Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 MÓDULO 6: CONCURSO DE CRIMES, ERRO E CONSEQUÊNCIAS DA CONDENAÇÃO TEMA 1 – CONCURSO DE CRIMES 0 76 23 89 27 38 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 RESUMO A unidade de desígnios no crime continuado: Três são as teorias que disputam o tratamento do crime continuado, mormente no tocante à necessidade, ou não, de unidade de desígnio. Isto é, seria imprescindível, além dos requisitos objetivos trazidos pelo artigo 71, do Código Penal, a presença de unidade de propósito na prática dos diversos delitos? 1. Teoria Subjetiva: essa posição, quase ignorada pela doutrina, revelando-se tese isolada, seguida pela jurisprudência suíça, exige apenas unidade de desígnios para a caracterização do crime continuado, independentemente da presença dos requisitos de natureza objetiva (condições de tempo, lugar maneira de execução ou outras semelhantes). 2. Teoria Objetiva: preconiza que para o reconhecimento da continuidade delitiva basta a presença dos requisitos objetivos dispostos no artigo 71, do Código Penal, quais sejam, crimes da mesma espécie, praticados mediante semelhantes condições de lugar, tempo, modo de execução, entre outras. Essa tese dispensa qualquer elemento subjetivo, sendo prescindível a unidade de desígnio. Filiam-se a essa teoria Fragoso, Frederico Marques, Hungria, Delmanto, Paulo José da Costa Jr., Costa e Silva. 3. Teoria Objetivo-Subjetiva ou Mista: exige-se, para a prova do crime continuado, não somente a demonstração dos requisitos objetivos, mas, ainda, a prova da unidade de desígnio. Para essa teoria é imprescindível, também, que o agente tenha o objetivo de atingir todos resultados típicos. É a posição adotada pelo Superior Tribunal de Justiça e defendida pelos juristas nacionais Roberto Lyra, Basileu Garcia, Noronha, Silva Franco e Damásio. Guilherme de Souza Nucci tece uma ponderação ao lecionar que, apesar da teoria mista ser a ideal, fato é que o legislador penal adotou a teoria objetiva, posto não ter previsto expressamente nenhum requisito subjetivo, cuja introdução é forçada, ferindo-se a reserva legal. A teoria mista, nos dizeres de Nucci1, é a ideal por trazer uma autêntica diferença entre o concurso material e o crime continuado, exigindo-se, para o último, a unidade de desígnio. 1 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXIII, pag. 855. Aula IV – Concurso Continuado II 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 Somente deveria ter direito ao reconhecimento desse benefício legal (crime continuado) o agente criminoso que demonstrasse ao juiz o seu intento único, o seu propósito global, vale dizer, evidenciasse que, desde o princípio, ou pelo menos durante o iter criminis, tinha o propósito de cometer um crime único, embora por partes. O mencionado jurista traz o exemplo da balconista de uma loja que, pretendendo subtrair R$ 1.000,00 do seu patrão, comete vários e contínuos pequenos furtos até atingir a almejada quantia. Completamente diferente seria a situação daquele ladrão que comete furtos variados, sem qualquer rumo ou planejamento, tampouco objetivo único. Entretanto, apesar disso, a lei penal adotou claramente a teoria objetiva pura. O item 59 da Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do Código Penal traz em seu bojo: “O critério da teoria puramente objetiva não revelou na prática maiores inconvenientes, a despeito das objeções formuladas pelos partidários da teoria objetivo-subjetiva”. Espécies de crime continuado e dosimetria da pena: O crime continuado pode ser simples, previsto no artigo 71, caput, do Código Penal, ou qualificado, também chamado de específico, contemplado no artigo 71, parágrafo único, do diploma penal. Caracterizado o crime continuado simples, sendo os delitos idênticos, aplica-se a pena de um só dos crimes, aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços); tratando-se de delitos distintos, aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada do mesmo percentual (1/6 a 2/3). O legislador, no parágrafo único, do artigo 71, do CP, na intenção de empregar maior rigorismo às condutas dolosas, contra vítimas diferentes, praticadas com violência ou grave ameaça à pessoa, possibilitou ao julgador, considerando as circunstâncias judiciais (culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos e circunstâncias) aumentar a reprimenda até o triplo, seguindo a mesma lógica quando os delitos forem idênticos – pena de qualquer dos crimes -, ou diversas – pena do crime mais grave. Assim, o agente que pratica vários roubos contra a mesma pessoa receberá o aumento de um sexto até dois terços; ao passo que o outro agente que, atuando contra vítimas diferentes, poderá receber uma pena triplicada, embora cometendo o mesmo tipo de delito2. 2 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXIII, pag. 859. 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 Importante notar que, antes da reforma da Parte Geral do Código Penal, introduzida pela Lei 7.209/1984, não se permitia o reconhecimento da continuidade delitiva para os delitos contra a vida, ofendendo bens personalíssimos, tanto que tal posicionamento era previsto na súmula 605, do Superior Tribunal Federal (“Não se admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida”). Após a introdução do parágrafo único, ao artigo 71, do Código Penal, essa discussão não mais subsiste, tendo o próprio Pretório Excelso afastado a incidência da súmula, proferindo decisões positivas quanto à caracterização da continuidade quando se tratar de bens jurídicos personalíssimos. No tocante à prescrição, a regra é a mesma para qualquer modalidade de concurso de crimes, ou seja, o cálculo incide sobre a pena de cada um dos crimes, isoladamente. Nesse sentido, a súmula 497, do Supremo Tribunal Federal, especificamente em relação ao crime continuado: “Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.”. Multa no concurso de crimes: Uma primeira corrente posiciona-se pelo somatório das penas de multa, independentemente da modalidade de concurso de crimes, nos estritos termos do artigo 72, do Código Penal. A segunda corrente, filiando-se parcialmente ao entendimento anterior, excetua apenas o crime continuado, estipulando que a pena de multa deve seguir a mesma exasperação empregada para a pena privativa de liberdade. Isto porque, tratando-se de ficção jurídica, em que o legislador considerou a formação de crime único, inviável seria desconsiderar isso para as penas de multa, somando-as. LEITURA COMPLEMENTAR“Havia uma polêmica devido à divergência jurisprudencial em relação a admissão da continuidade delitiva entre crimes que atingissem bens jurídicos personalíssimos que eram praticados com violência ou grave ameaça e contra vítimas diferentes. Os tribunais mais liberais passaram a aceitar a existência de crime continuado entre estupros, entre homicídios, entre roubos ou entre outros crimes graves. O STF, adotando posição mais conservadora e severa, tinha decidido que “não se admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida” (súmula 605). Contudo, com a Reforma Penal, a questão foi resolvida no sentido de que é cabível o crime continuado nas condutas que ferem bens jurídicos personalíssimos, como infrações contra a vida, a integridade física, a liberdade sexual. Nestes casos, a pena aplicada pelo crime unificado será aumentada até o triplo. É o que se denomina de crime continuado especial ou impróprio. (...)” 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 Para a íntegra do texto, segue link abaixo: Crime continuado e a aplicação da pena nos crimes contra a vida JURISPRUDÊNCIA “PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ART. 217-A, C.C ART. 226, II, AMBOS DO CP). CONTINUIDADE DELITIVA. ART. 71 DO CP. RECONHECIMENTO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM PELA SIMPLES PRESENÇA DOS REQUISITOS OBJETIVOS. ADOÇÃO DA TEORIA MISTA. NECESSIDADE DE EXISTÊNCIA DE VÍNCULO SUBJETIVO (UNIDADE DE DESÍGNIOS). REQUISITO NÃO ANALISADO PELA CORTE ESTADUAL. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS PARA QUE SEJA DEBATIDO A RESPEITO DA EXISTÊNCIA DO REQUISITO SUBJETIVO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça adota a Teoria Mista para a aplicação da regra da continuidade delitiva, prevista no art. 71 do CP, a qual determina que é imprescindível o preenchimento dos requisitos de ordem objetiva - mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução - e de ordem subjetiva - unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos. 2. Assim, tendo o Tribunal a quo reconhecido a citada ficção jurídica afirmando ser desnecessário o preenchimento do quesito subjetivo, entendeu em desacordo com a jurisprudência desta Corte superior, razão pela qual, os autos devem ser restituídos ao Sodalício de origem para a análise da regra da continuidade delitiva à luz da teoria mista. Precedente. 3. Recurso especial parcialmente provido para que seja determinado que o Colegiado estadual analise acerca da existência de unidade de desígnios entre as condutas, para fins de aplicação ou não da continuidade delitiva.” (STJ, REsp 1477801/RS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 08/08/2017, DJe 16/08/2017). “AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CONTINUIDADE DELITIVA. UNIFICAÇÃO DAS PENAS. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS AO SEU RECONHECIMENTO. 1. Na hipótese, não se verifica a presença dos requisitos necessários ao reconhecimento da continuidade delitiva, na medida em que, segundo a orientação jurisprudencial dessa Corte, além de preenchidos os requisitos de natureza objetiva, deve existir um dolo unitário ou global, que torne coesas todas as infrações perpetradas, por meio da execução de um plano preconcebido, o que, consoante se verifica do acórdão impugnado, não se encontra presente. 2. Ademais, é inviável a apreciação aprofundada dos elementos e das provas constantes do processo para afastar as conclusões apresentadas na origem e afirmar o preenchimento dos requisitos necessários à aplicação do art. 71 do Código Penal. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.”. (STJ, AgRg no HC 385.365/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 08/08/2017, DJe 17/08/2017). 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,crime-continuado-e-a-aplicacao-da-pena-nos-crimes-contra-a-vida,50637.html FONTE BIBLIOGRÁFICA NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017 – Artigo 59. NUCCI, Guilherme de Souza, Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Vol. 1, págs. 743 a 838. NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. RJ: Forense, 2017, 9ª ed. Vol. 2. Nota 24 do artigo 61; nota 125 do artigo 89, ambos da Lei de Juizados Especiais. NUCCI, Guilherme de Souza, Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 4. ed. Rio de janeiro: Forense, 2015. 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8
Compartilhar