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Apresentação e sistematização das 
variações geográfica na pronúncia da 
língua espanhola
APRESENTAÇÃO
O espanhol é o idioma oficial de diferentes regiões e cada uma dessas regiões tem uma 
peculiaridade que a identifica e marca a especificidade da fala. Você sabia que a letra ll, por 
exemplo, é pronunciada de diferentes maneiras de acordo com a localidade? Já ouviu falar do 
sotaque andaluz?
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre os principais pontos de divergência na 
língua espanhola entre latino-americanos e espanhóis, as características da pronúncia do 
espanhol rio-platense e as variantes espanholas da região de Madrid e da Andaluzia.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar os principais pontos de divergência na língua espanhola entre latino-americanos 
e espanhóis.
•
Analisar as características da pronúncia do espanhol rio-platense.•
Contrastar as variantes espanholas: madrileñas x andaluzas.•
INFOGRÁFICO
Na língua espanhola, ocorrem fenômenos diferentes de pronúncia que identificam algumas 
regiões. No Infográfico a seguir, você poderá verificar onde ocorrem fenômenos como yeísmo, 
lleísmo, zheísmo, seseo e ceceo. Confira.
CONTEÚDO DO LIVRO
Cada região tem suas peculiaridades relacionadas à localização, às influências dos países 
vizinhos e às modificações a que o uso na prática leva. Você já pensou sobre os ruídos de 
comunicação que podem surgir por pronúncias diferentes? O que são os fenômenos yeísmo, 
lleísmo, seseo e ceceo?
Na obra Fonética e fonologia do espanhol, leia o capítulo Apresentação e sistematização das 
variações geográficas na pronúncia da língua espanhola, base teórica desta Unidade de 
Aprendizagem.
Boa leitura. 
 
 
Apresentação e 
sistematização das variações 
geográficas na pronúncia 
da língua espanhola
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
� Identificar os principais pontos de divergência na língua espanhola
entre latino-americanos e espanhóis.
� Analisar as características da pronúncia do espanhol rio-platense.
� Contrastar as variantes do espanhol madrileño e andaluz.
Introdução
O espanhol é o idioma oficial de várias regiões, e cada uma delas tem 
uma peculiaridade que a identifica e marca a especificidade da sua fala. 
Você sabia que a letra ll (elle), por exemplo, é pronunciada de diferentes 
maneiras, de acordo com a localidade? Já ouviu falar do sotaque andaluz?
Neste capítulo, você estudará os principais pontos de divergência na 
língua espanhola entre latino-americanos e espanhóis, as características 
da pronúncia do espanhol rio-platense e as variantes espanholas das 
regiões de Madrid e da Andalucía.
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América Latina e Espanha: divergências 
na pronúncia
Você já notou que, embora compreenda parte das mensagens dos portugueses, 
há grandes diferenças entre as pronúncias portuguesa e brasileira? Isso acon-
tece porque cada país (e cada região) apresenta particularidades no idioma. O 
mesmo ocorre com o espanhol falado na Espanha, chamado de europeu, e o 
falado nos países da América Latina, chamado de espanhol latino.
As línguas sofrem transformações constantes e influências de outras línguas 
de países vizinhos. Dessa forma, é natural que o espanhol falado na Espanha 
tenha sofrido alterações ao longo do tempo. No norte da América Latina, há, 
por exemplo, influência do inglês dos Estados Unidos; nos países latinos que 
fazem fronteira com o Brasil, há influência do português brasileiro.
A influência do inglês pode ser notada no México no uso de palavras como sandwich 
e club no lugar de bocadillo e asociación. A influência do português brasileiro pode ser 
exemplificada pela expressão hora pico (usada na Argentina) no lugar de hora punta 
(falada na Espanha).
Na Espanha, as letras z e c (esta seguida de e ou i), por exemplo, são pro-
nunciadas com a língua entre os dentes, isto é, o som é fricativo interdental 
surdo (desvozeado). 
Se você deseja ouvir uma pronúncia da letra c articulada com a língua entre os dentes, 
acesse o trailer do filme Volver, de Pedro Almodóvar, no link a seguir. Aos 10 segundos, 
a personagem fala: “Hay gente que dice que [...]”. 
https://goo.gl/PaGP5k
Já na América Latina, essas letras são pronunciadas sempre com som de s. 
Veja um exemplo de trava língua em que as letras destacadas aparecem com 
a transcrição fonética dos dois usos:
Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia...2
C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 2 25/07/2018 11:18:12
Pronúncia europeia
[θ]
Me lo han españolizado,
No sé quien me lo desespañolizará
El que me lo desespañolice
Buen desespañolizador será
Pronúncia latina
[S]
Essas pronúncias alteradas de z e c constituem os fenômenos chamados de 
ceceo e seseo. O primeiro ocorre quando a letra z e a letra c (esta antes de e e 
i) são pronunciadas com a ponta da língua entre os dentes incisivos superiores 
e inferiores, sem a vibração das cordas vocais. A passagem de ar se dá por 
uma fenda formada pelo ápice da língua colocada entre os dentes. Assim, esse 
fonema é chamado de fricativo interdental surdo. O segundo ocorre quando se 
pronunciam essas mesmas letras com som de s, ou seja, o som alveolar fricativo 
surdo. Assim, no seseo, palavras escritas com z, como zapato, ou com c antes 
de e e i, como cerebro e cita, não têm distinção na pronúncia. Além disso, não 
há diferença na pronúncia da letra s, ou seja, o som inicial das palavras zurdo, 
ciudad e soplido é o mesmo. Esse fenômeno ocorre em toda a América Latina. 
Para a Real Academia Española, em seu dicionário on-line, sesear é “[...] 
pronunciar con algún alófono de /s/ el fonema representado por las letras s, 
z ou c seguido de e o i” (SESEAR, 2018, documento on-line).
Se você deseja ouvir uma pronúncia da letra c com som de s, acesse o trailer do filme 
Cuento chino no link a seguir. Aos 31 segundos, o personagem fala: “Colecciono noticias 
increíbles [...]” e “¿Tengo que cocinar?”. 
https://goo.gl/7KuHMa
Na língua espanhola, há a letra ll. Na Europa, ela é pronunciada de forma 
semelhante ao dígrafo lh do português, ou seja, essa consoante é uma lateral palatal 
sonora (vozeada). Entretanto, os falantes latinos pronunciam-na com som de dj, ou 
seja, som fricativo alveolopalatal sonoro. Veja mais um exemplo de trava língua:
Pronúncia europeia
[λ]
Por la calle Carretas
pasaba un perrito,
pasó una carreta,
le pilló un rabito.
Pronúncia latina
[ʤ]
3Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia...
C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 3 25/07/2018 11:18:12
Outra diferença está na pronúncia da letra y. Em alguns países da América 
Latina, a pronúncia dessa letra unida a outras é semelhante à do ll, isto é, com 
som fricativo palatal sonoro. Já os espanhóis usam o som semelhante ao da 
letra i na língua portuguesa, ou seja, som oral tônico anterior aberto.
Essas características fonéticas são chamadas de lleísmo e yeísmo. O segundo 
é típico dos dialetos das Américas. As letras y e ll são pronunciadas da mesma 
maneira, como em yo e llamo. 
Segundo o dicionário da Real Academia Española, yeísmo é “[...] la desa-
parición de la diferencia fonológica entre la consonante lateral palatal y la 
fricativa palatal sonora, de manera que, em la pronunciación no se distinguen 
palabras como callado y cayado” (YEÍSMO, 2018, documento on-line).
Pronúncia europeia
[λ] callado
Pronúncia latina
[ʤ]
[y] cayado [ʤ]
No filme Como água para chocolate, a personagem fala a palavra lloraba (0:09), pro-
nunciando a letra ll com som parecido a dj. Confira essa pronúncia no link a seguir.
https://goo.gl/odWvzj
Se você deseja ouvir uma pronúncia das letras ll e y com som semelhante a i, acesse o 
trailer do filme peruano El evangelio de la carne. O personagem pronuncia as palavras 
calle(1:14) e ayudar (1:37) com o mesmo som. Confira no link a seguir.
https://goo.gl/C5KkLG
Nesse sentido, se yeísmo ocorre quando não há diferença de pronúncia 
entre as letras y e ll. Já o lleísmo é o oposto: ele ocorre quando os falantes 
diferenciam a pronúncia dessas letras.
Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia...4
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Em síntese, os fenômenos ceceo, seseo, yeísmo e lleísmo representam parte 
das diferenças entre o espanhol falado na Espanha e o falado na América 
Latina. Entretanto, dentro de cada uma dessas regiões, podemos constatar 
diferenças. O espanhol rio-platense é um exemplo de variedade da língua 
espanhola utilizada na América Latina.
Características do espanhol rio-platense
A linguagem está condicionada e determinada pelo aspecto social. Isso sig-
nifi ca que cada comunidade pode ter determinado sistema de comunicação, 
que é diferente do que se registra em outras comunidades. Dessa forma, um 
mesmo sistema linguístico sofre muitas interferências e intercâmbios entre 
as comunidades de falantes.
Coseriu ([198-?], documento on-line) alerta: “[...] existen, pues, dentro 
de un mismo sistema lingüístico, fenómenos a los que podríamos llamar de 
préstamos internos: del dialecto a la lengua común, de la lengua común al 
dialecto [...]”. Isso pode ser percebido na região do Rio da Prata. Composta por 
localidades da Argentina e do Uruguai, ela apresenta algumas peculiaridades 
quanto ao seu dialeto. Veja na Figura 1 a localização dessa região no mapa 
da América do Sul. 
Figura 1. Região do Rio da Prata.
Fonte: Rioplatense (2006).
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Uma peculiaridade da pronúncia dessa região é o chamado yeísmo rehi-
lado. Ele ocorre quando as letras y e ll se articulam de forma vibrante sonora. 
Atualmente, é comum nessa região que essas letras sejam pronunciadas com 
som da letra j ou com o dígrafo ch do português, isto é, respectivamente, com 
fonema fricativo pós-alveolar sonoro e surdo. O primeiro fenômeno também 
é chamado de zheísmo e o segundo, de sheísmo. 
 Pronúncia 
europeia
[λ]
Lluvia Téllez Tello oye el resuello de las suelas 
del abuelo en el suelo de las calles callejuelas, en 
el suelo de las calles callejuelas, oye el resuello 
de las suelas del abuelo, Lluvia Téllez Tello
Pronúncia 
rio-platense
[z]
Pronúncia europeia
[y] [λ]
Necesito un tornillo 
destornillar, ¿quién tendrá un 
destornillador que me ayude 
a este tornillo destornillar?
Pronúncia rio-
-platense
[ʃ]
Além disso, é frequente a aspiração da letra s e, às vezes, do h. Essas letras 
são articuladas com o som linguovelar fricativo surdo aspirado. No entanto, 
não há uma regra para essa aspiração; ela ocorrerá de acordo com o desejo 
do falante. Veja: 
Pronúncia europeia
[s]
Mi escuela es la misma 
que la tuya.
Pronúncia rio-platense
[h]
Se você deseja ouvir uma pronúncia da letra s aspirada, acesse o trailer do filme 
El baño del Papa, disponível no link a seguir, em que uma personagem fala (01:31) 
“Y si no ayuda a los pobres [...]”. 
Para ouvir uma pronúncia da letra y com som de ch, acesse o mesmo trailer no 
minuto 01:18: “Yo no soy ni voy a ser bagayera [...]”.
https://goo.gl/73iGYP
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Como mostram os exemplos, a tendência é que o falante dessa região aspire 
o s antes de uma consoante.
Outra característica comum da região rio-platense é a chamada elisión, 
ou seja, a omissão de um elemento linguístico, de acordo com o dicionário 
on-line da Real Academia Española. Essa omissão refere-se ao som do s no 
final de palavras e do r final de um verbo no infinitivo. Observe:
Salir
Las manzanas
Como se nota, argentinos e uruguaios usam formas particulares de pro-
nunciar as palavras espanholas e revelam um sotaque característico da região 
do Rio da Prata. Entretanto, essas particularidades são transformações das 
pronúncias já popularizadas na América Latina.
Contudo, as diferenças fonéticas não ocorrem apenas pela diferença conti-
nental. Dentro de um mesmo país, como a Espanha, encontram-se pronúncias 
diferentes, como você verá na próxima seção.
Na região do Rio da Prata, é comum o uso de voseo, ou seja, o emprego de vos no lugar 
de tú. Essa mudança acarreta transformações na conjugação dos verbos também. 
No filme Un Cuento chino, você pode conferir exemplos dessa peculiaridade rio-
-platense. No tempo 1:09 do vídeo, veja o personagem falando “Me entendés?”.
https://goo.gl/txYQJ2
Andalucía
As diferenças de pronúncia que formam os vários dialetos espanhóis têm origem 
na vasta história de conquistas e guerras pelas quais os habitantes da região 
passaram. Por volta do ano 800, um povoado chamado castelhano recebeu 
um condado chamado Castilla. Mais tarde, esse condado se transformou no 
Reino de Castilla, que foi unido, em 1037, aos reinos de Galiza e León. Nesse 
reino, o dialeto falado era o castelhano. À medida que mais reinos se uniram 
à Castilla, esse dialeto foi se difundindo.
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Em 1200, com a expulsão dos muçulmanos, a Espanha foi se tornando o 
território que hoje conhecemos. Com o fim da resistência de Granada, em 
1492 (após o período chamado de Reconquista), a Espanha se dividiu em 
reinos. Com a unificação dos reinos de Castilla e Aragon, a língua castelhana 
se propagou e, em 1592, a Espanha tornou-se o que é hoje.
Os anos passaram e a língua castelhana sofreu diversas influências. Da 
mesma forma, o poder espanhol passou por diferentes momentos, inclusive de 
aceitação das demais línguas do país. Em meados do século XX, com a ditadura 
de Franco, houve uma forte repressão linguística. A intenção do general era dar 
à Espanha o seu status de poder. Dessa forma, para ele, o castelhano deveria 
ser a única língua, a qual tinha como padrão o centro político da Espanha: 
Madrid. Assim, a fala dos madrilenos tornou-se a prestigiada.
As demais variedades, em contrapartida, passaram a ser vistas como 
incultas. Esse é o caso do dialeto andaluz, que ilustra um exemplo típico de 
preconceito linguístico: como a Andalucía está afastada do centro hegemô-
nico, político, cultural e econômico desde a época do império espanhol, a 
pronúncia de seus habitantes costuma ser tratada por muitos como incorreta 
ainda hoje.
Em Madrid, os falantes pronunciam todas as letras das palavras, como em 
verdad, papel, escuchar, blusas. Na Andalucía, é comum que essas mesmas 
palavras, por exemplo, percam o som da última letra: verdad, papel, escuchar, 
blusas. Assim, em vez de dizer algo como Te has ido ya, os andaluzes dizem 
Tás ío ya.
Os madrilenos realizam um fenômeno de pronúncia chamado ceceo, ou seja, 
pronunciam, por exemplo, a letra z de zanahoria com som fricativo interdental 
surdo. Já os andaluzes misturam ceceo e seseo, isto é, a palavra semana, por 
exemplo, pode ser falada com som alveolar fricativo sonoro, enquanto cielo 
é pronunciada com som fricativo alveolar surdo.
A Andalucía (Figura 2) é uma comunidade autônoma da Espanha, cuja 
história simboliza a construção de uma cultura própria, marcada por peculia-
ridades da língua. Essa região espanhola preserva até os dias atuais o legado 
dos povos que a formaram, principalmente os árabes. Córdoba foi capital de 
um emirado; as suas fortalezas e castelos representam a arquitetura barroca, 
islâmica e renascentista. O grande nome da literatura espanhola, Cervantes, 
passou um tempo encarcerado em Sevilla, e sua obra principal, Don Quixote 
de la Mancha, tem cenários dessa região.
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Figura 2. Região de Andalucía.
Fonte: Adaptada de Dikobraziy/Shutterstock.com.
Algumas dessas peculiaridades também são percebidas na América, cuja 
colonização foi feita, em grande parte, por conquistadores andaluzes. Daí vem 
a semelhança em algumas questões de pronúncia entre essas duas regiões.
Assim como ocorre na região do Rio da Prata, é comum na Andalucía a 
omissão do som da letra s em algumas palavras, como estrella. Isso só não 
ocorre quando o s está no começo da palavra ou entre vogais: sapo, casa.
Em regiões da comunidade autônoma, há algumas particularidades. Na 
Catalunha, o som da letra l é palatal, como em fútbol, ou seja, é semelhante 
à pronúncia inglesa linguopalatal de tell. Na Galícia, o s tem uma pronúncia 
mais marcada: o som é sibilante, com a língua tocando os dentes inferiores, 
como na pronúncia do s de sorpresa.
No cotidiano, os andaluzes falam com muita rapidez e, assim, costumam 
articular pouco as palavras, em comparação com os falantes de espanhol em 
outras regiões. Essa velocidade na fala identifica um traço típico na pronúncia 
andaluz: muitas letras desaparecem no final das palavras:
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Buenos días
Hasta luego
Corazón partido
A famosa música de Alejandro Sanz, Corazón Partío, ilustra a pronúncia típica do sul 
da Espanha. 
https://goo.gl/at3m59
Um traço da pronúncia dos falantes de espanhol da Andalucía é a mistura de 
peculiaridades da pronúncia de Madrid (os madrilenos distinguem a pronúncia 
das letras y e ll, mas articulam y com som de i) e da região do Rio da Prata 
(os rio-platenses não distinguem as letras y e ll, mas não pronunciam y com 
som de i). Na Andalucía, a letra ll, por exemplo, é pronunciada com som de i.
Pronúncia de Madrid
[λ]
llamar Pronúncia da Andalucía
[y]
Se você deseja ouvir a pronúncia de um personagem andaluz, principalmente no que 
se refere à velocidade da fala, acesse o trailer do filme Ocho apellidos vascos. Confira: 
https://goo.gl/43kGBb
Em suma, a base da língua espanhola falada em Madrid e da utilizada na 
Andalucía é a mesma. As diferenças de pronúncia identificam as diferenças 
históricas e culturais de cada região e contribuem para que o castelhano se 
mantenha vivo.
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C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 10 25/07/2018 11:18:13
1. A pronúncia das letras y e ll não 
ocorre da mesma forma no 
espanhol falado na Europa e no 
falado na América Latina. Observe 
as alternativas a seguir e assinale a 
que apresenta a correspondência 
adequada entre pronúncia e região.
a) Y com som de i, ll com som 
de dj – espanhol europeu.
b) Y com som de ch, ll com som 
de lh – espanhol europeu.
c) Y com som de i, ll com som 
de lh – espanhol europeu.
d) Y com som de i, ll com som 
de ch – espanhol latino.
e) Y com som de dj, ll com som 
de lh – espanhol latino.
2. Na língua espanhola, ocorrem 
alguns fenômenos de pronúncia 
que marcam diferenças entre o 
espanhol europeu e o espanhol 
latino. Analise as afirmativas a seguir 
e assinale a alternativa correta.
a) O ceceo é um fenômeno 
que marca a diferença de 
pronúncia das letras c, s e z 
entre espanhóis e latinos.
b) Os espanhóis pronunciam a 
letra c em palavras como casa 
com a língua entre os dentes.
c) Os falantes latinos de 
espanhol distinguem o som 
das letras y e ll sempre.
d) O lleísmo é a distinção do 
som das letras y e ll.
e) O seseo ocorre apenas no 
México.
3. Os fenômenos de pronúncia 
marcam as peculiaridades de cada 
região. Na América Latina, a região 
do Rio da Prata apresenta formas 
próprias de pronunciar algumas 
letras. Analise as afirmativas a seguir 
e assinale a alternativa correta.
a) Yeísmo é um fenômeno em que 
as letras y e ll são pronunciadas 
com o mesmo som.
b) Todos os falantes de espanhol 
da América Latina pronunciam 
as letras y e ll com som de dj.
c) Os espanhóis pronunciam as 
letras y e ll com som de lh.
d) Os espanhóis pronunciam 
callado com som de lh e 
cayado com som de ch.
e) O zehísmo ocorre em toda 
a América Latina.
4. Argentina, Uruguai e Paraguai 
compartilham peculiaridades da 
língua que identificam os falantes do 
Rio da Prata. Analise as afirmativas a 
seguir e assinale a alternativa correta.
a) Lleísmo e zehísmo são fenômenos 
típicos da região do Rio da Prata.
b) Os falantes rio-platenses 
costumam pronunciar o s antes 
de consoante de forma aspirada.
c) Sheísmo é como os rio-
-platenses chamam o yeísmo.
d) Os acréscimos de fonemas são 
um costume típico dos falantes 
de espanhol do Rio da Prata.
e) Voseo é um fenômeno 
de pronúncia típico da 
região do Rio da Prata.
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5. Embora a Andalucía faça parte 
da Espanha, há uma série de 
peculiaridades que diferenciam 
essa região do país das demais. 
Analise as afirmativas a seguir e 
assinale a alternativa correta.
a) A pronúncia da Andalucía 
diferencia-se da de Madrid 
na articulação das vogais.
b) Ao contrário dos madrilenos, 
os andaluzes costumam 
falar muito devagar.
c) É comum na Andalucía a omissão 
da letra d no final de palavras.
d) Na Andalucía, apenas a letra s 
costuma não ser pronunciada.
e) A pronúncia dos andaluzes é 
mais próxima à pronúncia dos 
madrilenos do que à dos latinos.
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-Espanha, 1998. 
13Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia...
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DICA DO PROFESSOR
Nenhuma língua é falada de forma homogênea em todas as regiões. As diferenças de pronúncia 
se estendem para o léxico inclusive.
Pensando nisso, a Dica do Professor aborda essas duas questões: pronúncia e léxico. Confira.
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
La pronunciación del español en la radio de veinte países hispánicos: comentarios 
deportivos espontáneos
Neste artigo Raúl Ávila faz uma análise da pronúncia de locutores de rádio de 20 países 
hispanoparlantes.
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Pronunciación z, c y s
Para falantes de português brasileiro, uma das pronúncias mais difíceis de articular é a realizada 
na Espanha com as letras z e c. Assista ao vídeo para observar essa questão fonética.
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Práctica de pronunciación
Quer ouvir as pronúncias das letras y e ll? Confira as dicas deste vídeo.
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Classificação dos fonemas 
APRESENTAÇÃO
A principal finalidade de um aprendiz de língua estrangeira é conseguir comunicar-se com 
clareza e eficiência. Para que atinja esse objetivo na oralidade, é fundamental que conheça o 
sistema fonológico do idioma, ou seja, o conjunto de fonemas. Os fonemas são a unidade 
fonológica mínima de uma língua, e cada um deles têm traços distintivos que os determinam. 
Você sabe quais são os fonemas da língua espanhola? Conhece os contrastes com os fonemas da 
língua portuguesa?
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará o conceito de fonema, os fonemas e os 
grafemas da língua espanhola.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir o conceito de fonema. •
Reconhecer os fonemas da língua espanhola. •
Relacionar fonemas e grafemas em espanhol.•
INFOGRÁFICO
Transcrição fonética é a forma de transcrever os sons em uma língua e se aproxima de como se 
pronuncia determinada palavra. Você já imaginou como seria um diálogo com transcrição 
fonética? Conseguiria identificar as características dos fonemas e seus significados?
Confira essa situação no Infográfico a seguir e observe algumas informações sobre o assunto.
 
CONTEÚDO DO LIVRO
Os fonemas são elementos que identificam uma língua. Por isso, cada língua tem uma estrutura 
fonológica própria e, consequentemente, seus próprios fonemas. Com a língua espanhola não é 
diferente, são cerca de 22 fonemas: 5 vocálicos e 17 consonantais.
No capítulo Classificação dos fonemas, da obra Fonética e fonologia do espanhol, você estudará 
sobre fonemas e grafema do espanhol.
Estudo dos pontos e 
modo de articulação do 
sistema consonantal 
e vocálico, curvas 
entonacionais e principais 
variações de pronúncia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a articulação de sons vocálicos e consonantais na língua 
espanhola.
 � Identificar as funções da entonação.
 � Contrastar as variantes mais comuns na pronúncia.
Introdução
Em nosso processo de aquisição da linguagem, aprendemos não só 
as palavras e a constituição sintática de uma língua, mas também nos 
apropriamos de todos os sons dessa língua. Assim, todo falante é ca-
paz, instintivamente, de perceber quando, por exemplo, outro falante 
apresenta o mesmo sotaque que o seu ou não. Na linguística, os ramos 
que estudam a ciência dos sons são denominados fonética e fonologia. 
Assim, a entonação, o acento, as consoantes e as vogais são tipos de 
manifestações orais que realizamos por meio da fala.
A diferença entre esses dois campos — fonética e fonologia — é que 
o primeiro estuda a acústica da fala (a fala propriamente dita), enquanto 
o segundo estuda a categorização dos sons na fala, isto é, como os sons 
se organizam (a língua).
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Neste capítulo, você vai estudar apenas a fonética da língua espa-
nhola, mais especificamente, a fonética articulatória. Assim, você vai se 
aprofundar no estudo da articulação dos sons, identificando as funções 
da entonação e comparando as variantes mais comuns dentro da pro-
núncia do espanhol.
A articulação dos sons vocálicos 
e consonantais no espanhol
A fonética é o ramo da linguística que estuda como os sons da fala são efetiva-
mente produzidos. Esse estudo divide-se em três partes: fonética articulatória, 
fonética auditiva e fonética acústica. Os sons produzidos em uma língua são 
chamados de fones e são produzidos por aquilo que intitulamos de aparelho 
fonador. Entretanto, nem tudo o que é percebido pela nossa audição é um 
fone: ruídos, bocejos, espirros, por mais que sejam sons, não fazem parte do 
estudo na fonética.
Logo, é um exemplo de fone o som [β] de bella. Os fones são representados 
por um conjunto de símbolos fonéticos entre colchetes e “[...] orientam-se pelo 
princípio da univocidade: cada símbolo representa um único fone, cada fone é 
representado por um único símbolo. A singularidade de cada fone é definida 
em termos articulatórios” (BATTISTI, 2014, p. 28–29). Na palavra chico, por 
exemplo, temos cinco letras, mas quatro fones, porque “ch” é emitido por 
meio de um único fone.
Um conjunto específico de órgãos no nosso corpo é responsável pelos 
sons que reproduzimos, uma vez que o corpo humano não apresenta órgãos 
particulares para a produção dos sons correspondentes na língua. Assim, a 
fonética articulatória busca estudar a articulação dos sons que produzimos no 
nosso aparelho fonador. Formam o aparelho fonador os órgãos do sistema 
respiratório, como pulmões, brônquios, traqueia e músculos respiratórios; 
do sistema fonatório, como laringe e glote; e do sistema articulatório, 
como faringe, língua, nariz, palato, dentes e lábios. Assim, quando reali-
zamos a função principal — a respiração — utilizamos a mesma corrente 
de ar para falar. 
Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...2
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No percurso de saída de nosso corpo, a corrente de ar poderá fazer vibrar 
as pregas (cordas) vocais quando passar pela laringe. Acima da laringe, se-
rão impostas modificações à corrente de ar quando articulados os fones. O 
diafragma pressiona os pulmões, que, assim, expelem o ar; esse percorre a 
traqueia até a laringe, depois a cavidade oral (boca) e ou cavidade nasal (nariz) 
(BATTISTI, 2014, p. 31).
A fonética articulatória trabalha, portanto, com a função dos órgãos produ-
tores dos sons. Assim, com base nos sons produzidos no sistema articulatório, 
você vai entender como os sons vocálicos e consonantais se articulam na 
língua espanhola.
Sons consonantais
Denominamos consoante todo som que é produzido por meio de obstáculos 
durante a passagem do ar pelo aparelho fonador. Logo, para produzirmos 
o som de uma consoante, precisamos emitir um som que passe por lábios, 
dentes, língua, etc. De acordo com Battisti (2014, p. 34), para analisarmos a 
articulação das consoantes, devemos observar três parâmetros:
(a) às modificações que os articuladores impõem à corrente de ar, chamadas 
modo de articulação; (b) aos articuladores ativos e passivos envolvidos na 
produção dos fones, ao que se chama ponto ou local de articulação; (c) à 
presença ou ausência de vibração nas pregas vocais, ao que se pode chamar 
vozeamento, sonoridade ou estado da glote.
As consoantes se classificam, de maneira geral, como dois tipos: obs-
trutivas e soantes. As obstrutivas apresentam as saídas de ar impedidas 
por algum obstáculo, por exemplo, a consoante /p/,obstruída pelos lábios; 
já as soantes são os sons classificados pela passagem de ar contínua, como 
a consoante /m/. Os modos de articulação representam os locais em que os 
sons são produzidos no aparelho fonador, isto é, como o fluxo de ar se mo-
difica na cavidade bucal. Dessa forma, o modo de articulação é classificado 
conforme o Quadro 1.
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Modo de articulação Descrição
Oclusivo ou plosivo O ar é emitido na cavidade oral, e os 
articuladores impedem completamente a 
passagem de ar. Por exemplo, [p] de puerta.
Fricativos O ar é emitido por um canal estreito produzido 
por dois articuladores próximos um do outro. 
Diferentemente dos sons oclusivos, na articulação 
fricativa os sons são momentaneamente 
impedidos. Por exemplo, [v] de vaso.
Nasal Nas consoantes nasais, o som se direciona 
para a cavidade nasal, e o ar sai também 
pelo nariz. Por exemplo, palavras que iniciam 
com alguma consoante nasal, como [m] de 
mucho e nadie, e consoantes que se nasalizam 
no meio da palavra, como [ñ] de cariño.
Vibrante A consoante vibrante é produzida por um 
articulador ativo (ponta da língua), que encosta 
diversas vezes em um articulador passivo (alvéolos), 
produzindo uma vibração. Por exemplo, [r] de rato.
Tepe A articulação é muito parecida com o modo 
de articulação vibrante, mas o articulador 
ativo toca apenas uma vez o articulador 
passivo. Por exemplo, [r] de cariño.
Tepe retroflexo No tepe retroflexo, a língua (articulador ativo) faz 
um movimento enrolando-se para cima e para trás. 
Nesse movimento, a língua encosta nos alvéolos. 
Por exemplo, na consoante final [r] de mar.
Africado A passagem de ar é inicialmente interrompida 
e depois liberada. Aqui temos um exemplo de 
consoante que mistura a articulação oclusiva e 
fricativa. Por exemplo, [ch] de chica. Em português, 
encontramos esse som em [tch] de tchau.
Aproximante lateral A consoante é produzida por meio de uma 
interrupção no centro da boca por meio da 
língua. Por exemplo, a consoante [l], de luna.
Quadro 1. Modos de articulação
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Vimos as diferentes formas de articulação das consoantes e entendemos 
como esse processo se dá com os articuladores ativos e passivos. No entanto, 
no estudo fonético, precisamos ainda compreender como esses pontos de 
articulação funcionam na produção do som de uma consoante. Em essência, 
os pontos de articulação exemplificam exatamente o local em ação. Observe 
no Quadro 2 as respectivas descrições dos pontos de articulação.
Ponto de articulação Local do som produzido
Bilabial O som é produzido por meio da 
união dos lábios: /b/, /p/, /m/.
Labiodental O lábio se apoia sobre os dentes: /f/.
Dental Usam-se a ponta da língua e os 
dentes superiores: /t/, /d/.
Palatal O dorso da língua se eleva 
até o palato: /ch/, /ll/, /ñ/.
Alveolar O dorso da língua se aproxima 
dos alvéolos: /r/, /s/, /l/, /n/.
Velar O dorso da língua se aproxima 
do palato mole: /g/, /k/, /j/.
Interdental O som é produzido no pré-dorso da 
língua e nos incisivos superiores: /z/.
Quadro 2. Descrições dos pontos de articulação
Veja agora a união dos modos de articulação, dos pontos de articulação e 
das consoantes, demonstrada em Alarcos (1991), no Quadro 3.
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Fonte: Adaptado de Alarcos Llorach (1991).
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n
Oclusivas /p/ /b/
pie bala
/t/ /d/
tía día
/k/ /g/
casa 
gato
Fricativas /f/
faca
/θ/
cero
/s/
siete
/y/
mayo
/x/
jamás
Africada /t∫/
coche
Nasais /m/
moneda
/n/
nada
/ɲ/
España
Laterais /l/
lado
/ʎ/
calla
Vibrante 
s. m.
para 
/r/
rueda 
/r /̄
Quadro 3. Quadro fonológico consonantal do espanhol
Sons vocálicos
Diferentemente das consoantes, as vogais são produzidas por correntes de ar 
com mínima obstrução na cavidade bucal, ou seja, enquanto as consoantes 
são produzidas por algum impedimento, as vogais apresentam característi-
cas opostas. Assim, os sons vocálicos são gerados na laringe, por meio da 
vibração das pregas vocais, e alterados na cavidade bucal, de acordo com o 
posicionamento da língua e dos lábios. Conforme visto nas consoantes, as 
vogais também apresentam o seu modo de articulação e são classifi cadas de 
acordo em três parâmetros, apresentados por Battisti (2014, p. 42):
Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...6
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1.os graus diversos de abertura de boca, isto é, a altura da língua em relação 
ao palato duro;
2. o formato ou arredondamento dos lábios; 
3. o leve avançar e recuar da língua na posição horizontal, ou seja, a anterio-
ridade/posterioridade da língua.
Desse modo, a altura e a posição da língua, bem como o modo como 
formamos os nossos lábios, definem as vogais como altas, médias, baixas, 
anteriores, centrais e posteriores. A fim de exemplificar tais nomenclaturas, 
observe o Quadro 4, seguido da pirâmide fonética.
Parâmetro Descrição
Altas ou fechadas A língua se posiciona muito próximo 
do palato. O maxilar pouco se abre 
para a produção desse som.
Exemplos: /i/ /u/
Médias ou semiabertas A língua se posiciona no centro da 
boca. O maxilar se abre razoavelmente 
para a produção desse som.
Exemplos: /e/ /o/
Baixa ou aberta A língua se posiciona afastada 
do palato. O maxilar se abre por 
completo para a produção desse som.
Exemplo: /a/
Quadro 4. Classificação dos sons vocálicos do espanhol
Na pirâmide fonética (Figura 1), na qual as vogais são organizadas, podemos 
analisar melhor como elas são posicionadas. Assim, cada vogal apresenta as 
seguintes descrições.
 � /i/: anterior, fechada;
 � /u/: posterior, fechada;
 � /e/: anterior, semiaberta;
 � /o/: posterior, semiaberta;
 � /a/: central, aberta.
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Figura 1. Pirâmide fonética dos sons vocálicos em espanhol.
Fonte: Gil (2007). 
A gramática normativa aborda a união das vogais como ditongo e hiato. 
Desse modo, ditongo representa a união de duas vogais na mesma sílaba. Veja 
a seguir como as vogais devem ser para haver um ditongo.
 � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal fechada (I, U).
 ■ Exemplos: bailador, reunión.
 � Vogal fechada (I, U) + vogal aberta ou semiaberta (A, E, O).
 ■ Exemplos: biología, suavidad.
 � Vogal fechada (I, U) + vogal fechada (I, U).
 ■ Exemplos: ciudad, cuidado.
Para haver um hiato, as vogais precisam estar em diferentes sílabas, se-
guindo a ordem.
 � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal fechada (I, U).
 ■ Exemplo: país.
 � Vogal fechada (I, U) + vogal aberta ou semiaberta (A, E, O).
 ■ Exemplo: búho.
 � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal aberta ou semiaberta 
(A, E, O).
 ■ Exemplo: caer.
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Em teorias evolutivas, o nosso aparelho fonador surgiu conforme a nossa evolução. 
Entende-se que essa evolução se deu porque a fala surgiu com a vida em comunidade.
As funções da entonação na língua espanhola
Diferentes modos de falar determinada frase ou palavra podem signifi car, no 
contexto interacional de fala, distintas interpretações. O modo como altera-
mos a nossa voz compreende, muitas vezes, o queremos dizer. Desse modo, 
a entonação — ou entoação — é defi nida pela sequênciade sons na fala que 
refl etem diferentes sentidos, intenções e emoções. Dentro do ramo linguístico, 
Dubois et al. (1973, p. 217) classifi ca da seguinte forma:
[...] variações de altura do tom laríngeo que não incidem sobre um fonema ou 
sílaba, mas sobre uma sequência mais longa (palavra, sequência de palavras) 
e formam a curva melódica da frase. São utilizadas, na fonação, para veicular, 
fora da simples enunciação, informações complementares [...] reconhecidas 
pela gramática: a interrogação (frase interrogativa), a cólera, a alegria (frase 
exclamativa), etc.
As funções da entonação são descritas a seguir.
1. Função distintiva: permite que os falantes distingam a modalidade 
da oração. Por exemplo: Saldrá, ¿Saldrá? ou ¡Saldrá!
2. Função integradora: liga as partes de uma oração no que chamamos 
de unidade significativa, ou seja, atribui sentido. Por exemplo: el niño 
estudia la lección.
3. Função delimitadora: agrupa as palavras em unidades menores na 
oração ou separadamente. Por exemplo: El niño/ estudia/ la lección. 
Utilizamos a função delimitadora para estudar exatamente esses frag-
mentos sintáticos que constituem uma frase.
Neste capítulo, vamos aprofundar os estudos sobre a entonação distintiva. 
Dentro da linguagem, temos três tipos de entonações utilizadas pelos falantes: 
enunciativa, exclamativa e interrogativa. 
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Enunciativa
A entonação enunciativa é reconhecida por um tom descendente no fi m de 
uma frase. No modo imperativo, por exemplo, vemos essa curva descendente 
marcando mais fortemente o fi nal de uma frase. 
Las mujeres están innovando la ciencia.
Haz tus deberes hoy.
Venga aquí.
Analise, a seguir, como são as curvas entonacionais enunciativas 
(Figuras 2 e 3).
Figura 2. Entonación enunciativa.
Fonte: Enecé (2011).
Figura 3. Entonación imperativa.
Fonte: Enecé (2011).
Exclamativa
Interjeição ou exclamação são tipos de orações pronunciadas com ênfase. O 
som é gerado primeiramente na garganta e está ligado a situações específi cas 
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do dia a dia, como medo, susto, surpresa e felicidade. São exemplos de ento-
nações exclamativas desde gritos até uma expressão oracional completa. Essa 
entonação enfática é produzida pelo falante justamente para mostrar o estado de 
ânimo do falante. A língua espanhola dispõe do uso de adjetivos, assim como 
da intensifi cação dos indefi nidos, a fi m de expressar a entonação exclamativa.
¡Muy ricas estas patatas! – anteposição dos adjetivos.
¡Este chico es un Picasso! – intensificação do indefinido.
¡Es tan bueno...! – ênfase em determinado ponto em orações inacabadas.
Vale acrescentar ainda a utilização dos pontos de exclamação (¡ !), uma 
vez que, na escrita, eles permitem que o leitor possa fazer a entonação cor-
respondente. Analise, na Figura 4, a curva entonacional nas exclamativas.
Figura 4. Entonación exclamativa.
Fonte: Enecé (2011).
Interrogativa
Em espanhol, marcamos uma oração interrogativa por meio dos sinais (¿?), e 
utilizamos essa entonação para fazer uma pergunta, expressar dúvida, etc. Para 
fazer tal entonação, a nossa voz se eleva e diminui, de modo que reconhecemos 
que se trata de uma pergunta. Dividimos as interrogativas em dois grupos: 
totais e parciais. O primeiro grupo corresponde àquelas perguntas que pedem 
uma resposta com “sim” ou “não”, por exemplo, ¿Ha venido Juan? – Sí. Em 
resumo, o grupo das interrogativas totais engloba aquelas perguntas que não 
exigem do falante uma resposta mais elaborada. Já as interrogativas parciais 
expressam o contrário, isto é, pedem respostas mais complexas, por exemplo, 
¿Quién ha venido? – Juan, Carla y Francisca. Na entonação, a curva se dá 
da seguinte maneira (Figura 5).
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Figura 5. Entonación interrogativa: total y parcial.
Fonte: Enecé (2011).
O sistema respiratório participa da produção da corrente de ar que alcançará o sistema 
articulatório. Por isso, é importante que, antes de analisarmos a fundo mais caracte-
rísticas da articulação em língua espanhola, relembremos o papel de cada órgão na 
produção da fala. Observe, na Figura 6, a localização e a posição de cada órgão.
Figura 6. Órgãos envolvidos na produção da fala. 
Fonte: Adaptada de Silva (2003) e Cardoso (2009).
Na laringe, encontram-se as cordas vocais, as quais são muito parecidas com os nossos 
lábios, com feixes que se ligam abrindo e fechando. Quando não estamos falando, 
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Prosódia é a entonação, ou seja, a variação do som quanto à altura e à entonação. 
É a forma como a pessoa se expressa pela fala.
As variantes mais comuns na pronúncia 
da língua espanhola
A pronúncia é o resultado de todo o processo da articulação e da percepção dos 
elementos interligados à fala: os segmentais (a pronúncia de vogais e consoan-
tes) e os suprassegmentais (entonação e prosódia). Assim como acontece com 
o português brasileiro e o português europeu, o espanhol da América Latina 
também apresenta variações em relação ao espanhol europeu. Neste capítulo, 
vamos estudar as principais variações na pronúncia da língua espanhola de 
determinadas letras, como a pronúncia de “y” e “i”.
Yeísmo
É um tipo de variação da língua espanhola relacionado às consoantes ll, de 
lluvia, e à consoante y, de yo. Na Espanha, essa distinção se encontra na região 
as pregas vocais se mantêm afastadas e, no espaço entre os feixes, encontramos a 
glote, por onde o ar passa. Então, ao falar, movimentamos as cordas vocais, e a glote 
praticamente se fecha. Ao passar pela laringe, o som encontra duas opções: sair pela 
cavidade oral ou sair pela cavidade nasal. Assim, o órgão responsável por direcionar o 
ar para uma dessas cavidades é aquele que conhecemos popularmente como “sininho” 
na garganta, cientificamente chamado de úvula. Portanto, esse órgão direciona o som 
à cavidade oral. Todavia, quando a corrente de ar passa pela cavidade nasal, isto é, pelo 
nariz, o nosso véu palatino precisa estar baixo e afastado da faringe.
Assim, é nos órgãos articuladores que vemos, de fato, o som dos fones. Acima da 
laringe (supraglóticas) está o local em que os articuladores operam. Ao produzirmos 
os sons consonantais, os órgãos articulatórios se movimentam, atingindo ou se apro-
ximando de alguma outra parte da boca. Essa interação é classificada como ativa e 
passiva: quando um articulador toca outro, ele é denominado ativo; aquele que recebe 
a ação chama-se passivo. Na prática, os lábios e a língua são exemplos de articuladores 
ativos, enquanto os dentes e o palato são exemplos de articuladores passivos.
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norte de Castela. Na maior parte da chamada Hispano-América (Paraguai, 
Bolívia, Colômbia, Venezuela, Equador e Peru), o yeísmo também é uma 
variação utilizada. Mas o que é yeísmo?
Yeísmo é quando se pronuncia o ll (“elle”) do mesmo modo que a consoante 
y (“ye”), ou seja, com o som predominante “i”. No entanto, a consoante “y” no 
chamado yeísmo chiado, que veremos a seguir, também apresenta a variação 
da pronúncia igual à consoante “ll”.
Arrollo Arroyo
Callo Cayo
Silla Siya
Cabello Cabeyo
Gallo Gayo
Llamar Yamar
Algumas gramáticas e estudos linguísticos também chamam atenção para 
a adequação no uso dessa variação. Desse modo, recomenda-se que os falantes 
evitem a pronúncia do “ll” com o som “li”, por exemplo, [kabálio] por caballo — 
o que muitosfalantes acreditam ser o fenômeno yeísmo.
Além do yeísmo abordado, os países situados na zona do Rio da Prata 
(Argentina e Uruguai) apresentam o yeísmo chiado. Segundo Costa (2016, 
p. 22), o yeísmo chiado ou rehilamiento:
[...] é descrito como ausência da lateral palatal /λ/, em contraste com /�/, per-
mitindo, dessa forma, uma variação fonética chamada sheísmo. O sheísmo é 
um fenômeno fônico que apresenta um zumbido na realização do fonema /y/ 
(fricativo palatal sonoro) que, além de reduzi-lo a uma única unidade fônica, 
apresenta uma realização surda. 
Em estudos realizados por Zamora Vicente (1949), o rehilamiento é mais 
típico de Montevidéu, Buenos Aires e Rosário, especificamente. assim, o 
som de “ll” é grafado, no yeísmo rehilamiento ou sheísmo, como “CH”: 
caballo = “cabacho”.
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Seseo
A variação chamada de seseo é a pronúncia das sequências “z”, “ce” e “ci” com 
o som de /s/. Essa variante é empregada em praticamente todos os países de fala 
espanhola. Os únicos países que produzem as consoantes “s” e “z” com distinção 
são Filipinas, Guiné Equatorial e Península Ibérica (regiões central e norte).
Fonte: Adaptado de Seseo (2018).
Palabra Con seseo Sin seseo
zapato /sapáto/ /zapáto/
adición /adisión/ /adizión/
cazuela /kasuéla/ /kazuéla/
cocer /kosér/ /kozér/
decisión /desisión/ /desizión/
Mais variações
 � Nas terminações -ado, em quase todas as regiões da América Latina, 
é suprimida a letra “d”. Exemplo: comprado [kom’pra.o].
 � Nas terminações -ada, -ido, -ida, a letra “d” também é suprimida, 
mas nas regiões do Caribe e no sul da Espanha e da América Latina. 
Exemplo: partido [pa’ti.o].
 � A aspiração do s, quando posicionado no final da sílaba, ocorre de 
maneira geral no Caribe, no litoral pacífico da América Latina e na 
região do Rio da Prata. Exemplo: mismo [‘mih.mo]. 
 � A supressão do t e do d finais corresponde à fala informal na maioria 
dos países de fala espanhola. Exemplo: bondad [bon’da].
15Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...
C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 15 16/08/2018 14:29:45
Pratique os seus conhecimentos sobre a fonética do 
espanhol acessando o link ou o código a seguir.
https://goo.gl/qRofwr
1. Quanto ao aparelho fonador, 
fazem parte do sistema 
articulatório os órgãos:
a) língua, faringe, nariz, 
lábios e dentes.
b) dentes, laringe, nariz, 
língua e pulmões.
c) laringe, glote e cordas.
d) traqueia, pulmões, 
brônquios e diafragma.
e) nariz, lábios, dentes e úvula.
2. São exemplos de ditongos:
a) reinar, caer, río.
b) heroi, país, maíz.
c) cuidar, bueno, pai.
d) fuego, baúl, leí.
e) cuerdas, reúne, día.
3. São características da entonação:
a) variação na altura da voz, 
principalmente no tom, sobre 
um fonema ou uma sílaba.
b) a continuidade do ar 
pela cavidade oral.
c) uma curva entonacional que 
se inicia pelo intermédio.
d) o sotaque utilizado pelos 
falantes em diferentes regiões.
e) o modo como “ll” e “y” são 
pronunciados na Europa 
e na América Latina.
4. Qual alternativa apresenta 
um exemplo de entonação 
interrogativa parcial?
a) ¿Está lloviendo hoy?
b) ¿Quieres un café?
c) ¿Dónde están mis 
carpetas amarillas?
d) ¿Vas a estudiar por la noche?
e) ¿Fuiste tu mi colega en la escuela?
5. São exemplos de palavras que 
sofrem variação em sua pronúncia:
a) nuera, año, idad.
b) calle, zapato, que.
c) bondad, filosofía, español.
d) zapallo, mismo, soledad.
e) tele, libro, bolígrafo.
Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...16
C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 16 16/08/2018 14:29:46
ALARCOS LLORACH, E. Estudios de gramática funcional de español. Madrid: Gredos, 1984. 
BATTISTI, E. Fonologia. In: SCHWINDT, L. C. (Org.). Manual de linguística: fonologia, 
morfologia e sintaxe. Petrópolis: Vozes, 2014.
COSTA, Z. G. Falsos cognatos: revisão da fundamentação teórica e proposta de novas 
abordagens práticas para sua aplicação nos processos de ensino-aprendizagem de 
ELE no Brasil. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade 
Federal de Pernambuco, Recife, 2016. Disponível em: <https://repositorio.ufpe.br/
bitstream/123456789/17592/1/Dissert_Zaine_BC.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2018.
DUBOIS, J. et al. Dicionário de lingüística. São Paulo: Cultrix, 1973.
ENECÉ. Ejemplos de entonación. 2011. Disponível em: <http://www.ejemplos10.com/e/
entonacion>. Acesso em: 11 ago. 2018.
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PROSÓDIA. In: Dicionário informal. 2013. Disponível em: <https://www.dicionarioinfor-
mal.com.br/significado/pros%C3%B3dia/15083/>. Acesso em: 11 ago. 2018.
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dudas.com/seseo>. Acesso em: 11 ago. 2018.
ZAMORA VICENTE, A. Rehilamento porteño. Filologia, v. 1. 1949.
Leituras recomendadas
BOM ESPANHOL. O som das letras "ll" e "y": curso de espanhol. 2018. Disponível em: 
<https://www.bomespanhol.com.br/curso-espanhol/semana04/fonetica/o-som-das-
-letras-ll-y>. Acesso em: 12 ago. 2018.
CALLOU, D.; LEITE, Y. Iniciação à fonética e à fonologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 1990. 
CAVALIERE, R. Pontos essenciais em fonética e fonologia. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. 
DIAS-CAVALHEIRO, B. S. Aquisição da vogal [a] espanhola por falantes de português 
brasileiro. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Pelotas, Programa de 
Pós-Graduação em Letras, Pelotas, 2016. Disponível em: <http://repositorio.ufpel.
edu.br:8080/bitstream/prefix/2854/1/Aquisi%C3%A7%C3%A3o%20da%20vogal%20
A%20espanhola%20por%20falantes%20de%20portugu%C3%AAs%20brasileiro.pdf>. 
Acesso em: 12 ago. 2018.
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ENUNCIATIVA. In: EDUCALINGO. 2018. Disponível em: <https://educalingo.com/pt/
dic-pt/enunciativa>. Acesso em: 12 ago. 2018.
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v. 1, n. 2, 1945. Disponível em: <https://cvc.cervantes.es/lengua/thesaurus/pdf/01/
TH_01_002_177_0.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2018.
LLISTERRI, J. La descripción fonética y fonológica del español: los elementos segmentales. 
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MENON, C. M.; COSTA, L. T. Descrição das fricativas interdentais do espanhol. Revista 
Mosaico, 2017. Disponível em: <http://www.olhodagua.ibilce.unesp.br/index.php/
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REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de la lengua española. 22. ed. Madrid: RAE, 2001.
SILVA, T. et al. Sonoridade em artes, saúde e tecnologia. 2008. Disponível em: <http://
www.fonologia.org/index.php>. Acesso em: 12 ago. 2018.
TIPOS de frases. 2018. Disponível em: <https://www.soportugues.com.br/secoes/sint/
sint2.php>. Acesso em: 12 ago. 2018.
VICIANO, V. M. Fonética espanhola para brasileiros: síntese. Revista de Gelne, v. 1, n. 1, 
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Acesso em: 12 ago. 2018.
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DICA DO PROFESSOR
Os problemas de pronúncia de um aprendiz de espanhol podem surgir em razão da falta de um 
som equivalente na língua materna ou pelo uso da correspondência entre fonema e letra do 
português. Dessa forma, observar e exercitar os fonemas da língua espanhola é uma forma de 
aprimorar o desempenho linguístico nesse idioma.
Assista ao vídeo a seguir e verifique algumas questões importantes sobre pronúncia.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
La percepción fonético-fonológica del fonema /t/ del español de Chile: un estudio 
sociofonético experimental
Christina Haska, no artigo indicado, analisa um fonema no espanhol chileno.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Desarrollo fonológico-fonético en un grupo de niños entre 3 y 5, 11 años
No artigo a seguir, você terá acesso a uma pesquisa sobre a aquisição e o desenvolvimento 
fonológico de crianças falantes de espanhol.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Tema 1: Los Fonemas del Español
Veja a pronúncia de palavras espanholas no vídeo a seguir.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Conteúdo:
SINTAXE 
DA LÍNGUA 
ESPANHOLA
Caracterização da sintaxe da língua 
espanhola
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo! 
A língua é um código composto de unidades em que a competência comunicativa de seus 
falantes se baseia na boa organização dessas unidades; logo, para que as construções da língua 
sejam “bem formadas”, elas devem obedecer às leis constitutivas da gramática em questão. A 
sintaxe é o estudo da organização das palavras em unidades maiores e a organização dessas 
unidades em frases. Sendo assim, compreender a organização sintática da língua espanhola é um 
compromisso de todo o profissional que atua no ensino e na pesquisa.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá o funcionamento da sintaxe no espanhol, pois 
isso auxiliará na compreensão dos fenômenos observados na estrutura da língua, com o objetivo 
de compreender melhor o seu sistema linguístico.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer as categorias gramaticais da língua espanhola.•
Determinar o nível oracional da sintaxe espanhola.•
Categorizar as funções sintáticas.•
INFOGRÁFICO
As categorias gramaticais, por mais que sejam eleitas pelos gramáticos, não são determinadas 
arbitrariamente. Os artigos cumprem a sua função de determinantes, os pronomes de 
substituidores e os adjetivos de caracterizadores. 
Estudar a classe dos adjetivos na língua espanhola se diferencia da língua portuguesa, pois 
qualquer palavra que esteja se referindo diretamente ao substantivo (que não seja o artigo) tem a 
função de adjetivo.
CONTEÚDO DO LIVRO
Desde, pelo menos, o Estruturalismo Linguístico, no século XX, entende-se que uma frase não é 
um mero aglomerado de palavras soltas, ligadas umas às outras, de maneira aleatória. A língua é 
formada pelo conjunto de regras e de leis combinatórias que permitem a construção de uma 
mensagem. São as leis sintáticas que autorizam ou não determinadas construções; sendo assim, 
estudar sintaxe representa estudar a estrutura interna da frase. O dicionário da Real Academia 
Española (RAE) apresenta a sintaxe como “Parte da gramática que estuda a maneira pela qual 
palavras e grupos se combinam para expressar significados, assim como as relações que são 
estabelecidas entre todas essas unidades."
Portanto, no capítulo Caracterização da sintaxe espanhola, do livro Sintaxe da língua espanhola, 
que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá o funcionamento 
da sintaxe na língua espanhola, reconhecendo as suas categorias gramaticais e caracterizando as 
funções sintáticas.
Boa leitura.
Caracterização da sintaxe 
da língua espanhola
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer as categorias gramaticais da língua espanhola.
 � Determinar o nível oracional da sintaxe da língua espanhola.
 � Categorizar as funções sintáticas.
Introdução
Sabe-se que a língua é um código composto de unidades, e que seus 
falantes concretizam os seus atos de fala exercendo a sua competência co-
municativa com base nessas unidades. No entanto, para que as construções 
da língua sejam “bem formadas”, elas devem obedecer às leis constitutivas 
da gramática em questão. O dicionário da Real Academia Española (2010) 
apresenta a sintaxe como “[...] parte da gramática que estuda a maneira 
pela qual palavras e grupos se combinam para expressar significados, 
assim como as relações que são estabelecidas entre todas essas unidades”.
Em essência, a sintaxe é o estudo da organização das palavras em 
unidades maiores e a organização dessas unidades em frases. A orga-
nização das orações não obedece apenas a relações de linearidade. As 
palavras, por exemplo, são organizadas de acordo com certas regras, que 
dizem respeito à ordem, às conexões explícitas e implícitas e à seleção 
que algumas palavras exercem umas sobre as outras. Essas relações 
atribuem à sentença uma estrutura interna. Como o gramático não tem 
acesso direto a essa estrutura interna, ele formula uma hipótese sobre 
isso: a sua descrição estrutural. 
Para designar os elementos de uma sentença, segundo Di Tullio (2005), 
precisamos de duas noções: construção e constituinte. A oração é uma 
construção que não é constituinte de uma construção maior; portanto, é 
a unidade máxima da sintaxe. Palavras, por outro lado, são constituintes 
que não são construções (embora possam ser construções morfológicas, 
a sintaxe não manipula a estrutura interna das palavras). As unidades 
intermediárias, por outro lado, são constituintes (das maiores construções 
em hierarquia) e construções (em relação aos elementos que a compõem). 
Neste capítulo, você vai compreender o funcionamento da sintaxe 
da língua espanhola, reconhecendo as suas categorias gramaticais, ana-
lisando o nível das orações e categorizando as suas funções sintáticas. 
Dessa forma, você poderá compreender a relação que as unidades man-
têm dentro da oração. 
Classes gramaticais e seu estudo sintático
As palavras que usamos para nos expressarmos oralmente e por escrito têm 
características diferentes. Saber distinguir os tipos de palavras (categorias 
gramaticais) é muito importante para entender o funcionamento da linguagem. 
O termo categoria indica uma classe de entidades que compartilham algumas 
características relevantes. Assim, quando falamos em categoria sintática, 
estamos nos referindo a uma classe de unidades linguísticas (palavras ou 
sintagmas), que apresentam semelhanças em nível morfológico, sintático e 
semântico. Quando estabelecemos que certa unidade lexical pertence a uma 
categoria, estamos inscrevendo-a numa classe preexistente, cujas propriedades 
já estão defi nidas e cujos membros se comportam de forma regular e previsível.
Uma das tarefas mais básicas de uma gramática é atribuir às palavras as 
várias classes reconhecidas. Essa classificação é um requisito indispensável 
para a formulação de regras, uma vez que elas não dizem respeito a palavras 
individuais, mas a classes. Para que essa classificação seja adequada, deve 
basear-se no comportamento gramatical das palavras: suas características 
morfológicas e seu funcionamento sintático.
O Manual da Gramática da Real Academia Española (RAE) de 2010 
divide o seu índice em questões gerais, morfologia e sintaxe. Na morfologia, 
estuda-se apenas o nível dos morfemas, enquanto na sintaxe estuda-se o nível 
do período, da oração, dos sintagmas e dos vocábulos. A prova disso é que a 
sintaxe se divide em três subgrupos: o primeiro chama-se “classe de palavras e 
seus grupos sintáticos”; o segundo, “as funções”; e o terceiro, “as construções 
sintáticas fundamentais”.
A morfologia e a sintaxe, segundo Di Tullio (2005), compartilham a palavra 
como uma unidade. Na primeira, a análise se detém apenas à palavra e a sua 
estrutura interna; a segunda inicia na palavra. Em convergência a essa análise, 
a RAE afirma que “[...] a palavra constitui a unidade máxima de morfologia e 
Caracterização da sintaxe da língua espanhola34
a unidade mínima de sintaxe” (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 4). 
As palavras, pertencentes a determinada categoria ou classe, de acordo com 
as suas propriedades morfológicase sintáticas, formam grupos sintáticos: mi 
casa, por exemplo, é um grupo nominal e bebe leche, um grupo verbal. 
A morfologia trata da palavra como entidade única, formada por morfemas, 
e não analisa a relação que as palavras mantêm umas com as outras. Portanto, ao 
analisar as categorias gramaticais do espanhol, estaremos estudando a sintaxe 
da língua espanhola, e não a morfologia. Assim, ao fazer uma análise sintática 
na língua espanhola, deve-se perceber que qualquer relação sintagmática que 
possa existir entre os seus vocábulos, seja ela de classes de palavras ou de 
complemento verbal, será uma análise sintática.
A estrutura dos constituintes identifica as unidades que compõem a oração e sua 
respectiva disposição hierárquica. Portanto, para identificar as unidades de determinada 
oração, é preciso estabelecer dois tipos de informação: a informação categorial e a 
informação funcional. 
A informação categorial se relaciona às diferentes classes (artigo, substantivo, ad-
jetivo, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição) e subclasses 
(substantivos comuns e próprios, pronomes relativos, pronomes pessoais, verbos 
transitivos e intransitivos, etc.), que se distinguem de acordo com os diferentes tipos 
de propriedades compartilhadas. Os maiores constituintes na hierarquia sintagmática 
também podem ser classificados de acordo com a categoria de uma das palavras que 
compõem o núcleo: sintagma nominal (SN), sintagma adjetival (SA), sintagma verbal 
(SV), sintagma adverbial (SAdv) e sintagma preposicional (SP).
A informação funcional especifica a função sintática de cada um dos constituintes: 
sujeito, predicado, objeto direto, circunstancial, etc. É importante ressaltar que as 
funções sintáticas são sempre definidas em termos relacionais. Por exemplo, veja a 
análise da seguinte oração:
Mi hermana compró un libro nuevo en el aeropuerto.
Não se pode falar de sujeito sem referência, mas pode-se referir a ele como “sujeito de 
certa oração”. Logo, mi hermana é uma função sintática considerada sujeito no exemplo 
dado acima, mas não em Saludé a mi hermana (em que “mi hermana” representa um 
objeto direto) ou Tengo orgullo de mi hermana (em que “mi hermana” tem a função 
de complemento de régimen). Enquanto a informação categorial não depende da 
construção em que está incluída, mas da categoria dos constituintes que a compõem, 
a informação funcional está intimamente ligada ao significado da oração. 
35Caracterização da sintaxe da língua espanhola
Unidades sintáticas: as classes de palavras
As classes de palavras são paradigmas formados em função das suas propriedades 
combinatórias e das informações morfológicas que elas aceitam. As classes de 
palavras do espanhol são artigo, substantivo, adjetivo, pronome, verbo, advérbio, 
preposição, conjunção e interjeição. Segundo a RAE (REAL ACADEMIA 
ESPAÑOLA, 2010, p. 11), enquanto há classes de palavras que carregam infor-
mações gramaticais no seu léxico, há outras que têm seu signifi cado defi nido 
pela gramática, ou seja, pela relação sintática da oração em questão.
A RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010) chama de clases trans-
versales palavras que apresentam muita semelhança, mas com particularidades 
específicas, as quais classificam-se em diferentes grupos e, com isso, explicam 
vários aspectos de seu funcionamento e de seu significado. Por exemplo, os 
indefinidos, os numerais e os demonstrativos, quando modificam os subs-
tantivos, são analisados como uma classe de adjetivos; entretanto, quando 
substituem os substantivos e executam as suas funções sintáticas, assumem 
o papel de pronomes. Portanto, cabe salientar que as classes de palavras são 
caracterizadas por assumir um papel sintático nas suas unidades.
Os critérios de classificação
Propriedades morfológicas
As características morfológicas de cada classe constituem um critério ade-
quado para classifi cação. Devemos reconhecer dois tipos de propriedades 
morfológicas:
a) os preservadores da categoria, isto é, as propriedades de flexão;
b) os modificadores de categoria, ou a derivação.
Propriedades de flexão
As classes são divididas em variáveis, ou seja, as que admitem algum tipo 
de fl exão, e invariáveis, isto é, não permitem fl exão. Os artigos, os adjetivos, 
os pronomes, os substantivos e os verbos são variáveis. As preposições, as 
conjunções, as interjeições e os advérbios são invariáveis. 
1. A flexão nominal: os adjetivos sofrem flexão de gênero e número; os 
substantivos, de número (na maioria dos substantivos, o gênero é uma 
Caracterização da sintaxe da língua espanhola36
propriedade inerente). A flexão dos pronomes depende da subclasse, 
ou seja, os pessoais flexionam em caso, número e pessoa; os outros, 
em número e gênero — incluindo o neutro.
2. A flexão verbal: as características flexionais são divididas em dois 
grupos, que são os de concordância (número e pessoa) e aqueles que 
caracterizam a cláusula inteira (tempo e modo).
Deve-se notar que, em qualquer caso, embora essas propriedades de fle-
xão caracterizem a categoria como um todo, elas não são necessariamente 
verificadas em todos os seus membros. Alguns adjetivos são invariáveis em 
gênero. Há ainda pronomes que dependem da subclasse, como os pessoais, 
que têm número e pessoa, enquanto outros podem ser neutros, como nadie 
(ninguém). Da mesma forma, existem as formas não flexionadas do verbo 
(infinitivo, particípio e gerúndio). Esse é o motivo pelo qual temos de confiar 
principalmente em critérios sintáticos e incluí-los na categoria.
Propriedades de derivação
A derivação fornece marcas para diferenciar as classes. Alguns afi xos de-
rivados são transcategoritivos: o prefi xo super pode ser adicionado a bases 
substantivas (superhombre), às adjetivas (superintendente) ou às verbais 
(superponer); o mesmo ocorre no caso de sufi xos apreciativos: substantivos, 
adjetivos e advérbios podem receber sufi xos diminutivos. Outros afi xos, 
por sua vez, são especializados: o prefi xo negativo in é adicionado apenas 
às bases adjetivas (in + feliz); o sufi xo ción permite formar substantivos de 
bases verbais, como intuir > intuición e deducir > dedución, e os sufi xos ez 
ou eza formam bases adjetivas (bello > belleza).
Relações sintáticas: distribuição, combinações possíveis, 
restrições sintáticas, funções sintáticas
Cada classe pode ser caracterizada pela estrutura interna do núcleo do seu 
sintagma e pelo seu potencial funcional, isto é, pelas funções que pode de-
sempenhar na oração. Assim, o especifi cador de um substantivo é um de-
terminante (que pode ser um adjetivo ou um artigo), enquanto o do adjetivo 
ou do advérbio é um advérbio de grau, e os pronomes assumem o papel de 
substituidores. Para as palavras invariáveis, é necessário recorrer a critérios 
sintáticos, fundamentalmente aos critérios distributivos, isto é, ao conjunto de 
posições em que podem aparecer. Os advérbios, as preposições e conjunções 
37Caracterização da sintaxe da língua espanhola
são diferenciados pela posição que ocupam, em relação aos constituintes 
que modifi cam ou aos que governam. Assim, as preposições distinguem-se 
das conjunções pela categoria do termo governado: geralmente, um nome no 
primeiro, uma oração no segundo. Além disso, as preposições também são 
caracterizadas por governarem o sintagma preposicional, quando o termo é 
um pronome pessoal: para mí, en sí mismo, por ti.
Levando esses pontos em consideração, podemos estabelecer corretamente 
o valor das definições conceituais. O critério semântico não pode ser a base da 
classificação, quando se trata de atribuir as palavras de uma língua particular 
a classes específicas, uma vez que não há correspondência entre as classes de 
entidades extralinguísticas e as palavras. No entanto, em combinação com os 
critérios formais, a semântica pode ajudar a delimitar uma classe e estabelecer 
correspondências entre classes reconhecidas em diferentes idiomas que não 
compartilham as características formais. Da mesma forma,pode ser útil em 
função de seu valor pedagógico e heurístico. 
Por exemplo, embora não seja verdade que todos os substantivos denotem 
pessoas, coisas e lugares, já que existem substantivos que designam pro-
priedades (decencia, belleza, blancura) e outras ações (lavado, rastrillaje, 
resolución), a verdade é que as palavras que designam pessoas, coisas e lugares 
são substantivos.
A classificação e o seu caráter relativo
Em relação à quantidade de classes de palavras, segundo Lenz (1920), ela 
depende da língua em questão e do ponto de vista que se toma para classifi car 
as palavras. Com efeito, embora a classifi cação tradicional forneça um valioso 
ponto de apoio, são os interesses do gramático e a sua concepção teórica que 
determinarão quais classes serão estabelecidas. 
As classes de palavras não são classes naturais, mas construções teóricas 
do gramático. O que distingue basicamente a posição atual em relação às 
anteriores, de acordo com Bosque (1991), é que a gramática é concebida não 
como um produto que já está acabado, mas como um sistema a ser descoberto 
e elaborado explicitamente, nos termos mais apropriados. Isso significa que, 
na medida em que for necessário, as classes antigas serão deixadas para 
propor outras, ou serão redefinidas para explicar os comportamentos que 
são significativos. Assim, por exemplo, a unidade da classe tradicional de 
adjetivos é atualmente questionada. 
Caracterização da sintaxe da língua espanhola38
A RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010), como visto anterior-
mente, divide os adjetivos em duas subclasses: os adjetivos determinativos 
(demonstrativo, possessivo, indefinido, quantitativo) e os qualificadores. Ainda 
que todos modifiquem o substantivo, as diferenças entre os dois grupos são 
enormes, tanto do ponto de vista sintático, quanto do semântico. Por todas essas 
razões, os gramáticos mais atuais preferem atribuir cada grupo a uma classe 
diferente: a dos determinantes (juntamente com o artigo) e a dos adjetivos, 
em que os qualificadores constituem o grupo focal. De fato, é o gramático que 
decide, de acordo com a posição teórica que ele adotou e com a coerência de 
sua proposta, se divide a classe ou a preserva, com as subclassificações que 
julga mais convenientes. Por exemplo, segundo a RAE (REAL ACADEMIA 
ESPAÑOLA, 2010), a língua espanhola possui nove classes de palavras, as 
quais podem ser variáveis e invariáveis. As variáveis são definidas da seguinte 
forma (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010):
1. Artículos (artigos): o artigo é um determinante que permite delimitar a deno-
tação do grupo nominal do qual faz parte, assim como informa a sua referência. 
O artigo, portanto, especifica se o que foi designado por ele carrega consigo 
uma informação prévia ou não. Exemplos de artigos em espanhol: la (a), el (o), 
las (as), los (os), una (uma), unas (umas), un (um), unos (uns) e lo (artigo neutro).
2. Sustantivos (substantivos): o nome (ou substantivo) tem a característica 
de admitir gênero ou número. Ele denota entidades materiais ou imateriais, 
de toda natureza ou condição: pessoas, animais, coisas reais ou imaginá-
rias, grupos, lugares, etc. Pode vir acompanhado de artigo ou de adjetivo. 
Exemplos de substantivos em espanhol: La mujer inteligente; El cantar 
de los pájaros.
3. Adjetivos (adjetivos): o adjetivo é uma classe de palavras que acompanha o 
substantivo destacando uma propriedade ou limitando a sua extensão. Existem 
dois grupos de adjetivos: os qualificativos, que expressam propriedades ou 
circunstâncias dos seres ou objetos nomeados pelo substantivo (día soleado, 
pareja feliz); e os determinativos, que limitam a extensão do substantivo (este 
año, varios amigos). Exemplos de adjetivos em espanhol: mi hermano mayor 
(mi – adjetivo determinativo, mayor – adjetivo qualificativo); esta calle ancha 
(esta – adjetivo determinativo, ancha – adjetivo qualificativo).
4. Pronombres (pronomes): o pronome tem como principal função a subs-
tituição, seja ela de um substantivo, de um fato ou de uma das pessoas do 
discurso. Exemplos de pronomes em espanhol: Yo vi una ropa linda, la voy a 
comprar (yo substitui quem fala; La substitui una ropa linda).
5. Verbos: os verbos expressam ação, estado ou fenômenos da natureza. 
Existem formas simples, compostas, pessoais e impessoais. Exemplos de 
verbos em espanhol: tengo que cantar bien.
39Caracterização da sintaxe da língua espanhola
As classes de palavras invariáveis, segundo a RAE (REAL ACADEMIA 
ESPAÑOLA, 2010), são as seguintes:
6. Adverbios (advérbios): o advérbio é uma classe invariável que se caracteriza 
por dois fatores, um morfológico (pela ausência de flexão) e outro sintático 
(pela capacidade de estabelecer uma relação com grupos sintáticos corres-
pondentes de diferentes categorias). Trata-se de termos circunstanciais que 
indicam tempo, modo, lugar, afirmação, negação, dúvida e quantidade. Além 
disso, modifica três classes gramaticais, como o verbo (Juan canta bien), o 
adjetivo (Ana es muy inteligente) e o próprio advérbio (Vivo muy lejos de acá). 
Exemplos de advérbios: muy (muito), bien (bem), lejos (longe).
7. Preposición (preposição): as preposições são palavras que se caracterizam 
por introduzir um complemento. Elas não possuem autonomia sintática, mas 
a sua função consiste em relacionar palavras dentro da oração. Exemplos de 
preposições: a, ante, bajo, con, contra, de, desde, durante, en, entre, hacia, 
hasta, mediante, por, para, según, sin, sobre, cabe, versus, vía, tras.
8. Conjunción (conjunção): as conjunções constituem uma classe de palavras 
que relacionam entre si palavras, grupos sintáticos ou orações; algumas vezes 
os equiparam, outras os hierarquizam e fazem com que uns dependam de 
outros. Exemplos de conjunções: 
Queremos estudiar y hacer gimnasia.
Ana es inteligente, pero no estudia lo suficiente. 
Apenas termine la clase, nos vamos para casa.
Na prática
Os artículos formam uma classe gramatical que auxilia na determinação do grupo 
nominal do qual fazem parte. Esse grupo gramatical costuma ser classificado em 
determinados e indeterminados. Os determinados masculinos são el e los, e os femininos 
são la e las. Os indeterminados masculinos são un, uno, unos, e os femininos, una e unas.
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Caracterização da sintaxe da língua espanhola40
El piso está mojado, porque ha llovido hace poco.
9. Interjección (interjeição): trata-se de uma classe que se especializa na 
formação de enunciados exclamativos. Com a interjeição se expressam sen-
timentos e impressões.
Exemplos de interjeições:
a. Enunciados exclamativos: ¡ay! ¡vaya! ¡uff!.
b. Onomatopeias: Bang, jejejejeje, muac, guauguau, pío.
c. Grupos e orações exclamativas: ¡Cuánto esfuerzo! ¡Mal asunto! ¡Muy bueno!
Classes abertas mudam constantemente: novos membros são adicionados e outros 
são perdidos. Essa variação ocorre mesmo no nível individual — de acordo com a 
disponibilidade lexical do falante e da temática. Por outro lado, o número de membros 
de classes fechadas é severamente restrito. Ele praticamente não varia com o tempo e 
é conhecido e usado por todos os falantes, em todos os tipos de discurso. 
Nas classes abertas, vamos incluir principalmente as palavras de significado léxico: 
substantivos, adjetivos, verbos e advérbios terminados em mente. Nas classes fechadas, 
por outro lado, estão incluídas as palavras de significado fundamentalmente grama-
tical: os determinantes, os pronomes, os verbos auxiliares, o resto dos advérbios, as 
preposições e as conjunções. 
Todavia, a maioria dos membros das classes fechadas na verdade têm um significado 
léxico: bajo (embaixo de), entre, durante; aunque, porque, mientras (enquanto). Na reali-
dade, há poucas palavras que trabalham exclusivamentecomo marcas estruturais, sem 
significado: a, de, por. Além disso, enquanto apenas a classe de advérbios em mente 
é produtiva, os outros têm um claro significado lexical distintivo.
Vemos, então, que a distinção entre classes abertas e fechadas não coincide, neces-
sariamente, com a ideia existente entre palavras de significado lexical (ou “palavras 
completas”), que são classes abertas, e palavras de significado gramatical (ou “palavras 
vazias”), que são fechadas.
A oração e as suas peculiaridades
A sintaxe lida com as relações entre as palavras que formam uma frase. As 
palavras são organizadas de acordo com certas regras, que dizem respeito 
à ordem, a conexões explícitas e implícitas, à escolha que algumas palavras 
exercem sobre uma ou outra. Cada frase tem uma estrutura interna, de modo 
que a sintaxe estuda essa estrutura das orações, isto é, a combinação das 
palavras que a compõem. Assim, o campo de atuação da sintaxe representa o 
41Caracterização da sintaxe da língua espanhola
estudo das leis ou das regras que constituem as relações que podem ocorrer 
no eixo sintagmático da língua, ou seja, no eixo das combinações possíveis 
na cadeia horizontal de uma língua.
Essas relações podem se formar entre palavras, gerando os sintagmas, 
e entre as relações que se realizam entre os sintagmas, gerando as frases. 
Segundo Mattoso Câmara Junior (1972, p. 162–166), no discurso, porém, não 
são as palavras — e muito menos os morfemas — as unidades verdadeiras. 
Comunicamo-nos uns com os outros por meio de frases, isto é, de segmentos 
de extensão variável, que encerram um propósito comunicativo definido. Será 
frase, portanto, qualquer palavra ou grupo de palavras suficiente para atender 
o objetivo do falante: estabelecer a comunicação. 
Por exemplo:
a. El día está lindo. ¿Vamos a la playa?
b. ¡Ay! ¡Por supuesto!
Caso ¡Ay! e ¡Por supuesto! estivessem isoladas, não seriam consideradas 
frases; no entanto, nesse contexto, as duas são consideradas frases. Inclusive, 
a frase pode ter ou não ter verbo: quando não tem, chama-se frase nominal; 
quando tem verbo, chama-se oração.
A oração é a unidade máxima a ser estudada na sintaxe; logo, é necessária 
uma definição geral dessa noção fundamental. De fato, a gramática tradicional, 
que não ofereceu uma definição geral de palavra, dedicou atenção considerável 
à definição da oração. Centenas de definições são acumuladas, com base 
em critérios variados e, como esperado, a semântica predomina, seja lógica, 
psicológica ou comunicativa. Por exemplo, segundo a Real Academia Española 
(1973), “[...] a oração é a menor unidade de sentido completo em si mesmo em 
que o discurso real é dividido”. 
Tais definições receberam numerosas críticas, visando à vinculação da 
gramática tradicional a noções intuitivas, e não estritamente gramaticais. A que 
contou com mais seguidores é a de “sentido completo”. Embora seja correto 
destacar o fator intuitivamente mais relevante, é bastante complexo especificar 
o seu escopo. Como definir o que é o “sentido completo”? Segundo Alonso e 
Henríquez Ureña (1938, p. 10), “[...] ter sentido em si mesmo ou sentido completo 
quer dizer declarar, desejar, perguntar ou mandar algo”. Assim concebido, o 
significado completo está relacionado aos atos de fala que podem ser realizados 
por meio de orações. A partir dessa perspectiva, a oração seria uma unidade 
comunicativa, um ponto de vista compartilhado pela terceira definição.
Caracterização da sintaxe da língua espanhola42
O problema é que os limites de um ato de fala nem sempre coincidem com 
os da oração. A segunda definição apela, por sua vez, a um critério lógico. 
Embora orações declarativas usualmente expressem um julgamento, esse 
critério é inaplicável a orações interrogativas, imperativas e exclamativas, às 
quais, no entanto, não se poderia negar o caráter de oração.
Como outras noções, Bloomfield (1964[1933]) propôs uma definição da 
oração em termos distributivos: “[...] uma oração é uma forma linguística 
independente, não incluída em virtude de qualquer construção gramatical, 
em qualquer forma linguística mais ampla”. O que caracteriza as orações 
é sua autonomia gramatical. Logo, todas as orações independentes serão 
orações. Praticamente qualquer sequência, desde que acompanhada por um 
traço de entonação, resultaria em uma oração. Nesse caso, o problema é que, 
se a gramática as incluir, ela deverá dar regras para construções que pouco 
compartilham, do ponto de vista de sua estrutura interna. De fato, Bloomfield 
(1964[1933]) precisava estabelecer uma distinção adicional entre orações 
completas e orações menores, como as expostas anteriormente; do contrário, 
seria impossível abarcar a enorme diversidade estrutural existente entre elas 
nas regras da gramática.
Quais marcas estruturais nos permitem reconhecer essa independência? 
A marca mais óbvia é a entonação, isto é, as variações no tom de voz do 
falante, com padrões prosódicos com significado do tipo ofensivo, irônico, 
de decepção, que expressem alegria, entre outros. Dada a função delimitativa 
da entonação, cada oração corresponde a um próprio traço entonacional, que 
corresponde ao tom que o falante dá a determinada oração.
No entanto, como o próprio Bloomfield (1964[1933]) observa, quando 
produzimos duas orações consecutivas, elas nem sempre são marcadas por 
suas respectivas figuras tonais, ou marcas na fala. Muitas vezes, elas englobam 
apenas uma, na qual se omite uma pausa intermediária; então, deveríamos 
reconhecer uma única oração em uma sequência como a do exemplo (b).
O que todas as definições examinadas têm em comum é considerar a 
oração como uma unidade de comunicação, isto é, como a unidade na qual 
um texto pode ser dividido. Como tal, é definida em termos extragramaticais: 
semântico, pragmático e fonológico. Nesse sentido, a oração é uma unidade 
que corresponde à análise do discurso, e não à própria gramática. Assim 
consideradas, as sequências de (b) podem ser perfeitamente compreensíveis e 
efetivas como partes de um texto (uma conversação, uma canção ou uma letra), 
43Caracterização da sintaxe da língua espanhola
mas não permitem avançar em uma definição, em termos dos componentes 
necessários da oração em seu sentido gramatical. 
Se a oração é concebida, porém, como uma unidade estritamente gra-
matical, o que é necessário é que ela seja caracterizada como uma unidade 
de construção, para a qual corresponde defini-la a partir de sua estrutura 
interna. Nesse segundo sentido, precisaremos identificar os constituintes 
que a compõem. Trata-se de uma construção predicativa: consiste em um 
sujeito e um predicado. Em seu caso típico, o núcleo do predicado é um verbo 
conjugado, isto é, apresenta a flexão de pessoa e número, de acordo com 
o sujeito, e de tempo e modo. Para diferenciar os dois sentidos, aplicamos 
ao último a denominação cláusula. De acordo com Di Tullio (2005), em 
termos funcionais, significa que toda cláusula é formada por um sujeito e um 
predicado. De fato, nossos gramáticos perceberam essa dualidade subjacente 
no conceito de oração. Por essa razão, muitas vezes ofereciam, além das 
definições baseadas em critérios semânticos, uma definição estritamente 
gramatical. Bello (1970[1847]) já reconhecia dois tipos de unidades: a pro-
posição, definida por seus constituintes, ou o sujeito e o predicado (que ele 
chamou de atributo), e a oração. Dessa forma, cabe ressaltar que a definição 
de proposição — correspondente à nossa noção de cláusula — é baseada 
exclusivamente em sua estrutura interna, enquanto na oração se impõe um 
critério extragramatical.
A oração e o discurso
A gramática e a análise do discurso não se opõem, mas se complementam. 
Existem aspectos do discurso que dependem da organização de frases e ele-
mentos que transcendem os limites das orações. No entanto, é importante não 
esquecer que a oração (em seu signifi cado gramatical) e o discurso são objetos 
inerentemente diferentes. Somente dentro da estrutura da oraçãopodem ser 
formuladas regras que diferenciem claramente as sequências bem formadas 
das não gramaticais.
No discurso existem regularidades de natureza estatística, dependentes, 
em geral, de fatores pragmáticos. A presença de mecanismos formais coesos 
não garante a coerência de um discurso. Isso pode ser coerente mesmo quando 
nenhum desses recursos formais aparece; inversamente, mesmo quando todos 
eles são usados, o texto resultante pode ser incoerente.
Caracterização da sintaxe da língua espanhola44
Já em relação à gramática, para que uma oração seja gramatical, basta 
cumprir as regras da gramática. Assim, por exemplo, a concordância entre 
sujeito e verbo em número e pessoa é uma condição necessária para que uma 
oração seja gramatical; se a regra for violada, a sequência inevitavelmente 
será malformada. Dessa forma, é importante perceber que, para que o discurso 
ocorra, a oração deve estar bem formada. Assim, a sintaxe está em um nível 
mais profundo que a análise do discurso.
Classificação das orações
De acordo com a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010), tradicio-
nalmente as orações são divididas de acordo com três critérios: atitude do 
falante, natureza de seu predicado e dependência ou independência em relação 
a outras unidades.
a) A atitude do falante: a expressão da atitude do falante (modus) é 
chamada de modalidade em relação ao conteúdo das mensagens. Ge-
ralmente ocorrem dois tipos de modalidade: a da enunciação e a do 
enunciado. A enunciação representa as diferentes maneiras como 
os atos de fala são realizados, ou seja, analisa a intenção do falante. 
Com esse critério, diferenciam-se as orações declarativas, como “está 
nevando”, das orações interrogativas, como ¿Qué pasa?.
b) A natureza do seu predicado: de acordo com a natureza do predicado, 
podemos dividir as orações em transitivas (Llamé a Carlos), intransitivas 
(Mi primo salió temprano) e copulativas (El día está lindo).
c) A dependência ou independência em relação a outras unidades: 
orações simples não contêm outras que ocupem seus argumentos ou 
modifiquem seus componentes; por outro lado, as orações subordinadas 
dependem de alguma outra categoria, a qual elas complementam ou 
modificam. A oração subordinada é inserida ou incorporada à principal. 
A oração principal em Carlos dijo [que no quería ir a la fiesta], por 
exemplo, não é o segmento Carlos dijo (que não constitui uma oração 
por si só, já que é incompleta), mas toda a sequência em itálico. O que 
está entre colchetes é a oração subordinada, que é interpretada como 
parte da oração principal. Chama-se oração composta aquela que 
contém uma ou mais orações subordinadas.
45Caracterização da sintaxe da língua espanhola
Funções sintáticas: uma relação básica
As classes de palavras e as funções sintáticas mantêm relações que auxiliam a 
interpretação semântica de determinada oração. Segundo a RAE (REAL ACA-
DEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 15), por mais que as funções dependam da posição 
que as palavras ocupam, é importante também analisar outras marcas ou expoentes 
sintáticos. Portanto, a frase Saldrá el martes admite mais de uma interpretação. 
Por exemplo, se el martes designar a entidade que se diz estar saindo, será o sujeito 
do verbo saldrá; no entanto, se a oração informar que determinada pessoa não 
especifi cada chegará naquele dia, el martes será um complemento circunstancial. 
Normalmente, segundo a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010), três classes de 
funções são diferenciadas: sintática, semântica e informativa. As funções sintáticas 
(como sujeito) são estabelecidas a partir de marcas ou índices formais — como o 
número e a concordância de pessoa — e a posição sintática.
As funções semânticas (como agente) especificam a interpretação semântica que 
deve ser dada a certos segmentos, de acordo com o predicado do qual eles dependem. 
Assim, um sujeito pode ser um agente — quem faz a ação, como em Javier abrió la 
puerta — ou pode não ser, como em Su hermana se llamaba Carlota.
As funções informativas referem-se à parte informacional da sentença (isto é, à 
separação entre o que é conhecido e o que é apresentado como novo). A contribuição 
de cada fragmento da mensagem depende em grande parte do discurso anterior e de 
seu papel na articulação do texto, mas, ao contrário dos outros dois tipos de funções, 
não é determinado pelo significado dos elementos lexicais.
Predicados e argumentos
Semanticamente, cada oração contém uma expressão predicativa e um ou 
mais argumentos. Os argumentos são, em geral, expressões referenciais que 
permitem identifi car entidades do mundo extralinguístico. O predicado atribui 
uma propriedade a um argumento ou descreve o relacionamento entre os 
argumentos, isto é, ele determina quantos e quais argumentos são necessários.
O conceito de predicado, retirado da lógica, designa a expressão gramatical 
cujo conteúdo é atribuído ao referente do sujeito, por exemplo:
El maestro explicaba la lección a los alumnos. (predicado)
Caracterização da sintaxe da língua espanhola46
Segundo Gómez Torrego (2005, p. 272–273), costumam-se distinguir 
dois tipos de predicado: o verbal e o nominal. Os predicados nominais são 
representados pelos verbos copulativos, que em português são conhecidos 
como verbos de ligação: os verbos ser e estar. Por exemplo:
Está frío.
Es invierno.
Os predicados verbais são todos aqueles que não possuem verbos copu-
lativos, e sim verbos com carga semântica plena, os quais podem aparecer 
sozinhos ou com complementos. Por exemplo:
Juan ha salido.
María compró cinco libros.
As funções sintáticas e as suas marcas
De acordo com a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 16): 
[...] as funções sintáticas representam as formas pelas quais as relações 
que expressam os argumentos são manifestadas. Cada função sintática é 
caracterizada pela presença de diferentes marcas ou expoentes gramaticais, 
tais como concordância, posição, presença de preposições e, por vezes, 
entonação. Marcas de função são os índices formais que permitem que 
sejam reconhecidos. 
Na sequência, veremos as principais funções sintáticas da língua espanhola.
Sujeito
Toda oração ou cláusula possui dois componentes fundamentais: o sujeito 
e o predicado. Segundo Gómez Torrego (2005), ambos estão no mesmo 
nível sintático e têm uma relação de interdependência. O sujeito assume 
o seu papel sintático em função do predicado, e o predicado se justifi ca 
porque há um sujeito — embora em algumas ocasiões o sujeito possa 
ser nulo ou estar oculto. Para a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 
1973, p. 350), a noção de sujeito assume outra defi nição bastante repetida 
em nossa tradição gramatical: “[...] o sujeito é a pessoa ou coisa da qual 
falamos algo”.
47Caracterização da sintaxe da língua espanhola
Como já exposto, para classificarmos o sujeito, é necessário que saibamos 
identificá-lo. Dessa forma, segundo Di Tullio (2005), o sujeito pode ser clas-
sificado de acordo com as marcas apresentadas a seguir.
Ponto de vista categorial
O sujeito é um sintagma nominal (SN), cujo núcleo pode ser um substantivo 
comum, nome próprio ou pronome. Em alguns casos, pode ser também uma 
cláusula ou oração subordinada.
La mujer rubia salió temprano. (substantivo comum)
Neymar Jr. está más conocido que Pelé. (nome próprio)
¿Ella ha llegado retrasada? (pronome)
Quien dijo eso es un torpe. (oração subordinada)
Ponto de vista verbal
A marca estrutural que permite identifi car mais claramente o assunto gramatical 
é a concordância com o verbo nas características fl exionais do número e da 
pessoa. Qualquer variação nessas propriedades fl exionais afetará necessaria-
mente o verbo e defi nirá, automaticamente, o sujeito.
A Roberta se le ocurrió una idea. (sujeito: una idea)
A nosotros se nos ocurrió una idea. (sujeito: una idea)
A Roberta se le ocurrieron varias ideas. (sujeito: varias ideas)
A rica flexão do verbo espanhol possibilita que o sujeito não seja explícito, 
isto é, que ele seja oculto. Desse modo, é possível identificar o sujeito,apesar 
de ele não ser expresso, em função das propriedades flexionais do verbo.
Saliste temprano. (sujeito não explícito)
Ao contrário do inglês ou do francês, que requerem um sujeito explícito, 
o espanhol é uma língua que, em alguns casos, aceita sujeito nulo. Logo, é 
possível identificar a inexistência de sujeito, em função das propriedades 
flexionais do verbo.
Salió temprano. (sujeito inexistente)
Caracterização da sintaxe da língua espanhola48
Complementos direto e indireto
O objeto direto — ou complemento direto — é defi nido pela RAE (REAL 
ACADEMIA ESPAÑOLA, 1973, p. 371) como:
[...] a palavra que define o significado do verbo transitivo, e denota ao mes-
mo tempo o objeto (pessoa, animal ou coisa) no qual representa uma ação 
expressa pelo próprio verbo. Este complemento é chamado de direto porque 
nele a ação do verbo é cumprida e terminada, e ambos formam uma unidade 
sintática “verbo + objeto direto”.
Já para a RAE de versão mais recente (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 
2010, p. 565):
[...] o objeto direto ou objeto direto é uma função sintática que corresponde 
a um argumento dependente de verbo. Forma com ele (e às vezes com outras 
unidades) um grupo verbal e fornece a informação necessária para conformar 
a unidade de pregação que o verbo constitui.
Nessa definição, o objeto direto é identificado pelo papel temático do 
paciente afetado. O objeto direto também pode ser um objeto criado pela 
ação do verbo (objeto efetuado: María pintó un cuadro), que não tem exis-
tência prévia (como o paciente ou objeto afetado: María pintó la pared) ou 
um estímulo ligado a uma percepção ou um estado psicológico (Luisa oyó el 
disparo; Manuel adora la música rock). Em contraste, o objeto direto nunca 
pode ser um agente.
Como o sujeito, segundo Di Tullio (2005), o objeto direto pode ser classi-
ficado de acordo com as seguintes marcas:
a) O objeto direto é um SN determinado por um SV.
b) Quando o objeto direto é uma pessoa, ele vem precedido da preposição a.
Vi a Juan.
c) Pode ser substituído pelos clíticos acusativos: me, te, lo, la, nos, os, 
los, las.
Ayer vi a Juan y lo invité a cenar.
49Caracterização da sintaxe da língua espanhola
Segundo a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 672), o com-
plemento indireto ou objeto indireto é chamado de função sintática realizada 
por pronomes átonos dativos, bem como grupos preposicionais liderados por 
uma preposição que pode ser substituída por um pronome dativo. Enquanto 
o clítico acusativo de 3º pessoa (la, los, las) substitui o objeto direto, o dativo 
(le, les), por outro lado, cumpre funções mais variadas. Por exemplo, existem 
as chamadas construcciones de doblado (literalmente, construções dobradas) 
ou duplicación (duplicação) do pronome átono, como em Al Rey le han gustado 
las capillas que ha visto (caso de duplicação).
Cabe esclarecer que não se compreende que o verbo tenha dois comple-
mentos indiretos, mas que um reproduz o outro, ou que ambos formam um 
segmento descontínuo. Do ponto de vista semântico, os complementos indiretos 
designam o receptor, o experienciador, o beneficiário e outros participantes 
em uma ação, um processo ou uma situação.
Predicativo
Como vimos anteriormente, os predicados semânticos pertencem a diferentes 
categorias, podendo ser verbais ou nominais. Caso a referência se dê a predica-
dos nominais, com os verbos ser, estar ou outros similares, teremos a presença 
de predicativos subjetivos obrigatórios. Se eles aparecem com outros verbos, 
que têm seu próprio conteúdo semântico, eles serão predicados secundários 
que modifi cam o principal — predicados subjetivos que não são obrigatórios. 
Os verbos copulativos (de ligação) vão acompanhados por predicativos 
obrigatórios, como em:
Juan es celoso.
María parece cansada.
Mis hijas están de buen humor.
Juan es un médico prestigioso.
Todas essas as cláusulas/orações consistem em um elemento predicativo, 
pois possuem verbos copulativos. Nos exemplos seguintes, por outro lado, 
existem dois precedentes: um primário (aquele do verbo conjugado) e um 
secundário (aquele do predicado não obrigatório), que é orientado para o 
sujeito da cláusula/oração.
Juan llegó cansado.
María lo miraba impasible.
Caracterização da sintaxe da língua espanhola50
O predicativo não necessariamente se refere apenas ao sujeito. Ele também 
pode se referir ao objeto direto, como nos seguintes exemplos:
Considero interesante tu propuesta.
Nombraron a Pedro director de orquesta.
Te veo muy bien. 
Complementos preposicionais
Há complementos na sintaxe da língua espanhola que não são complementos 
de transitividade direta ou indireta, mas que são importantes para o entendi-
mento total da oração.
Complemento de régimen
Os complementos de régimen não podem ser substituídos ou duplicados por 
pronomes, nem concordar com o sujeito ou com o objeto. Nenhum dos dois 
pode ser substituído por advérbios, como uma grande parte dos circunstanciais. 
Nós os distinguimos porque a preposição que os encabeça é selecionada pelo 
verbo — é governada por ele. Eles correspondem a argumentos selecionados 
pelo verbo, mesmo quando, do ponto de vista semântico, cobrem noções 
bastante diferentes:
El disertante abusó de la paciencia del público.
El Ministro siempre insiste en sus supuestos logros.
El argumento de la defensa se basa en la falta de seguridad 
de los ciudadanos.
Complemento agente
Um complemento especial é o do agente, que aparece em frases passivas, 
encabeçadas pela preposição por, e corresponde ao sujeito das orações 
ativas. Ele pode ser omitido, apesar de ser considerado complemento, em 
função de sua relação sistemática com um dos argumentos selecionados 
pelo verbo. 
La noticia fue difundida por la agencia EFE.
El libro aún no fue devuelto por el profesor.
Los delincuentes fueron identificados por algunos vecinos.
51Caracterização da sintaxe da língua espanhola
Os adjuntos ou complementos circunstanciais
Existem complementos que especifi cam circunstâncias — tempo, lugar, em-
presa, instrumento, quantidade, modo, propósito e causa — que acompanham os 
verbos. Esses complementos são conhecidos como adjuntos, ou complementos 
circunstanciais.
Salir por las mañanas. 
Construir una casa en el campo. 
Estudiar con mis hermanas.
Cantar con voluntad.
Ahorrar para viajar.
ALONSO, A.; HENRÍQUEZ UREÑA, P. Gramática castellana. Buenos Aires: Losada, 1938.
BELLO, A. Gramática de la lengua castellana. Buenos Aires: Sopena, 1970. Originalmente 
publicado em 1847.
BLOOMFIELD, L. Lenguaje. Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos, 1964. 
Originalmente publicado em 1933.
BOSQUE, I. Las categorías gramaticales. Madrid: Síntesis, 1991.
CAMARA JUNIOR, J. M. Princípios de linguística geral. Rio de Janeiro: Livraria Acadê-
mica, 1972.
DI TULLIO, Á. Manual de gramática del español. Buenos Aires: La Isla de Luna, 2005.
GÓMEZ TORREGO, L. Gramática didáctica del español. São Paulo: SM, 2005.
LENZ, R. La oración y sus partes. Madrid: Centro de Estudios Históricos, 1920.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Esbozo de una nueva gramática de la lengua española. 
Madrid: Espasa-Calpe, 1973.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española: manual. Madrid: 
Espasa, 2010.
Caracterização da sintaxe da língua espanhola52
DICA DO PROFESSOR
Compreender o funcionamento dos pronomes na lingua espanhola é uma necessidade básica 
para o estudioso da área. Assim, a Dica do Professor traz, de forma mais esclarecedora, quais 
são os pronomes no espanhol.
Confira.
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Las clases de palabras
Neste material, você verá um pouco mais sobre as classes de palavras em espanhol.
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Sintaxis del adjetivo español: orientación didáctica
Neste artigo, Alberto Millán Chivite traz a sintaxe dos adjetivos em espanhol.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!Introducción a la sintaxis
Este vídeo traz uma introdução à sintaxe da língua espanhola.
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Encontros vocálicos, dígrafos e encontros 
consonantais 
APRESENTAÇÃO
No decorrer dos estudos para aprendizagem do espanhol como língua estrangeira, é fundamental 
que você conheça as formas de combinação de vogais e consoantes no idioma. Para isso, é 
preciso ter em conta que as vogais – a, e, i, o, u – se diferem das consoantes porque não 
apresentam nenhuma barreira que interrompa a saída do ar durante a pronunciação e são 
classificadas em abertas (a, e, o) e fechadas (i, u). Além disso, é necessário lembrar, também, 
que as vogais que você pronuncia com mais intensidade são chamadas vogais tônicas, e as de 
menor intensidade são chamadas vogais átonas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará as combinações vocálicas – diptongo, 
triptongo, hiato e sinalefa – e as combinações dos grupos consonántes em espanhol, assim 
como suas implicações na pronunciação.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Diferenciar ditongos, tritongos, hiatos e sinalefas em espanhol.•
Reconhecer os dígrafos existentes em espanhol.•
Identificar os grupos consonantais e suas particularidades na pronúncia do espanhol.•
INFOGRÁFICO
Em espanhol, a combinação dos fonemas pode ocorrer de três formas possíveis: entre vogais, 
entre consoantes e vogais e entre consoantes diferentes. As combinações entre vogais, também 
chamadas de sequências vocálicas, são classificadas em diptongos, triptongos, hiatos e 
sinalefas, de acordo com a forma como se sequenciam nas palavras e, também, com a tonicidade 
que adquirem. 
Os dígrafos combinam duas letras para representar um som (fonema), que não corresponde 
ao de nenhuma letra isolada do alfabeto do espanhol. São considerados uma categoria 
intermediária, pois as combinações de fonemas são variadas: entre consoantes iguais, entre 
consoantes diferentes e até entre consoantes e vogais. Já as combinações entre consoantes são 
chamadas de grupos consonánticos. Estes grupos representam a junção de fonemas 
consonantais diferentes para, a partir da união de sons distintos, representar um novo som. 
No infográfico a seguir, você visualizará como ocorrem os encontros vocálicos em uma mesma 
sílaba em espanhol: os diptongos e os triptongos. 
CONTEÚDO DO LIVRO
Conhecer as combinações entre vogais e consoantes do espanhol permitirá que você desenvolva 
adequadamente as habilidades de escrita e de fala, para que as situações de comunicação fluam 
de modo efetivo e objetivo.
No capítulo Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais, da obra Fonética e 
fonologia do espanhol, você aprenderá as regras gramaticais e fonéticas dos encontros vocálicos 
(diptongos, triptongos, hiatos e sinalefas), dos dígrafos e dos encontros consonantais 
característicos desse idioma. 
Boa leitura.
Encontros vocálicos, dígrafos 
e encontros consonantais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
� Categorizar e diferenciar ditongos, tritongos, hiatos e sinalefas em
espanhol.
� Reconhecer os dígrafos existentes em espanhol.
� Identificar os grupos consonantais e as suas particularidades na pro-
núncia do espanhol.
Introdução
Ao longo dos estudos para a aquisição do espanhol como língua estran-
geira, é importante conhecer as combinações possíveis entre vogais e 
consoantes. A partir delas, você consegue desenvolver as suas habilidades 
de escrita e de fala de modo adequado e, consequentemente, passa a 
ser efetivamente compreendido. Para isso, é importante lembrar que as 
vogais (a, e, i, o, u) se diferem das consoantes porque não apresentam 
nenhuma barreira que interrompa a saída do ar durante a pronunciação. 
Neste capítulo, você vai estudar as combinações vocálicas — ditongo, 
tritongo, hiato e sinalefa — e as combinações consonantais em espanhol, 
assim como as suas implicações na pronúncia. 
Categorização dos ditongos, tritongos, 
hiatos e sinalefas em espanhol 
Em espanhol, as sequências vocálicas são classifi cadas em ditongos, tritongos, 
hiatos e sinalefas, de acordo com o modo como se combinam e com a tonici-
dade que adquirem no contexto das palavras. Do ponto de vista fonético, as 
vogais se classifi cam em abertas (a, e, o) e fechadas (i, u). Além disso, aquelas 
vogais que você pronuncia com mais intensidade são chamadas de vogais 
tônicas, e aquelas que você pronuncia com menor intensidade são chamadas 
de vogais átonas. Observe o Quadro 1.
Vogais abertas Vogais fechadas
A – E – O I - U
Quadro 1. Vogais
Ditongo
A sequência de duas vogais diferentes que se pronunciam em uma mesma 
sílaba confi gura um ditongo na língua espanhola (ou diptongo, em espanhol). 
Você pode ver exemplos de ditongos em diurno, viento, muy, cohibir. A letra 
y, chamada de “i griega” ou ye, é considerada vogal em contextos em que tem 
som de i, como em muy. A letra h não infl uencia nas sequências vocálicas, 
pois não representa nenhum fonema, como em cohibir. 
No espanhol, os ditongos são classificados em crescentes, decrescentes 
e homogêneos. Nas situações em que a primeira vogal que aparece é fechada 
(i, u), seguida por uma vogal aberta (a, e, o), como em diario e fuego, tem-se 
o ditongo crescente (ou diptongo cresciente em espanhol). Quando a ordem é 
a inversa, ou seja, a primeira vogal é aberta e a segunda é fechada, como em 
pausa e reina, tem-se o ditongo decrescente (ou diptongo descresciente em 
espanhol). Por último, quando há duas vogais fechadas diferentes na mesma 
sílaba, ou seja, quando se têm as sequências iu ou ui, (como em ciudad e 
ruido, chamamos este de ditongo homogêneo (ou diptongo homogeneo em 
espanhol).
Os ditongos são acentuados ou não de acordo com as regras gramaticais 
de acentuação do espanhol. Como exemplo, você pode notar que o ditongo 
pasión é acentuado, pois, de acordo com as regras do idioma, toda palavra 
oxítona (em espanhol, diz-se aguda) terminada em -n ou -s recebe acento. 
Já o ditongo viernes não recebe acento, porque, segundo as regras, todas as 
paroxítonas (em espanhol, llanas) terminadas em -n ou -s não são acentuadas.
Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais2
Tritongo
A sequência de três vogais em uma mesma sílaba confi gura um tritongo 
(ou triptongo em espanhol), como em averiguáis e apreciéis. Nesse idioma, 
para que a sequência de vogais seja considerada um tritongo, deve ocorrer a 
seguinte combinação: a primeira vogal fechada, a segunda vogal aberta e a 
terceira vogal fechada. Em resumo, as vogais abertas sempre deverão estar 
no meio de duas vogais fechadas, como em confiéis, apreciáis e Uruguay.
Entretanto, há situações em que, mesmo com uma sequência de três vogais, 
não ocorre tritongo, e sim a junção de um ditongo e um hiato (separação de 
vogais), ou vice-versa. Isso acontece porque, na separação de sílabas, uma das 
vogais do trio fica separada:
comíais > co – mí -ais
rompíais > rom – pí – ais
semiautomático > se – mi – au – to – má – ti – co
Os tritongos podem ou não ser acentuados, segundo as regras do espanhol. Por 
exemplo, o tritongo Paraguay não recebe acento, já que as oxítonas levam acento 
apenas quando terminadas nas consoantes -n ou -s. Já o tritongo apreciáis se 
enquadra nessa regra, ou seja, é acentuado porque é uma oxítona e termina em -s. 
Hiato
A sequência de vogais — iguais ou diferentes — pronunciadas em sílabas 
diferentes é amplamente conhecida na língua espanhola como um hiato, ainda 
que alguns estudiosos a nomeiem como adiptongo. Em espanhol, considera-se 
hiato a combinação de vogal aberta (a, e, o) átona e vogal fechada (i, u) tônica, 
como em reír, transeúnte e país (estes sempre serão acentuados). Também 
ocorre quando essa ordem se inverte, ou seja, quando a combinação se dá 
entre uma vogal fechada tônica e uma vogal aberta átona, como nos exemplos 
María, vacío e dúo (estes também serão sempreacentuados). 
Há hiato também nas combinações de vogais iguais, sejam elas duas abertas 
ou duas fechadas: zoológico, poseer, azahar, chiita. Por último, há hiato nas 
combinações de vogais abertas diferentes, como em poeta, caer e golpear. 
Nesses dois últimos casos, os hiatos serão acentuados ou não de acordo com 
as regras de acentuação do idioma. Por exemplo, o hiato sean não recebe acento, 
porque as paroxítonas terminadas em -n ou -s não são acentuadas. Já o hiato 
bebió recebe acento, pois todas as oxítonas terminadas em vogal são acentuadas. 
3Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais
Sinalefa
A sequência de vogais oriundas das vogais fi nais de uma palavra e das vogais 
iniciais da palavra seguinte, quando unidas em uma mesma sílaba na pronun-
ciação, confi gura uma sinalefa: 
Aprenda a hablar > *Aprend(a)blar
Tu ojo > *T(uo)jo. 
Em espanhol, segundo Navarro Tomás (1968), a sinalefa possui efeitos 
fonéticos (na fala) e métricos (na versificação em poesia), pois formam-se 
por esse fenômeno ditongos de estilo, sem levar necessariamente em conta 
as regras gramaticais de formação de ditongos. Por exemplo, na sinalefa 
La orden > l(ao)rden, há uma ditongação chamada de imprópria, uma vez 
que ela é formada por duas vogais abertas. 
Em uma única palavra, você pode encontrar no máximo três combinações 
de vogais — o chamado tritongo. Entretanto, nas sinalefas, você pode encontrar 
grupos vocálicos superiores a três vogais:
Corrió a esperarlo > *Corr(ioae)sperarlo
Envidio a Eusebio > *Envid(ioaeu)sebio. 
Fonética é a parte da gramática que estuda os mecanismos de produção, transmissão 
e percepção do sinal sonoro que constitui a fala. Fonema é a menor unidade sonora na 
pronunciação das palavras capaz de distinguir significados (Real Academia Española, 
c2018, documento on-line). 
Os dígrafos em espanhol
Os dígrafos são combinações de duas letras para representar um som. Em 
espanhol, há cinco tipos de dígrafos: ch, ll, gu, qu e rr. Exemplos dessas 
combinações podem ser vistos nas palavras leche, calle, guerra, queso e arriba. 
Os dígrafos não fazem parte do alfabeto da língua espanhola, somente as 
letras que os compõem individualmente. Entretanto, é comum surgirem dúvidas 
Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais4
se os dígrafos ch e ll integram ou não o alfabeto. De fato, como esclarece Fanjul 
(2014), esses dois dígrafos se inseriam no alfabeto em sequência às letras c e l. 
Contudo, desde a última reforma ortográfica da língua espanhola, em 2010, eles 
deixaram de ser considerados como letras para integrar a categoria de dígrafos.
Cada dígrafo representa um som distinto na língua espanhola, que não é 
contemplado por nenhuma das 27 letras do alfabeto desse idioma. Ao longo das 
transformações do latim até a origem do espanhol, vários sons (ou fonemas) 
foram se perdendo, e outros foram surgindo. Daí vem a necessidade de adaptar 
os dígrafos latinos herdados ou criar novos, de forma a representar sons que 
não são contemplados isoladamente pelas letras do alfabeto espanhol. 
É importante que você lembre que, no momento de realizar a separação 
silábica de uma palavra com dígrafo, as duas letras que o compõem deverão 
permanecer juntas na mesma sílaba: 
muchacho > mu – cha – cho
guerrilla > gue – rri – lla
toque > to – que
De acordo com a terminologia própria da fonética (MILANI, 2006), o 
dígrafo ch representa o fonema fricativo palatal surdo — algo como o 
tch do português. Alguns exemplos de palavras com esse som são chancla, 
chantajear e fecha. 
O dígrafo ll, chamado de elle ou doble ele, representa, em princípio, o 
fonema lateral palatal sonoro, semelhante ao lh do português. Você pode 
ver exemplos desse som em palavras como pollo, llanto e caballo. Contudo, 
esse dígrafo apresenta importantes casos de variação linguística (diferentes 
pronúncias de acordo com a região do falante). Por exemplo, o yeísmo — fenô-
meno linguístico que consiste em pronunciar de modo idêntico o y e o dígrafo 
ll (llanto > yanto, calle > caye, detalle > detaye) — é comum em algumas 
regiões da Espanha e em alguns países da América Latina. Há também o 
chamado yeísmo rehilado (também conhecido de sheísmo). Nesse fenômeno 
linguístico, além de o falante não diferenciar o som do y e o do dígrafo ll, 
também articula esses fonemas com uma fricção (rehilado), como ocorre na 
Argentina e no Uruguai (llanto > shanto, calle > cashe, detalle > detashe). 
 Já o dígrafo rr, chamado de erre, representa o fonema vibrante alveolar 
sonoro, isto é, a vibração múltipla da consoante r. Ele é usado sempre em 
posição intervocálica, como em hierro, perro e erradicar. 
Os dígrafos gu e qu apresentam algumas semelhanças. O gu é empregado 
antes das vogais e e i e representa o fonema oclusivo velar sonoro, ou seja, 
5Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais
caracteriza a suavidade fonética na pronúncia — assim como ocorre em 
português (por exemplo, em aluguel). Mais especificamente, a vogal u é 
muda nesse dígrafo, mas sem ela a pronúncia remete à consoante j da língua 
espanhola (equivalente ao som da consoante r em português). Note a diferença 
entre palavras com o dígrafo gu e com o uso isolado da consoante g antes das 
vogais e e i: guerra – gente, guitarra – gitana. 
De modo semelhante, no dígrafo qu a vogal u não é pronunciada. Essa 
combinação é utilizada para indicar um fonema oclusivo /ka/ e /ki/ antes das 
vogais e e i, como em querer, querubín, quimera e quince. Assim como em 
português, não existe o uso isolado da letra q, isto é, essa consoante sempre 
virá acompanhada da vogal u. 
Em português, o sinal diacrítico conhecido como trema (¨), usado nos dígrafos qu e 
gu, está abolido desde 31 de dezembro de 2015, quando chegou ao fim o prazo para 
a adaptação às inovações determinadas pelo Decreto nº. 6.583/2008, que definiu o 
último Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 
Em espanhol, esse sinal diacrítico, chamado de diéresis ou crema, atualmente tem um uso 
muito específico: somente sobre a vogal u no dígrafo gu, para indicar que a vogal deve ser 
pronunciada. Segundo o linguista espanhol Salvador Gutiérrez Ordóñez, “Algunos poetas la 
emplean en sus versos para romper un diptongo y separar de ese modo en dos sílabas lo que en 
principio era una. Es un uso por razones de métrica […]” (VELASCO, 2017, documento on-line). 
Grupos consonantais e as suas particularidades 
na pronúncia do espanhol
Um grupo consonantal refere-se à combinação de duas ou mais consoantes 
diferentes para, a partir de sons distintos, representar um som novo. Em 
espanhol, esse fenômeno linguístico é chamado de grupos consonánticos. 
Na primeira categoria desses grupos, as consoantes permanecem juntas na 
divisão silábica. A essa categoria, da qual fazem parte os exemplos mais comuns 
no idioma, pertencem os grupos bl, br, cl, cr, dr, fl, fr, gl, gr, pl, pr, tl, tr e ns. 
Há ainda outra categoria de grupos consonantais, em que as consoantes 
ficam separadas na divisão silábica. Os grupos representantes dessa categoria, 
menos comuns no idioma, são xp, cc, ct, sp, st, nr, sm, mb e mp. O Quadro 2 
apresenta exemplos dessas duas categorias.
Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais6
Grupos consonantais
que permanecem unidos Exemplos
bl tabla (ta – bla), ablandar (a – blan – dar)
br brazo (bra – zo), broma (bro – ma) 
cl clase (cla – se), clero (cle – ro)
cr cráneo (crá – neo), crema (cre – ma)
dr dragón (dra – gón), drenar (dre – nar)
fl flaco (fla – co), flexión (fle – xión) 
fr fraternal (fra – ter – nal), fresa (fre – sa) 
gl glacial (gla – ci – al), global (glo – bal) 
gr granulado (gra – nu – la – do), grotesco 
(gro – tes – co) 
pl plata (pla – ta), pluma (plu – ma) 
pr preparar (pre – pa – rar), prado (pra – do) 
tl atleta (a – tle – ta), Atlántico (A – tlán – ti – co) 
tr trabajar (tra – ba – jar), trenza (tren – za)
ns construcción (cons – truc – ción), institución 
(ins – ti – tu – ción)
Grupos consonantais
que se separamExemplos
xp explotar (ex – plo – tar), exponer (ex – po – ner)
cc atracción (a – trac – ción), acceder (ac – ce – der)
ct actor (ac – tor), afecto (a – fec – to) 
sp áspero (ás – pe – ro), despacho (des – pa – cho)
st estoquear (es – to – que -ar), pista (pis – ta)
nr desenraizar (de – sen – ra – i – zar), enrijecer 
(en – ri – je – cer) 
sm asma (as – ma), abismo (a – bis – mo)
mb timbre (tim – bre), temblar (tem – blar)
mp temprano (tem – pra – no), empujar (em – pu – jar) 
 Quadro 2. Categorias de grupos consonantais 
7Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais
A Real Academia Española (RAE) é uma instituição que foi fundada em 1713 em Madrid, 
na Espanha. Ela se dedica à elaboração das regras normativas da língua espanhola e 
trabalha em coordenação com as Academias Nacionales de cada um dos 21 países que 
têm o espanhol como idioma oficial. Em seu site, é possível acessar muitos documentos 
sobre a normatização da língua espanhola, bem como o famoso Diccionario de la lengua 
española, conhecido como DRAE (Real Academia Española, c2018). 
Particularidades na pronúncia dos grupos consonantais 
em espanhol
De acordo com a última edição da Ortografía de la lengua española, publicada 
em 2010 pela Real Academia Española, por razões etimológicas, há palavras 
em espanhol que contêm sequências de duas ou mais consoantes seguidas. 
Em determinadas posições, elas formam grupos alheios aos padrões silábicos 
mais característicos do idioma e, por isso, são difíceis de serem articuladas 
para os falantes de espanhol. Com isso, ocorre a simplifi cação desses grupos 
consonantais na pronúncia e, em alguns casos, também na escrita. 
 � Grupos cn-, gn-, pn-, ps-, pt- em início de palavra: esses grupos só apa-
recem em palavras consideradas cultismos de origem greco-latina, como 
cneoráceo, cnidario, gnetáceo, gnosticismo, mnemotecnia, pneuma, 
psicología, ptolomaico. Na pronúncia, elimina-se a primeira consoante: 
cnidario > nidário, gnóstico > nóstico. 
 � Grupo -bs-: a redução ocorre em posição de final de sílaba na pronún-
cia. Na escrita, as duas formas coexistem: obscuro > oscuro, obscu
recer > oscurecer, subscribir > suscribir, substancia > sustancia, 
substrato > sustrato.
 � Grupos trans- e tras-: o grupo tras- é utilizado com o sentido de atrás de 
para substantivos que remetem a espaço ou lugar designado pela palavra 
base, como trasaltar, traspatio e traspasar. Você pode escolher usar 
trans- ou tras-, tanto na pronúncia como na escrita, quando a próxima 
letra for uma consoante: trasbordo ou transbordo, trascendencia ou 
Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais8
transcendencia, trascribir ou transcribir. O grupo trans-, quando se 
une a uma palavra base que começa com a consoante s, promove a fusão 
das consoantes iguais: transexual, transiberiano, transustanciación.
 � Grupo post- e pos-: esse grupo significa atrás de ou depois de. As 
duas formas, tanto a etimológica post- quanto a simplificada pos-, 
coexistem na língua espanhola. Entretanto, há a preferência, princi-
palmente na pronúncia, pela forma simplificada, tanto em palavras 
bases que se iniciam por vogal como nas que se iniciam por consoante: 
posdata, posmoderno, poselectoral, posoperatorio. A forma etimo-
lógica post- só se mantém fixa no espanhol atual quando é seguida 
por palavras que começam com a consoante s, a fim de evitar a sua 
duplicação, já que a combinação ss não existe no espanhol: postsim-
bolismo, postsoviético. 
 � Grupo -pt-: esse grupo nunca ocorre em posição final de sílaba, como 
em adepto e escéptico. Em algumas palavras, a forma etimológica 
coexiste com a forma simplificada: sétimo > séptimo e setiembre > sep-
tiembre. Em relação às variações de verbos decorrentes de escribir, que 
tem a terminação etimológica -scripto, o uso desse grupo consonantal 
ocorre com maior frequência sem o -p: adscrito, circunscrito, descrito, 
inscrito. Contudo, em alguns países de língua espanhola da América 
Latina, conserva-se a forma etimológica –pt-: adscripto, circunscripto, 
descripto, inscripto, prescripto, proscripto, suscripto. 
As transformações de uma língua, de modo geral, ocorrem primeiramente na fala e 
depois são incorporadas à escrita. No caso dos grupos consonantais cultos do espanhol, 
originados do latim, a norma teve origem na escrita e, posteriormente, ocorreu a sua 
reprodução na pronúncia. Por isso, em contextos de fala mais coloquiais do espanhol 
atual, são comuns as ocorrências de *preceto e *conceto, em coexistência com as formas 
consideradas corretas precepto e concepto. 
9Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais
1. Sempre que duas vogais 
diferentes permanecem unidas na 
divisão silábica de determinada 
palavra em espanhol, temos um 
ditongo. Contudo, esse conceito 
apresenta três subdivisões, 
conhecidas como ditongo 
crescente, ditongo decrescente 
e ditongo homogêneo. Quais 
são as definições corretas de 
cada uma dessas subdivisões? 
a) O ditongo crescente ocorre 
quando há duas vogais 
fechadas, como na palavra 
cuidar. O ditongo decrescente 
é formado por uma vogal 
aberta, seguida por uma vogal 
fechada, como na palavra peine. 
O ditongo homogêneo é 
formado por uma vogal fechada, 
seguida por uma vogal aberta, 
como na palavra hueco.
b) O ditongo crescente ocorre 
quando há duas vogais 
fechadas, como na palavra 
cuidar. O ditongo decrescente 
é formado por uma vogal 
fechada, seguida por uma 
vogal aberta, como na palavra 
hueco. O ditongo homogêneo 
é formado por uma vogal 
aberta, seguida por uma vogal 
fechada, como na palavra peine.
c) O ditongo crescente é formado 
por uma vogal aberta, seguida 
por uma vogal fechada, como 
na palavra peine. O ditongo 
decrescente ocorre quando 
há duas vogais fechadas, como 
na palavra cuidar. O ditongo 
homogêneo é formado por 
uma vogal fechada, seguida 
por uma vogal aberta, 
como na palavra hueco.
d) O ditongo crescente é formado 
por uma vogal fechada, seguida 
de uma vogal aberta, como 
na palavra hueco. O ditongo 
decrescente ocorre quando 
há duas vogais fechadas, como 
na palavra cuidar. O ditongo 
homogêneo é formado por 
uma vogal aberta, seguida 
de uma vogal fechada, 
como na palavra peine.
e) O ditongo crescente é formado 
por uma vogal fechada, seguida 
de uma vogal aberta, como 
na palavra hueco. O ditongo 
decrescente é formado por uma 
vogal aberta, seguida de uma 
vogal fechada, como na palavra 
peine. O ditongo homogêneo 
ocorre quando há duas vogais 
fechadas, como na palavra cuidar. 
2. A sequência de três vogais em 
uma mesma sílaba de uma palavra 
é chamada, em espanhol, de 
triptongo. Entretanto, há palavras 
que apresentam uma sequência 
de três vogais, mas não podem ser 
consideradas como triptongos. 
Em qual situação isso ocorre? 
a) Em uma palavra com a sequência 
de três vogais que não recebe 
acento gráfico, porque é oxítona 
que não termina em -n ou -s, 
como ocorre em Uruguay. 
b) Em uma palavra que apresente 
a sequência de vogal fechada, 
vogal aberta e vogal fechada, 
como ocorre em Paraguay. 
Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais10
c) Em uma palavra com a sequência 
de três vogais que recebe acento 
gráfico na vogal aberta, quando 
é oxítona terminada em -n ou 
-s, como ocorre em apreciéis. 
d) Em uma palavra em que 
há um ditongo seguido 
de um hiato, ou vice-versa, 
como ocorre em bebíais. 
e) Em uma palavra com a 
sequência de três vogais com 
a ordem vogal aberta, vogal 
fechada, vogal aberta, ou seja, 
quando a vogal fechada estiver 
entre duas vogais abertas. 
3. As sequências vocálicas do espanhol 
podem ser classificadas como 
ditongos, tritongos, hiatos 
e sinalefas, de acordo com a 
forma como se combinam e com 
a tonicidade que adquirem no 
contexto das palavras. Em vista 
disso, o que é uma sinalefa?
a) A sinalefa corresponde à 
combinação de consoantes 
do espanhol para, a partir 
da junção de sons distintos, 
formar um novo. Exemplos 
desse fenômeno linguístico em 
espanhol ocorrem em palavras 
combl (tabla) e xp (explotar).
b) A sinalefa corresponde à 
combinação de duas letras 
para representar um som que 
não corresponde ao som de 
nenhuma letra isolada do 
alfabeto do espanhol. Exemplos 
desse fenômeno linguístico em 
espanhol ocorrem em palavras 
com ll (pollo, llanto, caballo). 
c) A sinalefa corresponde à 
sequência de vogais na pronúncia 
que se originam de contextos de 
final de uma palavra e de início 
de outra. Um exemplo desse 
fenômeno linguístico em espanhol 
verifica-se na expressão monstruo 
humano > *monstr(uou)mano.
d) A sinalefa corresponde a 
grupos consonantais que, por 
razões etimológicas, formam 
combinações alheias aos padrões 
silábicos mais característicos 
do espanhol. Exemplos desse 
fenômeno linguístico em 
espanhol ocorrem em palavras 
como cnidario e psicología.
e) A sinalefa corresponde à 
sequência de vogais, iguais ou 
diferentes, que são pronunciadas 
em sílabas distintas e grafadas 
separadamente na divisão 
silábica. Exemplos desse 
fenômeno linguístico em 
espanhol ocorrem em palavras 
como reír e transeunte. 
4. Os dígrafos e os grupos consonánticos 
referem-se a fenômenos fonéticos 
na língua espanhola que consistem 
na combinação de letras para 
representar um som (fonema); 
entretanto, as duas categorias 
apresentam diferenças entre si. 
Qual alternativa corresponde 
às definições corretas dos 
conceitos de dígrafo e de grupos 
consonánticos em espanhol? 
a) Os dígrafos referem-se à 
combinação de sons diferentes 
para, a partir da união de sons 
distintos, representar um novo 
som. Os grupos consonânticos 
são combinações de duas 
letras para representar um 
som que não corresponde ao 
som de nenhuma letra isolada 
do alfabeto do espanhol.
11Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais
b) Os dígrafos são combinações 
de duas letras para representar 
um som que não corresponde 
ao som de nenhuma letra 
isolada do alfabeto do espanhol. 
Os grupos consonánticos 
referem-se à combinação de 
sons diferentes para, a partir 
da união de sons distintos, 
representar um novo som. 
c) Os dígrafos são combinações de 
sequências vocálicas classificadas 
em ditongo, tritongo, hiato e 
sinalefa. Os grupos consonánticos 
referem-se à tonicidade das 
vogais: as pronunciadas com 
mais intensidade são as vogais 
tônicas, já as pronunciadas 
com menor intensidade 
são as vogais átonas. 
d) Os dígrafos referem-se à 
tonicidade das vogais: as 
pronunciadas com mais 
intensidade são as vogais tônicas, 
já as pronunciadas com menor 
intensidade são as vogais átonas. 
Os grupos consonánticos são 
combinações de sequências 
vocálicas classificadas em 
ditongo, tritongo, hiato e sinalefa.
e) Os dígrafos correspondem às 
vogais abertas a, e, o e tônicas. 
Os grupos consonánticos 
correspondem às vogais 
fechadas i, u e átonas. 
5. Nos grupos consonánticos em 
espanhol, há uma primeira categoria 
em que as consoantes permanecem 
unidas na divisão silábica. Além disso, 
há uma segunda categoria na qual 
as consoantes se separam na divisão 
silábica. Em vista disso, em qual 
das alternativas constam apenas 
palavras pertencentes à segunda 
categoria de grupos consonánticos? 
a) empujar – temblar – abismo – 
enrijecer – despacho – afecto – 
acceder – exponer.
b) institución – trenza – Atlántico – 
prado – pluma – 
grotesco – global – fresa. 
c) empujar – institución – 
temblar – trenza – abismo – 
Atlántico – enrijecer – prado.
d) despacho – pluma – afecto – 
grotesco – acceder – global – 
exponer – fresa. 
e) empujar – institución – despacho – 
temblar – trenza – 
pluma – abismo – Atlántico. 
Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais12
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FANJUL, A. Gramática de Español paso a paso. 3. ed. São Paulo: Santillana Brasil, 2014.
MILANI, E. M. Gramática de espanhol para brasileiros. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
NAVARRO TOMÁS, T. Manual de pronunciación española. 14. ed. Madrid: Consejo Superior 
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REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccinario da Real Academia Española. c2018. Disponível 
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Leitura recomendada
AVILA-BAYONA, M. Á.  Constitución de la lengua española o castellana.  Cua-
dernos de Lingüística Hispánica, Boyacá, n. 29, p. 203-221, jan./jun. 2017. Dispo-
nível em: <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-
-053X2017000100203&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 27 jun. 2018. 
13Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais
DICA DO PROFESSOR
A língua portuguesa e a língua espanhola apresentam muitas similaridades, pois ambas se 
originaram do latim. Entretanto, é necessário esclarecer que, ao longo do tempo, as línguas 
receberam diferentes influências e, assim como semelhanças permaneceram, outras diferenças 
importantes também surgiram em cada uma delas. 
Esclarecida a importância de estudar ambas as línguas, um falante de português, ao estudar o 
espanhol, pode traçar paralelos de comparação e notar como se desenvolvem determinados 
aspectos em ambas as línguas para facilitar o aprendizado.
Nesta Dica do Professor, você verá um exemplo sobre o comportamento de alguns dígrafos nas 
duas línguas e como traçar paralelos para otimizar seu aprendizado. Contudo, 
atenção: os paralelos não devem ser tomados como regra, mas devem ser observados como 
tendências.
Confira.
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Tulengua
Ao estudar as possibilidades de combinações vocálicas e consonantais em espanhol, você 
certamente concluiu que classificações dos conceitos dependem diretamente da divisão silábica 
das palavras. Para facilitar seus estudos e sua aprendizagem, você pode conferir a tonicidade das 
palavras, assim como a separação silábica no site tulengua.es, que contém um separador de 
sílabas (em espanhol, silabeador) que se baseia nas principais referências normativas da língua 
espanhola: a) Nueva gramática de la lengua española. Espasa Calpe (2009), b) DPD-RAE-2005. 
Diccionario panhispánico de dudas de la Real Academia Española - 1ª edición (2005) e c) 
Ortografía de la Lengua Española, edición revisada por las Academias de la Lengua Española y 
publicada por la Real Academia Española (1999).
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Constitución de la lengua española o castellana
O artigo Constitución de la lengua española o castellana, do professor Miguel Ángel Ávila 
Bayona, da Universidade Pedagógica e Tecnológica da Colombia, traz um percurso histórico 
sobre aspectos importantes da origem do espanhol. O professor mostra algumas das principais 
transformações do latim, ao longo do tempo, em diversos aspectos - em sua fonética, 
morfologia, sintaxe e semântica - até gerar diversos dialetos; alguns, como o espanhol, 
distanciaram-se de sua língua materna e tornaram-se línguas com suas próprias gramáticas. Essa 
leitura possibilita compreender principalmente quais grupos consonantais etimológicos, 
oriundos do latim, ainda coexistem com suas formas simplificadas no espanhol atual.
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Fonética 07 - Y , CH e LL
No vídeo Fonética 07 - Y , CH e LL, do canal Dicas Práticas de Espanhol no Youtube, você terá 
contato com algumas possibilidades de pronunciação dos dígrafos Ch e LL e da letra Y. Você 
verá que esses fonemas representam importantespontos de variação linguística no espanhol.
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Estudo dos pontos e modo de articulação 
do sistema consonantal e vocálico, curvas 
entonacionais, principais variações de 
pronúncia 
APRESENTAÇÃO
No processo de aquisição da linguagem, não se aprende só palavras e a constituição sintática de 
uma língua, mas, também, há uma apropriação de todos os sons que significam uma língua. 
Assim, todo falante é capaz, instintivamente, de perceber quando, por exemplo, outro falante 
apresenta o mesmo sotaque que o seu ou não. Na Linguística, os ramos que estudam a ciência 
dos sons são denominados Fonética e Fonologia. Assim, a entonação, o acento, as consoantes e 
as vogais são tipos de manifestações orais que se realizam por meio da fala.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará assuntos do campo referente à Fonética, mais 
especificamente à Fonética Articulatória. A diferença existente entre esses dois campos — 
Fonética e Fonologia — está no fato de o primeiro estudar a acústica da fala, a fala propriamente 
dita, e o segundo estudar a categorização dos sons na fala, isto é, como os sons se organizam — 
a língua. Assim sendo, esta unidade se direciona apenas para a fonética da língua espanhola, 
aprofundando o estudo da articulação dos sons, identificando as funções da entonação e 
comparando as variantes mais comuns dentro da pronúncia do espanhol.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer a articulação de sons vocálicos e consonantais na língua espanhola.•
Identificar as funções da entonação na língua espanhola.•
Contrastar as variantes mais comuns na pronúncia da língua espanhola.•
INFOGRÁFICO
A entonação faz parte do estudo da prosódia na Linguística. A sua definição é simples: significa 
a melodia que se emprega na altura, na expressão da nossa voz. Existem três tipos de 
entonações: enunciativas, exclamativas e interrogativas. Cada uma expressa um sentido, quando 
empregadas na fala. A exclamativa é usada quando se quer expressar surpresa, medo, susto, 
alegria, tristeza. Dentro da língua espanhola, tais entonações são representadas por muitas 
expressões.
Veja, no infográfico, exemplos de entonações exclamativas.
CONTEÚDO DO LIVRO
A Fonética é o ramo da Linguística que estuda como os sons da fala são efetivamente 
produzidos. Esse estudo se divide em três partes: Fonética Articulatória, Fonética Auditiva e 
Fonética Acústica. Os sons produzidos em uma língua são chamados de fones e são produzidos 
por aquilo que se intitula de aparelho fonador. Entretanto, nem tudo o que é percebido pela 
audição humana é um fone — ruídos, bocejos, espirros, por mais que sejam sons, não fazem 
parte do estudo da Fonética.
No capítulo Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas 
entonacionais e principais variações de pronúncia, do livro Fonética e fonologia do espanhol, 
você estudará os pontos e modos de articulação do sistema consonantal e vocálico; e as 
diferentes curvas entonacionais e variações na pronúncia do espanhol.
Boa leitura.
Estudo dos pontos e 
modo de articulação do 
sistema consonantal 
e vocálico, curvas 
entonacionais e principais 
variações de pronúncia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a articulação de sons vocálicos e consonantais na língua 
espanhola.
 � Identificar as funções da entonação.
 � Contrastar as variantes mais comuns na pronúncia.
Introdução
Em nosso processo de aquisição da linguagem, aprendemos não só 
as palavras e a constituição sintática de uma língua, mas também nos 
apropriamos de todos os sons dessa língua. Assim, todo falante é ca-
paz, instintivamente, de perceber quando, por exemplo, outro falante 
apresenta o mesmo sotaque que o seu ou não. Na linguística, os ramos 
que estudam a ciência dos sons são denominados fonética e fonologia. 
Assim, a entonação, o acento, as consoantes e as vogais são tipos de 
manifestações orais que realizamos por meio da fala.
A diferença entre esses dois campos — fonética e fonologia — é que 
o primeiro estuda a acústica da fala (a fala propriamente dita), enquanto 
o segundo estuda a categorização dos sons na fala, isto é, como os sons 
se organizam (a língua).
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Neste capítulo, você vai estudar apenas a fonética da língua espa-
nhola, mais especificamente, a fonética articulatória. Assim, você vai se 
aprofundar no estudo da articulação dos sons, identificando as funções 
da entonação e comparando as variantes mais comuns dentro da pro-
núncia do espanhol.
A articulação dos sons vocálicos 
e consonantais no espanhol
A fonética é o ramo da linguística que estuda como os sons da fala são efetiva-
mente produzidos. Esse estudo divide-se em três partes: fonética articulatória, 
fonética auditiva e fonética acústica. Os sons produzidos em uma língua são 
chamados de fones e são produzidos por aquilo que intitulamos de aparelho 
fonador. Entretanto, nem tudo o que é percebido pela nossa audição é um 
fone: ruídos, bocejos, espirros, por mais que sejam sons, não fazem parte do 
estudo na fonética.
Logo, é um exemplo de fone o som [β] de bella. Os fones são representados 
por um conjunto de símbolos fonéticos entre colchetes e “[...] orientam-se pelo 
princípio da univocidade: cada símbolo representa um único fone, cada fone é 
representado por um único símbolo. A singularidade de cada fone é definida 
em termos articulatórios” (BATTISTI, 2014, p. 28–29). Na palavra chico, por 
exemplo, temos cinco letras, mas quatro fones, porque “ch” é emitido por 
meio de um único fone.
Um conjunto específico de órgãos no nosso corpo é responsável pelos 
sons que reproduzimos, uma vez que o corpo humano não apresenta órgãos 
particulares para a produção dos sons correspondentes na língua. Assim, a 
fonética articulatória busca estudar a articulação dos sons que produzimos no 
nosso aparelho fonador. Formam o aparelho fonador os órgãos do sistema 
respiratório, como pulmões, brônquios, traqueia e músculos respiratórios; 
do sistema fonatório, como laringe e glote; e do sistema articulatório, 
como faringe, língua, nariz, palato, dentes e lábios. Assim, quando reali-
zamos a função principal — a respiração — utilizamos a mesma corrente 
de ar para falar. 
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No percurso de saída de nosso corpo, a corrente de ar poderá fazer vibrar 
as pregas (cordas) vocais quando passar pela laringe. Acima da laringe, se-
rão impostas modificações à corrente de ar quando articulados os fones. O 
diafragma pressiona os pulmões, que, assim, expelem o ar; esse percorre a 
traqueia até a laringe, depois a cavidade oral (boca) e ou cavidade nasal (nariz) 
(BATTISTI, 2014, p. 31).
A fonética articulatória trabalha, portanto, com a função dos órgãos produ-
tores dos sons. Assim, com base nos sons produzidos no sistema articulatório, 
você vai entender como os sons vocálicos e consonantais se articulam na 
língua espanhola.
Sons consonantais
Denominamos consoante todo som que é produzido por meio de obstáculos 
durante a passagem do ar pelo aparelho fonador. Logo, para produzirmos 
o som de uma consoante, precisamos emitir um som que passe por lábios, 
dentes, língua, etc. De acordo com Battisti (2014, p. 34), para analisarmos a 
articulação das consoantes, devemos observar três parâmetros:
(a) às modificações que os articuladores impõem à corrente de ar, chamadas 
modo de articulação; (b) aos articuladores ativos e passivos envolvidos na 
produção dos fones, ao que se chama ponto ou local de articulação; (c) à 
presença ou ausência de vibração nas pregas vocais, ao que se pode chamar 
vozeamento, sonoridade ou estado da glote.
As consoantes se classificam, de maneira geral, como dois tipos:obs-
trutivas e soantes. As obstrutivas apresentam as saídas de ar impedidas 
por algum obstáculo, por exemplo, a consoante /p/, obstruída pelos lábios; 
já as soantes são os sons classificados pela passagem de ar contínua, como 
a consoante /m/. Os modos de articulação representam os locais em que os 
sons são produzidos no aparelho fonador, isto é, como o fluxo de ar se mo-
difica na cavidade bucal. Dessa forma, o modo de articulação é classificado 
conforme o Quadro 1.
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Modo de articulação Descrição
Oclusivo ou plosivo O ar é emitido na cavidade oral, e os 
articuladores impedem completamente a 
passagem de ar. Por exemplo, [p] de puerta.
Fricativos O ar é emitido por um canal estreito produzido 
por dois articuladores próximos um do outro. 
Diferentemente dos sons oclusivos, na articulação 
fricativa os sons são momentaneamente 
impedidos. Por exemplo, [v] de vaso.
Nasal Nas consoantes nasais, o som se direciona 
para a cavidade nasal, e o ar sai também 
pelo nariz. Por exemplo, palavras que iniciam 
com alguma consoante nasal, como [m] de 
mucho e nadie, e consoantes que se nasalizam 
no meio da palavra, como [ñ] de cariño.
Vibrante A consoante vibrante é produzida por um 
articulador ativo (ponta da língua), que encosta 
diversas vezes em um articulador passivo (alvéolos), 
produzindo uma vibração. Por exemplo, [r] de rato.
Tepe A articulação é muito parecida com o modo 
de articulação vibrante, mas o articulador 
ativo toca apenas uma vez o articulador 
passivo. Por exemplo, [r] de cariño.
Tepe retroflexo No tepe retroflexo, a língua (articulador ativo) faz 
um movimento enrolando-se para cima e para trás. 
Nesse movimento, a língua encosta nos alvéolos. 
Por exemplo, na consoante final [r] de mar.
Africado A passagem de ar é inicialmente interrompida 
e depois liberada. Aqui temos um exemplo de 
consoante que mistura a articulação oclusiva e 
fricativa. Por exemplo, [ch] de chica. Em português, 
encontramos esse som em [tch] de tchau.
Aproximante lateral A consoante é produzida por meio de uma 
interrupção no centro da boca por meio da 
língua. Por exemplo, a consoante [l], de luna.
Quadro 1. Modos de articulação
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Vimos as diferentes formas de articulação das consoantes e entendemos 
como esse processo se dá com os articuladores ativos e passivos. No entanto, 
no estudo fonético, precisamos ainda compreender como esses pontos de 
articulação funcionam na produção do som de uma consoante. Em essência, 
os pontos de articulação exemplificam exatamente o local em ação. Observe 
no Quadro 2 as respectivas descrições dos pontos de articulação.
Ponto de articulação Local do som produzido
Bilabial O som é produzido por meio da 
união dos lábios: /b/, /p/, /m/.
Labiodental O lábio se apoia sobre os dentes: /f/.
Dental Usam-se a ponta da língua e os 
dentes superiores: /t/, /d/.
Palatal O dorso da língua se eleva 
até o palato: /ch/, /ll/, /ñ/.
Alveolar O dorso da língua se aproxima 
dos alvéolos: /r/, /s/, /l/, /n/.
Velar O dorso da língua se aproxima 
do palato mole: /g/, /k/, /j/.
Interdental O som é produzido no pré-dorso da 
língua e nos incisivos superiores: /z/.
Quadro 2. Descrições dos pontos de articulação
Veja agora a união dos modos de articulação, dos pontos de articulação e 
das consoantes, demonstrada em Alarcos (1991), no Quadro 3.
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Fonte: Adaptado de Alarcos Llorach (1991).
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n
Oclusivas /p/ /b/
pie bala
/t/ /d/
tía día
/k/ /g/
casa 
gato
Fricativas /f/
faca
/θ/
cero
/s/
siete
/y/
mayo
/x/
jamás
Africada /t∫/
coche
Nasais /m/
moneda
/n/
nada
/ɲ/
España
Laterais /l/
lado
/ʎ/
calla
Vibrante 
s. m.
para 
/r/
rueda 
/r /̄
Quadro 3. Quadro fonológico consonantal do espanhol
Sons vocálicos
Diferentemente das consoantes, as vogais são produzidas por correntes de ar 
com mínima obstrução na cavidade bucal, ou seja, enquanto as consoantes 
são produzidas por algum impedimento, as vogais apresentam característi-
cas opostas. Assim, os sons vocálicos são gerados na laringe, por meio da 
vibração das pregas vocais, e alterados na cavidade bucal, de acordo com o 
posicionamento da língua e dos lábios. Conforme visto nas consoantes, as 
vogais também apresentam o seu modo de articulação e são classifi cadas de 
acordo em três parâmetros, apresentados por Battisti (2014, p. 42):
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1.os graus diversos de abertura de boca, isto é, a altura da língua em relação 
ao palato duro;
2. o formato ou arredondamento dos lábios; 
3. o leve avançar e recuar da língua na posição horizontal, ou seja, a anterio-
ridade/posterioridade da língua.
Desse modo, a altura e a posição da língua, bem como o modo como 
formamos os nossos lábios, definem as vogais como altas, médias, baixas, 
anteriores, centrais e posteriores. A fim de exemplificar tais nomenclaturas, 
observe o Quadro 4, seguido da pirâmide fonética.
Parâmetro Descrição
Altas ou fechadas A língua se posiciona muito próximo 
do palato. O maxilar pouco se abre 
para a produção desse som.
Exemplos: /i/ /u/
Médias ou semiabertas A língua se posiciona no centro da 
boca. O maxilar se abre razoavelmente 
para a produção desse som.
Exemplos: /e/ /o/
Baixa ou aberta A língua se posiciona afastada 
do palato. O maxilar se abre por 
completo para a produção desse som.
Exemplo: /a/
Quadro 4. Classificação dos sons vocálicos do espanhol
Na pirâmide fonética (Figura 1), na qual as vogais são organizadas, podemos 
analisar melhor como elas são posicionadas. Assim, cada vogal apresenta as 
seguintes descrições.
 � /i/: anterior, fechada;
 � /u/: posterior, fechada;
 � /e/: anterior, semiaberta;
 � /o/: posterior, semiaberta;
 � /a/: central, aberta.
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Figura 1. Pirâmide fonética dos sons vocálicos em espanhol.
Fonte: Gil (2007). 
A gramática normativa aborda a união das vogais como ditongo e hiato. 
Desse modo, ditongo representa a união de duas vogais na mesma sílaba. Veja 
a seguir como as vogais devem ser para haver um ditongo.
 � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal fechada (I, U).
 ■ Exemplos: bailador, reunión.
 � Vogal fechada (I, U) + vogal aberta ou semiaberta (A, E, O).
 ■ Exemplos: biología, suavidad.
 � Vogal fechada (I, U) + vogal fechada (I, U).
 ■ Exemplos: ciudad, cuidado.
Para haver um hiato, as vogais precisam estar em diferentes sílabas, se-
guindo a ordem.
 � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal fechada (I, U).
 ■ Exemplo: país.
 � Vogal fechada (I, U) + vogal aberta ou semiaberta (A, E, O).
 ■ Exemplo: búho.
 � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal aberta ou semiaberta 
(A, E, O).
 ■ Exemplo: caer.
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Em teorias evolutivas, o nosso aparelho fonador surgiu conforme a nossa evolução. 
Entende-se que essa evolução se deu porque a fala surgiu com a vida em comunidade.
As funções da entonação na língua espanhola
Diferentes modos de falar determinada frase ou palavra podem signifi car, no 
contexto interacional de fala, distintas interpretações. O modo como altera-mos a nossa voz compreende, muitas vezes, o queremos dizer. Desse modo, 
a entonação — ou entoação — é defi nida pela sequência de sons na fala que 
refl etem diferentes sentidos, intenções e emoções. Dentro do ramo linguístico, 
Dubois et al. (1973, p. 217) classifi ca da seguinte forma:
[...] variações de altura do tom laríngeo que não incidem sobre um fonema ou 
sílaba, mas sobre uma sequência mais longa (palavra, sequência de palavras) 
e formam a curva melódica da frase. São utilizadas, na fonação, para veicular, 
fora da simples enunciação, informações complementares [...] reconhecidas 
pela gramática: a interrogação (frase interrogativa), a cólera, a alegria (frase 
exclamativa), etc.
As funções da entonação são descritas a seguir.
1. Função distintiva: permite que os falantes distingam a modalidade 
da oração. Por exemplo: Saldrá, ¿Saldrá? ou ¡Saldrá!
2. Função integradora: liga as partes de uma oração no que chamamos 
de unidade significativa, ou seja, atribui sentido. Por exemplo: el niño 
estudia la lección.
3. Função delimitadora: agrupa as palavras em unidades menores na 
oração ou separadamente. Por exemplo: El niño/ estudia/ la lección. 
Utilizamos a função delimitadora para estudar exatamente esses frag-
mentos sintáticos que constituem uma frase.
Neste capítulo, vamos aprofundar os estudos sobre a entonação distintiva. 
Dentro da linguagem, temos três tipos de entonações utilizadas pelos falantes: 
enunciativa, exclamativa e interrogativa. 
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Enunciativa
A entonação enunciativa é reconhecida por um tom descendente no fi m de 
uma frase. No modo imperativo, por exemplo, vemos essa curva descendente 
marcando mais fortemente o fi nal de uma frase. 
Las mujeres están innovando la ciencia.
Haz tus deberes hoy.
Venga aquí.
Analise, a seguir, como são as curvas entonacionais enunciativas 
(Figuras 2 e 3).
Figura 2. Entonación enunciativa.
Fonte: Enecé (2011).
Figura 3. Entonación imperativa.
Fonte: Enecé (2011).
Exclamativa
Interjeição ou exclamação são tipos de orações pronunciadas com ênfase. O 
som é gerado primeiramente na garganta e está ligado a situações específi cas 
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do dia a dia, como medo, susto, surpresa e felicidade. São exemplos de ento-
nações exclamativas desde gritos até uma expressão oracional completa. Essa 
entonação enfática é produzida pelo falante justamente para mostrar o estado de 
ânimo do falante. A língua espanhola dispõe do uso de adjetivos, assim como 
da intensifi cação dos indefi nidos, a fi m de expressar a entonação exclamativa.
¡Muy ricas estas patatas! – anteposição dos adjetivos.
¡Este chico es un Picasso! – intensificação do indefinido.
¡Es tan bueno...! – ênfase em determinado ponto em orações inacabadas.
Vale acrescentar ainda a utilização dos pontos de exclamação (¡ !), uma 
vez que, na escrita, eles permitem que o leitor possa fazer a entonação cor-
respondente. Analise, na Figura 4, a curva entonacional nas exclamativas.
Figura 4. Entonación exclamativa.
Fonte: Enecé (2011).
Interrogativa
Em espanhol, marcamos uma oração interrogativa por meio dos sinais (¿?), e 
utilizamos essa entonação para fazer uma pergunta, expressar dúvida, etc. Para 
fazer tal entonação, a nossa voz se eleva e diminui, de modo que reconhecemos 
que se trata de uma pergunta. Dividimos as interrogativas em dois grupos: 
totais e parciais. O primeiro grupo corresponde àquelas perguntas que pedem 
uma resposta com “sim” ou “não”, por exemplo, ¿Ha venido Juan? – Sí. Em 
resumo, o grupo das interrogativas totais engloba aquelas perguntas que não 
exigem do falante uma resposta mais elaborada. Já as interrogativas parciais 
expressam o contrário, isto é, pedem respostas mais complexas, por exemplo, 
¿Quién ha venido? – Juan, Carla y Francisca. Na entonação, a curva se dá 
da seguinte maneira (Figura 5).
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Figura 5. Entonación interrogativa: total y parcial.
Fonte: Enecé (2011).
O sistema respiratório participa da produção da corrente de ar que alcançará o sistema 
articulatório. Por isso, é importante que, antes de analisarmos a fundo mais caracte-
rísticas da articulação em língua espanhola, relembremos o papel de cada órgão na 
produção da fala. Observe, na Figura 6, a localização e a posição de cada órgão.
Figura 6. Órgãos envolvidos na produção da fala. 
Fonte: Adaptada de Silva (2003) e Cardoso (2009).
Na laringe, encontram-se as cordas vocais, as quais são muito parecidas com os nossos 
lábios, com feixes que se ligam abrindo e fechando. Quando não estamos falando, 
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Prosódia é a entonação, ou seja, a variação do som quanto à altura e à entonação. 
É a forma como a pessoa se expressa pela fala.
As variantes mais comuns na pronúncia 
da língua espanhola
A pronúncia é o resultado de todo o processo da articulação e da percepção dos 
elementos interligados à fala: os segmentais (a pronúncia de vogais e consoan-
tes) e os suprassegmentais (entonação e prosódia). Assim como acontece com 
o português brasileiro e o português europeu, o espanhol da América Latina 
também apresenta variações em relação ao espanhol europeu. Neste capítulo, 
vamos estudar as principais variações na pronúncia da língua espanhola de 
determinadas letras, como a pronúncia de “y” e “i”.
Yeísmo
É um tipo de variação da língua espanhola relacionado às consoantes ll, de 
lluvia, e à consoante y, de yo. Na Espanha, essa distinção se encontra na região 
as pregas vocais se mantêm afastadas e, no espaço entre os feixes, encontramos a 
glote, por onde o ar passa. Então, ao falar, movimentamos as cordas vocais, e a glote 
praticamente se fecha. Ao passar pela laringe, o som encontra duas opções: sair pela 
cavidade oral ou sair pela cavidade nasal. Assim, o órgão responsável por direcionar o 
ar para uma dessas cavidades é aquele que conhecemos popularmente como “sininho” 
na garganta, cientificamente chamado de úvula. Portanto, esse órgão direciona o som 
à cavidade oral. Todavia, quando a corrente de ar passa pela cavidade nasal, isto é, pelo 
nariz, o nosso véu palatino precisa estar baixo e afastado da faringe.
Assim, é nos órgãos articuladores que vemos, de fato, o som dos fones. Acima da 
laringe (supraglóticas) está o local em que os articuladores operam. Ao produzirmos 
os sons consonantais, os órgãos articulatórios se movimentam, atingindo ou se apro-
ximando de alguma outra parte da boca. Essa interação é classificada como ativa e 
passiva: quando um articulador toca outro, ele é denominado ativo; aquele que recebe 
a ação chama-se passivo. Na prática, os lábios e a língua são exemplos de articuladores 
ativos, enquanto os dentes e o palato são exemplos de articuladores passivos.
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norte de Castela. Na maior parte da chamada Hispano-América (Paraguai, 
Bolívia, Colômbia, Venezuela, Equador e Peru), o yeísmo também é uma 
variação utilizada. Mas o que é yeísmo?
Yeísmo é quando se pronuncia o ll (“elle”) do mesmo modo que a consoante 
y (“ye”), ou seja, com o som predominante “i”. No entanto, a consoante “y” no 
chamado yeísmo chiado, que veremos a seguir, também apresenta a variação 
da pronúncia igual à consoante “ll”.
Arrollo Arroyo
Callo Cayo
Silla Siya
Cabello Cabeyo
Gallo Gayo
Llamar Yamar
Algumas gramáticas e estudos linguísticos também chamam atenção para 
a adequação no uso dessa variação. Dessemodo, recomenda-se que os falantes 
evitem a pronúncia do “ll” com o som “li”, por exemplo, [kabálio] por caballo — 
o que muitos falantes acreditam ser o fenômeno yeísmo.
Além do yeísmo abordado, os países situados na zona do Rio da Prata 
(Argentina e Uruguai) apresentam o yeísmo chiado. Segundo Costa (2016, 
p. 22), o yeísmo chiado ou rehilamiento:
[...] é descrito como ausência da lateral palatal /λ/, em contraste com /�/, per-
mitindo, dessa forma, uma variação fonética chamada sheísmo. O sheísmo é 
um fenômeno fônico que apresenta um zumbido na realização do fonema /y/ 
(fricativo palatal sonoro) que, além de reduzi-lo a uma única unidade fônica, 
apresenta uma realização surda. 
Em estudos realizados por Zamora Vicente (1949), o rehilamiento é mais 
típico de Montevidéu, Buenos Aires e Rosário, especificamente. assim, o 
som de “ll” é grafado, no yeísmo rehilamiento ou sheísmo, como “CH”: 
caballo = “cabacho”.
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Seseo
A variação chamada de seseo é a pronúncia das sequências “z”, “ce” e “ci” com 
o som de /s/. Essa variante é empregada em praticamente todos os países de fala 
espanhola. Os únicos países que produzem as consoantes “s” e “z” com distinção 
são Filipinas, Guiné Equatorial e Península Ibérica (regiões central e norte).
Fonte: Adaptado de Seseo (2018).
Palabra Con seseo Sin seseo
zapato /sapáto/ /zapáto/
adición /adisión/ /adizión/
cazuela /kasuéla/ /kazuéla/
cocer /kosér/ /kozér/
decisión /desisión/ /desizión/
Mais variações
 � Nas terminações -ado, em quase todas as regiões da América Latina, 
é suprimida a letra “d”. Exemplo: comprado [kom’pra.o].
 � Nas terminações -ada, -ido, -ida, a letra “d” também é suprimida, 
mas nas regiões do Caribe e no sul da Espanha e da América Latina. 
Exemplo: partido [pa’ti.o].
 � A aspiração do s, quando posicionado no final da sílaba, ocorre de 
maneira geral no Caribe, no litoral pacífico da América Latina e na 
região do Rio da Prata. Exemplo: mismo [‘mih.mo]. 
 � A supressão do t e do d finais corresponde à fala informal na maioria 
dos países de fala espanhola. Exemplo: bondad [bon’da].
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Pratique os seus conhecimentos sobre a fonética do 
espanhol acessando o link ou o código a seguir.
https://goo.gl/qRofwr
1. Quanto ao aparelho fonador, 
fazem parte do sistema 
articulatório os órgãos:
a) língua, faringe, nariz, 
lábios e dentes.
b) dentes, laringe, nariz, 
língua e pulmões.
c) laringe, glote e cordas.
d) traqueia, pulmões, 
brônquios e diafragma.
e) nariz, lábios, dentes e úvula.
2. São exemplos de ditongos:
a) reinar, caer, río.
b) heroi, país, maíz.
c) cuidar, bueno, pai.
d) fuego, baúl, leí.
e) cuerdas, reúne, día.
3. São características da entonação:
a) variação na altura da voz, 
principalmente no tom, sobre 
um fonema ou uma sílaba.
b) a continuidade do ar 
pela cavidade oral.
c) uma curva entonacional que 
se inicia pelo intermédio.
d) o sotaque utilizado pelos 
falantes em diferentes regiões.
e) o modo como “ll” e “y” são 
pronunciados na Europa 
e na América Latina.
4. Qual alternativa apresenta 
um exemplo de entonação 
interrogativa parcial?
a) ¿Está lloviendo hoy?
b) ¿Quieres un café?
c) ¿Dónde están mis 
carpetas amarillas?
d) ¿Vas a estudiar por la noche?
e) ¿Fuiste tu mi colega en la escuela?
5. São exemplos de palavras que 
sofrem variação em sua pronúncia:
a) nuera, año, idad.
b) calle, zapato, que.
c) bondad, filosofía, español.
d) zapallo, mismo, soledad.
e) tele, libro, bolígrafo.
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ALARCOS LLORACH, E. Estudios de gramática funcional de español. Madrid: Gredos, 1984. 
BATTISTI, E. Fonologia. In: SCHWINDT, L. C. (Org.). Manual de linguística: fonologia, 
morfologia e sintaxe. Petrópolis: Vozes, 2014.
COSTA, Z. G. Falsos cognatos: revisão da fundamentação teórica e proposta de novas 
abordagens práticas para sua aplicação nos processos de ensino-aprendizagem de 
ELE no Brasil. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade 
Federal de Pernambuco, Recife, 2016. Disponível em: <https://repositorio.ufpe.br/
bitstream/123456789/17592/1/Dissert_Zaine_BC.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2018.
DUBOIS, J. et al. Dicionário de lingüística. São Paulo: Cultrix, 1973.
ENECÉ. Ejemplos de entonación. 2011. Disponível em: <http://www.ejemplos10.com/e/
entonacion>. Acesso em: 11 ago. 2018.
GIL, J. Fonética para profesores de español: de la teoría a la práctica. Madrid: Arco/Libros, 
2007.
PROSÓDIA. In: Dicionário informal. 2013. Disponível em: <https://www.dicionarioinfor-
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SESEO. In: Diccionariodedudas.com. 2018. Disponível em: <https://www.diccionariode-
dudas.com/seseo>. Acesso em: 11 ago. 2018.
ZAMORA VICENTE, A. Rehilamento porteño. Filologia, v. 1. 1949.
Leituras recomendadas
BOM ESPANHOL. O som das letras "ll" e "y": curso de espanhol. 2018. Disponível em: 
<https://www.bomespanhol.com.br/curso-espanhol/semana04/fonetica/o-som-das-
-letras-ll-y>. Acesso em: 12 ago. 2018.
CALLOU, D.; LEITE, Y. Iniciação à fonética e à fonologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 1990. 
CAVALIERE, R. Pontos essenciais em fonética e fonologia. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. 
DIAS-CAVALHEIRO, B. S. Aquisição da vogal [a] espanhola por falantes de português 
brasileiro. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Pelotas, Programa de 
Pós-Graduação em Letras, Pelotas, 2016. Disponível em: <http://repositorio.ufpel.
edu.br:8080/bitstream/prefix/2854/1/Aquisi%C3%A7%C3%A3o%20da%20vogal%20
A%20espanhola%20por%20falantes%20de%20portugu%C3%AAs%20brasileiro.pdf>. 
Acesso em: 12 ago. 2018.
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ENUNCIATIVA. In: EDUCALINGO. 2018. Disponível em: <https://educalingo.com/pt/
dic-pt/enunciativa>. Acesso em: 12 ago. 2018.
FLÓREZ, L. Reseña a Tomás Navarro. Manual de entonación española. In: THESAURUS, 
v. 1, n. 2, 1945. Disponível em: <https://cvc.cervantes.es/lengua/thesaurus/pdf/01/
TH_01_002_177_0.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2018.
LLISTERRI, J. La descripción fonética y fonológica del español: los elementos segmentales. 
2018. Disponível em: <http://liceu.uab.es/~joaquim/phonetics/fon_esp/fonetica_es-
panol_segmental.html>. Acesso em: 12 ago. 2018.
MENON, C. M.; COSTA, L. T. Descrição das fricativas interdentais do espanhol. Revista 
Mosaico, 2017. Disponível em: <http://www.olhodagua.ibilce.unesp.br/index.php/
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REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de la lengua española. 22. ed. Madrid: RAE, 2001.
SILVA, T. et al. Sonoridade em artes, saúde e tecnologia. 2008. Disponível em: <http://
www.fonologia.org/index.php>. Acesso em: 12 ago. 2018.
TIPOS de frases. 2018. Disponível em: <https://www.soportugues.com.br/secoes/sint/
sint2.php>. Acesso em: 12 ago. 2018.
VICIANO, V. M. Fonética espanhola para brasileiros: síntese. Revista de Gelne, v. 1, n. 1, 
1999. Disponível em: <https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/viewFile/9294/6648>. 
Acesso em: 12 ago. 2018.
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DICA DO PROFESSOR
A Fonética Articulatória busca estudar a articulação dos sons que são produzidos no aparelho 
fonador. O aparelho fonador é formado pelos órgãos do sistema respiratório, como pulmões, 
brônquios, traqueia e músculos respiratórios; do sistema fonatório, como laringe e glote; e do 
sistema articulatório, como faringe, língua, nariz,palato, dentes e lábios. Compreender a 
fonética articulatória também é exercitar os órgãos do corpo, a fim de entender como os sons 
são produzidos.
Assim, nesta Dica do Professor, você praticará as formações dos sons. 
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Como pronunciar/ler/falar as palavras em espanhol (espanhol para brasileiros)
Este vídeo mostra como pronunciar em espanhol.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Lyricstraining
Neste site, você pode treinar a sua audição de forma divertida. É só escolher uma música, 
reproduzir o vídeo, ouvir a pronúncia e digitar a palavra que está faltando quando o sistema 
pedir.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Conteúdo:
SINTAXE DA 
LÍNGUA ESPANHOLA
Aline Bizello
Funcionamento da língua espanhola
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo! 
Você já pensou no que significa estudar o funcionamento de uma língua? É estudá-la de forma 
objetiva, estruturada e reflexiva. Para tanto, é preciso observar dados, detectar regularidades, 
formular generalizações. Dessa forma, pode-se superar a memorização em prol da compreensão 
e da atitude investigativa.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o funcionamento da língua espanhola a partir 
das relações sintagmáticas e paradigmáticas, da diferenciação entre oração e frase e das 
diferenças sintáticas entre o português e o espanhol.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Analisar as relações sintagmáticas e paradigmáticas em língua espanhola.•
Diferenciar oração e frase.•
Apontar as diferenças entre a sintaxe do espanhol e a do português.•
INFOGRÁFICO
As relações sintagmáticas e as relações paradigmáticas demonstram as possibilidades de escolha 
que há na construção de um enunciado. Essa escolha envolve verbos com sentidos parecidos, 
construções frasais que seguem um padrão, tudo isso interligado ao contexto e à mensagem que 
o interlocutor quer passar. Você já imaginou como isso seria visualmente?
Confira o Infográfico para entender melhor essas relações. 
CONTEÚDO DO LIVRO
Analisar e refletir sobre uma língua são ações importantes para compreender seu funcionamento, 
consequentemente, dominá-la e utilizá-la com desenvoltura. Dentre vários estudos línguísticos, 
o estudo da sintaxe é um dos mais complexos e difíceis. Há muitas regras que conduzem as 
estruturas das frases, sem falar das singularidades da sintaxe de cada língua, o que pode ser um 
obstáculo para o estudante de uma nova língua.
No capítulo Funcionamento da língua espanhola, da obra Sintaxe da língua espanhola, você terá 
uma maior noção sobre as relações sintagmáticas e paradigmáticas dos elementos linguísticos, 
compreenderá a diferença entre frase e oração, além de ver as diferenças entre a sintaxe do 
espanhol e a sintaxe do português.
Boa leitura.
Revisão técnica:
Marina Leivas Waquil
Doutora e Mestra em Letras – Teorias Linguísticas do Léxico 
Bacharel em Letras – Português/Espanhol 
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147
S749s Spessatto, Roberta.
Sintaxe da língua espanhola / Roberta Spessatto, 
Aline Bizello; [revisão técnica: Marina Leivas Waquil] . – 
Porto Alegre: SAGAH, 2018.
249 p. : il. ; 22,5 cm.
ISBN 978-85-9502-495-3
1. Língua espanhola – Sintaxe. I. Bizello, Aline. II.Título.
CDU 811.134.3’367
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 2 20/07/2018 11:28:59
Funcionamento da 
língua espanhola
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Analisar as relações sintagmáticas e paradigmáticas em língua espanhola.
 � Diferenciar oração e frase.
 � Apontar as diferenças entre a sintaxe do espanhol e a do português.
Introdução
Você já pensou no que significa estudar o funcionamento de uma língua? 
Trata-se de estudá-la de forma objetiva, estruturada e reflexiva. Para tanto, 
é preciso observar dados, detectar regularidades, formular generalizações. 
Dessa forma, pode-se superar a memorização em prol da compreensão 
e da atitude investigativa.
Neste capítulo, você vai estudar o funcionamento da língua espanhola 
a partir das relações sintagmáticas e paradigmáticas, da diferenciação 
entre oração e frase e das diferenças sintáticas entre o português e o 
espanhol.
Relações sintagmáticas e paradigmáticas
Ferdinand Saussure (2012) distinguiu dois tipos de relações que podem ocorrer 
entre elementos linguísticos: relações sintagmáticas e relações paradigmáticas. 
As primeiras ocorrem entre elementos de uma cadeia de signos, e as segundas 
ocorrem entre um elemento e os que poderiam substituí-lo na mesma cadeia 
e que se excluem mutuamente. Veja o exemplo:
Los monos bebés beben leche.
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 211 20/07/2018 11:29:46
Note que a oração do exemplo comunica uma mensagem clara, porque 
combina signos de forma que cada um cumpre a sua função: los monos bebés 
é sobre quem se declara algo; beben leche é a declaração sobre los monos, 
e assim por diante. Portanto, as possibilidades combinatórias, como Beben 
leche los monos bebés ou Leche beben los monos bebés revelam as relações 
sintagmáticas. Essa é uma relação horizontal, ou seja, no nível da oração.
Entretanto, poderia ser estabelecida uma relação vertical, isto é, a iden-
tificação de elementos que podem aparecer como alternativa num contexto 
específico. No exemplo, poderíamos substituir monos por hombres, bueyes, 
perros, gatos, etc. O critério que deve ser utilizado para criar um paradigma 
é simples: as alternativas devem combinar, no caso do exemplo, com beben 
leche. Logo, as opções poderiam identificar um mamífero, empregando-se 
um critério semântico. Dessa forma, peces, por exemplo, não poderia fazer 
parte desse conjunto.
Outro critério pode ser a concordância nominal: los está determinando 
monos. Assim, as alternativas de substituição devem estar flexionadas no 
masculino plural. Veja um esquema ilustrativo na Figura 1.
Figura 1. Esquema ilustrativo das relações sintagmáticas e paradigmáticas.
O exemplo ilustra que ocorrem esquemas formais, nos quais se organizam 
as palavras com as suas respectivas flexões. Esses esquemas são chamados 
de paradigmas, que representam as possibilidades de seleção. O conjunto de 
formas que serve de modelo é, na realidade, um grupo de equivalências. Disso 
decorre a necessidade, muitas vezes, de se recorrer a palavras da mesma classe 
gramatical. Evidencia-se então que o paradigma não é qualquer associação 
de signos, mas a seleção de elementos suscetíveis de figurar no mesmo ponto 
do enunciado. Veja:
Funcionamento da língua espanhola212
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 212 20/07/2018 11:29:47
Mis padres llegaron.
Se no lugar de mis fosse inserido outro pronome, o sentido do enunciado 
seria outro: 
Tus padres llegaron.
No sintagma, não se podem combinar elementos aleatoriamente; há um 
padrão definido pelo sistema. Em espanhol, pode-se usar la casa, mas não 
casa la.
Dessa forma, as relações que ocorrem dentro da oração e as escolhas de 
substituição de palavras interferem quanto ao sentido e à estrutura na mensagem 
transmitida. A seguir, você verá dois objetos da sintaxe que são influenciados 
pelas relações sintagmáticas e paradigmáticas: a oração e a frase.
Oração e frase
O par linguístico estudado por Saussure — paradigma e sintagma — sintetiza os 
processos de seleção e combinação realizados na comunicação. Esses processos 
representam a transmissão do signifi cado de acordo com o que o sistema da 
língua estabelece. Dessa forma, relacionam-se às defi nições de oração e frase.
Para Faraco, Moura e Maruxo (2016), a oração se caracteriza pela presença 
de um verbo e pode ter sentido completo ou não. Já a frase é uma palavra ou 
um conjunto de palavras que tem sentido completo. De acordo com a Real 
Academia Española (2010), as orações sãounidades mínimas de predicação, 
ou seja, segmentos que põem em relação um sujeito com um predicado. Veja:
Leí un libro maravilloso.
No exemplo, o sujeito yo (implícito na conjugação leí) está relacionado 
ao predicado un libro maravilloso. Note que todas as palavras do exemplo 
estão relacionadas ao verbo: essa é uma característica das orações. O exemplo 
ilustra um enunciado em que todas as palavras formam uma oração, mas há 
enunciados que contêm mais de uma dessas estruturas. Observe:
Conocí Pedro cuando era una niña.
213Funcionamento da língua espanhola
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 213 20/07/2018 11:29:47
Há dois verbos no enunciado: conocí e era. Cada verbo representa uma 
oração. De acordo com o exemplo, todas as palavras relacionadas a conocí 
pertencem à primeira oração, e todas as palavras relacionadas a era pertencem 
à segunda oração. 
1ª oração:
 � Sujeito: Yo
 � Objeto direto: Pedro
2ª oração:
 � Sujeito: Yo
 � Predicativo: una niña
Portanto, para que um enunciado seja considerado uma oração, as palavras 
devem estar organizadas em torno de um verbo conjugado. Não é necessário que 
o enunciado comece com letra maiúscula, nem que termine com ponto. Observe:
Quiero un coche, pero no tengo dinero para comprarlo.
Oração 1: Quiero un coche
Oração 2: pero no tengo dinero
Oração 3: para comprarlo (oração reduzida: para que yo lo compre).
A oração 1, embora comece com letra maiúscula, não termina com ponto; a 
oração 2 não começa com letra maiúscula nem termina com ponto; a oração 3, 
embora termine com ponto, não começa com letra maiúscula. Portanto, o ele-
mento fundamental para a ocorrência da oração é o verbo. Analise os seguintes 
enunciados:
¡Silencio!
¡Fuego!
Note que nenhum deles apresenta verbo; logo, não são orações. Entretanto, 
ambos têm características comuns: começam com letra maiúscula, terminam 
com ponto e têm sentido. Essas são as três condições para que um enunciado 
seja considerado uma frase.
Funcionamento da língua espanhola214
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 214 20/07/2018 11:29:47
Entretanto, enunciados com verbo também podem ser frases, desde que 
as condições descritas anteriormente sejam satisfeitas. Veja:
Nadie dijo tonterías en el viaje.
O enunciado é tanto uma oração (as informações giram em torno de um 
verbo) quanto uma frase: começa com letra maiúscula, termina com ponto e 
tem sentido. Observe outro exemplo:
André quería tanto el coche, que se puso nervioso cuando lo compró.
O enunciado completo é uma frase: começa com letra maiúscula, termina 
com ponto e tem sentido. Dentro desse enunciado/frase, há três orações:
Oração 1: André quería tanto el coche
Oração 2: que se puso nervioso
Oração 3: cuando lo compró
Note que nenhuma das três orações pode, sozinha, ser considerada uma frase. 
Apenas a união das três forma um todo coerente que pode ser chamado assim.
Tanto a concretização do sentido da frase quanto a organização dos termos 
da oração são fundamentais para identificá-las; porém, a análise do discurso 
pode expandir essas características. O enunciado El coche no podia conducir 
pode ser tratado como frase (por ter sentido) e oração (porque as informações 
giram em torno de um verbo), se considerarmos que há um sujeito oculto (él) 
que já teria sido mencionado antes. 
Entretanto, se o enunciado for a reprodução de uma situação coloquial, 
pode-se imaginar que houve uma construção desordenada que, originalmente, 
seria: (?) no pódia conducir el coche. Nesse caso, a ausência do sujeito com-
promete a classificação do enunciado em oração, e a reordenação dos termos 
gera uma confusão que tira a garantia de sentido da frase.
Evidencia-se assim a relação entre sintaxe e discurso. Como o início da 
oração é tópico (introduz a ideia central a ser desenvolvida), este é interpretado 
como direcionamento do discurso, pois orienta o ouvinte para a construção 
do significado do enunciado. A abrangência do tópico, então, envolve tanto 
a frase quanto o discurso, porque o tópico mantém com a oração o seu papel 
ativo na estrutura sintático-semântica dela (RIZZI, 1997).
215Funcionamento da língua espanhola
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 215 20/07/2018 11:29:47
A sintaxe do espanhol e a sintaxe do português
As peculiaridades da sintaxe de uma língua são uma forte prova de que, para 
adquirir um novo idioma, não basta saber traduzir as palavras isoladamente. 
As formas de combinar e organizar palavras identifi cam uma língua. Com o 
espanhol e o português não é diferente.
As duas línguas têm estruturas sintáticas semelhantes, uma vez que, de 
forma geral, as orações obedecem à ordem sujeito–verbo–objeto. Veja:
João quer um presente.
Juan quiere un regalo.
A maior parte das diferenças está nas construções com verbo e pronome. 
No espanhol, usam-se pronomes oblíquos em início de frase. Veja:
Me dieron dos alternativas de ruta.
Na língua portuguesa formal, esse tipo de construção é mal visto. Há uma 
regra gramatical que determina o uso enclítico do pronome em início de frase:
Deram-me duas alternativas de rota.
Essa mesma determinação é destinada a casos em que o conjunto verbo e 
pronome surge depois de vírgula:
Durante a viagem, deram-me duas alternativas de rota.
Isso não ocorre no espanhol:
Durante el viaje, me dieron dos alternativas de ruta.
Entretanto, na oralidade dos brasileiros, o pronome depois do verbo causaria 
estranhamento ou soaria muito formal. O natural seria:
Me deram duas alternativas de rota.
Funcionamento da língua espanhola216
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 216 20/07/2018 11:29:47
Na língua portuguesa formal, constroem-se mesóclises nos futuros do 
indicativo:
Procurar-me-iam caso precisassem de ajuda.
Em espanhol, esse tipo de construção não existe. A frase ficaria com o 
pronome na frente:
Me buscarían caso necesitasen de ayuda.
Outra diferença significativa quanto à colocação pronominal é que, nas 
locuções verbais, o clítico ocorre como próclise do auxiliar no espanhol; já 
no português brasileiro, permite-se a próclise ao principal. Veja:
Maria tinha me dito que comprou banana.
María me había dicho que había comprado banana.
Quando os pronomes funcionam como objeto, também há diferença entre 
as línguas. Observe:
Vi João ontem.
Vi a Juan ayer.
João e Juan são, respectivamente, objetos do verbo ver em português e 
em espanhol. Se ambos fossem substituídos por um pronome, as diferenças 
sintáticas se tornariam ainda mais visíveis:
Vi-o ontem.
Lo vi a él ayer.
Note que, em espanhol, usam-se dois pronomes (lo e él). Para García Yebra 
(1989), o espanhol é a língua românica mais inclinada ao uso anteposto do 
complemento e à sua reiteração mediante um pronome. Em português, usa-
-se apenas o oblíquo o. Além disso, nesse exemplo, há diferenças quanto à 
colocação pronominal. Entretanto, a diferença entre as línguas torna-se maior 
quando se analisa a construção informal do português brasileiro:
Vi ele ontem.
217Funcionamento da língua espanhola
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 217 20/07/2018 11:29:47
Veja mais um exemplo em um diálogo:
Falante: Você comprou brinquedos?
Ouvinte: Comprei.
Falante: ¿Compraste juguetes?
Ouvinte: Sí, los compré.
Note que, na pergunta, a estrutura do português é semelhante à do es-
panhol. Porém, na resposta há diferenças: enquanto, na língua portuguesa o 
falante omite a confirmação com o uso de sim e oculta o objeto (substantivo 
ou pronome), na língua espanhola usa-se a confirmação imediata (sí) e o 
objeto pronominal (las).
Além disso, a regência — ou seja, a exigência de uma preposição — dos 
mesmos verbos pode ser diferente nos dois idiomas. Verifique:
¡Voy a bailar mañana!
Vou dançar amanhã!
Traduzco libro sal español.
Traduzo livros para o espanhol.
Em síntese, embora as línguas portuguesa e espanhola sejam semelhantes 
inclusive na estrutura sintática, a colocação pronominal e o uso de preposição 
são questões às quais o aprendiz brasileiro de espanhol deve ficar atento.
Você já pensou em como essasrelações ocorrem no portu-
nhol? Acesse o link ou o código a seguir e conheça a tese 
de Sara dos Santos Mota sobre o tema.
https://goo.gl/mMEKbm
Funcionamento da língua espanhola218
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 218 20/07/2018 11:29:47
1. Os elementos linguísticos podem 
relacionar-se sintagmática 
e paradigmaticamente. 
Reflita sobre essas relações 
e marque a alternativa cuja 
afirmação está correta.
a) As relações sintagmáticas 
e paradigmáticas ocorrem 
no nível horizontal.
b) Paradigma é a relação 
que ocorre entre os 
termos da oração.
c) As relações paradigmáticas 
estão relacionadas às 
alternativas equivalentes 
para um signo.
d) Os paradigmas surgem de 
possibilidades combinatórias.
e) As relações sintagmáticas são 
as possibilidades de seleção.
2. Orações exigem presença de 
verbo. Frases exigem início com 
letra maiúscula, fim com ponto 
e informação com sentido. 
Pense sobre isso para escolher 
a alternativa cuja classificação 
equivale ao enunciado.
a) Francisco salió com su 
perro. Não é oração.
b) El maravilloso, competente e 
inteligente equipo de voleibol 
venció el partido final de 
la competición. Frase com 
mais de uma oração.
c) Cuando llegué, me asusté con 
la escena. Duas orações.
d) Llegué ayer. É oração, 
mas não é frase.
e) Me pareció fascinante y estilosa. 
Duas orações e uma frase.
3. Orações e frases formam 
enunciados variados. Às 
vezes, no mesmo enunciado, 
podemos encontrar oração e 
frase ao mesmo tempo. Analise 
o seguinte enunciado: 
Javier no vio a su hermano, 
por eso salió de la calle.
Assinale a afirmação correta 
sobre o enunciado.
a) É uma frase, porque começa 
com letra maiúscula.
b) É uma oração, porque 
tem verbo.
c) É uma frase, porque tem sentido.
d) São duas orações, porque 
tem dois verbos.
e) É uma frase, porque 
termina com ponto.
4. Às vezes, o aprendiz de espanhol 
utiliza a estrutura da língua 
portuguesa para construir 
enunciados em espanhol. 
Reflita sobre isso e assinale a 
alternativa cujo enunciado está 
estruturado de acordo com a 
sintaxe da língua espanhola.
a) Comprelas.
b) Vi él.
c) Juana había me dicho.
d) Voy a Madrid de avión.
e) Los vendí.
219Funcionamento da língua espanhola
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 219 20/07/2018 11:29:49
FARACO, C.; MOURA, F.; MARUXO, M. Gramática nova. São Paulo: Ática, 2016.
GARCÍA YEBRA, V. Teoría y práctica de la traducción. Madrid: Gredos, 1989.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española. Barcelona: Es-
pasa, 2010.
RIZZI, L. The fine structures of left periphery. In: HAEGEMAN, L. Elements of grammar. 
Dordrecht: Springer, 1997.
SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2012.
Leituras recomendadas
MOTA, S. dos S. Portunhol e sua re-territorialização na/pela escrit(ur)a literária: os sentidos 
de um gesto político. 2014. 186 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Santa 
Maria, Santa Maria, 2014. Disponível em: <https://repositorio.ufsm.br/bitstream/
handle/1/3991/MOTA,%20SARA%20DOS%20SANTOS.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. 
Acesso em: 26 jun. 2018.
NOIMANN, A. Uma proposta de dicionário de regência verbal português espanhol para 
aprendizes brasileiros de espanhol. 2015. 204 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.
br/handle/10183/117590>. Acesso em: 26 jun. 2018.
5. O funcionamento da língua 
espanhola depende das relações 
entre os elementos linguísticos, da 
construção de orações e frases e de 
uma estrutura própria. Pensando 
nisso, assinale a alternativa cuja 
afirmação esteja correta.
a) No enunciado El pájaro 
voló, a expressão la 
abeja é uma alternativa 
combinatória no sintagma.
b) Orações e frases nunca fazem 
parte do mesmo enunciado.
c) No enunciado Fui a Londres 
para el cumpleaños de una 
amiga, a estrutura está 
adequada à língua espanhola.
d) Nomes de ação formam uma 
relação paradigmática com 
demolición no enunciado “La 
demolición de la universidad 
empezó el 16 de enero”.
e) O verbo ver em espanhol tem 
sempre a mesma regência 
que em português.
Funcionamento da língua espanhola220
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 220 20/07/2018 11:29:51
DICA DO PROFESSOR
Você já deve ter notado que há muitas diferenças de regência entre o português e o espanhol. 
Casos em que no português usa-se "de" e em espanhol usa-se "en", por exemplo. E são casos 
assim que dificultam a aprendizagem do espanhol por um estudante brasileiro. Somado a isso, 
há pouco material voltado ao uso das preposições na língua espanhola.
Conheça mais sobre o tema na Dica do Professor e aprenda a utlizar as regências corretas para 
cada língua. 
 
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Relações sintagmáticas e paradigmáticas
O assunto relações sintagmáticas e paradigmáticas é tratado no portal de artigos Ecured, um 
projeto cubano.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Estrutura do espanhol - diferenças e semelhanças
As diferenças de estrutura entre a língua portuguesa e a língua espanhola são assunto do vídeo 
"Curso de Gramática do Espanhol".
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Conteúdo:
SINTAXE DA 
LÍNGUA ESPANHOLA
Aline Bizello
Colocação 
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo! 
Atualmente é comum o ensino de uma língua estrangeira por meio de uma abordagem lexical. 
Nesse tipo de abordagem, o conhecimento gramatical surge do conhecimento das palavras, das 
orações. Por exemplo: em vez de estudar sobre as flexões do verbo, você tem acesso a frases 
prontas que já revelam as possíveis flexões. A intenção é aproximar as situações de 
aprendizagem às situações vividas pelos nativos da língua. Você já pensou em aprender e 
ensinar por meio do léxico?
Nesta Unidade de Aprendizagem, você analisará o uso de combinações, colocações, locuções e 
perífrases verbais. Essas construções são exemplos típicos da união de uma abordagem lexical 
com uma abordagem gramatical. Além disso, você não apenas conhecerá regras gramaticais, 
mas também terá a oportunidade de verificar os usos dessas expressões em qualquer situação.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Diferenciar colocações de combinações livres.•
Identificar os diferentes tipos de locuções em língua espanhola.•
Analisar as perífrases verbais em língua espanhola.•
INFOGRÁFICO
Você já notou que grande parte das locuções é formada por palavras que, juntas, ganham um 
novo significado? Ou seja, independente do significado dessas palavras sozinhas, quando elas 
estão juntas e são colocadas em um novo contexto, a frase ganha um sentido figurado.
Acesse o Infográfico e confira as diferenças entre o sentido figurado e o sentido literal de 
algumas expressões idiomáticas da língua espanhola.
Leia as frases e clique na imagem que represente o sentido do texto.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
CONTEÚDO DO LIVRO
Na língua espanhola, há variadas formas de combinar palavras e utilizar essa união de uma 
maneira específica. Se você quer conhecer essas possibilidades de construção, deve estar atento 
às diferenças entre combinação, colocação e locução e conhecer as perífrases verbais.
No capítulo Colocação, da obra Sintaxe da língua espanhola, que serve como base teórica desta 
Unidade de Aprendizagem, você entenderá mais sobre esse importante assunto da sintaxe do 
espanhol, ao ler sobre as colocações e combinações livres e as locuções da língua espanhola.
Boa leitura.
Revisão técnica:
Marina Leivas Waquil
Doutora e Mestra em Letras – Teorias Linguísticas do Léxico 
Bacharel em Letras – Português/Espanhol 
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147
S749s Spessatto, Roberta.
Sintaxe da língua espanhola / Roberta Spessatto, 
Aline Bizello; [revisão técnica: Marina Leivas Waquil] . – 
PortoAlegre: SAGAH, 2018.
249 p. : il. ; 22,5 cm.
ISBN 978-85-9502-495-3
1. Língua espanhola – Sintaxe. I. Bizello, Aline. II.Título.
CDU 811.134.3’367
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 2 20/07/2018 11:28:59
Colocação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Diferenciar colocações de combinações livres.
 � Identificar os diferentes tipos de locuções em língua espanhola.
 � Analisar as perífrases verbais em língua espanhola.
Introdução
Atualmente, é comum o ensino de uma língua estrangeira por meio de 
uma abordagem lexical. A intenção desse tipo de proposta é aproximar 
as situações de aprendizagem às situações vividas pelos nativos da língua. 
Você já pensou sobre o que significa o ensino por meio do léxico?
Neste capítulo, você analisará o uso de combinações, colocações, 
locuções e perífrases verbais. Essas construções são exemplos típicos 
da união de uma abordagem lexical com uma gramatical. Além disso, 
você não apenas conhecerá regras gramaticais, mas também terá a 
oportunidade de verificar os usos dessas expressões em qualquer 
situação.
Colocações e combinações livres
Para que o aprendiz de língua espanhola seja capaz de se comunicar em todas 
as situações de interação que surgirem, é preciso que ele desenvolva habilidades 
relacionadas ao léxico e a grupos sintáticos. Para tanto, precisará saber unir 
as palavras de acordo com critérios associados ao uso consagrado e às formas 
mais adequadas. Assim, identifi car e aplicar colocações e combinações livres 
são duas habilidades essenciais.
Combinações livres são grupos sintáticos criados a partir de categorias 
gramaticais, ou seja, grupos formados a partir de classes de palavras centrais. 
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Os principais grupos são nominais, adjetivais, verbais, adverbiais e interjec-
tivos. Observe os seguintes exemplos:
Escribí un texto muy corto.
Estoy cerca de ti.
Tiempos mejores vendrán.
Todos os grupos sintáticos destacados estruturam-se em torno de um 
núcleo: um substantivo, um adjetivo, um verbo, um advérbio, uma interjeição, 
etc. Esse núcleo pode ser o único elemento do grupo:
Lo hará Juan.
Note que apenas a palavra Juan completa o verbo hacer. Ainda, o núcleo 
pode ser acompanhado por modificadores e complementos:
No sé nada.
A palavra no está modificando um grupo formado por duas palavras: sé 
nada. Quando o núcleo não está sozinho, um grupo pode conter outro da 
mesma categoria. Veja:
Estoy muy cansado de hablar.
O advérbio muy está modificando todo o grupo cansado de hablar.
Ese regalo que me ofrecieron es raro.
Ese está modificando todo o conjunto formado pelas palavras regalo que 
me ofrecieron. Outra possibilidade é o grupo fazer parte de outros diferentes 
dos que lhe dão nome. Observe:
Durante aquellos años, vivimos situaciones difíciles.
No exemplo anterior, as palavras aquellos (pronome) e años (substantivo), 
embora sejam oficialmente de grupos sintáticos distintos, estão unidas num 
mesmo grupo para modificar a palavra durante.
Todos os exemplos apresentados até aqui ilustram uniões que podem ser 
feitas entre palavras de diferentes categorias, isto é, de diferentes classes 
Colocação2
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gramaticais. Essa é uma característica típica das combinações livres, pois elas 
têm, em comparação com as colocações, menor grau de restrição combinatória.
Para entender o funcionamento desse fenômeno, você verá agora como se 
constrói cada grupo sintático. O grupo nominal se constrói em torno de um 
substantivo. Verifique o exemplo:
Dos encuentros mensuales son necesarios.
Observe que as palavras destacadas formam um grupo cujo núcleo é o 
substantivo encuentros, e as palavras dos e mensuales subordinam-se a ele. 
O grupo adjetival é formado pelo adjetivo (núcleo) e por modificadores 
e complementos. Observe:
Mariana es muy inteligente.
Ese habla no es políticamente correcta.
Nesses exemplos, as palavras muy e políticamente modificam os adjetivos 
inteligente e correcta. Assim, determinam a medida do alcance que se atribui 
à propriedade denotada pelo adjetivo.
Já os complementos dos adjetivos fazem parte do grupo preposicional e 
são uma exigência do próprio adjetivo. Veja:
Estoy harto de discusión.
No exemplo, evidencia-se que o adjetivo harto exige um complemento: 
quem está farto, está farto de algo. Disso decorre a necessidade de emprego 
da preposição de.
O grupo adverbial caracteriza-se por modificar outros grupos sintáticos, 
como o nominal e o adjetival, e pela propriedade de constituir-se de vários 
advérbios concatenados.
Cuanto más temprano llega, menos trabaja.
Note que os advérbios más e temprano pertencem ao mesmo grupo nesse 
exemplo. Entretanto, é possível encontrar grupos adverbiais ainda maiores. Veja:
Había salido un poco después de las diez.
O quantificador de grau un poco modifica o segmento después de las diez.
3Colocação
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Os grupos interjectivos são formados pela integração das interjeições a 
segmentos maiores, como um grupo nominal ou uma oração. No exemplo a 
seguir, verifique a primeira possibilidade:
¡Ay, mamá, cómo esperé por este día!
Note que a interjeição ay pode ser interpretada nessa frase como um vo-
cativo, e a palavra que a segue (mamá) faz parte de um grupo nominal. Já o 
tipo de construção em que as interjeições são seguidas por uma oração pode 
ser ilustrado pela seguinte frase:
¡Ojalá reciba el pago!
Assim como mostra o exemplo, esse tipo de construção é possível apenas 
com a interjeição ojalá. Como se nota em todos os exemplos apresentados até 
aqui, as combinações podem ser feitas de maneiras variadas e não dependem de 
um uso consagrado. Afinal, em cada oração construída, surgirão combinações 
necessárias à mensagem que se deseja transmitir.
Essa flexibilidade de formação não se aplica às colocações. Corpas Pastor 
(1996), estudiosa do assunto na língua espanhola, afirma que as colocações 
são formadas por duas unidades lexicais que obedecem a uma norma. Dessa 
forma, são mais inflexíveis do que as combinações livres: apresentam restri-
ções de combinação estabelecidas pelo uso. Essa mesma autora (PASTOR, 
2003) considera alguns aspectos para a classificação de uma união lexical 
em colocação: frequência, institucionalização, estabilidade, idiomaticidade, 
variação e gradação. Entretanto, de forma geral, o critério determinante é a 
frequência com que os dois elementos aparecem juntos. Confira o exemplo:
Juan lleyó las primeras páginas del libro para refrescar la memoria.
A parte destacada da frase é considerada uma colocação: os elementos que a 
compõem têm sentido sozinhos, mas, juntos, formam uma expressão consagrada 
no uso da língua espanhola. Aliás, essa expressão ilustra o caso típico de coloca-
ção: verbo + substantivo. Se for acrescentado a essa expressão um adjetivo, como 
antigua, ficará evidenciado que as colocações admitem modificações adjetivais:
Juan lleyó las primeras páginas del libro para refrescar la memoria 
antigua.
Colocação4
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As colocações costumam ser constituídas por apenas dois elementos — 
geralmente, um verbo e um substantivo, como em:
Juan ha bailado mucho. Hay que apagar la sed.
Perceba que a expressão apagar la sed surge da ligação do verbo apagar 
com o substantivo sed. Porém, esse não é o único aspecto que os identifica 
como colocação. Essa expressão é muito mais utilizada, tanto em situações 
formais, quanto em informais, do que uma equivalente: 
Juan ha bailado mucho. Hay que dejar de sentir sed.
Dessa forma, evidencia-se que as colocações são expressões consagradas, 
já incorporadas à comunicação na língua espanhola, e que, por isso, permitem 
pequenas adaptações, como as mudanças provocadas por um adjetivo. No 
entanto, são construções mais rígidas que as combinações livres, pois estas 
são modificadas constantemente por diferentes grupos sintáticos.
Locuçõesda língua espanhola
As locuções correspondem ao grupo de palavras lexicalizadas, ou seja, aque-
las que já foram aceitas pelos dicionários. De acordo com a Real Academia 
Española (2010, p. 13), são grupos “[...] que constituyen una sola pieza léxica y 
ejercen la misma función sintáctica que la categoría que les da nombre”. Outra 
característica importante é que o signifi cado das locuções não se forma pela 
união do signifi cado de cada parte que as compõe, e sim pelo uso consagrado 
da expressão. Esse é o caso de ojo de buey. Essa expressão não se refere a olho 
de boi, e sim a uma janelinha de iluminação semelhante a uma claraboia. Outro 
exemplo é a locução tomar el pelo, que signifi ca enganar para tirar sarro, ou 
seja, não tem nenhuma relação com cabelo.
As locuções estão associadas a expressões idiomáticas, como:
Conozco el camino al dedillo. (“de cor e salteado”)
¿A santo de qué tú vas a hacer eso? (“por que cargas d’água”)
Estoy a dos velas este mes. (“estar duro” ou “estar sem dinheiro”)
Ahora vamos a hablar y te voy a decir cuántas son cinco. (“colocar 
os pingos nos is”)
5Colocação
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Essas expressões têm características em comum: não permitem transfor-
mações sintáticas como nominalização (retomar um verbo por meio de um 
substantivo), modificação por meio de uma subordinada relativa e transfor-
mação para passiva. Isso significa que são estruturas pouco flexíveis e que 
não toleram variedades combinatórias.
Observe a frase: 
Juliana le llevó un regalo a la profesora: está haciendo la pelota. 
(está puxando o saco)
Se houvesse a tentativa de passar a expressão para uma construção passiva, 
a locução perderia o seu sentido e causaria estranheza aos ouvintes: La pelota 
fue hecha por Juliana. Note que, na passiva, interpreta-se que Juliana fez uma 
bola. Assim, perde-se o valor semântico da expressão original.
No enunciado Ella metió la pata: contó mi secreto a sus amigas, há uma 
expressão idiomática: meter la pata. Ela pode ser identificada como uma locu-
ção, pois não pode ser nominalizada. La metida de pata não é uma construção 
conhecida e aceita pelos falantes de língua espanhola; logo, essa modificação 
não poderia ser feita.
Outra transformação não aceita pelas locuções é a modificação por uma 
subordinada relativa. Observe a expressão idiomática entender ni jota (em 
português, “não saber patavinas”): 
No entiendo ni jota de alemán. 
Caso se tentasse construir uma subordinada relativa para modificá-la, 
seria alterado também o valor semântico carregado por ela: El jota que no 
entiendo de alemán.
Alberto Buitrago Jiménez, na introdução da obra El castellano y su codi-
ficación gramatical (GÓMEZ ASENCIO, 2006), supõe que, desde os estudos 
mais antigos, no século XV, já se percebia a tendência de alguns verbos a 
formarem locuções. São eles ser, estar, andar, hacer e picarse. Conheça 
algumas expressões surgidas a partir dessas formas verbais:
Es un mono. (é feio)
No está en sí. (não está em seu juízo normal)
Anda royéndole a alguien los zancajos. (falar mal de alguém que não 
está presente)
Colocação6
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Hacerse del loco es su especialidad. (“se fazer de louco” ou fingir 
que não entende)
Él se pica de valiente. (se faz de valente)
Costuma-se dividir as locuções de acordo com o seu núcleo: nominais, 
adjetivas, verbais, adverbiais, preposicionais, conjuntivas e interjectivas. 
No exemplo El aspirante al cargo tiene muchos caballos de batalla (obs-
táculos para enfrentar) para mejorar las relaciones en esta empresa, a 
expressão idiomática destacada exemplifica uma locução formada a partir 
de um substantivo: caballo. Conheça outras expressões cujo núcleo é um 
substantivo: 
Media naranja (cara metade).
Pata de gallo (pés de galinha).
Toma y daca (olho por olho).
Cabeza de turco (bode expiatório).
Já em En esta ciudad nada cambia: personas corrientes y molientes (nada 
demais, comum, monótono), o destaque revela uma locução formada a partir 
de um adjetivo. O mesmo ocorre com: 
De abrigo (protegido por).
De cuidado (perigoso).
De gala (elegante).
De marras (muito antigo).
De postín (com calma).
O verbo é o elemento central das locuções verbais, como Quiero una 
blusa de calidad ¡no me des gato por liebre (vender gato por lebre)! Verifique 
outros casos:
Hacer las paces (fazer as pazes).
Irse de aprontes (ir rapidamente).
Poner el grito en el cielo (botar a boca no trombone).
Sentar la cabeza (acalmar-se).
7Colocação
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As locuções adverbiais têm como núcleo um advérbio: Rafael será um 
buen marido cuando las gallinas meen (no dia de são nunca). Conheça mais 
exemplos desse tipo de locução:
A carta cabal (prova final).
A disgusto (por desgosto).
A la carrera (na corrida).
A la fuerza (à força).
A medias (desanimado).
Al tiro (para ontem).
De paso (de passagem).
En un santiamén (em um instante).
Por fortuna (felizmente).
As locuções conjuntivas são formadas em torno de uma conjunção. Esse 
é o caso de No bien terminó de comer, se acostó (Mal terminou de comer, se 
deitou). Veja construções semelhantes:
De manera que (de modo que).
Puesto que (desde).
Si bien (embora, apesar).
Ya que (já que).
A interjeição é o núcleo das locuções interjetivas: ¿Vamos a la fiesta?¡Desde 
luego! (Vamos à festa? Claro!). Conheça outros exemplos:
¡Ni hablar! (nem pensar!)
¡En fin! (enfim!)
¡Ahí va! (lá vai)
Note que, embora seja comum o uso dessas expressões no dia a dia dos 
falantes de espanhol, não se observa uma predominância da aplicação dessas 
locuções sobre o uso de expressões equivalentes. Veja:
Mi jefe me dejó plantado dos horas frente al edificio.
Mi jefe me dejó esperando dos horas frente al edificio.
Juana habla por los codos.
Juana habla mucho.
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Observe que as duas expressões destacadas nos exemplos podem ser uti-
lizadas, sem que haja a predominância de uma delas.
Em síntese, as locuções são construções rígidas: não permitem nenhuma 
forma de modificação. Embora tenham um uso consagrado e sejam expressões 
dicionarizadas, não são aplicadas com frequência, em detrimento de uma 
ideia correspondente.
Perífrases verbais
As perífrases verbais são combinações sintáticas entre um verbo auxiliar 
e um verbo principal. Este é utilizado na forma impessoal, ou seja, no 
infi nitivo, no gerúndio e no particípio. O auxiliar costuma aparecer con-
jugado. Observe:
Él no puede entrar en la sala.
Vamos organizando cada asunto a su vez.
Llevo escritas diez páginas.
Em todos os exemplos, verifica-se a união de dois verbos, sendo o auxiliar 
conjugado. Entretanto, é possível encontrar construções em que o auxiliar 
também está em uma das formas nominais:
Para querer salir de la sala, necesita una motivación.
Debe empezar a llevar más páginas escritas.
Os verbos auxiliares das perífrases verbais não permitem complementos 
nem adjuntos; porém, a maior parte deles, quando não forma perífrase, aceita 
complementos. Observe o verbo volver:
Volvió a llamar por su madre.
Volvió a sus orígenes.
Note que, no primeiro enunciado, o complemento por su madre é exigido 
pelo verbo llamar, e não por volver. Já no segundo exemplo, o complemento 
a sus orígenes completa o verbo volver.
9Colocação
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Vale lembrar que a união de verbo auxiliar com verbo principal não ocorre 
apenas nas perífrases verbais. Portanto, é preciso estar atento para não con-
fundi-las com outras construções, como as subordinadas substantivas.
Quería entrar en la casa de alguna manera.
Note que, embora o fragmento destacado seja formado por um verbo 
conjugado (auxiliar) e outro no infinitivo (auxiliado), não é uma perífrase 
verbal, e sim uma subordinada substantiva reduzida de infinitivo. Se ela 
for desenvolvida (Quería que entrase en la casa de alguna manera), ficará 
evidente a correspondência entre as duas construções. O mesmo não ocorre 
com as perífrases: Élno puede salir não tem correspondência com uma oração 
desenvolvida em que o verbo possa ser conjugado.
Embora as unidades da perífrase formem uma relação coesa, há entre elas 
certa independência. Isso fica claro quando se constroem enunciados em que 
há um elemento entre os dois verbos. Veja:
No podía yo imaginar que eso fuera posible de ocurrir.
Empezó instantáneamente a querer todos los objetos.
Assim, confirma-se a relação estreita que há entre os verbos que formam 
a perífrase. Aliás, essa coesão entre eles é tão intensa, que os pronomes as-
sociados ao verbo principal podem aparecer na frente do auxiliar, como em:
Venía prometiendo aumento de sueldo.
Lo venía prometiendo.
Observe que o complemento aumento de sueldo, exigido pelo verbo pro-
meter, está representado, na segunda frase, pelo pronome lo, que aparece na 
frente do outro verbo da perífrase: venir.
Outra característica importante das perífrases verbais é o compartilhamento 
do sujeito pelos verbos que as formam. Esse sujeito concordará com o verbo 
auxiliar, mas será argumento do verbo auxiliado.
Segundo Llorach (1999, p. 259): 
La función de núcleo oracional que desempeña la perífrasis deriva de la pre-
sencia de morfemas verbales en su primer componente; en cambio, la selección 
de los términos adyacentes que se agreguen a la perífrasis depende de las 
exigencias léxicas de cada componente (el verbo personal y el derivado verbal).
Colocação10
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As perífrases verbais são classificadas de acordo com a forma impessoal 
a que o auxiliar se liga: perífrases de infinitivo, de gerúndio e de particípio. 
Além dessa nomenclatura, há a classificação semântica, que se organiza de 
acordo com a contribuição que é feita pelo auxiliar: modais (indicam possi-
bilidade, obrigação, capacidade e necessidade), temporais (indicam o aspecto 
temporal), fasais (indicam as etapas de um processo) e seriais (indicam uma 
série de ações). Verifique os exemplos:
Los alumnos deben hacer el trabajo en el laboratorio. MODAL
La profesora acabó de salir de la sala. TEMPORAL
Ella empezó a hacer un proyecto. FASAL
Primero, es necesario empezar haciendo la introducción. SERIAL
Agora que você já conhece todas as classificações, vamos conhecerá as 
ocorrências de união entre a classificação pelas formas impessoais e a clas-
sificação pelo valor semântico.
As principais perífrases modais de infinitivo são: deber + infinitivo, deber 
de + infinitivo, tener que + infinitivo, haber de + infinitivo, haber que + infi-
nitivo, poder + infinitivo, venir a + infinitivo. Analise os exemplos seguintes:
Debes comer comidas saludables.
Debes de comer comidas saludables.
Na primeira frase, há uma obrigação: o falante impõe que o ouvinte coma 
comidas saudáveis. Já na segunda frase, há uma probabilidade: o falante 
elaborou uma hipótese a respeito do ouvinte, a de que ele come comidas 
saudáveis.
Se o verbo deber fosse substituído por tener que, a mesma noção de obri-
gação seria construída. Entretanto, essa perífrase refere-se muito mais a algo 
que necessariamente terá de ser feito, do que a um simples conselho: Tendré 
que llamar a tu madre.
O mesmo exemplo poderia ser usado para ilustrar o emprego de haber de: 
He de llamar a tu madre. Afinal, essa perífrase também indica obrigação. Já 
nas ocorrências de haber que, não se nota essa obrigação, e sim um desejo ou 
uma vontade de que os fatos ocorram como foram expressos no enunciado: 
Había que comprar aquella ropa.
Vale ressaltar que, em frases em que essas perífrases de obrigação são 
aplicadas, é possível negar essa obrigação por meio do advérbio no, desde 
que ele esteja localizado antes dos dois verbos: No debes comer comidas 
11Colocação
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saludable; No debe de comer comidas saludables; No tendré de llamar a tu 
madre; No he de llamar a tu madre.
Contudo, as perífrases modais não são construídas apenas para indicar 
obrigação. Em Puedo caminhar en las puntas de los pies, o grupo de verbos 
indica a capacidade ou a habilidade do falante. Já em Ya dije que tu mirada 
venía a significar celos, o valor semântico está associado à semelhança, como 
se fosse o verbo parecer.
As perífrases temporais de infinitivo estão relacionadas ao aspecto tem-
poral, como o próprio nome indica. As principais são as seguintes:
 � ir a + infinitivo: indica tempo posterior. Exemplo: Voy a trabajar.
 � soler + infinitivo: indica a repetição de um estado de coisas. Exemplo: 
Solía acostarse tarde.
 � saber + infinitivo: indica a repetição de um estado de coisas. Exemplo: 
Sabía hacer buenos cafés. 
 � acostumbrar + infinitivo: indica a repetição de um estado de coisas. 
Exemplo: Acostumbra hacer café todas las tardes. 
 � acabar de + infinitivo: indica um passado muito recente. Exemplo: 
Acaba de salir.
 � volver a + infinitivo: indica a repetição de um processo. Exemplo: Volvió 
a gatear como si fuera un bebé.
Perífrases como estar por + infinitivo, estar para + infinitivo e estar a 
punto de + infinitivo são perífrases de fase e indicam uma fase preparatória 
ou uma fase que está prestes a acontecer. Observe:
Mi hijo estaba por cumplir tres años.
Mi cabeza está para explotar.
El agua está a punto de escurrir.
Há também as fasais que indicam interrupção:
Dejó de sentir odio por las personas de su familia.
As de fase final são representadas por acabar de + infinitivo: Acabó de 
estudiar. Já as perífrases de infinitivo escalares são as seguintes:
Colocação12
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 � empezar por + infinitivo: Empezaré por llevarle al médico.
 � acabar por + infinitivo: La graduación acaba por consagrar todos los 
años de estudio.
 � venir a + infinitivo: Él vino a decirles la verdad.
 � llegar a + infinitivo: Llegó a creer que no sería castigado.
As perífrases de gerúndio revelam um processo. Verifique o exemplo a seguir:
Está hablando el testigo.
Nessa frase, o conjunto estar + gerúndio apresenta uma ação iniciada, 
mas não concluída.
Mi curiosidad fue aumentando a medida que escuchaba la narración 
de mi abuela.
Nessa frase, a perífrase ir + gerundio revela uma ação que acontece em 
etapas sucessivas.
Viene mintiendo sobre sus orígenes hace tempo.
A perífrase venir + gerúndio também mostra um processo, mas revela um 
ponto a partir de onde começou.
Ao contrário das perífrases de infinitivo, as de gerúndio não podem ser 
formadas por dois verbos na forma nominal. Observe:
Volvió a empezar a trabajar.
*Volvió empezando trabajando.
Como se vê, a frase fica sem sentido quando há mais de um gerúndio. A 
perífrase de particípio, por sua vez, é ponto de discórdia entre a maioria dos 
gramáticos. Em função disso, será apresentada aqui a visão tradicional, em 
que essa construção é possível apenas com os verbos auxiliares estar, tener 
e llevar. A perífrase de particípio mais usual é estar + participio. Ela indica 
um estado resultante de uma ação:
13Colocação
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La limpieza está hecha.
A combinação tener + particípio é usada para expressar realizações. Esse 
é o caso de:
Yo lo tengo cuidado muchas veces.
Já llevar + participio, segundo a Real Academia Española (2010, p. 555):
[…] se usa fundamentalmente [...] con dos interpretaciones. En la primera 
se construye con verbos que denotan eventos delimitados, así como con 
complementos nominales que expresan la cantidad acumulada hasta un de-
terminado momento. En el segundo uso se combina con participios de verbos 
que expresan contacto o vinculación. 
Isso se evidencia nas seguintes construções:
Llevaba rellenados tres panes para cada invitado.
Llevaba unidos los dos deseos.
Em suma, pode-se constatar que, para haver uma perífrase verbal, é 
preciso que:
 � haja um verbo auxiliar conjugado e um verbo principal em uma das 
formas nominais (infinitivo, gerúndio, particípio);
 � os verbos formem um todo coeso, como se fossem apenas um;
 � o verbo auxiliado não se integre a uma subordinadasubstantiva;
 � os verbos que a formam tenham certa independência sintática e per-
mitam a inserção de elementos entre eles.
As perífrases verbais saber + infinitivo e acostumbrar + infinitivo são típicas do 
espanhol latino-americano.
Colocação14
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1. As perífrases verbais são formadas 
pela união de verbos que se 
integram como se fossem um 
só. Para que essa formação seja 
possível, algumas condições 
e casos especiais devem ser 
considerados. Das afirmações a 
seguir, assinale a que está correta.
a) Na frase Quería que fuéramos, 
há um elemento entre os 
dois verbos. Portanto, querer 
e ir formam uma perífrase.
b) Quando se pode inserir um 
elemento entre os verbos, 
como em “No llegas nunca 
a realizar mis sueños”, deixa 
de existir perífrase.
c) Os verbos deber e hacer na frase 
“Las pesquisas deben ser hechas 
en la biblioteca” formam uma 
perífrase, pois a frase apresenta 
uma construção passiva.
d) Desear e cantar formam uma 
perífrase na frase “Deseaban 
cantar”, pois o primeiro verbo 
está conjugado e o segundo 
está na forma nominal.
e) Poder e hablar estão de tal 
forma integrados em “No 
puedo hablar”, que formam 
uma perífrase verbal.
2. As perífrases são formações em 
que os dois verbos se ligam como 
uma unidade. Entretanto, não basta 
colocar um verbo ao lado do outro 
e tentar se comunicar em espanhol. 
É preciso aliar conhecimento 
sintático com conhecimento 
semântico. Pensando nisso, 
avalie as alternativas a seguir 
e marque a que contém 
uma perífrase adequada ao 
sentido indicado ao lado.
a) Solía almorzar temprano – MODAL
b) Vino a cantar – TEMPORAL
c) Volvió a hablar cosas 
malas – MODAL
d) Mi jubilación está para 
empezar – TEMPORAL
e) Debes hacer todo eso – MODAL
3. As locuções formam uma unidade 
coesa que só tem sentido se os seus 
elementos não forem separados 
nem modificados. Observe as 
imagens de 1 a 5 e as relacione 
com as expressões idiomáticas. 
Após, marque a alternativa cuja 
sequência de frases revela a correta 
correspondência com as imagens.
1)
2)
3)
15Colocação
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4)
5)
I. Andar de capa caída.
II. Estar hecho un ají.
III. Pasarse de la raya.
IV. Monto un circo y crecen los enanos.
V. De tal palo tal astilla.
a) IV, I, III, V, II
b) IV, III, II, I, V
c) I, II, III, IV, V
d) I, III, II, IV, V
e) I, V, III, IV, II
4. Combinações e colocações estão 
associadas à formação de palavras. 
A primeira é mais flexível e permite 
a união de diferentes elementos. 
A segunda é mais rígida e fica 
condicionada ao uso frequente. 
Com base nessas afirmações, 
selecione a alternativa cuja 
sequência classifica corretamente 
os destaques do texto abaixo.
Necesito de una gran ayuda: alguien 
que me lleve a los mejores sitios de 
esta ciudad. Aquí vivía mi abuelo. Vine 
para tomar tierra. Como no conozco 
la ciudad, voy a dar un paseo por el 
centro. Quiero huir de mis familiares, 
pues estoy harto de discusión. Sé 
que mi habla no es políticamente 
correcta, pero es la verdad.
a) Combinação – colocação 
– colocação – combinação 
– combinação.
b) Colocação – colocação – 
combinação – combinação 
– colocação.
c) Combinação – combinação 
– combinação – combinação 
– combinação.
d) Colocação – colocação 
– colocação – colocação 
– colocação.
e) Combinação – colocação – 
combinação – combinação 
– colocação.
5. Colocações são construções em 
que os elementos que as formam 
costumam aparecer juntos com 
frequência. Já as locuções são 
construções cujos elementos 
formam uma unidade e que já 
foram incorporadas aos dicionários. 
As locuções são menos flexíveis 
que as colocações. A partir do seu 
conhecimento e das afirmações 
acima, assinale a alternativa 
que contém as classificações 
adequadas às expressões abaixo:
Andarse por las ramas.
A hurtadillas.
Apagar la sed.
Declarar guerra.
Hacer un aterrizaje.
a) Colocação – locução – locução 
– locução – locução.
b) Locução – locução – colocação 
– locução – locução.
c) Locução – locução – colocação 
– colocação – colocação.
d) Locução – locução – locução 
– locução – locução.
e) Colocação – colocação 
– colocação – colocação 
– colocação.
Colocação16
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GÓMEZ ASENCIO, J. J. El castellano y su codificación gramatical: de 1492 (A. de Nebrija) 
a 1611 (John Sanford). Burgos: Fundació n Instituto Castellano y Leoné s de la Lengua, 
2006. v. 1. 
LLORACH, E. A. Gramática de la lengua española. Madrid: Espasa-Calpe, 1999.
PASTOR, G. C. Diez años de investigación en fraseología: análisis sintáctico-semánticos, 
contrastivos y traductológicos. Madrid: Iberoamericana Vervuert, 2003. 
PASTOR, G. C. Manual de fraseología española. Madrid: Gredos, 1996.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española: manual. Madrid: 
Espasa, 2010.
17Colocação
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DICA DO PROFESSOR
As perífrases verbais garantem que mensagens sejam transmitidas por meio da integração de 
verbos. Entretanto, nem toda união de verbos pode ser considerada uma perífrase. 
Para se comunicar de acordo com a sintaxe espanhola e organizar as palavras como os nativos 
da língua, veja a Dica do Professor que trata das chamadas semiperífrases.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Repertório de expressões idiomáticas espanhol-português
Conheça a pesquisa de Ioneide Preusse Juliani, Mestre pela Universidade Federal de Mato 
Grosso do Sul, que elabora um repertório fraseológico espanhol-português de expressões 
idiomáticas.
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Aula Espanhol - Perífrasis Verbales+Español
A videoaula "Espanhol - Perífrasis Verbales+Español" irá auxiliá-lo, de forma direta e 
exemplificada, a esclarecer dúvidas sobre esse assunto importante da colocação na sintaxe 
espanhola.
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Ir a + infinitivo - reflexão metalinguística na língua segunda
Quer saber mais sobre perífrase verbal? Acesse o artigo de Jeannette Sanchez para refletir sobre 
os obstáculos dos aprendizes de espanhol na internalização da perífrase "ir a + infinitivo".
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Conteúdo:
O aparelho fonador e os tipos de sons 
APRESENTAÇÃO
Para existir, a fala depende de diversos órgãos presentes no corpo humano. Esses órgãos 
distribuem-se entre os sistemas articulatório, fonatório e respiratório, que atuam em conjunto 
para possibilitar a produção dos sons da fala. À união desses três sistemas, dá-se o nome de 
aparelho fonador.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer detalhadamente o aparelho fonador 
humano e os tipos de sons que ele é capaz de produzir. A seguir, você também vai descobrir que 
tipos de sons podem ser produzidos especificamente na língua espanhola, além de aprender o 
que é alofonia e como reconhecê-la nessa língua. Ao longo da Unidade, você também vai poder 
estudar o conteúdo de forma dinâmica e interativa, aplicando seu aprendizado com o auxílio 
de exercícios e um desafio.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Analisar o aparelho fonador e sua relação com a produção de sons.•
Identificar os tipos de sons que podem ser produzidos em espanhol.•
Reconhecer a alofonia em espanhol.•
INFOGRÁFICO
Se você pudesse enxergar dentro da cavidade oral enquanto ocorre a fala, certamente seria mais 
fácil entender como os sons das línguas são produzidos. No entanto, como isso não é possível, 
utilizam-se mecanismos tecnológicos que simulam um aparelho fonador visto de perfil, além de 
recursos de animação que possibilitam a visualização do percurso realizado pelos articuladores 
do aparelho fonador ao produzir um som.
O Infográfico poderá ajudar você a entender um pouco melhor a realização de consoantes e 
vogais, exemplificadapor alguns sons específicos.
CONTEÚDO DO LIVRO
EEm espanhol, assim como em português, existem alguns alofones. As palavras cena e cerveza 
podem ser pronunciadas de duas formas: [‘ce.na] ou [‘θe.na] e [cer.’be.sa] ou [θer.’be.θa]. O 
primeiro caso ilustra a pronúncia da maioria das regiões, como na América Latina e em parte da 
Espanha, enquanto o segundo ocorre em algumas regiões da Espanha. No entanto, o significado 
da palavra não muda, ou seja, [c] e [θ] são alofones do fonema /s/.
No capítulo O aparelho fonador e os tipos de sons da obra Fonética e fonologia do espanhol, 
você vai estudar sobre o aparelho fonador humano de forma detalhada, como ele funciona e que 
tipos de sons ele é capaz de produzir. A seguir, você vai conhecer os sons que podem ser 
realizados especificamente na língua espanhola, além de aprender a reconhecer a alofonia nessa 
língua.
Boa leitura.
O aparelho fonador 
e os tipos de sons
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Analisar o aparelho fonador e a sua relação com a produção de sons.
 � Identificar os tipos de sons que podem ser produzidos em espanhol.
 � Reconhecer a alofonia em espanhol.
Introdução
Para produzir os sons da fala, é necessária a inter-relação de diversos 
órgãos do corpo humano. Esses órgãos se distribuem entre os sistemas 
articulatório, fonador e respiratório, que atuam em conjunto para possi-
bilitar a produção de sons. Juntos, esses três sistemas formam o que se 
chama de aparelho fonador.
Neste capítulo, você vai estudar detalhadamente sobre o aparelho 
fonador humano: vai ver como ele funciona e que tipos de sons ele é 
capaz de produzir. A seguir, você vai conhecer os sons que podem ser 
realizados especificamente na língua espanhola, além de aprender a 
reconhecer a alofonia nessa língua. 
A relação entre o aparelho fonador e a produção 
dos sons
De acordo com Borba (1975), a fonética é o ramo da linguística que estuda 
a natureza física da produção e da percepção dos sons da fala humana. Mais 
especifi camente, é a fonética articulatória que estuda de que forma os sons 
são produzidos, considerando a posição e a função de cada um dos órgãos do 
aparelho fonador (língua, lábios, dentes, etc.).
Cristófaro-Silva e Yehia (c2008a) fazem uma descrição detalhada a respeito 
do aparelho fonador e do seu funcionamento. Conforme as autoras, esse apa-
relho funciona a partir da união de três sistemas: o articulatório, o fonador e 
o respiratório. Em cada um desses sistemas, vários órgãos do corpo humano 
atuam para a produção dos sons da fala (Figura 1). 
Figura 1. Sistemas articulatório, fonador e respiratório do aparelho fonador humano. 
Fonte: Adaptada de Silva (2003, p. 30) e Cardoso (2009, p. 24).
O sistema articulatório é composto principalmente por faringe, língua, lábios, 
dentes e nariz. O sistema fonador é formado pela laringe, na qual se encontram a 
glote e as cordas vocais. Já os órgãos que compõem o sistema respiratório, essenciais 
para a realização da fala, são a traqueia, os pulmões, os brônquios e o diafragma.
Os sistemas articulatório e fonador relacionam-se diretamente para a realização 
dos sons da fala. Os órgãos do sistema articulatório desempenham o papel de 
articular a produção desses sons de diversas maneiras. Primeiramente, é importante 
você conhecer a cavidade oral, que é todo o espaço interno da boca, começando 
após os lábios e finalizando na porção orofaringe da faringe. O ar que circula pela 
cavidade oral pode ser obstruído por alguns dos órgãos articuladores, realizando 
sons consonantais, ou pode passar livremente, gerando os sons vocálicos. 
No processo de fala, os lábios exercem a função de obstruir a passagem 
da corrente de ar na cavidade oral. Tal ação produz os sons bilabiais (o lábio 
inferior atua sobre o superior) e os labiodentais (o lábio inferior atua sobre 
os dentes superiores).
Na produção da fala, os dentes também servem para obstruir a passagem de 
ar pela cavidade oral. Os superiores funcionam como articuladores passivos e 
O aparelho fonador e os tipos de sons2
podem sofrer a ação do lábio inferior, no caso de sons labiodentais, e do ápice 
ou da lâmina da língua, nos sons dentais.
As diversas partes da língua têm a capacidade de produzir diferentes sons; logo, 
ela atua como articuladora ativa. O ápice é a parte pontiaguda do corpo da língua, 
e a lâmina está logo acima. Essas duas partes precisam tocar os dentes superiores 
e os alvéolos para articular sons classificados como dentais e alveolares. Por sua 
vez, a parte anterior da língua, localizada próximo ao seu centro, relaciona-se com 
a região medial do palato duro para realizar sons alveolopalatais. A parte média da 
língua, juntamente com o palato duro, produz os sons palatais, enquanto a parte 
posterior, em contato com o palato mole, realiza os sons velares. 
O nariz e a nasofaringe compreendem o espaço interior, que se denomina 
como cavidade nasal. É por essa cavidade que costumam ocorrer a inspiração 
e a passagem de ar na produção de sons nasais. A faringe é uma cavidade que, 
devido à sua extensão, divide-se em nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. 
Ela está situada próximo à úvula e à laringe, terminando acima do esôfago. 
A laringofaringe comunica-se com a laringe por meio da epiglote, que abre e 
fecha para que o ar entre na laringe.
Em relação à constituição do sistema fonador, a laringe é um órgão fibro-
muscular, que se localiza entre a faringe e a traqueia, possibilitando a passagem 
de ar entre esses dois órgãos. A laringe contém uma série de músculos e car-
tilagens, como a tireoide, a epiglote e as cordas vocais — dobras musculares 
responsáveis pela obstrução da passagem de ar na laringe. 
As cordas vocais são músculos que revestem a laringe e são separados 
por um espaço chamado glote. Quando a glote está totalmente aberta, não há 
qualquer obstrução do ar, que passa livremente por ela sem gerar vibração nas 
cordas vocais. Já com a glote fechada, a passagem de ar sofre uma obstrução, 
que faz as cordas vocais vibrarem e, por consequência, ocorre a produção do 
som. As cordas vocais podem atuar como articuladores ativos na realização 
dos sons oclusivo e fricativo glotal. 
O aparelho fonador humano produz alguns fenômenos sonoros que não são utilizados 
na fala, como o soluço, a tosse e o espirro. A respeito deste último, não é aconselhável 
“segurar” um espirro; caso contrário, pode ocorrer uma pressão maior na área dos 
ouvidos, provocando dores, infecções e inclusive o rompimento do tímpano. 
Fonte: Cristófaro-Silva e Yehia (c2008a, documento on-line).
3O aparelho fonador e os tipos de sons
Quanto aos órgãos do sistema respiratório que atuam na realização da 
fala, a traqueia é um tubo de mais ou menos 1,5 cm de diâmetro e 10 a 12 cm 
de comprimento. Situa-se abaixo da glote, paralelamente ao esôfago, e une a 
laringe aos brônquios, possibilitando que o ar siga até os pulmões.
Os pulmões são os principais órgãos responsáveis pela respiração. Esses 
órgãos estão ligados pelos brônquios, os quais são bifurcações da traqueia 
que distribuem o ar e se dividem em vários segmentos, que podem ser cha-
mados de bronquíolos. Os pulmões são muito importantes no processo da 
fala, pois todas as línguas utilizam o mecanismo de corrente de ar pulmonar 
para emitir sons. 
O diafragma é um músculo utilizado para controlar, a partir de seu movi-
mento, a pressão exercida nos pulmões. Ele também auxilia nos processos de 
inspiração e expiração do ar, além de estar relacionado a eventos como tosse, 
espirro, parto, defecação e soluço. 
Acesse o site Fonética & Fonologia, disponível no link a seguir. Nele, você vai encontrar 
informações essenciais sobre essas áreas da linguística.
https://goo.gl/XKRPQe
Os tipos de sons do espanhol
Você já deve saber que o português e o espanhol são considerados “línguas 
irmãs”, em função das suas semelhanças morfofonológicas. No entanto, a 
língua espanhola tem alguns sons que não existemna língua portuguesa. Você 
vai conhecer agora os sons que podem ser produzidos em espanhol.
Para se evitar confusão com as letras utilizadas na grafia das palavras de 
cada língua, teóricos da linguística criaram o alfabeto fonético internacional 
(IPA, pela sigla em inglês). Ao utilizar o IPA, você vai poder se referir a sons 
específicos com um único símbolo fonético, independentemente da língua que 
esteja analisando. Em outras palavras, é possível aprender como se pronuncia 
qualquer palavra de qualquer língua com base no inventário do IPA.
Antes de conhecer os símbolos fonéticos do espanhol, você vai ver na 
Figura 2 um quadro fonético geral das línguas, com base no IPA.
O aparelho fonador e os tipos de sons4
Figura 2. Quadro fonético sonoro baseado no IPA. 
Fonte: Projeto Sonoridade em Artes, Saúde e Tecnologia (c2008b, documento on-line).
A Figura 2 mostra três tabelas. A primeira delas trata das consoantes 
produzidas a partir de um mecanismo de corrente de ar pulmonar, como o 
som /t/ na palavra tábua. Você pode observar, em algumas células da tabela, 
consoantes que aparecem em pares. Esses pares são resultantes da mesma 
articulação; no entanto, os símbolos que aparecem à direita representam 
consoantes vozeadas, ou seja, com vibração nas cordas vocais, como é o 
caso do som /z/ na palavra casa. Já os símbolos da esquerda referem-se às 
5O aparelho fonador e os tipos de sons
consoantes desvozeadas, isto é, quando não há vibração nas cordas vocais, 
como o som /s/ em cansado.
A segunda tabela da Figura 2 traz as consoantes realizadas a partir de um 
mecanismo de corrente de ar não pulmonar. Por fim, a última tabela apresenta 
as vogais dispostas em uma espécie de diagrama, que pretende simular a 
posição alcançada pela língua na cavidade oral, no momento em que elas 
são produzidas. As vogais /i/ e /u/, por exemplo, ocorrem com a língua na 
posição mais alta. 
A seguir, você verá uma classificação do modo de articulação das conso-
antes, de acordo com o tipo de obstrução de ar:
 � Oclusivas: são as consoantes realizadas a partir do fechamento de algum 
dos órgãos (lábios, língua, arcada dentária, etc.) durante a passagem 
de ar, como os sons de /p, b, t, d, k, g/. Você pode conferir algumas 
palavras em espanhol com esse som nos exemplos a seguir.
Puerta − [p]uerta 
Sopa − so[p]a
Barco − [b]arco 
Hombre − hom[b]re
Todo − [t]odo
Cita − ci[t]a 
Disco − [d]isco 
Mundo − mun[d]o
Queso − [k]eso
Saco − sa[k]o
Gato − [g]ato
Tango − tan[g]o
 � Fricativas: são as consoantes produzidas com a passagem do ar atra-
vés de um canal estreito, realizadas a partir da aproximação de dois 
articuladores, como os sons de /f, s, θ, ʃ, x, ʒ/. Algumas palavras com 
esse som, em espanhol, estão nos exemplos a seguir:
Fino − [ f]ino 
Seco − [s]eco
Cima − [θ]ima
Sello − se[ ʃ ]o ~ se[ʒ]o
Gente − [x]ente
O aparelho fonador e os tipos de sons6
 � Africadas: são as consoantes realizadas a partir de uma oclusão se-
guida de uma fricção. É o caso dos sons [tʃ, dʒ], exemplificados nas 
seguintes palavras:
 � Nasais: são consoantes que fazem o ar expirado passar pela cavidade 
nasal, pois encontram a úvula e o véu palatino abaixados. Exemplos 
de sons são /m, n, ɲ, ŋ/. É possível verificar a realização desses sons 
nos exemplos a seguir:
Mano − [m]ano 
Nombre − [n]ombre 
Año − a[ɲ]o
Mango – ma[ŋ]go
 � Laterais: são consoantes pronunciadas em decorrência da passagem 
de ar pelos dois cantos da boca, ao lado da língua, como no caso de /l/ 
e /ll/. Seguem os exemplos desse tipo de som:
Lata − [l]ata 
Lluvia − [λ]uvia } Variante dialetal
 � Vibrantes: são consoantes realizadas pela vibração de algum órgão 
do aparelho fonador. Há uma vibrante simples, quando ocorre uma só 
batida com a ponta da língua nos alvéolos, como o som [(ɾ)], e uma 
vibrante múltipla, quando acontece mais de uma batida da língua e 
vibração do palato mole, como em [(r)]. A seguir, algumas palavras 
que podem exemplificar a realização desse tipo de som: 
Carta – ca[ɾ]ta
Regla – [r]egla
Os órgãos articuladores podem ter papel ativo ou passivo. Os articuladores 
ativos, que são o lábio inferior, a língua, o palato mole e as cordas vocais, 
movimentam-se em direção aos passivos. Já os passivos encontram-se na 
mandíbula superior: lábio superior, dentes superiores e céu da boca, que se 
divide em alvéolos, palato duro, palato mole e úvula.
A seguir, você verá os pontos de articulação dos sons relevantes para a 
descrição da língua espanhola.
 � Bilabial: lábio inferior (articulador ativo) e lábio superior (articulador 
passivo). Exemplos: paso, vago, misa. 
7O aparelho fonador e os tipos de sons
Em espanhol, o som de v tem a mesma pronúncia de b de forma quase categórica!
 � Labiodental: lábio inferior (articulador ativo) e dentes incisivos supe-
riores (articulador passivo). Exemplos: fresa, enfermo.
 � Dental: ápice da língua ou lâmina (parte superior da língua) como 
articulador ativo e dentes incisivos superiores como articulador passivo. 
Exemplos: ducha, tocar, donde, saltar.
 � Alveolar: ápice ou ponta da língua (articulador ativo) e alvéolos (arti-
culador passivo). Exemplos: triste, tierra, mesa, nombre, balsa.
 � Alveolopalatal: ápice da língua ou lâmina (parte superior da língua) 
como articulador ativo e parte medial do palato duro como articulador 
passivo. Exemplos: rodilla, ocho, mayo, inyectar.
 � Palatal: parte média da língua (articulador ativo) e parte final do palato 
duro (articulador passivo). Exemplos: lluvia (dialeto castelhano) maya 
(dialeto cubano) e año.
 � Velar: parte posterior da língua (articulador ativo) e palato mole (arti-
culador passivo). Exemplos: casa, guerra, gente, largo.
 � Glotal: os músculos ligamentais da glote comportam-se como ar-
ticuladores. Exemplos: lista, variante dialetal caribenha com /s/ 
“aspirado”.
A seguir, você verá a classificação da articulação das vogais em espanhol.
 � Altas: a língua eleva-se até o céu da boca, deixando uma abertura 
relativamente estreita para que o ar saia. Os sons [i] de hija e [u] de 
uña são exemplos de vogais altas.
 � Médias: a língua sobe até o céu da boca, deixando uma abertura maior 
do que a das vogais altas. Os sons [e] de eco e [o] de ojo representam 
vogais médias.
 � Baixas: a língua eleva-se pouco, permanecendo próxima à mandíbula 
inferior. O som de [a] em año é um exemplo de vogal baixa.
O aparelho fonador e os tipos de sons8
Alofonia em espanhol
Conforme ilustra Alarcos Llorach (2008), no universo das frutas, podemos 
diferenciar peras, maçãs, pêssegos, ameixas e laranjas pelo aspecto, tamanho 
e pelas demais propriedades. Nem todas as peras são iguais, comenta o autor, 
mas todas são peras. Alguns sons se comportam da mesma forma: ainda que 
apresentem diferenças articulatórias, são considerados como pertencentes 
a um mesmo tipo, de acordo com modelos mentais que os falantes têm em 
relação aos sons. Esse exemplo das frutas pode ajudá-lo a entender o conceito 
de alofonia. 
Alofonia significa a realização de um fonema, que é o modelo mental do 
som que caracteriza cada língua, de acordo com Alarcos Llorach (2008). A 
alofonia representa uma distinção de pronúncia em uma palavra, mas não 
distingue o seu significado. As variantes fonéticas de um fonema recebem o 
nome de alofones. 
A motivação para a ocorrência de variação sonora nas línguas pode ter 
caráter linguístico e social. Dependendo do contexto fonológico ou morfológico 
de uma palavra, por exemplo, é possível que a articulação do som no aparelho 
fonador seja realizada de maneira deferente da considerada correta — com 
base em convenções da escrita. Articulações mais complexas, como é o caso 
de alguns encontros consonantais, podem gerar variação de pronúncia em 
decorrência da busca pelo maior conforto na produção da fala. Assim é que 
surgem os alofones. Já a motivação social pode se dar por questões regionais, 
etárias, de escolaridade ou mesmo de gênero. 
Para contextualizar o conceito de alofonia, considere a oposição fonológicaentre os sons /s/ e /∫/ em português. Você vai concordar que as palavras bossa e 
bocha, além de não serem pronunciadas da mesma forma, têm também signifi-
cados diferentes. Os sons mencionados são representados foneticamente, nessas 
palavras, da seguinte maneira: [‘bo.sa] e [‘bo.∫a]. Portanto, é possível concluir 
que [s] e [∫] são fonemas do português, uma vez que distinguem significado. 
No entanto, também se pode afirmar que esses mesmos sons, se conside-
rarmos outros exemplos do português, não formam oposição fonológica. É 
o caso da palavra gostar, que pode ser pronunciada como [gos.’tar] ou como 
[go∫.tar] — variante encontrada em dialetos como o carioca e o florianopoli-
tano. Nesse caso, [s] e [∫] são alofones do fonema /s/, pois têm distinção apenas 
sonora, não representando diferença de significado. 
9O aparelho fonador e os tipos de sons
Em espanhol, assim como em português, existem alguns alofones. As 
palavras cena e cerveza podem ser pronunciadas de duas formas: [‘ce.na] ou 
[‘θe.na] e [cer.’be.sa] ou [θer.’be.θa]. O primeiro caso ilustra a pronúncia da 
maioria das regiões, como na América Latina e em parte da Espanha, enquanto 
o segundo ocorre em algumas regiões da Espanha. No entanto, o significado 
da palavra não muda, ou seja, [c] e [θ] são alofones do fonema /s/.
Você também pode conferir exemplos de pronúncia para cada som em músicas. 
Acesse os links a seguir para ouvir as pronúncias. 
Veja a pronúncia da palavra lince na música Cumbiera Intelectual, de Kevin Johansen.
https://goo.gl/4Rt82a
Na música Princesa, de Joaquín Sabina, confira a palavra princesa.
https://goo.gl/bPsDhi
Outros casos de alofonia em espanhol podem ser analisados considerando-
-se os fonemas /ll/ e /y/. Esses fonemas apresentam os alofones [ʝ], [Ʒ], [dƷ] 
e [∫] — os dois últimos são encontrados no dialeto rio-platense. Algumas 
palavras que podem exemplificar esse caso são rodilla e mayo. O fonema /ll/ 
ainda apresenta a variante [λ]. 
Confira exemplos de pronúncia nas músicas que seguem.
[ʝ] nas palavras huella e yemayá (A las doce, de Yusa, cantora cubana)
https://goo.gl/AqMWXx
[Ʒ] na palavra yo (Baja a la tierra, de Kevin Johansen e Lila Downs)
https://goo.gl/Cb65JW
O aparelho fonador e os tipos de sons10
As consoantes oclusivas /b/ e /d/ também têm variantes sonoras. Em 
relação ao fonema /b/, tem-se os alofones [b], como em sombra, e [β], como 
na palavra lobo. No caso de /d/, existem os alofones [d], como em mundo, 
e [ð], verificável na palavra cerdo. A diferença de pronúncia entre cada 
um desses pares de consoantes, no entanto, é bastante sutil, o que pode 
dificultar a distinção desses sons, ao escutá-los.
O fonema /g/ pode ser realizado como [g] ou [ɣ]. Como exemplos, 
temos, respectivamente, gato e lago. Esses pares de consoantes também 
têm uma diferença auditiva bastante sutil, o que pode gerar a impressão 
de que são iguais. 
Os sons nasais também são muito variáveis na língua espanhola. O fonema /n/ tem os 
alofones [n], como em nada, e [ŋ], como em tenga e corazón, no dialeto caribenho. O 
fonema /m/, por sua vez, realiza-se como [m] em misa e ambos, enquanto as palavras 
enfermo e empanada pronunciam-se com o alofone [ɱ]. 
[dƷ] na palavra yo (Yo me llamo cumbia, de Totó la Momposina, cantora cubana) 
https://goo.gl/EHNm3Q
[∫] na palavra yo (Parque, da banda argentina Onda Vaga)
https://goo.gl/fwjWrs
[λ] na palavra pastillas (Pastillas para no soñar, do cantor espanhol Joaquín Sabina)
https://goo.gl/idVpE3
11O aparelho fonador e os tipos de sons
1. Alofonia é uma distinção de 
pronúncia em uma palavra, sem 
que o seu significado seja alterado. 
Selecione a alternativa em que 
o alofone em questão distingue 
o significado da palavra.
a) bo[tʃ ]a ~ bo[ʃ ]a 
b) [dʒ]uvia ~ [ʒ]uvia
c) [ʒ]evar ~ [ʃ ]evar
d) [s]ere[s]a ~ [θ]ere[θ]a
e) donce[λ]a ~ donce[ʃ ]a
2. O sistema articulatório está 
formado por vários órgãos do 
corpo humano. São eles:
a) boca, língua, dentes e laringe.
b) lábios, língua, faringe, 
nariz e laringe.
c) língua, diafragma, faringe, 
dentes e palato.
d) boca, dentes, nariz, 
faringe e laringe.
e) língua, lábios, dentes, 
nariz e faringe.
3. Escolha a alternativa em que 
há somente palavras com 
alofones da língua espanhola.
a) [θ]erveza, [k]arta, be[ʃ ]eza.
b) [tʃ ]ico, [dʒ]uvia, [θ]ero.
c) [θ]eta, arro[ʃ ]o, be[β]er
d) mere[s]er, encan[t]o, vergüen[s]a.
e) despa[tʃ ]o, bi[ʃ ]ete, a[θ]era.
4. O lábio inferior, a língua, o 
palato mole e as cordas vocais 
são articuladores ativos da fala 
humana. De que forma eles atuam 
para possibilitar a produção 
dos sons de uma língua?
a) Os articuladores ativos 
movimentam-se em 
direção aos passivos.
b) Os articuladores passivos 
movimentam-se em 
direção aos ativos.
c) Os órgãos do aparelho 
articulatório e do fonador 
entram em contato. 
d) Os articuladores recebem 
a corrente de ar que sai da 
glote, gerando vibração.
e) Os articuladores ativos e 
passivos movem-se em direção 
ao centro da cavidade oral.
5. Qual das alternativas a seguir traz 
apenas palavras da língua espanhola, 
considerando-se as representações 
fonéticas de sons nesses contextos?
a) [dʒ]istancia, [dʒ]amada, [tʃ ]ico
b) [d]erecho, ar[t]ista, alfa[x]or
c) ci[ɛ]rto, a[ɲ]adir, b[ã]ño
d) pu[e]rta, tie[x]a, be[s]ar
e) [g]obierno, [g]erente, [k]eso
O aparelho fonador e os tipos de sons12
ALARCOS LLORACH, E. Gramática de la lengua española. Madrid: Espasa Calpe, 2008. 
BORBA, F. S. Introdução aos estudos linguísticos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 
1975.
CARDOSO, D. P. Fonologia da língua portuguesa. São Cristóvão: Universidade Federal 
de Sergipe, 2009.
CRISTÓFARO-SILVA, T.; YEHIA, H. C. Sonoridade em artes, saúde e tecnologia. c2008a. 
Disponível em: <https://www.cefala.org/fonologia/index.php>. Acesso em: 29 jul. 2018.
PROJETO SONORIDADE EM ARTES, SAÚDE E TECNOLOGIA. Quadro fonético. c2008b. Dis-
ponível em: <http://www.fonologia.org/quadro_fonetico.php>. Acesso em: 29 jul. 2018.
SILVA, T. C. Fonética e fonologia do português. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2003.
Leituras recomendadas
LÓPEZ MORRÁS, X. Transcriptor fonético automático del español. 2004. Disponível em: 
<http://www.aucel.com/pln/transbase.html>. Acesso em: 29 jul. 2018.
MAGALHÃES, V. Alofones; sons da fala e grafemas: exemplos e definição. 2016. Disponível 
em: <http://letrasunilabilingue.blogspot.com/2016/02/alofones-no-portugues-sons-
-da-fala-e.html>. Acesso em: 29 jul. 2018.
QUILIS, A.; FERNÁNDEZ, J. A. Curso de fonética y fonología españolas. Madrid: Consejo 
Superior de Investigaciones Científicas, 1992.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de lengua española. 2017. Disponível em: 
<http://dle.rae.es/>. Acesso em: 29 jul. 2018.
TARALLO, F. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, [2010?]. (Série Princípios).
UNIVERSIDAD ALCALA DE HENARES. Señas: diccionario para la enseñanza de la Lengua 
Española para Brasileños. 4. ed. [S.l.]: Wmf Martins Fontes, 2013. 
13O aparelho fonador e os tipos de sons
DICA DO PROFESSOR
A pronúncia do /r/ de Carro, tierra e rato em espanhol, às vezes, pode representar uma 
dificuldade para aprendizes lusófonos. Para superá-la, você pode tentar observar como esse som 
é articulado no aparelho fonador, além de fazer alguns exercícios que envolvem concentração e 
respiração.
Veja no Vídeo dicas para lhe ajudar na pronúncia.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Fonética e Fonologia do Português Brasileiro
Este texto apresenta a Fonética e Fonologia do Português Brasileiro. Tem como o objetivo que o 
estudante, com base em sua própria língua, possa compreender os fenômenos relativos às 
propriedades articulatórias dos sons do português brasileiro.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Fonética da língua espanhola
Veja algumas questões particulares dessa língua.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Um estudo sobre róticosem variantes do espanhol
Os róticos constituem uma classe de sons que apresenta extensa alofonia em coda silábica. Leia 
mais no artigo a seguir.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
FUNDAMENTOS DA 
LÍNGUA ESPANHOLA
Renan Cardozo 
Gomes da Silva
Funções comunicativas
APRESENTAÇÃO
A comunicação é o eixo central a partir do qual são organizadas nossas sociedades e se age no 
mundo. Saber as funções que a comunicação assume em diferentes contextos e os elementos que 
a compõem são temas basilares para os estudos linguísticos e conhecimento indispensável tanto 
para aquele que aprende/adquire uma segunda língua ou língua estrangeira, quanto para aquele 
que a ensina.
Sobre o assunto, são pioneiros os trabalhos de Jakobson, linguista e crítico literário russo, que 
dedicou boa parte de suas pesquisas a compreender a comunicação e o funcionamento da 
linguagem em sua teoria da informação. Nela, o autor inter-relaciona funções comunicativas 
específicas a cada um dos elementos que compõem o esquema funcionalista da comunicação.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará algumas propostas da teoria da comunicação 
que possibilitarão, a partir das análises construídas, refletir sobre a função comunicativa de 
textos, envolvendo identificar o enunciador (remetente) e o interlocutor de uma mensagem e 
analisar o repertório sociocultural de escritores em funções comunicativas.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer a função comunicativa dos textos.•
Identificar o enunciador e o interlocutor.•
Analisar o repertório sociocultural de escritores em funções comunicativas.•
INFOGRÁFICO
O modelo da comunicação, proposto por Jakobson, é uma construção teórica relevante para que 
sejam reconhecidos os elementos que integram a troca enunciativa e as funções que a linguagem 
pode assumir. Ainda, a partir das propostas do autor, chega-se à noção de ruído, elementos 
externos ao diálogo que podem dificultar e/ou inviabilizar a compreensão efetiva.
No infográfico a seguir, você visualizará o modelo da comunicação proposto por Jakobson, 
em Linguística e poética (2005), e os modelos subsequentes (2005a), em Linguística e teoria da 
comunicação, em que a noção de ruído passa a ser considerada. Ao final, são citados exemplos 
de possíveis ruídos que podem afetar a comunicação em um ambiente real: a sala de aula.
CONTEÚDO DO LIVRO
O estudo das funções comunicativas é um dos temas centrais da linguística, e reconhecê-las é 
indispensável ao estudante e ao professor de línguas. Nos artigos Linguística e poética e 
Linguística e teoria da comunicação, Jakobson reflete sobre os elementos fundamentais da 
comunicação e as funções comunicativas exercidas pela linguagem.
No capítulo Funções comunicativas, da obra Fundamentos da língua espanhola, 
você conhecerá, com base nos estudos do linguista russo — aporte teórico desta Unidade de 
Aprendizagem —, os elementos e as funções comunicativas com o objetivo de identificar os 
agentes da comunicação, o enunciador e o interlocutor, reconhecer a função comunicativa 
exercida por diferentes textos e analisar o repertório sociocultural de escritores em funções 
comunicativas.
Boa leitura.
Funções comunicativas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a função comunicativa dos textos.
 � Identificar o enunciador e o interlocutor.
 � Analisar o repertório sociocultural de escritores em funções 
comunicativas.
Introdução
Os modos como a linguagem é utilizada para comunicar é tema central 
para os estudos linguísticos e questão de fundamental relevância para 
a aquisição/aprendizagem de uma segunda língua ou de uma língua 
estrangeira. Por meio da comunicação, para além da emissão e da 
recepção de mensagens, construímos sentidos e agimos no mundo. 
Nessa perspectiva, discernir as funções que os diferentes textos assu-
mem é indispensável para o sujeito que queira vivenciar situações reais 
de uso da língua e para o professor comprometido em formar leitores 
e escritores proficientes.
Quem são os atores envolvidos na comunicação? Quais funções a 
linguagem pode assumir? Como a linguagem pode não comunicar, ou 
mal comunicar? Essas são algumas das questões sobre as quais o linguista 
russo Roman Jakobson (2005, 2005a) se debruçou à construção da sua 
teoria da comunicação.
Neste capítulo, você vai estudar algumas propostas da teoria da co-
municação que lhe permitirão reconhecer a função comunicativa de 
textos. Você aprenderá ainda a identificar o enunciador (locutor) e o 
interlocutor de uma mensagem e analisar o repertório sociocultural de 
escritores em funções comunicativas.
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Modelo comunicativo e funções comunicativas
A palavra comunicação, em sua etimologia, deriva do latim communicatio, 
a ação de repartir ou, literalmente, o ato de tornar comum. Desde os estudos 
clássicos, como A Retórica de Aristóteles, até refl exões modernas, como Esté-
tica da criação verbal de Mikhail Bakhtin, a comunicação — e a linguagem 
enquanto meio de interação — ocupa lugar privilegiado na discussão sobre 
os modos como nos relacionamos socialmente por meio de textos. Entre os 
pensadores dedicados ao estudo da comunicação humana, destaca-se o linguista 
vinculado à corrente funcionalista Roman Jakobson (1896–1982).
Para o autor, o “ato de tornar comum” uma mensagem na comunicação 
verbal envolve seis elementos fundamentais: o remetente (emissor), o destina-
tário (receptor), a mensagem, o contato, o código e o contexto. Esses elementos 
podem ser esquematizados de acordo com a Figura 1.
Figura 1. Esquema da comunicação verbal.
Fonte: Adaptado de Jakobson (2005).
Conforme Jakobson (2005), no modelo da comunicação, um emissor envia 
uma mensagem a um destinatário por meio de um canal apropriado. Ambos 
os indivíduos compartilham um código comum (por exemplo, o português) e 
dividem o mesmo contexto ou o mesmo referente. Em pormenores:
 � remetente – é o elemento que emite a mensagem; pode ser um aparelho, 
uma pessoa ou um grupo;
 � destinatário – é o elemento a quem a mensagem é destinada; como o 
remetente, pode ser um aparelho, uma pessoa ou um grupo;
 � contexto (referente) – é o elemento do qual fala a mensagem; pode ser 
um objeto, um ser ou uma situação;
 � mensagem – é o elemento correspondente à própria mensagem, isto é, 
o conteúdo transmitido;
 � contato (canal) – é o elemento que diz respeito ao meio pelo qual a 
mensagem é transmitida;
Funções comunicativas2
C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 2 21/09/2018 16:22:46
 � código – é o conjunto de signos e de regras combinatórias convencio-
nados pelos interlocutores para a construção da mensagem; o remetente 
codifica a mensagem e o destinatário a decodifica.
Para saber mais sobre a noção de signo linguístico, leia o capítulo Teoria dos signos de José 
Luiz Fiorin (2014), presente no volume I do livro Introdução à Linguística: objetos teóricos.
Em trabalhos posteriores (JAKOBSON, 2005a), o pensador russo pondera 
sobre outros dois elementos: o feedback e o ruído. Segundo ele, o feedback 
é um sinal emitido pelo destinatário que indica ao remetente a recepção da 
mensagem, ao passo que o ruído é qualquer atrito que possa causar interfe-
rência no processo de emissão–recepção da mensagem. Seguindo essa lógica, 
Jakobson pensa que a linguagem exerce funções específicas, de acordo com 
o elemento preponderante na comunicação. A cada um dos elementos do 
esquema da comunicação corresponde uma função comunicativa.
 � Função emotiva: centrada no remetente. O enfoque da função emotiva 
se dá sobre as emoções e percepções do remetente, com o objetivo de 
expressar sentimentos.
 � Função conativa (apelativa): centrada no destinatário. Na função 
conativa, a ênfase é dada ao destinatário, com o objetivo de convencê-
-lo ou interpelá-lo.
 � Função referencial: centradano contexto. O assunto da mensagem é 
posto em destaque na função referencial, com o propósito de informar.
 � Função poética: centrada na mensagem. A função poética dá relevância 
à mensagem, com intenção de atentar aos modos como ela foi organizada. 
 � Função fática: centrada no canal. O canal é posto em evidência na função 
fática, e a sua finalidade é estabelecer, manter ou finalizar a interlocução. 
 � Função metalinguística: centrada no código. A função metalinguís-
tica coloca o próprio código como elemento central e, assim, tem por 
intenção refletir sobre a própria linguagem.
Traçando relações entre as funções comunicativas e o esquema da comu-
nicação de Jakobson, temos o paralelo apresentado na Figura 2.
3Funções comunicativas
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Figura 2. Esquema da comunicação verbal e das funções comunicativas.
Fonte: Adaptado de Jakobson (2005).
Cabe salientar que tais funções se superpõem em um texto. Dessa maneira, é 
comum encontrarmos textos que mobilizem uma ou mais funções da linguagem, 
embora uma sempre seja preponderante. De forma geral, as funções comuni-
cativas se relacionam tipicamente mais a alguns tipos de texto do que a outros. 
Dessa maneira, conforme Jakobson (2005), embora diferenciemos seis ele-
mentos básicos da comunicação, dificilmente conseguiríamos encontrar men-
sagens verbais com uma função única. A heterogeneidade da linguagem (e dos 
textos) está não no monopólio de alguma dessas várias funções, mas em uma 
diferente ordem hierárquica delas. Assim, os sentidos de determinada mensagem 
verbal ou de um texto dependem basicamente da função predominante.
Modelo comunicativo e construção de sentidos
O modelo comunicativo, enquanto construção teórica, traz valiosas contri-
buições para o estudo da linguagem e da língua, especialmente da língua 
espanhola. Entre elas, a principal é servir como apoio para compreender o 
modo como os sentidos dos textos são construídos na comunicação verbal. 
Conforme Isabel Solé (1998), linguista espanhola preocupada com o ensino 
e a aprendizagem da leitura, é de grande importância para uma leitura profi -
ciente identifi car os elementos da comunicação verbal. Em outras palavras, a 
decodifi cação de um texto parte necessariamente do reconhecimento desses 
elementos, uma vez que eles determinam os sentidos. Com o objetivo de 
ilustrar essa afi rmação, examine a Figura 3.
Funções comunicativas4
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Figura 3. Publicidade sobre amamentação durante a gravidez 
e/ou em grupo.
Fonte: Brasil (2014).
Seguindo a proposta de Jakobson (2005), podemos decodificar o texto 
acima a partir da identificação dos elementos da comunicação: o remetente, 
o destinatário, o contexto, a mensagem, o canal e o código. 
 � Os remetentes da publicidade (aqueles que a assinam) são os grupos 
Azaral (Asociación Canaria de Crianza Natural) e Asociación Canaria 
Pro Lactancia Materna. 
 � O destinatário, por se tratar de um texto midiático, é o amplo grupo que 
possa ter acesso a ele. Entretanto, pela sua temática, podemos inferir que 
a publicidade se destina a dois grupos específicos: o das mulheres mães 
e o daqueles que se contrapõem à amamentação durante a gravidez e/ou 
em grupo (ao afirmar que essa é uma prática “natural e respeitosa”, fica 
implícito que há pessoas que a consideram não natural e desrespeitosa).
 � O contexto do texto, ou o seu referente, é o da amamentação durante 
a gravidez e/ou em grupo.
 � A mensagem da publicidade é um juízo de valor positivo acerca da 
amamentação durante a gravidez e/ou em grupo, ao afirmar que é uma 
prática “natural e respeitosa”. Para reafirmar essa posição, ilustra a 
mensagem uma criança beijando a barriga de uma mulher, o que pode 
ser entendido como um ato positivo e de afeto.
5Funções comunicativas
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 � O canal utilizado é o papel, sob a forma de panfleto, que foi digitalizado 
e circula pela internet.
 � O código empregado é a língua espanhola em seu registro culto padrão.
Ao reconhecer esses elementos, é possível decodificar o texto, reconhecer 
a sua mensagem e depreender o seu sentido. Do mesmo modo, esses sentidos 
poderiam ser outros, se os elementos fossem diferentes. Por exemplo, os 
sentidos da mensagem seriam outros se quem a assinasse fosse a Asociación 
Contra la Amamentación en Tándem (fictícia), ou seria ininteligível se estivesse 
escrita em outro código, como o mandarim. Ainda, alguns sentidos não são 
possíveis de serem apreendidos, uma vez que perdemos a pigmentação da foto 
devido ao “ruído” da digitalização.
Mantendo a atenção nos elementos da comunicação, nem todos eles são 
identificáveis em um texto, e outros não são convencionais. A “não identi-
ficação” e a “não convencionalidade” desses elementos também constroem 
sentidos. Veja a Figura 4.
Figura 4. Intervenção urbana do grupo Acción Poética.
Fonte: Brasil (2016).
Percorrendo o mesmo raciocínio anterior de decodificar o texto da imagem 
a partir da identificação dos elementos da comunicação de Jakobson, temos 
os seguintes apontamentos.
 � O remetente da publicidade (aquele que a assina) é o grupo Acción Poé-
tica Lima. A Acción Poética, movimento artístico iniciado no México, 
é caracterizada pelas intervenções urbanas que realiza: o grupo escreve 
em letra preta pequenos versos e fragmentos de poesias, em muros com 
fundo branco. Iniciada por Armando Pulido, em 1996, hoje a Acción 
Funções comunicativas6
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Poética é um grupo anônimo, cujos únicos princípios são manter o tom 
afetuoso e não tratar de assuntos religiosos e políticos.
 � O destinatário do texto, por ser uma pichação, são as pessoas que transitam 
pela cidade. Ainda, se pensarmos que a intervenção poética foi fotografada 
e postada na rede social Facebook, o destinatário da mensagem é ampliado, 
ao ponto de não ser possível deduzir quem seja o seu interlocutor.
 � O contexto do texto (o referente), em sentido amplo, pode ser a felicidade 
ou o estado daquele que é feliz.
 � Entre as possíveis mensagens da publicidade, temos um eu lírico que 
fala do seu estado de ânimo e que, frente à indecisão de não saber o que 
colocar, resolve “colocar-se” feliz. A mensagem se constrói a partir do 
jogo de inversão fonológica entre /s/ e /p/ em supe (soube) e puse (pus), 
e do jogo semântico, com a ambiguidade do verbo poner (vestir uma 
roupa, causar o que significa o nome/adjetivo que o segue). 
 � O canal utilizado é o muro ou a rede social, se pensarmos na mensagem 
enquanto fotografia.
 � O código empregado é a língua espanhola em seu registro coloquial.
A decodificação da pichação/imagem que acabamos de realizar aponta para 
o fato de que nem todos os elementos da comunicação são facilmente identi-
ficáveis — ou passíveis de ser pontualmente indicados. No caso em análise, o 
grupo que assina a mensagem é anônimo e o seu destinatário não é um grupo 
específico. Acerca do código, aqueles que não dominam de maneira aprofundada 
a fonologia e a semântica do espanhol não conseguem decodificar a mensagem 
de maneira aprofundada, ou seja, o seu caráter metalinguístico. Ainda, temos aí 
um caso em que os canais utilizados não são convencionais (o muro) ou mesmo 
impensáveis para Jakobson, como a rede social e o ciberespaço.
A internet e o espaço virtual reorganizaram, em larga escala, 
a maneira como comunicamos. Diante dessas mudanças, 
alguns filósofos passaram a considerar o ciberespaço como 
reorganizador da sociedade contemporânea e, logo, dos 
modos como os homens se relacionam com a língua(gem) 
e entre si. O filósofo da informação Pierre Levy reflete sobre 
essas e outras questões no vídeo A comunicação mutante.
https://goo.gl/RPKQGe
7Funções comunicativas
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Funções comunicativas e construção de sentidos
Assim como os elementosda comunicação, reconhecer as funções comunica-
tivas dos textos é crucial para a compreensão leitora. Conforme Solé (1998), 
a leitura constitui-se a partir de dois níveis: a compreensão e a interpretação. 
Enquanto a compreensão diz respeito a dar signifi cado ao texto a partir da 
manipulação do código comum entre escritor e leitor, a interpretação se refere 
à atribuição de sentido aos textos por meio da interação entre o leitor, os seus 
conhecimentos de mundo e o texto. 
Dessa maneira, reconhecer os elementos da comunicação de um texto 
está relacionado à sua compreensão, ao passo que inferir as suas funções 
comunicativas diz respeito à interpretação. No nível da interpretação, é pos-
sível, por exemplo, analisar a função sociocomunicativa de uma mensagem 
e refletir sobre o repertório sociocultural de um escritor. Dediquemo-nos, 
então, a pensar sobre as funções comunicativas exercidas por diferentes textos 
escritos. Veja a Figura 5.
Figura 5. Peça publicitária da campanha No le hagas caso, 
mujer. Hazlo por ti.
Fonte: González (2008).
Funções comunicativas8
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Essa publicidade, veiculada em 2008 pelo Ministério de Igualdade da 
Espanha junto a outros materiais, faz parte da campanha No le hagas caso, 
mujer. Hazlo por ti. O objetivo dos materiais pedagógicos, conforme assessores 
do Ministério, é sensibilizar os cidadãos espanhóis contra os maus-tratos 
às mulheres. O texto acima mobiliza, em maior grau, a função conativa da 
comunicação, isto é, a sua função primeira é interpelar os leitores a favor da 
causa apresentada. Tal abordagem é feita principalmente pela injunção de 
“frente ao abusador, tolerância zero” e pelo uso do modo imperativo presente 
no nome da campanha, como em No le hagas e hazlo. Entretanto, a função 
conativa não é a única exercida pela peça publicitária: a maneira como a fonte 
e a tipografia (grafadas em vermelho na imagem original) são arranjadas 
tem como fim chamar a atenção do público leitor. De mesmo modo, o uso da 
imagem de uma criança como pano de fundo configura-se como estratégia 
de comoção do receptor da mensagem.
Agora observe o texto a seguir.
¿De dónde procede el nombre de los meses del año?
El calendario es un sistema de medida de tiempo utilizado para largos pe-
riodos y basado principalmente en una sucesión de actividades relacionadas 
con las estaciones del año, como la época de cosecha de distintos alimentos. 
Los calendarios se estructuraban en torno a las fases de la luna, como en el 
musulmán, o en función del sol como hacían en el Antiguo Egipto. Se trata 
de una herramienta que ha acompañado al hombre desde hace mucho tiempo, 
siendo el calendario más antiguo encontrado uno que data del 8.000 a.C. y 
que medía el tiempo tanto por la luna como por el sol.
El calendario que ha llegado hasta nuestros días, como casi todo, es herencia 
del poderosos Imperio Romano. Originariamente, el calendario primitivo de 
Roma se dividía solamente en 10 meses y no coincidía con los ciclos astro-
nómicos. Fue Numa Pompilio, el segundo rey de Roma (715-672 a. de C.), 
quien adaptó el calendario al año solar según el modelo egipcio y le agregó 
los 2 meses restantes. Desde que Roma lo hiciera su calendario oficial, el 
modelo compuesto por doce meses se extendió por toda Europa y fue utili-
zado hasta el siglo XV, cuando hizo su entrada el calendario gregoriano. Los 
nombres que los romanos utilizaban para designar los meses del año tienen 
su origen en dioses, emperadores o números, y estos se han conservado en 
las lenguas inglesa, española, francesa, italiana y portuguesa (DELGADO, 
2018, documento on-line).
9Funções comunicativas
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O artigo ¿De dónde procede el nombre de los meses del año?, assim como 
a publicidade anterior, compartilha a função fática: em função de o título 
ser uma pergunta, a sua finalidade é instigar o leitor. Entretanto, a função 
fática não é dominante no texto em questão. A função principal do artigo 
é a de informar sobre a procedência histórica da designação dos meses do 
ano em língua espanhola e, por isso, o contexto (referente) é central na sua 
construção, o que caracteriza o emprego da função referencial. Nesse mesmo 
texto, podemos ainda identificar o emprego da função metalinguística, visto 
que a mensagem também procura discutir a motivação histórica (diacrônica) 
envolvida na convenção dos nomes dos meses.
Dediquemos nossa atenção ao poema que segue.
Que no me quiera Fabio al verse amado 
es dolor sin igual, en mi sentido; 
mas que me quiera Silvio aborrecido 
es menor mal, mas no menor enfado.
¿Qué sufrimiento no estará cansado, 
si siempre le resuenan al oído, 
tras la vana arrogancia de un querido, 
el cansado gemir de un desdeñado?
Si de Silvio me cansa el rendimiento, 
a Fabio canso con estar rendida: 
si de éste busco el agradecimiento,
a mí me busca el otro agradecida: 
por activa y pasiva es mi tormento, 
pues padezco en querer y ser querida.
(DE LA CRUZ, 1994, p. 166).
O soneto que você acabou de ler integra a obra Inundación Castálida, 
escrito em 1689 pela célebre poetisa mexicana Sor Juana Inés de la Cruz. 
Conhecida pela obra intimista, de certo modo autoficcional e à frente da sua 
época, Juana é tida como a décima musa do Siglo de Oro espanhol, apogeu 
literário da cultura espanhola. Podemos compreender que o poema possui 
função emotiva, uma vez que expressa os sentimentos do eu lírico, marcados 
Funções comunicativas10
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por adjetivos como rendida, agradecida e querida. De todo modo, a função 
comunicativa fundamental do texto em questão é a poética, uma vez que enfoca 
os modos como a mensagem em si está organizada. Podemos dizer que, em 
essência, os textos literários assentam-se sobre a função poética da linguagem.
Por fim, é importante salientar que compreender as funções comunicativas 
dos diferentes textos nos dá suporte para compreender o repertório sociocul-
tural dos remetentes (escritores), ou seja, a bagagem de mundo que ressoa à 
construção dos sentidos. Por exemplo, no caso do soneto de Sor Juana Inés, 
temos uma mulher como remetente de um texto no século XVII, o que era 
algo incomum para o período histórico. O fato de que uma mulher envia a 
mensagem, nesse caso, é um aspecto significativo da cena comunicativa e 
elemento fundamental para a compreensão do texto.
Nos estudos recentes em linguística, por questões de tradução, encontramos como 
equivalentes termos como funções comunicativas, funções da linguagem e funções 
comunicativas da linguagem. Com base no estado da arte, utilizamos esses termos 
como sinônimos para construir este capítulo.
Podemos pensar ainda no uso da cor vermelho da tipografia da publi-
cidade: associa-se o vermelho à agressividade e à fúria, informação inter-
nalizada pela memória social. Assim, o uso de um recurso que facilmente 
pode passar despercebido ao leitor é índice de questões sociais e históricas, 
como a violência de gênero. Outro elemento que podemos mencionar é o 
registro da língua empregado pelo remetente ao codificar a mensagem: no 
caso do artigo, o registro empregado é o culto padrão, que é a variedade 
linguística utilizada pela parcela escolarizada da sociedade espanhola. 
Esse recorte social realizado pela linguagem endereça o texto a um grupo 
específico — o daqueles que usam a variedade culta padrão. Outros grupos 
sociais, como os analfabetos e os com menos instrução escolar, não têm 
acesso à informação veiculada.
11Funções comunicativas
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BARCELONA. Mapa turístico de Barcelona. 2011. Disponível em: <http://barcelonaerasmus.
es/documentos/mapa-turistico-barcelona.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Prova amarela do Enem de 2014: segundo dia, questão 
número 93. 2014. Disponível em: <https://www.infoenem.com.br/wp-content/uplo-
ads/2011/10/CAD_AMARELO_DOMINGO.pdf>.Acesso em: 18 set. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Prova amarela do Enem de 2016: segundo dia, questão 
94. Disponível: <http://estaticog1.globo.com/2016/11/09/CAD_ENEM_2016_DIA_2_05_
AMARELO.pdf>. Acesso em: 18 set. 2018.
DE LA CRUZ, J. I. Sor Juana Inés de la Cruz: obra selecta. Caracas: Biblioteca Ayacucho, 1994. T.1.
DELGADO, D. ¿De dónde procede el nombre de los meses del año?. Muy Interesante, 
2018. Disponível em: <https://www.muyinteresante.es/cultura/arte-cultura/articulo/
ide-donde-procede-el-nombre-de-los-meses-del-ano>. Acesso em: 18 set. 2018. 
GONZÁLEZ, S. No le hagas caso, mujer, hazlo por ti. El Mundo, jul. 2008. Disponí-
vel em: <http://www.elmundo.es/elmundo/2008/07/09/elblogdesantiagogonza-
lez/1215588487.html>. Acesso em: 18 set. 2018.
JAKOBSON, R. Linguística e poética. In: JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 2. ed. 
São Paulo: Cultrix, 2005a.
JAKOBSON, R. Linguística e teoria da comunicação. In: JAKOBSON, R. Linguística e 
comunicação. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 2005b.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Leituras recomendadas
FIORIN, J. L. Teoria dos signos. In: FIORIN, J. L. Introdução à linguística I: objetos teóricos. 
6. ed. São Paulo: Contexto, 2014.
GUTIÉRREZ ORDÓÑEZ, S. Del arte gramatical a la competencia comunicativa: discurso 
de ingreso a la academia. Madrid: Real Academia Española, 2008.
LÉVY, P. A comunicação mutante. Youtube, jan. 2014. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=VH5BPc2p3dc>. Acesso em: 18 set. 2018.
MARTELOTTA, M. E. Funções da linguagem. In: MARTELOTTA, M. E. Manual de linguística. 
São Paulo: Contexto, 2011. 
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DICA DO PROFESSOR
O linguista Paul J. Slagter, em sua obra Un nível umbral (1979), adapta o documento Threshold-
level, produzido pelo Conselho Europeu. O documento tem por objetivo possibilitar a todos 
aqueles que se ocupam da planificação e do ensino de línguas a construção e utilização de 
sistemas de aprendizagem eficazes baseados nas necessidades dos alunos. 
Embora em uma perspectiva um pouco diferente daquela proposta por Jakobson, Slagter se 
ocupa em construir diretrizes metodológicas para o ensino de línguas a partir de uma perspectiva 
comunicativa. Sua obra é um rico exemplo de como questões teóricas podem ser transpostas à 
sala de aula.
Na Dica do Professor, você conhecerá algumas das noções básicas da construção teórico-
metodológica de Slagter, principalmente os elementos organizadores do "nível umbral" e as 
principais categorias da comunicação verbal.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Jakobson e a teoria da literatura
Confira a videoaula número 9 do curso de Introdução à teoria da literatura, disponibilizado pela 
UNIVESP, do professor Paul Fry, da Universidade de Yale. Nela, Fry discorre sobre as 
contribuições de Jakobson para o campo da literatura e explora relações entre formalismo, 
semiótica e linguística. É uma possibilidade de você acompanhar outros desdobramentos dos 
estudos do autor russo.
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Explorando conceitos
O Instituto Cervantes mantém em sua página um repertório riquíssimo de materiais sobre ensino 
de espanhol. Dentre eles, destaca-se o Diccionario de términos clave de ELE. Nele, você terá 
acesso a exposições didáticas sobre alguns dos termos utilizados nesta Unidade de 
Aprendizagem, como aprendizagem, aquisição, signo, língua e função.
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Pensando sobre o ensino
No capítulo O ensino de outra(s) língua(s) na contemporaneidade: questões conceituais e 
metodológicas, que integra o livro Uma espiadinha na sala de aula: ensinando línguas 
adicionais no Brasil, os professores Vilson Leffa e Valesca Irala exploram alguns conceitos de 
extrema relevância para o ensino de línguas, como os de língua adicional e de pedagógica 
crítica. Ao final do texto, os autores propõem reflexões sobre o ensino de línguas a partir da 
pedagogia por projetos, que parte de uma abordagem comunicativa.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Ainda pensando sobre o ensino
No livro Un nível umbral, o linguista P. J. Slagter adapta o documento "Threshold- level", 
lançado no final da década de 70 pelo Conselho Europeu. A proposta do material é a 
de possibilitar a todos aqueles que se ocupam da planificação e do ensino de línguas a 
construção e utilização de sistemas de aprendizagem eficazes baseados nas necessidades dos 
alunos.
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SINTAXE DA 
LÍNGUA ESPANHOLA
Aline Bizello
O nível oracional 
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo. 
Você já percebeu que, durante a comunicação, frequentemente as pessoas utilizam fatos para 
contar uma história ou para construir uma base para os argumentos e teses? Além disso, notou 
que os verbos estão sempre presentes nessas situações? Se sua resposta foi sim, é sinal de que 
você reconhece o papel fundamental das orações nas situações de comunicação.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você explorará a estruturação do discurso da língua espanhola 
no nível oracional. Com esse estudo, você notará que a aprendizagem de uma língua não ocorre 
apenas pela internalização de vocabulário, mas também pela assimilação da forma como as 
palavras e as orações são organizadas.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Contrastar orações ativas, passivas e impessoais.•
Diferenciar, a partir da noção de atos de fala, orações interrogativas, exclamativas e 
imperativas.
•
Analisar as orações subordinadas em língua espanhola.•
INFOGRÁFICO
Um aporte importante para o desenvolvimento é a escrita de frases complexas que tenham uma 
adequação semântica. Como o estudo das orações subordinadas contribui para que essa 
finalidade seja atingida, pode-se propor uma situação de aprendizagem em que essas 
construções sejam parte de uma proposta de produção textual. Confira uma possível situação de 
aprendizagem para trabalhar essas relações em sala de aula.
CONTEÚDO DO LIVRO
Uma das competências que todo aprendiz de língua estrangeira deve desenvolver é a 
competência escrita. Elaborar e expressar uma mensagem coesa e clara numa língua estrangeira 
requer uma organização adequada dos termos na oração. 
Para que você possa mergulhar nesse universo das relações sintáticas que ocorrem ao redor de 
um verbo, leia o capítulo O nível oracional, do livro Sintaxe da língua espanhola, e conheça as 
diferenças entre orações interrogativas, exclamativas e imperativas; as formas de elaborar 
construções ativas, passivas e impessoais e as diferentes organizações das orações subordinadas.
Boa leitura.
Revisão técnica:
Marina Leivas Waquil
Doutora e Mestra em Letras – Teorias Linguísticas do Léxico 
Bacharel em Letras – Português/Espanhol 
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147
S749s Spessatto, Roberta.
Sintaxe da língua espanhola / Roberta Spessatto, 
Aline Bizello; [revisão técnica: Marina Leivas Waquil] . – 
Porto Alegre: SAGAH, 2018.
249 p. : il. ; 22,5 cm.
ISBN 978-85-9502-495-3
1. Língua espanhola – Sintaxe. I. Bizello, Aline. II.Título.
CDU 811.134.3’367
Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 2 20/07/2018 11:28:59
U N I D A D E 3
O nível oracional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Contrastar orações ativas, passivas e impessoais.
 � Diferenciar, a partir da noção de atos de fala, orações interrogativas, 
exclamativas e imperativas.
 � Analisar as orações subordinadas em língua espanhola.
Introdução
Você já percebeu que, quando nos comunicamos, frequentemente 
utilizamos fatos para contar uma história ou para construir uma base 
para nossos argumentos e teses? Além disso, notouque os verbos estão 
sempre presentes nessas situações? Se sua resposta foi sim, é sinal de 
que você reconhece o papel fundamental das orações nas situações de 
comunicação.
Neste capítulo, você explorará a estruturação do discurso da língua 
espanhola no nível oracional. Com esses estudos, você notará que a 
aprendizagem de uma língua não ocorre apenas pela internalização de 
vocabulário, mas também pela assimilação da forma como as palavras 
e as orações são organizadas.
Orações ativas, passivas e impessoais
A sintaxe estuda as diversas relações que podem surgir entre elementos de uma 
oração e entre as orações. Mas o que é oração? É um enunciado em que todos 
os termos se associam a um verbo. Nesse contexto, podem ser construídos 
vários tipos de oração.
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Desenvolver a competência linguística de uma língua estrangeira requer, 
entre outras habilidades, expressar-se de diferentes maneiras para fornecer 
a mesma informação. Uma forma de construir essa capacidade é organizar 
os participantes da oração — agente, paciente e ação — de acordo com a 
finalidade comunicativa e conforme o contexto. Para isso, são utilizadas, em 
espanhol, três construções distintas: ativa, passiva e impessoal. 
As construções ativas são aquelas em que o sujeito é o agente da ação. 
Veja o exemplo:
Consuelo planeó un viaje.
Note que Consuelo não só é o ser de quem se declara algo, mas é quem 
age. Portanto, é o sujeito, que concorda em gênero e número com o verbo. 
Esse tipo de construção é o mais comum na língua espanhola, mas não é o 
único. O mesmo conteúdo expresso na construção ativa pode ser transmitido 
numa passiva correspondente:
Un viaje fue planeado por Consuelo.
Ao contrário do que ocorre com a ativa, o agente não é mais o sujeito, e sim 
o paciente. Un viaje recebe a ação de Consuelo e ganha destaque na oração. 
De acordo com a Real Academia Española (2010), o conteúdo informativo 
das orações ativas e passivas pode apresentar significados diferentes, se 
houver dois ou mais quantificadores. Em construções ativas, como Todas las 
amigas habían comprado dos zapatos de aquella tienda, há uma ambiguidade: 
não se sabe se cada amiga comprou dois sapatos ou se foram comprados 
dois sapatos no total. Entretanto, na construção passiva, essa ambiguidade 
se desfaz: Dos sapatos de aquella tienda fueron comprados por todas las 
amigas. Evidencia-se na passiva que eram dois sapatos no total.
As construções passivas, embora sejam menos utilizadas pelos falantes de 
espanhol, apresentam mais variações e condições para a sua aplicação. Nesse 
sentido, elas não podem ser construídas a partir de:
 � objetos diretos implícitos: En vacaciones, leo un poco;
 � complementos indiretos: La mujer necesita de ayuda.
Note que, no primeiro exemplo, embora esteja implícito que o objeto direto 
seja um livro ou uma revista, não é possível construir uma oração passiva a 
O nível oracional2
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partir dessa informação tácita. Já no segundo exemplo, a impossibilidade é 
outra, já que a construção passiva parece forçada e desnecessária: Ayuda es 
necesitada por la mujer. 
A oração passiva, algumas vezes, é confundida com a impessoal, uma vez 
que ambas podem apresentar a partícula se. Entretanto, a noção semântica 
transmitida por elas é diferente. As construções impessoais ocorrem quando há 
um sujeito na oração, ou seja, um agente da ação, mas não se pode determinar 
quem ele é ou qual o seu número. Geralmente, aplica-se esse tipo de oração em 
textos cujos conteúdos denotam mistérios e segredos, ou ainda em situações 
em que não se deseja explicitar ou não se sabe com precisão quem executou a 
ação. Nesses casos, recorre-se à impessoalidade da oração: o sujeito não está 
expresso, nem subentendido.
Mendikoetxea (1999, p. 1637) afirma que: “Las oraciones llamadas passi-
vas con se [...] se corresponderían formal y semanticamente con las passivas 
perifrásticas en termos generales en cuanto que tinen como sujeto gramatical 
el objeto nocional del verbo”.
Na língua espanhola, esse fenômeno costuma ser chamado de sujeito 
indeterminado e também ocorre quando o verbo está na terceira pessoa 
do plural ou do singular, junto ao pronome se. Isso é ilustrado nas frases 
a seguir:
Se compra ropa usada.
Hablan cosas raras de esa escuela.
Veja que, nos dois exemplos, há um sujeito, pois alguém compra roupa 
usada e alguém fala coisas estranhas da escola. Entretanto, em nenhum dos 
casos, é possível determinar esse ser ou encontrar um termo que ocupe a 
posição de sujeito.
As orações impessoais revelam-se também em construções em que os 
verbos exprimem fenômenos da natureza. Como não é possível aplicar um 
agente a esses fenômenos (afinal, ninguém toma a atitude de chover ou de 
nevar, por exemplo), diz-se que são verbos impessoais:
Lloverá temprano.
Ya está oscureciendo.
3O nível oracional
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Na língua espanhola, há outros verbos considerados impessoais. Observe 
o Quadro 1 a seguir.
Verbo Condição Exemplo
Haber No sentido de existir Hay muchas pruebas del crimen.
Hacer Relacionado ao tempo 
atmosférico e cronológico
— Hace sol todos los 
días por aquí.
— Hace diez años que 
trabajo en esta empresa.
Ser e estar Relacionados ao tempo 
atmosférico e cronológico
Ser horas
— Despertó, pero era noche.
— Está nublado el día.
— Es una hora.
— Son dos horas.
Ir No sentido de como 
algo está para alguém
¿Cómo le va?
Quadro 1. Verbos impessoais
Alguns verbos típicos impessoais admitem usos pessoais, quando aplicados de forma 
figurada, como em Llovieron elogios para nuestro proyecto. Além disso, o verbo amanecer 
pode ser construído com sujeito pessoal: Amanecí con dolor de cabeza.
Orações interrogativas, exclamativas 
e imperativas
As situações comunicativas e sociais proporcionam a expressão de informa-
ções constituídas de conteúdo e ação. Assim, constroem atos de fala, pois não 
constituem apenas descrição de fatos, mas também atitudes diante de uma 
percepção (AUSTIN, 1965). Essa atitude denota uma intenção que determinará 
o tipo de oração construída. Nesse sentido, constroem-se orações exclamativas, 
interrogativas e imperativas.
O nível oracional4
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Veja as frases a seguir:
¡Congratulaciones!
¡Silencio!
¡Muchas gracias!
Em todos os exemplos, há finalidades implícitas nas orações (felicitar, fazer 
um pedido ou dar uma ordem, agradecer). Essas intenções são confirmadas 
e validadas pelo contexto social em que são expressas. Essa circunstância 
evidencia-se também em enunciados com verbos. Nesses casos, os verbos 
utilizados são os que exprimem exatamente a finalidade da comunicação. 
Além disso, eles costumam ser conjugados na primeira pessoa do presente 
do indicativo. Observe os exemplos:
¡Perdón! (para pedir perdão)
¡Juro! (para jurar)
¡Prometo! (para prometer)
Esses atos de fala são determinados por padrões, de acordo com a força de 
sua produção. As estruturas que dão base a esses padrões são as interrogativas, 
exclamativas e imperativas. Conheça a seguir cada uma delas.
Orações interrogativas
A modalidade enunciativa interrogativa está associada ao ato de perguntar. Porém, 
a pergunta pode indicar outras fi nalidades: um pedido (¿Me comprarás un regalo?), 
uma contestação (¿Por qué no te callas?), etc. Esse tipo de oração classifi ca-se em 
dois grupos: as diretas e as indiretas. As primeiras são marcadas pela presença de 
dois sinais de pontuação: el signo de apertura (¿) e el signo de cierre (?). Aliás, 
insere-se el signo de apertura exatamente onde começa a pergunta.
Quando se deseja que o ouvinte tenha apenas duas opções de resposta, é 
preciso, na própria pergunta, oferecer apenas duas alternativas:
¿Prefieres campo o playa?
Algumas interrogativas servem apenas para confirmar ou orientar uma 
informação:
¿Esta es la Calle Florida?
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Quando se usa um pronome para formar uma interrogativa, é preciso 
acentuá-lo, a fim de marcar a diferença entre pronomes interrogativos e re-
lativos. Veja:
¿Dónde estás?
¿Qué dice Felipe?
¿Quién ha guardado el regalo?
Nos primeiros exemplos, o sujeito está determinado, seja implicitamente 
(tú estás), ou explicitamente (Felipe dice). No último exemplo, no entanto, o 
próprio pronome ocupa a posição de sujeito; a indagação recai justamente 
sobre esta informação: quem realizou a ação de guardar o presente?
O pronome interrogativo qué costuma introduzir perguntas que já têm 
uma suposta resposta. Veja:
¿Qué harás para el almuerzo?
Note que a resposta deverá relacionar-se ao tema comida. Em outros casos, 
há mais de um interrogativo na mesma pergunta:
¿Quién dijo qué?
¿Quién hizo qué cosa?
Nesses atos de fala, há múltiplas perguntas. Embora os pronomes interro-
gativos introduzam essas indagações, não ocupam a mesma posição sintática. 
Nos exemplos anteriores, quién funciona como sujeito e qué, como objeto.
Observe o diálogo a seguir, que representa outra situação comunicativa 
em que há interrogação:
− Nuestro abuelo desapareció.
− ¿Verdad?
− Pienso que él quería una nueva vida lejos de acá.
− ¿Tú crees?
− Sí. Personas mayores resuelven hacer cosas que nadie puede 
imaginar.
− ¿En serio?
Analise os fragmentos destacados do diálogo e avalie: essas perguntas 
exigem necessariamente uma resposta? Note que o interlocutor, em alguns 
O nível oracional6
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momentos, não respondeu diretamente aos questionamentos. Isso ocorreu 
porque as indagações eram uma maneira de confirmar apenas a declaração e 
de demonstrar surpresa ou incredulidade.
Orações exclamativas
A modalidade enunciativa exclamativa não está associada a um ato específi co, 
mas costuma relacionar-se à demonstração de surpresa, alegria, emoção, 
admiração, etc.
Assim como ocorre com os sinais de pontuação das interrogativas, é obri-
gatório o uso do signo de apertura (¡) e do signo de cierre (!). O início da 
exclamação costuma acompanhar o início da frase, mas pode localizar-se em 
qualquer parte do enunciado. É importante destacar que não é necessária a 
presença do verbo para que ocorra uma exclamação. Veja:
¡Qué maravilla!
¡Qué maravilloso!
¡Qué lejos!
Esses exemplos ilustram casos em que os substantivos, os adjetivos e os 
advérbios são o centro da informação exclamada. Aliás, note que, junto a essas 
classes gramaticais, está o pronome qué, acentuado como nas interrogações. 
Além disso, os pronomes exclamativos aparecem na posição inicial.
Observe o enunciado a seguir:
Qué libro estás leyendo
Se forem inseridos sinais de interrogação na escrita e uma entonação de per-
gunta na fala, é um indicativo de que o falante espera por resposta (¿Qué libro estás 
leyendo?). Contudo, se forem inseridos sinais e entonação de exclamação (¡Qué 
libro estás leyendo!), pressupõe-se que o falante não exige uma resposta. Nesse 
caso, a exclamação denota a emoção com o livro e evidencia um elogio à escolha 
por aquela leitura, ou seja, o falante aprecia o livro e a escolha do interlocutor.
As orações exclamativas são formadas também com a ajuda de partículas 
enfáticas, que realçam o fato expresso pelo falante. Esse é o caso das seguintes 
orações:
¡Cuidado qué es honda!
¡Bien qué la querrías!
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Cuidado qué e bien qué destacam a impressão do falante de que algo 
é muito fundo (no primeiro exemplo) e de que o ouvinte amava muito (no 
segundo exemplo). Essa forma de construção é típica das exclamativas, 
porque elas costumam ser utilizadas em situações em que se deseja dar 
ênfase a algo.
Orações imperativas
A modalidade enunciativa imperativa está associada ao ato de ordenar, mas 
pode referir-se também a solicitações (Se ruega silencio), desejos (¡Enamó-
rense!), para dar ânimo (¡Ten esperanza!). Ela é construída com verbos no 
imperativo e não indica o tempo em que a ação ocorre, já que o seu signifi cado 
aponta sempre para um acontecimento futuro. Outra característica dessa mo-
dalidade é a forma como se realiza a concordância verbal: o verbo concorda 
com a pessoa que recebe a ordem. Observe o exemplo:
¡Tengan coraje, hermanos!
Note que, na oração, o verbo tener está conjugado na terceira pessoa do 
plural e que a ordem é dirigida a hermanos, ou seja, à terceira pessoa do 
discurso.
A Real Academia Española (2010) alerta para o uso de imperativos con-
dicionais. Esse tipo de construção ocorre apenas com a presença de outra 
oração coordenada. Veja:
Cuéntame todo o serás preso.
Repare que a construção equivale a uma condicional: Si no me cuentas 
todo, serás preso. Além disso, recorre-se às passivas para construir orações 
imperativas. Observe:
Se prohibe hablar en teléfono.
Note que o exemplo evidencia a ordem por meio do verbo proibir. Ela é 
expressa por meio de uma construção passiva, indeterminando quem estaria 
dando essa ordem.
Nas orações em que se usa o imperativo negativo, os verbos são formados 
com a mesma conjugação do modo subjuntivo. Veja o Quadro 2.
O nível oracional8
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Hablar Tener Dormir
No hables (tú) No tengas (tú) No duermas (tú)
No hable (usted) No tenga (usted) No duerma (usted)
No hablemos (nosotros) No tengamos (nosotros) No durmamos (nosotros)
No habléis (vosotros) No tengáis (vosotros) No durmáis (vosotros)
No hablen (ustedes) No tengan (ustedes) No duerman (ustedes)
Quadro 2. Conjugação de verbos na forma imperativa negativa
No uso mais cuidadoso da língua, recomenda-se utilizar apenas verbos conjugados no 
imperativo para dar ordens. Entretanto, o uso coloquial admite o emprego de infinitivo 
no cumprimento dessa função: Venir a echarme una mano; No fumar.
Orações subordinadas
As orações subordinadas são aquelas que permitem a construção de frases 
mais complexas, pois unem num mesmo período duas informações interde-
pendentes. Isso signifi ca que a oração subordinada não tem sentido sozinha: 
ela precisa do conteúdo expresso pela oração principal.
De acordo com a Real Academia Española (2010), as subordinadas dividem-
-se em substantivas, subordinadas de relativo, comparativas, causales, finales, 
condicionales e concesivas.
Orações substantivas
As substantivas estão associadas a construções que poderiam ser substituídas 
por um substantivo, ou seja, elas funcionam como uma função sintática que 
está ausente na oração principal. Veja:
Quiero ayuda.
Quiero que me ayuden.
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No primeiro exemplo, há um período simples em que o substantivo ayuda 
ocupa o lugar de complemento verbal (objeto direto). Já no segundo, uma 
oração inteira ocupa esse lugar: que me ayuden.
Assim, as substantivas podem exercer a função de sujeito (Es importante 
que estudies con organización), objeto direto (Deseo que tengas maravillosas 
vacaciones), objeto indireto (Necesito que construyan una escuela en el barrio) 
e complemente nominal (Hay la posibilidad de que nuestro diretor venga a 
la empresa hoy).
A principal conjunção que inicia orações substantivas é o que. Observe:
Lo que pasa es que nadie hizo la tarea.
Sucede que todos los convidados trajeron los mismos regalos.
Os exemplos anteriores apresentam orações substantivas de sujeito. Repare 
que todas elas expressam predicados de acontecimentos ou de sucessão de 
acontecimentos. Essa é uma característica desse tipo de oração. 
As substantivas também podem formar as chamadas interrogativas 
indiretas. Algumas delas são iniciadas por pronomes interrogativos. Veja 
os exemplos:
Pregúntale si hará una ceremonia en el matrimonio.
No sabe qué quiere hacer.
O mesmo ocorre com as exclamativas indiretas. Veja:
Ahora ya sabes cómo planear un viaje.
Orações subordinadas de relativo
As subordinadas de relativo retomam uma palavra da oração principal:
La escuela que representó una importantefunción para la ciudad 
fue abandonada por el gobierno.
Observe que a oração que representó una importante función para la ciudad 
está especificando a palavra escuela: de todas as escolas da cidade, o falante 
está se referindo a apenas uma, que é aquela que representou uma importante 
função para a cidade. Essa restrição de significado é uma das possibilidades 
que as orações subordinadas de relativo oferecem. A outra possibilidade é a 
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de explicar o significado óbvio da palavra, realçando esse traço característico. 
Esse é o caso da construção a seguir:
La escuela, que representó una importante función para la ciudad, 
fue abandonada por el gobierno.
Note que as palavras que formam esse período são as mesmas do exemplo 
anterior. A diferença está na finalidade da informação: não se deseja destacar 
uma das escolas da cidade, e sim todas. Dessa forma, a palavra escuela está 
aplicada no sentido geral de instituição. Assim, todas as escolas da cidade 
tiveram uma importante função e todas foram abandonadas pelo governo.
Nesses exemplos, a diferença gráfica entre as restritivas e as explicativas 
está no uso de vírgula no segundo exemplo. Porém, as diferenças não são 
apenas essas: As explicativas, quando expressas oralmente, são pronunciadas 
com uma pequena pausa. Além disso, sintaticamente as duas ocupam papéis 
distintos. As restritivas dependem totalmente de seu antecedente e, se forem 
retiradas do período, a informação será alterada. Já as explicativas, se retiradas, 
não provocarão interferências no significado do período — afinal, elas são 
apenas um reforço de uma explicação evidente. 
Avalie o seguinte enunciado:
A la ceremonia asistieron los directores de la universidad que 
representaban la institución.
Se o fragmento que representaban la institución fosse retirado, a informação 
seria alterada, uma vez que, por ser uma restritiva, a oração pretende infor-
mar que, de todos os diretores da universidade, apenas os que a representam 
assistiram à cerimônia.
Contudo, se o fragmento retirado fosse uma oração explicativa, a infor-
mação não seria alterada. Afinal, pressupõe-se que todos os diretores da 
universidade a representam; portanto, todos eles assistiram à cerimônia:
A la ceremonia asistieron los directores de la universidad, que 
representaban la institución.
Como as restritivas especificam o antecedente e contribuem para a iden-
tificação do ser em questão, não podem ter como antecedentes pronomes 
pessoais. Nesse sentido, o período Él que tiene dos hijos sabe de niños é uma 
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construção inadequada, pois se aplica um pronome pessoal para representar 
uma pessoa do discurso já determinada e específica.
Independentemente de serem restritivas ou explicativas, as subordinadas de 
relativo podem ser iniciadas por qualquer pronome relativo. Dessa maneira, é 
importante dar atenção especial ao relativo lo cual. Como ele admite variações 
(la cual, los cuales, las cuales), pode gerar dúvidas de concordância. Portanto, 
fique atento: ele concorda em gênero e número com a palavra a que se refere. 
Veja o seguinte exemplo:
Esta es la razón por la cual estuve callado hasta ahora.
No período do exemplo, ilustra-se uma ocorrência em que o pronome 
el cual está no feminino e no singular (la cual), porque o seu antecedente 
também é feminino e está no singular (razón). Além disso, o exemplo mostra 
a presença da preposição por.
Orações comparativas e consecutivas
Outro grupo de subordinadas são as orações comparativas, as quais, como o 
próprio nome indica, fazem comparações entre elementos de duas orações. 
Essa comparação avalia o caráter quantitativo, como mostra o exemplo 
a seguir:
Ella trabaja más que su marido.
Note que o elemento comparado é o ato de trabalhar (implícito na segunda 
oração), e o caráter avaliado é a quantidade desse trabalho. Nesse período, 
demonstra-se um caso de comparação de superioridade. Entretanto, pode-se 
comparar para informar a inferioridade (El marido trabaja menos que ella) e 
a igualdade (Ella trabaja tanto como su marido).
Como evidencia o último exemplo, para indicar igualdade, é comum o uso 
de um quantificador, como tan, tanto. Esses quantificadores também estão 
presentes nas orações consecutivas:
Había tanto ruido que salimos del salón.
A oração destacada é uma consecutiva, pois expressa uma consequência 
da oração principal.
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Orações causais e finais
As orações causais e fi nais expressam várias relações de causa–efeito. A 
diferença principal entre elas está no caráter retrospectivo das primeiras e no 
prospectivo das segundas. Observe:
No fueron al parque, porque llovió.
No fueron al parque para que sus zapatos no se mojaran.
No primeiro período, o fato de chover é anterior ao fato de não irem ao 
parque. Logo, a oração subordinada expressa a causa de não irem ao parque. Já 
no segundo período, o fato da oração subordinada ocorre após o fato da oração 
principal. Portanto, indica a finalidade de não irem ao parque. Embora essa seja 
uma diferença sutil, auxilia na distinção e na construção desse tipo de orações.
Orações condicionais e concessivas
As construções condicionais têm um caráter hipotético, e a sua interdepen-
dência com a oração principal está associada à correlação dos tempos verbais. 
A conjunção condicional típica é si. Observe o exemplo:
Si tuviera tiempo haría ejercicios físicos.
Note que a condição se concretiza na correlação de tempos: imperfeito do 
subjuntivo com futuro do pretérito. Essa correlação garante a ideia da condição.
As orações concessivas têm construção semelhante às condicionais. Elas 
também têm caráter hipotético, já que lidam com um impedimento efetivo 
para que a ação ocorra. Nesse tipo de construção, cada oração apresenta con-
teúdos opostos, e a concessiva introduz uma expectativa contrária. Observe 
o período a seguir, em que a conjunção aunque (conjunção típica concessiva) 
inicia a subordinada:
Aunque estudiara bastante no lograría éxito en el concurso.
Segundo Flamenco García (1999), as subordinadas concessivas representam 
a incompatibilidade entre dois membros do período. Assim, elas se estabe-
lecem em função de preferências que se supõem habituais, pois a condição 
apresentada é insuficiente para a realização da expectativa criada.
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Há alguns marcadores de discurso que identificam enun-
ciados causais. Leia o artigo El valor de los marcadores de 
discurso que expresan causalidad en español, de Gracia 
Piñero Piñero, disponível no link ou código a seguir:
https://goo.gl/s9S15s 
1. Seu aluno elaborou uma redação e 
utilizou construções passivas. Sua 
tarefa é ler os fragmentos retirados 
do texto dele e assinalar o enunciado 
que apresenta uma construção 
passiva adequada à língua formal:
a) Mis ojos fueron cerrados por mí.
b) El proyecto fue aprobado 
por la Cámara.
c) Es escrito bien.
d) El fracaso es temido por mí.
e) El muchacho ha hecho 
algo peligroso.
2. As construções imperativas são 
utilizadas para que o falante emita 
uma ordem direta. Na língua formal, 
é preciso seguir algumas normas e 
tomar alguns cuidados para aplicar 
esse tipo de oração. Com base 
nisso, assinale a alternativa que 
apresenta uma oração imperativa 
adequada às normas gramaticais:
a) Callaos ahora.
b) Callaros ahora.
c) Los calla ahora.
d) Quiero que se callen ahora.
e) Quiero que los calle ahora.
3. Utilizar sinais, entonações 
e organizações adequadas 
é fundamental para uma 
comunicação eficiente. Essa 
percepção auxilia na construção 
de orações interrogativas, 
exclamativas e imperativas. Qual 
das afirmações a seguir está de 
acordo com o uso dessas orações 
nas situações de comunicação?
a) É proibido misturar sinais de 
interrogação e exclamação, pois 
um mesmo enunciado deveexpressar apenas uma intenção.
b) Para diferenciar os pronomes 
interrogativos dos exclamativos, 
usa-se acento gráfico 
apenas nos primeiros.
c) Todas as construções 
interrogativas pressupõem 
a necessidade de uma 
resposta, que garantirá a 
continuidade do diálogo.
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d) A entonação e a pontuação 
podem determinar se um 
mesmo enunciado pode ser 
exclamativo ou interrogativo.
e) Nas construções imperativas, 
o verbo concorda com 
quem dá a ordem.
4. Fernanda escreveu várias mensagens 
para a sua amiga espanhola, mas 
não tem certeza se conseguiu se 
comunicar com eficiência. Ajude 
Fernanda a identificar o único 
trecho em que a oração construída 
está de acordo com o significado 
que ela deseja transmitir:
a) España, que se ubica en Europa, 
tuvo mucha influencia de 
los árabes. RESTRITIVA
b) Aunque sea muy inteligente 
no se clasifica en las primeras 
posiciones. CONDICIONAL
c) María lee más libros que 
Juan. COMPARATIVA
d) Cerraron las ventanas porque 
sentían frío. FINAL
e) Vamos a la fiesta para 
que después vengan a 
la nuestra. CAUSAL
5. Assinale a única alternativa cuja 
subordinada esteja construída de 
acordo com as regras gramaticais.
a) Ella que es esposa de Daniel 
será nuestra abogada.
b) Conviene de que 
aproveches el tempo.
c) Pedro es rápido que llegó 
antes de todos a la fiesta.
d) Si fuera valiente enfrentará 
los problemas.
e) Los periódicos que divulgaron el 
golpe sufrieron con la violencia.
AUSTIN, J. L. How to do things with words. New York: Oxford University, 1965.
FLAMENCO GARCÍA, L. Las construcciones concesivas y adversativas. In: BOSQUE, 
I.; DEMONTE, V. (Ed.). Gramática descriptiva de la lengua española. Madrid: Espasa-
-Calpe, 1999.
MENDIKOETXEA, A. Construcciones con se: medias, pasivas e impersonales. In: 
BOSQUE, I.; DEMONTE, V. (Ed.). Gramática descriptiva de la lengua española. Madrid: 
Espasa-Calpe, 1999.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española: manual. Madrid: 
Espasa, 2010.
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Leituras recomendadas
ARAUJO JUNIOR, B. J. As passivas na produção escrita de brasileiros aprendizes de espanhol 
como língua estrangeira. 2007. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, 
São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/
tde-07082007-155519/pt-br.php>. Acesso em: 31 maio 2018.
DIAS, E. C. O. Declarativas e interrogativas totais no espanhol l1 e l2 falado em Bogotá: 
uma contribuição para estudos prosódicos. 2015. Tese (Doutorado) – Universidade 
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. Disponível em: <http://fonapli.paginas.
ufsc.br/files/2016/01/Tese_enviada_BU_Eva_DIAS.pdf>. Acesso em: 31 maio 2018.
PIÑERO PIÑERO, G. El valor de los marcadores del discurso que expresan causalidad 
en español. Estudios filológicos, Valdivia, n. 36, p. 153-171, 2001. Disponível em: <ht-
tps://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0071-17132001003600011>. 
Acesso em: 31 maio 2018.
TU ESCUELA DE ESPAÑOL. Aprender español: oraciones condicionales con ‘si’ (ni-
vel avanzado). YouTube, 24 set. 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=84NW6n9206s>. Acesso em: 31 maio 2018.
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DICA DO PROFESSOR
Sabe-se que desenvolver a competência comunicativa numa língua estrangeira não é tarefa fácil. 
Afinal, é preciso internalizar regras gramaticais, identificar formas mais adequadas de aplicar 
alguns termos e organizar as palavras conforme o idioma estrangeiro e não de acordo com a 
nossa língua materna.
A partir dessa necessidade de desvincular a sintaxe espanhola da sintaxe portuguesa, a Dica do 
Professor tratará sobre as formas de construir orações ativas e na língua espanhola. 
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Limites precisos ou fronteiras que desapareceram?: as construções impessoais e passivas 
com o clítico SE/SE no português brasileiro e no espanhol.
Benivaldo José de Araújo Júnior elaborou uma tese que compara as construções passivas e 
impessoais do português brasileiro com as do espanhol.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Declarativas e interrogativas totais no espanhol L1 e L2 falado em Bogotá: uma 
contribuição para estudos prosódicos
Você sabe que a língua espanhola sofre transformações de acordo com o local em que é 
utilizada. Uma ótima oportunidade de ter acesso a essas diferenças é a leitura de uma tese que 
discorre sobre o uso em Bogotá das orações interrogativas.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Aprender español: Oraciones condicionales con 'si' (nivel avanzado)
Assista ao vídeo a seguir e confira algumas dicas sobre o uso das subordinadas (em espanhol).
Conteúdo:
Alfabeto fonético e transcrição fonética 
APRESENTAÇÃO
Talvez você já tenha se perguntado qual seria a melhor forma de explicar um som para alguém, 
sem que fosse preciso mencionar o nome de alguma letra da nossa língua. Quando se trata de 
uma língua estrangeira, não é muito eficiente referir-se ao "som do j ou do a", visto que essas 
duas representações gráficas nem sempre dizem respeito aos mesmos sons conhecidos em 
português. Com o objetivo de estabelecer uma representação gráfica única para o inventário de 
sons de todas as línguas humanas, teóricos da Linguística criaram o Alfabeto Fonético 
Internacional (IPA, na sigla em inglês). Ao se utilizar o IPA, é possível aprender, portanto, 
como se pronuncia qualquer palavra de qualquer língua.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá o Alfabeto Fonético Internacional (IPA), o 
Alfabeto de la Revista Filología Española (RFE), adaptação para a língua espanhola, e 
aprenderá como se faz transcrições fonéticas com base nessas duas convenções.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Descrever o Alfabeto Fonético Internacional (IPA).•
Explicar o Alfabeto Fonético de la Revista de Filología Española (RFE).•
Diferenciar a transcrição fonética do espanhol a partir do Alfabeto Fonético Internacional 
(IPA) e do Alfabeto fonético de la Revista de Filología Española (RFE).
•
INFOGRÁFICO
É possível realizar transcrição fonética, em língua espanhola, baseando-se em dois tipos de 
alfabetos fonéticos: o Alfabeto Fonético Internacional (IPA) e o Alfabeto Fonético da Revista de 
Filologia Espanhola (RFE) — uma adaptação criada apenas para os sons do espanhol. Confira 
neste Infográfico alguns exemplos de palavras transcritas foneticamente de acordo com o IPA e 
com a RFE. 
CONTEÚDO DO LIVRO
Com o objetivo de estabelecer uma representação gráfica única para o inventário de sons de 
todas as línguas humanas, teóricos da Linguística criaram o IPA. Com base no inventário do 
IPA, é possível aprender, portanto, como se pronuncia qualquer palavra de qualquer língua.
No capítulo Alfabeto fonético e transcrição fonética, da obra Fonética e fonologia do espanhol, 
que é base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá o IPA e a classificação dos 
sons de acordo com o modo e ponto de articulação. Você também aprenderá o RFE, que é a 
adaptação do IPA para a língua espanhola, e a fazer transcrições fonéticas com base nessas duas 
convenções.
Alfabeto fonético e 
transcrição fonética
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
� Descrever o Alfabeto Fonético Internacional.
� Explicar o Alfabeto Fonético da Revista de Filología Española.
� Diferenciar a transcrição fonética do espanhol a partir do Alfabeto
Fonético Internacional e do Alfabeto Fonético da Revista de Filología 
Española.
Introdução
Talvez você já tenha se perguntado qual seria a melhor forma de explicar 
um som para alguém, sem que fosse precisomencionar o nome de 
alguma letra da nossa língua. Quando se trata de uma língua estrangeira, 
não é muito eficiente dizer que nos referimos ao som do j ou do a, visto 
que essas duas representações gráficas nem sempre dizem respeito aos 
mesmos sons que conhecemos em português.
Com o objetivo de estabelecer uma representação gráfica única para 
o inventário de sons de todas as línguas humanas, teóricos da linguística 
criaram o Alfabeto Fonético Internacional (IPA, na sigla em inglês). Com
base no inventário do IPA, é possível aprender, portanto, como se pro-
nuncia qualquer palavra de qualquer língua.
Neste capítulo, você vai conhecer o Alfabeto Fonético Internacional e 
o Alfabeto da Revista de Filología Española, que é uma adaptação do IPA
para a língua espanhola. Além disso, vai aprender como fazer transcrições 
fonéticas com base nessas duas convenções.
O Alfabeto Fonético Internacional
Quando falamos dos sons de uma língua estrangeira, não é muito efi ciente 
explicá-los referindo-nos, por exemplo, como o som do j ou do a, já que essas 
duas representações gráfi cas nem sempre dizem respeito aos mesmos sons que 
conhecemos em português. A fi m de estabelecer uma representação gráfi ca 
única para o inventário de sons de todas as línguas humanas, teóricos da 
linguística criaram o Alfabeto Fonético Internacional (IPA, na sigla em inglês).
A partir do Alfabeto Fonético Internacional, é possível referir-se a um som 
específico de cada língua com um único símbolo fonético. Pode-se aprender, 
portanto, como pronunciar qualquer palavra de qualquer língua com base no 
inventário do IPA.
O Alfabeto Fonético Internacional foi criado em 1888, em Paris. De acordo 
com a International Phonetic Association (2018, documento on-line) (também 
IPA), que é a maior e mais antiga organização representativa de foneticistas, 
o Alfabeto IPA “[...] é um padrão notacional para a representação fonética de 
todas as línguas [...]”. Na Figura 1, você vai ver um quadro fonético geral das 
línguas com base no IPA.
Alfabeto fonético e transcrição fonética2
Figura 1. O Alfabeto Fonético Internacional (IPA).
Fonte: International Phonetic Association (c2015, documento on-line).
A Figura 1 mostra ainda um conjunto de quadros menores divididos nas 
categorias a seguir.
3Alfabeto fonético e transcrição fonética
 � Consoantes pulmonares: são as consoantes produzidas a partir de um 
mecanismo de corrente de ar pulmonar, como os sons /t/ na palavra 
taco e /r/ na palavra carro, em espanhol. 
 � Consoantes não pulmonares: são as consoantes produzidas com uma 
corrente de ar que não provém dos pulmões, mas é impulsionada pela 
glote. Esse tipo de som é encontrado apenas em línguas do sul da África, 
línguas asiáticas, ameríndias, etc. 
 � Vogais: esse quadro apresenta todos os sons vocálicos existentes nas 
línguas humanas. As vogais da língua espanhola, entretanto, são re-
presentadas pelos símbolos /a, e, i, o, u/, como nas palavras pasto, 
tendencia, correr, final e suficiente. 
A Figura 1 também apresenta outros símbolos utilizados na representação 
de sons, como os sons duplos africados [t∫] e [dƷ], em espanhol; os diacríti-
cos, que são caracteres utilizados junto a alguns símbolos para sinalizar, por 
exemplo, vozeamento ou desvozeamento; e suprassegmentais, que são marcas 
referentes a aspectos fonológicos, como (ʹ) para acento primário (foʹne.ti.ka), 
(ι) para acento secundário (foιne.ti.ka) e : (e:) para alongamento de vogais, 
como em algumas línguas orientais.
Entre as consoantes, destacaremos as pulmonares, que são sons produzidos 
com obstrução total ou parcial da passagem de uma corrente de ar pulmonar. 
A respeito do modo de articulação, existem os seguintes tipos de consoantes: 
oclusivas (puerta, mundo), nasais (María, español), vibrantes (carne, régimen), 
fricativas ( flaca, gerente), fricativas laterais, aproximantes, aproximantes 
laterais (lata, caballo).
Os pontos de articulação, que se referem aos órgãos envolvidos na pro-
dução dos sons, podem ser bilabiais (pato, bola, mesa), labiodentais ( flaca, 
interior), dentais (torta, donde, saltar, cada), alveopalatais (llorar, inyectar, 
rodilla, ocho), palatais (lluvia, maya, año), velares (casa, guerra, gente, largo), 
uvulares (gente, jota) e glotais (lista, mes).
As vogais, no quadro fonético do IPA, são representadas em uma espécie de 
diagrama, que simula a posição ocupada pela língua na cavidade oral durante a 
produção de sons. Essas posições originaram a seguinte classificação das vogais 
do espanhol: altas (invierno, utensilio), médias (eterno, oval) e baixas (águila).
Vozeamento e desvozeamento
A distinção das consoantes entre vozeadas e desvozeadas pode ser feita a 
partir de uma análise da forma de sua articulação. As consoantes produzidas 
Alfabeto fonético e transcrição fonética4
com vibração nas cordas vocais são vozeadas, como os sons [d, b, g, z] em 
português. Já as consoantes desvozeadas realizam-se sem vibração das cordas 
vocais, como é o caso dos sons [t, p, k, s], também em português. Esses sons, 
com exceção do [z], também são exemplos da língua espanhola.
Os pares [d, t], [b, p], [g, k] e [z, s] apresentam, cada um, a mesma articulação 
no aparelho fonador. É pelo traço vozeado/desvozeado, no entanto, que esses 
sons podem ser diferenciados. No quadro do IPA, na Figura 1, esses pares de 
consoantes aparecem lado a lado em sua respectiva categoria; as consoantes 
da esquerda são desvozeadas e as da direita, vozeadas.
O Alfabeto Fonético da Revista 
de Filología Española 
O Alfabeto Fonético da Revista de Filología Española (RFE) é uma adaptação 
do Alfabeto Fonético Internacional (IPA) para as línguas da Península Ibérica. 
Ele foi proposto pelo linguista espanhol Tomás Navarro Tomás, em 1915, e 
adotado pela Revista de Filología Española (RFE). Esse Alfabeto é utilizado 
apenas em pesquisas de língua espanhola, como em manuais de fonética e no 
ensino em universidades de países falantes de espanhol.
No Quadro 1, você vai ver o alfabeto da língua espanhola, acompanhado 
pelo nome de cada uma das letras e a sua transcrição fonética, de acordo com 
o Alfabeto Fonético Internacional (IPA).
Letra Nome Pronúncia
a, A a /á/
b, B be /bé/
c, C ce /θé/, /cé/
ch, CH che /t∫é/
d, D de /dé/
e, E e /é/
f, F efe /é.fe/
g, G ge /xé/
Quadro 1. Alfabeto e representação fonética do espanhol
(Continua)
5Alfabeto fonético e transcrição fonética
O Quadro 1 também mostra mais de uma opção de pronúncia para algumas 
grafias, considerando-se as variantes dialetais. Esse é o caso de /ce/, que pode 
Fonte: Adaptado de Universidad Alcala de Henares (2013).
Letra Nome Pronúncia
h, H hache /á.t∫e/
i, I i /í/
j, J jota /xó.ta/
k, K ka /ká/
l, L ele /é.le/
ll, LL elle /éʎe/
m, M eme /é.me/
n, N ene /é.ne/
ñ, Ñ eñe /e.ñe/
o, O o /ó/
p, P pe /pé/
q, Q cu /kú/
r, R ere, erre /é.ɾe, é.re/
s, S ese /é.se/
t, T te /té/
u, U u /ú/
v, V uve, ve /ú.βe, bé/ 
w, W uve doble, ve doble /ú.βe ðó.ble, bé ðó.ble/ 
x, X equis /é.kis/
y, Y i griega, ye /i γrié.γa, yé/ 
z, Z zeta /θé.ta, cé.ta/
Quadro 1. Alfabeto e representação fonética do espanhol
(Continuação)
Alfabeto fonético e transcrição fonética6
ser pronunciado como [θé] ou [cé], por exemplo, na palavra /cena/ ([‘θé.na]), 
dependendo da região.
Agora você verá o Quadro 2, que apresenta uma síntese com o símbolo e a 
classificação fonética de cada uma das vogais hispânicas, segundo o Alfabeto 
Fonético da RFE.
Fonte: Adaptado de Navarro Tomáz (1966).
Descrição Símbolo RFE
Abertas į ę ǫ ų
Médias i e a o u
Fechadas ẹ ọ
a palatal ą
a velar ạ
ę labializado
e labializada ö
į labializado 
i labializado ü
Vogal indistinta ə
Vogais nasais ĩ ã ũ õ, etc.
Vogais com acento de intensidade á ó ę ́ ã́
Sons longos aː oː lː sː mː nː, etc.
Sons reduzidos đ đ̥, etc.
Quadro 2. Símbolo e classificação fonética das vogais hispânicas segundo o alfabeto fo-
nético da RFE
O Quadro 3 traz um conjunto de tabelas que apresentam uma síntese com 
o símbolo,a classificação fonética (RFE e IPA) e exemplos de cada uma das 
consoantes da língua espanhola, segundo o Alfabeto Fonético da RFE.
7Alfabeto fonético e transcrição fonética
Bilabiais
Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA
Oclusiva bilabial 
vozeada
b bondad bond̹áđ ̥ b
Oclusiva bilabial 
desvozeada
p padre páđre p
Oclusiva nasal 
bilabial vozeada 
m amar amár m
Oclusiva nasal 
bilabial desvozeada 
mismo (and.) mí mo
Fricativa bilabial 
vozeada 
haba á a β
Fricativa bilabial 
desvozeada 
las botas 
(and.)
la ótah ɸ
Labiodentais
Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA
Oclusiva nasal 
labiodental vozeada 
confuso ko fúṡo ɱ
Fricativa labiodental 
desvozeada 
f fácil fáθi ļ f
Fricativa labiodental 
vozeada 
v vida viđa v
Interdentais
RFE Exemplo Transcrição
ḍ cruz divina krúẓ ḍiƀína
ṭ hazte acá áθṭe aká
ṇ onza óṇθa
ẓ juzgar xųẓǥár
Quadro 3. Adaptação: Símbolo e classificação fonética das consoantes hispânicas segun-
do o alfabeto fonético da RFE
(Continua)
Alfabeto fonético e transcrição fonética8
Interdentais
RFE Exemplo Transcrição 
θ mozo móθo
đ rueda r ̄wéđa
đ tomado tomáđo
đ̥ verdad bęrđáđ̥
ḷ calzado kaḷθađo
Dentais
Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA
Oclusiva dental 
vozeada
d ducho dúĉo d̪
Oclusiva dental 
desvozeada
t tomar tomáɹ t ̪
Oclusiva nasal 
dental vozeada
n̹ monte món̹te n̪
Fricativa dental 
vozeada 
z̹ desde déz̹đe ð
Fricativa dental 
desvozeada 
s̹ hasta ás̹ta θ
Aproximante lateral 
dental vozeada
l ̹ falda fáld̹a l ̪
Alveolares
Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA
Oclusiva nasal 
alveolar vozeada 
n mano mã́no n
Oclusiva nasal 
alveolar desvozeada
n̥ asno án̥no n̥
Africada alveolar 
desvozeada 
ŝ chobu ŝóƀu ʦ
Quadro 3. Adaptação: Símbolo e classificação fonética das consoantes hispânicas segun-
do o alfabeto fonético da RFE
(Continuação)
(Continua)
9Alfabeto fonético e transcrição fonética
Alveolares
Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA
Fricativa alveolar 
vozeada 
ż rasgar r āżǥáɹ z
Fricativa alveolar 
desvozeada 
ṡ casa káṡa s
Aproximante lateral 
alveolar vozeada 
l luna lúna l
Aproximante lateral 
alveolar desvozeada 
l ̥ muslo mųl l̥o l ̥
Vibrante alveolar 
vozeada 
r hora ǫ́ra ɾ
Vibrante alveolar 
desvozeada
r̥ multitud mųr̥titú ɾ̥
Vibrante alveolar 
múltipla
r ̄ carro kárō r
Aproximante 
alveolar vozeada 
ɹ color kolǫ́ɹ ɹ
Aproximante alveolar 
desvozeada
ɹ̊ trigo tɹ̊ íǥo ɹ̥
Aproximante alveolar 
vozeada longa
ɹ̱ honra 
pondré 
ónɹ̱a,
põɹ̱é
[ɹ ]ː
Aproximante alveolar 
desvozeada longa
ɹ̱̊ perro pęɹ̱̊́ o / pęɹ̱́o [ɹ̥ ]ː
Pré-Palatais
Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA
Oclusiva nasal 
palatal vozeada 
n̮ año án̮o ɲ
Africada palatal 
vozeada
ŷ yugo ŷúǥo ɟ� ʝ
Quadro 3. Adaptação: Símbolo e classificação fonética das consoantes hispânicas segun-
do o alfabeto fonético da RFE
(Continuação)
(Continua)
Alfabeto fonético e transcrição fonética10
Pré-Palatais
Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA
Africada pós-alveolar 
desvozeada 
ĉ mucho múĉo ʧ
Fricativa pós-
alveolar vozeada 
ž mayo mažo ʒ
Fricativa pós-alveolar 
desvozeada 
š rexa rēša ʃ
Fricativa palatal 
vozeada 
y mayo máyo ʝ
Aproximante palatal j nieto njéto j
Aproximante 
lateral palatal
l ̮ castillo kas̹tílo̮ ʎ
Pós-Palatais
RFE Exemplo Transcrição
ǵ guitarra ǵitár̄a
ḱ quimera ḱiméra
ŋ́ inquirir iŋ́ḱirír
ǥ́ seguir ṡeǥ́ iɹ
x́ regir rēx́ír
Velares
Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA
Oclusiva velar vozeada g gustar gųs̹táɹ g
Oclusiva velar 
desvozeada 
k casa káṡa k
Fricativa velar 
desvozeada 
x jamás xamás x
Quadro 3. Adaptação: Símbolo e classificação fonética das consoantes hispânicas segun-
do o alfabeto fonético da RFE
(Continuação)
(Continua)
11Alfabeto fonético e transcrição fonética
Transcrição fonética do espanhol: alfabeto 
fonético internacional e alfabeto fonético 
da Revista de Filología Española 
A transcrição fonética consiste na substituição das letras utilizadas na grafi a 
de uma palavra pelos seus símbolos fonéticos correspondentes. Esses símbolos, 
que constam nos inventários IPA e RFE, representam a realização do som 
e devem ser dispostos entre colchetes, para que o seu status de alofone seja 
diferenciado dos fonemas — estes representados entre duas barras.
Fonte: Navarro Tomás (1966).
Velares
Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA
Aproximante lateral 
alveolar velarizada
ł malalt (cat.) məlạł ɫ
Aproximante 
labiovelar vozeada 
w hueso wéṡo w
Aproximante labiovelar 
desvozeada
w̥ fuera fw̥éra ʍ
Uvulares
RFE Exemplo Transcrição
ŋ̇ Don Juan doŋ̇ ẋwán
ǥ̇ aguja aǥ̇úxa
ẋ enjuagar eŋ̇ẋwaǥár
Laringais
RFE Exemplo Transcrição
h horno hǫ́rno
Quadro 3. Adaptação: Símbolo e classificação fonética das consoantes hispânicas segun-
do o alfabeto fonético da RFE
(Continuação)
Alfabeto fonético e transcrição fonética12
Alofones são as variantes de pronúncia de um fonema que não distinguem signifi-
cado. A palavra concepto, por exemplo, pode ser pronunciada com dois tipos de sons 
referentes à letra c da sílaba ce-: con[s]epto ou con[θ]epto (essa variante pertence a 
algumas regiões da Espanha).
Fonema é o modelo mental do som que caracteriza cada língua, diferentemente do 
fone/alofone, que é a realização de um fonema, ou seja, como ele de fato é pronunciado 
por um falante. O fonema /s/, por exemplo, pode ser pronunciado como [s] ou [θ].
A seguir, veja um exemplo de transcrição fonética e fonêmica, 
respectivamente:
Palavra Transcrição fonética Transcrição fonêmica
fonética [fo.'ne.t i̪.ka] /fo.'ne.ti.ka/
Esse exemplo mostra a diferença das transcrições fonética e fonêmica da 
palavra fonética: o símbolo t̪ aparece na transcrição fonética, enquanto a 
transcrição fonêmica apresenta o símbolo t. Outro aspecto a observar são as 
marcas de separação de sílabas, expressas por um ponto após cada uma delas, 
e a marca de acento, que deve aparecer antes da sílaba tônica da palavra, por 
meio de um apóstrofo. No entanto, o emprego obrigatório dessas duas marcas 
depende do grau de detalhamento exigido na transcrição em questão.
Utilizando-se o mesmo exemplo da palavra fonética e da palavra español, 
vejamos uma comparação entre as transcrições fonéticas IPA e RFE.
Palavra Transcrição fonética IPA
Transcrição 
fonética RFE
fonética [fo.'ne.t ̪ i.ka] [fo.'ne.ti.ka]
español [es.pa.'ɲol] [es.pa.'n̮ol] 
Nesse exemplo, as duas palavras apresentam uma distinção de representação 
fonética: t̪ ~ t e ɲ ~ n̮.
A Figura 2 apresenta três quadros com os fonemas e alofones da língua 
espanhola, acompanhados da sua respectiva transcrição, segundo o Alfabeto 
Fonético Internacional e o Alfabeto da Revista de Filología Española.
13Alfabeto fonético e transcrição fonética
Figura 2. Fonemas e alofones da língua espanhola: vogais e consoantes.
(Continua)
Alfabeto fonético e transcrição fonética14
Figura 2. Fonemas e alofones da língua espanhola: vogais e consoantes.
(Continuação)
(Continua)
15Alfabeto fonético e transcrição fonética
Fonte: Fonética Segmental (2018, documento on-line).
Figura 2. Fonemas e alofones da língua espanhola: vogais e consoantes.
(Continuação)
Alfabeto fonético e transcrição fonética16
Na Figura 2, você pôde ver três quadros fonéticos da língua espanhola: um 
de vogais e dois de consoantes, respectivamente. Na primeira coluna, constam 
os símbolos fonêmicos, bem como a sua classificação por modo e ponto de 
articulação, além da informação sobre vozeamento ou desvozeamento. Na 
segunda coluna, apresenta-se a classificação do alofone (variação de pro-
núncia) correspondente, quando houver. A terceira coluna traz o contexto de 
uso de cada som; já a quarta e a quinta colunas mostram, respectivamente, 
os símbolos fonéticos (realização do som) do IPA (ou AFI na figura) e do 
Alfabeto Fonético da RFE.
Para realizar transcrições fonéticas, primeiramente é preciso definir o grau 
de detalhamento desejado. Você pode como objetivo analisar apenas um dos 
sons de uma palavra e, nesse caso, concentrará a representação fonéticaapenas 
nesse som. Para isso, você deve empregar o símbolo correspondente ao som 
observado entre colchetes: ha[b]lar, me[d]icina, ense[ɲ]anza.
Se o objetivo é analisar a realização de todo o conjunto de sons de cada 
palavra, a opção deve ser pela transcrição fonética completa. Assim, cada 
palavra deve ser grafada com os símbolos fonéticos correspondentes a cada 
letra, entre colchetes: [haβl̪ aɾ], [med̪isina], [enseɲansa].
Outra possibilidade de pesquisa é verificar aspectos fonológicos, como 
silabação, acento ou prosodização. Nesse caso, será necessário inserir as mar-
cas de separação silábica e de acento: [ha.'βl̪aɾ], [me.d̪i.'si.na], [en.se.'ɲan.sa].
Depois de definir o grau de detalhamento, o próximo passo para executar 
uma transcrição fonética é abrir um colchete, símbolo obrigatório para repre-
sentar a realização de sons. A seguir, é preciso buscar a equivalência entre as 
letras da palavra a ser transcrita e o símbolo fonético correspondente. Você 
pode consultar a relação das classificações por modo e ponto de articulação, 
verificando as características de cada som e as palavras que os exemplifiquem. 
A palavra transcripción, por exemplo, será transcrita da seguinte forma, de 
acordo com o IPA: [tɾans.kɾip.'sjon].
Também é possível basear-se diretamente no quadro fonético de símbolos, 
em função da semelhança da maioria dos símbolos fonéticos com a grafia, 
no caso da língua espanhola. As letras b e p, por exemplo, são idênticas aos 
seus símbolos fonéticos do IPA. As palavras bastante e competencia têm a 
seguinte transcrição, segundo o alfabeto RFE: [bas̹.'tan.te], [kom.pe.'ten.sja] 
ou [kom.pe.'ten.θja]. As letras n e m possuem alguns alofones, com símbolos 
fonéticos bastante semelhantes à sua grafia: [n, m, ɲ, ŋ, ɱ, ...]. Para ilustrar 
esse caso, temos as palavras nariz, morcilla, costeño, tango e enfoque e as suas 
respectivas transcrições fonéticas, de acordo com o IPA: [na.'ɾis], [moɾ.'si.∫a] / 
[moɾ.'si.Ʒa] / [moɾ.'si.ʝa], [kos.'te.ɲo], ['taŋ.go] e [eɱ.'fo.ke].
17Alfabeto fonético e transcrição fonética
Terminada a transcrição dos sons de uma palavra, é preciso inserir o 
colchete que indica o fechamento dessa transcrição. As marcas de silabação e 
acentuação podem ser inseridas antes ou depois da realização da transcrição; no 
entanto, para organizar melhor e evitar equívocos na transcrição, recomenda-se 
que isso seja feito depois.
A partir desses quadros expostos na Figura 2, é possível comparar e dife-
renciar a transcrição fonética da língua espanhola, considerando-se os dois 
inventários fonéticos estudados: o Alfabeto Fonético Internacional (IPA) e o 
Alfabeto Fonético da Revista de Filología Española (RFE).
Para conhecer os sons representados pelos alfabetos 
fonéticos que você aprendeu aqui, acesse o inventário 
de sons da língua espanhola no site da Universidade de 
Iowa (Estados Unidos).
https://goo.gl/roM4RX
1. Com base nos sons da língua 
espanhola, selecione a alternativa 
em que todas as palavras estão 
com a transcrição adequada, 
de acordo com o Alfabeto 
Fonético Internacional (IPA).
a) ['chi.ko], ['bia.je], [iɱ.fe.'rjor]
b) ['θe.na], ['flaṷ.ta], ['a.ño] 
c) [i.na.ðe.'kwa.ðo], ['ce.na], ['vja.xe]
d) ['a.ɲo], ['vie.jo], ['pwe.ðo] 
e) ['ma.Ʒo], [par'ti.ku.la], ['t∫i.ko]
2. Sobre o modo de articulação, 
escolha a alternativa correta.
a) O modo de articulação diz 
respeito ao lugar onde um som 
do alfabeto fonético é produzido.
b) Ponto de articulação é 
outra forma de se referir ao 
modo de articulação.
c) A união dos lábios durante a 
emissão de sons oclusivos, como 
/b/ e /k/ em espanhol, é um 
exemplo de modo de articulação.
d) Alguns dos modos de 
articulação em espanhol 
são os sons fricativos, nasais, 
palatais e aproximantes. 
e) As transcrições ['paɾ.ke], 
[men.sa.xe] e [re.ko.no.seɾ] 
apresentam casos de modo de 
articulação de sons vibrantes.
Alfabeto fonético e transcrição fonética18
3. A respeito do Alfabeto Fonético da 
Revista de Filología Española (RFE), 
escolha a alternativa correta.
a) O alofone [a] central da 
consoante /a/, em espanhol, 
ocorre apenas antes de /u/, 
/o/ e /x/, como nas palavras 
auge, aorta e ajedrez.
b) O Alfabeto Fonético da Revista 
de Filología Española (RFE) 
foi criado para substituir o 
Alfabeto Fonético Internacional 
(IPA) em todos os países 
de língua espanhola, não 
sendo mais necessário o 
uso do IPA em inglês.
c) As consoantes /t/ e /g/ não 
possuem nenhum alofone 
em espanhol, sendo esses, 
portanto, os seus únicos 
símbolos fonéticos.
d) Além das classificações de 
sons consonantais em bilabiais, 
labiodentais, dentais, alveolares, 
velares e uvulares, o Alfabeto 
Fonético da Revista de Filología 
Española (RFE) possui também as 
divisões interdentais, pré-
-palatais, pós-palatais e laringais. 
e) O fonema /ʝ/ realiza-se apenas 
como fricativo ou aproximante, 
com o símbolo fonético 
[y] no Alfabeto da RFE.
4. A respeito da transcrição 
fonética em espanhol, assinale 
a alternativa correta.
a) O fonema /x/ é fricativo velar 
e deve ser transcrito sempre 
como [x]. É o caso de palavras 
como gerente e gimnasio.
b) A transcrição do /ɲ/ nasal 
palatal (ñapa, ñocha) varia 
entre o Alfabeto IPA e o 
Alfabeto RFE: de acordo com 
o IPA, a transcrição fonética 
é [ɲ], enquanto o Alfabeto 
da RFE postula o símbolo [n ̮] 
para a língua espanhola.
c) Os sons da língua espanhola 
não podem ser transcritos a 
partir do Alfabeto IPA, pois este 
não contém apenas símbolos 
fonéticos dessa língua.
d) O som aproximante lateral 
dental /l/ possui a mesma 
transcrição fonética nos 
dois Alfabetos (IPA e RFE). 
e) Quando precedida de vogal em 
ditongo, a vogal /i/ transcreve-se 
como [ j ] nos dois Alfabetos 
Fonéticos (IPA e RFE).
5. Qual alternativa a seguir possui 
apenas palavras com sons 
consonantais desvozeados?
a) todo, vacuna, sencillo
b) pasto, casa, lago
c) belleza, dejar, recto
d) disco, acto, zapato
e) pato, taco, foto
19Alfabeto fonético e transcrição fonética
ALFABETO fonético de la revista de filología española. Revista de Filología Española, t. 
2, p. 374-376, 1915.
FONÉTICA SEGMENTAL. [2018]. Disponível em: <https://foneticasegmental.weebly.
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INTERNATIONAL PHONETIC ASSOCIATION. Full IPA chart. c2015. Disponível em: <ht-
tps://www.internationalphoneticassociation.org/content/full-ipa-chart>. Acesso em: 
04 ago. 2018.
INTERNATIONAL PHONETIC ASSOCIATION. IPA home. [2018]. Disponível em: <https://
www.internationalphoneticassociation.org/>. Acesso em: 04 ago. 2018. 
NAVARRO TOMÁS, T. El alfabeto fonético de la Revista de Filología Española. Anuario 
de Letras Lingüística e Filología, Coyacán, v. 6, p. 5-10, 1966.
UNIVERSIDAD ALCALA DE HENARES. Señas: diccionario para la enseñanza de la lengua 
española para brasileños. 4. ed. [S.l.]: WMF Martins Fontes, 2013.
Leituras recomendadas
FONÉTICA E FONOLOGIA. c2008. Disponível em: <http://fonologia.org>. Acesso em: 
04 ago. 2018.
GARCÍA MOUTON, P. (Coord.). Atlas lingüístico de la Península Ibérica. Madrid: CSIC, 2016.
LÓPEZ MORRÀZ, X. Transcriptor fonético automático del español. 2004. Disponível em: 
<http://www.aucel.com/pln/transbase.html>. Acesso em: 04 ago. 2018. 
MOLINO DE IDEAS. Transcriptor fonético. 2012. Disponíve em: <http://www.fonemolabs.
com/transcriptor.html#>. Acesso em: 04 ago. 2018.
OLIVEIRA, D. H. Fonética e fonologia. [2000?]. Disponível em: <http://biblioteca.virtual.
ufpb.br/files/fonatica_e_fonologia_1360068796.pdf>. Acesso em: 04 ago. 2018.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de Lengua Española. 2017. Disponível em: 
<http://dle.rae.es/>. Acesso em: 04 ago. 2018.
Alfabeto fonético e transcrição fonética20
DICA DO PROFESSOR
É importante entender e apropriar-se da diferença entre símbolo fonético e grafia. O nome da 
letra "j" em português não é o mesmo nome desta letra em espanhol, por exemplo. Confira 
algumas dicas que lhe farão refletir sobre essas diferenças enquanto estuda fonética e fonologia 
da língua espanhola.
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Revista de Filología Española (RFE)
Acesse a publicação que foi fundada em 1914 e tem edições semestrais com diversos trabalhos 
de filologia espanhola. 
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Atlas Linguístico de la Península Ibérica (ALPI)
Acesse a página do projeto de Geografia Linguística desenvolvido desde o início do século XX.
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Universidade Autônoma de Barcelona
Acesse o site do Grupo de Fonética del Departamento de Filología Española de la Universidad 
Autónoma de Barcelona (UAB), que traz artigos sobre descrição fonética e fonológica do 
espanhol. 
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