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Apresentação e sistematização das variações geográfica na pronúncia da língua espanhola APRESENTAÇÃO O espanhol é o idioma oficial de diferentes regiões e cada uma dessas regiões tem uma peculiaridade que a identifica e marca a especificidade da fala. Você sabia que a letra ll, por exemplo, é pronunciada de diferentes maneiras de acordo com a localidade? Já ouviu falar do sotaque andaluz? Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre os principais pontos de divergência na língua espanhola entre latino-americanos e espanhóis, as características da pronúncia do espanhol rio-platense e as variantes espanholas da região de Madrid e da Andaluzia. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os principais pontos de divergência na língua espanhola entre latino-americanos e espanhóis. • Analisar as características da pronúncia do espanhol rio-platense.• Contrastar as variantes espanholas: madrileñas x andaluzas.• INFOGRÁFICO Na língua espanhola, ocorrem fenômenos diferentes de pronúncia que identificam algumas regiões. No Infográfico a seguir, você poderá verificar onde ocorrem fenômenos como yeísmo, lleísmo, zheísmo, seseo e ceceo. Confira. CONTEÚDO DO LIVRO Cada região tem suas peculiaridades relacionadas à localização, às influências dos países vizinhos e às modificações a que o uso na prática leva. Você já pensou sobre os ruídos de comunicação que podem surgir por pronúncias diferentes? O que são os fenômenos yeísmo, lleísmo, seseo e ceceo? Na obra Fonética e fonologia do espanhol, leia o capítulo Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia da língua espanhola, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia da língua espanhola Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os principais pontos de divergência na língua espanhola entre latino-americanos e espanhóis. � Analisar as características da pronúncia do espanhol rio-platense. � Contrastar as variantes do espanhol madrileño e andaluz. Introdução O espanhol é o idioma oficial de várias regiões, e cada uma delas tem uma peculiaridade que a identifica e marca a especificidade da sua fala. Você sabia que a letra ll (elle), por exemplo, é pronunciada de diferentes maneiras, de acordo com a localidade? Já ouviu falar do sotaque andaluz? Neste capítulo, você estudará os principais pontos de divergência na língua espanhola entre latino-americanos e espanhóis, as características da pronúncia do espanhol rio-platense e as variantes espanholas das regiões de Madrid e da Andalucía. C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 1 25/07/2018 11:18:12 América Latina e Espanha: divergências na pronúncia Você já notou que, embora compreenda parte das mensagens dos portugueses, há grandes diferenças entre as pronúncias portuguesa e brasileira? Isso acon- tece porque cada país (e cada região) apresenta particularidades no idioma. O mesmo ocorre com o espanhol falado na Espanha, chamado de europeu, e o falado nos países da América Latina, chamado de espanhol latino. As línguas sofrem transformações constantes e influências de outras línguas de países vizinhos. Dessa forma, é natural que o espanhol falado na Espanha tenha sofrido alterações ao longo do tempo. No norte da América Latina, há, por exemplo, influência do inglês dos Estados Unidos; nos países latinos que fazem fronteira com o Brasil, há influência do português brasileiro. A influência do inglês pode ser notada no México no uso de palavras como sandwich e club no lugar de bocadillo e asociación. A influência do português brasileiro pode ser exemplificada pela expressão hora pico (usada na Argentina) no lugar de hora punta (falada na Espanha). Na Espanha, as letras z e c (esta seguida de e ou i), por exemplo, são pro- nunciadas com a língua entre os dentes, isto é, o som é fricativo interdental surdo (desvozeado). Se você deseja ouvir uma pronúncia da letra c articulada com a língua entre os dentes, acesse o trailer do filme Volver, de Pedro Almodóvar, no link a seguir. Aos 10 segundos, a personagem fala: “Hay gente que dice que [...]”. https://goo.gl/PaGP5k Já na América Latina, essas letras são pronunciadas sempre com som de s. Veja um exemplo de trava língua em que as letras destacadas aparecem com a transcrição fonética dos dois usos: Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia...2 C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 2 25/07/2018 11:18:12 Pronúncia europeia [θ] Me lo han españolizado, No sé quien me lo desespañolizará El que me lo desespañolice Buen desespañolizador será Pronúncia latina [S] Essas pronúncias alteradas de z e c constituem os fenômenos chamados de ceceo e seseo. O primeiro ocorre quando a letra z e a letra c (esta antes de e e i) são pronunciadas com a ponta da língua entre os dentes incisivos superiores e inferiores, sem a vibração das cordas vocais. A passagem de ar se dá por uma fenda formada pelo ápice da língua colocada entre os dentes. Assim, esse fonema é chamado de fricativo interdental surdo. O segundo ocorre quando se pronunciam essas mesmas letras com som de s, ou seja, o som alveolar fricativo surdo. Assim, no seseo, palavras escritas com z, como zapato, ou com c antes de e e i, como cerebro e cita, não têm distinção na pronúncia. Além disso, não há diferença na pronúncia da letra s, ou seja, o som inicial das palavras zurdo, ciudad e soplido é o mesmo. Esse fenômeno ocorre em toda a América Latina. Para a Real Academia Española, em seu dicionário on-line, sesear é “[...] pronunciar con algún alófono de /s/ el fonema representado por las letras s, z ou c seguido de e o i” (SESEAR, 2018, documento on-line). Se você deseja ouvir uma pronúncia da letra c com som de s, acesse o trailer do filme Cuento chino no link a seguir. Aos 31 segundos, o personagem fala: “Colecciono noticias increíbles [...]” e “¿Tengo que cocinar?”. https://goo.gl/7KuHMa Na língua espanhola, há a letra ll. Na Europa, ela é pronunciada de forma semelhante ao dígrafo lh do português, ou seja, essa consoante é uma lateral palatal sonora (vozeada). Entretanto, os falantes latinos pronunciam-na com som de dj, ou seja, som fricativo alveolopalatal sonoro. Veja mais um exemplo de trava língua: Pronúncia europeia [λ] Por la calle Carretas pasaba un perrito, pasó una carreta, le pilló un rabito. Pronúncia latina [ʤ] 3Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia... C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 3 25/07/2018 11:18:12 Outra diferença está na pronúncia da letra y. Em alguns países da América Latina, a pronúncia dessa letra unida a outras é semelhante à do ll, isto é, com som fricativo palatal sonoro. Já os espanhóis usam o som semelhante ao da letra i na língua portuguesa, ou seja, som oral tônico anterior aberto. Essas características fonéticas são chamadas de lleísmo e yeísmo. O segundo é típico dos dialetos das Américas. As letras y e ll são pronunciadas da mesma maneira, como em yo e llamo. Segundo o dicionário da Real Academia Española, yeísmo é “[...] la desa- parición de la diferencia fonológica entre la consonante lateral palatal y la fricativa palatal sonora, de manera que, em la pronunciación no se distinguen palabras como callado y cayado” (YEÍSMO, 2018, documento on-line). Pronúncia europeia [λ] callado Pronúncia latina [ʤ] [y] cayado [ʤ] No filme Como água para chocolate, a personagem fala a palavra lloraba (0:09), pro- nunciando a letra ll com som parecido a dj. Confira essa pronúncia no link a seguir. https://goo.gl/odWvzj Se você deseja ouvir uma pronúncia das letras ll e y com som semelhante a i, acesse o trailer do filme peruano El evangelio de la carne. O personagem pronuncia as palavras calle(1:14) e ayudar (1:37) com o mesmo som. Confira no link a seguir. https://goo.gl/C5KkLG Nesse sentido, se yeísmo ocorre quando não há diferença de pronúncia entre as letras y e ll. Já o lleísmo é o oposto: ele ocorre quando os falantes diferenciam a pronúncia dessas letras. Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia...4 C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 4 25/07/2018 11:18:13 Em síntese, os fenômenos ceceo, seseo, yeísmo e lleísmo representam parte das diferenças entre o espanhol falado na Espanha e o falado na América Latina. Entretanto, dentro de cada uma dessas regiões, podemos constatar diferenças. O espanhol rio-platense é um exemplo de variedade da língua espanhola utilizada na América Latina. Características do espanhol rio-platense A linguagem está condicionada e determinada pelo aspecto social. Isso sig- nifi ca que cada comunidade pode ter determinado sistema de comunicação, que é diferente do que se registra em outras comunidades. Dessa forma, um mesmo sistema linguístico sofre muitas interferências e intercâmbios entre as comunidades de falantes. Coseriu ([198-?], documento on-line) alerta: “[...] existen, pues, dentro de un mismo sistema lingüístico, fenómenos a los que podríamos llamar de préstamos internos: del dialecto a la lengua común, de la lengua común al dialecto [...]”. Isso pode ser percebido na região do Rio da Prata. Composta por localidades da Argentina e do Uruguai, ela apresenta algumas peculiaridades quanto ao seu dialeto. Veja na Figura 1 a localização dessa região no mapa da América do Sul. Figura 1. Região do Rio da Prata. Fonte: Rioplatense (2006). 5Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia... C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 5 25/07/2018 11:18:13 Uma peculiaridade da pronúncia dessa região é o chamado yeísmo rehi- lado. Ele ocorre quando as letras y e ll se articulam de forma vibrante sonora. Atualmente, é comum nessa região que essas letras sejam pronunciadas com som da letra j ou com o dígrafo ch do português, isto é, respectivamente, com fonema fricativo pós-alveolar sonoro e surdo. O primeiro fenômeno também é chamado de zheísmo e o segundo, de sheísmo. Pronúncia europeia [λ] Lluvia Téllez Tello oye el resuello de las suelas del abuelo en el suelo de las calles callejuelas, en el suelo de las calles callejuelas, oye el resuello de las suelas del abuelo, Lluvia Téllez Tello Pronúncia rio-platense [z] Pronúncia europeia [y] [λ] Necesito un tornillo destornillar, ¿quién tendrá un destornillador que me ayude a este tornillo destornillar? Pronúncia rio- -platense [ʃ] Além disso, é frequente a aspiração da letra s e, às vezes, do h. Essas letras são articuladas com o som linguovelar fricativo surdo aspirado. No entanto, não há uma regra para essa aspiração; ela ocorrerá de acordo com o desejo do falante. Veja: Pronúncia europeia [s] Mi escuela es la misma que la tuya. Pronúncia rio-platense [h] Se você deseja ouvir uma pronúncia da letra s aspirada, acesse o trailer do filme El baño del Papa, disponível no link a seguir, em que uma personagem fala (01:31) “Y si no ayuda a los pobres [...]”. Para ouvir uma pronúncia da letra y com som de ch, acesse o mesmo trailer no minuto 01:18: “Yo no soy ni voy a ser bagayera [...]”. https://goo.gl/73iGYP Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia...6 C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 6 25/07/2018 11:18:13 Como mostram os exemplos, a tendência é que o falante dessa região aspire o s antes de uma consoante. Outra característica comum da região rio-platense é a chamada elisión, ou seja, a omissão de um elemento linguístico, de acordo com o dicionário on-line da Real Academia Española. Essa omissão refere-se ao som do s no final de palavras e do r final de um verbo no infinitivo. Observe: Salir Las manzanas Como se nota, argentinos e uruguaios usam formas particulares de pro- nunciar as palavras espanholas e revelam um sotaque característico da região do Rio da Prata. Entretanto, essas particularidades são transformações das pronúncias já popularizadas na América Latina. Contudo, as diferenças fonéticas não ocorrem apenas pela diferença conti- nental. Dentro de um mesmo país, como a Espanha, encontram-se pronúncias diferentes, como você verá na próxima seção. Na região do Rio da Prata, é comum o uso de voseo, ou seja, o emprego de vos no lugar de tú. Essa mudança acarreta transformações na conjugação dos verbos também. No filme Un Cuento chino, você pode conferir exemplos dessa peculiaridade rio- -platense. No tempo 1:09 do vídeo, veja o personagem falando “Me entendés?”. https://goo.gl/txYQJ2 Andalucía As diferenças de pronúncia que formam os vários dialetos espanhóis têm origem na vasta história de conquistas e guerras pelas quais os habitantes da região passaram. Por volta do ano 800, um povoado chamado castelhano recebeu um condado chamado Castilla. Mais tarde, esse condado se transformou no Reino de Castilla, que foi unido, em 1037, aos reinos de Galiza e León. Nesse reino, o dialeto falado era o castelhano. À medida que mais reinos se uniram à Castilla, esse dialeto foi se difundindo. 7Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia... C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 7 25/07/2018 11:18:13 Em 1200, com a expulsão dos muçulmanos, a Espanha foi se tornando o território que hoje conhecemos. Com o fim da resistência de Granada, em 1492 (após o período chamado de Reconquista), a Espanha se dividiu em reinos. Com a unificação dos reinos de Castilla e Aragon, a língua castelhana se propagou e, em 1592, a Espanha tornou-se o que é hoje. Os anos passaram e a língua castelhana sofreu diversas influências. Da mesma forma, o poder espanhol passou por diferentes momentos, inclusive de aceitação das demais línguas do país. Em meados do século XX, com a ditadura de Franco, houve uma forte repressão linguística. A intenção do general era dar à Espanha o seu status de poder. Dessa forma, para ele, o castelhano deveria ser a única língua, a qual tinha como padrão o centro político da Espanha: Madrid. Assim, a fala dos madrilenos tornou-se a prestigiada. As demais variedades, em contrapartida, passaram a ser vistas como incultas. Esse é o caso do dialeto andaluz, que ilustra um exemplo típico de preconceito linguístico: como a Andalucía está afastada do centro hegemô- nico, político, cultural e econômico desde a época do império espanhol, a pronúncia de seus habitantes costuma ser tratada por muitos como incorreta ainda hoje. Em Madrid, os falantes pronunciam todas as letras das palavras, como em verdad, papel, escuchar, blusas. Na Andalucía, é comum que essas mesmas palavras, por exemplo, percam o som da última letra: verdad, papel, escuchar, blusas. Assim, em vez de dizer algo como Te has ido ya, os andaluzes dizem Tás ío ya. Os madrilenos realizam um fenômeno de pronúncia chamado ceceo, ou seja, pronunciam, por exemplo, a letra z de zanahoria com som fricativo interdental surdo. Já os andaluzes misturam ceceo e seseo, isto é, a palavra semana, por exemplo, pode ser falada com som alveolar fricativo sonoro, enquanto cielo é pronunciada com som fricativo alveolar surdo. A Andalucía (Figura 2) é uma comunidade autônoma da Espanha, cuja história simboliza a construção de uma cultura própria, marcada por peculia- ridades da língua. Essa região espanhola preserva até os dias atuais o legado dos povos que a formaram, principalmente os árabes. Córdoba foi capital de um emirado; as suas fortalezas e castelos representam a arquitetura barroca, islâmica e renascentista. O grande nome da literatura espanhola, Cervantes, passou um tempo encarcerado em Sevilla, e sua obra principal, Don Quixote de la Mancha, tem cenários dessa região. Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia...8C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 8 25/07/2018 11:18:13 Figura 2. Região de Andalucía. Fonte: Adaptada de Dikobraziy/Shutterstock.com. Algumas dessas peculiaridades também são percebidas na América, cuja colonização foi feita, em grande parte, por conquistadores andaluzes. Daí vem a semelhança em algumas questões de pronúncia entre essas duas regiões. Assim como ocorre na região do Rio da Prata, é comum na Andalucía a omissão do som da letra s em algumas palavras, como estrella. Isso só não ocorre quando o s está no começo da palavra ou entre vogais: sapo, casa. Em regiões da comunidade autônoma, há algumas particularidades. Na Catalunha, o som da letra l é palatal, como em fútbol, ou seja, é semelhante à pronúncia inglesa linguopalatal de tell. Na Galícia, o s tem uma pronúncia mais marcada: o som é sibilante, com a língua tocando os dentes inferiores, como na pronúncia do s de sorpresa. No cotidiano, os andaluzes falam com muita rapidez e, assim, costumam articular pouco as palavras, em comparação com os falantes de espanhol em outras regiões. Essa velocidade na fala identifica um traço típico na pronúncia andaluz: muitas letras desaparecem no final das palavras: 9Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia... C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 9 25/07/2018 11:18:13 Buenos días Hasta luego Corazón partido A famosa música de Alejandro Sanz, Corazón Partío, ilustra a pronúncia típica do sul da Espanha. https://goo.gl/at3m59 Um traço da pronúncia dos falantes de espanhol da Andalucía é a mistura de peculiaridades da pronúncia de Madrid (os madrilenos distinguem a pronúncia das letras y e ll, mas articulam y com som de i) e da região do Rio da Prata (os rio-platenses não distinguem as letras y e ll, mas não pronunciam y com som de i). Na Andalucía, a letra ll, por exemplo, é pronunciada com som de i. Pronúncia de Madrid [λ] llamar Pronúncia da Andalucía [y] Se você deseja ouvir a pronúncia de um personagem andaluz, principalmente no que se refere à velocidade da fala, acesse o trailer do filme Ocho apellidos vascos. Confira: https://goo.gl/43kGBb Em suma, a base da língua espanhola falada em Madrid e da utilizada na Andalucía é a mesma. As diferenças de pronúncia identificam as diferenças históricas e culturais de cada região e contribuem para que o castelhano se mantenha vivo. Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia...10 C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 10 25/07/2018 11:18:13 1. A pronúncia das letras y e ll não ocorre da mesma forma no espanhol falado na Europa e no falado na América Latina. Observe as alternativas a seguir e assinale a que apresenta a correspondência adequada entre pronúncia e região. a) Y com som de i, ll com som de dj – espanhol europeu. b) Y com som de ch, ll com som de lh – espanhol europeu. c) Y com som de i, ll com som de lh – espanhol europeu. d) Y com som de i, ll com som de ch – espanhol latino. e) Y com som de dj, ll com som de lh – espanhol latino. 2. Na língua espanhola, ocorrem alguns fenômenos de pronúncia que marcam diferenças entre o espanhol europeu e o espanhol latino. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta. a) O ceceo é um fenômeno que marca a diferença de pronúncia das letras c, s e z entre espanhóis e latinos. b) Os espanhóis pronunciam a letra c em palavras como casa com a língua entre os dentes. c) Os falantes latinos de espanhol distinguem o som das letras y e ll sempre. d) O lleísmo é a distinção do som das letras y e ll. e) O seseo ocorre apenas no México. 3. Os fenômenos de pronúncia marcam as peculiaridades de cada região. Na América Latina, a região do Rio da Prata apresenta formas próprias de pronunciar algumas letras. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta. a) Yeísmo é um fenômeno em que as letras y e ll são pronunciadas com o mesmo som. b) Todos os falantes de espanhol da América Latina pronunciam as letras y e ll com som de dj. c) Os espanhóis pronunciam as letras y e ll com som de lh. d) Os espanhóis pronunciam callado com som de lh e cayado com som de ch. e) O zehísmo ocorre em toda a América Latina. 4. Argentina, Uruguai e Paraguai compartilham peculiaridades da língua que identificam os falantes do Rio da Prata. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta. a) Lleísmo e zehísmo são fenômenos típicos da região do Rio da Prata. b) Os falantes rio-platenses costumam pronunciar o s antes de consoante de forma aspirada. c) Sheísmo é como os rio- -platenses chamam o yeísmo. d) Os acréscimos de fonemas são um costume típico dos falantes de espanhol do Rio da Prata. e) Voseo é um fenômeno de pronúncia típico da região do Rio da Prata. 11Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia... C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 11 25/07/2018 11:18:13 5. Embora a Andalucía faça parte da Espanha, há uma série de peculiaridades que diferenciam essa região do país das demais. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta. a) A pronúncia da Andalucía diferencia-se da de Madrid na articulação das vogais. b) Ao contrário dos madrilenos, os andaluzes costumam falar muito devagar. c) É comum na Andalucía a omissão da letra d no final de palavras. d) Na Andalucía, apenas a letra s costuma não ser pronunciada. e) A pronúncia dos andaluzes é mais próxima à pronúncia dos madrilenos do que à dos latinos. COSERIU, E. Introducción a la linguística. [198-?]. Disponível em: <https://textosenlinea. com.ar/academicos/Introduccion%20a%20la%20linguistica.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2018. RIOPLATENSE SPANISH. In: Wikipédia, feb. 2006. Disponível em: <https://commons. wikimedia.org/wiki/File:Rioplatense_Spanish_area_main_cities.jpg>. Acesso em: 21 jul. 2018. SESEAR. In: REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de la lengua española. 2018. Disponível em: <http://dle.rae.es/?id=XiRFQfa>. Acesso em: 21 jul. 2018. YEÍSMO. In: REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de la lengua española. 2018. Disponível em: <http://dle.rae.es/?id=cAb77Q4>. Acesso em: 21 jul. 2018. Leituras recomendadas ALEJANDRO SANS TV. Corazón partío. Youtube, nov. 2011. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=YxFUwGaxKTo>. Acesso em: 21 jul. 2018. EL EVANGELIO DE LA CARNE. El Evangelio de la Carne: Trailer Oficial. Youtube, jul. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=w6GxfdnFKqc>. Acesso em: 21 jul. 2018. ELDESEOPC. Trailer oficial: Volver. Youtube, abr. 2013. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=hp4u67AV8VI&t=15s>. Acesso em: 21 jul. 2018. GOLEM DISTRIBUCION. El baño del papa. Youtube, abr. 2008. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=6vC8UxZ_q48>. Acesso em: 21 jul. 2018. Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia...12 C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 12 25/07/2018 11:18:14 LAGARES, X. C. O espaço político da língua espanhola no mundo. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 52, n. 2, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?pid=S0103-18132013000200009&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 21 jul. 2018. PAEZ, L. Como agua para chocolate: trailer. Youtube, jul. 2013. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=xtJCi5QCCMI>. Acesso em: 21 jul. 2018. PEÑA ARCE, J. Yeísmo en el español de américa: algunos apuntes sobre su extensión. Revista de Filología, v. 33, jan. 2015. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/descarga/ articulo/5120313.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2018. SEPTIMOARTECOLOMBIA. Un cuento chino, trailer. Youtube, jun. 2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jtNxIGefwl4>. Acesso em: 21 jul. 2018. UNIVERSAL SPAIN. Ocho apellidos vascos. Youtube, fev. 2014. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=YfopzNHLp4o>. Acesso em: 21 jul. 2018.VICIANO, V. M. Fonética espanhola para brasileiros. Recife: Sociedade Cultural Brasil- -Espanha, 1998. 13Apresentação e sistematização das variações geográficas na pronúncia... C07_Apresentacao_sistematizacao_variacoes_geografica.indd 13 25/07/2018 11:18:14 DICA DO PROFESSOR Nenhuma língua é falada de forma homogênea em todas as regiões. As diferenças de pronúncia se estendem para o léxico inclusive. Pensando nisso, a Dica do Professor aborda essas duas questões: pronúncia e léxico. Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: La pronunciación del español en la radio de veinte países hispánicos: comentarios deportivos espontáneos Neste artigo Raúl Ávila faz uma análise da pronúncia de locutores de rádio de 20 países hispanoparlantes. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Pronunciación z, c y s Para falantes de português brasileiro, uma das pronúncias mais difíceis de articular é a realizada na Espanha com as letras z e c. Assista ao vídeo para observar essa questão fonética. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Práctica de pronunciación Quer ouvir as pronúncias das letras y e ll? Confira as dicas deste vídeo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Classificação dos fonemas APRESENTAÇÃO A principal finalidade de um aprendiz de língua estrangeira é conseguir comunicar-se com clareza e eficiência. Para que atinja esse objetivo na oralidade, é fundamental que conheça o sistema fonológico do idioma, ou seja, o conjunto de fonemas. Os fonemas são a unidade fonológica mínima de uma língua, e cada um deles têm traços distintivos que os determinam. Você sabe quais são os fonemas da língua espanhola? Conhece os contrastes com os fonemas da língua portuguesa? Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará o conceito de fonema, os fonemas e os grafemas da língua espanhola. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o conceito de fonema. • Reconhecer os fonemas da língua espanhola. • Relacionar fonemas e grafemas em espanhol.• INFOGRÁFICO Transcrição fonética é a forma de transcrever os sons em uma língua e se aproxima de como se pronuncia determinada palavra. Você já imaginou como seria um diálogo com transcrição fonética? Conseguiria identificar as características dos fonemas e seus significados? Confira essa situação no Infográfico a seguir e observe algumas informações sobre o assunto. CONTEÚDO DO LIVRO Os fonemas são elementos que identificam uma língua. Por isso, cada língua tem uma estrutura fonológica própria e, consequentemente, seus próprios fonemas. Com a língua espanhola não é diferente, são cerca de 22 fonemas: 5 vocálicos e 17 consonantais. No capítulo Classificação dos fonemas, da obra Fonética e fonologia do espanhol, você estudará sobre fonemas e grafema do espanhol. Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas entonacionais e principais variações de pronúncia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a articulação de sons vocálicos e consonantais na língua espanhola. � Identificar as funções da entonação. � Contrastar as variantes mais comuns na pronúncia. Introdução Em nosso processo de aquisição da linguagem, aprendemos não só as palavras e a constituição sintática de uma língua, mas também nos apropriamos de todos os sons dessa língua. Assim, todo falante é ca- paz, instintivamente, de perceber quando, por exemplo, outro falante apresenta o mesmo sotaque que o seu ou não. Na linguística, os ramos que estudam a ciência dos sons são denominados fonética e fonologia. Assim, a entonação, o acento, as consoantes e as vogais são tipos de manifestações orais que realizamos por meio da fala. A diferença entre esses dois campos — fonética e fonologia — é que o primeiro estuda a acústica da fala (a fala propriamente dita), enquanto o segundo estuda a categorização dos sons na fala, isto é, como os sons se organizam (a língua). C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 1 16/08/2018 14:29:42 Neste capítulo, você vai estudar apenas a fonética da língua espa- nhola, mais especificamente, a fonética articulatória. Assim, você vai se aprofundar no estudo da articulação dos sons, identificando as funções da entonação e comparando as variantes mais comuns dentro da pro- núncia do espanhol. A articulação dos sons vocálicos e consonantais no espanhol A fonética é o ramo da linguística que estuda como os sons da fala são efetiva- mente produzidos. Esse estudo divide-se em três partes: fonética articulatória, fonética auditiva e fonética acústica. Os sons produzidos em uma língua são chamados de fones e são produzidos por aquilo que intitulamos de aparelho fonador. Entretanto, nem tudo o que é percebido pela nossa audição é um fone: ruídos, bocejos, espirros, por mais que sejam sons, não fazem parte do estudo na fonética. Logo, é um exemplo de fone o som [β] de bella. Os fones são representados por um conjunto de símbolos fonéticos entre colchetes e “[...] orientam-se pelo princípio da univocidade: cada símbolo representa um único fone, cada fone é representado por um único símbolo. A singularidade de cada fone é definida em termos articulatórios” (BATTISTI, 2014, p. 28–29). Na palavra chico, por exemplo, temos cinco letras, mas quatro fones, porque “ch” é emitido por meio de um único fone. Um conjunto específico de órgãos no nosso corpo é responsável pelos sons que reproduzimos, uma vez que o corpo humano não apresenta órgãos particulares para a produção dos sons correspondentes na língua. Assim, a fonética articulatória busca estudar a articulação dos sons que produzimos no nosso aparelho fonador. Formam o aparelho fonador os órgãos do sistema respiratório, como pulmões, brônquios, traqueia e músculos respiratórios; do sistema fonatório, como laringe e glote; e do sistema articulatório, como faringe, língua, nariz, palato, dentes e lábios. Assim, quando reali- zamos a função principal — a respiração — utilizamos a mesma corrente de ar para falar. Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...2 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 2 16/08/2018 14:29:42 No percurso de saída de nosso corpo, a corrente de ar poderá fazer vibrar as pregas (cordas) vocais quando passar pela laringe. Acima da laringe, se- rão impostas modificações à corrente de ar quando articulados os fones. O diafragma pressiona os pulmões, que, assim, expelem o ar; esse percorre a traqueia até a laringe, depois a cavidade oral (boca) e ou cavidade nasal (nariz) (BATTISTI, 2014, p. 31). A fonética articulatória trabalha, portanto, com a função dos órgãos produ- tores dos sons. Assim, com base nos sons produzidos no sistema articulatório, você vai entender como os sons vocálicos e consonantais se articulam na língua espanhola. Sons consonantais Denominamos consoante todo som que é produzido por meio de obstáculos durante a passagem do ar pelo aparelho fonador. Logo, para produzirmos o som de uma consoante, precisamos emitir um som que passe por lábios, dentes, língua, etc. De acordo com Battisti (2014, p. 34), para analisarmos a articulação das consoantes, devemos observar três parâmetros: (a) às modificações que os articuladores impõem à corrente de ar, chamadas modo de articulação; (b) aos articuladores ativos e passivos envolvidos na produção dos fones, ao que se chama ponto ou local de articulação; (c) à presença ou ausência de vibração nas pregas vocais, ao que se pode chamar vozeamento, sonoridade ou estado da glote. As consoantes se classificam, de maneira geral, como dois tipos: obs- trutivas e soantes. As obstrutivas apresentam as saídas de ar impedidas por algum obstáculo, por exemplo, a consoante /p/,obstruída pelos lábios; já as soantes são os sons classificados pela passagem de ar contínua, como a consoante /m/. Os modos de articulação representam os locais em que os sons são produzidos no aparelho fonador, isto é, como o fluxo de ar se mo- difica na cavidade bucal. Dessa forma, o modo de articulação é classificado conforme o Quadro 1. 3Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 3 16/08/2018 14:29:43 Modo de articulação Descrição Oclusivo ou plosivo O ar é emitido na cavidade oral, e os articuladores impedem completamente a passagem de ar. Por exemplo, [p] de puerta. Fricativos O ar é emitido por um canal estreito produzido por dois articuladores próximos um do outro. Diferentemente dos sons oclusivos, na articulação fricativa os sons são momentaneamente impedidos. Por exemplo, [v] de vaso. Nasal Nas consoantes nasais, o som se direciona para a cavidade nasal, e o ar sai também pelo nariz. Por exemplo, palavras que iniciam com alguma consoante nasal, como [m] de mucho e nadie, e consoantes que se nasalizam no meio da palavra, como [ñ] de cariño. Vibrante A consoante vibrante é produzida por um articulador ativo (ponta da língua), que encosta diversas vezes em um articulador passivo (alvéolos), produzindo uma vibração. Por exemplo, [r] de rato. Tepe A articulação é muito parecida com o modo de articulação vibrante, mas o articulador ativo toca apenas uma vez o articulador passivo. Por exemplo, [r] de cariño. Tepe retroflexo No tepe retroflexo, a língua (articulador ativo) faz um movimento enrolando-se para cima e para trás. Nesse movimento, a língua encosta nos alvéolos. Por exemplo, na consoante final [r] de mar. Africado A passagem de ar é inicialmente interrompida e depois liberada. Aqui temos um exemplo de consoante que mistura a articulação oclusiva e fricativa. Por exemplo, [ch] de chica. Em português, encontramos esse som em [tch] de tchau. Aproximante lateral A consoante é produzida por meio de uma interrupção no centro da boca por meio da língua. Por exemplo, a consoante [l], de luna. Quadro 1. Modos de articulação Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...4 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 4 16/08/2018 14:29:43 Vimos as diferentes formas de articulação das consoantes e entendemos como esse processo se dá com os articuladores ativos e passivos. No entanto, no estudo fonético, precisamos ainda compreender como esses pontos de articulação funcionam na produção do som de uma consoante. Em essência, os pontos de articulação exemplificam exatamente o local em ação. Observe no Quadro 2 as respectivas descrições dos pontos de articulação. Ponto de articulação Local do som produzido Bilabial O som é produzido por meio da união dos lábios: /b/, /p/, /m/. Labiodental O lábio se apoia sobre os dentes: /f/. Dental Usam-se a ponta da língua e os dentes superiores: /t/, /d/. Palatal O dorso da língua se eleva até o palato: /ch/, /ll/, /ñ/. Alveolar O dorso da língua se aproxima dos alvéolos: /r/, /s/, /l/, /n/. Velar O dorso da língua se aproxima do palato mole: /g/, /k/, /j/. Interdental O som é produzido no pré-dorso da língua e nos incisivos superiores: /z/. Quadro 2. Descrições dos pontos de articulação Veja agora a união dos modos de articulação, dos pontos de articulação e das consoantes, demonstrada em Alarcos (1991), no Quadro 3. 5Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 5 16/08/2018 14:29:43 Fonte: Adaptado de Alarcos Llorach (1991). Q ua dr o co ns on . es pa nh ol Bi la bi al Sr S n La bi od en ta l Sr S n In te r- de nt al Sr S n D en ta l Sr S n A lv eo la r Sr S n Pa la ta l Sr S n Ve la r Sr S n Oclusivas /p/ /b/ pie bala /t/ /d/ tía día /k/ /g/ casa gato Fricativas /f/ faca /θ/ cero /s/ siete /y/ mayo /x/ jamás Africada /t∫/ coche Nasais /m/ moneda /n/ nada /ɲ/ España Laterais /l/ lado /ʎ/ calla Vibrante s. m. para /r/ rueda /r /̄ Quadro 3. Quadro fonológico consonantal do espanhol Sons vocálicos Diferentemente das consoantes, as vogais são produzidas por correntes de ar com mínima obstrução na cavidade bucal, ou seja, enquanto as consoantes são produzidas por algum impedimento, as vogais apresentam característi- cas opostas. Assim, os sons vocálicos são gerados na laringe, por meio da vibração das pregas vocais, e alterados na cavidade bucal, de acordo com o posicionamento da língua e dos lábios. Conforme visto nas consoantes, as vogais também apresentam o seu modo de articulação e são classifi cadas de acordo em três parâmetros, apresentados por Battisti (2014, p. 42): Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...6 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 6 16/08/2018 14:29:43 1.os graus diversos de abertura de boca, isto é, a altura da língua em relação ao palato duro; 2. o formato ou arredondamento dos lábios; 3. o leve avançar e recuar da língua na posição horizontal, ou seja, a anterio- ridade/posterioridade da língua. Desse modo, a altura e a posição da língua, bem como o modo como formamos os nossos lábios, definem as vogais como altas, médias, baixas, anteriores, centrais e posteriores. A fim de exemplificar tais nomenclaturas, observe o Quadro 4, seguido da pirâmide fonética. Parâmetro Descrição Altas ou fechadas A língua se posiciona muito próximo do palato. O maxilar pouco se abre para a produção desse som. Exemplos: /i/ /u/ Médias ou semiabertas A língua se posiciona no centro da boca. O maxilar se abre razoavelmente para a produção desse som. Exemplos: /e/ /o/ Baixa ou aberta A língua se posiciona afastada do palato. O maxilar se abre por completo para a produção desse som. Exemplo: /a/ Quadro 4. Classificação dos sons vocálicos do espanhol Na pirâmide fonética (Figura 1), na qual as vogais são organizadas, podemos analisar melhor como elas são posicionadas. Assim, cada vogal apresenta as seguintes descrições. � /i/: anterior, fechada; � /u/: posterior, fechada; � /e/: anterior, semiaberta; � /o/: posterior, semiaberta; � /a/: central, aberta. 7Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 7 16/08/2018 14:29:43 Figura 1. Pirâmide fonética dos sons vocálicos em espanhol. Fonte: Gil (2007). A gramática normativa aborda a união das vogais como ditongo e hiato. Desse modo, ditongo representa a união de duas vogais na mesma sílaba. Veja a seguir como as vogais devem ser para haver um ditongo. � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal fechada (I, U). ■ Exemplos: bailador, reunión. � Vogal fechada (I, U) + vogal aberta ou semiaberta (A, E, O). ■ Exemplos: biología, suavidad. � Vogal fechada (I, U) + vogal fechada (I, U). ■ Exemplos: ciudad, cuidado. Para haver um hiato, as vogais precisam estar em diferentes sílabas, se- guindo a ordem. � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal fechada (I, U). ■ Exemplo: país. � Vogal fechada (I, U) + vogal aberta ou semiaberta (A, E, O). ■ Exemplo: búho. � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal aberta ou semiaberta (A, E, O). ■ Exemplo: caer. Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...8 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 8 16/08/2018 14:29:43 Em teorias evolutivas, o nosso aparelho fonador surgiu conforme a nossa evolução. Entende-se que essa evolução se deu porque a fala surgiu com a vida em comunidade. As funções da entonação na língua espanhola Diferentes modos de falar determinada frase ou palavra podem signifi car, no contexto interacional de fala, distintas interpretações. O modo como altera- mos a nossa voz compreende, muitas vezes, o queremos dizer. Desse modo, a entonação — ou entoação — é defi nida pela sequênciade sons na fala que refl etem diferentes sentidos, intenções e emoções. Dentro do ramo linguístico, Dubois et al. (1973, p. 217) classifi ca da seguinte forma: [...] variações de altura do tom laríngeo que não incidem sobre um fonema ou sílaba, mas sobre uma sequência mais longa (palavra, sequência de palavras) e formam a curva melódica da frase. São utilizadas, na fonação, para veicular, fora da simples enunciação, informações complementares [...] reconhecidas pela gramática: a interrogação (frase interrogativa), a cólera, a alegria (frase exclamativa), etc. As funções da entonação são descritas a seguir. 1. Função distintiva: permite que os falantes distingam a modalidade da oração. Por exemplo: Saldrá, ¿Saldrá? ou ¡Saldrá! 2. Função integradora: liga as partes de uma oração no que chamamos de unidade significativa, ou seja, atribui sentido. Por exemplo: el niño estudia la lección. 3. Função delimitadora: agrupa as palavras em unidades menores na oração ou separadamente. Por exemplo: El niño/ estudia/ la lección. Utilizamos a função delimitadora para estudar exatamente esses frag- mentos sintáticos que constituem uma frase. Neste capítulo, vamos aprofundar os estudos sobre a entonação distintiva. Dentro da linguagem, temos três tipos de entonações utilizadas pelos falantes: enunciativa, exclamativa e interrogativa. 9Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 9 16/08/2018 14:29:44 Enunciativa A entonação enunciativa é reconhecida por um tom descendente no fi m de uma frase. No modo imperativo, por exemplo, vemos essa curva descendente marcando mais fortemente o fi nal de uma frase. Las mujeres están innovando la ciencia. Haz tus deberes hoy. Venga aquí. Analise, a seguir, como são as curvas entonacionais enunciativas (Figuras 2 e 3). Figura 2. Entonación enunciativa. Fonte: Enecé (2011). Figura 3. Entonación imperativa. Fonte: Enecé (2011). Exclamativa Interjeição ou exclamação são tipos de orações pronunciadas com ênfase. O som é gerado primeiramente na garganta e está ligado a situações específi cas Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...10 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 10 16/08/2018 14:29:44 do dia a dia, como medo, susto, surpresa e felicidade. São exemplos de ento- nações exclamativas desde gritos até uma expressão oracional completa. Essa entonação enfática é produzida pelo falante justamente para mostrar o estado de ânimo do falante. A língua espanhola dispõe do uso de adjetivos, assim como da intensifi cação dos indefi nidos, a fi m de expressar a entonação exclamativa. ¡Muy ricas estas patatas! – anteposição dos adjetivos. ¡Este chico es un Picasso! – intensificação do indefinido. ¡Es tan bueno...! – ênfase em determinado ponto em orações inacabadas. Vale acrescentar ainda a utilização dos pontos de exclamação (¡ !), uma vez que, na escrita, eles permitem que o leitor possa fazer a entonação cor- respondente. Analise, na Figura 4, a curva entonacional nas exclamativas. Figura 4. Entonación exclamativa. Fonte: Enecé (2011). Interrogativa Em espanhol, marcamos uma oração interrogativa por meio dos sinais (¿?), e utilizamos essa entonação para fazer uma pergunta, expressar dúvida, etc. Para fazer tal entonação, a nossa voz se eleva e diminui, de modo que reconhecemos que se trata de uma pergunta. Dividimos as interrogativas em dois grupos: totais e parciais. O primeiro grupo corresponde àquelas perguntas que pedem uma resposta com “sim” ou “não”, por exemplo, ¿Ha venido Juan? – Sí. Em resumo, o grupo das interrogativas totais engloba aquelas perguntas que não exigem do falante uma resposta mais elaborada. Já as interrogativas parciais expressam o contrário, isto é, pedem respostas mais complexas, por exemplo, ¿Quién ha venido? – Juan, Carla y Francisca. Na entonação, a curva se dá da seguinte maneira (Figura 5). 11Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 11 16/08/2018 14:29:44 Figura 5. Entonación interrogativa: total y parcial. Fonte: Enecé (2011). O sistema respiratório participa da produção da corrente de ar que alcançará o sistema articulatório. Por isso, é importante que, antes de analisarmos a fundo mais caracte- rísticas da articulação em língua espanhola, relembremos o papel de cada órgão na produção da fala. Observe, na Figura 6, a localização e a posição de cada órgão. Figura 6. Órgãos envolvidos na produção da fala. Fonte: Adaptada de Silva (2003) e Cardoso (2009). Na laringe, encontram-se as cordas vocais, as quais são muito parecidas com os nossos lábios, com feixes que se ligam abrindo e fechando. Quando não estamos falando, Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...12 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 12 16/08/2018 14:29:45 Prosódia é a entonação, ou seja, a variação do som quanto à altura e à entonação. É a forma como a pessoa se expressa pela fala. As variantes mais comuns na pronúncia da língua espanhola A pronúncia é o resultado de todo o processo da articulação e da percepção dos elementos interligados à fala: os segmentais (a pronúncia de vogais e consoan- tes) e os suprassegmentais (entonação e prosódia). Assim como acontece com o português brasileiro e o português europeu, o espanhol da América Latina também apresenta variações em relação ao espanhol europeu. Neste capítulo, vamos estudar as principais variações na pronúncia da língua espanhola de determinadas letras, como a pronúncia de “y” e “i”. Yeísmo É um tipo de variação da língua espanhola relacionado às consoantes ll, de lluvia, e à consoante y, de yo. Na Espanha, essa distinção se encontra na região as pregas vocais se mantêm afastadas e, no espaço entre os feixes, encontramos a glote, por onde o ar passa. Então, ao falar, movimentamos as cordas vocais, e a glote praticamente se fecha. Ao passar pela laringe, o som encontra duas opções: sair pela cavidade oral ou sair pela cavidade nasal. Assim, o órgão responsável por direcionar o ar para uma dessas cavidades é aquele que conhecemos popularmente como “sininho” na garganta, cientificamente chamado de úvula. Portanto, esse órgão direciona o som à cavidade oral. Todavia, quando a corrente de ar passa pela cavidade nasal, isto é, pelo nariz, o nosso véu palatino precisa estar baixo e afastado da faringe. Assim, é nos órgãos articuladores que vemos, de fato, o som dos fones. Acima da laringe (supraglóticas) está o local em que os articuladores operam. Ao produzirmos os sons consonantais, os órgãos articulatórios se movimentam, atingindo ou se apro- ximando de alguma outra parte da boca. Essa interação é classificada como ativa e passiva: quando um articulador toca outro, ele é denominado ativo; aquele que recebe a ação chama-se passivo. Na prática, os lábios e a língua são exemplos de articuladores ativos, enquanto os dentes e o palato são exemplos de articuladores passivos. 13Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 13 16/08/2018 14:29:45 norte de Castela. Na maior parte da chamada Hispano-América (Paraguai, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Equador e Peru), o yeísmo também é uma variação utilizada. Mas o que é yeísmo? Yeísmo é quando se pronuncia o ll (“elle”) do mesmo modo que a consoante y (“ye”), ou seja, com o som predominante “i”. No entanto, a consoante “y” no chamado yeísmo chiado, que veremos a seguir, também apresenta a variação da pronúncia igual à consoante “ll”. Arrollo Arroyo Callo Cayo Silla Siya Cabello Cabeyo Gallo Gayo Llamar Yamar Algumas gramáticas e estudos linguísticos também chamam atenção para a adequação no uso dessa variação. Desse modo, recomenda-se que os falantes evitem a pronúncia do “ll” com o som “li”, por exemplo, [kabálio] por caballo — o que muitosfalantes acreditam ser o fenômeno yeísmo. Além do yeísmo abordado, os países situados na zona do Rio da Prata (Argentina e Uruguai) apresentam o yeísmo chiado. Segundo Costa (2016, p. 22), o yeísmo chiado ou rehilamiento: [...] é descrito como ausência da lateral palatal /λ/, em contraste com /�/, per- mitindo, dessa forma, uma variação fonética chamada sheísmo. O sheísmo é um fenômeno fônico que apresenta um zumbido na realização do fonema /y/ (fricativo palatal sonoro) que, além de reduzi-lo a uma única unidade fônica, apresenta uma realização surda. Em estudos realizados por Zamora Vicente (1949), o rehilamiento é mais típico de Montevidéu, Buenos Aires e Rosário, especificamente. assim, o som de “ll” é grafado, no yeísmo rehilamiento ou sheísmo, como “CH”: caballo = “cabacho”. Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...14 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 14 16/08/2018 14:29:45 Seseo A variação chamada de seseo é a pronúncia das sequências “z”, “ce” e “ci” com o som de /s/. Essa variante é empregada em praticamente todos os países de fala espanhola. Os únicos países que produzem as consoantes “s” e “z” com distinção são Filipinas, Guiné Equatorial e Península Ibérica (regiões central e norte). Fonte: Adaptado de Seseo (2018). Palabra Con seseo Sin seseo zapato /sapáto/ /zapáto/ adición /adisión/ /adizión/ cazuela /kasuéla/ /kazuéla/ cocer /kosér/ /kozér/ decisión /desisión/ /desizión/ Mais variações � Nas terminações -ado, em quase todas as regiões da América Latina, é suprimida a letra “d”. Exemplo: comprado [kom’pra.o]. � Nas terminações -ada, -ido, -ida, a letra “d” também é suprimida, mas nas regiões do Caribe e no sul da Espanha e da América Latina. Exemplo: partido [pa’ti.o]. � A aspiração do s, quando posicionado no final da sílaba, ocorre de maneira geral no Caribe, no litoral pacífico da América Latina e na região do Rio da Prata. Exemplo: mismo [‘mih.mo]. � A supressão do t e do d finais corresponde à fala informal na maioria dos países de fala espanhola. Exemplo: bondad [bon’da]. 15Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 15 16/08/2018 14:29:45 Pratique os seus conhecimentos sobre a fonética do espanhol acessando o link ou o código a seguir. https://goo.gl/qRofwr 1. Quanto ao aparelho fonador, fazem parte do sistema articulatório os órgãos: a) língua, faringe, nariz, lábios e dentes. b) dentes, laringe, nariz, língua e pulmões. c) laringe, glote e cordas. d) traqueia, pulmões, brônquios e diafragma. e) nariz, lábios, dentes e úvula. 2. São exemplos de ditongos: a) reinar, caer, río. b) heroi, país, maíz. c) cuidar, bueno, pai. d) fuego, baúl, leí. e) cuerdas, reúne, día. 3. São características da entonação: a) variação na altura da voz, principalmente no tom, sobre um fonema ou uma sílaba. b) a continuidade do ar pela cavidade oral. c) uma curva entonacional que se inicia pelo intermédio. d) o sotaque utilizado pelos falantes em diferentes regiões. e) o modo como “ll” e “y” são pronunciados na Europa e na América Latina. 4. Qual alternativa apresenta um exemplo de entonação interrogativa parcial? a) ¿Está lloviendo hoy? b) ¿Quieres un café? c) ¿Dónde están mis carpetas amarillas? d) ¿Vas a estudiar por la noche? e) ¿Fuiste tu mi colega en la escuela? 5. São exemplos de palavras que sofrem variação em sua pronúncia: a) nuera, año, idad. b) calle, zapato, que. c) bondad, filosofía, español. d) zapallo, mismo, soledad. e) tele, libro, bolígrafo. Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...16 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 16 16/08/2018 14:29:46 ALARCOS LLORACH, E. Estudios de gramática funcional de español. Madrid: Gredos, 1984. BATTISTI, E. Fonologia. In: SCHWINDT, L. C. (Org.). Manual de linguística: fonologia, morfologia e sintaxe. Petrópolis: Vozes, 2014. COSTA, Z. G. Falsos cognatos: revisão da fundamentação teórica e proposta de novas abordagens práticas para sua aplicação nos processos de ensino-aprendizagem de ELE no Brasil. 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Disponível em: <https://www.soportugues.com.br/secoes/sint/ sint2.php>. Acesso em: 12 ago. 2018. VICIANO, V. M. Fonética espanhola para brasileiros: síntese. Revista de Gelne, v. 1, n. 1, 1999. Disponível em: <https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/viewFile/9294/6648>. Acesso em: 12 ago. 2018. Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...18 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 18 16/08/2018 14:29:46 DICA DO PROFESSOR Os problemas de pronúncia de um aprendiz de espanhol podem surgir em razão da falta de um som equivalente na língua materna ou pelo uso da correspondência entre fonema e letra do português. Dessa forma, observar e exercitar os fonemas da língua espanhola é uma forma de aprimorar o desempenho linguístico nesse idioma. Assista ao vídeo a seguir e verifique algumas questões importantes sobre pronúncia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: La percepción fonético-fonológica del fonema /t/ del español de Chile: un estudio sociofonético experimental Christina Haska, no artigo indicado, analisa um fonema no espanhol chileno. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Desarrollo fonológico-fonético en un grupo de niños entre 3 y 5, 11 años No artigo a seguir, você terá acesso a uma pesquisa sobre a aquisição e o desenvolvimento fonológico de crianças falantes de espanhol. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Tema 1: Los Fonemas del Español Veja a pronúncia de palavras espanholas no vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conteúdo: SINTAXE DA LÍNGUA ESPANHOLA Caracterização da sintaxe da língua espanhola APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! A língua é um código composto de unidades em que a competência comunicativa de seus falantes se baseia na boa organização dessas unidades; logo, para que as construções da língua sejam “bem formadas”, elas devem obedecer às leis constitutivas da gramática em questão. A sintaxe é o estudo da organização das palavras em unidades maiores e a organização dessas unidades em frases. Sendo assim, compreender a organização sintática da língua espanhola é um compromisso de todo o profissional que atua no ensino e na pesquisa. Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá o funcionamento da sintaxe no espanhol, pois isso auxiliará na compreensão dos fenômenos observados na estrutura da língua, com o objetivo de compreender melhor o seu sistema linguístico. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer as categorias gramaticais da língua espanhola.• Determinar o nível oracional da sintaxe espanhola.• Categorizar as funções sintáticas.• INFOGRÁFICO As categorias gramaticais, por mais que sejam eleitas pelos gramáticos, não são determinadas arbitrariamente. Os artigos cumprem a sua função de determinantes, os pronomes de substituidores e os adjetivos de caracterizadores. Estudar a classe dos adjetivos na língua espanhola se diferencia da língua portuguesa, pois qualquer palavra que esteja se referindo diretamente ao substantivo (que não seja o artigo) tem a função de adjetivo. CONTEÚDO DO LIVRO Desde, pelo menos, o Estruturalismo Linguístico, no século XX, entende-se que uma frase não é um mero aglomerado de palavras soltas, ligadas umas às outras, de maneira aleatória. A língua é formada pelo conjunto de regras e de leis combinatórias que permitem a construção de uma mensagem. São as leis sintáticas que autorizam ou não determinadas construções; sendo assim, estudar sintaxe representa estudar a estrutura interna da frase. O dicionário da Real Academia Española (RAE) apresenta a sintaxe como “Parte da gramática que estuda a maneira pela qual palavras e grupos se combinam para expressar significados, assim como as relações que são estabelecidas entre todas essas unidades." Portanto, no capítulo Caracterização da sintaxe espanhola, do livro Sintaxe da língua espanhola, que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá o funcionamento da sintaxe na língua espanhola, reconhecendo as suas categorias gramaticais e caracterizando as funções sintáticas. Boa leitura. Caracterização da sintaxe da língua espanhola Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer as categorias gramaticais da língua espanhola. � Determinar o nível oracional da sintaxe da língua espanhola. � Categorizar as funções sintáticas. Introdução Sabe-se que a língua é um código composto de unidades, e que seus falantes concretizam os seus atos de fala exercendo a sua competência co- municativa com base nessas unidades. No entanto, para que as construções da língua sejam “bem formadas”, elas devem obedecer às leis constitutivas da gramática em questão. O dicionário da Real Academia Española (2010) apresenta a sintaxe como “[...] parte da gramática que estuda a maneira pela qual palavras e grupos se combinam para expressar significados, assim como as relações que são estabelecidas entre todas essas unidades”. Em essência, a sintaxe é o estudo da organização das palavras em unidades maiores e a organização dessas unidades em frases. A orga- nização das orações não obedece apenas a relações de linearidade. As palavras, por exemplo, são organizadas de acordo com certas regras, que dizem respeito à ordem, às conexões explícitas e implícitas e à seleção que algumas palavras exercem umas sobre as outras. Essas relações atribuem à sentença uma estrutura interna. Como o gramático não tem acesso direto a essa estrutura interna, ele formula uma hipótese sobre isso: a sua descrição estrutural. Para designar os elementos de uma sentença, segundo Di Tullio (2005), precisamos de duas noções: construção e constituinte. A oração é uma construção que não é constituinte de uma construção maior; portanto, é a unidade máxima da sintaxe. Palavras, por outro lado, são constituintes que não são construções (embora possam ser construções morfológicas, a sintaxe não manipula a estrutura interna das palavras). As unidades intermediárias, por outro lado, são constituintes (das maiores construções em hierarquia) e construções (em relação aos elementos que a compõem). Neste capítulo, você vai compreender o funcionamento da sintaxe da língua espanhola, reconhecendo as suas categorias gramaticais, ana- lisando o nível das orações e categorizando as suas funções sintáticas. Dessa forma, você poderá compreender a relação que as unidades man- têm dentro da oração. Classes gramaticais e seu estudo sintático As palavras que usamos para nos expressarmos oralmente e por escrito têm características diferentes. Saber distinguir os tipos de palavras (categorias gramaticais) é muito importante para entender o funcionamento da linguagem. O termo categoria indica uma classe de entidades que compartilham algumas características relevantes. Assim, quando falamos em categoria sintática, estamos nos referindo a uma classe de unidades linguísticas (palavras ou sintagmas), que apresentam semelhanças em nível morfológico, sintático e semântico. Quando estabelecemos que certa unidade lexical pertence a uma categoria, estamos inscrevendo-a numa classe preexistente, cujas propriedades já estão defi nidas e cujos membros se comportam de forma regular e previsível. Uma das tarefas mais básicas de uma gramática é atribuir às palavras as várias classes reconhecidas. Essa classificação é um requisito indispensável para a formulação de regras, uma vez que elas não dizem respeito a palavras individuais, mas a classes. Para que essa classificação seja adequada, deve basear-se no comportamento gramatical das palavras: suas características morfológicas e seu funcionamento sintático. O Manual da Gramática da Real Academia Española (RAE) de 2010 divide o seu índice em questões gerais, morfologia e sintaxe. Na morfologia, estuda-se apenas o nível dos morfemas, enquanto na sintaxe estuda-se o nível do período, da oração, dos sintagmas e dos vocábulos. A prova disso é que a sintaxe se divide em três subgrupos: o primeiro chama-se “classe de palavras e seus grupos sintáticos”; o segundo, “as funções”; e o terceiro, “as construções sintáticas fundamentais”. A morfologia e a sintaxe, segundo Di Tullio (2005), compartilham a palavra como uma unidade. Na primeira, a análise se detém apenas à palavra e a sua estrutura interna; a segunda inicia na palavra. Em convergência a essa análise, a RAE afirma que “[...] a palavra constitui a unidade máxima de morfologia e Caracterização da sintaxe da língua espanhola34 a unidade mínima de sintaxe” (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 4). As palavras, pertencentes a determinada categoria ou classe, de acordo com as suas propriedades morfológicase sintáticas, formam grupos sintáticos: mi casa, por exemplo, é um grupo nominal e bebe leche, um grupo verbal. A morfologia trata da palavra como entidade única, formada por morfemas, e não analisa a relação que as palavras mantêm umas com as outras. Portanto, ao analisar as categorias gramaticais do espanhol, estaremos estudando a sintaxe da língua espanhola, e não a morfologia. Assim, ao fazer uma análise sintática na língua espanhola, deve-se perceber que qualquer relação sintagmática que possa existir entre os seus vocábulos, seja ela de classes de palavras ou de complemento verbal, será uma análise sintática. A estrutura dos constituintes identifica as unidades que compõem a oração e sua respectiva disposição hierárquica. Portanto, para identificar as unidades de determinada oração, é preciso estabelecer dois tipos de informação: a informação categorial e a informação funcional. A informação categorial se relaciona às diferentes classes (artigo, substantivo, ad- jetivo, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição) e subclasses (substantivos comuns e próprios, pronomes relativos, pronomes pessoais, verbos transitivos e intransitivos, etc.), que se distinguem de acordo com os diferentes tipos de propriedades compartilhadas. Os maiores constituintes na hierarquia sintagmática também podem ser classificados de acordo com a categoria de uma das palavras que compõem o núcleo: sintagma nominal (SN), sintagma adjetival (SA), sintagma verbal (SV), sintagma adverbial (SAdv) e sintagma preposicional (SP). A informação funcional especifica a função sintática de cada um dos constituintes: sujeito, predicado, objeto direto, circunstancial, etc. É importante ressaltar que as funções sintáticas são sempre definidas em termos relacionais. Por exemplo, veja a análise da seguinte oração: Mi hermana compró un libro nuevo en el aeropuerto. Não se pode falar de sujeito sem referência, mas pode-se referir a ele como “sujeito de certa oração”. Logo, mi hermana é uma função sintática considerada sujeito no exemplo dado acima, mas não em Saludé a mi hermana (em que “mi hermana” representa um objeto direto) ou Tengo orgullo de mi hermana (em que “mi hermana” tem a função de complemento de régimen). Enquanto a informação categorial não depende da construção em que está incluída, mas da categoria dos constituintes que a compõem, a informação funcional está intimamente ligada ao significado da oração. 35Caracterização da sintaxe da língua espanhola Unidades sintáticas: as classes de palavras As classes de palavras são paradigmas formados em função das suas propriedades combinatórias e das informações morfológicas que elas aceitam. As classes de palavras do espanhol são artigo, substantivo, adjetivo, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Segundo a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 11), enquanto há classes de palavras que carregam infor- mações gramaticais no seu léxico, há outras que têm seu signifi cado defi nido pela gramática, ou seja, pela relação sintática da oração em questão. A RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010) chama de clases trans- versales palavras que apresentam muita semelhança, mas com particularidades específicas, as quais classificam-se em diferentes grupos e, com isso, explicam vários aspectos de seu funcionamento e de seu significado. Por exemplo, os indefinidos, os numerais e os demonstrativos, quando modificam os subs- tantivos, são analisados como uma classe de adjetivos; entretanto, quando substituem os substantivos e executam as suas funções sintáticas, assumem o papel de pronomes. Portanto, cabe salientar que as classes de palavras são caracterizadas por assumir um papel sintático nas suas unidades. Os critérios de classificação Propriedades morfológicas As características morfológicas de cada classe constituem um critério ade- quado para classifi cação. Devemos reconhecer dois tipos de propriedades morfológicas: a) os preservadores da categoria, isto é, as propriedades de flexão; b) os modificadores de categoria, ou a derivação. Propriedades de flexão As classes são divididas em variáveis, ou seja, as que admitem algum tipo de fl exão, e invariáveis, isto é, não permitem fl exão. Os artigos, os adjetivos, os pronomes, os substantivos e os verbos são variáveis. As preposições, as conjunções, as interjeições e os advérbios são invariáveis. 1. A flexão nominal: os adjetivos sofrem flexão de gênero e número; os substantivos, de número (na maioria dos substantivos, o gênero é uma Caracterização da sintaxe da língua espanhola36 propriedade inerente). A flexão dos pronomes depende da subclasse, ou seja, os pessoais flexionam em caso, número e pessoa; os outros, em número e gênero — incluindo o neutro. 2. A flexão verbal: as características flexionais são divididas em dois grupos, que são os de concordância (número e pessoa) e aqueles que caracterizam a cláusula inteira (tempo e modo). Deve-se notar que, em qualquer caso, embora essas propriedades de fle- xão caracterizem a categoria como um todo, elas não são necessariamente verificadas em todos os seus membros. Alguns adjetivos são invariáveis em gênero. Há ainda pronomes que dependem da subclasse, como os pessoais, que têm número e pessoa, enquanto outros podem ser neutros, como nadie (ninguém). Da mesma forma, existem as formas não flexionadas do verbo (infinitivo, particípio e gerúndio). Esse é o motivo pelo qual temos de confiar principalmente em critérios sintáticos e incluí-los na categoria. Propriedades de derivação A derivação fornece marcas para diferenciar as classes. Alguns afi xos de- rivados são transcategoritivos: o prefi xo super pode ser adicionado a bases substantivas (superhombre), às adjetivas (superintendente) ou às verbais (superponer); o mesmo ocorre no caso de sufi xos apreciativos: substantivos, adjetivos e advérbios podem receber sufi xos diminutivos. Outros afi xos, por sua vez, são especializados: o prefi xo negativo in é adicionado apenas às bases adjetivas (in + feliz); o sufi xo ción permite formar substantivos de bases verbais, como intuir > intuición e deducir > dedución, e os sufi xos ez ou eza formam bases adjetivas (bello > belleza). Relações sintáticas: distribuição, combinações possíveis, restrições sintáticas, funções sintáticas Cada classe pode ser caracterizada pela estrutura interna do núcleo do seu sintagma e pelo seu potencial funcional, isto é, pelas funções que pode de- sempenhar na oração. Assim, o especifi cador de um substantivo é um de- terminante (que pode ser um adjetivo ou um artigo), enquanto o do adjetivo ou do advérbio é um advérbio de grau, e os pronomes assumem o papel de substituidores. Para as palavras invariáveis, é necessário recorrer a critérios sintáticos, fundamentalmente aos critérios distributivos, isto é, ao conjunto de posições em que podem aparecer. Os advérbios, as preposições e conjunções 37Caracterização da sintaxe da língua espanhola são diferenciados pela posição que ocupam, em relação aos constituintes que modifi cam ou aos que governam. Assim, as preposições distinguem-se das conjunções pela categoria do termo governado: geralmente, um nome no primeiro, uma oração no segundo. Além disso, as preposições também são caracterizadas por governarem o sintagma preposicional, quando o termo é um pronome pessoal: para mí, en sí mismo, por ti. Levando esses pontos em consideração, podemos estabelecer corretamente o valor das definições conceituais. O critério semântico não pode ser a base da classificação, quando se trata de atribuir as palavras de uma língua particular a classes específicas, uma vez que não há correspondência entre as classes de entidades extralinguísticas e as palavras. No entanto, em combinação com os critérios formais, a semântica pode ajudar a delimitar uma classe e estabelecer correspondências entre classes reconhecidas em diferentes idiomas que não compartilham as características formais. Da mesma forma,pode ser útil em função de seu valor pedagógico e heurístico. Por exemplo, embora não seja verdade que todos os substantivos denotem pessoas, coisas e lugares, já que existem substantivos que designam pro- priedades (decencia, belleza, blancura) e outras ações (lavado, rastrillaje, resolución), a verdade é que as palavras que designam pessoas, coisas e lugares são substantivos. A classificação e o seu caráter relativo Em relação à quantidade de classes de palavras, segundo Lenz (1920), ela depende da língua em questão e do ponto de vista que se toma para classifi car as palavras. Com efeito, embora a classifi cação tradicional forneça um valioso ponto de apoio, são os interesses do gramático e a sua concepção teórica que determinarão quais classes serão estabelecidas. As classes de palavras não são classes naturais, mas construções teóricas do gramático. O que distingue basicamente a posição atual em relação às anteriores, de acordo com Bosque (1991), é que a gramática é concebida não como um produto que já está acabado, mas como um sistema a ser descoberto e elaborado explicitamente, nos termos mais apropriados. Isso significa que, na medida em que for necessário, as classes antigas serão deixadas para propor outras, ou serão redefinidas para explicar os comportamentos que são significativos. Assim, por exemplo, a unidade da classe tradicional de adjetivos é atualmente questionada. Caracterização da sintaxe da língua espanhola38 A RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010), como visto anterior- mente, divide os adjetivos em duas subclasses: os adjetivos determinativos (demonstrativo, possessivo, indefinido, quantitativo) e os qualificadores. Ainda que todos modifiquem o substantivo, as diferenças entre os dois grupos são enormes, tanto do ponto de vista sintático, quanto do semântico. Por todas essas razões, os gramáticos mais atuais preferem atribuir cada grupo a uma classe diferente: a dos determinantes (juntamente com o artigo) e a dos adjetivos, em que os qualificadores constituem o grupo focal. De fato, é o gramático que decide, de acordo com a posição teórica que ele adotou e com a coerência de sua proposta, se divide a classe ou a preserva, com as subclassificações que julga mais convenientes. Por exemplo, segundo a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010), a língua espanhola possui nove classes de palavras, as quais podem ser variáveis e invariáveis. As variáveis são definidas da seguinte forma (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010): 1. Artículos (artigos): o artigo é um determinante que permite delimitar a deno- tação do grupo nominal do qual faz parte, assim como informa a sua referência. O artigo, portanto, especifica se o que foi designado por ele carrega consigo uma informação prévia ou não. Exemplos de artigos em espanhol: la (a), el (o), las (as), los (os), una (uma), unas (umas), un (um), unos (uns) e lo (artigo neutro). 2. Sustantivos (substantivos): o nome (ou substantivo) tem a característica de admitir gênero ou número. Ele denota entidades materiais ou imateriais, de toda natureza ou condição: pessoas, animais, coisas reais ou imaginá- rias, grupos, lugares, etc. Pode vir acompanhado de artigo ou de adjetivo. Exemplos de substantivos em espanhol: La mujer inteligente; El cantar de los pájaros. 3. Adjetivos (adjetivos): o adjetivo é uma classe de palavras que acompanha o substantivo destacando uma propriedade ou limitando a sua extensão. Existem dois grupos de adjetivos: os qualificativos, que expressam propriedades ou circunstâncias dos seres ou objetos nomeados pelo substantivo (día soleado, pareja feliz); e os determinativos, que limitam a extensão do substantivo (este año, varios amigos). Exemplos de adjetivos em espanhol: mi hermano mayor (mi – adjetivo determinativo, mayor – adjetivo qualificativo); esta calle ancha (esta – adjetivo determinativo, ancha – adjetivo qualificativo). 4. Pronombres (pronomes): o pronome tem como principal função a subs- tituição, seja ela de um substantivo, de um fato ou de uma das pessoas do discurso. Exemplos de pronomes em espanhol: Yo vi una ropa linda, la voy a comprar (yo substitui quem fala; La substitui una ropa linda). 5. Verbos: os verbos expressam ação, estado ou fenômenos da natureza. Existem formas simples, compostas, pessoais e impessoais. Exemplos de verbos em espanhol: tengo que cantar bien. 39Caracterização da sintaxe da língua espanhola As classes de palavras invariáveis, segundo a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010), são as seguintes: 6. Adverbios (advérbios): o advérbio é uma classe invariável que se caracteriza por dois fatores, um morfológico (pela ausência de flexão) e outro sintático (pela capacidade de estabelecer uma relação com grupos sintáticos corres- pondentes de diferentes categorias). Trata-se de termos circunstanciais que indicam tempo, modo, lugar, afirmação, negação, dúvida e quantidade. Além disso, modifica três classes gramaticais, como o verbo (Juan canta bien), o adjetivo (Ana es muy inteligente) e o próprio advérbio (Vivo muy lejos de acá). Exemplos de advérbios: muy (muito), bien (bem), lejos (longe). 7. Preposición (preposição): as preposições são palavras que se caracterizam por introduzir um complemento. Elas não possuem autonomia sintática, mas a sua função consiste em relacionar palavras dentro da oração. Exemplos de preposições: a, ante, bajo, con, contra, de, desde, durante, en, entre, hacia, hasta, mediante, por, para, según, sin, sobre, cabe, versus, vía, tras. 8. Conjunción (conjunção): as conjunções constituem uma classe de palavras que relacionam entre si palavras, grupos sintáticos ou orações; algumas vezes os equiparam, outras os hierarquizam e fazem com que uns dependam de outros. Exemplos de conjunções: Queremos estudiar y hacer gimnasia. Ana es inteligente, pero no estudia lo suficiente. Apenas termine la clase, nos vamos para casa. Na prática Os artículos formam uma classe gramatical que auxilia na determinação do grupo nominal do qual fazem parte. Esse grupo gramatical costuma ser classificado em determinados e indeterminados. Os determinados masculinos são el e los, e os femininos são la e las. Os indeterminados masculinos são un, uno, unos, e os femininos, una e unas. Você sabe como usar cada artigo na língua espanhola? Teste seus conhecimentos em um game de frases de grandes nomes da literatura de língua espanhola: Pablo Neruda, Eduardo Galeano e Gabriel García Márquez. Aponte para o QR code ou acesse o link https://goo.gl/Rp2d2v para ver o recurso. Caracterização da sintaxe da língua espanhola40 El piso está mojado, porque ha llovido hace poco. 9. Interjección (interjeição): trata-se de uma classe que se especializa na formação de enunciados exclamativos. Com a interjeição se expressam sen- timentos e impressões. Exemplos de interjeições: a. Enunciados exclamativos: ¡ay! ¡vaya! ¡uff!. b. Onomatopeias: Bang, jejejejeje, muac, guauguau, pío. c. Grupos e orações exclamativas: ¡Cuánto esfuerzo! ¡Mal asunto! ¡Muy bueno! Classes abertas mudam constantemente: novos membros são adicionados e outros são perdidos. Essa variação ocorre mesmo no nível individual — de acordo com a disponibilidade lexical do falante e da temática. Por outro lado, o número de membros de classes fechadas é severamente restrito. Ele praticamente não varia com o tempo e é conhecido e usado por todos os falantes, em todos os tipos de discurso. Nas classes abertas, vamos incluir principalmente as palavras de significado léxico: substantivos, adjetivos, verbos e advérbios terminados em mente. Nas classes fechadas, por outro lado, estão incluídas as palavras de significado fundamentalmente grama- tical: os determinantes, os pronomes, os verbos auxiliares, o resto dos advérbios, as preposições e as conjunções. Todavia, a maioria dos membros das classes fechadas na verdade têm um significado léxico: bajo (embaixo de), entre, durante; aunque, porque, mientras (enquanto). Na reali- dade, há poucas palavras que trabalham exclusivamentecomo marcas estruturais, sem significado: a, de, por. Além disso, enquanto apenas a classe de advérbios em mente é produtiva, os outros têm um claro significado lexical distintivo. Vemos, então, que a distinção entre classes abertas e fechadas não coincide, neces- sariamente, com a ideia existente entre palavras de significado lexical (ou “palavras completas”), que são classes abertas, e palavras de significado gramatical (ou “palavras vazias”), que são fechadas. A oração e as suas peculiaridades A sintaxe lida com as relações entre as palavras que formam uma frase. As palavras são organizadas de acordo com certas regras, que dizem respeito à ordem, a conexões explícitas e implícitas, à escolha que algumas palavras exercem sobre uma ou outra. Cada frase tem uma estrutura interna, de modo que a sintaxe estuda essa estrutura das orações, isto é, a combinação das palavras que a compõem. Assim, o campo de atuação da sintaxe representa o 41Caracterização da sintaxe da língua espanhola estudo das leis ou das regras que constituem as relações que podem ocorrer no eixo sintagmático da língua, ou seja, no eixo das combinações possíveis na cadeia horizontal de uma língua. Essas relações podem se formar entre palavras, gerando os sintagmas, e entre as relações que se realizam entre os sintagmas, gerando as frases. Segundo Mattoso Câmara Junior (1972, p. 162–166), no discurso, porém, não são as palavras — e muito menos os morfemas — as unidades verdadeiras. Comunicamo-nos uns com os outros por meio de frases, isto é, de segmentos de extensão variável, que encerram um propósito comunicativo definido. Será frase, portanto, qualquer palavra ou grupo de palavras suficiente para atender o objetivo do falante: estabelecer a comunicação. Por exemplo: a. El día está lindo. ¿Vamos a la playa? b. ¡Ay! ¡Por supuesto! Caso ¡Ay! e ¡Por supuesto! estivessem isoladas, não seriam consideradas frases; no entanto, nesse contexto, as duas são consideradas frases. Inclusive, a frase pode ter ou não ter verbo: quando não tem, chama-se frase nominal; quando tem verbo, chama-se oração. A oração é a unidade máxima a ser estudada na sintaxe; logo, é necessária uma definição geral dessa noção fundamental. De fato, a gramática tradicional, que não ofereceu uma definição geral de palavra, dedicou atenção considerável à definição da oração. Centenas de definições são acumuladas, com base em critérios variados e, como esperado, a semântica predomina, seja lógica, psicológica ou comunicativa. Por exemplo, segundo a Real Academia Española (1973), “[...] a oração é a menor unidade de sentido completo em si mesmo em que o discurso real é dividido”. Tais definições receberam numerosas críticas, visando à vinculação da gramática tradicional a noções intuitivas, e não estritamente gramaticais. A que contou com mais seguidores é a de “sentido completo”. Embora seja correto destacar o fator intuitivamente mais relevante, é bastante complexo especificar o seu escopo. Como definir o que é o “sentido completo”? Segundo Alonso e Henríquez Ureña (1938, p. 10), “[...] ter sentido em si mesmo ou sentido completo quer dizer declarar, desejar, perguntar ou mandar algo”. Assim concebido, o significado completo está relacionado aos atos de fala que podem ser realizados por meio de orações. A partir dessa perspectiva, a oração seria uma unidade comunicativa, um ponto de vista compartilhado pela terceira definição. Caracterização da sintaxe da língua espanhola42 O problema é que os limites de um ato de fala nem sempre coincidem com os da oração. A segunda definição apela, por sua vez, a um critério lógico. Embora orações declarativas usualmente expressem um julgamento, esse critério é inaplicável a orações interrogativas, imperativas e exclamativas, às quais, no entanto, não se poderia negar o caráter de oração. Como outras noções, Bloomfield (1964[1933]) propôs uma definição da oração em termos distributivos: “[...] uma oração é uma forma linguística independente, não incluída em virtude de qualquer construção gramatical, em qualquer forma linguística mais ampla”. O que caracteriza as orações é sua autonomia gramatical. Logo, todas as orações independentes serão orações. Praticamente qualquer sequência, desde que acompanhada por um traço de entonação, resultaria em uma oração. Nesse caso, o problema é que, se a gramática as incluir, ela deverá dar regras para construções que pouco compartilham, do ponto de vista de sua estrutura interna. De fato, Bloomfield (1964[1933]) precisava estabelecer uma distinção adicional entre orações completas e orações menores, como as expostas anteriormente; do contrário, seria impossível abarcar a enorme diversidade estrutural existente entre elas nas regras da gramática. Quais marcas estruturais nos permitem reconhecer essa independência? A marca mais óbvia é a entonação, isto é, as variações no tom de voz do falante, com padrões prosódicos com significado do tipo ofensivo, irônico, de decepção, que expressem alegria, entre outros. Dada a função delimitativa da entonação, cada oração corresponde a um próprio traço entonacional, que corresponde ao tom que o falante dá a determinada oração. No entanto, como o próprio Bloomfield (1964[1933]) observa, quando produzimos duas orações consecutivas, elas nem sempre são marcadas por suas respectivas figuras tonais, ou marcas na fala. Muitas vezes, elas englobam apenas uma, na qual se omite uma pausa intermediária; então, deveríamos reconhecer uma única oração em uma sequência como a do exemplo (b). O que todas as definições examinadas têm em comum é considerar a oração como uma unidade de comunicação, isto é, como a unidade na qual um texto pode ser dividido. Como tal, é definida em termos extragramaticais: semântico, pragmático e fonológico. Nesse sentido, a oração é uma unidade que corresponde à análise do discurso, e não à própria gramática. Assim consideradas, as sequências de (b) podem ser perfeitamente compreensíveis e efetivas como partes de um texto (uma conversação, uma canção ou uma letra), 43Caracterização da sintaxe da língua espanhola mas não permitem avançar em uma definição, em termos dos componentes necessários da oração em seu sentido gramatical. Se a oração é concebida, porém, como uma unidade estritamente gra- matical, o que é necessário é que ela seja caracterizada como uma unidade de construção, para a qual corresponde defini-la a partir de sua estrutura interna. Nesse segundo sentido, precisaremos identificar os constituintes que a compõem. Trata-se de uma construção predicativa: consiste em um sujeito e um predicado. Em seu caso típico, o núcleo do predicado é um verbo conjugado, isto é, apresenta a flexão de pessoa e número, de acordo com o sujeito, e de tempo e modo. Para diferenciar os dois sentidos, aplicamos ao último a denominação cláusula. De acordo com Di Tullio (2005), em termos funcionais, significa que toda cláusula é formada por um sujeito e um predicado. De fato, nossos gramáticos perceberam essa dualidade subjacente no conceito de oração. Por essa razão, muitas vezes ofereciam, além das definições baseadas em critérios semânticos, uma definição estritamente gramatical. Bello (1970[1847]) já reconhecia dois tipos de unidades: a pro- posição, definida por seus constituintes, ou o sujeito e o predicado (que ele chamou de atributo), e a oração. Dessa forma, cabe ressaltar que a definição de proposição — correspondente à nossa noção de cláusula — é baseada exclusivamente em sua estrutura interna, enquanto na oração se impõe um critério extragramatical. A oração e o discurso A gramática e a análise do discurso não se opõem, mas se complementam. Existem aspectos do discurso que dependem da organização de frases e ele- mentos que transcendem os limites das orações. No entanto, é importante não esquecer que a oração (em seu signifi cado gramatical) e o discurso são objetos inerentemente diferentes. Somente dentro da estrutura da oraçãopodem ser formuladas regras que diferenciem claramente as sequências bem formadas das não gramaticais. No discurso existem regularidades de natureza estatística, dependentes, em geral, de fatores pragmáticos. A presença de mecanismos formais coesos não garante a coerência de um discurso. Isso pode ser coerente mesmo quando nenhum desses recursos formais aparece; inversamente, mesmo quando todos eles são usados, o texto resultante pode ser incoerente. Caracterização da sintaxe da língua espanhola44 Já em relação à gramática, para que uma oração seja gramatical, basta cumprir as regras da gramática. Assim, por exemplo, a concordância entre sujeito e verbo em número e pessoa é uma condição necessária para que uma oração seja gramatical; se a regra for violada, a sequência inevitavelmente será malformada. Dessa forma, é importante perceber que, para que o discurso ocorra, a oração deve estar bem formada. Assim, a sintaxe está em um nível mais profundo que a análise do discurso. Classificação das orações De acordo com a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010), tradicio- nalmente as orações são divididas de acordo com três critérios: atitude do falante, natureza de seu predicado e dependência ou independência em relação a outras unidades. a) A atitude do falante: a expressão da atitude do falante (modus) é chamada de modalidade em relação ao conteúdo das mensagens. Ge- ralmente ocorrem dois tipos de modalidade: a da enunciação e a do enunciado. A enunciação representa as diferentes maneiras como os atos de fala são realizados, ou seja, analisa a intenção do falante. Com esse critério, diferenciam-se as orações declarativas, como “está nevando”, das orações interrogativas, como ¿Qué pasa?. b) A natureza do seu predicado: de acordo com a natureza do predicado, podemos dividir as orações em transitivas (Llamé a Carlos), intransitivas (Mi primo salió temprano) e copulativas (El día está lindo). c) A dependência ou independência em relação a outras unidades: orações simples não contêm outras que ocupem seus argumentos ou modifiquem seus componentes; por outro lado, as orações subordinadas dependem de alguma outra categoria, a qual elas complementam ou modificam. A oração subordinada é inserida ou incorporada à principal. A oração principal em Carlos dijo [que no quería ir a la fiesta], por exemplo, não é o segmento Carlos dijo (que não constitui uma oração por si só, já que é incompleta), mas toda a sequência em itálico. O que está entre colchetes é a oração subordinada, que é interpretada como parte da oração principal. Chama-se oração composta aquela que contém uma ou mais orações subordinadas. 45Caracterização da sintaxe da língua espanhola Funções sintáticas: uma relação básica As classes de palavras e as funções sintáticas mantêm relações que auxiliam a interpretação semântica de determinada oração. Segundo a RAE (REAL ACA- DEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 15), por mais que as funções dependam da posição que as palavras ocupam, é importante também analisar outras marcas ou expoentes sintáticos. Portanto, a frase Saldrá el martes admite mais de uma interpretação. Por exemplo, se el martes designar a entidade que se diz estar saindo, será o sujeito do verbo saldrá; no entanto, se a oração informar que determinada pessoa não especifi cada chegará naquele dia, el martes será um complemento circunstancial. Normalmente, segundo a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010), três classes de funções são diferenciadas: sintática, semântica e informativa. As funções sintáticas (como sujeito) são estabelecidas a partir de marcas ou índices formais — como o número e a concordância de pessoa — e a posição sintática. As funções semânticas (como agente) especificam a interpretação semântica que deve ser dada a certos segmentos, de acordo com o predicado do qual eles dependem. Assim, um sujeito pode ser um agente — quem faz a ação, como em Javier abrió la puerta — ou pode não ser, como em Su hermana se llamaba Carlota. As funções informativas referem-se à parte informacional da sentença (isto é, à separação entre o que é conhecido e o que é apresentado como novo). A contribuição de cada fragmento da mensagem depende em grande parte do discurso anterior e de seu papel na articulação do texto, mas, ao contrário dos outros dois tipos de funções, não é determinado pelo significado dos elementos lexicais. Predicados e argumentos Semanticamente, cada oração contém uma expressão predicativa e um ou mais argumentos. Os argumentos são, em geral, expressões referenciais que permitem identifi car entidades do mundo extralinguístico. O predicado atribui uma propriedade a um argumento ou descreve o relacionamento entre os argumentos, isto é, ele determina quantos e quais argumentos são necessários. O conceito de predicado, retirado da lógica, designa a expressão gramatical cujo conteúdo é atribuído ao referente do sujeito, por exemplo: El maestro explicaba la lección a los alumnos. (predicado) Caracterização da sintaxe da língua espanhola46 Segundo Gómez Torrego (2005, p. 272–273), costumam-se distinguir dois tipos de predicado: o verbal e o nominal. Os predicados nominais são representados pelos verbos copulativos, que em português são conhecidos como verbos de ligação: os verbos ser e estar. Por exemplo: Está frío. Es invierno. Os predicados verbais são todos aqueles que não possuem verbos copu- lativos, e sim verbos com carga semântica plena, os quais podem aparecer sozinhos ou com complementos. Por exemplo: Juan ha salido. María compró cinco libros. As funções sintáticas e as suas marcas De acordo com a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 16): [...] as funções sintáticas representam as formas pelas quais as relações que expressam os argumentos são manifestadas. Cada função sintática é caracterizada pela presença de diferentes marcas ou expoentes gramaticais, tais como concordância, posição, presença de preposições e, por vezes, entonação. Marcas de função são os índices formais que permitem que sejam reconhecidos. Na sequência, veremos as principais funções sintáticas da língua espanhola. Sujeito Toda oração ou cláusula possui dois componentes fundamentais: o sujeito e o predicado. Segundo Gómez Torrego (2005), ambos estão no mesmo nível sintático e têm uma relação de interdependência. O sujeito assume o seu papel sintático em função do predicado, e o predicado se justifi ca porque há um sujeito — embora em algumas ocasiões o sujeito possa ser nulo ou estar oculto. Para a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 1973, p. 350), a noção de sujeito assume outra defi nição bastante repetida em nossa tradição gramatical: “[...] o sujeito é a pessoa ou coisa da qual falamos algo”. 47Caracterização da sintaxe da língua espanhola Como já exposto, para classificarmos o sujeito, é necessário que saibamos identificá-lo. Dessa forma, segundo Di Tullio (2005), o sujeito pode ser clas- sificado de acordo com as marcas apresentadas a seguir. Ponto de vista categorial O sujeito é um sintagma nominal (SN), cujo núcleo pode ser um substantivo comum, nome próprio ou pronome. Em alguns casos, pode ser também uma cláusula ou oração subordinada. La mujer rubia salió temprano. (substantivo comum) Neymar Jr. está más conocido que Pelé. (nome próprio) ¿Ella ha llegado retrasada? (pronome) Quien dijo eso es un torpe. (oração subordinada) Ponto de vista verbal A marca estrutural que permite identifi car mais claramente o assunto gramatical é a concordância com o verbo nas características fl exionais do número e da pessoa. Qualquer variação nessas propriedades fl exionais afetará necessaria- mente o verbo e defi nirá, automaticamente, o sujeito. A Roberta se le ocurrió una idea. (sujeito: una idea) A nosotros se nos ocurrió una idea. (sujeito: una idea) A Roberta se le ocurrieron varias ideas. (sujeito: varias ideas) A rica flexão do verbo espanhol possibilita que o sujeito não seja explícito, isto é, que ele seja oculto. Desse modo, é possível identificar o sujeito,apesar de ele não ser expresso, em função das propriedades flexionais do verbo. Saliste temprano. (sujeito não explícito) Ao contrário do inglês ou do francês, que requerem um sujeito explícito, o espanhol é uma língua que, em alguns casos, aceita sujeito nulo. Logo, é possível identificar a inexistência de sujeito, em função das propriedades flexionais do verbo. Salió temprano. (sujeito inexistente) Caracterização da sintaxe da língua espanhola48 Complementos direto e indireto O objeto direto — ou complemento direto — é defi nido pela RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 1973, p. 371) como: [...] a palavra que define o significado do verbo transitivo, e denota ao mes- mo tempo o objeto (pessoa, animal ou coisa) no qual representa uma ação expressa pelo próprio verbo. Este complemento é chamado de direto porque nele a ação do verbo é cumprida e terminada, e ambos formam uma unidade sintática “verbo + objeto direto”. Já para a RAE de versão mais recente (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 565): [...] o objeto direto ou objeto direto é uma função sintática que corresponde a um argumento dependente de verbo. Forma com ele (e às vezes com outras unidades) um grupo verbal e fornece a informação necessária para conformar a unidade de pregação que o verbo constitui. Nessa definição, o objeto direto é identificado pelo papel temático do paciente afetado. O objeto direto também pode ser um objeto criado pela ação do verbo (objeto efetuado: María pintó un cuadro), que não tem exis- tência prévia (como o paciente ou objeto afetado: María pintó la pared) ou um estímulo ligado a uma percepção ou um estado psicológico (Luisa oyó el disparo; Manuel adora la música rock). Em contraste, o objeto direto nunca pode ser um agente. Como o sujeito, segundo Di Tullio (2005), o objeto direto pode ser classi- ficado de acordo com as seguintes marcas: a) O objeto direto é um SN determinado por um SV. b) Quando o objeto direto é uma pessoa, ele vem precedido da preposição a. Vi a Juan. c) Pode ser substituído pelos clíticos acusativos: me, te, lo, la, nos, os, los, las. Ayer vi a Juan y lo invité a cenar. 49Caracterização da sintaxe da língua espanhola Segundo a RAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010, p. 672), o com- plemento indireto ou objeto indireto é chamado de função sintática realizada por pronomes átonos dativos, bem como grupos preposicionais liderados por uma preposição que pode ser substituída por um pronome dativo. Enquanto o clítico acusativo de 3º pessoa (la, los, las) substitui o objeto direto, o dativo (le, les), por outro lado, cumpre funções mais variadas. Por exemplo, existem as chamadas construcciones de doblado (literalmente, construções dobradas) ou duplicación (duplicação) do pronome átono, como em Al Rey le han gustado las capillas que ha visto (caso de duplicação). Cabe esclarecer que não se compreende que o verbo tenha dois comple- mentos indiretos, mas que um reproduz o outro, ou que ambos formam um segmento descontínuo. Do ponto de vista semântico, os complementos indiretos designam o receptor, o experienciador, o beneficiário e outros participantes em uma ação, um processo ou uma situação. Predicativo Como vimos anteriormente, os predicados semânticos pertencem a diferentes categorias, podendo ser verbais ou nominais. Caso a referência se dê a predica- dos nominais, com os verbos ser, estar ou outros similares, teremos a presença de predicativos subjetivos obrigatórios. Se eles aparecem com outros verbos, que têm seu próprio conteúdo semântico, eles serão predicados secundários que modifi cam o principal — predicados subjetivos que não são obrigatórios. Os verbos copulativos (de ligação) vão acompanhados por predicativos obrigatórios, como em: Juan es celoso. María parece cansada. Mis hijas están de buen humor. Juan es un médico prestigioso. Todas essas as cláusulas/orações consistem em um elemento predicativo, pois possuem verbos copulativos. Nos exemplos seguintes, por outro lado, existem dois precedentes: um primário (aquele do verbo conjugado) e um secundário (aquele do predicado não obrigatório), que é orientado para o sujeito da cláusula/oração. Juan llegó cansado. María lo miraba impasible. Caracterização da sintaxe da língua espanhola50 O predicativo não necessariamente se refere apenas ao sujeito. Ele também pode se referir ao objeto direto, como nos seguintes exemplos: Considero interesante tu propuesta. Nombraron a Pedro director de orquesta. Te veo muy bien. Complementos preposicionais Há complementos na sintaxe da língua espanhola que não são complementos de transitividade direta ou indireta, mas que são importantes para o entendi- mento total da oração. Complemento de régimen Os complementos de régimen não podem ser substituídos ou duplicados por pronomes, nem concordar com o sujeito ou com o objeto. Nenhum dos dois pode ser substituído por advérbios, como uma grande parte dos circunstanciais. Nós os distinguimos porque a preposição que os encabeça é selecionada pelo verbo — é governada por ele. Eles correspondem a argumentos selecionados pelo verbo, mesmo quando, do ponto de vista semântico, cobrem noções bastante diferentes: El disertante abusó de la paciencia del público. El Ministro siempre insiste en sus supuestos logros. El argumento de la defensa se basa en la falta de seguridad de los ciudadanos. Complemento agente Um complemento especial é o do agente, que aparece em frases passivas, encabeçadas pela preposição por, e corresponde ao sujeito das orações ativas. Ele pode ser omitido, apesar de ser considerado complemento, em função de sua relação sistemática com um dos argumentos selecionados pelo verbo. La noticia fue difundida por la agencia EFE. El libro aún no fue devuelto por el profesor. Los delincuentes fueron identificados por algunos vecinos. 51Caracterização da sintaxe da língua espanhola Os adjuntos ou complementos circunstanciais Existem complementos que especifi cam circunstâncias — tempo, lugar, em- presa, instrumento, quantidade, modo, propósito e causa — que acompanham os verbos. Esses complementos são conhecidos como adjuntos, ou complementos circunstanciais. Salir por las mañanas. Construir una casa en el campo. Estudiar con mis hermanas. Cantar con voluntad. Ahorrar para viajar. ALONSO, A.; HENRÍQUEZ UREÑA, P. Gramática castellana. Buenos Aires: Losada, 1938. BELLO, A. Gramática de la lengua castellana. Buenos Aires: Sopena, 1970. Originalmente publicado em 1847. BLOOMFIELD, L. Lenguaje. Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos, 1964. Originalmente publicado em 1933. BOSQUE, I. Las categorías gramaticales. Madrid: Síntesis, 1991. CAMARA JUNIOR, J. M. Princípios de linguística geral. Rio de Janeiro: Livraria Acadê- mica, 1972. DI TULLIO, Á. Manual de gramática del español. Buenos Aires: La Isla de Luna, 2005. GÓMEZ TORREGO, L. Gramática didáctica del español. São Paulo: SM, 2005. LENZ, R. La oración y sus partes. Madrid: Centro de Estudios Históricos, 1920. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Esbozo de una nueva gramática de la lengua española. Madrid: Espasa-Calpe, 1973. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española: manual. Madrid: Espasa, 2010. Caracterização da sintaxe da língua espanhola52 DICA DO PROFESSOR Compreender o funcionamento dos pronomes na lingua espanhola é uma necessidade básica para o estudioso da área. Assim, a Dica do Professor traz, de forma mais esclarecedora, quais são os pronomes no espanhol. Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Las clases de palabras Neste material, você verá um pouco mais sobre as classes de palavras em espanhol. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Sintaxis del adjetivo español: orientación didáctica Neste artigo, Alberto Millán Chivite traz a sintaxe dos adjetivos em espanhol. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!Introducción a la sintaxis Este vídeo traz uma introdução à sintaxe da língua espanhola. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais APRESENTAÇÃO No decorrer dos estudos para aprendizagem do espanhol como língua estrangeira, é fundamental que você conheça as formas de combinação de vogais e consoantes no idioma. Para isso, é preciso ter em conta que as vogais – a, e, i, o, u – se diferem das consoantes porque não apresentam nenhuma barreira que interrompa a saída do ar durante a pronunciação e são classificadas em abertas (a, e, o) e fechadas (i, u). Além disso, é necessário lembrar, também, que as vogais que você pronuncia com mais intensidade são chamadas vogais tônicas, e as de menor intensidade são chamadas vogais átonas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará as combinações vocálicas – diptongo, triptongo, hiato e sinalefa – e as combinações dos grupos consonántes em espanhol, assim como suas implicações na pronunciação. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar ditongos, tritongos, hiatos e sinalefas em espanhol.• Reconhecer os dígrafos existentes em espanhol.• Identificar os grupos consonantais e suas particularidades na pronúncia do espanhol.• INFOGRÁFICO Em espanhol, a combinação dos fonemas pode ocorrer de três formas possíveis: entre vogais, entre consoantes e vogais e entre consoantes diferentes. As combinações entre vogais, também chamadas de sequências vocálicas, são classificadas em diptongos, triptongos, hiatos e sinalefas, de acordo com a forma como se sequenciam nas palavras e, também, com a tonicidade que adquirem. Os dígrafos combinam duas letras para representar um som (fonema), que não corresponde ao de nenhuma letra isolada do alfabeto do espanhol. São considerados uma categoria intermediária, pois as combinações de fonemas são variadas: entre consoantes iguais, entre consoantes diferentes e até entre consoantes e vogais. Já as combinações entre consoantes são chamadas de grupos consonánticos. Estes grupos representam a junção de fonemas consonantais diferentes para, a partir da união de sons distintos, representar um novo som. No infográfico a seguir, você visualizará como ocorrem os encontros vocálicos em uma mesma sílaba em espanhol: os diptongos e os triptongos. CONTEÚDO DO LIVRO Conhecer as combinações entre vogais e consoantes do espanhol permitirá que você desenvolva adequadamente as habilidades de escrita e de fala, para que as situações de comunicação fluam de modo efetivo e objetivo. No capítulo Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais, da obra Fonética e fonologia do espanhol, você aprenderá as regras gramaticais e fonéticas dos encontros vocálicos (diptongos, triptongos, hiatos e sinalefas), dos dígrafos e dos encontros consonantais característicos desse idioma. Boa leitura. Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Categorizar e diferenciar ditongos, tritongos, hiatos e sinalefas em espanhol. � Reconhecer os dígrafos existentes em espanhol. � Identificar os grupos consonantais e as suas particularidades na pro- núncia do espanhol. Introdução Ao longo dos estudos para a aquisição do espanhol como língua estran- geira, é importante conhecer as combinações possíveis entre vogais e consoantes. A partir delas, você consegue desenvolver as suas habilidades de escrita e de fala de modo adequado e, consequentemente, passa a ser efetivamente compreendido. Para isso, é importante lembrar que as vogais (a, e, i, o, u) se diferem das consoantes porque não apresentam nenhuma barreira que interrompa a saída do ar durante a pronunciação. Neste capítulo, você vai estudar as combinações vocálicas — ditongo, tritongo, hiato e sinalefa — e as combinações consonantais em espanhol, assim como as suas implicações na pronúncia. Categorização dos ditongos, tritongos, hiatos e sinalefas em espanhol Em espanhol, as sequências vocálicas são classifi cadas em ditongos, tritongos, hiatos e sinalefas, de acordo com o modo como se combinam e com a tonici- dade que adquirem no contexto das palavras. Do ponto de vista fonético, as vogais se classifi cam em abertas (a, e, o) e fechadas (i, u). Além disso, aquelas vogais que você pronuncia com mais intensidade são chamadas de vogais tônicas, e aquelas que você pronuncia com menor intensidade são chamadas de vogais átonas. Observe o Quadro 1. Vogais abertas Vogais fechadas A – E – O I - U Quadro 1. Vogais Ditongo A sequência de duas vogais diferentes que se pronunciam em uma mesma sílaba confi gura um ditongo na língua espanhola (ou diptongo, em espanhol). Você pode ver exemplos de ditongos em diurno, viento, muy, cohibir. A letra y, chamada de “i griega” ou ye, é considerada vogal em contextos em que tem som de i, como em muy. A letra h não infl uencia nas sequências vocálicas, pois não representa nenhum fonema, como em cohibir. No espanhol, os ditongos são classificados em crescentes, decrescentes e homogêneos. Nas situações em que a primeira vogal que aparece é fechada (i, u), seguida por uma vogal aberta (a, e, o), como em diario e fuego, tem-se o ditongo crescente (ou diptongo cresciente em espanhol). Quando a ordem é a inversa, ou seja, a primeira vogal é aberta e a segunda é fechada, como em pausa e reina, tem-se o ditongo decrescente (ou diptongo descresciente em espanhol). Por último, quando há duas vogais fechadas diferentes na mesma sílaba, ou seja, quando se têm as sequências iu ou ui, (como em ciudad e ruido, chamamos este de ditongo homogêneo (ou diptongo homogeneo em espanhol). Os ditongos são acentuados ou não de acordo com as regras gramaticais de acentuação do espanhol. Como exemplo, você pode notar que o ditongo pasión é acentuado, pois, de acordo com as regras do idioma, toda palavra oxítona (em espanhol, diz-se aguda) terminada em -n ou -s recebe acento. Já o ditongo viernes não recebe acento, porque, segundo as regras, todas as paroxítonas (em espanhol, llanas) terminadas em -n ou -s não são acentuadas. Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais2 Tritongo A sequência de três vogais em uma mesma sílaba confi gura um tritongo (ou triptongo em espanhol), como em averiguáis e apreciéis. Nesse idioma, para que a sequência de vogais seja considerada um tritongo, deve ocorrer a seguinte combinação: a primeira vogal fechada, a segunda vogal aberta e a terceira vogal fechada. Em resumo, as vogais abertas sempre deverão estar no meio de duas vogais fechadas, como em confiéis, apreciáis e Uruguay. Entretanto, há situações em que, mesmo com uma sequência de três vogais, não ocorre tritongo, e sim a junção de um ditongo e um hiato (separação de vogais), ou vice-versa. Isso acontece porque, na separação de sílabas, uma das vogais do trio fica separada: comíais > co – mí -ais rompíais > rom – pí – ais semiautomático > se – mi – au – to – má – ti – co Os tritongos podem ou não ser acentuados, segundo as regras do espanhol. Por exemplo, o tritongo Paraguay não recebe acento, já que as oxítonas levam acento apenas quando terminadas nas consoantes -n ou -s. Já o tritongo apreciáis se enquadra nessa regra, ou seja, é acentuado porque é uma oxítona e termina em -s. Hiato A sequência de vogais — iguais ou diferentes — pronunciadas em sílabas diferentes é amplamente conhecida na língua espanhola como um hiato, ainda que alguns estudiosos a nomeiem como adiptongo. Em espanhol, considera-se hiato a combinação de vogal aberta (a, e, o) átona e vogal fechada (i, u) tônica, como em reír, transeúnte e país (estes sempre serão acentuados). Também ocorre quando essa ordem se inverte, ou seja, quando a combinação se dá entre uma vogal fechada tônica e uma vogal aberta átona, como nos exemplos María, vacío e dúo (estes também serão sempreacentuados). Há hiato também nas combinações de vogais iguais, sejam elas duas abertas ou duas fechadas: zoológico, poseer, azahar, chiita. Por último, há hiato nas combinações de vogais abertas diferentes, como em poeta, caer e golpear. Nesses dois últimos casos, os hiatos serão acentuados ou não de acordo com as regras de acentuação do idioma. Por exemplo, o hiato sean não recebe acento, porque as paroxítonas terminadas em -n ou -s não são acentuadas. Já o hiato bebió recebe acento, pois todas as oxítonas terminadas em vogal são acentuadas. 3Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais Sinalefa A sequência de vogais oriundas das vogais fi nais de uma palavra e das vogais iniciais da palavra seguinte, quando unidas em uma mesma sílaba na pronun- ciação, confi gura uma sinalefa: Aprenda a hablar > *Aprend(a)blar Tu ojo > *T(uo)jo. Em espanhol, segundo Navarro Tomás (1968), a sinalefa possui efeitos fonéticos (na fala) e métricos (na versificação em poesia), pois formam-se por esse fenômeno ditongos de estilo, sem levar necessariamente em conta as regras gramaticais de formação de ditongos. Por exemplo, na sinalefa La orden > l(ao)rden, há uma ditongação chamada de imprópria, uma vez que ela é formada por duas vogais abertas. Em uma única palavra, você pode encontrar no máximo três combinações de vogais — o chamado tritongo. Entretanto, nas sinalefas, você pode encontrar grupos vocálicos superiores a três vogais: Corrió a esperarlo > *Corr(ioae)sperarlo Envidio a Eusebio > *Envid(ioaeu)sebio. Fonética é a parte da gramática que estuda os mecanismos de produção, transmissão e percepção do sinal sonoro que constitui a fala. Fonema é a menor unidade sonora na pronunciação das palavras capaz de distinguir significados (Real Academia Española, c2018, documento on-line). Os dígrafos em espanhol Os dígrafos são combinações de duas letras para representar um som. Em espanhol, há cinco tipos de dígrafos: ch, ll, gu, qu e rr. Exemplos dessas combinações podem ser vistos nas palavras leche, calle, guerra, queso e arriba. Os dígrafos não fazem parte do alfabeto da língua espanhola, somente as letras que os compõem individualmente. Entretanto, é comum surgirem dúvidas Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais4 se os dígrafos ch e ll integram ou não o alfabeto. De fato, como esclarece Fanjul (2014), esses dois dígrafos se inseriam no alfabeto em sequência às letras c e l. Contudo, desde a última reforma ortográfica da língua espanhola, em 2010, eles deixaram de ser considerados como letras para integrar a categoria de dígrafos. Cada dígrafo representa um som distinto na língua espanhola, que não é contemplado por nenhuma das 27 letras do alfabeto desse idioma. Ao longo das transformações do latim até a origem do espanhol, vários sons (ou fonemas) foram se perdendo, e outros foram surgindo. Daí vem a necessidade de adaptar os dígrafos latinos herdados ou criar novos, de forma a representar sons que não são contemplados isoladamente pelas letras do alfabeto espanhol. É importante que você lembre que, no momento de realizar a separação silábica de uma palavra com dígrafo, as duas letras que o compõem deverão permanecer juntas na mesma sílaba: muchacho > mu – cha – cho guerrilla > gue – rri – lla toque > to – que De acordo com a terminologia própria da fonética (MILANI, 2006), o dígrafo ch representa o fonema fricativo palatal surdo — algo como o tch do português. Alguns exemplos de palavras com esse som são chancla, chantajear e fecha. O dígrafo ll, chamado de elle ou doble ele, representa, em princípio, o fonema lateral palatal sonoro, semelhante ao lh do português. Você pode ver exemplos desse som em palavras como pollo, llanto e caballo. Contudo, esse dígrafo apresenta importantes casos de variação linguística (diferentes pronúncias de acordo com a região do falante). Por exemplo, o yeísmo — fenô- meno linguístico que consiste em pronunciar de modo idêntico o y e o dígrafo ll (llanto > yanto, calle > caye, detalle > detaye) — é comum em algumas regiões da Espanha e em alguns países da América Latina. Há também o chamado yeísmo rehilado (também conhecido de sheísmo). Nesse fenômeno linguístico, além de o falante não diferenciar o som do y e o do dígrafo ll, também articula esses fonemas com uma fricção (rehilado), como ocorre na Argentina e no Uruguai (llanto > shanto, calle > cashe, detalle > detashe). Já o dígrafo rr, chamado de erre, representa o fonema vibrante alveolar sonoro, isto é, a vibração múltipla da consoante r. Ele é usado sempre em posição intervocálica, como em hierro, perro e erradicar. Os dígrafos gu e qu apresentam algumas semelhanças. O gu é empregado antes das vogais e e i e representa o fonema oclusivo velar sonoro, ou seja, 5Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais caracteriza a suavidade fonética na pronúncia — assim como ocorre em português (por exemplo, em aluguel). Mais especificamente, a vogal u é muda nesse dígrafo, mas sem ela a pronúncia remete à consoante j da língua espanhola (equivalente ao som da consoante r em português). Note a diferença entre palavras com o dígrafo gu e com o uso isolado da consoante g antes das vogais e e i: guerra – gente, guitarra – gitana. De modo semelhante, no dígrafo qu a vogal u não é pronunciada. Essa combinação é utilizada para indicar um fonema oclusivo /ka/ e /ki/ antes das vogais e e i, como em querer, querubín, quimera e quince. Assim como em português, não existe o uso isolado da letra q, isto é, essa consoante sempre virá acompanhada da vogal u. Em português, o sinal diacrítico conhecido como trema (¨), usado nos dígrafos qu e gu, está abolido desde 31 de dezembro de 2015, quando chegou ao fim o prazo para a adaptação às inovações determinadas pelo Decreto nº. 6.583/2008, que definiu o último Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Em espanhol, esse sinal diacrítico, chamado de diéresis ou crema, atualmente tem um uso muito específico: somente sobre a vogal u no dígrafo gu, para indicar que a vogal deve ser pronunciada. Segundo o linguista espanhol Salvador Gutiérrez Ordóñez, “Algunos poetas la emplean en sus versos para romper un diptongo y separar de ese modo en dos sílabas lo que en principio era una. Es un uso por razones de métrica […]” (VELASCO, 2017, documento on-line). Grupos consonantais e as suas particularidades na pronúncia do espanhol Um grupo consonantal refere-se à combinação de duas ou mais consoantes diferentes para, a partir de sons distintos, representar um som novo. Em espanhol, esse fenômeno linguístico é chamado de grupos consonánticos. Na primeira categoria desses grupos, as consoantes permanecem juntas na divisão silábica. A essa categoria, da qual fazem parte os exemplos mais comuns no idioma, pertencem os grupos bl, br, cl, cr, dr, fl, fr, gl, gr, pl, pr, tl, tr e ns. Há ainda outra categoria de grupos consonantais, em que as consoantes ficam separadas na divisão silábica. Os grupos representantes dessa categoria, menos comuns no idioma, são xp, cc, ct, sp, st, nr, sm, mb e mp. O Quadro 2 apresenta exemplos dessas duas categorias. Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais6 Grupos consonantais que permanecem unidos Exemplos bl tabla (ta – bla), ablandar (a – blan – dar) br brazo (bra – zo), broma (bro – ma) cl clase (cla – se), clero (cle – ro) cr cráneo (crá – neo), crema (cre – ma) dr dragón (dra – gón), drenar (dre – nar) fl flaco (fla – co), flexión (fle – xión) fr fraternal (fra – ter – nal), fresa (fre – sa) gl glacial (gla – ci – al), global (glo – bal) gr granulado (gra – nu – la – do), grotesco (gro – tes – co) pl plata (pla – ta), pluma (plu – ma) pr preparar (pre – pa – rar), prado (pra – do) tl atleta (a – tle – ta), Atlántico (A – tlán – ti – co) tr trabajar (tra – ba – jar), trenza (tren – za) ns construcción (cons – truc – ción), institución (ins – ti – tu – ción) Grupos consonantais que se separamExemplos xp explotar (ex – plo – tar), exponer (ex – po – ner) cc atracción (a – trac – ción), acceder (ac – ce – der) ct actor (ac – tor), afecto (a – fec – to) sp áspero (ás – pe – ro), despacho (des – pa – cho) st estoquear (es – to – que -ar), pista (pis – ta) nr desenraizar (de – sen – ra – i – zar), enrijecer (en – ri – je – cer) sm asma (as – ma), abismo (a – bis – mo) mb timbre (tim – bre), temblar (tem – blar) mp temprano (tem – pra – no), empujar (em – pu – jar) Quadro 2. Categorias de grupos consonantais 7Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais A Real Academia Española (RAE) é uma instituição que foi fundada em 1713 em Madrid, na Espanha. Ela se dedica à elaboração das regras normativas da língua espanhola e trabalha em coordenação com as Academias Nacionales de cada um dos 21 países que têm o espanhol como idioma oficial. Em seu site, é possível acessar muitos documentos sobre a normatização da língua espanhola, bem como o famoso Diccionario de la lengua española, conhecido como DRAE (Real Academia Española, c2018). Particularidades na pronúncia dos grupos consonantais em espanhol De acordo com a última edição da Ortografía de la lengua española, publicada em 2010 pela Real Academia Española, por razões etimológicas, há palavras em espanhol que contêm sequências de duas ou mais consoantes seguidas. Em determinadas posições, elas formam grupos alheios aos padrões silábicos mais característicos do idioma e, por isso, são difíceis de serem articuladas para os falantes de espanhol. Com isso, ocorre a simplifi cação desses grupos consonantais na pronúncia e, em alguns casos, também na escrita. � Grupos cn-, gn-, pn-, ps-, pt- em início de palavra: esses grupos só apa- recem em palavras consideradas cultismos de origem greco-latina, como cneoráceo, cnidario, gnetáceo, gnosticismo, mnemotecnia, pneuma, psicología, ptolomaico. Na pronúncia, elimina-se a primeira consoante: cnidario > nidário, gnóstico > nóstico. � Grupo -bs-: a redução ocorre em posição de final de sílaba na pronún- cia. Na escrita, as duas formas coexistem: obscuro > oscuro, obscu recer > oscurecer, subscribir > suscribir, substancia > sustancia, substrato > sustrato. � Grupos trans- e tras-: o grupo tras- é utilizado com o sentido de atrás de para substantivos que remetem a espaço ou lugar designado pela palavra base, como trasaltar, traspatio e traspasar. Você pode escolher usar trans- ou tras-, tanto na pronúncia como na escrita, quando a próxima letra for uma consoante: trasbordo ou transbordo, trascendencia ou Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais8 transcendencia, trascribir ou transcribir. O grupo trans-, quando se une a uma palavra base que começa com a consoante s, promove a fusão das consoantes iguais: transexual, transiberiano, transustanciación. � Grupo post- e pos-: esse grupo significa atrás de ou depois de. As duas formas, tanto a etimológica post- quanto a simplificada pos-, coexistem na língua espanhola. Entretanto, há a preferência, princi- palmente na pronúncia, pela forma simplificada, tanto em palavras bases que se iniciam por vogal como nas que se iniciam por consoante: posdata, posmoderno, poselectoral, posoperatorio. A forma etimo- lógica post- só se mantém fixa no espanhol atual quando é seguida por palavras que começam com a consoante s, a fim de evitar a sua duplicação, já que a combinação ss não existe no espanhol: postsim- bolismo, postsoviético. � Grupo -pt-: esse grupo nunca ocorre em posição final de sílaba, como em adepto e escéptico. Em algumas palavras, a forma etimológica coexiste com a forma simplificada: sétimo > séptimo e setiembre > sep- tiembre. Em relação às variações de verbos decorrentes de escribir, que tem a terminação etimológica -scripto, o uso desse grupo consonantal ocorre com maior frequência sem o -p: adscrito, circunscrito, descrito, inscrito. Contudo, em alguns países de língua espanhola da América Latina, conserva-se a forma etimológica –pt-: adscripto, circunscripto, descripto, inscripto, prescripto, proscripto, suscripto. As transformações de uma língua, de modo geral, ocorrem primeiramente na fala e depois são incorporadas à escrita. No caso dos grupos consonantais cultos do espanhol, originados do latim, a norma teve origem na escrita e, posteriormente, ocorreu a sua reprodução na pronúncia. Por isso, em contextos de fala mais coloquiais do espanhol atual, são comuns as ocorrências de *preceto e *conceto, em coexistência com as formas consideradas corretas precepto e concepto. 9Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais 1. Sempre que duas vogais diferentes permanecem unidas na divisão silábica de determinada palavra em espanhol, temos um ditongo. Contudo, esse conceito apresenta três subdivisões, conhecidas como ditongo crescente, ditongo decrescente e ditongo homogêneo. Quais são as definições corretas de cada uma dessas subdivisões? a) O ditongo crescente ocorre quando há duas vogais fechadas, como na palavra cuidar. O ditongo decrescente é formado por uma vogal aberta, seguida por uma vogal fechada, como na palavra peine. O ditongo homogêneo é formado por uma vogal fechada, seguida por uma vogal aberta, como na palavra hueco. b) O ditongo crescente ocorre quando há duas vogais fechadas, como na palavra cuidar. O ditongo decrescente é formado por uma vogal fechada, seguida por uma vogal aberta, como na palavra hueco. O ditongo homogêneo é formado por uma vogal aberta, seguida por uma vogal fechada, como na palavra peine. c) O ditongo crescente é formado por uma vogal aberta, seguida por uma vogal fechada, como na palavra peine. O ditongo decrescente ocorre quando há duas vogais fechadas, como na palavra cuidar. O ditongo homogêneo é formado por uma vogal fechada, seguida por uma vogal aberta, como na palavra hueco. d) O ditongo crescente é formado por uma vogal fechada, seguida de uma vogal aberta, como na palavra hueco. O ditongo decrescente ocorre quando há duas vogais fechadas, como na palavra cuidar. O ditongo homogêneo é formado por uma vogal aberta, seguida de uma vogal fechada, como na palavra peine. e) O ditongo crescente é formado por uma vogal fechada, seguida de uma vogal aberta, como na palavra hueco. O ditongo decrescente é formado por uma vogal aberta, seguida de uma vogal fechada, como na palavra peine. O ditongo homogêneo ocorre quando há duas vogais fechadas, como na palavra cuidar. 2. A sequência de três vogais em uma mesma sílaba de uma palavra é chamada, em espanhol, de triptongo. Entretanto, há palavras que apresentam uma sequência de três vogais, mas não podem ser consideradas como triptongos. Em qual situação isso ocorre? a) Em uma palavra com a sequência de três vogais que não recebe acento gráfico, porque é oxítona que não termina em -n ou -s, como ocorre em Uruguay. b) Em uma palavra que apresente a sequência de vogal fechada, vogal aberta e vogal fechada, como ocorre em Paraguay. Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais10 c) Em uma palavra com a sequência de três vogais que recebe acento gráfico na vogal aberta, quando é oxítona terminada em -n ou -s, como ocorre em apreciéis. d) Em uma palavra em que há um ditongo seguido de um hiato, ou vice-versa, como ocorre em bebíais. e) Em uma palavra com a sequência de três vogais com a ordem vogal aberta, vogal fechada, vogal aberta, ou seja, quando a vogal fechada estiver entre duas vogais abertas. 3. As sequências vocálicas do espanhol podem ser classificadas como ditongos, tritongos, hiatos e sinalefas, de acordo com a forma como se combinam e com a tonicidade que adquirem no contexto das palavras. Em vista disso, o que é uma sinalefa? a) A sinalefa corresponde à combinação de consoantes do espanhol para, a partir da junção de sons distintos, formar um novo. Exemplos desse fenômeno linguístico em espanhol ocorrem em palavras combl (tabla) e xp (explotar). b) A sinalefa corresponde à combinação de duas letras para representar um som que não corresponde ao som de nenhuma letra isolada do alfabeto do espanhol. Exemplos desse fenômeno linguístico em espanhol ocorrem em palavras com ll (pollo, llanto, caballo). c) A sinalefa corresponde à sequência de vogais na pronúncia que se originam de contextos de final de uma palavra e de início de outra. Um exemplo desse fenômeno linguístico em espanhol verifica-se na expressão monstruo humano > *monstr(uou)mano. d) A sinalefa corresponde a grupos consonantais que, por razões etimológicas, formam combinações alheias aos padrões silábicos mais característicos do espanhol. Exemplos desse fenômeno linguístico em espanhol ocorrem em palavras como cnidario e psicología. e) A sinalefa corresponde à sequência de vogais, iguais ou diferentes, que são pronunciadas em sílabas distintas e grafadas separadamente na divisão silábica. Exemplos desse fenômeno linguístico em espanhol ocorrem em palavras como reír e transeunte. 4. Os dígrafos e os grupos consonánticos referem-se a fenômenos fonéticos na língua espanhola que consistem na combinação de letras para representar um som (fonema); entretanto, as duas categorias apresentam diferenças entre si. Qual alternativa corresponde às definições corretas dos conceitos de dígrafo e de grupos consonánticos em espanhol? a) Os dígrafos referem-se à combinação de sons diferentes para, a partir da união de sons distintos, representar um novo som. Os grupos consonânticos são combinações de duas letras para representar um som que não corresponde ao som de nenhuma letra isolada do alfabeto do espanhol. 11Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais b) Os dígrafos são combinações de duas letras para representar um som que não corresponde ao som de nenhuma letra isolada do alfabeto do espanhol. Os grupos consonánticos referem-se à combinação de sons diferentes para, a partir da união de sons distintos, representar um novo som. c) Os dígrafos são combinações de sequências vocálicas classificadas em ditongo, tritongo, hiato e sinalefa. Os grupos consonánticos referem-se à tonicidade das vogais: as pronunciadas com mais intensidade são as vogais tônicas, já as pronunciadas com menor intensidade são as vogais átonas. d) Os dígrafos referem-se à tonicidade das vogais: as pronunciadas com mais intensidade são as vogais tônicas, já as pronunciadas com menor intensidade são as vogais átonas. Os grupos consonánticos são combinações de sequências vocálicas classificadas em ditongo, tritongo, hiato e sinalefa. e) Os dígrafos correspondem às vogais abertas a, e, o e tônicas. Os grupos consonánticos correspondem às vogais fechadas i, u e átonas. 5. Nos grupos consonánticos em espanhol, há uma primeira categoria em que as consoantes permanecem unidas na divisão silábica. Além disso, há uma segunda categoria na qual as consoantes se separam na divisão silábica. Em vista disso, em qual das alternativas constam apenas palavras pertencentes à segunda categoria de grupos consonánticos? a) empujar – temblar – abismo – enrijecer – despacho – afecto – acceder – exponer. b) institución – trenza – Atlántico – prado – pluma – grotesco – global – fresa. c) empujar – institución – temblar – trenza – abismo – Atlántico – enrijecer – prado. d) despacho – pluma – afecto – grotesco – acceder – global – exponer – fresa. e) empujar – institución – despacho – temblar – trenza – pluma – abismo – Atlántico. Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais12 BRASIL. Decreto nº. 6.583, de 29 de setembro de 2008. 2008. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6583.htm>. Acesso em: 30 jul. 2018. FANJUL, A. Gramática de Español paso a paso. 3. ed. São Paulo: Santillana Brasil, 2014. MILANI, E. M. Gramática de espanhol para brasileiros. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. NAVARRO TOMÁS, T. Manual de pronunciación española. 14. ed. Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1968. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccinario da Real Academia Española. c2018. Disponível em: <http://www.rae.es/diccionario-de-la-lengua-espanola/presentacion>. Acesso em: 27 jun. 2018. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Ortografía de la lengua española. 2010. Disponível em: <http://aplica.rae.es/orweb/cgi-bin/buscar.cgi>. Acesso em: 27 jun. 2018. VELASCO, I. H. La historia de la diéresis, esos dos puntitos horizontales con los que cargan los sinvergüenzas. 2017. Disponível em: <http://www.bbc.com/mundo/noticias-38691333>. Acesso em: 27 jun. 2018. Leitura recomendada AVILA-BAYONA, M. Á. Constitución de la lengua española o castellana. Cua- dernos de Lingüística Hispánica, Boyacá, n. 29, p. 203-221, jan./jun. 2017. Dispo- nível em: <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121- -053X2017000100203&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 27 jun. 2018. 13Encontros vocálicos, dígrafos e encontros consonantais DICA DO PROFESSOR A língua portuguesa e a língua espanhola apresentam muitas similaridades, pois ambas se originaram do latim. Entretanto, é necessário esclarecer que, ao longo do tempo, as línguas receberam diferentes influências e, assim como semelhanças permaneceram, outras diferenças importantes também surgiram em cada uma delas. Esclarecida a importância de estudar ambas as línguas, um falante de português, ao estudar o espanhol, pode traçar paralelos de comparação e notar como se desenvolvem determinados aspectos em ambas as línguas para facilitar o aprendizado. Nesta Dica do Professor, você verá um exemplo sobre o comportamento de alguns dígrafos nas duas línguas e como traçar paralelos para otimizar seu aprendizado. Contudo, atenção: os paralelos não devem ser tomados como regra, mas devem ser observados como tendências. Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Tulengua Ao estudar as possibilidades de combinações vocálicas e consonantais em espanhol, você certamente concluiu que classificações dos conceitos dependem diretamente da divisão silábica das palavras. Para facilitar seus estudos e sua aprendizagem, você pode conferir a tonicidade das palavras, assim como a separação silábica no site tulengua.es, que contém um separador de sílabas (em espanhol, silabeador) que se baseia nas principais referências normativas da língua espanhola: a) Nueva gramática de la lengua española. Espasa Calpe (2009), b) DPD-RAE-2005. Diccionario panhispánico de dudas de la Real Academia Española - 1ª edición (2005) e c) Ortografía de la Lengua Española, edición revisada por las Academias de la Lengua Española y publicada por la Real Academia Española (1999). Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Constitución de la lengua española o castellana O artigo Constitución de la lengua española o castellana, do professor Miguel Ángel Ávila Bayona, da Universidade Pedagógica e Tecnológica da Colombia, traz um percurso histórico sobre aspectos importantes da origem do espanhol. O professor mostra algumas das principais transformações do latim, ao longo do tempo, em diversos aspectos - em sua fonética, morfologia, sintaxe e semântica - até gerar diversos dialetos; alguns, como o espanhol, distanciaram-se de sua língua materna e tornaram-se línguas com suas próprias gramáticas. Essa leitura possibilita compreender principalmente quais grupos consonantais etimológicos, oriundos do latim, ainda coexistem com suas formas simplificadas no espanhol atual. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Fonética 07 - Y , CH e LL No vídeo Fonética 07 - Y , CH e LL, do canal Dicas Práticas de Espanhol no Youtube, você terá contato com algumas possibilidades de pronunciação dos dígrafos Ch e LL e da letra Y. Você verá que esses fonemas representam importantespontos de variação linguística no espanhol. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas entonacionais, principais variações de pronúncia APRESENTAÇÃO No processo de aquisição da linguagem, não se aprende só palavras e a constituição sintática de uma língua, mas, também, há uma apropriação de todos os sons que significam uma língua. Assim, todo falante é capaz, instintivamente, de perceber quando, por exemplo, outro falante apresenta o mesmo sotaque que o seu ou não. Na Linguística, os ramos que estudam a ciência dos sons são denominados Fonética e Fonologia. Assim, a entonação, o acento, as consoantes e as vogais são tipos de manifestações orais que se realizam por meio da fala. Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará assuntos do campo referente à Fonética, mais especificamente à Fonética Articulatória. A diferença existente entre esses dois campos — Fonética e Fonologia — está no fato de o primeiro estudar a acústica da fala, a fala propriamente dita, e o segundo estudar a categorização dos sons na fala, isto é, como os sons se organizam — a língua. Assim sendo, esta unidade se direciona apenas para a fonética da língua espanhola, aprofundando o estudo da articulação dos sons, identificando as funções da entonação e comparando as variantes mais comuns dentro da pronúncia do espanhol. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a articulação de sons vocálicos e consonantais na língua espanhola.• Identificar as funções da entonação na língua espanhola.• Contrastar as variantes mais comuns na pronúncia da língua espanhola.• INFOGRÁFICO A entonação faz parte do estudo da prosódia na Linguística. A sua definição é simples: significa a melodia que se emprega na altura, na expressão da nossa voz. Existem três tipos de entonações: enunciativas, exclamativas e interrogativas. Cada uma expressa um sentido, quando empregadas na fala. A exclamativa é usada quando se quer expressar surpresa, medo, susto, alegria, tristeza. Dentro da língua espanhola, tais entonações são representadas por muitas expressões. Veja, no infográfico, exemplos de entonações exclamativas. CONTEÚDO DO LIVRO A Fonética é o ramo da Linguística que estuda como os sons da fala são efetivamente produzidos. Esse estudo se divide em três partes: Fonética Articulatória, Fonética Auditiva e Fonética Acústica. Os sons produzidos em uma língua são chamados de fones e são produzidos por aquilo que se intitula de aparelho fonador. Entretanto, nem tudo o que é percebido pela audição humana é um fone — ruídos, bocejos, espirros, por mais que sejam sons, não fazem parte do estudo da Fonética. No capítulo Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas entonacionais e principais variações de pronúncia, do livro Fonética e fonologia do espanhol, você estudará os pontos e modos de articulação do sistema consonantal e vocálico; e as diferentes curvas entonacionais e variações na pronúncia do espanhol. Boa leitura. Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas entonacionais e principais variações de pronúncia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a articulação de sons vocálicos e consonantais na língua espanhola. � Identificar as funções da entonação. � Contrastar as variantes mais comuns na pronúncia. Introdução Em nosso processo de aquisição da linguagem, aprendemos não só as palavras e a constituição sintática de uma língua, mas também nos apropriamos de todos os sons dessa língua. Assim, todo falante é ca- paz, instintivamente, de perceber quando, por exemplo, outro falante apresenta o mesmo sotaque que o seu ou não. Na linguística, os ramos que estudam a ciência dos sons são denominados fonética e fonologia. Assim, a entonação, o acento, as consoantes e as vogais são tipos de manifestações orais que realizamos por meio da fala. A diferença entre esses dois campos — fonética e fonologia — é que o primeiro estuda a acústica da fala (a fala propriamente dita), enquanto o segundo estuda a categorização dos sons na fala, isto é, como os sons se organizam (a língua). C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 1 16/08/2018 14:29:42 Neste capítulo, você vai estudar apenas a fonética da língua espa- nhola, mais especificamente, a fonética articulatória. Assim, você vai se aprofundar no estudo da articulação dos sons, identificando as funções da entonação e comparando as variantes mais comuns dentro da pro- núncia do espanhol. A articulação dos sons vocálicos e consonantais no espanhol A fonética é o ramo da linguística que estuda como os sons da fala são efetiva- mente produzidos. Esse estudo divide-se em três partes: fonética articulatória, fonética auditiva e fonética acústica. Os sons produzidos em uma língua são chamados de fones e são produzidos por aquilo que intitulamos de aparelho fonador. Entretanto, nem tudo o que é percebido pela nossa audição é um fone: ruídos, bocejos, espirros, por mais que sejam sons, não fazem parte do estudo na fonética. Logo, é um exemplo de fone o som [β] de bella. Os fones são representados por um conjunto de símbolos fonéticos entre colchetes e “[...] orientam-se pelo princípio da univocidade: cada símbolo representa um único fone, cada fone é representado por um único símbolo. A singularidade de cada fone é definida em termos articulatórios” (BATTISTI, 2014, p. 28–29). Na palavra chico, por exemplo, temos cinco letras, mas quatro fones, porque “ch” é emitido por meio de um único fone. Um conjunto específico de órgãos no nosso corpo é responsável pelos sons que reproduzimos, uma vez que o corpo humano não apresenta órgãos particulares para a produção dos sons correspondentes na língua. Assim, a fonética articulatória busca estudar a articulação dos sons que produzimos no nosso aparelho fonador. Formam o aparelho fonador os órgãos do sistema respiratório, como pulmões, brônquios, traqueia e músculos respiratórios; do sistema fonatório, como laringe e glote; e do sistema articulatório, como faringe, língua, nariz, palato, dentes e lábios. Assim, quando reali- zamos a função principal — a respiração — utilizamos a mesma corrente de ar para falar. Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...2 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 2 16/08/2018 14:29:42 No percurso de saída de nosso corpo, a corrente de ar poderá fazer vibrar as pregas (cordas) vocais quando passar pela laringe. Acima da laringe, se- rão impostas modificações à corrente de ar quando articulados os fones. O diafragma pressiona os pulmões, que, assim, expelem o ar; esse percorre a traqueia até a laringe, depois a cavidade oral (boca) e ou cavidade nasal (nariz) (BATTISTI, 2014, p. 31). A fonética articulatória trabalha, portanto, com a função dos órgãos produ- tores dos sons. Assim, com base nos sons produzidos no sistema articulatório, você vai entender como os sons vocálicos e consonantais se articulam na língua espanhola. Sons consonantais Denominamos consoante todo som que é produzido por meio de obstáculos durante a passagem do ar pelo aparelho fonador. Logo, para produzirmos o som de uma consoante, precisamos emitir um som que passe por lábios, dentes, língua, etc. De acordo com Battisti (2014, p. 34), para analisarmos a articulação das consoantes, devemos observar três parâmetros: (a) às modificações que os articuladores impõem à corrente de ar, chamadas modo de articulação; (b) aos articuladores ativos e passivos envolvidos na produção dos fones, ao que se chama ponto ou local de articulação; (c) à presença ou ausência de vibração nas pregas vocais, ao que se pode chamar vozeamento, sonoridade ou estado da glote. As consoantes se classificam, de maneira geral, como dois tipos:obs- trutivas e soantes. As obstrutivas apresentam as saídas de ar impedidas por algum obstáculo, por exemplo, a consoante /p/, obstruída pelos lábios; já as soantes são os sons classificados pela passagem de ar contínua, como a consoante /m/. Os modos de articulação representam os locais em que os sons são produzidos no aparelho fonador, isto é, como o fluxo de ar se mo- difica na cavidade bucal. Dessa forma, o modo de articulação é classificado conforme o Quadro 1. 3Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 3 16/08/2018 14:29:43 Modo de articulação Descrição Oclusivo ou plosivo O ar é emitido na cavidade oral, e os articuladores impedem completamente a passagem de ar. Por exemplo, [p] de puerta. Fricativos O ar é emitido por um canal estreito produzido por dois articuladores próximos um do outro. Diferentemente dos sons oclusivos, na articulação fricativa os sons são momentaneamente impedidos. Por exemplo, [v] de vaso. Nasal Nas consoantes nasais, o som se direciona para a cavidade nasal, e o ar sai também pelo nariz. Por exemplo, palavras que iniciam com alguma consoante nasal, como [m] de mucho e nadie, e consoantes que se nasalizam no meio da palavra, como [ñ] de cariño. Vibrante A consoante vibrante é produzida por um articulador ativo (ponta da língua), que encosta diversas vezes em um articulador passivo (alvéolos), produzindo uma vibração. Por exemplo, [r] de rato. Tepe A articulação é muito parecida com o modo de articulação vibrante, mas o articulador ativo toca apenas uma vez o articulador passivo. Por exemplo, [r] de cariño. Tepe retroflexo No tepe retroflexo, a língua (articulador ativo) faz um movimento enrolando-se para cima e para trás. Nesse movimento, a língua encosta nos alvéolos. Por exemplo, na consoante final [r] de mar. Africado A passagem de ar é inicialmente interrompida e depois liberada. Aqui temos um exemplo de consoante que mistura a articulação oclusiva e fricativa. Por exemplo, [ch] de chica. Em português, encontramos esse som em [tch] de tchau. Aproximante lateral A consoante é produzida por meio de uma interrupção no centro da boca por meio da língua. Por exemplo, a consoante [l], de luna. Quadro 1. Modos de articulação Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...4 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 4 16/08/2018 14:29:43 Vimos as diferentes formas de articulação das consoantes e entendemos como esse processo se dá com os articuladores ativos e passivos. No entanto, no estudo fonético, precisamos ainda compreender como esses pontos de articulação funcionam na produção do som de uma consoante. Em essência, os pontos de articulação exemplificam exatamente o local em ação. Observe no Quadro 2 as respectivas descrições dos pontos de articulação. Ponto de articulação Local do som produzido Bilabial O som é produzido por meio da união dos lábios: /b/, /p/, /m/. Labiodental O lábio se apoia sobre os dentes: /f/. Dental Usam-se a ponta da língua e os dentes superiores: /t/, /d/. Palatal O dorso da língua se eleva até o palato: /ch/, /ll/, /ñ/. Alveolar O dorso da língua se aproxima dos alvéolos: /r/, /s/, /l/, /n/. Velar O dorso da língua se aproxima do palato mole: /g/, /k/, /j/. Interdental O som é produzido no pré-dorso da língua e nos incisivos superiores: /z/. Quadro 2. Descrições dos pontos de articulação Veja agora a união dos modos de articulação, dos pontos de articulação e das consoantes, demonstrada em Alarcos (1991), no Quadro 3. 5Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 5 16/08/2018 14:29:43 Fonte: Adaptado de Alarcos Llorach (1991). Q ua dr o co ns on . es pa nh ol Bi la bi al Sr S n La bi od en ta l Sr S n In te r- de nt al Sr S n D en ta l Sr S n A lv eo la r Sr S n Pa la ta l Sr S n Ve la r Sr S n Oclusivas /p/ /b/ pie bala /t/ /d/ tía día /k/ /g/ casa gato Fricativas /f/ faca /θ/ cero /s/ siete /y/ mayo /x/ jamás Africada /t∫/ coche Nasais /m/ moneda /n/ nada /ɲ/ España Laterais /l/ lado /ʎ/ calla Vibrante s. m. para /r/ rueda /r /̄ Quadro 3. Quadro fonológico consonantal do espanhol Sons vocálicos Diferentemente das consoantes, as vogais são produzidas por correntes de ar com mínima obstrução na cavidade bucal, ou seja, enquanto as consoantes são produzidas por algum impedimento, as vogais apresentam característi- cas opostas. Assim, os sons vocálicos são gerados na laringe, por meio da vibração das pregas vocais, e alterados na cavidade bucal, de acordo com o posicionamento da língua e dos lábios. Conforme visto nas consoantes, as vogais também apresentam o seu modo de articulação e são classifi cadas de acordo em três parâmetros, apresentados por Battisti (2014, p. 42): Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...6 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 6 16/08/2018 14:29:43 1.os graus diversos de abertura de boca, isto é, a altura da língua em relação ao palato duro; 2. o formato ou arredondamento dos lábios; 3. o leve avançar e recuar da língua na posição horizontal, ou seja, a anterio- ridade/posterioridade da língua. Desse modo, a altura e a posição da língua, bem como o modo como formamos os nossos lábios, definem as vogais como altas, médias, baixas, anteriores, centrais e posteriores. A fim de exemplificar tais nomenclaturas, observe o Quadro 4, seguido da pirâmide fonética. Parâmetro Descrição Altas ou fechadas A língua se posiciona muito próximo do palato. O maxilar pouco se abre para a produção desse som. Exemplos: /i/ /u/ Médias ou semiabertas A língua se posiciona no centro da boca. O maxilar se abre razoavelmente para a produção desse som. Exemplos: /e/ /o/ Baixa ou aberta A língua se posiciona afastada do palato. O maxilar se abre por completo para a produção desse som. Exemplo: /a/ Quadro 4. Classificação dos sons vocálicos do espanhol Na pirâmide fonética (Figura 1), na qual as vogais são organizadas, podemos analisar melhor como elas são posicionadas. Assim, cada vogal apresenta as seguintes descrições. � /i/: anterior, fechada; � /u/: posterior, fechada; � /e/: anterior, semiaberta; � /o/: posterior, semiaberta; � /a/: central, aberta. 7Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 7 16/08/2018 14:29:43 Figura 1. Pirâmide fonética dos sons vocálicos em espanhol. Fonte: Gil (2007). A gramática normativa aborda a união das vogais como ditongo e hiato. Desse modo, ditongo representa a união de duas vogais na mesma sílaba. Veja a seguir como as vogais devem ser para haver um ditongo. � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal fechada (I, U). ■ Exemplos: bailador, reunión. � Vogal fechada (I, U) + vogal aberta ou semiaberta (A, E, O). ■ Exemplos: biología, suavidad. � Vogal fechada (I, U) + vogal fechada (I, U). ■ Exemplos: ciudad, cuidado. Para haver um hiato, as vogais precisam estar em diferentes sílabas, se- guindo a ordem. � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal fechada (I, U). ■ Exemplo: país. � Vogal fechada (I, U) + vogal aberta ou semiaberta (A, E, O). ■ Exemplo: búho. � Vogal aberta ou semiaberta (A, E, O) + vogal aberta ou semiaberta (A, E, O). ■ Exemplo: caer. Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...8 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 8 16/08/2018 14:29:43 Em teorias evolutivas, o nosso aparelho fonador surgiu conforme a nossa evolução. Entende-se que essa evolução se deu porque a fala surgiu com a vida em comunidade. As funções da entonação na língua espanhola Diferentes modos de falar determinada frase ou palavra podem signifi car, no contexto interacional de fala, distintas interpretações. O modo como altera-mos a nossa voz compreende, muitas vezes, o queremos dizer. Desse modo, a entonação — ou entoação — é defi nida pela sequência de sons na fala que refl etem diferentes sentidos, intenções e emoções. Dentro do ramo linguístico, Dubois et al. (1973, p. 217) classifi ca da seguinte forma: [...] variações de altura do tom laríngeo que não incidem sobre um fonema ou sílaba, mas sobre uma sequência mais longa (palavra, sequência de palavras) e formam a curva melódica da frase. São utilizadas, na fonação, para veicular, fora da simples enunciação, informações complementares [...] reconhecidas pela gramática: a interrogação (frase interrogativa), a cólera, a alegria (frase exclamativa), etc. As funções da entonação são descritas a seguir. 1. Função distintiva: permite que os falantes distingam a modalidade da oração. Por exemplo: Saldrá, ¿Saldrá? ou ¡Saldrá! 2. Função integradora: liga as partes de uma oração no que chamamos de unidade significativa, ou seja, atribui sentido. Por exemplo: el niño estudia la lección. 3. Função delimitadora: agrupa as palavras em unidades menores na oração ou separadamente. Por exemplo: El niño/ estudia/ la lección. Utilizamos a função delimitadora para estudar exatamente esses frag- mentos sintáticos que constituem uma frase. Neste capítulo, vamos aprofundar os estudos sobre a entonação distintiva. Dentro da linguagem, temos três tipos de entonações utilizadas pelos falantes: enunciativa, exclamativa e interrogativa. 9Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 9 16/08/2018 14:29:44 Enunciativa A entonação enunciativa é reconhecida por um tom descendente no fi m de uma frase. No modo imperativo, por exemplo, vemos essa curva descendente marcando mais fortemente o fi nal de uma frase. Las mujeres están innovando la ciencia. Haz tus deberes hoy. Venga aquí. Analise, a seguir, como são as curvas entonacionais enunciativas (Figuras 2 e 3). Figura 2. Entonación enunciativa. Fonte: Enecé (2011). Figura 3. Entonación imperativa. Fonte: Enecé (2011). Exclamativa Interjeição ou exclamação são tipos de orações pronunciadas com ênfase. O som é gerado primeiramente na garganta e está ligado a situações específi cas Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...10 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 10 16/08/2018 14:29:44 do dia a dia, como medo, susto, surpresa e felicidade. São exemplos de ento- nações exclamativas desde gritos até uma expressão oracional completa. Essa entonação enfática é produzida pelo falante justamente para mostrar o estado de ânimo do falante. A língua espanhola dispõe do uso de adjetivos, assim como da intensifi cação dos indefi nidos, a fi m de expressar a entonação exclamativa. ¡Muy ricas estas patatas! – anteposição dos adjetivos. ¡Este chico es un Picasso! – intensificação do indefinido. ¡Es tan bueno...! – ênfase em determinado ponto em orações inacabadas. Vale acrescentar ainda a utilização dos pontos de exclamação (¡ !), uma vez que, na escrita, eles permitem que o leitor possa fazer a entonação cor- respondente. Analise, na Figura 4, a curva entonacional nas exclamativas. Figura 4. Entonación exclamativa. Fonte: Enecé (2011). Interrogativa Em espanhol, marcamos uma oração interrogativa por meio dos sinais (¿?), e utilizamos essa entonação para fazer uma pergunta, expressar dúvida, etc. Para fazer tal entonação, a nossa voz se eleva e diminui, de modo que reconhecemos que se trata de uma pergunta. Dividimos as interrogativas em dois grupos: totais e parciais. O primeiro grupo corresponde àquelas perguntas que pedem uma resposta com “sim” ou “não”, por exemplo, ¿Ha venido Juan? – Sí. Em resumo, o grupo das interrogativas totais engloba aquelas perguntas que não exigem do falante uma resposta mais elaborada. Já as interrogativas parciais expressam o contrário, isto é, pedem respostas mais complexas, por exemplo, ¿Quién ha venido? – Juan, Carla y Francisca. Na entonação, a curva se dá da seguinte maneira (Figura 5). 11Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 11 16/08/2018 14:29:44 Figura 5. Entonación interrogativa: total y parcial. Fonte: Enecé (2011). O sistema respiratório participa da produção da corrente de ar que alcançará o sistema articulatório. Por isso, é importante que, antes de analisarmos a fundo mais caracte- rísticas da articulação em língua espanhola, relembremos o papel de cada órgão na produção da fala. Observe, na Figura 6, a localização e a posição de cada órgão. Figura 6. Órgãos envolvidos na produção da fala. Fonte: Adaptada de Silva (2003) e Cardoso (2009). Na laringe, encontram-se as cordas vocais, as quais são muito parecidas com os nossos lábios, com feixes que se ligam abrindo e fechando. Quando não estamos falando, Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...12 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 12 16/08/2018 14:29:45 Prosódia é a entonação, ou seja, a variação do som quanto à altura e à entonação. É a forma como a pessoa se expressa pela fala. As variantes mais comuns na pronúncia da língua espanhola A pronúncia é o resultado de todo o processo da articulação e da percepção dos elementos interligados à fala: os segmentais (a pronúncia de vogais e consoan- tes) e os suprassegmentais (entonação e prosódia). Assim como acontece com o português brasileiro e o português europeu, o espanhol da América Latina também apresenta variações em relação ao espanhol europeu. Neste capítulo, vamos estudar as principais variações na pronúncia da língua espanhola de determinadas letras, como a pronúncia de “y” e “i”. Yeísmo É um tipo de variação da língua espanhola relacionado às consoantes ll, de lluvia, e à consoante y, de yo. Na Espanha, essa distinção se encontra na região as pregas vocais se mantêm afastadas e, no espaço entre os feixes, encontramos a glote, por onde o ar passa. Então, ao falar, movimentamos as cordas vocais, e a glote praticamente se fecha. Ao passar pela laringe, o som encontra duas opções: sair pela cavidade oral ou sair pela cavidade nasal. Assim, o órgão responsável por direcionar o ar para uma dessas cavidades é aquele que conhecemos popularmente como “sininho” na garganta, cientificamente chamado de úvula. Portanto, esse órgão direciona o som à cavidade oral. Todavia, quando a corrente de ar passa pela cavidade nasal, isto é, pelo nariz, o nosso véu palatino precisa estar baixo e afastado da faringe. Assim, é nos órgãos articuladores que vemos, de fato, o som dos fones. Acima da laringe (supraglóticas) está o local em que os articuladores operam. Ao produzirmos os sons consonantais, os órgãos articulatórios se movimentam, atingindo ou se apro- ximando de alguma outra parte da boca. Essa interação é classificada como ativa e passiva: quando um articulador toca outro, ele é denominado ativo; aquele que recebe a ação chama-se passivo. Na prática, os lábios e a língua são exemplos de articuladores ativos, enquanto os dentes e o palato são exemplos de articuladores passivos. 13Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 13 16/08/2018 14:29:45 norte de Castela. Na maior parte da chamada Hispano-América (Paraguai, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Equador e Peru), o yeísmo também é uma variação utilizada. Mas o que é yeísmo? Yeísmo é quando se pronuncia o ll (“elle”) do mesmo modo que a consoante y (“ye”), ou seja, com o som predominante “i”. No entanto, a consoante “y” no chamado yeísmo chiado, que veremos a seguir, também apresenta a variação da pronúncia igual à consoante “ll”. Arrollo Arroyo Callo Cayo Silla Siya Cabello Cabeyo Gallo Gayo Llamar Yamar Algumas gramáticas e estudos linguísticos também chamam atenção para a adequação no uso dessa variação. Dessemodo, recomenda-se que os falantes evitem a pronúncia do “ll” com o som “li”, por exemplo, [kabálio] por caballo — o que muitos falantes acreditam ser o fenômeno yeísmo. Além do yeísmo abordado, os países situados na zona do Rio da Prata (Argentina e Uruguai) apresentam o yeísmo chiado. Segundo Costa (2016, p. 22), o yeísmo chiado ou rehilamiento: [...] é descrito como ausência da lateral palatal /λ/, em contraste com /�/, per- mitindo, dessa forma, uma variação fonética chamada sheísmo. O sheísmo é um fenômeno fônico que apresenta um zumbido na realização do fonema /y/ (fricativo palatal sonoro) que, além de reduzi-lo a uma única unidade fônica, apresenta uma realização surda. Em estudos realizados por Zamora Vicente (1949), o rehilamiento é mais típico de Montevidéu, Buenos Aires e Rosário, especificamente. assim, o som de “ll” é grafado, no yeísmo rehilamiento ou sheísmo, como “CH”: caballo = “cabacho”. Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...14 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 14 16/08/2018 14:29:45 Seseo A variação chamada de seseo é a pronúncia das sequências “z”, “ce” e “ci” com o som de /s/. Essa variante é empregada em praticamente todos os países de fala espanhola. Os únicos países que produzem as consoantes “s” e “z” com distinção são Filipinas, Guiné Equatorial e Península Ibérica (regiões central e norte). Fonte: Adaptado de Seseo (2018). Palabra Con seseo Sin seseo zapato /sapáto/ /zapáto/ adición /adisión/ /adizión/ cazuela /kasuéla/ /kazuéla/ cocer /kosér/ /kozér/ decisión /desisión/ /desizión/ Mais variações � Nas terminações -ado, em quase todas as regiões da América Latina, é suprimida a letra “d”. Exemplo: comprado [kom’pra.o]. � Nas terminações -ada, -ido, -ida, a letra “d” também é suprimida, mas nas regiões do Caribe e no sul da Espanha e da América Latina. Exemplo: partido [pa’ti.o]. � A aspiração do s, quando posicionado no final da sílaba, ocorre de maneira geral no Caribe, no litoral pacífico da América Latina e na região do Rio da Prata. Exemplo: mismo [‘mih.mo]. � A supressão do t e do d finais corresponde à fala informal na maioria dos países de fala espanhola. Exemplo: bondad [bon’da]. 15Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas... C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 15 16/08/2018 14:29:45 Pratique os seus conhecimentos sobre a fonética do espanhol acessando o link ou o código a seguir. https://goo.gl/qRofwr 1. Quanto ao aparelho fonador, fazem parte do sistema articulatório os órgãos: a) língua, faringe, nariz, lábios e dentes. b) dentes, laringe, nariz, língua e pulmões. c) laringe, glote e cordas. d) traqueia, pulmões, brônquios e diafragma. e) nariz, lábios, dentes e úvula. 2. São exemplos de ditongos: a) reinar, caer, río. b) heroi, país, maíz. c) cuidar, bueno, pai. d) fuego, baúl, leí. e) cuerdas, reúne, día. 3. São características da entonação: a) variação na altura da voz, principalmente no tom, sobre um fonema ou uma sílaba. b) a continuidade do ar pela cavidade oral. c) uma curva entonacional que se inicia pelo intermédio. d) o sotaque utilizado pelos falantes em diferentes regiões. e) o modo como “ll” e “y” são pronunciados na Europa e na América Latina. 4. Qual alternativa apresenta um exemplo de entonação interrogativa parcial? a) ¿Está lloviendo hoy? b) ¿Quieres un café? c) ¿Dónde están mis carpetas amarillas? d) ¿Vas a estudiar por la noche? e) ¿Fuiste tu mi colega en la escuela? 5. São exemplos de palavras que sofrem variação em sua pronúncia: a) nuera, año, idad. b) calle, zapato, que. c) bondad, filosofía, español. d) zapallo, mismo, soledad. e) tele, libro, bolígrafo. Estudo dos pontos e modo de articulação do sistema consonantal e vocálico, curvas...16 C06_Estudo_pontos_modo_articulao.indd 16 16/08/2018 14:29:46 ALARCOS LLORACH, E. Estudios de gramática funcional de español. Madrid: Gredos, 1984. BATTISTI, E. Fonologia. In: SCHWINDT, L. C. (Org.). Manual de linguística: fonologia, morfologia e sintaxe. Petrópolis: Vozes, 2014. COSTA, Z. G. Falsos cognatos: revisão da fundamentação teórica e proposta de novas abordagens práticas para sua aplicação nos processos de ensino-aprendizagem de ELE no Brasil. 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Assim, nesta Dica do Professor, você praticará as formações dos sons. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Como pronunciar/ler/falar as palavras em espanhol (espanhol para brasileiros) Este vídeo mostra como pronunciar em espanhol. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Lyricstraining Neste site, você pode treinar a sua audição de forma divertida. É só escolher uma música, reproduzir o vídeo, ouvir a pronúncia e digitar a palavra que está faltando quando o sistema pedir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conteúdo: SINTAXE DA LÍNGUA ESPANHOLA Aline Bizello Funcionamento da língua espanhola APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! Você já pensou no que significa estudar o funcionamento de uma língua? É estudá-la de forma objetiva, estruturada e reflexiva. Para tanto, é preciso observar dados, detectar regularidades, formular generalizações. Dessa forma, pode-se superar a memorização em prol da compreensão e da atitude investigativa. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o funcionamento da língua espanhola a partir das relações sintagmáticas e paradigmáticas, da diferenciação entre oração e frase e das diferenças sintáticas entre o português e o espanhol. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar as relações sintagmáticas e paradigmáticas em língua espanhola.• Diferenciar oração e frase.• Apontar as diferenças entre a sintaxe do espanhol e a do português.• INFOGRÁFICO As relações sintagmáticas e as relações paradigmáticas demonstram as possibilidades de escolha que há na construção de um enunciado. Essa escolha envolve verbos com sentidos parecidos, construções frasais que seguem um padrão, tudo isso interligado ao contexto e à mensagem que o interlocutor quer passar. Você já imaginou como isso seria visualmente? Confira o Infográfico para entender melhor essas relações. CONTEÚDO DO LIVRO Analisar e refletir sobre uma língua são ações importantes para compreender seu funcionamento, consequentemente, dominá-la e utilizá-la com desenvoltura. Dentre vários estudos línguísticos, o estudo da sintaxe é um dos mais complexos e difíceis. Há muitas regras que conduzem as estruturas das frases, sem falar das singularidades da sintaxe de cada língua, o que pode ser um obstáculo para o estudante de uma nova língua. No capítulo Funcionamento da língua espanhola, da obra Sintaxe da língua espanhola, você terá uma maior noção sobre as relações sintagmáticas e paradigmáticas dos elementos linguísticos, compreenderá a diferença entre frase e oração, além de ver as diferenças entre a sintaxe do espanhol e a sintaxe do português. Boa leitura. Revisão técnica: Marina Leivas Waquil Doutora e Mestra em Letras – Teorias Linguísticas do Léxico Bacharel em Letras – Português/Espanhol Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147 S749s Spessatto, Roberta. Sintaxe da língua espanhola / Roberta Spessatto, Aline Bizello; [revisão técnica: Marina Leivas Waquil] . – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 249 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-495-3 1. Língua espanhola – Sintaxe. I. Bizello, Aline. II.Título. CDU 811.134.3’367 Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 2 20/07/2018 11:28:59 Funcionamento da língua espanhola Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar as relações sintagmáticas e paradigmáticas em língua espanhola. � Diferenciar oração e frase. � Apontar as diferenças entre a sintaxe do espanhol e a do português. Introdução Você já pensou no que significa estudar o funcionamento de uma língua? Trata-se de estudá-la de forma objetiva, estruturada e reflexiva. Para tanto, é preciso observar dados, detectar regularidades, formular generalizações. Dessa forma, pode-se superar a memorização em prol da compreensão e da atitude investigativa. Neste capítulo, você vai estudar o funcionamento da língua espanhola a partir das relações sintagmáticas e paradigmáticas, da diferenciação entre oração e frase e das diferenças sintáticas entre o português e o espanhol. Relações sintagmáticas e paradigmáticas Ferdinand Saussure (2012) distinguiu dois tipos de relações que podem ocorrer entre elementos linguísticos: relações sintagmáticas e relações paradigmáticas. As primeiras ocorrem entre elementos de uma cadeia de signos, e as segundas ocorrem entre um elemento e os que poderiam substituí-lo na mesma cadeia e que se excluem mutuamente. Veja o exemplo: Los monos bebés beben leche. Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 211 20/07/2018 11:29:46 Note que a oração do exemplo comunica uma mensagem clara, porque combina signos de forma que cada um cumpre a sua função: los monos bebés é sobre quem se declara algo; beben leche é a declaração sobre los monos, e assim por diante. Portanto, as possibilidades combinatórias, como Beben leche los monos bebés ou Leche beben los monos bebés revelam as relações sintagmáticas. Essa é uma relação horizontal, ou seja, no nível da oração. Entretanto, poderia ser estabelecida uma relação vertical, isto é, a iden- tificação de elementos que podem aparecer como alternativa num contexto específico. No exemplo, poderíamos substituir monos por hombres, bueyes, perros, gatos, etc. O critério que deve ser utilizado para criar um paradigma é simples: as alternativas devem combinar, no caso do exemplo, com beben leche. Logo, as opções poderiam identificar um mamífero, empregando-se um critério semântico. Dessa forma, peces, por exemplo, não poderia fazer parte desse conjunto. Outro critério pode ser a concordância nominal: los está determinando monos. Assim, as alternativas de substituição devem estar flexionadas no masculino plural. Veja um esquema ilustrativo na Figura 1. Figura 1. Esquema ilustrativo das relações sintagmáticas e paradigmáticas. O exemplo ilustra que ocorrem esquemas formais, nos quais se organizam as palavras com as suas respectivas flexões. Esses esquemas são chamados de paradigmas, que representam as possibilidades de seleção. O conjunto de formas que serve de modelo é, na realidade, um grupo de equivalências. Disso decorre a necessidade, muitas vezes, de se recorrer a palavras da mesma classe gramatical. Evidencia-se então que o paradigma não é qualquer associação de signos, mas a seleção de elementos suscetíveis de figurar no mesmo ponto do enunciado. Veja: Funcionamento da língua espanhola212 Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 212 20/07/2018 11:29:47 Mis padres llegaron. Se no lugar de mis fosse inserido outro pronome, o sentido do enunciado seria outro: Tus padres llegaron. No sintagma, não se podem combinar elementos aleatoriamente; há um padrão definido pelo sistema. Em espanhol, pode-se usar la casa, mas não casa la. Dessa forma, as relações que ocorrem dentro da oração e as escolhas de substituição de palavras interferem quanto ao sentido e à estrutura na mensagem transmitida. A seguir, você verá dois objetos da sintaxe que são influenciados pelas relações sintagmáticas e paradigmáticas: a oração e a frase. Oração e frase O par linguístico estudado por Saussure — paradigma e sintagma — sintetiza os processos de seleção e combinação realizados na comunicação. Esses processos representam a transmissão do signifi cado de acordo com o que o sistema da língua estabelece. Dessa forma, relacionam-se às defi nições de oração e frase. Para Faraco, Moura e Maruxo (2016), a oração se caracteriza pela presença de um verbo e pode ter sentido completo ou não. Já a frase é uma palavra ou um conjunto de palavras que tem sentido completo. De acordo com a Real Academia Española (2010), as orações sãounidades mínimas de predicação, ou seja, segmentos que põem em relação um sujeito com um predicado. Veja: Leí un libro maravilloso. No exemplo, o sujeito yo (implícito na conjugação leí) está relacionado ao predicado un libro maravilloso. Note que todas as palavras do exemplo estão relacionadas ao verbo: essa é uma característica das orações. O exemplo ilustra um enunciado em que todas as palavras formam uma oração, mas há enunciados que contêm mais de uma dessas estruturas. Observe: Conocí Pedro cuando era una niña. 213Funcionamento da língua espanhola Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 213 20/07/2018 11:29:47 Há dois verbos no enunciado: conocí e era. Cada verbo representa uma oração. De acordo com o exemplo, todas as palavras relacionadas a conocí pertencem à primeira oração, e todas as palavras relacionadas a era pertencem à segunda oração. 1ª oração: � Sujeito: Yo � Objeto direto: Pedro 2ª oração: � Sujeito: Yo � Predicativo: una niña Portanto, para que um enunciado seja considerado uma oração, as palavras devem estar organizadas em torno de um verbo conjugado. Não é necessário que o enunciado comece com letra maiúscula, nem que termine com ponto. Observe: Quiero un coche, pero no tengo dinero para comprarlo. Oração 1: Quiero un coche Oração 2: pero no tengo dinero Oração 3: para comprarlo (oração reduzida: para que yo lo compre). A oração 1, embora comece com letra maiúscula, não termina com ponto; a oração 2 não começa com letra maiúscula nem termina com ponto; a oração 3, embora termine com ponto, não começa com letra maiúscula. Portanto, o ele- mento fundamental para a ocorrência da oração é o verbo. Analise os seguintes enunciados: ¡Silencio! ¡Fuego! Note que nenhum deles apresenta verbo; logo, não são orações. Entretanto, ambos têm características comuns: começam com letra maiúscula, terminam com ponto e têm sentido. Essas são as três condições para que um enunciado seja considerado uma frase. Funcionamento da língua espanhola214 Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 214 20/07/2018 11:29:47 Entretanto, enunciados com verbo também podem ser frases, desde que as condições descritas anteriormente sejam satisfeitas. Veja: Nadie dijo tonterías en el viaje. O enunciado é tanto uma oração (as informações giram em torno de um verbo) quanto uma frase: começa com letra maiúscula, termina com ponto e tem sentido. Observe outro exemplo: André quería tanto el coche, que se puso nervioso cuando lo compró. O enunciado completo é uma frase: começa com letra maiúscula, termina com ponto e tem sentido. Dentro desse enunciado/frase, há três orações: Oração 1: André quería tanto el coche Oração 2: que se puso nervioso Oração 3: cuando lo compró Note que nenhuma das três orações pode, sozinha, ser considerada uma frase. Apenas a união das três forma um todo coerente que pode ser chamado assim. Tanto a concretização do sentido da frase quanto a organização dos termos da oração são fundamentais para identificá-las; porém, a análise do discurso pode expandir essas características. O enunciado El coche no podia conducir pode ser tratado como frase (por ter sentido) e oração (porque as informações giram em torno de um verbo), se considerarmos que há um sujeito oculto (él) que já teria sido mencionado antes. Entretanto, se o enunciado for a reprodução de uma situação coloquial, pode-se imaginar que houve uma construção desordenada que, originalmente, seria: (?) no pódia conducir el coche. Nesse caso, a ausência do sujeito com- promete a classificação do enunciado em oração, e a reordenação dos termos gera uma confusão que tira a garantia de sentido da frase. Evidencia-se assim a relação entre sintaxe e discurso. Como o início da oração é tópico (introduz a ideia central a ser desenvolvida), este é interpretado como direcionamento do discurso, pois orienta o ouvinte para a construção do significado do enunciado. A abrangência do tópico, então, envolve tanto a frase quanto o discurso, porque o tópico mantém com a oração o seu papel ativo na estrutura sintático-semântica dela (RIZZI, 1997). 215Funcionamento da língua espanhola Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 215 20/07/2018 11:29:47 A sintaxe do espanhol e a sintaxe do português As peculiaridades da sintaxe de uma língua são uma forte prova de que, para adquirir um novo idioma, não basta saber traduzir as palavras isoladamente. As formas de combinar e organizar palavras identifi cam uma língua. Com o espanhol e o português não é diferente. As duas línguas têm estruturas sintáticas semelhantes, uma vez que, de forma geral, as orações obedecem à ordem sujeito–verbo–objeto. Veja: João quer um presente. Juan quiere un regalo. A maior parte das diferenças está nas construções com verbo e pronome. No espanhol, usam-se pronomes oblíquos em início de frase. Veja: Me dieron dos alternativas de ruta. Na língua portuguesa formal, esse tipo de construção é mal visto. Há uma regra gramatical que determina o uso enclítico do pronome em início de frase: Deram-me duas alternativas de rota. Essa mesma determinação é destinada a casos em que o conjunto verbo e pronome surge depois de vírgula: Durante a viagem, deram-me duas alternativas de rota. Isso não ocorre no espanhol: Durante el viaje, me dieron dos alternativas de ruta. Entretanto, na oralidade dos brasileiros, o pronome depois do verbo causaria estranhamento ou soaria muito formal. O natural seria: Me deram duas alternativas de rota. Funcionamento da língua espanhola216 Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 216 20/07/2018 11:29:47 Na língua portuguesa formal, constroem-se mesóclises nos futuros do indicativo: Procurar-me-iam caso precisassem de ajuda. Em espanhol, esse tipo de construção não existe. A frase ficaria com o pronome na frente: Me buscarían caso necesitasen de ayuda. Outra diferença significativa quanto à colocação pronominal é que, nas locuções verbais, o clítico ocorre como próclise do auxiliar no espanhol; já no português brasileiro, permite-se a próclise ao principal. Veja: Maria tinha me dito que comprou banana. María me había dicho que había comprado banana. Quando os pronomes funcionam como objeto, também há diferença entre as línguas. Observe: Vi João ontem. Vi a Juan ayer. João e Juan são, respectivamente, objetos do verbo ver em português e em espanhol. Se ambos fossem substituídos por um pronome, as diferenças sintáticas se tornariam ainda mais visíveis: Vi-o ontem. Lo vi a él ayer. Note que, em espanhol, usam-se dois pronomes (lo e él). Para García Yebra (1989), o espanhol é a língua românica mais inclinada ao uso anteposto do complemento e à sua reiteração mediante um pronome. Em português, usa- -se apenas o oblíquo o. Além disso, nesse exemplo, há diferenças quanto à colocação pronominal. Entretanto, a diferença entre as línguas torna-se maior quando se analisa a construção informal do português brasileiro: Vi ele ontem. 217Funcionamento da língua espanhola Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 217 20/07/2018 11:29:47 Veja mais um exemplo em um diálogo: Falante: Você comprou brinquedos? Ouvinte: Comprei. Falante: ¿Compraste juguetes? Ouvinte: Sí, los compré. Note que, na pergunta, a estrutura do português é semelhante à do es- panhol. Porém, na resposta há diferenças: enquanto, na língua portuguesa o falante omite a confirmação com o uso de sim e oculta o objeto (substantivo ou pronome), na língua espanhola usa-se a confirmação imediata (sí) e o objeto pronominal (las). Além disso, a regência — ou seja, a exigência de uma preposição — dos mesmos verbos pode ser diferente nos dois idiomas. Verifique: ¡Voy a bailar mañana! Vou dançar amanhã! Traduzco libro sal español. Traduzo livros para o espanhol. Em síntese, embora as línguas portuguesa e espanhola sejam semelhantes inclusive na estrutura sintática, a colocação pronominal e o uso de preposição são questões às quais o aprendiz brasileiro de espanhol deve ficar atento. Você já pensou em como essasrelações ocorrem no portu- nhol? Acesse o link ou o código a seguir e conheça a tese de Sara dos Santos Mota sobre o tema. https://goo.gl/mMEKbm Funcionamento da língua espanhola218 Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 218 20/07/2018 11:29:47 1. Os elementos linguísticos podem relacionar-se sintagmática e paradigmaticamente. Reflita sobre essas relações e marque a alternativa cuja afirmação está correta. a) As relações sintagmáticas e paradigmáticas ocorrem no nível horizontal. b) Paradigma é a relação que ocorre entre os termos da oração. c) As relações paradigmáticas estão relacionadas às alternativas equivalentes para um signo. d) Os paradigmas surgem de possibilidades combinatórias. e) As relações sintagmáticas são as possibilidades de seleção. 2. Orações exigem presença de verbo. Frases exigem início com letra maiúscula, fim com ponto e informação com sentido. Pense sobre isso para escolher a alternativa cuja classificação equivale ao enunciado. a) Francisco salió com su perro. Não é oração. b) El maravilloso, competente e inteligente equipo de voleibol venció el partido final de la competición. Frase com mais de uma oração. c) Cuando llegué, me asusté con la escena. Duas orações. d) Llegué ayer. É oração, mas não é frase. e) Me pareció fascinante y estilosa. Duas orações e uma frase. 3. Orações e frases formam enunciados variados. Às vezes, no mesmo enunciado, podemos encontrar oração e frase ao mesmo tempo. Analise o seguinte enunciado: Javier no vio a su hermano, por eso salió de la calle. Assinale a afirmação correta sobre o enunciado. a) É uma frase, porque começa com letra maiúscula. b) É uma oração, porque tem verbo. c) É uma frase, porque tem sentido. d) São duas orações, porque tem dois verbos. e) É uma frase, porque termina com ponto. 4. Às vezes, o aprendiz de espanhol utiliza a estrutura da língua portuguesa para construir enunciados em espanhol. Reflita sobre isso e assinale a alternativa cujo enunciado está estruturado de acordo com a sintaxe da língua espanhola. a) Comprelas. b) Vi él. c) Juana había me dicho. d) Voy a Madrid de avión. e) Los vendí. 219Funcionamento da língua espanhola Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 219 20/07/2018 11:29:49 FARACO, C.; MOURA, F.; MARUXO, M. Gramática nova. São Paulo: Ática, 2016. GARCÍA YEBRA, V. Teoría y práctica de la traducción. Madrid: Gredos, 1989. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española. Barcelona: Es- pasa, 2010. RIZZI, L. The fine structures of left periphery. In: HAEGEMAN, L. Elements of grammar. Dordrecht: Springer, 1997. SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2012. Leituras recomendadas MOTA, S. dos S. Portunhol e sua re-territorialização na/pela escrit(ur)a literária: os sentidos de um gesto político. 2014. 186 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2014. Disponível em: <https://repositorio.ufsm.br/bitstream/ handle/1/3991/MOTA,%20SARA%20DOS%20SANTOS.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 26 jun. 2018. NOIMANN, A. Uma proposta de dicionário de regência verbal português espanhol para aprendizes brasileiros de espanhol. 2015. 204 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs. br/handle/10183/117590>. Acesso em: 26 jun. 2018. 5. O funcionamento da língua espanhola depende das relações entre os elementos linguísticos, da construção de orações e frases e de uma estrutura própria. Pensando nisso, assinale a alternativa cuja afirmação esteja correta. a) No enunciado El pájaro voló, a expressão la abeja é uma alternativa combinatória no sintagma. b) Orações e frases nunca fazem parte do mesmo enunciado. c) No enunciado Fui a Londres para el cumpleaños de una amiga, a estrutura está adequada à língua espanhola. d) Nomes de ação formam uma relação paradigmática com demolición no enunciado “La demolición de la universidad empezó el 16 de enero”. e) O verbo ver em espanhol tem sempre a mesma regência que em português. Funcionamento da língua espanhola220 Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 220 20/07/2018 11:29:51 DICA DO PROFESSOR Você já deve ter notado que há muitas diferenças de regência entre o português e o espanhol. Casos em que no português usa-se "de" e em espanhol usa-se "en", por exemplo. E são casos assim que dificultam a aprendizagem do espanhol por um estudante brasileiro. Somado a isso, há pouco material voltado ao uso das preposições na língua espanhola. Conheça mais sobre o tema na Dica do Professor e aprenda a utlizar as regências corretas para cada língua. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Relações sintagmáticas e paradigmáticas O assunto relações sintagmáticas e paradigmáticas é tratado no portal de artigos Ecured, um projeto cubano. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Estrutura do espanhol - diferenças e semelhanças As diferenças de estrutura entre a língua portuguesa e a língua espanhola são assunto do vídeo "Curso de Gramática do Espanhol". Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conteúdo: SINTAXE DA LÍNGUA ESPANHOLA Aline Bizello Colocação APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! Atualmente é comum o ensino de uma língua estrangeira por meio de uma abordagem lexical. Nesse tipo de abordagem, o conhecimento gramatical surge do conhecimento das palavras, das orações. Por exemplo: em vez de estudar sobre as flexões do verbo, você tem acesso a frases prontas que já revelam as possíveis flexões. A intenção é aproximar as situações de aprendizagem às situações vividas pelos nativos da língua. Você já pensou em aprender e ensinar por meio do léxico? Nesta Unidade de Aprendizagem, você analisará o uso de combinações, colocações, locuções e perífrases verbais. Essas construções são exemplos típicos da união de uma abordagem lexical com uma abordagem gramatical. Além disso, você não apenas conhecerá regras gramaticais, mas também terá a oportunidade de verificar os usos dessas expressões em qualquer situação. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar colocações de combinações livres.• Identificar os diferentes tipos de locuções em língua espanhola.• Analisar as perífrases verbais em língua espanhola.• INFOGRÁFICO Você já notou que grande parte das locuções é formada por palavras que, juntas, ganham um novo significado? Ou seja, independente do significado dessas palavras sozinhas, quando elas estão juntas e são colocadas em um novo contexto, a frase ganha um sentido figurado. Acesse o Infográfico e confira as diferenças entre o sentido figurado e o sentido literal de algumas expressões idiomáticas da língua espanhola. Leia as frases e clique na imagem que represente o sentido do texto. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO Na língua espanhola, há variadas formas de combinar palavras e utilizar essa união de uma maneira específica. Se você quer conhecer essas possibilidades de construção, deve estar atento às diferenças entre combinação, colocação e locução e conhecer as perífrases verbais. No capítulo Colocação, da obra Sintaxe da língua espanhola, que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você entenderá mais sobre esse importante assunto da sintaxe do espanhol, ao ler sobre as colocações e combinações livres e as locuções da língua espanhola. Boa leitura. Revisão técnica: Marina Leivas Waquil Doutora e Mestra em Letras – Teorias Linguísticas do Léxico Bacharel em Letras – Português/Espanhol Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147 S749s Spessatto, Roberta. Sintaxe da língua espanhola / Roberta Spessatto, Aline Bizello; [revisão técnica: Marina Leivas Waquil] . – PortoAlegre: SAGAH, 2018. 249 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-495-3 1. Língua espanhola – Sintaxe. I. Bizello, Aline. II.Título. CDU 811.134.3’367 Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 2 20/07/2018 11:28:59 Colocação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Diferenciar colocações de combinações livres. � Identificar os diferentes tipos de locuções em língua espanhola. � Analisar as perífrases verbais em língua espanhola. Introdução Atualmente, é comum o ensino de uma língua estrangeira por meio de uma abordagem lexical. A intenção desse tipo de proposta é aproximar as situações de aprendizagem às situações vividas pelos nativos da língua. Você já pensou sobre o que significa o ensino por meio do léxico? Neste capítulo, você analisará o uso de combinações, colocações, locuções e perífrases verbais. Essas construções são exemplos típicos da união de uma abordagem lexical com uma gramatical. Além disso, você não apenas conhecerá regras gramaticais, mas também terá a oportunidade de verificar os usos dessas expressões em qualquer situação. Colocações e combinações livres Para que o aprendiz de língua espanhola seja capaz de se comunicar em todas as situações de interação que surgirem, é preciso que ele desenvolva habilidades relacionadas ao léxico e a grupos sintáticos. Para tanto, precisará saber unir as palavras de acordo com critérios associados ao uso consagrado e às formas mais adequadas. Assim, identifi car e aplicar colocações e combinações livres são duas habilidades essenciais. Combinações livres são grupos sintáticos criados a partir de categorias gramaticais, ou seja, grupos formados a partir de classes de palavras centrais. C09_Colocacao.indd 1 08/06/2018 15:40:10 Os principais grupos são nominais, adjetivais, verbais, adverbiais e interjec- tivos. Observe os seguintes exemplos: Escribí un texto muy corto. Estoy cerca de ti. Tiempos mejores vendrán. Todos os grupos sintáticos destacados estruturam-se em torno de um núcleo: um substantivo, um adjetivo, um verbo, um advérbio, uma interjeição, etc. Esse núcleo pode ser o único elemento do grupo: Lo hará Juan. Note que apenas a palavra Juan completa o verbo hacer. Ainda, o núcleo pode ser acompanhado por modificadores e complementos: No sé nada. A palavra no está modificando um grupo formado por duas palavras: sé nada. Quando o núcleo não está sozinho, um grupo pode conter outro da mesma categoria. Veja: Estoy muy cansado de hablar. O advérbio muy está modificando todo o grupo cansado de hablar. Ese regalo que me ofrecieron es raro. Ese está modificando todo o conjunto formado pelas palavras regalo que me ofrecieron. Outra possibilidade é o grupo fazer parte de outros diferentes dos que lhe dão nome. Observe: Durante aquellos años, vivimos situaciones difíciles. No exemplo anterior, as palavras aquellos (pronome) e años (substantivo), embora sejam oficialmente de grupos sintáticos distintos, estão unidas num mesmo grupo para modificar a palavra durante. Todos os exemplos apresentados até aqui ilustram uniões que podem ser feitas entre palavras de diferentes categorias, isto é, de diferentes classes Colocação2 C09_Colocacao.indd 2 08/06/2018 15:40:10 gramaticais. Essa é uma característica típica das combinações livres, pois elas têm, em comparação com as colocações, menor grau de restrição combinatória. Para entender o funcionamento desse fenômeno, você verá agora como se constrói cada grupo sintático. O grupo nominal se constrói em torno de um substantivo. Verifique o exemplo: Dos encuentros mensuales son necesarios. Observe que as palavras destacadas formam um grupo cujo núcleo é o substantivo encuentros, e as palavras dos e mensuales subordinam-se a ele. O grupo adjetival é formado pelo adjetivo (núcleo) e por modificadores e complementos. Observe: Mariana es muy inteligente. Ese habla no es políticamente correcta. Nesses exemplos, as palavras muy e políticamente modificam os adjetivos inteligente e correcta. Assim, determinam a medida do alcance que se atribui à propriedade denotada pelo adjetivo. Já os complementos dos adjetivos fazem parte do grupo preposicional e são uma exigência do próprio adjetivo. Veja: Estoy harto de discusión. No exemplo, evidencia-se que o adjetivo harto exige um complemento: quem está farto, está farto de algo. Disso decorre a necessidade de emprego da preposição de. O grupo adverbial caracteriza-se por modificar outros grupos sintáticos, como o nominal e o adjetival, e pela propriedade de constituir-se de vários advérbios concatenados. Cuanto más temprano llega, menos trabaja. Note que os advérbios más e temprano pertencem ao mesmo grupo nesse exemplo. Entretanto, é possível encontrar grupos adverbiais ainda maiores. Veja: Había salido un poco después de las diez. O quantificador de grau un poco modifica o segmento después de las diez. 3Colocação C09_Colocacao.indd 3 08/06/2018 15:40:11 Os grupos interjectivos são formados pela integração das interjeições a segmentos maiores, como um grupo nominal ou uma oração. No exemplo a seguir, verifique a primeira possibilidade: ¡Ay, mamá, cómo esperé por este día! Note que a interjeição ay pode ser interpretada nessa frase como um vo- cativo, e a palavra que a segue (mamá) faz parte de um grupo nominal. Já o tipo de construção em que as interjeições são seguidas por uma oração pode ser ilustrado pela seguinte frase: ¡Ojalá reciba el pago! Assim como mostra o exemplo, esse tipo de construção é possível apenas com a interjeição ojalá. Como se nota em todos os exemplos apresentados até aqui, as combinações podem ser feitas de maneiras variadas e não dependem de um uso consagrado. Afinal, em cada oração construída, surgirão combinações necessárias à mensagem que se deseja transmitir. Essa flexibilidade de formação não se aplica às colocações. Corpas Pastor (1996), estudiosa do assunto na língua espanhola, afirma que as colocações são formadas por duas unidades lexicais que obedecem a uma norma. Dessa forma, são mais inflexíveis do que as combinações livres: apresentam restri- ções de combinação estabelecidas pelo uso. Essa mesma autora (PASTOR, 2003) considera alguns aspectos para a classificação de uma união lexical em colocação: frequência, institucionalização, estabilidade, idiomaticidade, variação e gradação. Entretanto, de forma geral, o critério determinante é a frequência com que os dois elementos aparecem juntos. Confira o exemplo: Juan lleyó las primeras páginas del libro para refrescar la memoria. A parte destacada da frase é considerada uma colocação: os elementos que a compõem têm sentido sozinhos, mas, juntos, formam uma expressão consagrada no uso da língua espanhola. Aliás, essa expressão ilustra o caso típico de coloca- ção: verbo + substantivo. Se for acrescentado a essa expressão um adjetivo, como antigua, ficará evidenciado que as colocações admitem modificações adjetivais: Juan lleyó las primeras páginas del libro para refrescar la memoria antigua. Colocação4 C09_Colocacao.indd 4 08/06/2018 15:40:11 As colocações costumam ser constituídas por apenas dois elementos — geralmente, um verbo e um substantivo, como em: Juan ha bailado mucho. Hay que apagar la sed. Perceba que a expressão apagar la sed surge da ligação do verbo apagar com o substantivo sed. Porém, esse não é o único aspecto que os identifica como colocação. Essa expressão é muito mais utilizada, tanto em situações formais, quanto em informais, do que uma equivalente: Juan ha bailado mucho. Hay que dejar de sentir sed. Dessa forma, evidencia-se que as colocações são expressões consagradas, já incorporadas à comunicação na língua espanhola, e que, por isso, permitem pequenas adaptações, como as mudanças provocadas por um adjetivo. No entanto, são construções mais rígidas que as combinações livres, pois estas são modificadas constantemente por diferentes grupos sintáticos. Locuçõesda língua espanhola As locuções correspondem ao grupo de palavras lexicalizadas, ou seja, aque- las que já foram aceitas pelos dicionários. De acordo com a Real Academia Española (2010, p. 13), são grupos “[...] que constituyen una sola pieza léxica y ejercen la misma función sintáctica que la categoría que les da nombre”. Outra característica importante é que o signifi cado das locuções não se forma pela união do signifi cado de cada parte que as compõe, e sim pelo uso consagrado da expressão. Esse é o caso de ojo de buey. Essa expressão não se refere a olho de boi, e sim a uma janelinha de iluminação semelhante a uma claraboia. Outro exemplo é a locução tomar el pelo, que signifi ca enganar para tirar sarro, ou seja, não tem nenhuma relação com cabelo. As locuções estão associadas a expressões idiomáticas, como: Conozco el camino al dedillo. (“de cor e salteado”) ¿A santo de qué tú vas a hacer eso? (“por que cargas d’água”) Estoy a dos velas este mes. (“estar duro” ou “estar sem dinheiro”) Ahora vamos a hablar y te voy a decir cuántas son cinco. (“colocar os pingos nos is”) 5Colocação C09_Colocacao.indd 5 08/06/2018 15:40:11 Essas expressões têm características em comum: não permitem transfor- mações sintáticas como nominalização (retomar um verbo por meio de um substantivo), modificação por meio de uma subordinada relativa e transfor- mação para passiva. Isso significa que são estruturas pouco flexíveis e que não toleram variedades combinatórias. Observe a frase: Juliana le llevó un regalo a la profesora: está haciendo la pelota. (está puxando o saco) Se houvesse a tentativa de passar a expressão para uma construção passiva, a locução perderia o seu sentido e causaria estranheza aos ouvintes: La pelota fue hecha por Juliana. Note que, na passiva, interpreta-se que Juliana fez uma bola. Assim, perde-se o valor semântico da expressão original. No enunciado Ella metió la pata: contó mi secreto a sus amigas, há uma expressão idiomática: meter la pata. Ela pode ser identificada como uma locu- ção, pois não pode ser nominalizada. La metida de pata não é uma construção conhecida e aceita pelos falantes de língua espanhola; logo, essa modificação não poderia ser feita. Outra transformação não aceita pelas locuções é a modificação por uma subordinada relativa. Observe a expressão idiomática entender ni jota (em português, “não saber patavinas”): No entiendo ni jota de alemán. Caso se tentasse construir uma subordinada relativa para modificá-la, seria alterado também o valor semântico carregado por ela: El jota que no entiendo de alemán. Alberto Buitrago Jiménez, na introdução da obra El castellano y su codi- ficación gramatical (GÓMEZ ASENCIO, 2006), supõe que, desde os estudos mais antigos, no século XV, já se percebia a tendência de alguns verbos a formarem locuções. São eles ser, estar, andar, hacer e picarse. Conheça algumas expressões surgidas a partir dessas formas verbais: Es un mono. (é feio) No está en sí. (não está em seu juízo normal) Anda royéndole a alguien los zancajos. (falar mal de alguém que não está presente) Colocação6 C09_Colocacao.indd 6 08/06/2018 15:40:11 Hacerse del loco es su especialidad. (“se fazer de louco” ou fingir que não entende) Él se pica de valiente. (se faz de valente) Costuma-se dividir as locuções de acordo com o seu núcleo: nominais, adjetivas, verbais, adverbiais, preposicionais, conjuntivas e interjectivas. No exemplo El aspirante al cargo tiene muchos caballos de batalla (obs- táculos para enfrentar) para mejorar las relaciones en esta empresa, a expressão idiomática destacada exemplifica uma locução formada a partir de um substantivo: caballo. Conheça outras expressões cujo núcleo é um substantivo: Media naranja (cara metade). Pata de gallo (pés de galinha). Toma y daca (olho por olho). Cabeza de turco (bode expiatório). Já em En esta ciudad nada cambia: personas corrientes y molientes (nada demais, comum, monótono), o destaque revela uma locução formada a partir de um adjetivo. O mesmo ocorre com: De abrigo (protegido por). De cuidado (perigoso). De gala (elegante). De marras (muito antigo). De postín (com calma). O verbo é o elemento central das locuções verbais, como Quiero una blusa de calidad ¡no me des gato por liebre (vender gato por lebre)! Verifique outros casos: Hacer las paces (fazer as pazes). Irse de aprontes (ir rapidamente). Poner el grito en el cielo (botar a boca no trombone). Sentar la cabeza (acalmar-se). 7Colocação C09_Colocacao.indd 7 08/06/2018 15:40:11 As locuções adverbiais têm como núcleo um advérbio: Rafael será um buen marido cuando las gallinas meen (no dia de são nunca). Conheça mais exemplos desse tipo de locução: A carta cabal (prova final). A disgusto (por desgosto). A la carrera (na corrida). A la fuerza (à força). A medias (desanimado). Al tiro (para ontem). De paso (de passagem). En un santiamén (em um instante). Por fortuna (felizmente). As locuções conjuntivas são formadas em torno de uma conjunção. Esse é o caso de No bien terminó de comer, se acostó (Mal terminou de comer, se deitou). Veja construções semelhantes: De manera que (de modo que). Puesto que (desde). Si bien (embora, apesar). Ya que (já que). A interjeição é o núcleo das locuções interjetivas: ¿Vamos a la fiesta?¡Desde luego! (Vamos à festa? Claro!). Conheça outros exemplos: ¡Ni hablar! (nem pensar!) ¡En fin! (enfim!) ¡Ahí va! (lá vai) Note que, embora seja comum o uso dessas expressões no dia a dia dos falantes de espanhol, não se observa uma predominância da aplicação dessas locuções sobre o uso de expressões equivalentes. Veja: Mi jefe me dejó plantado dos horas frente al edificio. Mi jefe me dejó esperando dos horas frente al edificio. Juana habla por los codos. Juana habla mucho. Colocação8 C09_Colocacao.indd 8 08/06/2018 15:40:11 Observe que as duas expressões destacadas nos exemplos podem ser uti- lizadas, sem que haja a predominância de uma delas. Em síntese, as locuções são construções rígidas: não permitem nenhuma forma de modificação. Embora tenham um uso consagrado e sejam expressões dicionarizadas, não são aplicadas com frequência, em detrimento de uma ideia correspondente. Perífrases verbais As perífrases verbais são combinações sintáticas entre um verbo auxiliar e um verbo principal. Este é utilizado na forma impessoal, ou seja, no infi nitivo, no gerúndio e no particípio. O auxiliar costuma aparecer con- jugado. Observe: Él no puede entrar en la sala. Vamos organizando cada asunto a su vez. Llevo escritas diez páginas. Em todos os exemplos, verifica-se a união de dois verbos, sendo o auxiliar conjugado. Entretanto, é possível encontrar construções em que o auxiliar também está em uma das formas nominais: Para querer salir de la sala, necesita una motivación. Debe empezar a llevar más páginas escritas. Os verbos auxiliares das perífrases verbais não permitem complementos nem adjuntos; porém, a maior parte deles, quando não forma perífrase, aceita complementos. Observe o verbo volver: Volvió a llamar por su madre. Volvió a sus orígenes. Note que, no primeiro enunciado, o complemento por su madre é exigido pelo verbo llamar, e não por volver. Já no segundo exemplo, o complemento a sus orígenes completa o verbo volver. 9Colocação C09_Colocacao.indd 9 08/06/2018 15:40:11 Vale lembrar que a união de verbo auxiliar com verbo principal não ocorre apenas nas perífrases verbais. Portanto, é preciso estar atento para não con- fundi-las com outras construções, como as subordinadas substantivas. Quería entrar en la casa de alguna manera. Note que, embora o fragmento destacado seja formado por um verbo conjugado (auxiliar) e outro no infinitivo (auxiliado), não é uma perífrase verbal, e sim uma subordinada substantiva reduzida de infinitivo. Se ela for desenvolvida (Quería que entrase en la casa de alguna manera), ficará evidente a correspondência entre as duas construções. O mesmo não ocorre com as perífrases: Élno puede salir não tem correspondência com uma oração desenvolvida em que o verbo possa ser conjugado. Embora as unidades da perífrase formem uma relação coesa, há entre elas certa independência. Isso fica claro quando se constroem enunciados em que há um elemento entre os dois verbos. Veja: No podía yo imaginar que eso fuera posible de ocurrir. Empezó instantáneamente a querer todos los objetos. Assim, confirma-se a relação estreita que há entre os verbos que formam a perífrase. Aliás, essa coesão entre eles é tão intensa, que os pronomes as- sociados ao verbo principal podem aparecer na frente do auxiliar, como em: Venía prometiendo aumento de sueldo. Lo venía prometiendo. Observe que o complemento aumento de sueldo, exigido pelo verbo pro- meter, está representado, na segunda frase, pelo pronome lo, que aparece na frente do outro verbo da perífrase: venir. Outra característica importante das perífrases verbais é o compartilhamento do sujeito pelos verbos que as formam. Esse sujeito concordará com o verbo auxiliar, mas será argumento do verbo auxiliado. Segundo Llorach (1999, p. 259): La función de núcleo oracional que desempeña la perífrasis deriva de la pre- sencia de morfemas verbales en su primer componente; en cambio, la selección de los términos adyacentes que se agreguen a la perífrasis depende de las exigencias léxicas de cada componente (el verbo personal y el derivado verbal). Colocação10 C09_Colocacao.indd 10 08/06/2018 15:40:11 As perífrases verbais são classificadas de acordo com a forma impessoal a que o auxiliar se liga: perífrases de infinitivo, de gerúndio e de particípio. Além dessa nomenclatura, há a classificação semântica, que se organiza de acordo com a contribuição que é feita pelo auxiliar: modais (indicam possi- bilidade, obrigação, capacidade e necessidade), temporais (indicam o aspecto temporal), fasais (indicam as etapas de um processo) e seriais (indicam uma série de ações). Verifique os exemplos: Los alumnos deben hacer el trabajo en el laboratorio. MODAL La profesora acabó de salir de la sala. TEMPORAL Ella empezó a hacer un proyecto. FASAL Primero, es necesario empezar haciendo la introducción. SERIAL Agora que você já conhece todas as classificações, vamos conhecerá as ocorrências de união entre a classificação pelas formas impessoais e a clas- sificação pelo valor semântico. As principais perífrases modais de infinitivo são: deber + infinitivo, deber de + infinitivo, tener que + infinitivo, haber de + infinitivo, haber que + infi- nitivo, poder + infinitivo, venir a + infinitivo. Analise os exemplos seguintes: Debes comer comidas saludables. Debes de comer comidas saludables. Na primeira frase, há uma obrigação: o falante impõe que o ouvinte coma comidas saudáveis. Já na segunda frase, há uma probabilidade: o falante elaborou uma hipótese a respeito do ouvinte, a de que ele come comidas saudáveis. Se o verbo deber fosse substituído por tener que, a mesma noção de obri- gação seria construída. Entretanto, essa perífrase refere-se muito mais a algo que necessariamente terá de ser feito, do que a um simples conselho: Tendré que llamar a tu madre. O mesmo exemplo poderia ser usado para ilustrar o emprego de haber de: He de llamar a tu madre. Afinal, essa perífrase também indica obrigação. Já nas ocorrências de haber que, não se nota essa obrigação, e sim um desejo ou uma vontade de que os fatos ocorram como foram expressos no enunciado: Había que comprar aquella ropa. Vale ressaltar que, em frases em que essas perífrases de obrigação são aplicadas, é possível negar essa obrigação por meio do advérbio no, desde que ele esteja localizado antes dos dois verbos: No debes comer comidas 11Colocação C09_Colocacao.indd 11 08/06/2018 15:40:12 saludable; No debe de comer comidas saludables; No tendré de llamar a tu madre; No he de llamar a tu madre. Contudo, as perífrases modais não são construídas apenas para indicar obrigação. Em Puedo caminhar en las puntas de los pies, o grupo de verbos indica a capacidade ou a habilidade do falante. Já em Ya dije que tu mirada venía a significar celos, o valor semântico está associado à semelhança, como se fosse o verbo parecer. As perífrases temporais de infinitivo estão relacionadas ao aspecto tem- poral, como o próprio nome indica. As principais são as seguintes: � ir a + infinitivo: indica tempo posterior. Exemplo: Voy a trabajar. � soler + infinitivo: indica a repetição de um estado de coisas. Exemplo: Solía acostarse tarde. � saber + infinitivo: indica a repetição de um estado de coisas. Exemplo: Sabía hacer buenos cafés. � acostumbrar + infinitivo: indica a repetição de um estado de coisas. Exemplo: Acostumbra hacer café todas las tardes. � acabar de + infinitivo: indica um passado muito recente. Exemplo: Acaba de salir. � volver a + infinitivo: indica a repetição de um processo. Exemplo: Volvió a gatear como si fuera un bebé. Perífrases como estar por + infinitivo, estar para + infinitivo e estar a punto de + infinitivo são perífrases de fase e indicam uma fase preparatória ou uma fase que está prestes a acontecer. Observe: Mi hijo estaba por cumplir tres años. Mi cabeza está para explotar. El agua está a punto de escurrir. Há também as fasais que indicam interrupção: Dejó de sentir odio por las personas de su familia. As de fase final são representadas por acabar de + infinitivo: Acabó de estudiar. Já as perífrases de infinitivo escalares são as seguintes: Colocação12 C09_Colocacao.indd 12 08/06/2018 15:40:12 � empezar por + infinitivo: Empezaré por llevarle al médico. � acabar por + infinitivo: La graduación acaba por consagrar todos los años de estudio. � venir a + infinitivo: Él vino a decirles la verdad. � llegar a + infinitivo: Llegó a creer que no sería castigado. As perífrases de gerúndio revelam um processo. Verifique o exemplo a seguir: Está hablando el testigo. Nessa frase, o conjunto estar + gerúndio apresenta uma ação iniciada, mas não concluída. Mi curiosidad fue aumentando a medida que escuchaba la narración de mi abuela. Nessa frase, a perífrase ir + gerundio revela uma ação que acontece em etapas sucessivas. Viene mintiendo sobre sus orígenes hace tempo. A perífrase venir + gerúndio também mostra um processo, mas revela um ponto a partir de onde começou. Ao contrário das perífrases de infinitivo, as de gerúndio não podem ser formadas por dois verbos na forma nominal. Observe: Volvió a empezar a trabajar. *Volvió empezando trabajando. Como se vê, a frase fica sem sentido quando há mais de um gerúndio. A perífrase de particípio, por sua vez, é ponto de discórdia entre a maioria dos gramáticos. Em função disso, será apresentada aqui a visão tradicional, em que essa construção é possível apenas com os verbos auxiliares estar, tener e llevar. A perífrase de particípio mais usual é estar + participio. Ela indica um estado resultante de uma ação: 13Colocação C09_Colocacao.indd 13 08/06/2018 15:40:12 La limpieza está hecha. A combinação tener + particípio é usada para expressar realizações. Esse é o caso de: Yo lo tengo cuidado muchas veces. Já llevar + participio, segundo a Real Academia Española (2010, p. 555): […] se usa fundamentalmente [...] con dos interpretaciones. En la primera se construye con verbos que denotan eventos delimitados, así como con complementos nominales que expresan la cantidad acumulada hasta un de- terminado momento. En el segundo uso se combina con participios de verbos que expresan contacto o vinculación. Isso se evidencia nas seguintes construções: Llevaba rellenados tres panes para cada invitado. Llevaba unidos los dos deseos. Em suma, pode-se constatar que, para haver uma perífrase verbal, é preciso que: � haja um verbo auxiliar conjugado e um verbo principal em uma das formas nominais (infinitivo, gerúndio, particípio); � os verbos formem um todo coeso, como se fossem apenas um; � o verbo auxiliado não se integre a uma subordinadasubstantiva; � os verbos que a formam tenham certa independência sintática e per- mitam a inserção de elementos entre eles. As perífrases verbais saber + infinitivo e acostumbrar + infinitivo são típicas do espanhol latino-americano. Colocação14 C09_Colocacao.indd 14 08/06/2018 15:40:12 1. As perífrases verbais são formadas pela união de verbos que se integram como se fossem um só. Para que essa formação seja possível, algumas condições e casos especiais devem ser considerados. Das afirmações a seguir, assinale a que está correta. a) Na frase Quería que fuéramos, há um elemento entre os dois verbos. Portanto, querer e ir formam uma perífrase. b) Quando se pode inserir um elemento entre os verbos, como em “No llegas nunca a realizar mis sueños”, deixa de existir perífrase. c) Os verbos deber e hacer na frase “Las pesquisas deben ser hechas en la biblioteca” formam uma perífrase, pois a frase apresenta uma construção passiva. d) Desear e cantar formam uma perífrase na frase “Deseaban cantar”, pois o primeiro verbo está conjugado e o segundo está na forma nominal. e) Poder e hablar estão de tal forma integrados em “No puedo hablar”, que formam uma perífrase verbal. 2. As perífrases são formações em que os dois verbos se ligam como uma unidade. Entretanto, não basta colocar um verbo ao lado do outro e tentar se comunicar em espanhol. É preciso aliar conhecimento sintático com conhecimento semântico. Pensando nisso, avalie as alternativas a seguir e marque a que contém uma perífrase adequada ao sentido indicado ao lado. a) Solía almorzar temprano – MODAL b) Vino a cantar – TEMPORAL c) Volvió a hablar cosas malas – MODAL d) Mi jubilación está para empezar – TEMPORAL e) Debes hacer todo eso – MODAL 3. As locuções formam uma unidade coesa que só tem sentido se os seus elementos não forem separados nem modificados. Observe as imagens de 1 a 5 e as relacione com as expressões idiomáticas. Após, marque a alternativa cuja sequência de frases revela a correta correspondência com as imagens. 1) 2) 3) 15Colocação C09_Colocacao.indd 15 08/06/2018 15:40:13 4) 5) I. Andar de capa caída. II. Estar hecho un ají. III. Pasarse de la raya. IV. Monto un circo y crecen los enanos. V. De tal palo tal astilla. a) IV, I, III, V, II b) IV, III, II, I, V c) I, II, III, IV, V d) I, III, II, IV, V e) I, V, III, IV, II 4. Combinações e colocações estão associadas à formação de palavras. A primeira é mais flexível e permite a união de diferentes elementos. A segunda é mais rígida e fica condicionada ao uso frequente. Com base nessas afirmações, selecione a alternativa cuja sequência classifica corretamente os destaques do texto abaixo. Necesito de una gran ayuda: alguien que me lleve a los mejores sitios de esta ciudad. Aquí vivía mi abuelo. Vine para tomar tierra. Como no conozco la ciudad, voy a dar un paseo por el centro. Quiero huir de mis familiares, pues estoy harto de discusión. Sé que mi habla no es políticamente correcta, pero es la verdad. a) Combinação – colocação – colocação – combinação – combinação. b) Colocação – colocação – combinação – combinação – colocação. c) Combinação – combinação – combinação – combinação – combinação. d) Colocação – colocação – colocação – colocação – colocação. e) Combinação – colocação – combinação – combinação – colocação. 5. Colocações são construções em que os elementos que as formam costumam aparecer juntos com frequência. Já as locuções são construções cujos elementos formam uma unidade e que já foram incorporadas aos dicionários. As locuções são menos flexíveis que as colocações. A partir do seu conhecimento e das afirmações acima, assinale a alternativa que contém as classificações adequadas às expressões abaixo: Andarse por las ramas. A hurtadillas. Apagar la sed. Declarar guerra. Hacer un aterrizaje. a) Colocação – locução – locução – locução – locução. b) Locução – locução – colocação – locução – locução. c) Locução – locução – colocação – colocação – colocação. d) Locução – locução – locução – locução – locução. e) Colocação – colocação – colocação – colocação – colocação. Colocação16 C09_Colocacao.indd 16 08/06/2018 15:40:14 GÓMEZ ASENCIO, J. J. El castellano y su codificación gramatical: de 1492 (A. de Nebrija) a 1611 (John Sanford). Burgos: Fundació n Instituto Castellano y Leoné s de la Lengua, 2006. v. 1. LLORACH, E. A. Gramática de la lengua española. Madrid: Espasa-Calpe, 1999. PASTOR, G. C. Diez años de investigación en fraseología: análisis sintáctico-semánticos, contrastivos y traductológicos. Madrid: Iberoamericana Vervuert, 2003. PASTOR, G. C. Manual de fraseología española. Madrid: Gredos, 1996. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española: manual. Madrid: Espasa, 2010. 17Colocação C09_Colocacao.indd 17 08/06/2018 15:40:14 DICA DO PROFESSOR As perífrases verbais garantem que mensagens sejam transmitidas por meio da integração de verbos. Entretanto, nem toda união de verbos pode ser considerada uma perífrase. Para se comunicar de acordo com a sintaxe espanhola e organizar as palavras como os nativos da língua, veja a Dica do Professor que trata das chamadas semiperífrases. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Repertório de expressões idiomáticas espanhol-português Conheça a pesquisa de Ioneide Preusse Juliani, Mestre pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que elabora um repertório fraseológico espanhol-português de expressões idiomáticas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Aula Espanhol - Perífrasis Verbales+Español A videoaula "Espanhol - Perífrasis Verbales+Español" irá auxiliá-lo, de forma direta e exemplificada, a esclarecer dúvidas sobre esse assunto importante da colocação na sintaxe espanhola. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Ir a + infinitivo - reflexão metalinguística na língua segunda Quer saber mais sobre perífrase verbal? Acesse o artigo de Jeannette Sanchez para refletir sobre os obstáculos dos aprendizes de espanhol na internalização da perífrase "ir a + infinitivo". Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conteúdo: O aparelho fonador e os tipos de sons APRESENTAÇÃO Para existir, a fala depende de diversos órgãos presentes no corpo humano. Esses órgãos distribuem-se entre os sistemas articulatório, fonatório e respiratório, que atuam em conjunto para possibilitar a produção dos sons da fala. À união desses três sistemas, dá-se o nome de aparelho fonador. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer detalhadamente o aparelho fonador humano e os tipos de sons que ele é capaz de produzir. A seguir, você também vai descobrir que tipos de sons podem ser produzidos especificamente na língua espanhola, além de aprender o que é alofonia e como reconhecê-la nessa língua. Ao longo da Unidade, você também vai poder estudar o conteúdo de forma dinâmica e interativa, aplicando seu aprendizado com o auxílio de exercícios e um desafio. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar o aparelho fonador e sua relação com a produção de sons.• Identificar os tipos de sons que podem ser produzidos em espanhol.• Reconhecer a alofonia em espanhol.• INFOGRÁFICO Se você pudesse enxergar dentro da cavidade oral enquanto ocorre a fala, certamente seria mais fácil entender como os sons das línguas são produzidos. No entanto, como isso não é possível, utilizam-se mecanismos tecnológicos que simulam um aparelho fonador visto de perfil, além de recursos de animação que possibilitam a visualização do percurso realizado pelos articuladores do aparelho fonador ao produzir um som. O Infográfico poderá ajudar você a entender um pouco melhor a realização de consoantes e vogais, exemplificadapor alguns sons específicos. CONTEÚDO DO LIVRO EEm espanhol, assim como em português, existem alguns alofones. As palavras cena e cerveza podem ser pronunciadas de duas formas: [‘ce.na] ou [‘θe.na] e [cer.’be.sa] ou [θer.’be.θa]. O primeiro caso ilustra a pronúncia da maioria das regiões, como na América Latina e em parte da Espanha, enquanto o segundo ocorre em algumas regiões da Espanha. No entanto, o significado da palavra não muda, ou seja, [c] e [θ] são alofones do fonema /s/. No capítulo O aparelho fonador e os tipos de sons da obra Fonética e fonologia do espanhol, você vai estudar sobre o aparelho fonador humano de forma detalhada, como ele funciona e que tipos de sons ele é capaz de produzir. A seguir, você vai conhecer os sons que podem ser realizados especificamente na língua espanhola, além de aprender a reconhecer a alofonia nessa língua. Boa leitura. O aparelho fonador e os tipos de sons Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar o aparelho fonador e a sua relação com a produção de sons. � Identificar os tipos de sons que podem ser produzidos em espanhol. � Reconhecer a alofonia em espanhol. Introdução Para produzir os sons da fala, é necessária a inter-relação de diversos órgãos do corpo humano. Esses órgãos se distribuem entre os sistemas articulatório, fonador e respiratório, que atuam em conjunto para possi- bilitar a produção de sons. Juntos, esses três sistemas formam o que se chama de aparelho fonador. Neste capítulo, você vai estudar detalhadamente sobre o aparelho fonador humano: vai ver como ele funciona e que tipos de sons ele é capaz de produzir. A seguir, você vai conhecer os sons que podem ser realizados especificamente na língua espanhola, além de aprender a reconhecer a alofonia nessa língua. A relação entre o aparelho fonador e a produção dos sons De acordo com Borba (1975), a fonética é o ramo da linguística que estuda a natureza física da produção e da percepção dos sons da fala humana. Mais especifi camente, é a fonética articulatória que estuda de que forma os sons são produzidos, considerando a posição e a função de cada um dos órgãos do aparelho fonador (língua, lábios, dentes, etc.). Cristófaro-Silva e Yehia (c2008a) fazem uma descrição detalhada a respeito do aparelho fonador e do seu funcionamento. Conforme as autoras, esse apa- relho funciona a partir da união de três sistemas: o articulatório, o fonador e o respiratório. Em cada um desses sistemas, vários órgãos do corpo humano atuam para a produção dos sons da fala (Figura 1). Figura 1. Sistemas articulatório, fonador e respiratório do aparelho fonador humano. Fonte: Adaptada de Silva (2003, p. 30) e Cardoso (2009, p. 24). O sistema articulatório é composto principalmente por faringe, língua, lábios, dentes e nariz. O sistema fonador é formado pela laringe, na qual se encontram a glote e as cordas vocais. Já os órgãos que compõem o sistema respiratório, essenciais para a realização da fala, são a traqueia, os pulmões, os brônquios e o diafragma. Os sistemas articulatório e fonador relacionam-se diretamente para a realização dos sons da fala. Os órgãos do sistema articulatório desempenham o papel de articular a produção desses sons de diversas maneiras. Primeiramente, é importante você conhecer a cavidade oral, que é todo o espaço interno da boca, começando após os lábios e finalizando na porção orofaringe da faringe. O ar que circula pela cavidade oral pode ser obstruído por alguns dos órgãos articuladores, realizando sons consonantais, ou pode passar livremente, gerando os sons vocálicos. No processo de fala, os lábios exercem a função de obstruir a passagem da corrente de ar na cavidade oral. Tal ação produz os sons bilabiais (o lábio inferior atua sobre o superior) e os labiodentais (o lábio inferior atua sobre os dentes superiores). Na produção da fala, os dentes também servem para obstruir a passagem de ar pela cavidade oral. Os superiores funcionam como articuladores passivos e O aparelho fonador e os tipos de sons2 podem sofrer a ação do lábio inferior, no caso de sons labiodentais, e do ápice ou da lâmina da língua, nos sons dentais. As diversas partes da língua têm a capacidade de produzir diferentes sons; logo, ela atua como articuladora ativa. O ápice é a parte pontiaguda do corpo da língua, e a lâmina está logo acima. Essas duas partes precisam tocar os dentes superiores e os alvéolos para articular sons classificados como dentais e alveolares. Por sua vez, a parte anterior da língua, localizada próximo ao seu centro, relaciona-se com a região medial do palato duro para realizar sons alveolopalatais. A parte média da língua, juntamente com o palato duro, produz os sons palatais, enquanto a parte posterior, em contato com o palato mole, realiza os sons velares. O nariz e a nasofaringe compreendem o espaço interior, que se denomina como cavidade nasal. É por essa cavidade que costumam ocorrer a inspiração e a passagem de ar na produção de sons nasais. A faringe é uma cavidade que, devido à sua extensão, divide-se em nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. Ela está situada próximo à úvula e à laringe, terminando acima do esôfago. A laringofaringe comunica-se com a laringe por meio da epiglote, que abre e fecha para que o ar entre na laringe. Em relação à constituição do sistema fonador, a laringe é um órgão fibro- muscular, que se localiza entre a faringe e a traqueia, possibilitando a passagem de ar entre esses dois órgãos. A laringe contém uma série de músculos e car- tilagens, como a tireoide, a epiglote e as cordas vocais — dobras musculares responsáveis pela obstrução da passagem de ar na laringe. As cordas vocais são músculos que revestem a laringe e são separados por um espaço chamado glote. Quando a glote está totalmente aberta, não há qualquer obstrução do ar, que passa livremente por ela sem gerar vibração nas cordas vocais. Já com a glote fechada, a passagem de ar sofre uma obstrução, que faz as cordas vocais vibrarem e, por consequência, ocorre a produção do som. As cordas vocais podem atuar como articuladores ativos na realização dos sons oclusivo e fricativo glotal. O aparelho fonador humano produz alguns fenômenos sonoros que não são utilizados na fala, como o soluço, a tosse e o espirro. A respeito deste último, não é aconselhável “segurar” um espirro; caso contrário, pode ocorrer uma pressão maior na área dos ouvidos, provocando dores, infecções e inclusive o rompimento do tímpano. Fonte: Cristófaro-Silva e Yehia (c2008a, documento on-line). 3O aparelho fonador e os tipos de sons Quanto aos órgãos do sistema respiratório que atuam na realização da fala, a traqueia é um tubo de mais ou menos 1,5 cm de diâmetro e 10 a 12 cm de comprimento. Situa-se abaixo da glote, paralelamente ao esôfago, e une a laringe aos brônquios, possibilitando que o ar siga até os pulmões. Os pulmões são os principais órgãos responsáveis pela respiração. Esses órgãos estão ligados pelos brônquios, os quais são bifurcações da traqueia que distribuem o ar e se dividem em vários segmentos, que podem ser cha- mados de bronquíolos. Os pulmões são muito importantes no processo da fala, pois todas as línguas utilizam o mecanismo de corrente de ar pulmonar para emitir sons. O diafragma é um músculo utilizado para controlar, a partir de seu movi- mento, a pressão exercida nos pulmões. Ele também auxilia nos processos de inspiração e expiração do ar, além de estar relacionado a eventos como tosse, espirro, parto, defecação e soluço. Acesse o site Fonética & Fonologia, disponível no link a seguir. Nele, você vai encontrar informações essenciais sobre essas áreas da linguística. https://goo.gl/XKRPQe Os tipos de sons do espanhol Você já deve saber que o português e o espanhol são considerados “línguas irmãs”, em função das suas semelhanças morfofonológicas. No entanto, a língua espanhola tem alguns sons que não existemna língua portuguesa. Você vai conhecer agora os sons que podem ser produzidos em espanhol. Para se evitar confusão com as letras utilizadas na grafia das palavras de cada língua, teóricos da linguística criaram o alfabeto fonético internacional (IPA, pela sigla em inglês). Ao utilizar o IPA, você vai poder se referir a sons específicos com um único símbolo fonético, independentemente da língua que esteja analisando. Em outras palavras, é possível aprender como se pronuncia qualquer palavra de qualquer língua com base no inventário do IPA. Antes de conhecer os símbolos fonéticos do espanhol, você vai ver na Figura 2 um quadro fonético geral das línguas, com base no IPA. O aparelho fonador e os tipos de sons4 Figura 2. Quadro fonético sonoro baseado no IPA. Fonte: Projeto Sonoridade em Artes, Saúde e Tecnologia (c2008b, documento on-line). A Figura 2 mostra três tabelas. A primeira delas trata das consoantes produzidas a partir de um mecanismo de corrente de ar pulmonar, como o som /t/ na palavra tábua. Você pode observar, em algumas células da tabela, consoantes que aparecem em pares. Esses pares são resultantes da mesma articulação; no entanto, os símbolos que aparecem à direita representam consoantes vozeadas, ou seja, com vibração nas cordas vocais, como é o caso do som /z/ na palavra casa. Já os símbolos da esquerda referem-se às 5O aparelho fonador e os tipos de sons consoantes desvozeadas, isto é, quando não há vibração nas cordas vocais, como o som /s/ em cansado. A segunda tabela da Figura 2 traz as consoantes realizadas a partir de um mecanismo de corrente de ar não pulmonar. Por fim, a última tabela apresenta as vogais dispostas em uma espécie de diagrama, que pretende simular a posição alcançada pela língua na cavidade oral, no momento em que elas são produzidas. As vogais /i/ e /u/, por exemplo, ocorrem com a língua na posição mais alta. A seguir, você verá uma classificação do modo de articulação das conso- antes, de acordo com o tipo de obstrução de ar: � Oclusivas: são as consoantes realizadas a partir do fechamento de algum dos órgãos (lábios, língua, arcada dentária, etc.) durante a passagem de ar, como os sons de /p, b, t, d, k, g/. Você pode conferir algumas palavras em espanhol com esse som nos exemplos a seguir. Puerta − [p]uerta Sopa − so[p]a Barco − [b]arco Hombre − hom[b]re Todo − [t]odo Cita − ci[t]a Disco − [d]isco Mundo − mun[d]o Queso − [k]eso Saco − sa[k]o Gato − [g]ato Tango − tan[g]o � Fricativas: são as consoantes produzidas com a passagem do ar atra- vés de um canal estreito, realizadas a partir da aproximação de dois articuladores, como os sons de /f, s, θ, ʃ, x, ʒ/. Algumas palavras com esse som, em espanhol, estão nos exemplos a seguir: Fino − [ f]ino Seco − [s]eco Cima − [θ]ima Sello − se[ ʃ ]o ~ se[ʒ]o Gente − [x]ente O aparelho fonador e os tipos de sons6 � Africadas: são as consoantes realizadas a partir de uma oclusão se- guida de uma fricção. É o caso dos sons [tʃ, dʒ], exemplificados nas seguintes palavras: � Nasais: são consoantes que fazem o ar expirado passar pela cavidade nasal, pois encontram a úvula e o véu palatino abaixados. Exemplos de sons são /m, n, ɲ, ŋ/. É possível verificar a realização desses sons nos exemplos a seguir: Mano − [m]ano Nombre − [n]ombre Año − a[ɲ]o Mango – ma[ŋ]go � Laterais: são consoantes pronunciadas em decorrência da passagem de ar pelos dois cantos da boca, ao lado da língua, como no caso de /l/ e /ll/. Seguem os exemplos desse tipo de som: Lata − [l]ata Lluvia − [λ]uvia } Variante dialetal � Vibrantes: são consoantes realizadas pela vibração de algum órgão do aparelho fonador. Há uma vibrante simples, quando ocorre uma só batida com a ponta da língua nos alvéolos, como o som [(ɾ)], e uma vibrante múltipla, quando acontece mais de uma batida da língua e vibração do palato mole, como em [(r)]. A seguir, algumas palavras que podem exemplificar a realização desse tipo de som: Carta – ca[ɾ]ta Regla – [r]egla Os órgãos articuladores podem ter papel ativo ou passivo. Os articuladores ativos, que são o lábio inferior, a língua, o palato mole e as cordas vocais, movimentam-se em direção aos passivos. Já os passivos encontram-se na mandíbula superior: lábio superior, dentes superiores e céu da boca, que se divide em alvéolos, palato duro, palato mole e úvula. A seguir, você verá os pontos de articulação dos sons relevantes para a descrição da língua espanhola. � Bilabial: lábio inferior (articulador ativo) e lábio superior (articulador passivo). Exemplos: paso, vago, misa. 7O aparelho fonador e os tipos de sons Em espanhol, o som de v tem a mesma pronúncia de b de forma quase categórica! � Labiodental: lábio inferior (articulador ativo) e dentes incisivos supe- riores (articulador passivo). Exemplos: fresa, enfermo. � Dental: ápice da língua ou lâmina (parte superior da língua) como articulador ativo e dentes incisivos superiores como articulador passivo. Exemplos: ducha, tocar, donde, saltar. � Alveolar: ápice ou ponta da língua (articulador ativo) e alvéolos (arti- culador passivo). Exemplos: triste, tierra, mesa, nombre, balsa. � Alveolopalatal: ápice da língua ou lâmina (parte superior da língua) como articulador ativo e parte medial do palato duro como articulador passivo. Exemplos: rodilla, ocho, mayo, inyectar. � Palatal: parte média da língua (articulador ativo) e parte final do palato duro (articulador passivo). Exemplos: lluvia (dialeto castelhano) maya (dialeto cubano) e año. � Velar: parte posterior da língua (articulador ativo) e palato mole (arti- culador passivo). Exemplos: casa, guerra, gente, largo. � Glotal: os músculos ligamentais da glote comportam-se como ar- ticuladores. Exemplos: lista, variante dialetal caribenha com /s/ “aspirado”. A seguir, você verá a classificação da articulação das vogais em espanhol. � Altas: a língua eleva-se até o céu da boca, deixando uma abertura relativamente estreita para que o ar saia. Os sons [i] de hija e [u] de uña são exemplos de vogais altas. � Médias: a língua sobe até o céu da boca, deixando uma abertura maior do que a das vogais altas. Os sons [e] de eco e [o] de ojo representam vogais médias. � Baixas: a língua eleva-se pouco, permanecendo próxima à mandíbula inferior. O som de [a] em año é um exemplo de vogal baixa. O aparelho fonador e os tipos de sons8 Alofonia em espanhol Conforme ilustra Alarcos Llorach (2008), no universo das frutas, podemos diferenciar peras, maçãs, pêssegos, ameixas e laranjas pelo aspecto, tamanho e pelas demais propriedades. Nem todas as peras são iguais, comenta o autor, mas todas são peras. Alguns sons se comportam da mesma forma: ainda que apresentem diferenças articulatórias, são considerados como pertencentes a um mesmo tipo, de acordo com modelos mentais que os falantes têm em relação aos sons. Esse exemplo das frutas pode ajudá-lo a entender o conceito de alofonia. Alofonia significa a realização de um fonema, que é o modelo mental do som que caracteriza cada língua, de acordo com Alarcos Llorach (2008). A alofonia representa uma distinção de pronúncia em uma palavra, mas não distingue o seu significado. As variantes fonéticas de um fonema recebem o nome de alofones. A motivação para a ocorrência de variação sonora nas línguas pode ter caráter linguístico e social. Dependendo do contexto fonológico ou morfológico de uma palavra, por exemplo, é possível que a articulação do som no aparelho fonador seja realizada de maneira deferente da considerada correta — com base em convenções da escrita. Articulações mais complexas, como é o caso de alguns encontros consonantais, podem gerar variação de pronúncia em decorrência da busca pelo maior conforto na produção da fala. Assim é que surgem os alofones. Já a motivação social pode se dar por questões regionais, etárias, de escolaridade ou mesmo de gênero. Para contextualizar o conceito de alofonia, considere a oposição fonológicaentre os sons /s/ e /∫/ em português. Você vai concordar que as palavras bossa e bocha, além de não serem pronunciadas da mesma forma, têm também signifi- cados diferentes. Os sons mencionados são representados foneticamente, nessas palavras, da seguinte maneira: [‘bo.sa] e [‘bo.∫a]. Portanto, é possível concluir que [s] e [∫] são fonemas do português, uma vez que distinguem significado. No entanto, também se pode afirmar que esses mesmos sons, se conside- rarmos outros exemplos do português, não formam oposição fonológica. É o caso da palavra gostar, que pode ser pronunciada como [gos.’tar] ou como [go∫.tar] — variante encontrada em dialetos como o carioca e o florianopoli- tano. Nesse caso, [s] e [∫] são alofones do fonema /s/, pois têm distinção apenas sonora, não representando diferença de significado. 9O aparelho fonador e os tipos de sons Em espanhol, assim como em português, existem alguns alofones. As palavras cena e cerveza podem ser pronunciadas de duas formas: [‘ce.na] ou [‘θe.na] e [cer.’be.sa] ou [θer.’be.θa]. O primeiro caso ilustra a pronúncia da maioria das regiões, como na América Latina e em parte da Espanha, enquanto o segundo ocorre em algumas regiões da Espanha. No entanto, o significado da palavra não muda, ou seja, [c] e [θ] são alofones do fonema /s/. Você também pode conferir exemplos de pronúncia para cada som em músicas. Acesse os links a seguir para ouvir as pronúncias. Veja a pronúncia da palavra lince na música Cumbiera Intelectual, de Kevin Johansen. https://goo.gl/4Rt82a Na música Princesa, de Joaquín Sabina, confira a palavra princesa. https://goo.gl/bPsDhi Outros casos de alofonia em espanhol podem ser analisados considerando- -se os fonemas /ll/ e /y/. Esses fonemas apresentam os alofones [ʝ], [Ʒ], [dƷ] e [∫] — os dois últimos são encontrados no dialeto rio-platense. Algumas palavras que podem exemplificar esse caso são rodilla e mayo. O fonema /ll/ ainda apresenta a variante [λ]. Confira exemplos de pronúncia nas músicas que seguem. [ʝ] nas palavras huella e yemayá (A las doce, de Yusa, cantora cubana) https://goo.gl/AqMWXx [Ʒ] na palavra yo (Baja a la tierra, de Kevin Johansen e Lila Downs) https://goo.gl/Cb65JW O aparelho fonador e os tipos de sons10 As consoantes oclusivas /b/ e /d/ também têm variantes sonoras. Em relação ao fonema /b/, tem-se os alofones [b], como em sombra, e [β], como na palavra lobo. No caso de /d/, existem os alofones [d], como em mundo, e [ð], verificável na palavra cerdo. A diferença de pronúncia entre cada um desses pares de consoantes, no entanto, é bastante sutil, o que pode dificultar a distinção desses sons, ao escutá-los. O fonema /g/ pode ser realizado como [g] ou [ɣ]. Como exemplos, temos, respectivamente, gato e lago. Esses pares de consoantes também têm uma diferença auditiva bastante sutil, o que pode gerar a impressão de que são iguais. Os sons nasais também são muito variáveis na língua espanhola. O fonema /n/ tem os alofones [n], como em nada, e [ŋ], como em tenga e corazón, no dialeto caribenho. O fonema /m/, por sua vez, realiza-se como [m] em misa e ambos, enquanto as palavras enfermo e empanada pronunciam-se com o alofone [ɱ]. [dƷ] na palavra yo (Yo me llamo cumbia, de Totó la Momposina, cantora cubana) https://goo.gl/EHNm3Q [∫] na palavra yo (Parque, da banda argentina Onda Vaga) https://goo.gl/fwjWrs [λ] na palavra pastillas (Pastillas para no soñar, do cantor espanhol Joaquín Sabina) https://goo.gl/idVpE3 11O aparelho fonador e os tipos de sons 1. Alofonia é uma distinção de pronúncia em uma palavra, sem que o seu significado seja alterado. Selecione a alternativa em que o alofone em questão distingue o significado da palavra. a) bo[tʃ ]a ~ bo[ʃ ]a b) [dʒ]uvia ~ [ʒ]uvia c) [ʒ]evar ~ [ʃ ]evar d) [s]ere[s]a ~ [θ]ere[θ]a e) donce[λ]a ~ donce[ʃ ]a 2. O sistema articulatório está formado por vários órgãos do corpo humano. São eles: a) boca, língua, dentes e laringe. b) lábios, língua, faringe, nariz e laringe. c) língua, diafragma, faringe, dentes e palato. d) boca, dentes, nariz, faringe e laringe. e) língua, lábios, dentes, nariz e faringe. 3. Escolha a alternativa em que há somente palavras com alofones da língua espanhola. a) [θ]erveza, [k]arta, be[ʃ ]eza. b) [tʃ ]ico, [dʒ]uvia, [θ]ero. c) [θ]eta, arro[ʃ ]o, be[β]er d) mere[s]er, encan[t]o, vergüen[s]a. e) despa[tʃ ]o, bi[ʃ ]ete, a[θ]era. 4. O lábio inferior, a língua, o palato mole e as cordas vocais são articuladores ativos da fala humana. De que forma eles atuam para possibilitar a produção dos sons de uma língua? a) Os articuladores ativos movimentam-se em direção aos passivos. b) Os articuladores passivos movimentam-se em direção aos ativos. c) Os órgãos do aparelho articulatório e do fonador entram em contato. d) Os articuladores recebem a corrente de ar que sai da glote, gerando vibração. e) Os articuladores ativos e passivos movem-se em direção ao centro da cavidade oral. 5. Qual das alternativas a seguir traz apenas palavras da língua espanhola, considerando-se as representações fonéticas de sons nesses contextos? a) [dʒ]istancia, [dʒ]amada, [tʃ ]ico b) [d]erecho, ar[t]ista, alfa[x]or c) ci[ɛ]rto, a[ɲ]adir, b[ã]ño d) pu[e]rta, tie[x]a, be[s]ar e) [g]obierno, [g]erente, [k]eso O aparelho fonador e os tipos de sons12 ALARCOS LLORACH, E. Gramática de la lengua española. Madrid: Espasa Calpe, 2008. BORBA, F. S. Introdução aos estudos linguísticos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1975. CARDOSO, D. P. Fonologia da língua portuguesa. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2009. CRISTÓFARO-SILVA, T.; YEHIA, H. C. Sonoridade em artes, saúde e tecnologia. c2008a. Disponível em: <https://www.cefala.org/fonologia/index.php>. Acesso em: 29 jul. 2018. PROJETO SONORIDADE EM ARTES, SAÚDE E TECNOLOGIA. Quadro fonético. c2008b. Dis- ponível em: <http://www.fonologia.org/quadro_fonetico.php>. Acesso em: 29 jul. 2018. SILVA, T. C. Fonética e fonologia do português. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2003. Leituras recomendadas LÓPEZ MORRÁS, X. Transcriptor fonético automático del español. 2004. Disponível em: <http://www.aucel.com/pln/transbase.html>. Acesso em: 29 jul. 2018. MAGALHÃES, V. Alofones; sons da fala e grafemas: exemplos e definição. 2016. Disponível em: <http://letrasunilabilingue.blogspot.com/2016/02/alofones-no-portugues-sons- -da-fala-e.html>. Acesso em: 29 jul. 2018. QUILIS, A.; FERNÁNDEZ, J. A. Curso de fonética y fonología españolas. Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1992. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de lengua española. 2017. Disponível em: <http://dle.rae.es/>. Acesso em: 29 jul. 2018. TARALLO, F. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, [2010?]. (Série Princípios). UNIVERSIDAD ALCALA DE HENARES. Señas: diccionario para la enseñanza de la Lengua Española para Brasileños. 4. ed. [S.l.]: Wmf Martins Fontes, 2013. 13O aparelho fonador e os tipos de sons DICA DO PROFESSOR A pronúncia do /r/ de Carro, tierra e rato em espanhol, às vezes, pode representar uma dificuldade para aprendizes lusófonos. Para superá-la, você pode tentar observar como esse som é articulado no aparelho fonador, além de fazer alguns exercícios que envolvem concentração e respiração. Veja no Vídeo dicas para lhe ajudar na pronúncia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Fonética e Fonologia do Português Brasileiro Este texto apresenta a Fonética e Fonologia do Português Brasileiro. Tem como o objetivo que o estudante, com base em sua própria língua, possa compreender os fenômenos relativos às propriedades articulatórias dos sons do português brasileiro. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Fonética da língua espanhola Veja algumas questões particulares dessa língua. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Um estudo sobre róticosem variantes do espanhol Os róticos constituem uma classe de sons que apresenta extensa alofonia em coda silábica. Leia mais no artigo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! FUNDAMENTOS DA LÍNGUA ESPANHOLA Renan Cardozo Gomes da Silva Funções comunicativas APRESENTAÇÃO A comunicação é o eixo central a partir do qual são organizadas nossas sociedades e se age no mundo. Saber as funções que a comunicação assume em diferentes contextos e os elementos que a compõem são temas basilares para os estudos linguísticos e conhecimento indispensável tanto para aquele que aprende/adquire uma segunda língua ou língua estrangeira, quanto para aquele que a ensina. Sobre o assunto, são pioneiros os trabalhos de Jakobson, linguista e crítico literário russo, que dedicou boa parte de suas pesquisas a compreender a comunicação e o funcionamento da linguagem em sua teoria da informação. Nela, o autor inter-relaciona funções comunicativas específicas a cada um dos elementos que compõem o esquema funcionalista da comunicação. Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará algumas propostas da teoria da comunicação que possibilitarão, a partir das análises construídas, refletir sobre a função comunicativa de textos, envolvendo identificar o enunciador (remetente) e o interlocutor de uma mensagem e analisar o repertório sociocultural de escritores em funções comunicativas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a função comunicativa dos textos.• Identificar o enunciador e o interlocutor.• Analisar o repertório sociocultural de escritores em funções comunicativas.• INFOGRÁFICO O modelo da comunicação, proposto por Jakobson, é uma construção teórica relevante para que sejam reconhecidos os elementos que integram a troca enunciativa e as funções que a linguagem pode assumir. Ainda, a partir das propostas do autor, chega-se à noção de ruído, elementos externos ao diálogo que podem dificultar e/ou inviabilizar a compreensão efetiva. No infográfico a seguir, você visualizará o modelo da comunicação proposto por Jakobson, em Linguística e poética (2005), e os modelos subsequentes (2005a), em Linguística e teoria da comunicação, em que a noção de ruído passa a ser considerada. Ao final, são citados exemplos de possíveis ruídos que podem afetar a comunicação em um ambiente real: a sala de aula. CONTEÚDO DO LIVRO O estudo das funções comunicativas é um dos temas centrais da linguística, e reconhecê-las é indispensável ao estudante e ao professor de línguas. Nos artigos Linguística e poética e Linguística e teoria da comunicação, Jakobson reflete sobre os elementos fundamentais da comunicação e as funções comunicativas exercidas pela linguagem. No capítulo Funções comunicativas, da obra Fundamentos da língua espanhola, você conhecerá, com base nos estudos do linguista russo — aporte teórico desta Unidade de Aprendizagem —, os elementos e as funções comunicativas com o objetivo de identificar os agentes da comunicação, o enunciador e o interlocutor, reconhecer a função comunicativa exercida por diferentes textos e analisar o repertório sociocultural de escritores em funções comunicativas. Boa leitura. Funções comunicativas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a função comunicativa dos textos. � Identificar o enunciador e o interlocutor. � Analisar o repertório sociocultural de escritores em funções comunicativas. Introdução Os modos como a linguagem é utilizada para comunicar é tema central para os estudos linguísticos e questão de fundamental relevância para a aquisição/aprendizagem de uma segunda língua ou de uma língua estrangeira. Por meio da comunicação, para além da emissão e da recepção de mensagens, construímos sentidos e agimos no mundo. Nessa perspectiva, discernir as funções que os diferentes textos assu- mem é indispensável para o sujeito que queira vivenciar situações reais de uso da língua e para o professor comprometido em formar leitores e escritores proficientes. Quem são os atores envolvidos na comunicação? Quais funções a linguagem pode assumir? Como a linguagem pode não comunicar, ou mal comunicar? Essas são algumas das questões sobre as quais o linguista russo Roman Jakobson (2005, 2005a) se debruçou à construção da sua teoria da comunicação. Neste capítulo, você vai estudar algumas propostas da teoria da co- municação que lhe permitirão reconhecer a função comunicativa de textos. Você aprenderá ainda a identificar o enunciador (locutor) e o interlocutor de uma mensagem e analisar o repertório sociocultural de escritores em funções comunicativas. C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 1 21/09/2018 16:22:46 Modelo comunicativo e funções comunicativas A palavra comunicação, em sua etimologia, deriva do latim communicatio, a ação de repartir ou, literalmente, o ato de tornar comum. Desde os estudos clássicos, como A Retórica de Aristóteles, até refl exões modernas, como Esté- tica da criação verbal de Mikhail Bakhtin, a comunicação — e a linguagem enquanto meio de interação — ocupa lugar privilegiado na discussão sobre os modos como nos relacionamos socialmente por meio de textos. Entre os pensadores dedicados ao estudo da comunicação humana, destaca-se o linguista vinculado à corrente funcionalista Roman Jakobson (1896–1982). Para o autor, o “ato de tornar comum” uma mensagem na comunicação verbal envolve seis elementos fundamentais: o remetente (emissor), o destina- tário (receptor), a mensagem, o contato, o código e o contexto. Esses elementos podem ser esquematizados de acordo com a Figura 1. Figura 1. Esquema da comunicação verbal. Fonte: Adaptado de Jakobson (2005). Conforme Jakobson (2005), no modelo da comunicação, um emissor envia uma mensagem a um destinatário por meio de um canal apropriado. Ambos os indivíduos compartilham um código comum (por exemplo, o português) e dividem o mesmo contexto ou o mesmo referente. Em pormenores: � remetente – é o elemento que emite a mensagem; pode ser um aparelho, uma pessoa ou um grupo; � destinatário – é o elemento a quem a mensagem é destinada; como o remetente, pode ser um aparelho, uma pessoa ou um grupo; � contexto (referente) – é o elemento do qual fala a mensagem; pode ser um objeto, um ser ou uma situação; � mensagem – é o elemento correspondente à própria mensagem, isto é, o conteúdo transmitido; � contato (canal) – é o elemento que diz respeito ao meio pelo qual a mensagem é transmitida; Funções comunicativas2 C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 2 21/09/2018 16:22:46 � código – é o conjunto de signos e de regras combinatórias convencio- nados pelos interlocutores para a construção da mensagem; o remetente codifica a mensagem e o destinatário a decodifica. Para saber mais sobre a noção de signo linguístico, leia o capítulo Teoria dos signos de José Luiz Fiorin (2014), presente no volume I do livro Introdução à Linguística: objetos teóricos. Em trabalhos posteriores (JAKOBSON, 2005a), o pensador russo pondera sobre outros dois elementos: o feedback e o ruído. Segundo ele, o feedback é um sinal emitido pelo destinatário que indica ao remetente a recepção da mensagem, ao passo que o ruído é qualquer atrito que possa causar interfe- rência no processo de emissão–recepção da mensagem. Seguindo essa lógica, Jakobson pensa que a linguagem exerce funções específicas, de acordo com o elemento preponderante na comunicação. A cada um dos elementos do esquema da comunicação corresponde uma função comunicativa. � Função emotiva: centrada no remetente. O enfoque da função emotiva se dá sobre as emoções e percepções do remetente, com o objetivo de expressar sentimentos. � Função conativa (apelativa): centrada no destinatário. Na função conativa, a ênfase é dada ao destinatário, com o objetivo de convencê- -lo ou interpelá-lo. � Função referencial: centradano contexto. O assunto da mensagem é posto em destaque na função referencial, com o propósito de informar. � Função poética: centrada na mensagem. A função poética dá relevância à mensagem, com intenção de atentar aos modos como ela foi organizada. � Função fática: centrada no canal. O canal é posto em evidência na função fática, e a sua finalidade é estabelecer, manter ou finalizar a interlocução. � Função metalinguística: centrada no código. A função metalinguís- tica coloca o próprio código como elemento central e, assim, tem por intenção refletir sobre a própria linguagem. Traçando relações entre as funções comunicativas e o esquema da comu- nicação de Jakobson, temos o paralelo apresentado na Figura 2. 3Funções comunicativas C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 3 21/09/2018 16:22:47 Figura 2. Esquema da comunicação verbal e das funções comunicativas. Fonte: Adaptado de Jakobson (2005). Cabe salientar que tais funções se superpõem em um texto. Dessa maneira, é comum encontrarmos textos que mobilizem uma ou mais funções da linguagem, embora uma sempre seja preponderante. De forma geral, as funções comuni- cativas se relacionam tipicamente mais a alguns tipos de texto do que a outros. Dessa maneira, conforme Jakobson (2005), embora diferenciemos seis ele- mentos básicos da comunicação, dificilmente conseguiríamos encontrar men- sagens verbais com uma função única. A heterogeneidade da linguagem (e dos textos) está não no monopólio de alguma dessas várias funções, mas em uma diferente ordem hierárquica delas. Assim, os sentidos de determinada mensagem verbal ou de um texto dependem basicamente da função predominante. Modelo comunicativo e construção de sentidos O modelo comunicativo, enquanto construção teórica, traz valiosas contri- buições para o estudo da linguagem e da língua, especialmente da língua espanhola. Entre elas, a principal é servir como apoio para compreender o modo como os sentidos dos textos são construídos na comunicação verbal. Conforme Isabel Solé (1998), linguista espanhola preocupada com o ensino e a aprendizagem da leitura, é de grande importância para uma leitura profi - ciente identifi car os elementos da comunicação verbal. Em outras palavras, a decodifi cação de um texto parte necessariamente do reconhecimento desses elementos, uma vez que eles determinam os sentidos. Com o objetivo de ilustrar essa afi rmação, examine a Figura 3. Funções comunicativas4 C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 4 21/09/2018 16:22:47 Figura 3. Publicidade sobre amamentação durante a gravidez e/ou em grupo. Fonte: Brasil (2014). Seguindo a proposta de Jakobson (2005), podemos decodificar o texto acima a partir da identificação dos elementos da comunicação: o remetente, o destinatário, o contexto, a mensagem, o canal e o código. � Os remetentes da publicidade (aqueles que a assinam) são os grupos Azaral (Asociación Canaria de Crianza Natural) e Asociación Canaria Pro Lactancia Materna. � O destinatário, por se tratar de um texto midiático, é o amplo grupo que possa ter acesso a ele. Entretanto, pela sua temática, podemos inferir que a publicidade se destina a dois grupos específicos: o das mulheres mães e o daqueles que se contrapõem à amamentação durante a gravidez e/ou em grupo (ao afirmar que essa é uma prática “natural e respeitosa”, fica implícito que há pessoas que a consideram não natural e desrespeitosa). � O contexto do texto, ou o seu referente, é o da amamentação durante a gravidez e/ou em grupo. � A mensagem da publicidade é um juízo de valor positivo acerca da amamentação durante a gravidez e/ou em grupo, ao afirmar que é uma prática “natural e respeitosa”. Para reafirmar essa posição, ilustra a mensagem uma criança beijando a barriga de uma mulher, o que pode ser entendido como um ato positivo e de afeto. 5Funções comunicativas C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 5 21/09/2018 16:22:47 � O canal utilizado é o papel, sob a forma de panfleto, que foi digitalizado e circula pela internet. � O código empregado é a língua espanhola em seu registro culto padrão. Ao reconhecer esses elementos, é possível decodificar o texto, reconhecer a sua mensagem e depreender o seu sentido. Do mesmo modo, esses sentidos poderiam ser outros, se os elementos fossem diferentes. Por exemplo, os sentidos da mensagem seriam outros se quem a assinasse fosse a Asociación Contra la Amamentación en Tándem (fictícia), ou seria ininteligível se estivesse escrita em outro código, como o mandarim. Ainda, alguns sentidos não são possíveis de serem apreendidos, uma vez que perdemos a pigmentação da foto devido ao “ruído” da digitalização. Mantendo a atenção nos elementos da comunicação, nem todos eles são identificáveis em um texto, e outros não são convencionais. A “não identi- ficação” e a “não convencionalidade” desses elementos também constroem sentidos. Veja a Figura 4. Figura 4. Intervenção urbana do grupo Acción Poética. Fonte: Brasil (2016). Percorrendo o mesmo raciocínio anterior de decodificar o texto da imagem a partir da identificação dos elementos da comunicação de Jakobson, temos os seguintes apontamentos. � O remetente da publicidade (aquele que a assina) é o grupo Acción Poé- tica Lima. A Acción Poética, movimento artístico iniciado no México, é caracterizada pelas intervenções urbanas que realiza: o grupo escreve em letra preta pequenos versos e fragmentos de poesias, em muros com fundo branco. Iniciada por Armando Pulido, em 1996, hoje a Acción Funções comunicativas6 C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 6 21/09/2018 16:22:47 Poética é um grupo anônimo, cujos únicos princípios são manter o tom afetuoso e não tratar de assuntos religiosos e políticos. � O destinatário do texto, por ser uma pichação, são as pessoas que transitam pela cidade. Ainda, se pensarmos que a intervenção poética foi fotografada e postada na rede social Facebook, o destinatário da mensagem é ampliado, ao ponto de não ser possível deduzir quem seja o seu interlocutor. � O contexto do texto (o referente), em sentido amplo, pode ser a felicidade ou o estado daquele que é feliz. � Entre as possíveis mensagens da publicidade, temos um eu lírico que fala do seu estado de ânimo e que, frente à indecisão de não saber o que colocar, resolve “colocar-se” feliz. A mensagem se constrói a partir do jogo de inversão fonológica entre /s/ e /p/ em supe (soube) e puse (pus), e do jogo semântico, com a ambiguidade do verbo poner (vestir uma roupa, causar o que significa o nome/adjetivo que o segue). � O canal utilizado é o muro ou a rede social, se pensarmos na mensagem enquanto fotografia. � O código empregado é a língua espanhola em seu registro coloquial. A decodificação da pichação/imagem que acabamos de realizar aponta para o fato de que nem todos os elementos da comunicação são facilmente identi- ficáveis — ou passíveis de ser pontualmente indicados. No caso em análise, o grupo que assina a mensagem é anônimo e o seu destinatário não é um grupo específico. Acerca do código, aqueles que não dominam de maneira aprofundada a fonologia e a semântica do espanhol não conseguem decodificar a mensagem de maneira aprofundada, ou seja, o seu caráter metalinguístico. Ainda, temos aí um caso em que os canais utilizados não são convencionais (o muro) ou mesmo impensáveis para Jakobson, como a rede social e o ciberespaço. A internet e o espaço virtual reorganizaram, em larga escala, a maneira como comunicamos. Diante dessas mudanças, alguns filósofos passaram a considerar o ciberespaço como reorganizador da sociedade contemporânea e, logo, dos modos como os homens se relacionam com a língua(gem) e entre si. O filósofo da informação Pierre Levy reflete sobre essas e outras questões no vídeo A comunicação mutante. https://goo.gl/RPKQGe 7Funções comunicativas C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 7 21/09/2018 16:22:48 Funções comunicativas e construção de sentidos Assim como os elementosda comunicação, reconhecer as funções comunica- tivas dos textos é crucial para a compreensão leitora. Conforme Solé (1998), a leitura constitui-se a partir de dois níveis: a compreensão e a interpretação. Enquanto a compreensão diz respeito a dar signifi cado ao texto a partir da manipulação do código comum entre escritor e leitor, a interpretação se refere à atribuição de sentido aos textos por meio da interação entre o leitor, os seus conhecimentos de mundo e o texto. Dessa maneira, reconhecer os elementos da comunicação de um texto está relacionado à sua compreensão, ao passo que inferir as suas funções comunicativas diz respeito à interpretação. No nível da interpretação, é pos- sível, por exemplo, analisar a função sociocomunicativa de uma mensagem e refletir sobre o repertório sociocultural de um escritor. Dediquemo-nos, então, a pensar sobre as funções comunicativas exercidas por diferentes textos escritos. Veja a Figura 5. Figura 5. Peça publicitária da campanha No le hagas caso, mujer. Hazlo por ti. Fonte: González (2008). Funções comunicativas8 C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 8 21/09/2018 16:22:48 Essa publicidade, veiculada em 2008 pelo Ministério de Igualdade da Espanha junto a outros materiais, faz parte da campanha No le hagas caso, mujer. Hazlo por ti. O objetivo dos materiais pedagógicos, conforme assessores do Ministério, é sensibilizar os cidadãos espanhóis contra os maus-tratos às mulheres. O texto acima mobiliza, em maior grau, a função conativa da comunicação, isto é, a sua função primeira é interpelar os leitores a favor da causa apresentada. Tal abordagem é feita principalmente pela injunção de “frente ao abusador, tolerância zero” e pelo uso do modo imperativo presente no nome da campanha, como em No le hagas e hazlo. Entretanto, a função conativa não é a única exercida pela peça publicitária: a maneira como a fonte e a tipografia (grafadas em vermelho na imagem original) são arranjadas tem como fim chamar a atenção do público leitor. De mesmo modo, o uso da imagem de uma criança como pano de fundo configura-se como estratégia de comoção do receptor da mensagem. Agora observe o texto a seguir. ¿De dónde procede el nombre de los meses del año? El calendario es un sistema de medida de tiempo utilizado para largos pe- riodos y basado principalmente en una sucesión de actividades relacionadas con las estaciones del año, como la época de cosecha de distintos alimentos. Los calendarios se estructuraban en torno a las fases de la luna, como en el musulmán, o en función del sol como hacían en el Antiguo Egipto. Se trata de una herramienta que ha acompañado al hombre desde hace mucho tiempo, siendo el calendario más antiguo encontrado uno que data del 8.000 a.C. y que medía el tiempo tanto por la luna como por el sol. El calendario que ha llegado hasta nuestros días, como casi todo, es herencia del poderosos Imperio Romano. Originariamente, el calendario primitivo de Roma se dividía solamente en 10 meses y no coincidía con los ciclos astro- nómicos. Fue Numa Pompilio, el segundo rey de Roma (715-672 a. de C.), quien adaptó el calendario al año solar según el modelo egipcio y le agregó los 2 meses restantes. Desde que Roma lo hiciera su calendario oficial, el modelo compuesto por doce meses se extendió por toda Europa y fue utili- zado hasta el siglo XV, cuando hizo su entrada el calendario gregoriano. Los nombres que los romanos utilizaban para designar los meses del año tienen su origen en dioses, emperadores o números, y estos se han conservado en las lenguas inglesa, española, francesa, italiana y portuguesa (DELGADO, 2018, documento on-line). 9Funções comunicativas C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 9 21/09/2018 16:22:48 O artigo ¿De dónde procede el nombre de los meses del año?, assim como a publicidade anterior, compartilha a função fática: em função de o título ser uma pergunta, a sua finalidade é instigar o leitor. Entretanto, a função fática não é dominante no texto em questão. A função principal do artigo é a de informar sobre a procedência histórica da designação dos meses do ano em língua espanhola e, por isso, o contexto (referente) é central na sua construção, o que caracteriza o emprego da função referencial. Nesse mesmo texto, podemos ainda identificar o emprego da função metalinguística, visto que a mensagem também procura discutir a motivação histórica (diacrônica) envolvida na convenção dos nomes dos meses. Dediquemos nossa atenção ao poema que segue. Que no me quiera Fabio al verse amado es dolor sin igual, en mi sentido; mas que me quiera Silvio aborrecido es menor mal, mas no menor enfado. ¿Qué sufrimiento no estará cansado, si siempre le resuenan al oído, tras la vana arrogancia de un querido, el cansado gemir de un desdeñado? Si de Silvio me cansa el rendimiento, a Fabio canso con estar rendida: si de éste busco el agradecimiento, a mí me busca el otro agradecida: por activa y pasiva es mi tormento, pues padezco en querer y ser querida. (DE LA CRUZ, 1994, p. 166). O soneto que você acabou de ler integra a obra Inundación Castálida, escrito em 1689 pela célebre poetisa mexicana Sor Juana Inés de la Cruz. Conhecida pela obra intimista, de certo modo autoficcional e à frente da sua época, Juana é tida como a décima musa do Siglo de Oro espanhol, apogeu literário da cultura espanhola. Podemos compreender que o poema possui função emotiva, uma vez que expressa os sentimentos do eu lírico, marcados Funções comunicativas10 C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 10 21/09/2018 16:22:48 por adjetivos como rendida, agradecida e querida. De todo modo, a função comunicativa fundamental do texto em questão é a poética, uma vez que enfoca os modos como a mensagem em si está organizada. Podemos dizer que, em essência, os textos literários assentam-se sobre a função poética da linguagem. Por fim, é importante salientar que compreender as funções comunicativas dos diferentes textos nos dá suporte para compreender o repertório sociocul- tural dos remetentes (escritores), ou seja, a bagagem de mundo que ressoa à construção dos sentidos. Por exemplo, no caso do soneto de Sor Juana Inés, temos uma mulher como remetente de um texto no século XVII, o que era algo incomum para o período histórico. O fato de que uma mulher envia a mensagem, nesse caso, é um aspecto significativo da cena comunicativa e elemento fundamental para a compreensão do texto. Nos estudos recentes em linguística, por questões de tradução, encontramos como equivalentes termos como funções comunicativas, funções da linguagem e funções comunicativas da linguagem. Com base no estado da arte, utilizamos esses termos como sinônimos para construir este capítulo. Podemos pensar ainda no uso da cor vermelho da tipografia da publi- cidade: associa-se o vermelho à agressividade e à fúria, informação inter- nalizada pela memória social. Assim, o uso de um recurso que facilmente pode passar despercebido ao leitor é índice de questões sociais e históricas, como a violência de gênero. Outro elemento que podemos mencionar é o registro da língua empregado pelo remetente ao codificar a mensagem: no caso do artigo, o registro empregado é o culto padrão, que é a variedade linguística utilizada pela parcela escolarizada da sociedade espanhola. Esse recorte social realizado pela linguagem endereça o texto a um grupo específico — o daqueles que usam a variedade culta padrão. Outros grupos sociais, como os analfabetos e os com menos instrução escolar, não têm acesso à informação veiculada. 11Funções comunicativas C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 11 21/09/2018 16:22:48 BARCELONA. Mapa turístico de Barcelona. 2011. Disponível em: <http://barcelonaerasmus. es/documentos/mapa-turistico-barcelona.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. Prova amarela do Enem de 2014: segundo dia, questão número 93. 2014. Disponível em: <https://www.infoenem.com.br/wp-content/uplo- ads/2011/10/CAD_AMARELO_DOMINGO.pdf>.Acesso em: 18 set. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. Prova amarela do Enem de 2016: segundo dia, questão 94. Disponível: <http://estaticog1.globo.com/2016/11/09/CAD_ENEM_2016_DIA_2_05_ AMARELO.pdf>. Acesso em: 18 set. 2018. DE LA CRUZ, J. I. Sor Juana Inés de la Cruz: obra selecta. Caracas: Biblioteca Ayacucho, 1994. T.1. DELGADO, D. ¿De dónde procede el nombre de los meses del año?. Muy Interesante, 2018. Disponível em: <https://www.muyinteresante.es/cultura/arte-cultura/articulo/ ide-donde-procede-el-nombre-de-los-meses-del-ano>. Acesso em: 18 set. 2018. GONZÁLEZ, S. No le hagas caso, mujer, hazlo por ti. El Mundo, jul. 2008. Disponí- vel em: <http://www.elmundo.es/elmundo/2008/07/09/elblogdesantiagogonza- lez/1215588487.html>. Acesso em: 18 set. 2018. JAKOBSON, R. Linguística e poética. In: JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 2005a. JAKOBSON, R. Linguística e teoria da comunicação. In: JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 2005b. SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998. Leituras recomendadas FIORIN, J. L. Teoria dos signos. In: FIORIN, J. L. Introdução à linguística I: objetos teóricos. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2014. GUTIÉRREZ ORDÓÑEZ, S. Del arte gramatical a la competencia comunicativa: discurso de ingreso a la academia. Madrid: Real Academia Española, 2008. LÉVY, P. A comunicação mutante. Youtube, jan. 2014. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=VH5BPc2p3dc>. Acesso em: 18 set. 2018. MARTELOTTA, M. E. Funções da linguagem. In: MARTELOTTA, M. E. Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2011. Funções comunicativas12 C08_Funcoes_comunicativas_AVULSO.indd 12 21/09/2018 16:22:48 DICA DO PROFESSOR O linguista Paul J. Slagter, em sua obra Un nível umbral (1979), adapta o documento Threshold- level, produzido pelo Conselho Europeu. O documento tem por objetivo possibilitar a todos aqueles que se ocupam da planificação e do ensino de línguas a construção e utilização de sistemas de aprendizagem eficazes baseados nas necessidades dos alunos. Embora em uma perspectiva um pouco diferente daquela proposta por Jakobson, Slagter se ocupa em construir diretrizes metodológicas para o ensino de línguas a partir de uma perspectiva comunicativa. Sua obra é um rico exemplo de como questões teóricas podem ser transpostas à sala de aula. Na Dica do Professor, você conhecerá algumas das noções básicas da construção teórico- metodológica de Slagter, principalmente os elementos organizadores do "nível umbral" e as principais categorias da comunicação verbal. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Jakobson e a teoria da literatura Confira a videoaula número 9 do curso de Introdução à teoria da literatura, disponibilizado pela UNIVESP, do professor Paul Fry, da Universidade de Yale. Nela, Fry discorre sobre as contribuições de Jakobson para o campo da literatura e explora relações entre formalismo, semiótica e linguística. É uma possibilidade de você acompanhar outros desdobramentos dos estudos do autor russo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Explorando conceitos O Instituto Cervantes mantém em sua página um repertório riquíssimo de materiais sobre ensino de espanhol. Dentre eles, destaca-se o Diccionario de términos clave de ELE. Nele, você terá acesso a exposições didáticas sobre alguns dos termos utilizados nesta Unidade de Aprendizagem, como aprendizagem, aquisição, signo, língua e função. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Pensando sobre o ensino No capítulo O ensino de outra(s) língua(s) na contemporaneidade: questões conceituais e metodológicas, que integra o livro Uma espiadinha na sala de aula: ensinando línguas adicionais no Brasil, os professores Vilson Leffa e Valesca Irala exploram alguns conceitos de extrema relevância para o ensino de línguas, como os de língua adicional e de pedagógica crítica. Ao final do texto, os autores propõem reflexões sobre o ensino de línguas a partir da pedagogia por projetos, que parte de uma abordagem comunicativa. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Ainda pensando sobre o ensino No livro Un nível umbral, o linguista P. J. Slagter adapta o documento "Threshold- level", lançado no final da década de 70 pelo Conselho Europeu. A proposta do material é a de possibilitar a todos aqueles que se ocupam da planificação e do ensino de línguas a construção e utilização de sistemas de aprendizagem eficazes baseados nas necessidades dos alunos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SINTAXE DA LÍNGUA ESPANHOLA Aline Bizello O nível oracional APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo. Você já percebeu que, durante a comunicação, frequentemente as pessoas utilizam fatos para contar uma história ou para construir uma base para os argumentos e teses? Além disso, notou que os verbos estão sempre presentes nessas situações? Se sua resposta foi sim, é sinal de que você reconhece o papel fundamental das orações nas situações de comunicação. Nesta Unidade de Aprendizagem, você explorará a estruturação do discurso da língua espanhola no nível oracional. Com esse estudo, você notará que a aprendizagem de uma língua não ocorre apenas pela internalização de vocabulário, mas também pela assimilação da forma como as palavras e as orações são organizadas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Contrastar orações ativas, passivas e impessoais.• Diferenciar, a partir da noção de atos de fala, orações interrogativas, exclamativas e imperativas. • Analisar as orações subordinadas em língua espanhola.• INFOGRÁFICO Um aporte importante para o desenvolvimento é a escrita de frases complexas que tenham uma adequação semântica. Como o estudo das orações subordinadas contribui para que essa finalidade seja atingida, pode-se propor uma situação de aprendizagem em que essas construções sejam parte de uma proposta de produção textual. Confira uma possível situação de aprendizagem para trabalhar essas relações em sala de aula. CONTEÚDO DO LIVRO Uma das competências que todo aprendiz de língua estrangeira deve desenvolver é a competência escrita. Elaborar e expressar uma mensagem coesa e clara numa língua estrangeira requer uma organização adequada dos termos na oração. Para que você possa mergulhar nesse universo das relações sintáticas que ocorrem ao redor de um verbo, leia o capítulo O nível oracional, do livro Sintaxe da língua espanhola, e conheça as diferenças entre orações interrogativas, exclamativas e imperativas; as formas de elaborar construções ativas, passivas e impessoais e as diferentes organizações das orações subordinadas. Boa leitura. Revisão técnica: Marina Leivas Waquil Doutora e Mestra em Letras – Teorias Linguísticas do Léxico Bacharel em Letras – Português/Espanhol Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147 S749s Spessatto, Roberta. Sintaxe da língua espanhola / Roberta Spessatto, Aline Bizello; [revisão técnica: Marina Leivas Waquil] . – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 249 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-495-3 1. Língua espanhola – Sintaxe. I. Bizello, Aline. II.Título. CDU 811.134.3’367 Sintaxe_lingua_espanhola_Book.indb 2 20/07/2018 11:28:59 U N I D A D E 3 O nível oracional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Contrastar orações ativas, passivas e impessoais. � Diferenciar, a partir da noção de atos de fala, orações interrogativas, exclamativas e imperativas. � Analisar as orações subordinadas em língua espanhola. Introdução Você já percebeu que, quando nos comunicamos, frequentemente utilizamos fatos para contar uma história ou para construir uma base para nossos argumentos e teses? Além disso, notouque os verbos estão sempre presentes nessas situações? Se sua resposta foi sim, é sinal de que você reconhece o papel fundamental das orações nas situações de comunicação. Neste capítulo, você explorará a estruturação do discurso da língua espanhola no nível oracional. Com esses estudos, você notará que a aprendizagem de uma língua não ocorre apenas pela internalização de vocabulário, mas também pela assimilação da forma como as palavras e as orações são organizadas. Orações ativas, passivas e impessoais A sintaxe estuda as diversas relações que podem surgir entre elementos de uma oração e entre as orações. Mas o que é oração? É um enunciado em que todos os termos se associam a um verbo. Nesse contexto, podem ser construídos vários tipos de oração. C08_Nivel_oracional.indd 1 08/06/2018 15:36:44 Desenvolver a competência linguística de uma língua estrangeira requer, entre outras habilidades, expressar-se de diferentes maneiras para fornecer a mesma informação. Uma forma de construir essa capacidade é organizar os participantes da oração — agente, paciente e ação — de acordo com a finalidade comunicativa e conforme o contexto. Para isso, são utilizadas, em espanhol, três construções distintas: ativa, passiva e impessoal. As construções ativas são aquelas em que o sujeito é o agente da ação. Veja o exemplo: Consuelo planeó un viaje. Note que Consuelo não só é o ser de quem se declara algo, mas é quem age. Portanto, é o sujeito, que concorda em gênero e número com o verbo. Esse tipo de construção é o mais comum na língua espanhola, mas não é o único. O mesmo conteúdo expresso na construção ativa pode ser transmitido numa passiva correspondente: Un viaje fue planeado por Consuelo. Ao contrário do que ocorre com a ativa, o agente não é mais o sujeito, e sim o paciente. Un viaje recebe a ação de Consuelo e ganha destaque na oração. De acordo com a Real Academia Española (2010), o conteúdo informativo das orações ativas e passivas pode apresentar significados diferentes, se houver dois ou mais quantificadores. Em construções ativas, como Todas las amigas habían comprado dos zapatos de aquella tienda, há uma ambiguidade: não se sabe se cada amiga comprou dois sapatos ou se foram comprados dois sapatos no total. Entretanto, na construção passiva, essa ambiguidade se desfaz: Dos sapatos de aquella tienda fueron comprados por todas las amigas. Evidencia-se na passiva que eram dois sapatos no total. As construções passivas, embora sejam menos utilizadas pelos falantes de espanhol, apresentam mais variações e condições para a sua aplicação. Nesse sentido, elas não podem ser construídas a partir de: � objetos diretos implícitos: En vacaciones, leo un poco; � complementos indiretos: La mujer necesita de ayuda. Note que, no primeiro exemplo, embora esteja implícito que o objeto direto seja um livro ou uma revista, não é possível construir uma oração passiva a O nível oracional2 C08_Nivel_oracional.indd 2 08/06/2018 15:36:44 partir dessa informação tácita. Já no segundo exemplo, a impossibilidade é outra, já que a construção passiva parece forçada e desnecessária: Ayuda es necesitada por la mujer. A oração passiva, algumas vezes, é confundida com a impessoal, uma vez que ambas podem apresentar a partícula se. Entretanto, a noção semântica transmitida por elas é diferente. As construções impessoais ocorrem quando há um sujeito na oração, ou seja, um agente da ação, mas não se pode determinar quem ele é ou qual o seu número. Geralmente, aplica-se esse tipo de oração em textos cujos conteúdos denotam mistérios e segredos, ou ainda em situações em que não se deseja explicitar ou não se sabe com precisão quem executou a ação. Nesses casos, recorre-se à impessoalidade da oração: o sujeito não está expresso, nem subentendido. Mendikoetxea (1999, p. 1637) afirma que: “Las oraciones llamadas passi- vas con se [...] se corresponderían formal y semanticamente con las passivas perifrásticas en termos generales en cuanto que tinen como sujeto gramatical el objeto nocional del verbo”. Na língua espanhola, esse fenômeno costuma ser chamado de sujeito indeterminado e também ocorre quando o verbo está na terceira pessoa do plural ou do singular, junto ao pronome se. Isso é ilustrado nas frases a seguir: Se compra ropa usada. Hablan cosas raras de esa escuela. Veja que, nos dois exemplos, há um sujeito, pois alguém compra roupa usada e alguém fala coisas estranhas da escola. Entretanto, em nenhum dos casos, é possível determinar esse ser ou encontrar um termo que ocupe a posição de sujeito. As orações impessoais revelam-se também em construções em que os verbos exprimem fenômenos da natureza. Como não é possível aplicar um agente a esses fenômenos (afinal, ninguém toma a atitude de chover ou de nevar, por exemplo), diz-se que são verbos impessoais: Lloverá temprano. Ya está oscureciendo. 3O nível oracional C08_Nivel_oracional.indd 3 08/06/2018 15:36:44 Na língua espanhola, há outros verbos considerados impessoais. Observe o Quadro 1 a seguir. Verbo Condição Exemplo Haber No sentido de existir Hay muchas pruebas del crimen. Hacer Relacionado ao tempo atmosférico e cronológico — Hace sol todos los días por aquí. — Hace diez años que trabajo en esta empresa. Ser e estar Relacionados ao tempo atmosférico e cronológico Ser horas — Despertó, pero era noche. — Está nublado el día. — Es una hora. — Son dos horas. Ir No sentido de como algo está para alguém ¿Cómo le va? Quadro 1. Verbos impessoais Alguns verbos típicos impessoais admitem usos pessoais, quando aplicados de forma figurada, como em Llovieron elogios para nuestro proyecto. Além disso, o verbo amanecer pode ser construído com sujeito pessoal: Amanecí con dolor de cabeza. Orações interrogativas, exclamativas e imperativas As situações comunicativas e sociais proporcionam a expressão de informa- ções constituídas de conteúdo e ação. Assim, constroem atos de fala, pois não constituem apenas descrição de fatos, mas também atitudes diante de uma percepção (AUSTIN, 1965). Essa atitude denota uma intenção que determinará o tipo de oração construída. Nesse sentido, constroem-se orações exclamativas, interrogativas e imperativas. O nível oracional4 C08_Nivel_oracional.indd 4 08/06/2018 15:36:44 Veja as frases a seguir: ¡Congratulaciones! ¡Silencio! ¡Muchas gracias! Em todos os exemplos, há finalidades implícitas nas orações (felicitar, fazer um pedido ou dar uma ordem, agradecer). Essas intenções são confirmadas e validadas pelo contexto social em que são expressas. Essa circunstância evidencia-se também em enunciados com verbos. Nesses casos, os verbos utilizados são os que exprimem exatamente a finalidade da comunicação. Além disso, eles costumam ser conjugados na primeira pessoa do presente do indicativo. Observe os exemplos: ¡Perdón! (para pedir perdão) ¡Juro! (para jurar) ¡Prometo! (para prometer) Esses atos de fala são determinados por padrões, de acordo com a força de sua produção. As estruturas que dão base a esses padrões são as interrogativas, exclamativas e imperativas. Conheça a seguir cada uma delas. Orações interrogativas A modalidade enunciativa interrogativa está associada ao ato de perguntar. Porém, a pergunta pode indicar outras fi nalidades: um pedido (¿Me comprarás un regalo?), uma contestação (¿Por qué no te callas?), etc. Esse tipo de oração classifi ca-se em dois grupos: as diretas e as indiretas. As primeiras são marcadas pela presença de dois sinais de pontuação: el signo de apertura (¿) e el signo de cierre (?). Aliás, insere-se el signo de apertura exatamente onde começa a pergunta. Quando se deseja que o ouvinte tenha apenas duas opções de resposta, é preciso, na própria pergunta, oferecer apenas duas alternativas: ¿Prefieres campo o playa? Algumas interrogativas servem apenas para confirmar ou orientar uma informação: ¿Esta es la Calle Florida? 5O nível oracional C08_Nivel_oracional.indd 5 08/06/201815:36:44 Quando se usa um pronome para formar uma interrogativa, é preciso acentuá-lo, a fim de marcar a diferença entre pronomes interrogativos e re- lativos. Veja: ¿Dónde estás? ¿Qué dice Felipe? ¿Quién ha guardado el regalo? Nos primeiros exemplos, o sujeito está determinado, seja implicitamente (tú estás), ou explicitamente (Felipe dice). No último exemplo, no entanto, o próprio pronome ocupa a posição de sujeito; a indagação recai justamente sobre esta informação: quem realizou a ação de guardar o presente? O pronome interrogativo qué costuma introduzir perguntas que já têm uma suposta resposta. Veja: ¿Qué harás para el almuerzo? Note que a resposta deverá relacionar-se ao tema comida. Em outros casos, há mais de um interrogativo na mesma pergunta: ¿Quién dijo qué? ¿Quién hizo qué cosa? Nesses atos de fala, há múltiplas perguntas. Embora os pronomes interro- gativos introduzam essas indagações, não ocupam a mesma posição sintática. Nos exemplos anteriores, quién funciona como sujeito e qué, como objeto. Observe o diálogo a seguir, que representa outra situação comunicativa em que há interrogação: − Nuestro abuelo desapareció. − ¿Verdad? − Pienso que él quería una nueva vida lejos de acá. − ¿Tú crees? − Sí. Personas mayores resuelven hacer cosas que nadie puede imaginar. − ¿En serio? Analise os fragmentos destacados do diálogo e avalie: essas perguntas exigem necessariamente uma resposta? Note que o interlocutor, em alguns O nível oracional6 C08_Nivel_oracional.indd 6 08/06/2018 15:36:44 momentos, não respondeu diretamente aos questionamentos. Isso ocorreu porque as indagações eram uma maneira de confirmar apenas a declaração e de demonstrar surpresa ou incredulidade. Orações exclamativas A modalidade enunciativa exclamativa não está associada a um ato específi co, mas costuma relacionar-se à demonstração de surpresa, alegria, emoção, admiração, etc. Assim como ocorre com os sinais de pontuação das interrogativas, é obri- gatório o uso do signo de apertura (¡) e do signo de cierre (!). O início da exclamação costuma acompanhar o início da frase, mas pode localizar-se em qualquer parte do enunciado. É importante destacar que não é necessária a presença do verbo para que ocorra uma exclamação. Veja: ¡Qué maravilla! ¡Qué maravilloso! ¡Qué lejos! Esses exemplos ilustram casos em que os substantivos, os adjetivos e os advérbios são o centro da informação exclamada. Aliás, note que, junto a essas classes gramaticais, está o pronome qué, acentuado como nas interrogações. Além disso, os pronomes exclamativos aparecem na posição inicial. Observe o enunciado a seguir: Qué libro estás leyendo Se forem inseridos sinais de interrogação na escrita e uma entonação de per- gunta na fala, é um indicativo de que o falante espera por resposta (¿Qué libro estás leyendo?). Contudo, se forem inseridos sinais e entonação de exclamação (¡Qué libro estás leyendo!), pressupõe-se que o falante não exige uma resposta. Nesse caso, a exclamação denota a emoção com o livro e evidencia um elogio à escolha por aquela leitura, ou seja, o falante aprecia o livro e a escolha do interlocutor. As orações exclamativas são formadas também com a ajuda de partículas enfáticas, que realçam o fato expresso pelo falante. Esse é o caso das seguintes orações: ¡Cuidado qué es honda! ¡Bien qué la querrías! 7O nível oracional C08_Nivel_oracional.indd 7 08/06/2018 15:36:44 Cuidado qué e bien qué destacam a impressão do falante de que algo é muito fundo (no primeiro exemplo) e de que o ouvinte amava muito (no segundo exemplo). Essa forma de construção é típica das exclamativas, porque elas costumam ser utilizadas em situações em que se deseja dar ênfase a algo. Orações imperativas A modalidade enunciativa imperativa está associada ao ato de ordenar, mas pode referir-se também a solicitações (Se ruega silencio), desejos (¡Enamó- rense!), para dar ânimo (¡Ten esperanza!). Ela é construída com verbos no imperativo e não indica o tempo em que a ação ocorre, já que o seu signifi cado aponta sempre para um acontecimento futuro. Outra característica dessa mo- dalidade é a forma como se realiza a concordância verbal: o verbo concorda com a pessoa que recebe a ordem. Observe o exemplo: ¡Tengan coraje, hermanos! Note que, na oração, o verbo tener está conjugado na terceira pessoa do plural e que a ordem é dirigida a hermanos, ou seja, à terceira pessoa do discurso. A Real Academia Española (2010) alerta para o uso de imperativos con- dicionais. Esse tipo de construção ocorre apenas com a presença de outra oração coordenada. Veja: Cuéntame todo o serás preso. Repare que a construção equivale a uma condicional: Si no me cuentas todo, serás preso. Além disso, recorre-se às passivas para construir orações imperativas. Observe: Se prohibe hablar en teléfono. Note que o exemplo evidencia a ordem por meio do verbo proibir. Ela é expressa por meio de uma construção passiva, indeterminando quem estaria dando essa ordem. Nas orações em que se usa o imperativo negativo, os verbos são formados com a mesma conjugação do modo subjuntivo. Veja o Quadro 2. O nível oracional8 C08_Nivel_oracional.indd 8 08/06/2018 15:36:45 Hablar Tener Dormir No hables (tú) No tengas (tú) No duermas (tú) No hable (usted) No tenga (usted) No duerma (usted) No hablemos (nosotros) No tengamos (nosotros) No durmamos (nosotros) No habléis (vosotros) No tengáis (vosotros) No durmáis (vosotros) No hablen (ustedes) No tengan (ustedes) No duerman (ustedes) Quadro 2. Conjugação de verbos na forma imperativa negativa No uso mais cuidadoso da língua, recomenda-se utilizar apenas verbos conjugados no imperativo para dar ordens. Entretanto, o uso coloquial admite o emprego de infinitivo no cumprimento dessa função: Venir a echarme una mano; No fumar. Orações subordinadas As orações subordinadas são aquelas que permitem a construção de frases mais complexas, pois unem num mesmo período duas informações interde- pendentes. Isso signifi ca que a oração subordinada não tem sentido sozinha: ela precisa do conteúdo expresso pela oração principal. De acordo com a Real Academia Española (2010), as subordinadas dividem- -se em substantivas, subordinadas de relativo, comparativas, causales, finales, condicionales e concesivas. Orações substantivas As substantivas estão associadas a construções que poderiam ser substituídas por um substantivo, ou seja, elas funcionam como uma função sintática que está ausente na oração principal. Veja: Quiero ayuda. Quiero que me ayuden. 9O nível oracional C08_Nivel_oracional.indd 9 08/06/2018 15:36:45 No primeiro exemplo, há um período simples em que o substantivo ayuda ocupa o lugar de complemento verbal (objeto direto). Já no segundo, uma oração inteira ocupa esse lugar: que me ayuden. Assim, as substantivas podem exercer a função de sujeito (Es importante que estudies con organización), objeto direto (Deseo que tengas maravillosas vacaciones), objeto indireto (Necesito que construyan una escuela en el barrio) e complemente nominal (Hay la posibilidad de que nuestro diretor venga a la empresa hoy). A principal conjunção que inicia orações substantivas é o que. Observe: Lo que pasa es que nadie hizo la tarea. Sucede que todos los convidados trajeron los mismos regalos. Os exemplos anteriores apresentam orações substantivas de sujeito. Repare que todas elas expressam predicados de acontecimentos ou de sucessão de acontecimentos. Essa é uma característica desse tipo de oração. As substantivas também podem formar as chamadas interrogativas indiretas. Algumas delas são iniciadas por pronomes interrogativos. Veja os exemplos: Pregúntale si hará una ceremonia en el matrimonio. No sabe qué quiere hacer. O mesmo ocorre com as exclamativas indiretas. Veja: Ahora ya sabes cómo planear un viaje. Orações subordinadas de relativo As subordinadas de relativo retomam uma palavra da oração principal: La escuela que representó una importantefunción para la ciudad fue abandonada por el gobierno. Observe que a oração que representó una importante función para la ciudad está especificando a palavra escuela: de todas as escolas da cidade, o falante está se referindo a apenas uma, que é aquela que representou uma importante função para a cidade. Essa restrição de significado é uma das possibilidades que as orações subordinadas de relativo oferecem. A outra possibilidade é a O nível oracional10 C08_Nivel_oracional.indd 10 08/06/2018 15:36:45 de explicar o significado óbvio da palavra, realçando esse traço característico. Esse é o caso da construção a seguir: La escuela, que representó una importante función para la ciudad, fue abandonada por el gobierno. Note que as palavras que formam esse período são as mesmas do exemplo anterior. A diferença está na finalidade da informação: não se deseja destacar uma das escolas da cidade, e sim todas. Dessa forma, a palavra escuela está aplicada no sentido geral de instituição. Assim, todas as escolas da cidade tiveram uma importante função e todas foram abandonadas pelo governo. Nesses exemplos, a diferença gráfica entre as restritivas e as explicativas está no uso de vírgula no segundo exemplo. Porém, as diferenças não são apenas essas: As explicativas, quando expressas oralmente, são pronunciadas com uma pequena pausa. Além disso, sintaticamente as duas ocupam papéis distintos. As restritivas dependem totalmente de seu antecedente e, se forem retiradas do período, a informação será alterada. Já as explicativas, se retiradas, não provocarão interferências no significado do período — afinal, elas são apenas um reforço de uma explicação evidente. Avalie o seguinte enunciado: A la ceremonia asistieron los directores de la universidad que representaban la institución. Se o fragmento que representaban la institución fosse retirado, a informação seria alterada, uma vez que, por ser uma restritiva, a oração pretende infor- mar que, de todos os diretores da universidade, apenas os que a representam assistiram à cerimônia. Contudo, se o fragmento retirado fosse uma oração explicativa, a infor- mação não seria alterada. Afinal, pressupõe-se que todos os diretores da universidade a representam; portanto, todos eles assistiram à cerimônia: A la ceremonia asistieron los directores de la universidad, que representaban la institución. Como as restritivas especificam o antecedente e contribuem para a iden- tificação do ser em questão, não podem ter como antecedentes pronomes pessoais. Nesse sentido, o período Él que tiene dos hijos sabe de niños é uma 11O nível oracional C08_Nivel_oracional.indd 11 08/06/2018 15:36:45 construção inadequada, pois se aplica um pronome pessoal para representar uma pessoa do discurso já determinada e específica. Independentemente de serem restritivas ou explicativas, as subordinadas de relativo podem ser iniciadas por qualquer pronome relativo. Dessa maneira, é importante dar atenção especial ao relativo lo cual. Como ele admite variações (la cual, los cuales, las cuales), pode gerar dúvidas de concordância. Portanto, fique atento: ele concorda em gênero e número com a palavra a que se refere. Veja o seguinte exemplo: Esta es la razón por la cual estuve callado hasta ahora. No período do exemplo, ilustra-se uma ocorrência em que o pronome el cual está no feminino e no singular (la cual), porque o seu antecedente também é feminino e está no singular (razón). Além disso, o exemplo mostra a presença da preposição por. Orações comparativas e consecutivas Outro grupo de subordinadas são as orações comparativas, as quais, como o próprio nome indica, fazem comparações entre elementos de duas orações. Essa comparação avalia o caráter quantitativo, como mostra o exemplo a seguir: Ella trabaja más que su marido. Note que o elemento comparado é o ato de trabalhar (implícito na segunda oração), e o caráter avaliado é a quantidade desse trabalho. Nesse período, demonstra-se um caso de comparação de superioridade. Entretanto, pode-se comparar para informar a inferioridade (El marido trabaja menos que ella) e a igualdade (Ella trabaja tanto como su marido). Como evidencia o último exemplo, para indicar igualdade, é comum o uso de um quantificador, como tan, tanto. Esses quantificadores também estão presentes nas orações consecutivas: Había tanto ruido que salimos del salón. A oração destacada é uma consecutiva, pois expressa uma consequência da oração principal. O nível oracional12 C08_Nivel_oracional.indd 12 08/06/2018 15:36:45 Orações causais e finais As orações causais e fi nais expressam várias relações de causa–efeito. A diferença principal entre elas está no caráter retrospectivo das primeiras e no prospectivo das segundas. Observe: No fueron al parque, porque llovió. No fueron al parque para que sus zapatos no se mojaran. No primeiro período, o fato de chover é anterior ao fato de não irem ao parque. Logo, a oração subordinada expressa a causa de não irem ao parque. Já no segundo período, o fato da oração subordinada ocorre após o fato da oração principal. Portanto, indica a finalidade de não irem ao parque. Embora essa seja uma diferença sutil, auxilia na distinção e na construção desse tipo de orações. Orações condicionais e concessivas As construções condicionais têm um caráter hipotético, e a sua interdepen- dência com a oração principal está associada à correlação dos tempos verbais. A conjunção condicional típica é si. Observe o exemplo: Si tuviera tiempo haría ejercicios físicos. Note que a condição se concretiza na correlação de tempos: imperfeito do subjuntivo com futuro do pretérito. Essa correlação garante a ideia da condição. As orações concessivas têm construção semelhante às condicionais. Elas também têm caráter hipotético, já que lidam com um impedimento efetivo para que a ação ocorra. Nesse tipo de construção, cada oração apresenta con- teúdos opostos, e a concessiva introduz uma expectativa contrária. Observe o período a seguir, em que a conjunção aunque (conjunção típica concessiva) inicia a subordinada: Aunque estudiara bastante no lograría éxito en el concurso. Segundo Flamenco García (1999), as subordinadas concessivas representam a incompatibilidade entre dois membros do período. Assim, elas se estabe- lecem em função de preferências que se supõem habituais, pois a condição apresentada é insuficiente para a realização da expectativa criada. 13O nível oracional C08_Nivel_oracional.indd 13 08/06/2018 15:36:45 Há alguns marcadores de discurso que identificam enun- ciados causais. Leia o artigo El valor de los marcadores de discurso que expresan causalidad en español, de Gracia Piñero Piñero, disponível no link ou código a seguir: https://goo.gl/s9S15s 1. Seu aluno elaborou uma redação e utilizou construções passivas. Sua tarefa é ler os fragmentos retirados do texto dele e assinalar o enunciado que apresenta uma construção passiva adequada à língua formal: a) Mis ojos fueron cerrados por mí. b) El proyecto fue aprobado por la Cámara. c) Es escrito bien. d) El fracaso es temido por mí. e) El muchacho ha hecho algo peligroso. 2. As construções imperativas são utilizadas para que o falante emita uma ordem direta. Na língua formal, é preciso seguir algumas normas e tomar alguns cuidados para aplicar esse tipo de oração. Com base nisso, assinale a alternativa que apresenta uma oração imperativa adequada às normas gramaticais: a) Callaos ahora. b) Callaros ahora. c) Los calla ahora. d) Quiero que se callen ahora. e) Quiero que los calle ahora. 3. Utilizar sinais, entonações e organizações adequadas é fundamental para uma comunicação eficiente. Essa percepção auxilia na construção de orações interrogativas, exclamativas e imperativas. Qual das afirmações a seguir está de acordo com o uso dessas orações nas situações de comunicação? a) É proibido misturar sinais de interrogação e exclamação, pois um mesmo enunciado deveexpressar apenas uma intenção. b) Para diferenciar os pronomes interrogativos dos exclamativos, usa-se acento gráfico apenas nos primeiros. c) Todas as construções interrogativas pressupõem a necessidade de uma resposta, que garantirá a continuidade do diálogo. O nível oracional14 C08_Nivel_oracional.indd 14 08/06/2018 15:36:46 d) A entonação e a pontuação podem determinar se um mesmo enunciado pode ser exclamativo ou interrogativo. e) Nas construções imperativas, o verbo concorda com quem dá a ordem. 4. Fernanda escreveu várias mensagens para a sua amiga espanhola, mas não tem certeza se conseguiu se comunicar com eficiência. Ajude Fernanda a identificar o único trecho em que a oração construída está de acordo com o significado que ela deseja transmitir: a) España, que se ubica en Europa, tuvo mucha influencia de los árabes. RESTRITIVA b) Aunque sea muy inteligente no se clasifica en las primeras posiciones. CONDICIONAL c) María lee más libros que Juan. COMPARATIVA d) Cerraron las ventanas porque sentían frío. FINAL e) Vamos a la fiesta para que después vengan a la nuestra. CAUSAL 5. Assinale a única alternativa cuja subordinada esteja construída de acordo com as regras gramaticais. a) Ella que es esposa de Daniel será nuestra abogada. b) Conviene de que aproveches el tempo. c) Pedro es rápido que llegó antes de todos a la fiesta. d) Si fuera valiente enfrentará los problemas. e) Los periódicos que divulgaron el golpe sufrieron con la violencia. AUSTIN, J. L. How to do things with words. New York: Oxford University, 1965. FLAMENCO GARCÍA, L. Las construcciones concesivas y adversativas. In: BOSQUE, I.; DEMONTE, V. (Ed.). Gramática descriptiva de la lengua española. Madrid: Espasa- -Calpe, 1999. MENDIKOETXEA, A. Construcciones con se: medias, pasivas e impersonales. In: BOSQUE, I.; DEMONTE, V. (Ed.). Gramática descriptiva de la lengua española. Madrid: Espasa-Calpe, 1999. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española: manual. Madrid: Espasa, 2010. 15O nível oracional C08_Nivel_oracional.indd 15 08/06/2018 15:36:47 Leituras recomendadas ARAUJO JUNIOR, B. J. As passivas na produção escrita de brasileiros aprendizes de espanhol como língua estrangeira. 2007. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/ tde-07082007-155519/pt-br.php>. Acesso em: 31 maio 2018. DIAS, E. C. O. Declarativas e interrogativas totais no espanhol l1 e l2 falado em Bogotá: uma contribuição para estudos prosódicos. 2015. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. Disponível em: <http://fonapli.paginas. ufsc.br/files/2016/01/Tese_enviada_BU_Eva_DIAS.pdf>. Acesso em: 31 maio 2018. PIÑERO PIÑERO, G. El valor de los marcadores del discurso que expresan causalidad en español. Estudios filológicos, Valdivia, n. 36, p. 153-171, 2001. Disponível em: <ht- tps://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0071-17132001003600011>. Acesso em: 31 maio 2018. TU ESCUELA DE ESPAÑOL. Aprender español: oraciones condicionales con ‘si’ (ni- vel avanzado). YouTube, 24 set. 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=84NW6n9206s>. Acesso em: 31 maio 2018. O nível oracional16 C08_Nivel_oracional.indd 16 08/06/2018 15:36:47 DICA DO PROFESSOR Sabe-se que desenvolver a competência comunicativa numa língua estrangeira não é tarefa fácil. Afinal, é preciso internalizar regras gramaticais, identificar formas mais adequadas de aplicar alguns termos e organizar as palavras conforme o idioma estrangeiro e não de acordo com a nossa língua materna. A partir dessa necessidade de desvincular a sintaxe espanhola da sintaxe portuguesa, a Dica do Professor tratará sobre as formas de construir orações ativas e na língua espanhola. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Limites precisos ou fronteiras que desapareceram?: as construções impessoais e passivas com o clítico SE/SE no português brasileiro e no espanhol. Benivaldo José de Araújo Júnior elaborou uma tese que compara as construções passivas e impessoais do português brasileiro com as do espanhol. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Declarativas e interrogativas totais no espanhol L1 e L2 falado em Bogotá: uma contribuição para estudos prosódicos Você sabe que a língua espanhola sofre transformações de acordo com o local em que é utilizada. Uma ótima oportunidade de ter acesso a essas diferenças é a leitura de uma tese que discorre sobre o uso em Bogotá das orações interrogativas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Aprender español: Oraciones condicionales con 'si' (nivel avanzado) Assista ao vídeo a seguir e confira algumas dicas sobre o uso das subordinadas (em espanhol). Conteúdo: Alfabeto fonético e transcrição fonética APRESENTAÇÃO Talvez você já tenha se perguntado qual seria a melhor forma de explicar um som para alguém, sem que fosse preciso mencionar o nome de alguma letra da nossa língua. Quando se trata de uma língua estrangeira, não é muito eficiente referir-se ao "som do j ou do a", visto que essas duas representações gráficas nem sempre dizem respeito aos mesmos sons conhecidos em português. Com o objetivo de estabelecer uma representação gráfica única para o inventário de sons de todas as línguas humanas, teóricos da Linguística criaram o Alfabeto Fonético Internacional (IPA, na sigla em inglês). Ao se utilizar o IPA, é possível aprender, portanto, como se pronuncia qualquer palavra de qualquer língua. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá o Alfabeto Fonético Internacional (IPA), o Alfabeto de la Revista Filología Española (RFE), adaptação para a língua espanhola, e aprenderá como se faz transcrições fonéticas com base nessas duas convenções. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever o Alfabeto Fonético Internacional (IPA).• Explicar o Alfabeto Fonético de la Revista de Filología Española (RFE).• Diferenciar a transcrição fonética do espanhol a partir do Alfabeto Fonético Internacional (IPA) e do Alfabeto fonético de la Revista de Filología Española (RFE). • INFOGRÁFICO É possível realizar transcrição fonética, em língua espanhola, baseando-se em dois tipos de alfabetos fonéticos: o Alfabeto Fonético Internacional (IPA) e o Alfabeto Fonético da Revista de Filologia Espanhola (RFE) — uma adaptação criada apenas para os sons do espanhol. Confira neste Infográfico alguns exemplos de palavras transcritas foneticamente de acordo com o IPA e com a RFE. CONTEÚDO DO LIVRO Com o objetivo de estabelecer uma representação gráfica única para o inventário de sons de todas as línguas humanas, teóricos da Linguística criaram o IPA. Com base no inventário do IPA, é possível aprender, portanto, como se pronuncia qualquer palavra de qualquer língua. No capítulo Alfabeto fonético e transcrição fonética, da obra Fonética e fonologia do espanhol, que é base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá o IPA e a classificação dos sons de acordo com o modo e ponto de articulação. Você também aprenderá o RFE, que é a adaptação do IPA para a língua espanhola, e a fazer transcrições fonéticas com base nessas duas convenções. Alfabeto fonético e transcrição fonética Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever o Alfabeto Fonético Internacional. � Explicar o Alfabeto Fonético da Revista de Filología Española. � Diferenciar a transcrição fonética do espanhol a partir do Alfabeto Fonético Internacional e do Alfabeto Fonético da Revista de Filología Española. Introdução Talvez você já tenha se perguntado qual seria a melhor forma de explicar um som para alguém, sem que fosse precisomencionar o nome de alguma letra da nossa língua. Quando se trata de uma língua estrangeira, não é muito eficiente dizer que nos referimos ao som do j ou do a, visto que essas duas representações gráficas nem sempre dizem respeito aos mesmos sons que conhecemos em português. Com o objetivo de estabelecer uma representação gráfica única para o inventário de sons de todas as línguas humanas, teóricos da linguística criaram o Alfabeto Fonético Internacional (IPA, na sigla em inglês). Com base no inventário do IPA, é possível aprender, portanto, como se pro- nuncia qualquer palavra de qualquer língua. Neste capítulo, você vai conhecer o Alfabeto Fonético Internacional e o Alfabeto da Revista de Filología Española, que é uma adaptação do IPA para a língua espanhola. Além disso, vai aprender como fazer transcrições fonéticas com base nessas duas convenções. O Alfabeto Fonético Internacional Quando falamos dos sons de uma língua estrangeira, não é muito efi ciente explicá-los referindo-nos, por exemplo, como o som do j ou do a, já que essas duas representações gráfi cas nem sempre dizem respeito aos mesmos sons que conhecemos em português. A fi m de estabelecer uma representação gráfi ca única para o inventário de sons de todas as línguas humanas, teóricos da linguística criaram o Alfabeto Fonético Internacional (IPA, na sigla em inglês). A partir do Alfabeto Fonético Internacional, é possível referir-se a um som específico de cada língua com um único símbolo fonético. Pode-se aprender, portanto, como pronunciar qualquer palavra de qualquer língua com base no inventário do IPA. O Alfabeto Fonético Internacional foi criado em 1888, em Paris. De acordo com a International Phonetic Association (2018, documento on-line) (também IPA), que é a maior e mais antiga organização representativa de foneticistas, o Alfabeto IPA “[...] é um padrão notacional para a representação fonética de todas as línguas [...]”. Na Figura 1, você vai ver um quadro fonético geral das línguas com base no IPA. Alfabeto fonético e transcrição fonética2 Figura 1. O Alfabeto Fonético Internacional (IPA). Fonte: International Phonetic Association (c2015, documento on-line). A Figura 1 mostra ainda um conjunto de quadros menores divididos nas categorias a seguir. 3Alfabeto fonético e transcrição fonética � Consoantes pulmonares: são as consoantes produzidas a partir de um mecanismo de corrente de ar pulmonar, como os sons /t/ na palavra taco e /r/ na palavra carro, em espanhol. � Consoantes não pulmonares: são as consoantes produzidas com uma corrente de ar que não provém dos pulmões, mas é impulsionada pela glote. Esse tipo de som é encontrado apenas em línguas do sul da África, línguas asiáticas, ameríndias, etc. � Vogais: esse quadro apresenta todos os sons vocálicos existentes nas línguas humanas. As vogais da língua espanhola, entretanto, são re- presentadas pelos símbolos /a, e, i, o, u/, como nas palavras pasto, tendencia, correr, final e suficiente. A Figura 1 também apresenta outros símbolos utilizados na representação de sons, como os sons duplos africados [t∫] e [dƷ], em espanhol; os diacríti- cos, que são caracteres utilizados junto a alguns símbolos para sinalizar, por exemplo, vozeamento ou desvozeamento; e suprassegmentais, que são marcas referentes a aspectos fonológicos, como (ʹ) para acento primário (foʹne.ti.ka), (ι) para acento secundário (foιne.ti.ka) e : (e:) para alongamento de vogais, como em algumas línguas orientais. Entre as consoantes, destacaremos as pulmonares, que são sons produzidos com obstrução total ou parcial da passagem de uma corrente de ar pulmonar. A respeito do modo de articulação, existem os seguintes tipos de consoantes: oclusivas (puerta, mundo), nasais (María, español), vibrantes (carne, régimen), fricativas ( flaca, gerente), fricativas laterais, aproximantes, aproximantes laterais (lata, caballo). Os pontos de articulação, que se referem aos órgãos envolvidos na pro- dução dos sons, podem ser bilabiais (pato, bola, mesa), labiodentais ( flaca, interior), dentais (torta, donde, saltar, cada), alveopalatais (llorar, inyectar, rodilla, ocho), palatais (lluvia, maya, año), velares (casa, guerra, gente, largo), uvulares (gente, jota) e glotais (lista, mes). As vogais, no quadro fonético do IPA, são representadas em uma espécie de diagrama, que simula a posição ocupada pela língua na cavidade oral durante a produção de sons. Essas posições originaram a seguinte classificação das vogais do espanhol: altas (invierno, utensilio), médias (eterno, oval) e baixas (águila). Vozeamento e desvozeamento A distinção das consoantes entre vozeadas e desvozeadas pode ser feita a partir de uma análise da forma de sua articulação. As consoantes produzidas Alfabeto fonético e transcrição fonética4 com vibração nas cordas vocais são vozeadas, como os sons [d, b, g, z] em português. Já as consoantes desvozeadas realizam-se sem vibração das cordas vocais, como é o caso dos sons [t, p, k, s], também em português. Esses sons, com exceção do [z], também são exemplos da língua espanhola. Os pares [d, t], [b, p], [g, k] e [z, s] apresentam, cada um, a mesma articulação no aparelho fonador. É pelo traço vozeado/desvozeado, no entanto, que esses sons podem ser diferenciados. No quadro do IPA, na Figura 1, esses pares de consoantes aparecem lado a lado em sua respectiva categoria; as consoantes da esquerda são desvozeadas e as da direita, vozeadas. O Alfabeto Fonético da Revista de Filología Española O Alfabeto Fonético da Revista de Filología Española (RFE) é uma adaptação do Alfabeto Fonético Internacional (IPA) para as línguas da Península Ibérica. Ele foi proposto pelo linguista espanhol Tomás Navarro Tomás, em 1915, e adotado pela Revista de Filología Española (RFE). Esse Alfabeto é utilizado apenas em pesquisas de língua espanhola, como em manuais de fonética e no ensino em universidades de países falantes de espanhol. No Quadro 1, você vai ver o alfabeto da língua espanhola, acompanhado pelo nome de cada uma das letras e a sua transcrição fonética, de acordo com o Alfabeto Fonético Internacional (IPA). Letra Nome Pronúncia a, A a /á/ b, B be /bé/ c, C ce /θé/, /cé/ ch, CH che /t∫é/ d, D de /dé/ e, E e /é/ f, F efe /é.fe/ g, G ge /xé/ Quadro 1. Alfabeto e representação fonética do espanhol (Continua) 5Alfabeto fonético e transcrição fonética O Quadro 1 também mostra mais de uma opção de pronúncia para algumas grafias, considerando-se as variantes dialetais. Esse é o caso de /ce/, que pode Fonte: Adaptado de Universidad Alcala de Henares (2013). Letra Nome Pronúncia h, H hache /á.t∫e/ i, I i /í/ j, J jota /xó.ta/ k, K ka /ká/ l, L ele /é.le/ ll, LL elle /éʎe/ m, M eme /é.me/ n, N ene /é.ne/ ñ, Ñ eñe /e.ñe/ o, O o /ó/ p, P pe /pé/ q, Q cu /kú/ r, R ere, erre /é.ɾe, é.re/ s, S ese /é.se/ t, T te /té/ u, U u /ú/ v, V uve, ve /ú.βe, bé/ w, W uve doble, ve doble /ú.βe ðó.ble, bé ðó.ble/ x, X equis /é.kis/ y, Y i griega, ye /i γrié.γa, yé/ z, Z zeta /θé.ta, cé.ta/ Quadro 1. Alfabeto e representação fonética do espanhol (Continuação) Alfabeto fonético e transcrição fonética6 ser pronunciado como [θé] ou [cé], por exemplo, na palavra /cena/ ([‘θé.na]), dependendo da região. Agora você verá o Quadro 2, que apresenta uma síntese com o símbolo e a classificação fonética de cada uma das vogais hispânicas, segundo o Alfabeto Fonético da RFE. Fonte: Adaptado de Navarro Tomáz (1966). Descrição Símbolo RFE Abertas į ę ǫ ų Médias i e a o u Fechadas ẹ ọ a palatal ą a velar ạ ę labializado e labializada ö į labializado i labializado ü Vogal indistinta ə Vogais nasais ĩ ã ũ õ, etc. Vogais com acento de intensidade á ó ę ́ ã́ Sons longos aː oː lː sː mː nː, etc. Sons reduzidos đ đ̥, etc. Quadro 2. Símbolo e classificação fonética das vogais hispânicas segundo o alfabeto fo- nético da RFE O Quadro 3 traz um conjunto de tabelas que apresentam uma síntese com o símbolo,a classificação fonética (RFE e IPA) e exemplos de cada uma das consoantes da língua espanhola, segundo o Alfabeto Fonético da RFE. 7Alfabeto fonético e transcrição fonética Bilabiais Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA Oclusiva bilabial vozeada b bondad bond̹áđ ̥ b Oclusiva bilabial desvozeada p padre páđre p Oclusiva nasal bilabial vozeada m amar amár m Oclusiva nasal bilabial desvozeada mismo (and.) mí mo Fricativa bilabial vozeada haba á a β Fricativa bilabial desvozeada las botas (and.) la ótah ɸ Labiodentais Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA Oclusiva nasal labiodental vozeada confuso ko fúṡo ɱ Fricativa labiodental desvozeada f fácil fáθi ļ f Fricativa labiodental vozeada v vida viđa v Interdentais RFE Exemplo Transcrição ḍ cruz divina krúẓ ḍiƀína ṭ hazte acá áθṭe aká ṇ onza óṇθa ẓ juzgar xųẓǥár Quadro 3. Adaptação: Símbolo e classificação fonética das consoantes hispânicas segun- do o alfabeto fonético da RFE (Continua) Alfabeto fonético e transcrição fonética8 Interdentais RFE Exemplo Transcrição θ mozo móθo đ rueda r ̄wéđa đ tomado tomáđo đ̥ verdad bęrđáđ̥ ḷ calzado kaḷθađo Dentais Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA Oclusiva dental vozeada d ducho dúĉo d̪ Oclusiva dental desvozeada t tomar tomáɹ t ̪ Oclusiva nasal dental vozeada n̹ monte món̹te n̪ Fricativa dental vozeada z̹ desde déz̹đe ð Fricativa dental desvozeada s̹ hasta ás̹ta θ Aproximante lateral dental vozeada l ̹ falda fáld̹a l ̪ Alveolares Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA Oclusiva nasal alveolar vozeada n mano mã́no n Oclusiva nasal alveolar desvozeada n̥ asno án̥no n̥ Africada alveolar desvozeada ŝ chobu ŝóƀu ʦ Quadro 3. Adaptação: Símbolo e classificação fonética das consoantes hispânicas segun- do o alfabeto fonético da RFE (Continuação) (Continua) 9Alfabeto fonético e transcrição fonética Alveolares Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA Fricativa alveolar vozeada ż rasgar r āżǥáɹ z Fricativa alveolar desvozeada ṡ casa káṡa s Aproximante lateral alveolar vozeada l luna lúna l Aproximante lateral alveolar desvozeada l ̥ muslo mųl l̥o l ̥ Vibrante alveolar vozeada r hora ǫ́ra ɾ Vibrante alveolar desvozeada r̥ multitud mųr̥titú ɾ̥ Vibrante alveolar múltipla r ̄ carro kárō r Aproximante alveolar vozeada ɹ color kolǫ́ɹ ɹ Aproximante alveolar desvozeada ɹ̊ trigo tɹ̊ íǥo ɹ̥ Aproximante alveolar vozeada longa ɹ̱ honra pondré ónɹ̱a, põɹ̱é [ɹ ]ː Aproximante alveolar desvozeada longa ɹ̱̊ perro pęɹ̱̊́ o / pęɹ̱́o [ɹ̥ ]ː Pré-Palatais Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA Oclusiva nasal palatal vozeada n̮ año án̮o ɲ Africada palatal vozeada ŷ yugo ŷúǥo ɟ� ʝ Quadro 3. Adaptação: Símbolo e classificação fonética das consoantes hispânicas segun- do o alfabeto fonético da RFE (Continuação) (Continua) Alfabeto fonético e transcrição fonética10 Pré-Palatais Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA Africada pós-alveolar desvozeada ĉ mucho múĉo ʧ Fricativa pós- alveolar vozeada ž mayo mažo ʒ Fricativa pós-alveolar desvozeada š rexa rēša ʃ Fricativa palatal vozeada y mayo máyo ʝ Aproximante palatal j nieto njéto j Aproximante lateral palatal l ̮ castillo kas̹tílo̮ ʎ Pós-Palatais RFE Exemplo Transcrição ǵ guitarra ǵitár̄a ḱ quimera ḱiméra ŋ́ inquirir iŋ́ḱirír ǥ́ seguir ṡeǥ́ iɹ x́ regir rēx́ír Velares Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA Oclusiva velar vozeada g gustar gųs̹táɹ g Oclusiva velar desvozeada k casa káṡa k Fricativa velar desvozeada x jamás xamás x Quadro 3. Adaptação: Símbolo e classificação fonética das consoantes hispânicas segun- do o alfabeto fonético da RFE (Continuação) (Continua) 11Alfabeto fonético e transcrição fonética Transcrição fonética do espanhol: alfabeto fonético internacional e alfabeto fonético da Revista de Filología Española A transcrição fonética consiste na substituição das letras utilizadas na grafi a de uma palavra pelos seus símbolos fonéticos correspondentes. Esses símbolos, que constam nos inventários IPA e RFE, representam a realização do som e devem ser dispostos entre colchetes, para que o seu status de alofone seja diferenciado dos fonemas — estes representados entre duas barras. Fonte: Navarro Tomás (1966). Velares Descrição RFE Exemplo Transcrição IPA Aproximante lateral alveolar velarizada ł malalt (cat.) məlạł ɫ Aproximante labiovelar vozeada w hueso wéṡo w Aproximante labiovelar desvozeada w̥ fuera fw̥éra ʍ Uvulares RFE Exemplo Transcrição ŋ̇ Don Juan doŋ̇ ẋwán ǥ̇ aguja aǥ̇úxa ẋ enjuagar eŋ̇ẋwaǥár Laringais RFE Exemplo Transcrição h horno hǫ́rno Quadro 3. Adaptação: Símbolo e classificação fonética das consoantes hispânicas segun- do o alfabeto fonético da RFE (Continuação) Alfabeto fonético e transcrição fonética12 Alofones são as variantes de pronúncia de um fonema que não distinguem signifi- cado. A palavra concepto, por exemplo, pode ser pronunciada com dois tipos de sons referentes à letra c da sílaba ce-: con[s]epto ou con[θ]epto (essa variante pertence a algumas regiões da Espanha). Fonema é o modelo mental do som que caracteriza cada língua, diferentemente do fone/alofone, que é a realização de um fonema, ou seja, como ele de fato é pronunciado por um falante. O fonema /s/, por exemplo, pode ser pronunciado como [s] ou [θ]. A seguir, veja um exemplo de transcrição fonética e fonêmica, respectivamente: Palavra Transcrição fonética Transcrição fonêmica fonética [fo.'ne.t i̪.ka] /fo.'ne.ti.ka/ Esse exemplo mostra a diferença das transcrições fonética e fonêmica da palavra fonética: o símbolo t̪ aparece na transcrição fonética, enquanto a transcrição fonêmica apresenta o símbolo t. Outro aspecto a observar são as marcas de separação de sílabas, expressas por um ponto após cada uma delas, e a marca de acento, que deve aparecer antes da sílaba tônica da palavra, por meio de um apóstrofo. No entanto, o emprego obrigatório dessas duas marcas depende do grau de detalhamento exigido na transcrição em questão. Utilizando-se o mesmo exemplo da palavra fonética e da palavra español, vejamos uma comparação entre as transcrições fonéticas IPA e RFE. Palavra Transcrição fonética IPA Transcrição fonética RFE fonética [fo.'ne.t ̪ i.ka] [fo.'ne.ti.ka] español [es.pa.'ɲol] [es.pa.'n̮ol] Nesse exemplo, as duas palavras apresentam uma distinção de representação fonética: t̪ ~ t e ɲ ~ n̮. A Figura 2 apresenta três quadros com os fonemas e alofones da língua espanhola, acompanhados da sua respectiva transcrição, segundo o Alfabeto Fonético Internacional e o Alfabeto da Revista de Filología Española. 13Alfabeto fonético e transcrição fonética Figura 2. Fonemas e alofones da língua espanhola: vogais e consoantes. (Continua) Alfabeto fonético e transcrição fonética14 Figura 2. Fonemas e alofones da língua espanhola: vogais e consoantes. (Continuação) (Continua) 15Alfabeto fonético e transcrição fonética Fonte: Fonética Segmental (2018, documento on-line). Figura 2. Fonemas e alofones da língua espanhola: vogais e consoantes. (Continuação) Alfabeto fonético e transcrição fonética16 Na Figura 2, você pôde ver três quadros fonéticos da língua espanhola: um de vogais e dois de consoantes, respectivamente. Na primeira coluna, constam os símbolos fonêmicos, bem como a sua classificação por modo e ponto de articulação, além da informação sobre vozeamento ou desvozeamento. Na segunda coluna, apresenta-se a classificação do alofone (variação de pro- núncia) correspondente, quando houver. A terceira coluna traz o contexto de uso de cada som; já a quarta e a quinta colunas mostram, respectivamente, os símbolos fonéticos (realização do som) do IPA (ou AFI na figura) e do Alfabeto Fonético da RFE. Para realizar transcrições fonéticas, primeiramente é preciso definir o grau de detalhamento desejado. Você pode como objetivo analisar apenas um dos sons de uma palavra e, nesse caso, concentrará a representação fonéticaapenas nesse som. Para isso, você deve empregar o símbolo correspondente ao som observado entre colchetes: ha[b]lar, me[d]icina, ense[ɲ]anza. Se o objetivo é analisar a realização de todo o conjunto de sons de cada palavra, a opção deve ser pela transcrição fonética completa. Assim, cada palavra deve ser grafada com os símbolos fonéticos correspondentes a cada letra, entre colchetes: [haβl̪ aɾ], [med̪isina], [enseɲansa]. Outra possibilidade de pesquisa é verificar aspectos fonológicos, como silabação, acento ou prosodização. Nesse caso, será necessário inserir as mar- cas de separação silábica e de acento: [ha.'βl̪aɾ], [me.d̪i.'si.na], [en.se.'ɲan.sa]. Depois de definir o grau de detalhamento, o próximo passo para executar uma transcrição fonética é abrir um colchete, símbolo obrigatório para repre- sentar a realização de sons. A seguir, é preciso buscar a equivalência entre as letras da palavra a ser transcrita e o símbolo fonético correspondente. Você pode consultar a relação das classificações por modo e ponto de articulação, verificando as características de cada som e as palavras que os exemplifiquem. A palavra transcripción, por exemplo, será transcrita da seguinte forma, de acordo com o IPA: [tɾans.kɾip.'sjon]. Também é possível basear-se diretamente no quadro fonético de símbolos, em função da semelhança da maioria dos símbolos fonéticos com a grafia, no caso da língua espanhola. As letras b e p, por exemplo, são idênticas aos seus símbolos fonéticos do IPA. As palavras bastante e competencia têm a seguinte transcrição, segundo o alfabeto RFE: [bas̹.'tan.te], [kom.pe.'ten.sja] ou [kom.pe.'ten.θja]. As letras n e m possuem alguns alofones, com símbolos fonéticos bastante semelhantes à sua grafia: [n, m, ɲ, ŋ, ɱ, ...]. Para ilustrar esse caso, temos as palavras nariz, morcilla, costeño, tango e enfoque e as suas respectivas transcrições fonéticas, de acordo com o IPA: [na.'ɾis], [moɾ.'si.∫a] / [moɾ.'si.Ʒa] / [moɾ.'si.ʝa], [kos.'te.ɲo], ['taŋ.go] e [eɱ.'fo.ke]. 17Alfabeto fonético e transcrição fonética Terminada a transcrição dos sons de uma palavra, é preciso inserir o colchete que indica o fechamento dessa transcrição. As marcas de silabação e acentuação podem ser inseridas antes ou depois da realização da transcrição; no entanto, para organizar melhor e evitar equívocos na transcrição, recomenda-se que isso seja feito depois. A partir desses quadros expostos na Figura 2, é possível comparar e dife- renciar a transcrição fonética da língua espanhola, considerando-se os dois inventários fonéticos estudados: o Alfabeto Fonético Internacional (IPA) e o Alfabeto Fonético da Revista de Filología Española (RFE). Para conhecer os sons representados pelos alfabetos fonéticos que você aprendeu aqui, acesse o inventário de sons da língua espanhola no site da Universidade de Iowa (Estados Unidos). https://goo.gl/roM4RX 1. Com base nos sons da língua espanhola, selecione a alternativa em que todas as palavras estão com a transcrição adequada, de acordo com o Alfabeto Fonético Internacional (IPA). a) ['chi.ko], ['bia.je], [iɱ.fe.'rjor] b) ['θe.na], ['flaṷ.ta], ['a.ño] c) [i.na.ðe.'kwa.ðo], ['ce.na], ['vja.xe] d) ['a.ɲo], ['vie.jo], ['pwe.ðo] e) ['ma.Ʒo], [par'ti.ku.la], ['t∫i.ko] 2. Sobre o modo de articulação, escolha a alternativa correta. a) O modo de articulação diz respeito ao lugar onde um som do alfabeto fonético é produzido. b) Ponto de articulação é outra forma de se referir ao modo de articulação. c) A união dos lábios durante a emissão de sons oclusivos, como /b/ e /k/ em espanhol, é um exemplo de modo de articulação. d) Alguns dos modos de articulação em espanhol são os sons fricativos, nasais, palatais e aproximantes. e) As transcrições ['paɾ.ke], [men.sa.xe] e [re.ko.no.seɾ] apresentam casos de modo de articulação de sons vibrantes. Alfabeto fonético e transcrição fonética18 3. A respeito do Alfabeto Fonético da Revista de Filología Española (RFE), escolha a alternativa correta. a) O alofone [a] central da consoante /a/, em espanhol, ocorre apenas antes de /u/, /o/ e /x/, como nas palavras auge, aorta e ajedrez. b) O Alfabeto Fonético da Revista de Filología Española (RFE) foi criado para substituir o Alfabeto Fonético Internacional (IPA) em todos os países de língua espanhola, não sendo mais necessário o uso do IPA em inglês. c) As consoantes /t/ e /g/ não possuem nenhum alofone em espanhol, sendo esses, portanto, os seus únicos símbolos fonéticos. d) Além das classificações de sons consonantais em bilabiais, labiodentais, dentais, alveolares, velares e uvulares, o Alfabeto Fonético da Revista de Filología Española (RFE) possui também as divisões interdentais, pré- -palatais, pós-palatais e laringais. e) O fonema /ʝ/ realiza-se apenas como fricativo ou aproximante, com o símbolo fonético [y] no Alfabeto da RFE. 4. A respeito da transcrição fonética em espanhol, assinale a alternativa correta. a) O fonema /x/ é fricativo velar e deve ser transcrito sempre como [x]. É o caso de palavras como gerente e gimnasio. b) A transcrição do /ɲ/ nasal palatal (ñapa, ñocha) varia entre o Alfabeto IPA e o Alfabeto RFE: de acordo com o IPA, a transcrição fonética é [ɲ], enquanto o Alfabeto da RFE postula o símbolo [n ̮] para a língua espanhola. c) Os sons da língua espanhola não podem ser transcritos a partir do Alfabeto IPA, pois este não contém apenas símbolos fonéticos dessa língua. d) O som aproximante lateral dental /l/ possui a mesma transcrição fonética nos dois Alfabetos (IPA e RFE). e) Quando precedida de vogal em ditongo, a vogal /i/ transcreve-se como [ j ] nos dois Alfabetos Fonéticos (IPA e RFE). 5. Qual alternativa a seguir possui apenas palavras com sons consonantais desvozeados? a) todo, vacuna, sencillo b) pasto, casa, lago c) belleza, dejar, recto d) disco, acto, zapato e) pato, taco, foto 19Alfabeto fonético e transcrição fonética ALFABETO fonético de la revista de filología española. Revista de Filología Española, t. 2, p. 374-376, 1915. FONÉTICA SEGMENTAL. [2018]. Disponível em: <https://foneticasegmental.weebly. com/>. Acesso em: 04 ago. 2018. INTERNATIONAL PHONETIC ASSOCIATION. Full IPA chart. c2015. Disponível em: <ht- tps://www.internationalphoneticassociation.org/content/full-ipa-chart>. Acesso em: 04 ago. 2018. INTERNATIONAL PHONETIC ASSOCIATION. IPA home. [2018]. Disponível em: <https:// www.internationalphoneticassociation.org/>. Acesso em: 04 ago. 2018. NAVARRO TOMÁS, T. El alfabeto fonético de la Revista de Filología Española. Anuario de Letras Lingüística e Filología, Coyacán, v. 6, p. 5-10, 1966. UNIVERSIDAD ALCALA DE HENARES. Señas: diccionario para la enseñanza de la lengua española para brasileños. 4. ed. [S.l.]: WMF Martins Fontes, 2013. Leituras recomendadas FONÉTICA E FONOLOGIA. c2008. Disponível em: <http://fonologia.org>. Acesso em: 04 ago. 2018. GARCÍA MOUTON, P. (Coord.). Atlas lingüístico de la Península Ibérica. Madrid: CSIC, 2016. LÓPEZ MORRÀZ, X. Transcriptor fonético automático del español. 2004. Disponível em: <http://www.aucel.com/pln/transbase.html>. Acesso em: 04 ago. 2018. MOLINO DE IDEAS. Transcriptor fonético. 2012. Disponíve em: <http://www.fonemolabs. com/transcriptor.html#>. Acesso em: 04 ago. 2018. OLIVEIRA, D. H. Fonética e fonologia. [2000?]. Disponível em: <http://biblioteca.virtual. ufpb.br/files/fonatica_e_fonologia_1360068796.pdf>. Acesso em: 04 ago. 2018. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de Lengua Española. 2017. Disponível em: <http://dle.rae.es/>. Acesso em: 04 ago. 2018. Alfabeto fonético e transcrição fonética20 DICA DO PROFESSOR É importante entender e apropriar-se da diferença entre símbolo fonético e grafia. O nome da letra "j" em português não é o mesmo nome desta letra em espanhol, por exemplo. Confira algumas dicas que lhe farão refletir sobre essas diferenças enquanto estuda fonética e fonologia da língua espanhola. Conteúdo interativo disponível na plataformade ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Revista de Filología Española (RFE) Acesse a publicação que foi fundada em 1914 e tem edições semestrais com diversos trabalhos de filologia espanhola. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Atlas Linguístico de la Península Ibérica (ALPI) Acesse a página do projeto de Geografia Linguística desenvolvido desde o início do século XX. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Universidade Autônoma de Barcelona Acesse o site do Grupo de Fonética del Departamento de Filología Española de la Universidad Autónoma de Barcelona (UAB), que traz artigos sobre descrição fonética e fonológica do espanhol. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!