Buscar

Farmacocinética Absorção e distribuição

Prévia do material em texto

Farmacocinética – Absorção e Distribuição: 
 
Absorção: 
 De maneira geral, as drogas variam seu nível de absorção dependendo da via de 
administração utilizada. 
Via tópica – ocorre pouca absorção do fármaco, já que a ação é local e pouco cai na corrente 
sanguínea. 
Via intravenosa – não há absorção, pois cai direto na corrente sanguínea. 
 
 E dependendo da via utilizada, existe um maior ou menor número de barreiras 
ultrapassadas até a corrente sanguínea (IM e sublingual possuem um menor número de 
barreiras, enquanto pela VO há um maior). 
 A principal barreira atravessada por todos os fármacos é a membrana plasmática. 
Transportes de membrana: 
 É sabido que as membranas celulares apresentam o modelo de mosaico fluído, onde a 
parte lipofóbica (hidrofílica) está na região mais externa e a lipofílica (hidrofóbica), está 
no interior, parte mais espessa. 
 A travessia do fármaco depende de fatores relacionados a ele mesmo (lipossolubilidade 
e hidrossobulidade, tamanho molecular) e às características endoteliais existentes no 
organismo (permeabilidade, tendo endotélio contínuo ou com fatores que atuam numa 
filtração mais eficaz). 
 Os tipos de transportes de membrana que podem ser feitos são: difusão passiva, 
passiva aquosa, facilitada, transporte ativo e endocitose. 
 Coeficiente de partição de óleo/água: se refere à quantidade de droga dissolvida em 
água e óleo dentro de x mg de droga, para atravessar a membrana plasmática com 
características lipofílica e fóbica. 
 A lipossolubilidade é um dos fatores determinantes mais importantes das características 
farmacocinéticas de um fármaco. Desse modo, é fato que muitos fármacos são ácidos 
ou bases fracas, o que podem interferir no transporte intramembranas dependendo de 
sua forma ionizada e molecular. 
 
 Pela lei de massas: meio ácido = mais prótons disponíveis, 
a reação se desloca para a forma molecular (esquerda), no 
caso dos ácidos e, para bases, formam-se íons (direita). 
 Para ácidos: em meio ácido, ocorre maior concentração da 
forma molecular, não ionizada, não ocorrendo atração de 
dipolos de água, se mantendo uma substância mais apolar e 
lipossolúvel. 
 Para bases: em meio alcalino, há maior concentração de 
hidroxila (OH-), que se liga à forma ionizada e desloca a 
reação para a esquerda, formando as moléculas sem carga, 
mais apolares e lipossolúveis. 
 Equação de Henderson-Hasselbalch: relaciona o pKa da substância com o pH do 
ambiente. De maneira geral, pode-se dizer que: 
Para ácidos: pKa > pH (para pH baixo/ácido) = forma molecular = 
lipossolúvel. 
pKa < pH (pH alto/alcalino) = dissocia em íons = hidrossolúvel. 
Para bases: pKa > pH (pH ácido) = forma ionizada = hidrossolúvel. 
pKa < pH (pH alcalino) = forma molecular = lipossolúvel. 
 DIFUSÃO PASSIVA: transporte sem gastos de ATP, dependendo do gradiente de 
concentrações e potencial elétrico da membrana, além das próprias propriedades dos 
fármacos, tal como tamanho molecular e lipossolubilidade. 
 DIFUSÃO FACILITADA: pode ocorrer por aquaporinas (poros na membrana – área 
hepática, renal e cerebral), transporte especializado (transporte por carregadores, 
proteínas ou lipoproteínas que formam complexos com as substâncias, havendo 
deslocamento através da membrana à favor do gradiente), por troca (troca de 
moléculas intra e extracelulares pelo carregador). 
 TRANSPORTE ATIVO: ocorre pelo gasto de ATP, indo contra o gradiente de 
concentração. 
Forma ionizada = atração de 
dipolos de água = distribuição 
menos uniforme de elétrons = 
maior polaridade = hidrossolúvel. 
Forma molecular = sem carga = 
sem atração por dipolos de água = 
distribuição uniforme de elétrons 
= apolar = lipossolúvel. 
 
 
 
pKa = constante de ionização de 
uma substância dependendo do 
pH do meio 
 ENDOCITOSE: para moléculas maiores, a membrana as engloba e forma um vacúolo 
que segue para o interior celular. Há gasto de energia. 
Fatores que influenciam a absorção de drogas: 
 Fatores físico-químicos: solubilidade, coeficiente de partição óleo/água, pKa, tamanho 
da molécula. 
 Via de administração: oral ou intravenosa, por exemplo. 
 Forma farmacêutica: sólido (comprimido, cápsulas, comprimidos revestidos), líquido, 
gasoso, semissólidos (pomadas). 
 Fatores relacionados ao meio: pH, área de absorção, fluxo sanguíneo, motilidade do 
TGI, momento de administração (interação medicamentosa ou com alimentos). 
Distribuição: 
 Ao ser administrada a droga, a maioria se liga nas proteínas do plasma ou em 
receptores de células sanguíneas, desse modo não surtindo qualquer efeito 
farmacológico (funcionam como reservatório/depósito). Uma pequena fração do 
fármaco permanece livre, podendo se ligar aos receptores das células alvos, sendo 
chamados de forma farmacologicamente ativa (são metabolizados e excretados). As 
ligações com proteínas sanguíneas ou receptores alvos não são permanentes, podendo 
ser revertidas, de tal maneira que haja mais formas não-ligadas. Tal ocorrência permite 
um efeito mais prolongado e menos exacerbado, além de determinar a eficácia do 
fármaco, dependendo de quanto dele é capaz de se ligar aos receptores. 
 Proteínas plasmáticas: albumina (principal proteína ligante, possui caráter neutro, 
podendo se ligar às bases e ácidos), lipoproteína (a ligação ocorre quando a albumina se 
encontra saturada), β-globulina e α-glicoproteína ácida (ligadas a componentes básicos 
e se encontram em altas concentrações em doenças inflamatórias). 
 O número de ligações entre fármaco e proteínas plasmáticas varia com: 
concentração de fármaco livre, afinidade pelos sítios de ligação, concentração de 
proteínas (hipoproteinemia – insuficiência hepática; hiperproteinemia – inflamações). 
 O fluxo sanguíneo é um importante fator de influência na distribuição do fármaco, 
já que existem sistemas mais irrigados do que outros, tal como o SNC, coração, fígado, 
pulmões, em comparação aos músculos, gordura e pele. 
 Toxicidade da droga deslocada: devido a uma interação medicamentosa, muitas vezes 
um fármaco B pode ter maior afinidade pelos sítios de ligação de proteínas do que um 
fármaco A, se ligando com maior facilidade e aumento as concentrações de A na forma 
livre, podendo exercer um efeito de toxicidade para o indivíduo. Um exemplo disso é a 
fenilbutazona que desloca a tolbutamida, aumentando as concentrações de tolbutamida 
livre e causando hipoglicemia. 
 Diferença de pH entre os espaços extra e intracelulares: 
 
Barreiras Orgânicas: 
 São constituídas por células muito próximas, através de junções íntimas, limitando a 
passagem de substâncias. 
 Barreira hematencefálica: existente entre o sangue e o tecido nervoso, importante para 
o mantimento da atividade ordenada dos neurônios, mantendo sua composição 
praticamente constante, para que não haja qualquer alteração em funções. 
A barreira está presente nas paredes de capilares do SNC e, diferentemente de outros locais do 
organismo, o revestimento desses capilares se faz por pequenas expansões das células da glia 
(astrócitos), chamadas de pés vasculares. 
De modo geral, as moléculas lipossolúveis como álcool, nicotina e atropina, assim como gases, 
como o dióxido de carbono, conseguem atravessar facilmente a barreira. Porém, muitas 
moléculas hidrossolúveis são de extrema importância no metabolismo dos neurônios e, para 
isso, existem diversos mecanismos de seletividade na barreira. 
 Barreira placentária: é composta por tecidos fetais, o trofoblasto, tecido conjuntivo e 
parede dos capilares. Durante a gestação, tudo que o feto necessita para seu 
desenvolvimento é conseguido a partir do sangue materno, assim como seus catabólitos 
resultantes do metabolismo são eliminados para o sangue da mãe. Essa barreira é 
responsável pela proteção do feto e é altamente lipossolúvel. 
 Barreira hematotesticular: as células de Sertoli são responsáveis por essa barreira, 
quepossui como função o impedimento de misturas de componentes existentes no 
túbulo seminífero com o resto do organismo, que poderiam ocasionar em uma resposta 
antigênica. 
 Barreira renal: são células entre o meio intramuscular e o filtrado glomerular na 
cápsula de Bowman.

Continue navegando