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FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO Profa. Thaís Melo de Paula Seixas FISIOLOGIA ANIMAL II FUNÇÕES Fornecer ao organismo de forma contínua nutrientes, água e eletrólitos; Metabolizar os alimentos para absorção; Armazenar os alimentos por determinado período de tempo e liberá-los parcialmente para sofrer digestão; Absorção; Eliminar os resíduos alimentares (produtos não digeridos). SISTEMA DIGESTÓRIO DIGESTÃO Conjunto de transformações químicas e físicas que os alimentos orgânicos sofrem, ao longo do sistema digestório, para se converterem em compostos menores, hidrossolúveis e absorvíveis. SISTEMA DIGESTÓRIO Organização básica: 1 – Boca 2 – Esôfago 3 – Estômago. 4 – Intestino Delgado. 5 – Intestino Grosso. 6 – Ânus. Estruturas associadas: 1 – Glândulas Salivares. 2 – Pâncreas. 3 – Fígado. 4 – Vesícula Biliar. CARNÍVOROS: Alimentação à base se carne e outros animais. Trato digestório simples, de tamanho reduzido e digestão predominantemente enzimática. Caninos e Felinos. SISTEMA DIGESTÓRIO HERBÍVOROS: Consomem alimentos de origem vegetal. Trato digestório complexo, processos de digestão enzimática e fermentativa e elevada capacidade de armazenamento de alimentos. Bovinos, Equinos e Pequenos Ruminantes. SISTEMA DIGESTÓRIO HERBÍVOROS: SISTEMA DIGESTÓRIO SISTEMA DIGESTÓRIO - HERBÍVOROS X CARNÍVOROS ONÍVOROS: Consomem vegetais e carne. Trato digestório adaptado a digerir diversos tipos de alimentos. Suínos, aves e homem. SISTEMA DIGESTÓRIO SISTEMA DIGESTÓRIO PREENSÃO Caninos e Felinos: utilizam os membros torácicos para segurar o alimento. Alimento é empurrado para a boca pela cabeça e mandíbula. Os líquidos são transportados para a boca por meio da língua (extremidade móvel forma uma concha). Outras espécies transportam líquidos para a boca por meio de sucção criada pela inspiração e contrações da língua. Preensão canina e felina Preensão canina e felina - líquidos Preensão felina - líquidos PREENSÃO Equinos: utilizam os lábios móveis e sensíveis que são dirigidos para trás durante o pastejo. Dentes incisivos cortam a gramínea em sua base. Preensão equina PREENSÃO Bovinos e Ovinos: os lábios possuem movimento limitado. Utilizam a língua que se curva ao redor das gramíneas que são colocadas entre os dentes incisivos e os coxins dentários. As gramíneas são cortadas pelo movimento da cabeça. Ovinos: lábio superior fendido que facilita o corte rente da gramínea. Suínos: escavam a terra com o focinho (revolvem a terra e o alimento). O alimento é levado à boca pelo lábio inferior. Preensão bovina Preensão ovina e suína MASTIGAÇÃO Objetivos: 1 - Quebra do alimento para fornecer maior superfície de contato com os sucos digestivos. 2 - Mistura do alimento com a saliva lubrificando o bolo alimentar para a passagem pelo esôfago. Carnívoros: movimentos mandibulares verticais (cisalhamento). MASTIGAÇÃO Herbívoros: movimentos mandibulares laterais (trituração - alimento vegetal é mais duro e áspero). Os dentes desgastam-se em forma de cinzel (borda cortante do dentes inferiores é mais interna e dos superiores é mais externa nos equinos). MASTIGAÇÃO Herbívoros: movimentos mandibulares laterais. Funções da Saliva Possui alto teor de umidade facilitando a mastigação e a deglutição. Ação lubrificante devido à presença de mucina facilitando o transporte do bolo alimentar. Atividade antibacteriana. Atividade tamponante: poder alcalinizante devido à elevada concentração de íons alcalinos (HCO3 - e PO4 -). Em bovinos esta atividade é importante para neutralizar os ácidos produzidos no rúmen. Resfriamento evaporativo nos caninos e felinos. Glândula Parótida, sob estímulo parassimpático, é capaz de secretar 10 vezes a produção de uma glândula parótida humana. Mecanismo tão eficaz quanto à transpiração humana. Amilase salivar nos onívoros. Digere o amido e outros polissacarídeos em moléculas de maltose. É ativa em pH neutro. Funções da Saliva Produção de Saliva Produzida pelas Glândulas Salivares: É a secreção mista de todas as glândulas salivares. 1 – Parótida. 2 – Submandibular. 3 – Sublingual. 4 – Zigomática (apenas em carnívoros). 2 tipos de células secretoras de acordo com o tipo de secreção (saliva): Células serosas e Células mucosas. Glândulas Salivares DEGLUTIÇÃO • Centro da Deglutição: formado por neurônios do quarto ventrículo cerebral. Estimulado por impulsos aferentes originados na região posterior da boca, faringe e epiglote. • Ocorre fechamento da epiglote o que impede a entrada de alimento nas vias aéreas. • Inibição da respiração. • Transporte do bolo alimentar da boca para a região cranial do esôfago. DEGLUTIÇÃO FASES: 1 – Fase Voluntária – Fase Oral: língua molda o alimento, forma o bolo alimentar e o empurra para a faringe. Há receptores na faringe que detectam a presença do bolo alimentar. 2 – Fase Involuntária – Fase Faríngea e Esofágica: ocorre na faringe e esôfago. REFLEXO DE DEGLUTIÇÃO: direciona o bolo alimentar para o esôfago. DEGLUTIÇÃO Bolo alimentar RESPIRAÇÃO: epiglote aberta DEGLUTIÇÃO: epiglote fechada ESÔFAGO Estende-se desde a faringe até o estômago. Localizado entre os pulmões, atravessa o tórax e perfura o diafragma. Formado por músculo esquelético e músculo liso (diferentes proporções entre as espécies). Permanece fechado pelo Esfíncter Esofágico Superior (Músculo Cricofaríngeo) Algumas espécies possuem o Esfíncter Esofágico Inferior (Gastroesofágico), outras apresentam uma pressão intra-luminal que funciona como um esfíncter interno. ESÔFAGO – composição muscular nas diferentes espécies - - - : Músculo Esquelético ___ : Músculo Liso MOTILIDADE ESOFÁGICA Velocidade da onda peristáltica varia de acordo com o tipo de músculo: Músculo Esquelético: velocidade peristáltica maior. Músculo Liso: velocidade menor. Exemplo: Cão: velocidade de 5cm/s, tempo total de trânsito de 4 a 5 segundos. MOTILIDADE ESOFÁGICA O movimento do esôfago inicia-se com a deglutição. Contração peristáltica do esôfago após a deglutição: Peristalse Primária. Onda peristáltica que se movimenta do Esfíncter Esofágico Superior para o Inferior. Abertura do Esfíncter Esofágico Inferior. A presença do bolo alimentar inicia a Peristalse Secundária, quando a Peristalse Primária não for suficiente para propelir o bolo alimentar até o Esfíncter Esofágico Inferior. MOTILIDADE ESOFÁGICA TUBO DIGESTIVO Camadas: 1 – Lúmen. 2 – Camada mucosa. 3 – Muscular da mucosa. 4 – Camada submucosa. 5 – Plexo submucoso (SNE) – (a partir do duodeno). 6 – Camada muscular interna circular. 7 – Plexo mioentérico (SNE). 8 – Camada muscular externa longitudinal. 9 – Camada serosa. ESÔFAGO Camadas do tubo digestivo SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle neural Mediado por: Sistema Nervoso Autônomo - SNA (Simpático e Parassimpático). Inervação extrínseca. Sistema Nervoso Entérico – SNE (Plexo Mioentérico e Submucoso). Inervação intrínseca. SIMPÁTICOPARASSIMPÁTICO SNA SNE Plexo Mioentérico – AVERBACH (camada muscular) Plexo Submucoso – MEISSNER (camada submucosa) SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle neural INERVAÇÃO EXTRÍNSECA SNA PARASSIMPÁTICO – Neurônios Aferentes (Sensitivos) Por meio do Nervo Vago sinalizam informações dos Mecanorreceptores e Quimiorreceptores. INERVAÇÃO COLINÉRGICA: aumento da atividade contrátil, da secreção e do fluxo sanguíneo. SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle neural INERVAÇÃO EXTRÍNSECA SNA PARASSIMPÁTICO – Neurônios Eferentes (Motores) SINAPSE – Ach em receptores Colinérgicos Nicotínicos em neurônios do SNE Neurônio Pré-Ganglionar * Neurônio Pós- Ganglionar do SNE * Ach liberada pelos neurônios do SNE SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle neural INERVAÇÃO EXTRÍNSECA SNA SIMPÁTICO – Neurônios Aferentes (Sensitivos) Por meio dos Nervos Esplâncnicos sinalizam condições patológicas. INERVAÇÃO ADRENÉRGICA: diminuição da atividade contrátil, da secreção e do fluxosanguíneo. SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle neural INERVAÇÃO EXTRÍNSECA SNA SIMPÁTICO – Neurônios Eferentes (Motores) Neurônio Pré-Ganglionar Neurônio Pós-Ganglionar SINAPSE – Ach em receptores Colinérgicos Nicotínicos SINAPSE – Noradrenalina em receptores Adrenérgicos SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle neural INERVAÇÃO EXTRÍNSECA SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle neural INERVAÇÃO INTRÍNSECA SNE Possui neurônios dentro da parede intestinal. Plexo submucoso (MEISSNER): localizado na camada submucosa. Plexo mioentérico (AVERBACH): localizado entre as camadas musculares circular e longitudinal. “Pequeno Cérebro” intestinal. SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle neural INERVAÇÃO INTRÍNSECA SNE Possui neurônios sensitivos (aferentes), interneurônios e neurônios motores (eferentes). Porção sensitiva (aferente): apresenta Mecanorreceptores nas camadas musculares (monitoram a distensão da parede intestinal) e Quimiorreceptores na camada mucosa (monitoram condições químicas do lúmen intestinal). Pode ocorrer comunicação com o SNC. Porção motora (eferente): inervam músculos vasculares, músculo liso e as glândulas da parede intestinal. SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle neural INERVAÇÃO INTRÍNSECA SNE SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle neural INERVAÇÃO INTRÍNSECA SNE Neurônios motores secretam Neurócrinas (armazenadas em vesículas sinápticas) em resposta a um potencial de ação e afetam as atividades da célula muscular lisa. Neurônios motores podem ser excitatórios ou inibitórios dependendo da natureza da substância neurócrina. Exemplos: Neurócrinas excitatórias: acetilcolina, substância P, serotonina... Neurócrinas inibitórias: somatostatina, óxido nítrico, ATP... MOTILIDADE GASTRINTESTINAL Os movimentos das paredes do tubo digestivo têm ação direta sobre o bolo alimentar. FUNÇÕES DA MOTILIDADE: 1 – Propulsionar o alimento de um segmento para outro. 2 – Reter o bolo alimentar em um segmento para digestão, absorção ou armazenamento. 3 – Quebrar o alimento e misturá-lo com as secreções digestivas. 4 – Circular o bolo alimentar em todas as porções do tubo digestivo para que entre em contato com as superfícies absorvíveis. MOTILIDADE GASTRINTESTINAL A motilidade é decorrente de um potencial de ação (elétrico) que se origina de células especializadas do músculos liso (marca-passos): CÉLULAS INTERSTICIAIS DE CAJAL (CIC). As CIC formam uma rede de conexão entre as camadas de músculo circular e longitudinal e se comunicam com as células musculares por meio de zônulas de oclusão ou nexons. Conexões permitem o transporte de íons de uma célula a outra o que leva a propagação do potencial elétrico para uma grande área do músculo. CÉLULAS INTERSTICIAIS DE CAJAL (CIC) CÉLULAS INTERSTICIAIS DE CAJAL (CIC) A célula muscular lisa possui um potencial de membrana em repouso de – 60 a – 40 mV (pode haver oscilação até 0 mV quando a despolarização é parcial) – Ondas Lentas. Após a ação das CIC podem chegar a 20 a 30 mV (contração). O potencial elétrico se propaga por grandes áreas do músculo liso: ONDAS LENTAS: despolarização espontânea do músculo liso, lenta e transitória que percorre longa distância aboralmente (para longe da boca – caudalmente). As ondas lentas passam constantemente no músculo liso, estando o mesmo contraído ou relaxado. MOTILIDADE GASTRINTESTINAL ONDAS ELÉTRICAS ESPONTÂNEAS NAS CÉLULAS INTERSTICIAIS DE CAJAL (CIC) • Responsáveis pela ritmicidade elétrica espontânea. • Estimulam o potencial de ação em outras células musculares lisas. ONDAS ELÉTRICAS ESPONTÂNEAS NAS CÉLULAS INTERSTICIAIS DE CAJAL (CIC) CÉLULA MUSCULAR LISA • Não possuem Túbulos T. • Retículo Sarcoplasmático pouco desenvolvido. • Dependem dos íons Ca2+ do LEC para induzirem as interações actina-miosina. • Filamentos de actina ancorados a corpos densos. CÉLULAS MUSCULARES LISAS SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle endócrino Há células endócrinas e parácrinas distribuídas pelo epitélio intestinal. São células colunares com base larga e ápice estreito. Ápice estreito: voltado para o lúmen intestinal com a função de captar estímulos por meio dos receptores de membrana. Estímulos do lúmen intestinal causam exocitose de vesículas contendo hormônios na região basolateral. SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle endócrino Célula Intestinal Endócrina Célula Intestinal Endócrina SISTEMA DIGESTÓRIO – Controle endócrino Células endócrinas secretam próximos aos vasos sanguíneos. Células parácrinas possuem apêndices basais que direcionam as secreções para as células adjacentes. Secreções são chamadas Moléculas Reguladoras Neuro-humorais. Muitas secreções possuem estrutura de peptídeo (aprox. 28 substâncias). Cada tipo de célula endócrina ou parácrina possui um tipo de distribuição dependendo da necessidade do local para determinada secreção.