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Unidade 1 IARA CHAVES GESTÃO DE STARTUPS Neste capítulo, vamos estudar o empreendedorismo passo a passo, de forma integrada. O estudo se concentra no processo interativo que o leva em direção à solução ideal. À medida que o mundo se torna mais complexo e os problemas mais urgentes, a necessidade de empreendedores só aumentará. Essa estrutura permitirá que empreendedores intrépidos encontrem de maneira rápida e eficiente o caminho para as melhores soluções. Figura 1 – Startup Fonte: Pixabay Unidade 1| Introdução Unidade 1| Objetivos 1. Conceituar e classificar as startups: edtechs, fintechs, healthtechs, etc. 2. Discernir quanto aos melhores ecossistemas e parques tecnológicos para suprir as necessidades básicas de uma startup. 3. Identificar as etapas que compõem a fase de planejamento de uma startup. 4. Compreender as etapas de implantação de uma startup. 1. História, conceito e classificação das startups Sobre a evolução histórica das startups, faz-se determinante compreender o cenário político mundial do pós-Segunda Guerra, com olhar direcionado principalmente para os Estados Unidos. Figura 2 – Implantação Fonte: Pixabay Schumpeter foi o primeiro economista que definiu os empresários como os principais agentes do crescimento econômico que criam novos produtos, encontram e desenvolvem novos métodos de produção e alocam outras inovações para estimular a evolução econômica. Ele introduziu o termo "destruição criativa" na economia. De acordo com a “destruição criativa”, os empreendedores continuamente deslocam, substituem ou destroem produtos ou métodos de produção existentes por novos. Os resultados positivos desses processos são a oportunidade de criar novas tecnologias e novos produtos para satisfazer as mudanças nas necessidades dos clientes e melhorar as atividades econômicas gerais (BRIZEK, 2014). Conforme Schumpeter (1988, p. 48), “a inovação é um aspecto da estratégica de negócios ou uma parte do conjunto de decisões de investimentos para criar capacidades de desenvolvimento de produto ou para melhorar a eficiência”. O empreendedorismo corporativo é um conjunto de atividades para aprimorar a capacidade de uma empresa de inovar, assumir riscos e aproveitar as oportunidades que são alocadas no mercado. O empreendedorismo corporativo é voltado para o estabelecimento de novos negócios, nova alocação de mercado com mais negócios ou ambos (ZAHRA, 1991 apud BRIZEK, 2014). A partir da segunda metade do século XX, a díade capital de risco e empreendedorismo de startups surge em sua forma atual e desde de lá vem crescendo de forma geométrica. Esse crescimento recorrente das startups ainda não possui uma fórmula única ficando ainda encoberta. A startup adapta um modelo de negócios e uma estratégia diferente das empresas mais antigas, tornando a esfera digital uma poderosa aliada. Assim, as startups possuem uma clara vantagem porque não possuem legado ou restrições corporativas, e a inovação e a adoção de novas tecnologias são aspectos fundamentais para esses novos negócios. Conceito de startup As startups são vistas como atores-chave em todo o cenário de inovação. A denominação startup é cada vez mais usada, apesar de muitas vezes essa definição não ser clara. Na verdade, uma nova empresa usando novas tecnologias não é o suficiente para usar essa denominação. Dessa forma, é importante definir adequadamente o que é uma startup para entender plenamente o seu lugar na economia. Figura 3 – Conceito Fonte: Pixabay Para ser uma startup, a nova empresa deve cumprir quatro características: a temporária, a busca de um modelo de negócio, ser industrializada e reproduzível e escalável. O temporário de uma startup trata do fato de que ser uma startup não é um objetivo. O termo startup está vinculado a uma fase de pesquisa, e o objetivo principal é sair dessa fase, transformando uma ideia em um empreendimento. Ou seja, a startup está em busca de um modelo de negócio, que corresponde ao segundo objetivo. 2. Ecossistemas e parques tecnológicos A indústria tradicional e as grandes corporações são menos relevantes em comparação com os cenários de negócios atuais, pois os novos negócios de hoje estão se fundindo em um ambiente amplamente conectado, contornando a era industrial e da informação, fazendo com que as empresas de tijolo e argamassa de antigamente diminuam seu valor (JACKSON, 2011). Figura 4 – Tecnológicos Fonte: Pixabay As primeiras startups foram criadas em um ecossistema que foi demarcado por um lugar como o Vale do Silício, em Boston. O empreendedorismo de hoje é uma ocorrência global que precisa de um cenário interconectado, com menos dinheiro e o consumidor adotando a nova tecnologia em uma velocidade surpreendente. O papel crítico do ecossistema de startups no financiamento dos empreendimentos, disponibilizando o talento e a habilidade, tornou a inovação que nunca foi limpa ou linear possível (JACKSON, 2011). Ecossistemas de startups são locais de trabalho criativos nos quais empreendedores buscam validar ideias inovadoras em um curto período de tempo, convertendo-as em negócios disruptivos e de baixo custo. Além de atuar como impulsionadores da inovação, essas comunidades empreendedoras têm grande potencial de geração de empregos e renda (BLANK; DORF, 2012; MOTOYAMA; WALTINS, 2017). Um ecossistema de startups é um segmento do ecossistema empreendedor. Em geral, as características específicas definem os ecossistemas das startups (MOTOYAMA; KNOWLTON, 2014). O ecossistema consiste em pessoas que fazem parte de startups e diferentes tipos de organizações em um local, que pode ser físico ou virtual. Os membros desse ecossistema interagem constantemente e buscam criar novos empreendimentos. Parques tecnológicos Em primeiro lugar, é útil salientar que uma política nacional não é um pré-requisito para a criação de uma startup. Stanford Science Park foi criado pela Universidade de Stanford, foi uma iniciativa de uma universidade e não de um governo federal ou local (WANG; SI, 2019). Figura 5 – Criação Fonte: Pixabay As startups se cruzam com muitos setores diferentes e podem fazer parte do comércio, investimento, política industrial ou de startups de tecnologia de um país. A política industrial, em geral, refere-se a qualquer tipo de intervenção seletiva que visa alterar a estrutura da produção para setores que se espera que ofereçam melhores perspectivas de crescimento econômico do que ocorreria na ausência dessa intervenção no equilíbrio do mercado. As políticas industriais não precisam ser escritas ou divulgadas. Conforme Petree, Petkov e Spiro (2000), os parques tecnológicos são projetados para facilitar a produção e comercialização de tecnologias avançadas, criando sinergias entre centros de pesquisa, instituições de ensino e empresas de base tecnológica. As startups de parques tecnológicos são geralmente pequenas empresas em estágio inicial de desenvolvimento que buscam uma estratégia de crescimento ambiciosa baseada na incubação de novas ideias. 3. Etapas de planejamento de uma startup Quase todas as startups sofrem de vários problemas, como limitações financeiras, problemas de gestão, riscos, falta de experiência e competição por grandes concorrentes e, eventualmente, muitos delas falham após um curto período de tempo (THOMPSON, 1997). Figura 6 – Planejamento Fonte: Pixabay Norton e Kaplan enfatizem a importância da execução da estratégia mais do que a própria estratégia (KAPLAN; NORTON , 2001), isso não diminui o papel do planejamento estratégico para o sucesso das empresas. As startups correm o risco de falhar se a maioria dos membros da equipe tiver uma perspectiva muito semelhante sobre as coisas e não puder desenvolver o pensamento crítico, tiver baixos níveis de motivação e dedicação ou tiver habilidades insuficientes ou desatualizadas nas áreas que afetam o sucesso do empreendimento. Esse motivo do fracasso das startups está altamenteinterligado com a falta de certas habilidades na equipe. O plano de negócios é uma ferramenta benéfica para o processo de criação de uma empresa startup. Sem um modelo de negócio e plano de negócios, uma empresa existe sem uma visão e direção claras, aumentando o risco de fracasso quando a startup enfrenta seu primeiro desafio. Alguns empreendedores começam seus negócios sem um conceito de negócio claro ou clientes-alvo claramente definidos e sem investigar completamente o setor. Metodologias de gerenciamento de projetos para a criação de startups O gerenciamento de projetos no sentido moderno começou no início dos anos 50, impulsionado por empresas que perceberam os benefícios de organizar o trabalho em torno de projetos e a necessidade crítica de comunicar e coordenar o trabalho entre departamentos e profissões (HAUGHEY , 2014). Figura 7 – Gerenciamento Fonte: Pixabay Mazur (1998) propôs um modelo de planejamento estratégico em pequenas empresas que consiste em quatro partes principais: visão, missão, estratégia e tática. Ele acredita que a visão é afetada pela característica empreendedora do proprietário-gerente. Missão é a lista de atividades que podem levar a empresa à visão e, após defini-la, a empresa pode priorizar e utilizar estratégias e táticas adequadas para atingir seus objetivos. O modelo básico de planejamento estratégico é mais um modelo usado por organizações muito pequenas e ativas, sem experiência em planejamento estratégico. A equipe da alta administração é normalmente responsável por organizar o planejamento. Como as startups compartilham quase todas as propriedades de pequenas empresas, pode-se esperar que essas diferenças se apliquem também às startups. No entanto, deve-se destacar que as startups possuem algumas propriedades exclusivas que as diferenciam dos pequenos negócios. 4. Etapas de implantação de uma startup Uma startup é um experimento empreendedor e uma empresa iniciante muito pequena que oferece um espaço para autorrealização, uma oportunidade para desenvolver e implementar ideias incomuns e arriscadas, uma satisfação sem paralelo das necessidades existentes e descoberta de novas necessidades. As startups têm potencial para um crescimento excepcional, mas também fracassos imprevistos e repetidos. Figura 8 – Etapas Fonte: Pixabay No estágio de conceito de semente (ideias), o primeiro estágio de uma startup, os fundadores captam sua paixão e visão da empresa, às vezes no verso de um guardanapo, e as transformam em um conjunto de ideias-chave, que se torna o esboço do plano de negócios. Essa etapa também traz uma primeira estimativa de como o produto acabará por chegar ao cliente, incluindo discussões sobre diferenças competitivas, canais de distribuição e custos. Construindo do zero Nesta fase inicial, o próprio empreendedor inicia um conjunto de atividades para transformar a sua ideia num negócio lucrativo. Porém, ele considera um risco maior ou mesmo um nível de incerteza, continua trabalhando na ideia do novo empreendimento, forma uma equipe, usa fundos pessoais e pede aos familiares e amigos que invistam na ideia. Figura 9 – Construindo do zero Fonte: Pixabay O objetivo desse estágio é posicionar o empreendimento para o crescimento, demonstrando a viabilidade do produto, capacidade de gerenciamento de caixa, construção e gerenciamento de equipe e aceitação do cliente (BRUSH et al., 2006). Neste estágio ocorre o desenvolvimento do produto, todos param de falar e começam a trabalhar. O marketing refina o tamanho do mercado definido no plano de negócios e começa a focar nos primeiros clientes. A fase de criação ocorre quando a empresa vende seus produtos, entra no mercado e contrata os primeiros funcionários (SALAMZADEH, 2015). Alguns estudiosos acreditam que o empreendedorismo para quando a etapa de criação termina (OGORELC, 1999). A startup tem o cenário muito dinâmico, projetos iniciam-se a todo momento, demandas de mão de obra são constantes e a gestão de expectativas é algo que desafia a todo momento os gestores.