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1 Isadora Silva Microbiologia Mecanismos de patogenicidade bacteriana Para as bactérias, o corpo humano é um conjunto de nichos ambientais que provê: Calor Umidade Nutrientes para seu crescimento As bactérias possuem características que permitem penetrar (invadir) o ambiente, permanecer em um nicho (aderir), ganhar recursos (enzimas degradativas) e escapar das respostas imunes e não imunes por meio da cápsula, por exemplo. Quando em colônias, elas ativam funções para se sustentar, o que inclui a produção de biofilme. Muitos meios que as bactérias usam para se manter e os seus subprodutos para crescimento (ácidos, gases), acabam por causarem danos ao hospedeiro humano. -Fatores de virulência: são fatores que aumentam a capacidade da bactéria de causar doença. Muitas características da superfície bacteriana influencia a resposta do hospedeiro com a liberação de citocinas, que são protetoras, mas são também as maiores colaboradoras dos sintomas de doença. A produção da doença resulta da combinação de danos causados pela bactéria e as consequências da resposta inata e imune à infecção. -Os sinais e sintomas da doença são determinados pela função e importância do tecido afetado. -Período de incubação: tempo para a bactéria ou resposta do hospedeiro em causar injúria suficiente para desconforto ou interferir em funções essenciais. OBS: nem toda bactéria ou infecção causa doença. É bom lembrar que o corpo humano é colonizado por inúmeras bactérias que trazem benefícios ao funcionamento homeostático corporal (microbiota). Essas bactérias auxiliam na digestão de alimentos, produção de vitaminas (vit K), protegem contra micróbios patogênicos e ativam resposta imune e inata. Essas bactérias são endógenas, e residem em diversos locais do corpo. Essa microbiota pode ser alterada por tratamentos com antibióticos que permite o crescimento da Clostridium difficile, fator que leva a microbiota a levar a uma resposta imune inapropriada e causa inflamações intestinais (colite). -Bactérias virulentas: são aquelas que promovem seu crescimento no hospedeiro à custa do tecido do hospedeiro ou das funções dos órgãos. 2 Isadora Silva -Bactérias oportunistas: tiram vantagens de condições preexistentes, tais como imunossupressão, e assim crescem. Os sinais e sintomas de uma doença (que resulta do dano ou perda de tecidos e funções devido a infecção) são determinados por uma mudança no tecido afetado. Existem respostas sistêmicas que são produzidas por toxinas e citocinas produzidas em resposta a infecção. -Severidade: depende do órgão e da extensão do dano. -Ilhas de patogenicidade: são grandes regiões no cromossomo ou em plasmídeos que contêm sequências de genes que codificam numerosos fatores de virulência que pode requerer expressão coordenada. Os genes podem ser acionados por um simples estímulo (temperatura ou pH, por ex). Essa ilha fica dentro de um transpóson e pode ser transferido para diferentes sítios. ENTRADA NO CORPO HUMANO Para uma infecção se estabelecer, a bactéria precisa ganhar acesso ao interior do corpo. O corpo possui mecanismos de barreira que dificultam a penetração (pelo, mucosa, epitélio ciliar). No entanto, algumas consegue comprometer essa barreira. Se essas barreiras forem quebradas, há uma facilidade para que esse processo de entrada aconteça. Na invasão a bactéria pode se disseminar através do fluxo sanguíneo. OBS: a membrana externa das bactérias Gram- negativas tornam-nas mais resistentes a lisozima, ácido e bile e com isso elas conseguem se colonizar mais facilmente. COLONIZAÇÃO, ADESÃO E INVASÃO A colonização pode acontecer na proximidade do local de entrada ou onde tenham condições ótimas para seu crescimento. A colonização de sítios que são normalmente estéreis implica a existência de um defeito nos mecanismos naturais de defesa. As bactérias podem utilizar de mecanismos especiais para aderir e colonizar diferentes superfícies do corpo. Muitas bactérias possuem adesinas que se ligam a receptores específicos na superfície do tecido e protegem os organismos de serem removidos. Muitas das proteínas adesinas estão presentes nas fímbrias e ligam-se a açúcares do tecido-alvo, definindo-as como lectinas. Uma adaptação que facilita a colonização é o biofilme. Bactérias em biofilme são unidas por uma rede viscosa de polissacarídeos que conectam as células umas às outras e à superfície. A sua matriz também pode proteger a bactéria de defesas do hospedeiro e antibióticos. -Embora as bactérias não tenham mecanismos que consigam atravessar a pele, algumas podem atravessar mucosa e outras barreiras e entrar em tecidos mais suscetíveis. As bactérias invasivas produzem proteínas efetoras que podem facilitar a captura e invasão, promover sobrevivência intracelular e replicação da bactéria ou morte por apoptose da célula hospedeira. 3 Isadora Silva AÇÕES PATOGÊNICAS DAS BACTÉRIAS -Destruição do tecido: Subprodutos do crescimento bacteriano (fermentação que inclui ácidos e gases) promovem substâncias tóxicas ao tecido. Muitas bactérias liberam enzimas degradativas para romper o tecido, o que proporciona nutrientes para seus crescimento e disseminação. Exemplo de enzimas que modificam o tecido: hialuronidase, fibrinolisina, lipase, estreptoquinase... -Toxinas: São produtos bacterianos que prejudicam diretamente o tecido ou desencadeiam atividades biológicas destrutivas. São enzimas degradativas que causam a lise celular ou de proteínas específicas que se ligam a receptores e assim iniciam a reação tóxica. Endotoxinas e proteínas superantígenos promovem estimulação excessiva ou inapropriada das respostas inata ou imune (tempestade de citocinas). Em muitos casos, a toxina é completamente responsável por causar os sintomas característicos da doença. Exotoxinas: são proteínas que podem ser produzidas por bactérias Gram- positivas e Gram negativas e incluem enzimas citolíticas (rompem as membranas) e receptores de proteínas que alteram a função ou destroem a célula. São aquelas secretadas como produto do metabolismo. Enzimas citolíticas: fosfolipase C, hemolisina, estreptolisina -Citotoxinas: +Toxina de Staphylococcus aureus: formam poros que liberam o conteúdo celular e permite o influxo de compostos extracelulares, o que causa lise. -Neurotoxinas: +Clostridium botulinum: toxina botulínica que vai agir nas junções neuromusculares e impede a transmissão de impulsos para o músculo (não há contração). +Clostridium tetani: toxina tetânica, que se liga as células nervosas e permite uma contração muscular incontrolável. -Enterotoxina: +Vibrio cholerae: há aumento da secreção de líquidos e eletrólitos pelas células intestinais, fator que causa diarreia intensa. Superantígenos: é um grupo especial de toxinas. São moléculas que ativam as células T ligando-se simultaneamente ao receptor de célula T e a uma molécula de MHC II, em uma célula APC sem requerer o antígeno. Elas promovem uma tempestade de citocinas (IL-1, TNF, IL-2) fator que causa risco de morte por resposta autoimune. -Incluem as toxinas: síndrome tóxico de S. aureus, enterotoxinas estafilocócicas e as toxinas enterogênicas A ou C de S. pyogenes. 4 Isadora Silva Endotoxina: é a fração de lipídeo A do lipopolissacarídeo produzida por bactérias Gram-negativas, que é um ativador poderoso de fase aguda e de reações inflamatórias. Essa endotoxina é somente secretado em lise ou morte bacteriana. Ela vai se ligar a receptores específicos (CD14 e TRL4) em macrófagos e células B, de modo a estimular a produção e liberaçãode citocinas de fase aguda (IL-1, TNFalfa, IL-6 e prostaglandinas). Respostas parecidas com as das endotoxinas podem ocorrer devido a estrutura bacteriana de bactérias Gram-positivas, que incluem ácido teicoico e lipoteicoico. -Toxicidade mediada pelas endotoxinas causam: febre, leucopenia seguida por leucocitose, ativação do complemento, trombocitopenia, CID, decréscimo de circulação periférica e perfusão para órgãos principais, choque e morte. IMUNOPATOGÊNESE Em muitos casos, os sintomas de infecção bacteriana são produzidos por resposta imune, inata e inflamatória excessivas deflagradas pela infecção. Quando controlada, a resposta de fase aguda aos componentes da parede bacteriana é uma resposta antibacteriana protetora. Porém, também causam febre e mal-estar, e em estágios sistêmicos pode causar sintomas associados a sepse e meningite. Os neutrófilos e macrófagos, além do sistema complemento podem causar danos nos sítios de infecção. A tempestade de citocinas pode causar choque e interrupção da função corpórea. MECANISMOS DE ESCAPE ÀS DEFESAS DO HOSPEDEIRO A evasão às respostas protetoras do hospedeiro é uma vantagem seletiva. Quanto mais a infecção bacteriana permanecer no hospedeiro, mais tempo a bactéria tem para crescer e causar dano. 5 Isadora Silva Por isso, aquelas bactérias que podem evadir- se ou incapacitar as defesas do hospedeiro são as que mais tem capacidade de causar doença. -Evitam reconhecimento e morte pelas células fagocíticas -Inativam sistema complemento e anticorpos -Crescem dentro de células para se protegerem de respostas. A cápsula é um dos fatores de virulência mais importantes. Ela funciona protegendo a bactéria de respostas imunes e fagocitárias. São constituídas de polissacarídeos, que possuem baixa imunogenicidade. Atua como cobertura escorregadia que é difícil de ser agarrada e se rompe quando capturada por fagócito. O biofilme que é feito o material capsular evita que o anticorpo e o SC capturem a bactéria. -Cápsula de S. pyogenes é feita de ácido hialurônico. -Perda na capacidade de produção de cápsula, perda da virulência. Também podem evitar respostas dos antibióticos pela variação antigênica, inativação de anticorpos ou crescimento intracelular. -N. gonorrhoeae: varia a estrutura da superfície de antígenos e produz uma protease que degrada IgA. -S. aureus produm uma proteína IgG ligante que evita o anticorpo de ativar o SC ou opsonina. Muitas bactérias podem evitar a morte por fagócitos. Podem produzir enzimas capazes de promover a lise das células fagocitárias. Tem habilidade de sair do fagossomo dentro do citoplasma do hospedeiro antesde ser exposto as enzimas lisossômicas Podem bloquear a morte celular, onde inclui um bloqueio de fusão de fagolisossoma para prevenir contato com seus conteúdos bactericidas. OBS: O S. aureus pode produzir coagulase, uma enzima que prove a conversão de fibrina a fibrinogênio para produzir uma barreira tipo coágulo.
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