Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Uma das habilidades mais remotas do ser humano é o poder de comunicação, sempre vivemos em sociedade e essa interação é que possibilitou ao homem se desenvolver. Dessa forma, podemos a�rmar que a leitura é uma importante maneira de nos comunicarmos. Por meio da leitura, o homem se torna mais crítico e re�exivo em relação à sociedade que o cerca. Caro(a) estudante, ao ler este roteiro, você vai: identi�car as diferentes fases da leitura durante a formação de um leitor; analisar os diferentes gêneros textuais utilizados para a formação de um leitor; compreender as competências trabalhadas no processo de leitura; reconhecer o papel da família e da escola no que se refere à formação de leitores competentes; re�etir sobre o uso das tecnologias no trabalho com a leitura e compreensão de textos. Introdução O respectivo roteiro abordará questões relacionadas ao processo de leitura e compreensão de textos, desenvolvidas por alunos inseridos na educação básica. Sendo assim, teceremos algumas considerações acerca da aquisição desse processo e qual o papel da família na formação de leitores críticos, capazes de ler as entrelinhas de um texto. A escrita foi desenvolvida porque os humanos tinham suporte tecnológico para tal fato, como, por exemplo, os locais em que se escreviam, ou seja, as tábuas de argila. Ela consistiu em uma nova forma do ser humano comunicar-se, e não foi inventada apenas por uma pessoa, mas foi o resultado criativo de toda uma sociedade. Sempre houve tecnologias que foram aperfeiçoadas, como os Leitura e Compreensão de Textos Roteiro deRoteiro de EstudosEstudos Autor: Esp. Lilian Maia Borges Testa Revisor: Taís Cruz instrumentos para escrever (estiletes de caniço) e as regras de condução do processo de escrita e de leitura. Nesse contexto, faremos alguns apontamentos sobre a formação do leitor e a construção do processo de leitura na educação básica, a compreensão e interpretação de textos envolvendo diferentes gêneros textuais, o papel da família e da escola para a formação de leitores competentes, as bases legais e a formação de leitores, as tecnologias e o processo de leitura e compreensão de textos na educação básica. Ainda em relação à formação de leitores, devemos ter em mente que a família também exerce um papel fundamental para que o aluno tenha interesse em ler. A Formação do Leitor e a Construção do Processo de Leitura na Educação Básica Ao estudarmos um pouco da história da leitura, observamos que fatos históricos demonstram que a escrita surgiu da necessidade concreta do homem primitivo de contar e registrar a quantidade de animais de seu rebanho. Na Antiguidade, era tido como alfabetizado quem sabia decifrar e reproduzir os símbolos das contagens. As pessoas aprendiam a ler e a escrever lendo algo escrito por alguém e, em seguida, realizando inúmeras cópias. Dominadas tais habilidades, os alunos começavam a copiar textos famosos e, assim, surgiram os escribas, que escreviam com detalhes a cultura da sociedade da época. Muitas pessoas aprendiam a ler fora da escola, pois não tinham interesse de se tornarem escribas. Faziam uso da leitura apenas em situações diárias; dessa forma, a escrita surgiu como consequência da leitura. Sabemos que a formação de leitores, hoje em dia, ocorre principalmente em nossas escolas, como esclarecem Zilberman e Lajolo (1999): [...] a educação é um meio de ascensão social, e a literatura, um instrumento de difusão e seus valores, tais como a importância da alfabetização, da literatura e do conhecimento e a ênfase no individualismo, no comportamento moralmente aceitável e no esforço pessoal (ZILBERMAN; LAJOLO, 1999, p. 76). Atualmente, sabemos que o processo de leitura ocorre dentro das sala de aulas e o professor deve ter amplo conhecimento de como o processo de leitura ocorre em nossas crianças; por isso, é necessário que ele saiba qual o método que deve utilizar para desenvolver a competência leitora em seu aluno. Assim, convido você a conhecer um pouco a respeito desses métodos. Método sintético - refere-se à correspondência entre o som e a gra�a. Dessa forma, notamos que os métodos sintéticos estão divididos da seguinte forma: o alfabético, o fônico e o silábico. As cartilhas são utilizadas para direcionar todo o processo de ensino e aprendizagem, trabalhando diretamente com a apresentação do fonema e seu grafema correspondente por vez. É válido ressaltar que é uma aprendizagem mecânica, que faz uso da repetição, portanto, o respectivo método é considerado, pelos críticos, como uma aprendizagem cansativa e desinteressante para as crianças. Método analítico - relaciona a leitura a um ato global e audiovisual. Sob tais aspectos, notamos que os professores que fazem uso desse método iniciam o trabalho com a alfabetização, utilizando unidades completas de linguagem para depois dividi-las em partes menores, isto é, a criança parte da frase completa e retira as palavras e, em seguida, divide-as em unidades menores, ou seja, as sílabas. Método alfabético - a leitura parte da memorização oral das letras do alfabeto, em seguida a junção das sílabas para a formação das palavras. Aos poucos, a criança começa a ler sentenças curtas e vai se desenvolvendo até conhecer histórias. Notamos o uso de cartilhas. Alguns críticos consideram a repetição dos exercícios cansativa, o que o tornaria o processo de alfabetização tedioso para as crianças, pois não se leva em consideração os conhecimentos prévios que a criança possui antes de iniciar a vida escolar. Neste contexto, entendemos que o professor exerce papel fundamental na formação de alunos leitores, conforme salienta Silva (2011): Todos os professores são capazes de trabalhar leitura em sala de aula, aliás, todo professor antes de tudo é um leitor, assim deve ser capaz de trabalhar a leitura e buscar a solidariedade com os castigados professores de Língua Portuguesa, os quais em grande parte das escolas são massacrados como culpados pelos problemas relacionados à leitura ou a quaisquer inabilidades do sujeito leitor na escola (SILVA, 2011, p. 5). Ainda em relação à formação do leitor, notamos que nossas escolas ainda trabalham com a leitura e a interpretação de textos de forma bem tradicional, muitas vezes, o trabalho se resume em uma busca de informações explícitas do texto, acarretando em uma atividade mecânica que não forma cidadãos críticos e re�exivos. Sabemos que o ato de ler é um processo que envolve o pensamento, as emoções, as sensações e, principalmente, a visão de mundo que o leitor possui em relação ao texto que está lendo. De acordo com Geraldi (2004, p. 91): “a leitura é um processo de interlocução entre leitor/autor mediado pelo texto. Encontro com o autor, ausente, que se dá pela sua palavra escrita”. Sob esse aspecto, observamos que os professores de Língua Portuguesa podem desenvolver um trabalho com diferentes gêneros textuais, os quais fazem parte do cotidiano dos alunos; entretanto, a cada gênero é preciso que o professor saiba o que irá trabalhar, esteja preparado para explorá-lo e saber como conduzir uma discussão relacionada às ideias apresentadas pelo texto, conseguindo estabelecer uma relação com o conhecimento de mundo que o aluno possui, além de ampliar esse conhecimento ao passo que novos saberes são adquiridos a partir do texto lido. Essa noção de mundo apresentada pelo aluno ao relacionar com o texto lido é importantíssima para o desenvolvimento de uma leitura signi�cativa. É notório salientar ainda que, antigamente, o trabalho com a leitura estava voltado para cumprir o que era solicitado no livro didático e às perguntas de cunho livresco elaboradas pelos professores, ou seja, apenas reproduziam as ideias explícitas no texto. Dessa forma, os alunos que conseguiam reproduzir essas respostas eram considerados como �uentes em interpretação textual. Contudo, essa reprodução foi muito criticada por alguns autores. No mais, é válido ressaltar que essa metodologia era utilizada de acordo comas necessidades vigentes naquele período, em que o ensino era extremamente tradicional; portanto, as atividades que envolviam a leitura e interpretação de textos estavam em consonância com o período em questão. LIVRO Estratégias de leitura em língua portuguesa Autores: Jane Thompson Brodbeck, Antônio José Henriques Costa e Vanessa Loureiro Correa Editora: Intersaberes Ano: 2012 Comentário: o respectivo livro apresenta de forma prática as considerações acerca dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) no que se refere à leitura, além de apresentar os conceitos de leitura, compreensão e interpretação e os objetivos da leitura em sala de aula. Sugerimos a leitura dos capítulos 1, 2, 5 e 8. Disponível na Biblioteca Virtual. LIVRO Criança, desenvolvimento e aprendizagem Autora: Mônica de Souza Corrêa Editora: Cengage Learning Brasil Ano: 2015 Comentário: o livro aborda, dentro da psicologia da educação e do desenvolvimento, as diversas concepções de aprendizagem. A autora traz as teorias de desenvolvimento relacionadas à educação infantil e à construção do conhecimento pela criança. A obra tem linguagem didática e prática. Disponível na Minha Biblioteca. LIVRO Leitura e produção textual Autora: Ada Magaly Matias Editora: Grupo A Ano: 2015 Comentário: o livro indicado é um material complementar aos estudos de leitura e de compreensão de textos. Recomendamos a leitura do Capítulo 2, Leitura, produção e análise de textos, no qual você terá acesso a concepções e a estratégias de leitura, para se aprofundar ainda mais sobre o tema em estudo. Disponível na Minha Biblioteca. A Compreensão e Interpretação de Textos Envolvendo Diferentes Gêneros Textuais Ao fazermos um breve estudo sobre leitura, notamos que se refere à uma interlocução entre leitor/autor, que segundo Geraldi (2004), é subsidiada pela própria leitura do texto, que serve como mediação. Dessa forma, o respectivo autor salienta ainda que existem quatro maneiras de reações do leitor em contato com o texto. Temos, portanto, conforme explicita Geraldi (2004), a leitura como “busca de informações”, em que veri�camos que o objetivo é identi�car no texto alguma informação concreta, ou seja, o leitor está em busca de uma resposta que encontrará no texto. A outra maneira apresentada por Geraldi (2004) refere-se à leitura vista como um “estudo do texto”, ou seja, o leitor passa a “escutar” o texto, já não quer mais uma resposta particular em relação ao conteúdo lido, como descrito na primeira maneira. Ele quer extrair do texto lido tudo o que ele lhe pode passar. A terceira maneira retrata a leitura como “pretexto”, pois observamos que o leitor não está não quer mais fazer uma pergunta ao texto, também não veio a ele a �m de “escutá-lo”; seu objetivo consiste em produzir outro texto, por isso é denominado como “pretexto”. A última maneira, descrita por Geraldi (2004) refere-se à leitura enquanto “fruição do texto”; seu objetivo pauta-se em ler por ler, gratuitamente. De acordo com o respectivo autor, essa leitura é motivada pelo sistema capitalista, pois notamos que se refere à leitura prazer, por fruição, o que não ocorre em nossas escolas, considerando que as atividades de leitura são, geralmente, desenvolvidas como uma obrigação, possivelmente para a aquisição de uma nota. Ao falarmos em compreensão de textos, temos de levar em conta os preceitos defendidos por Marcuschi (2008): Compreender bem um texto não é uma atividade natural nem uma herança genética; nem uma ação individual isolada do meio e da sociedade em que se vive. Compreender exige habilidade, interação e trabalho. Na realidade, sempre que ouvimos alguém ou lemos um texto, entendemos algo, mas nem sempre essa compreensão é bem sucedida. Compreender não é uma ação apenas linguística ou cognitiva. É muito mais uma forma de inserção no mundo e um modo de agir sobre o mundo na relação com o outro dentro de uma cultura e uma sociedade (MARCUSCHI, 2008, p. 229-230). Nesse contexto, observamos que a compreensão de um texto não depende apenas da sua decodi�cação, mas de elementos inerentes a ele, ou seja, os conhecimentos prévios que o leitor possui, sua experiência de mundo, o contexto ao qual ele faz parte, entre outros fatores. Dessa forma, ao se trabalhar com os textos que fazem parte do cotidiano do aluno, essa leitura volta- se para o trabalho com gêneros textuais. Mas, você saberia o conceito deste termo? Segundo Koch e Elias (2010): [...] todas as nossas produções, quer orais, quer escritas, se baseiam em formas- padrão relativamente estáveis de estruturação de um todo a que denominamos gêneros. Longe de serem naturais ou resultado da ação de um indivíduo, essas práticas comunicativas são modeladas / remodeladas em processos interacionais dos quais participam os sujeitos de uma determinada cultura (KOCH; ELIAS, 2010, p. 55). Dessa forma, podemos considerar como gêneros textuais toda a variedade de texto que encontramos ao nosso redor e que fazem parte do nosso cotidiano. Eles estão em qualquer sociedade, ou seja, fazem parte do cotidiano de qualquer pessoa, pois circulam socialmente, por isso a importância de considerar o texto, quando falamos em ensino de língua, como ponto de partida e o ponto de chegada. As práticas de linguagem implicam dimensões, por vezes, sociais, cognitivas e linguísticas do funcionamento da linguagem numa situação de comunicação particular. Para analisá-las, as interpretações feitas pelos agentes da situação são essenciais. Estas interpretações dependem da identidade social dos atores e das representações que eles têm dos usos possíveis da linguagem e das funções que eles privilegiam de acordo com sua trajetória (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004, p. 05). Foi por meio dos estudos de Mikhail Bakhtin que a palavra gênero ganhou amplitude, pois ele fez grandes pesquisas voltadas para a literatura e a linguagem, designando à palavra gênero o conceito de textos que utilizamos em diferentes situações comunicativas. Conforme observamos nos preceitos defendidos por Bakhtin (1984): [...] os gêneros são instrumentos que fundam a possibilidade de comunicação. Trata- se de formas relativamente estáveis tomadas pelos enunciados em situações habituais, entidades culturais intermediárias que permitem estabilizar os elementos formais e rituais das práticas de linguagem (BAKHTIN, 1984 apud SCHNEUWLY; DOLZ, 2004, p. 7). É notório salientar ainda que o trabalho com gêneros textuais permite que o aluno compreenda a função e o uso de cada um deles, para que possa identi�car esse texto em seu cotidiano, fazendo com que ele tenha interesse em aprender, pois estará tendo contato com algo que faz sentido para a sua vida. LIVRO Ler e escrever: estratégias de produção textual Autores: Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias Editora: Contexto Ano: 2010 Comentário: o respectivo livro ressalta alguns conceitos importantes em relação ao trabalho com a leitura, as autoras apontam o conceito que envolve os gêneros textuais, além de fazer a ligação da leitura com o processo de escrita, fatores importantes para o desenvolvimento dos alunos inseridos no processo de ensino e aprendizagem. Assim, sugerimos a leitura do capítulo 3, sobre gêneros textuais. Disponível na Biblioteca Virtual. LIVRO Gêneros textuais didáticos e análise de materiais didáticos de Letras Autores: Aline Bizello et al. Editora: Grupo A Ano: 2020 Comentário: sugerimos a leitura dos Capítulos Funcionalidade dos gêneros nos processos de letramento e Didatização e autenticidade dos gêneros, para complementar ainda mais os estudos a respeito dos gêneros textuais no contexto que estamos estudando. Disponível na Minha Biblioteca. O Papel da Família e da Escola para a Formação de Leitores Competentes Ao fazermos uma breve re�exão acerca do processo de formação de leitores na educação básica, notamos que a participação da família neste processo é fundamental, pois o primeiro contato da criança com o texto ocorre ainda no seio familiar. O papel da escolaé observar os avanços e as transformações tecnológicas e mostrá-los, sempre, em sala de aula. Dessa forma, devemos considerar que a leitura deve ser atrelada a mais tenra idade; portanto, não podemos deixar de mencionar a questão da literatura infantil, pois devemos ter em mente que o hábito de ler é, muitas vezes, instigado pela família da criança. No mais, observamos que o conhecimento historicamente produzido é desenvolvido na escola, o mesmo ocorre com a leitura, no LIVRO Alfabetização e letramento Autor: Magda Soares Editora: Editora Contexto Ano: 2017 Comentário: o livro apresenta concepções de alfabetização e de letramento, explicitando a necessidade de se enfrentar o problema da alfabetização e do letramento de forma multidisciplinar. A autora faz uma crítica aos programas de leitura e de escrita oferecidos em nossas escolas e aos problemas que encontramos no processo de alfabetização de nossas crianças. Sugerimos a leitura das Partes 1 e 2 do livro, para que você compreenda o que signi�ca alfabetizar letrando. Disponível na Biblioteca Virtual. entanto, não podemos deixar de mencionar a importância da família para a aquisição desse conhecimento de mundo. Nesse contexto, a literatura infantil, desenvolvida nos primeiros anos da escola, é fundamental para que a criança se torne um leitor competente no decorrer de sua vida. A literatura infantil desenvolve não só a imaginação das crianças, como também permite que elas se coloquem como personagens das histórias, das fábulas e dos contos de fadas, além de facilitar a expressão de ideias. Sendo assim, o objetivo da literatura infantil é o de formar leitores, por uma série de características e fatores ela desempenha esse papel melhor do que a literatura adulta, uma vez que é mais convidativa. O que se procura hoje é assegurar ao maior número de pessoas possíveis o direito de ler (CAGNETI, 1996, p. 23). É válido ressaltar, ainda, que a leitura, quando é estimulada somente no ambiente escolar, torna-se algo obrigatório e isso pode desmotivar o aluno, que passa a ver a leitura como um fator para obtenção de nota. Conforme explicita Vieira (2004): O leitor formado na família tem um per�l um pouco diferenciado daquele outro que teve o contato com a leitura apenas ao chegar à escola. O leitor que se inicia no âmbito familiar demonstra mais facilidade em lidar com os signos, compreende melhor o mundo no qual está inserido, além de desenvolver um senso crítico mais cedo, o que realmente importa na sociedade (VIEIRA, 2004, p. 06). A família tem papel fundamental na formação de um leitor competente, pois é nesse meio que a criança inicia o seu processo de leitura, quando tem contato com ilustrações, histórias, contos maravilhosos, entre outros. Podemos con�rmar tais aspectos nos preceitos defendidos por Vieira (2004): Sendo, portanto uma miniatura da sociedade, a família se fortalece e como espaço privado de vivência, e é nesse interior do novo modelo familiar que o gosto pela leitura se intensi�ca. O gosto pela leitura se constitui em atividade adequada a esse contexto de privacidade doméstica (VIEIRA, 2004, p. 4). A leitura, quando realizada no âmbito familiar, torna-se prazerosa e desperta o interesse do aluno, ou seja, ele é instigado a ler, além de criar um vínculo entre os pais e o �lho. Essa criança que é estimulada desde a mais tenra idade a ler não apresentará di�culdades mais tarde em compreender os textos lidos. Essas questões podem ser con�rmadas nos dizeres de Raimundo (2007): Dentro do seio familiar a leitura é mais leve, prazerosa, criando um vínculo maior entre pais e �lhos, num primeiro momento com a observação das ilustrações dos livros lidos pelos pais, com a audição de cantigas de ninar, de histórias para dormir, até que a criança se sinta com vontade de retribuir e contar ou ler suas próprias histórias (RAIMUNDO, 2007, p. 111). No mais, além da importância da escola e da família para a formação de um leitor competente, não podemos deixar de mencionar também o professor, que deve ser visto como um mediador nesse processo. Assim, para que o professor tenha leitores assíduos, é necessário que ele também seja um grande leitor, para que possa fazer a interação entre o aluno e o texto. Botini e Farago (2014) abordam o papel da família e da escola para a formação do leitor. A pesquisa aponta a relevância da família e da escola para formar leitores competentes, reiterando a importância do incentivo dos pais e dos docentes na formação leitores criticos. As Bases Legais e a Formação de Leitores Ao fazermos uma breve análise sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), veri�camos que se refere a um manual para as escolas e seu principal objetivo consiste em orientar as instituições de LIVRO É possível facilitar a leitura: um guia para escrever claro Autoras: Yara Liberato e Lúcia Fulgêncio Editora: Contexto Ano: 2009 Comentário: o livro em questão apresenta de forma signi�cativa como o processo de leitura se edi�ca em nossos alunos, ou seja, como podemos trabalhar a leitura considerando todos os seus aspectos. Também demonstra como ocorre o conhecimento prévio de uma criança. Assim, sugerimos a leitura dos capítulos 1, 2 e 7. Disponível na Biblioteca Virtual. ensino em relação ao processo de ensino e aprendizagem, em conformidade com o Ministério da Educação. O respectivo documento foi elaborado em 1998, tendo como função orientar e garantir a distribuição dos investimentos na educação. Dessa forma, observamos que os PCN propõem um currículo norteado pelas competências básicas e que esteja de acordo com o contexto social do qual o aluno faz parte. Em relação à leitura, o documento salienta que: A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodi�cando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e veri�cação, sem as quais não é possível pro�ciência (BRASIL, 1998, p. 69). Um outro documento que vem sendo muito discutido atualmente, refere-se à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em que consiste na de�nição dos direitos de aprendizagem dos alunos brasileiros. Sob tais aspectos, notamos que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que estabelece um conjunto de normas para a aprendizagem, pautado nas habilidades e competências que todos os alunos devem desenvolver durante a Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em consonância com o Plano Nacional de Educação (PNE) (BRASIL, 2020, on-line). No respectivo documento, observamos que a leitura faz parte de todos os componentes curriculares. Nesse sentido, ela é vista como imprescindível para a formação de cidadãos competentes e atuantes na sociedade contemporânea. Mello e Silva (2016) pesquisaram a BNCC, visando a compreendê-la enquanto integradora da infância brasileira. A pesquisa faz uma análise crítica da Base Nacional Comum Curricular, vislumbrando caminhos para a formação das crianças inseridas na educação infantil e no ensino fundamental. As Tecnologias e o Processo de Leitura e Compreensão de Textos na Educação Básica O professor que alfabetiza não pode se preocupar apenas em ensinar a ler e escrever, a criança precisa aprender a ler, interpretar e compreender o mundo ao seu redor, por isso a importância de se alfabetizar e, ao mesmo tempo, letrar nossos alunos. Assim, o professor que trabalha com a alfabetização e o letramento deve direcionar seu trabalho utilizando diferentes gêneros textuais, como músicas, parlendas, trava-línguas, bilhetes, história em quadrinhos, literatura infantil, contação de histórias, entre outros exemplos, devendo, também, saber como usar o computador ou qualquer outro aparato tecnológico antes de trabalhar com osalunos, pois os recursos tecnológicos são fundamentais. Fazemos parte de uma sociedade letrada; portanto, a escola deve se adequar a essa necessidade, ou seja, preparar o aluno para o letramento, usar a leitura e a escrita para a prática social. Ao se trabalhar com a escrita, o aluno deve aprender seus diferentes usos e a sua função dentro da sociedade, isto é, precisa aprender a interpretar o que leu e não apenas aprender a ler. O trabalho com a leitura pode ser desenvolvido por todos os professores, de diferentes disciplinas. Sob esse viés, não podemos deixar de mencionar que a tecnologia já faz parte do cotidiano escolar, as mídias estão cada vez mais presentes no cotidiano dos educandos. As instituições de ensino não podem �car alheias às mudanças que ocorrem no mundo, não somente transformações na sociedade, mas também tecnológicas, pois um mundo sem barreiras geográ�cas, culturais e de língua está bem próximo. As novas tecnologias devem ser implementadas no espaço escolar com o objetivo de se obter um resultado proveitoso delas. Um desses objetivos é o rendimento no processo de ensino e aprendizagem e, principalmente, visando à extinção da monotonia das aulas. É válido ressaltar que o quadro negro e o giz também já foram considerados tecnologias. Segundo Libâneo (1998): A didática contemporânea não pode mais ignorar esse importante conteúdo que são as tecnologias da comunicação e da informação, tanto como conteúdo escolar quanto como meios educativos. É na escola que se pode fazer, professores e alunos juntos, a leitura crítica das informações e familiarizá-los no uso das mídias e multimídias (LIBÂNEO, 1998, p. 34). O uso das mídias na educação é uma nova metodologia usada para ensinar, permitindo a substituição do giz e da lousa pela tecnologia que está presente em vídeos, DVD, TV, computadores etc. O uso dessas tecnologias está cada vez mais presente na educação, facilitando a aprendizagem e prendendo mais a atenção de nossos educandos. O papel da escola é observar os avanços e as transformações tecnológicas e mostrá-los sempre em sala de aula, conversando com os alunos, procurando ajudá-los a perceber os aspectos positivos e negativos trazidos pelos novos recursos ou pela mídia. As nossas crianças também já são educadas pela mídia, principalmente pela televisão, pela qual obtêm informações, conhecimentos, fantasias, sentimentos etc. A mídia acaba sendo sedutora, prazerosa, explorando o sensorial da criança por meio de histórias que estão vendo ou estão em contato no seu cotidiano. A mídia acaba educando enquanto estamos entretidos. Sendo assim, precisamos procurar sempre acompanhar as diversas transformações tecnológicas, buscando estar sempre preparados e, também, incentivar os nossos educandos a usar a mídia presente em nosso dia a dia de forma positiva. Por isso, hoje, a educação necessita da mídia, para que os educandos não �quem excluídos da sociedade tecnológica atual. Conclusão Ao falarmos em formação de leitores competentes, devemos nos reportar ao processo de leitura que é desenvolvido no âmbito escolar, em que, infelizmente, até os dias atuais, ainda é algo impositivo, pois o aluno lê para a obtenção de uma nota. Entretanto, é válido salientar que esse processo de aquisição da leitura tem início na mais tenra idade e que a família exerce papel fundamental para a formação de leitores competentes. Nesse sentido, para termos alunos capazes de compreender e interpretar os textos que os cercam, faz-se necessária a junção de um tripé nesse desenvolvimento, ou seja, a família, a escola e o professor, todos exercendo uma função importantíssima para o desenvolvimento da leitura e, consequentemente, formar leitores críticos. LIVRO (Re)invenção pedagógica? Re�exões acerca do uso de tecnologias digitais na educação Autor: Lucia Maria Martins Gira�a (org.) Editora: EdiPUCRS Ano: 2012 Comentário: a obra em questão reúne as considerações de 14 escritores, relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem e ao uso adequado das tecnologias nesse processo, auxiliando os professores a planejar aulas em consonância com o mundo digital e globalizado. Sugerimos, portanto, a leitura dos capítulos 1, 2 e 4. Disponível na Biblioteca Virtual. Referências Bibliográ�cas BIZELLO, A. et al. Gêneros textuais didáticos e análise de materiais didáticos de Letras. Porto Alegre: Grupo A, 2020. BOTINI, G. A. L.; FARAGO, A. C. Formação do leitor: papel da família e da escola. Bebedouro-SP, 2014. Disponível em: http://www.unifa�be.com.br/revistasonline/arquivos/cadernodeeducacao/sumario/31/04042014073856.pdf. Acesso em: 15 abr. 2020. BRASIL, SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa: 5ª a 8ª Série. Brasília: SEF, 1998. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC): Educação é a Base. [2020]. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 6 jan. 2020. BRODBECK, J. T.; COSTA, A. J. H.; CORREA, V. L. Estratégias de leitura em língua portuguesa. Curitiba: Intersaberes, 2012. CAGNETI, S. S. Livro que te quero livre. Rio de Janeiro: Editorial Nórdica, 1996. CORRÊA, M. S. Criança, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2015. DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para re�exões sobre uma experiência suíça (francófona), In: DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004. p. 41-70. GERALDI, J. W. (org.). O texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2004. GIRAFFA, L. M. M. (org.). (Re)invenção pedagógica? Re�exões acerca do uso de tecnologias digitais na educação. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2012. KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010. LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e pro�ssão docente. São Paulo: Cortez Editora, 1998. LIBERATO, Y.; FULGÊNCIO, L. É possível facilitar a leitura: um guia para escrever claro. São Paulo: Contexto, 2009. MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. MATIAS, A. M. Leitura e produção textual. Porto Alegre: Grupo A, 2015. MELLO, S. A.; SILVA, G. F. BNCC: um currículo integrador da infância brasileira. Maceió, 2016. Disponível em: http://www.seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/2432. Acesso em: 15 abr. 2020. RAIMUNDO, A. P. P. A mediação na formação do leitor. In: COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS, 3., 2007, Maringá. Anais [...]. Maringá: UEM, 2007. p. 107-117. Disponível em: http://ple.uem.br/3celli_anais/trabalhos/estudos_literarios/pdf_literario/010.pdf. Acesso em: 8 abr. 2020. SILVA, R. A. Compreender o ato de ler e praticar a leitura na vida e na escola. 2011. Disponível em: http://alb.org.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem07pdf/sm07ss06_09.pdf. Acesso em: 15 abr. 2020. SOARES, M. Alfabetização e letramento. São Paulo: Editora Contexto, 2017. VIEIRA, L. A. Formação do leitor: a família em questão. In: SEMINÁRIO DA BIBLIOTECA ESCOLAR, 3., 2004, Belo Horizonte. Anais [...]. Belo Horizonte: Escola de Ciência da Informação da UFMG, 2004. Disponível em: http://gebe.eci.ufmg.br/downloads/308.pdf. Acesso em: 8 abr. 2020. ZILBERMAN, R.; LOJOLO. M. Literatura infantil brasileira: história e histórias. 6. ed. São Paulo: Ática, 1999.
Compartilhar