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Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Campus Virtual Atividade de Avaliação a Distância Disciplina/Unidade de Aprendizagem: DIREITO AERONÁUTICO Curso: CIÊNCIAS AERONÁUTICAS Professor: ORLANDO FLÁVIO SILVA Nome do aluno: JOÃO VICTOR CARVALHO DE SOUZA Data: 18/04/2021 Orientações: Procure o professor sempre que tiver dúvidas. Entregue a atividade no prazo estipulado. Esta atividade é obrigatória e fará parte da sua média final. Encaminhe a atividade via Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA). RESPOSTA À QUESTÃO 1: De acordo com o artigo 106 do CBA, temos que: “Art. 106. Considera-se aeronave todo aparelho manobrável em vôo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas.” Tendo como base essa definição de aeronave, a resposta para a pergunta é negativa. Apesar de revolucionários, os irmãos Wright, no dia 17 de dezembro de 1903, em Kitty Hawk, fizeram o uso de uma rampa e de uma catapulta para que seu aparelho voasse. Tendo como base o supracitado artigo, podemos afirmar que foi Santos Dumont, com seu 14-Bis, o primeiro homem a projetar um dispositivo que pudesse voar por meios próprios. O fato se deu em 23 de outubro de 1906, numa exibição público no campo de Bagatelle, na França. O aparelho se sustentou numa altura entre 2 e 3 metros por cerca de 60 metros fora do chão. A exibição durou 7 segundos, e foi testemunhada por mais de mil pessoas, tendo sido, inclusive, filmada. RESPOSTA À QUESTÃO 2: Em síntese, a MPL (Multi-Crew Pilot License) é um tipo de licença especial para formação de copilotos de linha aérea de modo mais rápido, sem que estes precisem passar por treinamentos tradicionais. Nesse treinamento, o futuro copiloto passará por treienamentos de CRM, soft skills, hard skills, utilização intensiva de simuladores de voo de aeronaves complexas, conteúdos voltados a operação de aeronaves a jato, eletrônica, automação, voo IFR, dentre outros. É importante dizer que o MPL cria, também, uma situação em que aviadores podem voar aeronaves de grande porte, e com operação complexa, com pouca experiência de voo. Para se obter a licença de MPL, o candidato deverá possuir, dentre as várias exigências: a) CMA de primeira classe para piloto de linha aérea; b) ter completado 18 anos; c) ter concluído o ensino médio; d) ter realizado, com aprovação satisfatória, os cursos teóricos e práticos homologados, com experiência mínima de 240h de voo, das quais no mínimo 35h de voo devem ser realizadas em aeronave, o restante em simuladores de voo certificados; dentre outros. Até dezembro de 2015 existiam 31 programas de MPL aprovados no mundo, possuindo 1.296 graduados e 3.450 alunos em formação. Empresas aéreas como a Air Asia, Swiss, Air China, EasyJet, Qatar Airways, ANA, JAL, Virgin Atlantic e Etihad já adotam este sistema de treinamento. O curso possui em média 1.340 horas-aula de treinamento teórico e 350 horas de voo em simuladores e aeronaves e leva em torno de 20 meses para ser concluído (IATA, 2015). FONTES: RBAC 61 https://aeromagazine.uol.com.br/artigo/as-mudancas-na-instrucao-aeronautica_729.html https://aeromagazine.uol.com.br/artigo/as-mudancas-na-instrucao-aeronautica_729.html https://liftaviation.com.br/formacao-inicial-de-pilotos-de-aviao/ RESPOSTA À QUESTÃO 3: O CBA, de 1986, prevê “responsabilidade solidária do transportador aéreo, do construtor aeronáutico e das entidades de Infra-Estrutura Aeronáutica (art. 256, I), por morte, por lesão infligida a passageiro (art. 256, § 2º), por prejuízo decorrente de dano, de perda de bagagem ou de carga.” Tal Código aponta ainda que são indenizáveis os danos decorrentes de eventual atraso no transporte, seja ele de passageiros ou de carga (art. 256, II). Em havendo morte do passageiro, a legislação prevê, no artigo 257, que a empresa transportadora deve indenizar em até 3.500 (três mil e quinhentas) OTN. Como a última atualização desse valor havia ocorrido em 1995, ano da conversão da moeda brasileira para o Real, a ANAC, para este fim específico e com base na inflação, determinou o valor unitário da OTN em R$ 11,70. Com isso, a indenização de 3.500 OTNs passa a ser, hoje, de R$ 40.950,00. FONTES: https://www2.anac.gov.br/imprensa/indenizacoesReajuste.asp https://jus.com.br/artigos/19394/convencao-de-varsovia-codigo-brasileiro-de- aeronautica-codigo-de-defesa-do-consumidor-e-extravio-de-bagagem/2 RESPOSTAS À QUESTÃO 4: a) Não consegui me basear para responder a essa pergunta, professor. Se puder me enviar uma explicação posteriormente, agradeço! b) De acordo com o estudado, as normas reguladas pela ANAC são: a) os Regulamentos Brasileiros de Aviação Civil (RBACs) e os Regulamentos Brasileiros de Homologação Aeronáutica (RBHAs); b) as Instruções Suplementares (IS); https://liftaviation.com.br/formacao-inicial-de-pilotos-de-aviao/ https://www2.anac.gov.br/imprensa/indenizacoesReajuste.asp https://jus.com.br/artigos/19394/convencao-de-varsovia-codigo-brasileiro-de-aeronautica-codigo-de-defesa-do-consumidor-e-extravio-de-bagagem/2 https://jus.com.br/artigos/19394/convencao-de-varsovia-codigo-brasileiro-de-aeronautica-codigo-de-defesa-do-consumidor-e-extravio-de-bagagem/2 c) as Resoluções da ANAC e os Decretos da Anac; e d) as Portarias da Superintendência de Infraestrutura Aeroportuária (SIA). c) Abaixo, listo os RBAC, RBHA, MCA e IS que julgo serem importantes para a vida de um aeronauta (que configura mecânico, piloto e comissário): No tocante das MCAs, temos, no tocante de tráfego aéreo: a) MCA 100-15 (Procedimentos Relativos a Emergências e Contingências de Voo ou do Órgão ATC); b) MCA 100-16 (Fraseologia de Tráfego Aéreo); e c) MCA 100-11 (Preenchimento dos Formulários de Plano de Voo). No que se refere às ICAs,s temos: a) ICA 100-37 (Serviços de Tráfego Aéreo); b) ICA 100-38 (Espaço Aéreo Condicionado); c) ICA 100-1 (Requisitos Para Operação VFR ou IFR em Aeródromos); d) ICA 100-22 (Serviço de Gerenciamento de Fluxo de Tráfego Aéreo); e) ICA 100-44 (Conceito de Espaço Aéreo); f) ICA 100-24 (Elaboração de Procedimentos de Navegação Aérea); g) ICA 100-11 (Plano de Voo); e h) ICA 100-12 (Regras do Ar). Em relação às IS, podemos citar: a) IS 39-001C (Diretrizes de Aeronavegabilidade); b) IS 61-001D (Caderneta Individual de Voo Digital – CIV); c) IS 61-006H (Procedimentos para o lançamento de endossos nos registros de voo dos pilotos); e d) IS 67-002B (Instruções para obtenção e revalidação de um Certificado Médico Aeronáutico (CMA)). Sob a ótica dos RBACs e RBHAs, temos: a) RBAC 61 – Licenças, Habilitações e Certificados Para Pilotos; b) RBAC 121 – Requisitos Operacionais: Operações Domésticas, de Bandeira e Suplementares; c) RBAC 135 – Requisitos operacionais: Operações Complementares e por Demanda; d) RBHA 063 – Mecânico de Voo e Comissário de Voo; e e) RBAC 43 – Manutenção, Manutenção Preventiva, Reconstrução e Alteração Vale salientar que a profissão do aeronauta é legislada pelos seguintes elementos: a) CBA (Código Brasileiro de Aeronáutica); b) Pela Lei 13.475/17; c) Por regras dispostas em diversos regulamentos baixados pela Autoridade Aeronáutica; d) Por regras gerais trabalhistas como a CLT e o rol dos artigos 7º e 11º da Constituição Federal de 1.988. RESPOSTAS À QUESTÃO 5: a) Em obediência ao preceito constitucional, a União elaborou e promulgou um conjunto de regras atinentes ao Direito Aeronáutico Brasileiro, a Lei 7.565/86 (CBA). Este código, de 1986, foi posto no ordenamento jurídico em data anterior à promulgação da Constituição Federal de 1988. Ou seja, foi elaborada segundo as normas da Constituição Federal de 1969. Tendo isso em mente, e em síntese, o CBA só está em vigor até hojeporque foi produzido de acordo com as regras válidas da Constituição de 1969; estava em vigor quando a Nova Lei Máxima foi promulgada e seus preceitos não contrariam nenhum princípio ou regra da Constituição de 1988. a) Existem diferenças entre eles. No tocante da lei, sua obediência é cogente. Dessa forma, não é possível desobedecer às regras dispostas em seus artigos, sob pena de ocorrerem sanções previstas na própria lei do CBA e também em outros aparatos jurídicos, como o Código Penal. No que se refere aos regulamentos, eles devem contemplar todos os dispositivos contidos no CBA que ensejam detalhamento, mas apenas isso, sem inovar a lei ou sem criar novos direitos ou obrigações que não estão previstos na lei a que estão vinculados. Logo, regulamentos não possuem força de lei e nem podem inovar, mas apenas clarificar quais situações fáticas ensejam a aplicação das normas constantes da Lei a que estão vinculadas, bem como indicar como será feito. Em outras palavras, e sendo mais direto, podemos dizer que a lei é superior ao regulamento, e seus princípios devem ser cumpridos porque derivam de comando de leis. RESPOSTAS À QUESTÃO 6: a) Respondendo de maneira mais técnica, baseado estritamente na norma, o CENIPA pode interromper uma investigação em andamento “nos casos em que for constatado ato ilícito doloso relacionado à causalidade do sinistro e em que a investigação não trouxer proveito à prevenção de novos acidentes ou incidentes aeronáuticos, sem prejuízo da comunicação à autoridade policial competente.” De maneira menos técnica, podemos dizer que, no caso da queda do PT-YFD, o proprietário e também o piloto da aeronave estavam cientes das diversas irregularidades na operação do helicóptero e, mesmo assim, assumiram o risco de que ocorresse algum acidente. Dessa forma, o CENIPA concluiu que investigar esse acidente não poderia acrescentar na cultura de prevenção de novos sinistros dessa natureza, uma vez que qualquer ação corretiva ou RSV (Recomendação de Segurança de Voo) emitida pelo CENIPA recaem sobre a estrita observância dos regulamentos já estabelecidos. b) A norma, o artigo e o inciso são: Lei 12.970, artigo 88, § 2º. “Art. 88-A. A investigação Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - SIPAER englobará práticas, técnicas, processos, procedimentos e métodos empregados para a identificação de atos, condições ou circunstâncias que, isolada ou conjuntamente, representem risco à integridade de pessoas, aeronaves e outros bens, unicamente em proveito da prevenção de acidentes aeronáuticos, incidentes aeronáuticos e ocorrências de solo. § 2º A autoridade de investigação Sipaer poderá decidir por não proceder à investigação Sipaer ou interrompê-la, se já em andamento, nos casos em que for constatado ato ilícito doloso relacionado à causalidade do sinistro e em que a investigação não trouxer proveito à prevenção de novos acidentes ou incidentes aeronáuticos, sem prejuízo da comunicação à autoridade policial competente. RESPOSTAS À QUESTÃO 7: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7565.htm#art88a Bom, houveram diversos erros de julgamento (no processo decisório, de percepção e de planejamento) somados às condições meteorológicas adversas e também falhas técnicas do equipamento radar do aeroporto de Florianópolis. Em suma, uma união entre fator humano e fator operacional. No tocante da percepção do piloto, as más condições meteorológicas afetaram adversamente na sua consciência situacional. O piloto desenvolveu uma rampa de planeio abaixo do padronizado, e não pediu o ajuste do altímetro para o órgão ATC correspondente. No tocante do processo decisório e de planejamento de voo, o piloto poderia ter alternado, dadas as más condições do tempo, a baixa consciência situacional, e também aos parâmetros mínimos de pouso seguro estabelecidos no procedimento, os quais não foram seguidos. Por fim, o radar contribuiu durante a realização do procedimento de descida, não sendo possível a verificação das informações de altitude da aeronave que poderiam ser um fator de alerta para o piloto e órgão ATS. Ademais, o ATIS estava inoperante e não foi fornecido pelo órgão ATS o ajuste do altímetro do campo. b) O tipo de acidente que a aeronave PT-VLQ sofreu é chamado de CFIT (Controlled Flight into Terrain), que ocorre quando uma aeronave, aparentemente controlada pelo(s) piloto(s), voa em direção a um obstáculo, terreno, água etc. O CFIT geralmente ocorre na aproximação e pouso, e associado a procedimentos de não-precisão (VOR, NDB, RNAV apenas com LNAV etc.). As consequências do CFIT são muitas, desde mortes até perda total da aeronave (hull loss). As contramedidas a um CFIT são a manutenção da consciência situacional, durante o voo; o uso de SOPs (Standard Operating Procedures); o uso de sistemas de alerta de colisão contra o solo (TAWS; Terrain Avoidance Warning Systems); dentre outros. c) Afirmativo. O órgão ATC envolvido poderia ter sido mais assertivo quanto aos procedimentos, e, em caso de dúvidas, poderia ter questionado imediatamente os pilotos do PT-VLQ, nunca permitindo a continuação do voo com incertezas. Também devemos lembrar que, durante o procedimento de descida, o ATIS estava inoperante e também houve perda das informações do radar de aproximação (que teve falha no radar secundário), impedindo o controlador de passar informações mais precisas ao piloto. d) Para evitar o acidente, o piloto deveria ter seguido um SOP e também deveria ter mantido comunicação com o órgão ATC –, principalmente por causa da inoperância do radar de aproximação –, a fim de manter elevada a consciência situacional; também deveria ter arremetido e alternado, já que é senso comum na aviação que prosseguir para pouso, além do ponto de arremetida, com visibilidade ainda comprometida, é extremamente perigoso.