocupação e índice de aproveitamento. Disponível em: https://www.aarquiteta.com.br/blog/projetos-de-prefeitura/taxa-de-ocupacao/. Acesso em: 02 jan. 2018. PAULO. INSTITUTO FEDERAL DE SÃO PAULO. . Coeficiente (índice) de aproveitamento (C.A.). Disponível em: https://pep.ifsp.edu.br/moodledata/filedir/0d/b9/0db9a4c6aaf1ccc09ab7a49ee7237fb4c08aa1 15. Acesso em: 03 jan. 2018. AULA 3 Exercícios 1) Qual é o objetivo do Estatuto da Cidade regido pela lei Federal 10257/2001? 2) Quais são as orientações da lei quanto à usucapião? 3) O que vem a ser plano diretor? Qual seu objetivo e em que circunstâncias ele se torna obrigatório? Plano diretor participativo Aula 4 APRESENTAÇÃO DA AULA Nesta aula estudaremos os conceitos legais do plano diretor participativo com o entendimento vinculado ao estatuto da cidade. O objetivo desta aula é apresentar o Plano Diretor, em particular o do município de Itaperuna – RJ, o qual servirá de base para o desenvolvimento dos projetos desta disciplina. O plano diretor tem como objetivo organizar o crescimento ordenado da cidade, uma das formas de conseguir seus objetivos é utilizar o zoneamento urbano da sede municipal, que tem como objetivo orientar o desenvolvimento urbano de acordo com os diferentes graus de consolidação, características ambientais, usos e atividades instalados. Conheceremos agora instruções e regulamentações para o correto uso do plano diretor participativo. OBJETIVOS DA AULA Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: ➢ Entender e interpretar as informações do plano diretor para elaboração de projetos que atendam todos os parâmetros urbanísticos da cidade. ➢ Aplicar as diretrizes do estatuto da cidade e plano diretor nos projetos de engenharia civil. P á g i n a | 43 4 PLANO DIRETOR A Constituição Federal determina que o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana é o Plano Diretor. O plano diretor tem como objetivo organizar o crescimento ordenado da cidade, observando as particularidades de cada região deste município, sem esquecer que o mesmo vale para toda a cidade, sejam áreas urbanas ou rurais. O plano diretor é uma legislação municipal que fora criada com a participação da sociedade em todas as etapas de sua elaboração. Esta Lei deve ser aprovada na Câmara Municipal para então ser observada por toda o cidadão que nela reside. A população participa da elaboração do plano diretor de diversas formas, como por exemplo, nos processos de discussão das potencialidades e identificando problemas existente em um determinado local, através de conselhos, ONGs, comitês ou comissõesde representantes de variados segmentos da população, do empresariado e das diferentes esferas do governo. Os poderes legislativo e executivo promoverão audiências públicas e debates com a participação da sociedade e também das associações representativas de vários segmentos que compõe a população local. Além disso, todos os documentos e informes produzidos devem se tornar públicos, sendo libre o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidas. É importante assinalar que é obrigatório, pelo Estatuto da Cidade, que as cidades integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, as pertencentes a áreas de especial interesse turístico e, ainda, as inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto de âmbito regional ou nacional elaborem seus respectivos planos diretores, mesmo que tenham menos de vinte mil habitantes. Se encontra estabelecido no Estatuto que nas grandes e médias cidades, ou seja, naquelas com mais de quinhentos mil habitantes, é obrigatória, ainda, a elaboração de plano de transporte urbano integrado, compatível com o Plano Diretor, ou dele fazendo parte. Está previsto, também, que a lei que instituir o Plano Diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos. Esta exigência indica o caráter dinâmico das cidades e dos municípios. Tem sido frequente que, após a elaboração do Plano Diretor e de sua implementação no todo ou em parte, o poder público local se sinta desobrigado a rever, reanalisar e a adequar sua implementação. Entretanto, P á g i n a | 44 a ideia de manter um processo permanente de planejamento deve estar inserida no quotidiano do município e da cidade, portanto, no dia-a-dia dos cidadãos. Mais uma novidade que o Estatuto da Cidade apresenta é a obrigatoriedade de determinados conteúdos mínimos nos planos diretores que serão elaborados. O primeiro deles é a delimitação das áreas urbanas onde se poderá aplicar o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, e, em sequência, o imposto predial e territorial urbano progressivo no tempo e a desapropriação. Também será necessário o atendimento do que se encontra previsto, na própria lei, com relação ao direito de preempção (de preferência), direito de construir, operações consorciadas e transferência do direito de construir. Para que a propriedade urbana cumpra a sua função social, ela deve responder às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no Plano Diretor. Tais exigências dizem respeito à busca de melhor adequação do uso da propriedade e à responsável utilização dos recursos naturais, garantindo a preservação do ambiente urbano. O Estatuto, em suas disposições gerais, fixa que os municípios com mais de vinte mil habitantes em suas cidades ou que pertençam a regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, se não tiverem Plano Diretor aprovado até a entrada em vigor da lei, deverão aprová-los no prazo de cinco anos. O poder público municipal se encontra, a partir da vigência do Estatuto da Cidade, com poderosas ferramentas na mão para enfrentar os já históricos desafios do desenvolvimento urbano, todas elas se vinculam ao instrumento básico da política urbana que é o Plano Diretor. Os municípios deverão, ainda, estabelecer uma gestão participativa, gerar informações sobre o território municipal e o seu uso, atualizar seus cadastros, aperfeiçoar seu sistema tributário e conhecer a dinâmica do mercado imobiliário. Com os Planos Diretores elaborados em novas e responsáveis bases, prevendo a aplicação dos instrumentos presentes no Estatuto da Cidade, podemos imaginar que, gradativamente, se estará construindo uma política nacional para o desenvolvimento urbano. P á g i n a | 45 4.1 Plano Diretor Participativo de Itaperuna Para que possamos ter um bom entendimento do planto diretor participativo de Itaperuna, abaixo listamos algumas definições que iremos nos deparar durante a leitura do mesmo. afastamento – distância entre a edificação e as divisas do lote em que se situa, aplicada em toda a altura da edificação, podendo ser: ➢ afastamento frontal - medido entre o alinhamento e a fachada voltada para o logradouro; ➢ afastamento lateral - medido entre as divisas laterais e a edificação; ➢ afastamento de fundos - medido entre a divisa de fundos e a edificação. ➢ alinhamento – linha locada ou indicada pela Prefeitura que delimita a divisa frontal do terreno e o logradouro público; ➢ altura da edificação – altura contada do nível de acesso da edificação até o topo da laje do último pavimento; ➢ área total construída – somatório das áreas cobertas de todos os pavimentos de uma edificação; ➢ área não computável – partes da edificação elevada do solo, de modo que avance para além do seu suporte de sustentação vertical, tais como: marquises e beirais. ➢ centro comercial ou shopping center – conjunto de lojas com área total construída superior a 1.500 m2 (mil metros quadrados); ➢ construção – edificação; ➢ coeficiente de aproveitamento do terreno – relação entre a área edificada, excluída a área não computável, e a área do lote onde se implanta a edificação; ➢ comércio atacadista – venda de mercadorias no atacado, em geral necessitando de amplo espaço para seu funcionamento dado ao volume de cargas; ➢ comércio especializado – atividades comerciais de demanda eventual, tais como o comércio varejista de móveis, instrumentos municiais, equipamentos de som e outros; ➢ comércio varejista – venda de mercadorias a varejo; P á g i n a | 46 ➢ condomínio urbanístico – constituição de condomínio, em gleba ou em lote, com a definição de unidades autônomas para fins urbanos e áreas de uso comum dos condôminos, que incluem as vias de circulação internas; ➢ edícula – edificação secundária de pequeno porte e complementar à edificação principal; ➢ edificações de segurança pública – edifícios destinados às atividades policiais e de defesa civil; ➢ edificação horizontal unifamiliar – edificação composta de uma unidade habitacional por lote; ➢ edificação horizontal multifamiliar – edificação composta por duas ou mais unidades habitacionais autônomas por lote, agrupadas horizontalmente; ➢ edificação vertical – edificação com duas ou mais unidades autônomas por lote agrupadas verticalmente; ➢ empreendimentos geradores de impacto urbano e ambiental – aqueles potencialmente causadores de alterações no ambiente natural ou construído, ou que provoquem sobrecarga na capacidade de atendimento de infraestrutura básica, quer sejam públicos ou privados, habitacionais ou não; ➢ estacionamento – área coberta ou descoberta, destinada exclusivamente à guarda de veículos, como função complementar a um uso ou atividade principal, composta de área para vaga dos veículos, acesso e circulação correspondentes; ➢ estacionamento operacional – área coberta ou descoberta destinada à guarda de veículos de serviço, decorrentes de atividades que requeiram grandes frotas, composta de área para vaga dos veículos, acesso e circulação correspondentes, seja de natureza pública ou privada; ➢ estacionamento comercial – área coberta ou descoberta utilizada na exploração comercial do serviço de guarda e parada de veículos em áreas de grande demanda, com as necessárias áreas destinadas a acesso e circulação; ➢ estação de rádio comunicação – conjunto de equipamentos, aparelhos dispositivos e demais meios necessários para a comunicação via rádio, bem como as instalações que os abrigam e complementam, associados às estruturas de sustentação; P á g i n a | 47 ➢ estação de serviço de telecomunicações – compreende as edificações, torres e antenas, bem como a instalação de linhas físicas em logradouros públicos dos serviços de telefonia; ➢ faixa de serviço – é a faixa de largura variável, compreendendoa faixa non aedificandi destinada à instalação dos equipamentos urbanos. ➢ fração ideal de terreno – é a porção resultante da divisão da área total do lote pelo número de unidades habitacionais nele instaladas. ➢ galeria comercial – conjunto com no mínimo cinco unidades, com área total construída de até 1.500 m2 (mil e quinhentos metros quadrados); ➢ garagem – edificação destinada exclusivamente à guarda de veículos, como função complementar a um uso ou atividade principal, podendo ter ainda caráter operacional ou comercial analogamente aos estacionamentos; ➢ indústria caseira – atividades industriais de baixíssimo impacto cujo processo produtivo se dá na unidade residencial em estrutura familiar; ➢ logradouro público – área urbana de domínio público que se constitui bem de uso comum do povo, sendo, portanto, de acesso irrestrito, destinada à circulação ou permanência do usuário; ➢ lote – parcela de domínio privado, decorrente de um parcelamento, remembramento ou arruamento, destinada à edificação; ➢ ocupação do solo – parâmetros urbanísticos adotados na ocupação de um terreno; ➢ pavimento – andar do edifício, incluindo o andar térreo em pilotis e o mezanino; ➢ pavimento tipo – cada um dos andares do edifício utilizado para realização da atividade principal e que seguem um mesmo padrão arquitetônico; ➢ serviços especializados – atividades de demanda eventual que exigem requisitos especiais; ➢ subsolo – pavimento, com ou sem divisões, situado abaixo do piso térreo de uma edificação e que tenha, pelo menos, metade de seu pé-direito abaixo do nível do terreno circundante; ➢ supermercado – estabelecimento destinado à comercialização de produtos alimentícios e de uso doméstico, em regime de auto-serviço, com área total construída igual ou superior a 500 m2 (quinhentos metros quadrados); P á g i n a | 48 ➢ taxa de permeabilidade – relação entre áreas descobertas e permeáveis do terreno e a sua área total, sendo estas dotadas de solo natural ou vegetação que contribua para o equilíbrio climático e favoreça a drenagem de águas pluviais; ➢ taxa de ocupação do terreno – relação entre a área da projeção horizontal da edificação ou edificações e a área do lote; ➢ testada ou frente – linha que coincide com o alinhamento do logradouro, destinada a separar este da propriedade particular, sendo considerada, nos lotes voltados para mais de um logradouro, aquela onde se situa o acesso principal do imóvel; ➢ uso – destinação do imóvel; ➢ vila residencial – conjunto de edificações composto por mais de duas unidades habitacionais autônomas por lote, agrupadas horizontalmente, com um único acesso por via pública, e, dispostas de tal modo que formem rua ou praça interior sem caráter de logradouro público. ➢ zona – é o espaço da cidade perfeitamente delimitado, para o qual serão previstos controles de densidade demográfica, de limites de construção e a intensidade dos diversos usos e atividades econômicas, sociais e culturais. O Plano Diretor Participativo de Itaperuna (PDPI) foi criado pela Lei 403 de 27 de dezembro de 2007. Este é um dos instrumentos que integram o processo de planejamento municipal, determinante para a ação dos agentes públicos e privados que atuam na política de desenvolvimento e gestão territorial. Este Plano, foi elaborado atendendo o disposto na legislação referente a matéria em especial o que está estabelecido na Constituição Federal de 1998 e na lei Federal 10.257/2001 – Estatuto da Cidade e Lei Orgânica do Município de Itaperuna. Objetivos Gerais do PDPI • Reafirmar a posição de pólo regional que Itaperuna ocupa no Noroeste Fluminense e região de influência, através do fortalecimento das interações com municípios e estados vizinhos; • Promover o desenvolvimento municipal de foram socialmente justas, ambientalmente equilibrada e economicamente viável, visando à qualidade P á g i n a | 49 de vida da população, com a prevalência da inclusão social, da redução das desigualdades e do interesse coletivo sobre o individual. Para nossa disciplina de fundamentos de arquitetura, iremos abordar temas, dentro da Lei do Plano diretor, voltados para o desenvolvimento e organização do crescimento urbano no tocante a edificações. Um destes temas é o Capítulo II da Lei que trata do zoneamento urbano da sede municipal que tem como objetivo orientar o desenvolvimento urbano de acordo com os diferentes graus de consolidação, características ambientais, usos e atividades instalados. A Área Urbana da sede municipal se divide nas seguintes zonas: I - Zonas de Recuperação e Preservação do Rio Muriaé – ZRPRM; II - Zonas de Recuperação Ambiental – ZRA; III - Zona Especial de Proteção do Aeroporto – ZEPA; IV - Zonas Especiais de Desenvolvimento Econômico e Institucional – ZEDEI; V - Zona Central – ZC; VI - Zona Residencial de Média Densidade – ZRMD; VII - Zona Residencial de Baixa Densidade – ZRBD; VIII - Zona Residencial de Ocupação Restrita – ZROR; IX - Eixos Comerciais e de Serviços – ECS; X - Zonas de Especial Interesse Social – ZEIS. Da Zona de Recuperação e Preservação do Rio Muriaé – ZRPRM: A Zona de Recuperação e Preservação do Rio Muriaé – ZRPRM compreende os imóveis, públicos ou privados, localizados entre o Rio Muriaé e as vias mais próximas e paralelas às suas margens, ou vias a serem projetadas e implantadas, dentro dos limites do perímetro urbano da sede municipal. Os imóveis situados na ZRPRM poderão transferir seu potencial construtivo para a Zona Residencial de Média Densidade – ZRMD. Os parâmetros de uso e ocupação do solo na ZRPRM foram definidos com a finalidade de controlar o adensamento e promover a gradual recuperação e qualificação ambiental das faixas marginais de proteção do Rio Muriaé. Estão proibidos novos parcelamentos e novas ocupações na ZRPRM, exceto a implantação de equipamentos voltados para atividades de lazer ou necessários ao monitoramento e fiscalização da zona. P á g i n a | 50 Das Zonas de Recuperação Ambiental – ZRA: As Zonas de Recuperação Ambiental – ZRA compreendem terrenos, ocupados ou não, situados acima da cota 150 m (cento e cinquenta metros) de morros ou montanhas localizadas dentro dos limites do perímetro urbano da Sede Municipal. A instituição de ZRA, dentro dos critérios estabelecidos nesta Lei, tem como objetivo a reserva de áreas destinadas ao desenvolvimento de programas de reflorestamento que promovam uma gradual mudança microclimática no ambiente urbano de Itaperuna. Estão proibidos novos parcelamentos e novas ocupações nas ZRA, exceto de equipamentos necessários ao monitoramento e fiscalização das áreas. Nas áreas já ocupadas e localizadas dentro das ZRA, até a data de aprovação desta Lei, o Executivo realizará levantamento para averiguar a situação fundiária dos imóveis, visando, se for o caso, à sua regularização. Da Zona Especial de Proteção do Aeroporto – ZEPA: A Zona Especial de Proteção do Aeroporto – ZEPA tem como objetivo proteger o entorno do Aeroporto de Itaperuna para garantir o bom funcionamento do tráfego aéreo e a segurança dos habitantes do Município. A descrição oficial dos limites da ZEPA deverá ser feita de acordo com a Portaria no 1.141/GM5, de 08 de dezembro de 1987, do Ministério da Aeronáutica. Das Zonas Especiais de Desenvolvimento Econômico e Institucional – ZEDEI: As ZEDEI são destinadas à manutenção ou implantação de equipamentos voltados para atividades industriais, comerciais e de serviços de médio ou grande porte, que venham atender às demandas locais e potencializar o papel de pólo regional exercido por Itaperuna. A implantação de novos equipamentos nas ZEDEI está condicionada: I - à instalação de infraestrutura adequada; II - à reserva obrigatória de faixas non aedificandi, em ambos os lados da BR- 356, além
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