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TEMA 01 CONCURSO DE CRIMES Aula III Crime Continuado I

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MÓDULO 6: CONCURSO DE CRIMES, 
ERRO E CONSEQUÊNCIAS DA 
CONDENAÇÃO 
 
TEMA 1 – CONCURSO DE CRIMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESUMO 
 
Origem Histórica: 
 
O crime continuado é a espécie mais polêmica de concurso de crimes, desde a sua natureza 
jurídica até o alcance de cada um de seus requisitos. 
 
Previsto no artigo 71, do Código Penal, quando o agente, mediante mais de uma ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, com condições de tempo, lugar e 
maneira de execução semelhantes, cria-se uma suposição de que os subsequentes são uma 
continuação do primeiro, formando a continuidade delitiva. 
 
Sua origem histórica remonta ao século XIV, idealizado pelos glosadores italianos Bartolo de 
Sassoferrato e Baldo de Ubaldi como forma de reação às leis penais excessivamente severas, 
impondo a aplicação de pena de morte ao agente que pela terceira vez praticasse o furto. O 
tratamento era, sem dúvida, cruel, mormente numa época de tanta fome e desolação na Europa1. 
 
A ideia por esses glosadores foi posteriormente desenvolvida, entre os anos de 1500 e 1600, 
pelos práticos italianos Prospero Farinacio e Julio Claro, a fim de se evitar a pena de morte em 
situações acima descritas. Da Idade Média, o crime continuado foi abraçado por todas as futuras 
legislações. 
 
Guilherme de Souza Nucci, fazendo referência a Pisapia, ensina que a primeira disposição 
legislativa a respeito do crime continuado é encontrada na Toscana pela Lei de 30 de agosto de 
1795 e pela Circular de 20 de fevereiro de 1821. Essas normas previam que se reconhece o furto 
continuado, mesmo tratando-se de furtos cometidos em tempo e lugar diversos, com vítimas 
diferentes, desde que compreendidos no prazo de 20 horas. Nucci acentua que o melhor 
tratamento normativo para o instituto, no entanto, foi obtido no Código Toscano de 1853, no qual 
se estabelece, no artigo 80, a seguinte redação: “Várias violações da mesma norma penal 
cometidas num mesmo contexto de ações ou, mesmo que em momentos diversos, com atos 
executórios frutos da mesma resolução criminosa, consideram-se um só delito continuado; mas 
a continuidade do delito acresce a pena dentro dos seus limites legais”2. 
 
 
1 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXIII, pag. 847. 
2 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXIII, pag. 848. 
 
 
Aula III – Crime Continuado I 
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Natureza Jurídica: 
 
A discussão gira em torno em se definir se as várias condutas formadoras do crime continuado 
realizam um único crime ou se constituem em diversos delitos. Duas são as teorias que buscam 
explicar os fundamentos dessa modalidade de concurso de infrações. 
 
1) Teoria da Ficção Jurídica: desenvolvida por Francesco Carrara, o crime continuado é uma 
ficção criada pela lei ao considerar a unidade delitiva, para fins de aplicação da pena, quando, 
na realidade, existem vários delitos. Os diversos crimes parcelares formam uma unidade 
exclusivamente para fins de aplicação da pena. 
 
2) Teoria da Realidade: considera a continuidade delitiva como crime único. Os vários 
comportamentos lesivos do agente constituem efetivamente um crime único, uma vez que são 
elos de uma mesma corrente e traduzem uma unidade de intenção que se reflete na unidade de 
lesão3. 
 
A teoria da ficção jurídica foi a escolhida pelo artigo 71, do Código Penal, à medida que não se 
ignora a pluralidade de crimes, mas se considera como crime único somente para fins de 
aplicação da pena, sofrendo o agente uma exasperação. 
 
Tanto que para as demais finalidades, os diversos crimes serão considerados de maneira 
isolada, a exemplo da prescrição (artigo 119, CP), que se opera em relação a cada delito, e a 
Súmula 497 do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual “quando se tratar de crime 
continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o 
acréscimo decorrente da continuação”. 
 
Requisitos: 
 
São três os requisitos exigidos pelo artigo 71, do Código Penal, para a caracterização da 
continuidade delitiva. 
 
a) Pluralidade de condutas (mais de uma ação ou omissão). 
b) Pluralidade de crimes da mesma espécie. 
c) Condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes. 
 
A respeito da pluralidade de condutas, à semelhança do que ocorre com o concurso material, 
exige-se mais de uma ação ou omissão, valendo lembrar que uma única conduta pode ser 
desmembrada em diversos atos. 
 
3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, Parte Geral 1. SP: Saraiva, 17ª ed., pág. 774. 
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A doutrina e a jurisprudência são dissentes no tocante à conceituação de crimes da mesma 
espécie. 
 
A primeira posição, amplamente consolidada na jurisprudência, em especial no Superior Tribunal 
de Justiça, entende que crimes da mesma espécie são aqueles contemplados no mesmo 
dispositivo legal, sejam consumados ou tentados, na forma simples ou qualificada. 
 
Mas isso não basta, a exemplo dos crimes de roubo e latrocínio, os quais, embora presentes no 
mesmo tipo penal, não são considerados, pela maioria, como crimes de mesma espécie. Conclui-
se, portanto, que, mais do que estarem presentes no mesmo dispositivo legal, é necessário que 
possuam a mesma estruturação típica, tutelando idêntico bem jurídico. 
 
O mesmo raciocínio se aplica aos crimes de roubo e furto, tendo a continuidade delitiva entre 
ambos afastada pelo Superior Tribunal de Justiça. 
 
Nas lições de Guilherme de Souza Nucci4, filiado na primeira corrente, entende como crime da 
mesma espécie o conjunto dos delitos previstos no mesmo tipo penal. Furtos são da mesma 
espécie. Os crimes que tutelam o mesmo bem jurídico são de idêntico gênero. Furto e roubos 
estão no universo dos crimes contra o patrimônio. O jurista faz uma analogia com a divisão da 
própria natureza das coisas: um felino é o gênero do qual se podem extrair várias espécies. Um 
leão e uma onça não são da mesma espécie. 
 
Para uma segunda corrente, mais abrangente, considera-se crimes da mesma espécie os que 
protegem o mesmo bem jurídico, pouco importando se se encontram ou não no mesmo tipo 
penal. Nessa ótica, seria possível a formação de crime continuado entre roubo e furto, pois 
ambos tutelam o patrimônio. Assim como a continuidade delitiva entre furto mediante fraude e 
estelionato. 
 
Condições de tempo: é imprescindível a existência de um certo ritmo entre as ações sucessivas, 
já que os demais crimes serão, fictamente, considerados como continuação do primeiro. Precisa 
existir uma conexão temporal, não seadmitindo intervalos excessivos entre as práticas 
criminosas. 
 
A jurisprudência majoritária adotou como norte o interregno de 30 dias entre as infrações. Ou 
seja, entre um delito parcelar e o outro não poderia transcorrer tempo superior a 1 mês. O 
Supremo Tribunal Federal, contudo, já admitiu a continuidade delitiva com intervalo temporal de 
até 3 anos entre as condutas em crimes contra a ordem tributária. 
 
 
4 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXIII, pag. 851. 
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Malgrado o necessário critério objetivo estabelecido pelas Cortes Superiores, diante da omissão 
da lei, é certo que a casuística reclama a razoabilidade, não devendo o julgador se ater ao estrito 
prazo de 30 dias, sendo este apenas um parâmetro a ser adotado, em prol da segurança jurídica 
e da legalidade. 
 
Nesse sentido, preleciona Nucci que o juiz não deve ficar limitado a este posicionamento, embora 
possa tomá-lo como parâmetro. Cita o exemplo de um agente que comete vários delitos com 
intervalos regulares de dois meses entre eles. O caso concreto reclama o benefício do crime 
continuado, mesmo havendo mais de um mês entre os delitos, pois foi observado um ritmo 
preciso entre todos5. 
 
Condições de espaço: a conexão espacial é exigida também, pois, assim como ocorre na 
conexão temporal, a continuidade delitiva funda-se na manutenção de certo ritmo entre as ações 
delitivas. 
 
A jurisprudência firmou como parâmetro o critério de localidades próximas, compreendendo 
como tais a mesma cidade ou, no máximo, cidades limítrofes ou contíguas. 
 
As diversidades encontradas na doutrina e nos julgados são imensas, envolvendo “mesma rua”, 
“mesmo bairro”, “mesma cidade”, “mesma região”, “cidades vizinhas”, “mesmo Estado da 
federação” etc. Por isso, chegou-se a uma maioria efêmera de se cuidarem de “cidades 
próximas”. No entanto, adverte Nucci 6 que essa ampla variação não pode ser admitida, 
merecendo a disposição legal uma reforma para melhor estabelecer os critérios, sob pena de se 
comprometer a legalidade. 
 
Formas de execução: é o modus operandi utilizado pelo agente para a prática de crimes, 
exigindo, para a caracterização da continuidade, uma semelhança entre os métodos utilizados 
na satisfação do intento criminoso. Não há necessidade de identidade absoluta, sendo 
perfeitamente possível a configuração do crime continuado entre um furto praticado mediante 
escalada e outro, mediante arrombamento, desde que se demonstre que o agente ora age da 
primeira forma, ora por outra. 
 
O mesmo raciocínio se aplica no caso de variação de comparsas ou variação entre autoria e 
participação, não influindo, esses fatores, para a caracterização da continuidade delitiva, pois 
retratam aspectos não substanciais para tais fins, à medida que o importante é a existência de 
uniformidade de pessoas conluiadas para cometer crime. O agente, embora possa ter um padrão 
de comportamento, nem sempre agirá de idêntica forma, tanto que a lei traz a expressão 
 
5 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXIII, pag. 852. 
6 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXIII, pag. 852. 
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“semelhança”7. Não obstante esse posicionamento, o Superior Tribunal de Justiça entende de 
forma diferente, conferindo uma aplicação mais restrita ao crime continuado. 
 
Por fim, o Código Penal, valendo-se de interpretação analógica, permite a aferição de outras 
condições objetivas para a caracterização da continuidade, também denominada de conexão 
ocasional, como o exemplo do sujeito sempre obter do mesmo informante os dados necessários 
para praticar crimes de estelionato8. 
 
Delinquência habitual (profissional): o crime continuado não se aplica ao criminoso habitual, 
entendido como aquele que faz do crime um autêntico meio de ganhar a vida, justamente por ter 
sido criado para beneficiar o delinquente eventual. Caso contrário, se desvirtuaria a finalidade do 
instituto. 
 
Situação diversa, contudo, é do crime habitual, em que é perfeitamente possível ser praticado 
em continuidade delitiva. Afasta-se, portanto, o benefício do criminoso que, habitualmente, 
pratica vários delitos instantâneos ou permanentes, ao passo que se considera a continuidade 
ao agente que pratica um crime habitual (manter casa de prostituição), havendo uma interrupção 
qualquer, seguida de outro delito habitual idêntico9. 
 
A propósito, salutar a diferenciação entre delito habitual e crime continuado, que, conforme as 
lições de Nucci, no crime habitual, cada um dos episódios agrupados não é punível em si mesmo, 
pois pertence a uma pluralidade de atos requeridos no tipo para configurar um fato punível. No 
delito continuado, cada uma das condutas agrupadas reúne, por si mesma, todas as 
características do fato punível. Enquanto no crime habitual a pluralidade de atos é um elemento 
do tipo, tal como o exercício ilegal de medicina, que deve cumprir-se habitualmente, na 
continuidade, ao invés, cada ato é punível e o conjunto constitui um delito por obra da 
dependência de todos eles10. 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
“ (...) Para Zaffaroni e Pierangeli[4], que se referem à figura do crime continuado como “falso 
crime continuado” ou “concurso material atenuado”, o artigo 71 do nosso Código Penal busca 
“estabelecer uma atenuação nos casos de menor culpabilidade, por causa da unidade ou 
condições objetivas, que fundamentam o juízo de culpabilidade.”. Segundo os citados penalistas, 
as circunstâncias referidas pelo Código Penal fazem parte da culpabilidade, as que dizem 
respeito às motivações do agente, não podendo, portanto, ser desvinculada da culpabilidade do 
crime anterior. Percebe-se, na verdade, que a figura do crime continuado é uma ficção jurídica, 
 
7 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXIII, pag. 853 
8 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXIII, pag. 853. 
9 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXIII, pag. 854. 
10 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXIII, pag. 859. 
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visando amenizar a regra do concurso material. Nosso Código adota em relação à natureza 
jurídica e para fins de aplicação da pena no crime continuado a teoria da ficção jurídica, já que 
existem vários delitos. (...)” 
 
Para a íntegra do texto, segue link abaixo: 
 
Algumas considerações sobre o crime continuado 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. 
ESTUPRO. PRÁTICA DE ATOS LIBIDINOSOS DIVERSOS DA CONJUNÇÃO CARNAL. CRIME 
CONSUMADO.MAIORES INCURSÕES SOBRE O TEMA QUE DEMANDARIAM 
REVOLVIMENTO FÁTICO-COMPROBATÓRIO. IMPROPRIEDADE DO WRIT. 
DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE ROUBO PARA FURTO. EMPREGO DE VIOLÊNCIA. 
IMPOSSIBILIDADE. CONTINUIDADE DELITIVA. CRIMES DE ESPÉCIES DISTINTAS.CONCURSO MATERIAL CONFIGURADO. QUANTUM DE PENA E REGIME PRISIONAL 
FECHADO MANTIDOS. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal 
pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso 
legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo 
quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 
2. A reforma introduzida pela Lei n. 12.015/2009 condensou num só tipo penal as condutas 
anteriormente tipificadas nos arts. 213 e 214 do Código Penal, constituindo, hoje, um só crime o 
constrangimento, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou 
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Como ato libidinoso deve ser entendido 
qualquer ato diverso da conjunção carnal revestido de conotação sexual. 
3. Considerando os atos lascivos aos quais a vítima foi submetida, claramente atentatórios à sua 
dignidade sexual, resta consumado o crime de estupro, não havendo se falar, portanto, em 
tentativa. De mais a mais, maiores incursões acerca do tema demandariam revolvimento fático-
comprobatório dos autos, o que não se coaduna com a via do habeas corpus. 
4. Nos termos do decidido pela Terceira Seção deste Superior Tribunal no julgamento do Recurso 
Especial n. 1.499.050/RJ, submetido ao rito dos recursos repetitivos, "consuma-se o crime de 
roubo com a inversão da posse do bem, mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda 
que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa 
roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada". Mais recentemente, 
em 14/9/2016, a Terceira Sessão aprovou a Súmula n. 582, com a mesma redação. Além disso, 
evidenciado o emprego de violência na prática delitiva, elementar do crime de roubo, descabe a 
desclassificação da conduta para o tipo penal do art. 155 do CP. 
5. Tratando-se de crimes de espécies distintas, ainda que praticados em um mesmo contexto 
fático, forçoso reconhecer a impossibilidade de reconhecimento da continuidade delitiva entre as 
condutas e, por consectário, deve ser mantida a somatória das penas impostas ao réu pela 0
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https://www.conjur.com.br/2012-out-29/leonardo-yarochewsky-algumas-consideracoes-crime-continuado
prática de cada um dos delitos por ele perpetrados. Destarte, permanecendo inalterado o 
quantum de reprimenda definido pelas instâncias ordinárias, deve ser igualmente mantido o 
regime prisional fechado, nos moldes do art. 33, § 2º, "a", do CP. 6. Writ não conhecido. (STJ, 
HC 390.463/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 13/06/2017, DJe 
22/06/2017). 
 
“PENAL. RECURSO ESPECIAL. ROUBO. CONTINUIDADE DELITIVA AFASTADA. AUSÊNCIA 
DE UNIDADE DE DESÍGNIOS E DE SEMELHANÇA ENTRE AS CONDIÇÕES DE LUGAR E 
MANEIRA DE EXECUÇÃO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. 
1. Ao interpretar o art. 71 do Código Penal, adotou esta Corte a teoria mista, ou objetivo-
subjetiva, segundo a qual, caracteriza-se a ficção jurídica do crime continuado quando 
preenchidos tanto os requisitos de ordem objetiva - mesmas condições de tempo, lugar e modo 
de execução do delito -, quanto o de ordem subjetiva - a denominada unidade de desígnios 
ou vínculo subjetivo entre os eventos criminosos, a exigir a demonstração do entrelaçamento 
entre as condutas delituosas, ou seja, evidências no sentido de que a ação posterior é um 
desdobramento da anterior. 
2. Incontroversos os fatos, não há continuação delitiva entre roubos sucessivos e autônomos, 
com diferenças tanto na maneira de execução do delito quanto nas condições de lugar. 
3. Segundo entendimento desta Corte, a simples reiteração de condutas delituosas - mormente 
com diferentes coautores e modus operandi diferenciado - não configura, de pronto, a 
continuidade delitiva. As exigências legais devem restar preenchidas sob pena de se tornar mero 
ornato o concurso material e de se confundir o crime continuado com a perseveratio in crimine 
(REsp 508.725/SP, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJ 16/02/2004). 
4. Ademais, verificada a diversidade da maneira de execução dos diversos delitos, agindo o 
recorrido ora sozinho, ora em companhia de comparsas, não se configura a continuidade delitiva, 
mas sim a habitualidade criminosa (REsp 421.246/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA 
TURMA, julgado em 15/12/2009, DJe 22/02/2010). 
5. Recurso especial provido para, afastada a continuidade delitiva, reconhecer o concurso 
material dos delitos perpetrados, determinando o retorno dos autos ao juízo das execuções para 
somatória e readequação das penas.”. (REsp 1465136/RS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, 
SEXTA TURMA, julgado em 06/06/2017, DJe 13/06/2017). 
 
“PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO 
ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. CRIMES DE ROUBO MAJORADOS. 
APLICAÇÃO DO CONCURSO MATERIAL DE CRIMES. TESE DE INCIDÊNCIA DA 
CONTINUIDADE DELITIVA. ROUBOS DE VEÍCULOS COMETIDOS EM SEQUÊNCIA, NA 
MESMA MADRUGADA, MEDIANTE O MESMO MODUS OPERANDI, COM OS MESMOS 
COMPARSAS. CONTINUIDADE DELITIVA AFASTADA PELO TRIBUNAL DE 2º GRAU POR 
REPUTÁ-LA INADMISSÍVEL NOS CRIMES DE ROUBO. NÃO OCORRÊNCIA. INCIDÊNCIA DA 
CONTINUIDADE DELITIVA QUALIFICADA. CRIMES COMETIDOS MEDIANTE VIOLÊNCIA OU 
GRAVE AMEAÇA CONTRA VÍTIMAS DIFERENTES. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 0
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ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 
1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiça ser 
inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de revisão criminal, 
admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de ilegalidade flagrante, abuso 
de poder ou teratologia. 
2. Em regra, não se presta o remédio heroico ao reconhecimento da continuidade delitiva, dada 
a necessidade de exame aprofundado da prova para se infirmar o entendimento adotado pelas 
instâncias ordinárias. Contudo, a jurisprudência desta Corte admite, em caráter excepcional, a 
aplicação da regra do crime continuado, em detrimento da regra do concurso material, quando 
evidenciada a presença dos requisitos legais do art. 71 do Código Penal pela simples leitura do 
acórdão impugnado tal como ocorre na espécie. Precedentes. 
3. Conforme assentado no acórdão impugnado, os três delitos de roubo imputados ao paciente 
foram praticados em sequência, na mesma madrugada, mediante o mesmo modus operandi, em 
companhia dos mesmos comparsas, havendo vínculo subjetivo entre os eventos, cometidos de 
forma sequenciada, somente tendo sido afastada a continuidade delitiva pelo Tribunal de origem 
por entender que o roubo é conduta que não admite a forma do crime continuado. Isso porque 
cada exercício da grave ameaça, ou violência, se torna um ato próprio e é executado de modo 
independente do anterior. 
4. Incidência do disposto no parágrafo único do art. 71 do CP - denominada continuidade delitiva 
qualificada ou específica - a qual permite o aumento das penas até o triplo -, aplicável aos delitos 
dolosos, cometidos mediante violência ou grave ameaça, praticados contra vítimas diferentes. 
5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida para, afastando o concurso material de 
crimes, determinar o retorno dos autos ao Tribunal a quo, para proceder à nova dosimetria da 
pena, a fim de que seja aplicada a continuidadedelitiva qualificada, nos termos do art. 71, 
parágrafo único, do CP. (STJ, HC 134.301/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, 
julgado em 09/06/2015, DJe 18/06/2015). 
 
“RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. ARTS. 304 E 297 DO CP. TESE DE 
TIPICIDADE DA CONDUTA. SUBSUNÇÃO DO FATO À NORMA. OBJETO JURÍDICO 
VIOLADO. FÉ PÚBLICA. REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. NECESSIDADE DE INCURSÃO NO 
CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. AÇÕES PENAIS SEM NOTÍCIA DE TRÂNSITO EM 
JULGADO. IMPOSSIBILIDADE DE VALORAÇÃO NEGATIVA DA CONDUTA SOCIAL. 
CONFISSÃO QUALIFICADA. CONFIGURAÇÃO DA ATENUANTE. CONDUTAS MÚLTIPLAS. 
CONTINUIDADE DELITIVA CONFUGURADA. SÚMULA 7/STJ. RECURSO PARCIALMENTE 
PROVIDO. 
1. O art. 297 do Código Penal, ao dispor que o crime de falsificação de documento público 
consiste em Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público 
verdadeiro, não distingue se ele provém de autoridade nacional ou estrangeira, desde que 
respeitada a forma prescrita pelo ordenamento jurídico brasileiro. 
2. O objeto juridicamente tutelado no dispositivo legal, consistente na fé pública, é 
inequivocamente violado nas hipóteses em que o passaporte contrafeito é apresentado à Polícia 0
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Federal por ocasião da abordagem realizada em Aeroporto Internacional, havendo tentativa de 
saída irregular do país e burla ao controle aeroportuário de fronteiras. 
3. Considerando que as instâncias ordinárias, soberanas no exame da matéria fático-probatória, 
entenderam pela existência de elementos probatórios suficientes à condenação, descabe a esta 
Corte Superior a revisão do julgado, pois demandaria a incursão no acervo probatório dos autos, 
o que lhe é vedado, a teor da Súmula 7/STJ. 
4. Ações penais, sem notícia de trânsito em julgado, não se prestam a fundamentar a valoração 
negativa dos antecedentes criminais, tampouco da conduta social ou da personalidade, por força 
da Súmula 444/STJ: [é] vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para 
agravar a pena-base. 
5. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a confissão, ainda que qualificada, 
deve ser reconhecida e considerada para fins de atenuar a pena. 
6. A apresentação de passaporte falsificado por mais de uma vez perante as autoridades 
públicas competentes é apta a configurar a continuidade delitiva, conclusão cuja reversão não 
cabe a esta Corte Superior, nos termos do enunciado sumular n. 7/STJ.”. 
7. Recurso especial conhecido parcialmente e, nessa extensão, parcialmente provido. 
(STJ, REsp 1522231/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 
03/08/2017, DJe 14/08/2017). 
 
FONTE BIBLIOGRÁFICA 
 
NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2017 – Artigo 59. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza, Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Vol. 1, 
págs. 743 a 838. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. RJ: Forense, 
2017, 9ª ed. Vol. 2. Nota 24 do artigo 61; nota 125 do artigo 89, ambos da Lei de Juizados 
Especiais. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza, Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 4. 
ed. Rio de janeiro: Forense, 2015. 
 
 
 
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