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Seção 5 civil - Embargos de Declaração Cleber Freitas

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) RELATOR(A) DA 29ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE ALAGOAS
Processo nº 0001234-56.2022.8.26.888
EMBARGANTE: CLEBER DE FREITAS
EMBARGADO: AM EXPRESSO TRANSPORTE DE BENS
CLEBER DE FREITAS, “devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe”, vem, por meio de seu advogado que esta subscreve, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, com fulcro no artigo 1.022, inciso I, do Código de Processo Civil, com o objetivo de sanar contradições no acórdão proferido por este Egrégio Tribunal de Justiça de Alagoas, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
I. DA TEMPESTIVIDADE
Os presentes Embargos de Declaração são tempestivos, uma vez que a decisão embargada foi publicada no Diário de Justiça no dia .../.../..., e o prazo para interposição do presente recurso é de cinco dias, conforme o artigo 1.023, do Código de Processo Civil. Destarte, apresenta-se o recurso dentro do prazo legal, considerando-se ainda a contagem em dias úteis (certidão de publicação anexa).
II. DO PREPARO
Preceitua o art. 1.023 do CPC vigente que: Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
Sendo assim, não é necessário o recolhimento de custas, restando evidente os motivos pela não realização do preparo, conforme dispõe, também, no art. 18 da Lei nº 7.347/85
III. DO CABIMENTO
O Código de Processo Civil prevê em seu art. 1.022, inciso I, II e III, que os embargos declaratórios são cabíveis contra qualquer decisão judicial com o intuito de eliminar contradição, suprir omissão e ou corrigir erro material, veja-se:
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Perfeitamente cabíveis os presentes embargos, haja vista que opostos em face de acórdão que foi contraditório, pois, mesmo tendo fundamentando o aresto de forma favorável ao embargante, entendeu pelo desprovimento do recurso de apelação.
IV. DA CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO
Necessariamente o julgado deverá ser modificado, em face da nítida contradição constatada.
Na espécie, a contradição reside no ponto em que a decisão, aqui hostilizada, na parte da fundamentação, demonstrou que a lei é clara quanto ao direito do embargante, o relator reconhece que há comprovação das verbas penhoradas serem decorrentes da relação de trabalho, afirmando que não há razões que levem à manutenção da penhora promovida, no entanto, ao proferir a decisão entendeu pelo desprovimento do recurso de apelação interposto pelo ora embargante. 
Vejamos o teor da fundamentação da decisão ora embargada:
“De início, cumpre apontar que o art. 833, IV do Código de Processo Civil é cristalino ao definir quais bens ou valores são impenhoráveis, in verbis: 
Art. 833. São impenhoráveis: [...]. 
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º; 
Consigne-se que contas das fls. 235/240 dos autos, juntada de holerites, declaração de imposto de renda e declaração do empregador, visando demonstrar que as verbas, de fato, são decorrentes da relação de trabalho. 
Dessa forma, não há razões que levem à manutenção da penhora promovida, até porque os valores se enquadram como vencimentos, alcançados, assim, pela proteção do art. 833, IV do Código de Processo Civil.” (grifo nosso)
Como se vê, embora o r. acórdão impugnado tenha fundamentado sua decisão de maneira brilhante em favor do embargante, entendeu pelo desprovimento do recurso de apelação, como se observa do trecho do aresto, in fine:
“Dessa forma, não há razões que levem à manutenção da penhora promovida, até porque os valores se enquadram como vencimentos, alcançados, assim, pela proteção do art. 833, IV do Código de Processo Civil. 
Ante o exposto, pelo meu voto, entendo pelo DESPROVIMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO PROPOSTO.”
Verifica-se assim, que o r. acórdão embargado agiu em nítida contradição (CPP, art. 1022, inciso I).
Vale trazer à baila o entendimento jurisprudencial referente ao tema: 
“PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA. CONTRADIÇÃO. PROVIMENTO.
1. Trata-se de embargos declaratórios opostos pela UNIÃO (Fazenda Nacional) em face de acórdão desta Terceira Turma que deu provimento aos embargos de declaração, não lhes atribuindo, porém, efeitos infringentes. 2. A embargante indica, em breve síntese, a ocorrência de contradição no julgado, pois deu provimento aos aclaratórios, porém sem efeitos infringentes, ainda que, na verdade, haja conferido modificação na sentença apelada que, originalmente, afastava incidência da limitação percentual compensação. 3. Os embargos de declaração caracterizam-se como recurso de fundamentação vinculada, tendo cabimento apenas para esclarecer qualquer espécie de decisão obscura ou contraditória, corrigir as eivadas de erro material ou integralizar aquelas omissas (Art. 1.022 do CPC). 4. A contradição se verifica sempre que existirem na decisão recorrida proposições logicamente inconciliáveis, de forma que a defesa de uma consequentemente significaria a negação da outra, sendo imperativo, por conseguinte, o manejo do recurso para sanar a deficiência da fundamentação, com vistas a recompor a sua coerência e integridade. 5. Nesse sentido, acerca do vício de fundamentação suscitado, a leitura atenta aos termos do voto condutor é bastante para constatar a sua ocorrência, pois, ao mesmo tempo em que se reconhece a ausência de empeço à aplicação da limitação da compensação ao percentual de 30% (trinta por cento), prevista no parágrafo 3º do art. 89 da Lei nº. 8.212/91, com redação dada pelas Leis nº. 9.032/95 e nº. 9.129/95, afirma a ausência de efeitos infringentes aos embargos de declaração, sem observar, no entanto, que o seu provimento, com a decorrente integração do acórdão recorrido, promoveu a reforma de capítulo da sentença recorrida. 6. Ressoa nítido, dessa forma, o descompasso da conclusão do voto com o teor da sua fundamentação, restando manifesta a contradição, pois o conteúdo da decisão é suportado por proposições logicamente inconciliáveis. 7. Assim, para restabelecer a coerência e a integridade do voto, onde se lê Posto isso, dou provimento aos embargos de declaração, não lhes atribuindo, porém, efeitos infringentes, leia-se Posto isso, dou provimento aos embargos de declaração, atribuindo-lhes efeitos infringentes. 8. Embargos de declaração providos apenas para sanar a contradição, com atribuição de efeitos infringentes aos aclaratórios originais.” (grifo nosso)
V – DOS PEDIDOS 
 Diante do exposto, requer:
a) O recebimento e conhecimento dos presentes Embargos de Declaração, por serem tempestivos e cabíveis nos termos do art. 1.022, I do CPC;
b) a intimação da parte contrária, conforme art. 1.023, §2º do CPC, para que querendo, se manifeste no prazo legal;
c) no mérito, pede-se o provimento dos Embargos para corrigir a contradição verificada na conclusão do acórdão, para que seja atribuída a proteção prevista no art. 833, IV do CPC aos valores penhorados, que são provenientes da atividade laboral do Embargante, a fim de dar provimento ao recurso de apelação do embargante;
d) alternativamente, o reconhecimento da omissão, para acatar a preliminar de nulidade de citação, anulando-se o processo ab initio, sob pena de cerceamento de defesa.
Nestes termos, 
pede deferimento.
Local, data (dia/mês/ano)
Nome, assinatura e 
nº da OAB do Advogado (a)

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