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DOENÇAS RESPIRATÓRIAS OBSTRUTIVAS CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS MV. MS. VANESSA COUTINHO DO AMARAL DOENÇAS RESPIRATÓRIAS OBSTRUTIVAS Dificuldade para a passagem do ar FR: normal ou Amplitude: PADRÃO OBSTRUTIVO INSPIRATÓRIO: Vias aéreas anteriores - síndrome braquiocefálico - paralisia de laringe - CE em vias aéreas anteriores - colapso de traquéia (Raio-X cervical na inspiração) EXPIRATÓRIO: intra-torácica - Asma Felina - Bronquite crônica Canina - Colapso de traquéia (Raio-X tórax na expiração) SÍNDROME DOS BRAQUIOCEFÁLICOS Características estenose de narinas palato mole alongado alterações anatômicas da laringe - sáculos laringeais evertidos - colapso laringeal (graves) hipoplasia de traqueia edema de mucosas Estenose de narinas Má formação congênita: do diâmetro transverso das narinas resistência do fluxo de ar: pressão negativa (vias aéreas anteriores): estridor edema vias aéreas (secundário) Achados clínicos raças braquicefálicas: bulldog (inglês, francês) boston terrier pequinês shih tzu lhasa apso boxer Idade: media: 3 anos (5 meses a 10 anos) Sintomas J Am Anim Hosp Assoc, 2008 Outras manifestações cianose síncope disfagia regurgitação hipertermia Achados no exame físico J Am Anim Hosp Assoc, 2008 Diagnóstico exame físico faringoscopia/ laringoscopia radiografia Tratamento cirúrgico abdução ou remoção da asa das narinas ressecção do palato mole excisão dos ventrículos laterais da laringe Complicação pós-operatória: - Dispnéia: edema de mucosa colapso de estruturas laringeais redução do tônus muscular faringeal (anestesia) BRONQUITE CANINA Inflamação crônica dos brônquios, associada a hipersecreção de muco. BRÔNQUIOS Epitélio pseudoestratificado ciliar Produz Muco - Parede fica espessada – perde cílios (e assim não desloca o muco) – produz mais muco = acúmulo de secreção (predispondo à proliferação bacteriana) e tosse ETIOLOGIA desconhecida produção excessiva de muco obstrução vias aéreas <s dano as vias aéreas (predisposição a proliferação bacteriana) secundária a infecções respiratórias secundária a outras doenças respiratórias crônicas substâncias irritantes/alérgenos defeitos mucociliares (discinesia ciliar) FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA AD – desvio traquéia Animal tem tosse, tem aumento em coração, mas não é cardiopata, é uma consequência da evolução da doença. CARACTERÍSTICAS meia-idade a idosos raças de pequeno porte (vive dentro de casa – alérgenos) início insidioso “incurável”, mas há controle obesidade MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS variável e progressiva alterações das vias aéreas são irreversíveis tosse (2 meses) taquipnéia/cianose/síncope distrição respiratória expiratória (avançado) intolerância a exercício/cansaço episódios de broncopneumonia TOSSE produtiva persistente seca (dia) e produtiva (noite) exercício/agitação períodos de remissão PROGRESSÃO DA DOENÇA dificuldade respiratória (repouso/exercício leve) febre, anorexia ou inapetência, letargia (broncopneumonia concorrente) debilidade e caquexia (doença avançada) sons respiratórios à auscultação: - sibilos (expiração), crepitações (inspiração – infecção bacteriana 2ária), abafamento sons cardíacos cor pulmonale e ICC (casos crônicos) DIAGNÓSTICO Histórico/Sintomas: tosse crônica persistente Exame físico: ACP: - crepitação (inspiração) - sibilos (expiração) Exames laboratoriais: Hemograma DIAGNÓSTICO Radiografia torácica: brônquios espessados hiperinflação pulmonar +/- broncopneumonia +/- bronquiectasia (crônico) +/- cor pulmonale +/- fibrose intersticial Lavado bronco-alveolar ou traqueobrônquico grande quantidade de muco número variável de leucócitos: - neutrófilos e/ou eosinófilos - macrófagos e plasmáticos população bacteriana variável: - cultura + antibiograma Principalmente em recidivas Broncoscopia paredes brônquicas alteradas mucosa inflamada, hiperêmica excesso de muco visível bronquiectasia Diagnóstico diferencial doença cardíaca (insuficiência de mitral) pneumonia bacteriana/ fúngica neoplasia pulmonar dirofilariose parasitas pulmonares Tratamento Objetivos: encontrar a causa primária evitar fatores precipitantes e agravantes (agitação/estresse) controle obesidade alívio da inflamação e obstrução controle da tosse controle infecção oxigênio Tratamento Reduzir inflamação: Corticosteróide: - Prednisona : 0,5mg/kg, BID, VO (início) controle dos sintomas – reduzir dose - Inalatórios: Fluticasona (Flixotide spray) Salmeterol (broncodilatador) + fluticasona (Seretide spray) Beclometasona + salbutamol (Aerotide) Fluticasona Controle da inflamação das vias aéreas Sem causar efeitos colaterais sistêmicos Mais potente e > meia vida Leva 10 – 14 dias para atingir pico <20 kg 110 μg, 1 borrifada na câmara q 12 h >20 kg 220 μg Usar com expansor pediátrico, com máscara 1 borrifada no expansor – coloca animal – 10 a 15 movimentos respiratórios www.aerokat.com Tratamento Reduzir obstrução brônquica: - broncodilatadores: metilxantinas: aminofilina (6-10mg/kg/SID ou BID): cuidado com taquicardia em dose alta enrofloxacina: níveis séricos da aminofilina - cuidado agonistas β-adrenérgicos: Terbutalina (xarope 0,3 ml) 1,25 a 2,5 mg/cão/BID - 0,625 mg/gato albuterol/salbutamol Tratamento Combater infecção secundária: - antibióticos: 14 dias cultura + antibiograma de lavado traqueobrônquico doxiciclina 5-10mg/kg/12h Facilitar eliminação de muco: - mucolíticos (N-acetilcisteína) - inalação (só SF) - tapotagem COLAPSO DE TRAQUÉIA Caracterizado pela redução no diâmetro traqueal, devido a: -membrana traqueal dorsal flácida e - anéis cartilaginosos enfraquecidos. Características Cartilagem traqueal hipocelular, devido à Diminuição: sulfato de condroetina cálcio gags glicoproteína Defeitos podem estender-se: brônquio principal até ramificações mais distais Etiologia desconhecida Prevalência: 0,5 – 2,9% Patogenia Irritação crônica do epitélio traqueal e bronquial: - Inflamação - Descamação epitelial - Hiperplasia de glândulas mucosas Cronicidade do processo: - Destruição das camadas elástica e muscular (parede bronquial) e subsequente dilatação - clearence mucociliar Colapso de Traqueia Graduação I. < protrusão da membrana traqueal no lúmen; redução do diâmetro < 25% II. redução do diâmetro em 50%. Anéis alongados e moderadamente achatados III. redução do diâmetro em 75%. Anéis achatados. Tosse repetitiva leva a injuria epitelial crônica IV. anéis gravemente achatados, diâmetro < 10% Achados clínicos raças toy e miniatura: poodle, spitz, yorkshire, maltês, pug e chihuahua meia idade a idosos Obesos tosse: - crônica (“grasnado”) - após exercício, beber, comer cianose aumento do murmúrio vesicular Colapso cervical = inspiração Colapso intra-torácico = expiração Exame Físico boa condição corpórea obesidade (50%) doença dental/ periodontal (40%) sensibilidade a palpação - tosse seca paresia/ paralisia de faringe (20 - 30%) Diagnóstico Radiografia torácica/cervical: fecha diagnóstico em 60 - 84% dos casos - inspiratória (cervical) e expiratória (tarácica) - fazer uma de cada - nem sempre é diagnóstica!! Fluoroscopia - detecção das mudanças dinâmicas das vias aéreas (escolha) Broncoscopia - Usada para avaliar o diâmetro da traqueia e segmento bronquial – dá os graus Vet. Radiol. & Ultras., 2007 Diagnóstico Diferencial traqueobronquite infecciosa obstrução traqueal ou laringeal bronquite crônica pneumonia ICC Tratamento médico (emergencial) estresse agitação/ dispnéia/ cianose paralisia laringeal: intubação edema laringeal ou inflamação traqueia: corticóide casos brandos: - sedativos - antitussígenos - oxigenioterapia (O2 umidificado) Tratamento Sedativos: Butorfanol (Torbugesic): 0,2 – 0,4 mg/kg, IM Acepromazina: 0,01 – 0,02 mg/kg, IM Antitussígenos: Codeína: 0,1 – 0,3 mg/kg, VO, QUID Dropropizina ( Vibral, Tussiflex pediátrico) - cães pequenos: 1/4 a 1/2 copo-medida/ 6hs - cães grandes: 1 copo-medida /6hs Tratamento médico (crônico) emagrecer tratar doenças associadas doenças pulmonares infecciosas e inflamatórias, e ICC antitussígenos broncodilatadores - aminofilina: 10 mg/kg, VO, IM, IV, TID - teofilina: 9 mg/kg, PO, q 8h corticóides (VO ou inalável) antibióticos (evidência de infecção) O QUE EU JÁ FIZ Aminofilina + condroetina - Condroetina 15 mg Kg SC, 1 x semana, 8 semanas - Depois espassar: 1aplicação por semana, a cada 2 semanas, por 2 meses - Depois 1 aplicação por semana, a cada 3 semanas, por 2 meses. - Depois mais uns 2 meses por VO (total de 6 meses de manutenção) - Tentar achar a menor dose - Alguns vão precisar VO por longos períodos - No início se necessário antitussígeno (Vibral) Tratamento cirúrgico correção lesões obstrutivas o esforço inspiratório Indicações: Redução marcante da qualidade de vida devido a persistência: - dispnéia - cianose - crises de tosse grave - sincope (hipoxemia) cães < 6 anos melhor resposta Tratamento cirúrgico condrotomia do anel traqueal estabilização intraluminal (intra-torácica) e extraluminal (traquéia cervical): - Stents (intra-torácico): calcular tamanho stent, pode fazer pontos de ancoragem para segurar no local – coloca com endoscópio dentro da traquéia – se mantém aberto) - próteses de proprilenoglicol: Externa: - melhora dos sintomas em 75 – 85% - procedimento invasivo e difícil - Complicações: paralisia laringeal, necrose traqueal J.Vet. Intern. Med., 2004 ASMA FELINA Classificação Doença com padrão obstrutivo (expiratória): inflamação broncoespasmo produção excessiva de muco ( produção, clearance) Características - Histórico: siamês e descendentes gatos jovens (1 a 3 anos) Distrição respiratória intensa e aguda - respiração oral - cianose tosse ocasional (pelo excesso de muco) - Exame físico: pode ser normal sibilos na expiração Etiopatogenia inflamação hiperreatividade das vias aéreas posteriores a estímulos espasmo da musculatura lisa respiratória estreitamento das vias aéreas (causando dispneia intensa) produção de muco (e não consegue eliminar) dificuldade na progressão do ar expirado/inspirado acúmulo de secreções Etiopatogenia Potencialização do quadro: inalação de alérgenos : - fumaça de cigarro - “sprays” (desodorantes, perfumes, laques, odorizantes) - desinfetantes - pólen, ácaros - areia higiênica perfumada - dietas infecções respiratórias Diagnóstico Histórico/Sintomas: tosse crônica, episódios de distrição respiratória intensa Radiográfico: - padrão brônquico típico - padrões mistos em alguns casos - achatamento do diafragma (casos graves) - atelectasia do lobo médio direito (10%) Lavado traqueal: - citologia/cultura (inflamação neutrofílica ou eosinofílica) Hemograma: eosinofilia (25%) - diferenciar de parasitose Tratamento Bronco-espasmo agudo: Evitar o estresse Oxigênio Glicocorticoide: - Dexametasona: 2mg/Kg Broncodilatadores: - Aminofilina: 5mg/Kg, IV - Terbutalina: 0,01mg/Kg, IV, SC - Epinefrina: 0,01 a 0,02 mg/kg, SC (relaxa a musculatura lisa bronquial) Tratamento Sulfato de salbutamol: - 1 borrifada (10 – 12 movimentos respiratórios) Fluticasona: Fluxotide - 1 borrifada (10 – 12 movimentos respiratórios) - minimiza o uso de cortisona parenteral - menos efeitos colaterais Animal que tosse muito, diariamente Tratamento Manutenção: - Glicocorticóide: Fluticasona spray BID Prednisona: 1mg/Kg BID/ 2 semanas (se necessário) Acetato de metilprednisolona: 20mg/gato, SC cd 8 semanas - EVITAR - Broncodilatadores: Terbutalina: 1,25mg/gato, BID, VO Aminofilina: 5mg/Kg, TID, VO Teofilina: 25mg/Kg, SID, VO Tratamento Manutenção: Casos refratários: Pode ter infecção bacteriana 2-aria (Antibióticos: Doxiciclina: 5mg/Kg, BID, 3 semanas) Mudar o tipo de glicocorticóide Mudar o tipo de broncodilatador Dieta hipoalergênica