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Fígado - Hepatites 1 Fígado - Hepatites Hepatite: processo inflamatório do tecido hepático – hepatócito – de múltiplas causas, sendo na maioria das vezes de etiologia viral Inclui alterações inflamatórias que acometem DIFUSA E HETEROGENEAMENTE o fígado, podendo causar diversas manifestações clínicas ➯Manifestações clínicas: são múltiplas, mas costumam ser inespecíficas: Astenia Fadiga Icterícia Colestase Hepatoesplenomegalia Febre (eventualmente) ➯ Diagnóstico: geralmente uma das suspeitas é clínica, então se a clínica é sugestiva, e que se pode confirmar com exame de imagem (vendo alterações no tecido hepático) e laboratorial, através das enzimas e na identificação do vírus Embora, eventualmente, por rotina – exames sorológicos, através das enzimas hepáticas ou pelo pedido pontual para uma etiologia viral – podem ser solicitados sem que haja uma manifestação clínica, visto que as vezes pode ser assintomática Dependendo da extensão do quadro, especialmente da sorologia se ela for de etiologia viral, de caráter crônico e se há alteração enzimática importante, talvez seja necessário fazer uma biópsia hepática (via transcutânea) e do ponto de vista histológico o tecido hepático vai ser avaliado, especialmente para se ver a extensão celular dessa hepatite ➯ Etiologias: Agudas: VIRAIS (principal causa) ESTEATOHEPATITES: são aquelas que cursam com esteatose hepática Neonatal Reacional Inespecífica (processo não necessariamente no fígado, mas acaba o afetando) Drogas e fármacos Autoimune Crônicas: caso as causas agudas permanecem em um processo inflamatório por um tempo, podem cronificar, então as etiologias das hepatites agudas podem se transformar em hepatites crônicas ao longo do tempo Hepatite Viral Fígado - Hepatites 2 ➯ Hepatite A: Picornavírus, RNA Possui uma forma de contaminação fecal- oral; NÃO CRONIFICA; Tende a ter um curso benigno; Geralmente se manifesta em surtos; Baixa letalidade (0,1%); ➯Hepatite B: Hepatovirus, única constituída por DNA das listadas Tem POTENCIAL DE CRONIFICAÇÃO Teoricamente é mais grave, pois os desfechos dela costumam ser mais agressivos; É uma doença que pode agudizar, inclusive tendo um risco bem mais alto de letalidade (grau de letalidade de 1% na agudização); Pode ser que o indivíduo seja um portador sadio, ou seja, para o indivíduo pode ser que essa hepatite não tenha aplicação mórbida, mas ele vai ser um transmissor, por ser portador dessa hepatite; Em torno de 20% dos casos, essa hepatite vai acabar se cronificando → risco de cirrose ou um carcinoma hepatocelular Pode ser transmitida por punção, transmissão sexual, contato com derivados hemáticos (transfusões por exemplo); ➯Hepatite C: Flavivirus, RNA; Tem POTENCIAL DE CRONIFICAR (na metade dos casos isso acontece – 50%); Ela também é GRAVE, sendo perigosa; Pode ser transmitida por punção e principalmente derivados hemáticos (transfusões); Ainda aqui tem a transmissão da mãe para o bebê, durante gravidez, parto ou amamentação ➯ Hepatite D: Vírus de RNA; Tem POTENCIAL DE CRONIFICAÇÃO; Transmitida por punção; Necessariamente precisa que haja uma contaminação concomitante com a hepatite B, ou seja, se o individuo não é portador da hepatite B, a hepatite D não consegue se desenvolver no indivíduo; ➯ Hepatite E: Vírus de RNA Possui uma forma de contaminação fecal-oral; NÃO CRONIFICA; Mais branda tal qual a hepatite A; Acaba tendo uma importância muito relevante em pacientes grávidas, pois elas podem levar a um quadro de hepatite fulminante, especialmente nas gestantes; Na população em geral tende a ser autolimitada (como a Hepatite A); Hepatite A Hepatite B Hepatite C Hepatite D Hepatite E Picornavírus, RNA Única constituída por DNA Flavivirus, RNA Vírus de RNA Vírus de RNA Contaminação fecal-oral; Transmissão por unção, transmissão sexual, contato com derivados hemáticos Transmitida por punção e principalmente derivados hemáticos (transfusões) Transmitida por punção Contaminação fecal-oral Fígado - Hepatites 3 Hepatite A Hepatite B Hepatite C Hepatite D Hepatite E NÃO CRONIFICA; POTENCIAL DE CRONIFICAÇÃO (20% dos casos) POTENCIAL DE CRONIFICAR (50% dos casos) POTENCIAL DE CRONIFICAÇÃO NÃO CRONIFICA Curso benigno; Desfechos mais agressivos Mais grave e perigosa Maia branda, como a Tipo A Manifesta-se em surtos Pode agudizar Necessariamente precisa que haja uma contaminação concomitante com a hepatite B Relevantes em pacientes grávidas, pois pode levar a uma hepatite fulminante Baixa letalidade (0,1%) Risco maior de letalidade (1%) Grande número de plasmócito (marcador) Linfócitos e macrófagos; linfócitos T e B nos espaços porta Infiltrado mononuclear (linfócitos e plasmóticos); Reação das células sinusoidais e de Kupffer; “aspecto macrovesicular focal” Sem achados específicos; granulação eosinofílica no citoplasma Estruturas pseudo-glandulares; leucócitos mono e polimorfonucleares nos espaços porta e intralobulares; pigmento de lipofuscina nas células de Kupffer Aspecto de vidro despolido Morfologia (especialmente hepatite aguda) Infiltrado inflamatório portal mononuclear (linfoplasmocitário) → espaço porta, principalmente, ao redor das arteríolas e vênulas Esse infiltrado é praticamente composto de linfócitos e plasmócitos; Algum grau de apoptose, e que vai ser cisto como corpúsculos acidofílicos (ou CORPÚSCULO DE COUNCILMAN) Por lesão inflamatória algumas células entram em APOPTOSE; Necrose focal; “Balonização” hepatocitária → hepatócitos ficam inflados, especialmente as custas de conteúdo líquido Hiperplasia dos macrófagos teciduais como respotas inflamatória → hiperplasia das células de Kuppfer Colestase (especialmente na hepatite neonatal) Diagrama representando um infiltrado inflamatório linfoplasmocitário no espaço porta, necrose periportal (focal), balonização, esteatose (eventualmente), apoptose (Corpúsculo de Councilaman) e os agregados de macrófagos ou a hiperplasia das células de Kuppfer Fígado - Hepatites 4 ➯ Evolução das hepatites agudas 1. Indivíduo se infectar e do ponto de vista imune, seu organismo determinará a CURA (maior parte dos casos vai acontecer isso); 2. Individuo vai ter o quadro de hepatite, ela vai CRONIFICAR (B e C) e o individuo embora não tendo manifestação ou sendo ASSINTOMÁTICO, mas é um TRANSMISSOR 3. Indivíduo vai evoluir para um caso de hepatite fulminante (1% das hepatites, especialmente a B e a C), o individuo vai ter uma necrose do fígado com alto risco de morte 4. Indivíduo cronifica, especilamente tipo B e C, e isso tem o riso de ter implicações mais graves, (como cirrose, carcinoma hepatocelular) ao longo da vida B = 10-15% e C = 50% chances de cronificar (ou seja, a C é mais cronificadora) Esteato-Hepatites ÚNICA HEPATITE COM PREDOMÍNIO DE NEUTRÓFILOS → importante para biópsias Alcoólica: é a causa mais comum, com seu consumo não moderado ➯ Histologia: Infiltrado inflamatório, especialmente de polimorfonucleares, ou seja, de NEUTRÓFILOS Áreas pálidas que entraram em colapso, necrose hepática por uma hepatite viral, talvez fulminante Setas verdes: apoptose (corpúsculo de Councilaman). Setas amarelas: células inflamatórias mononucleares, os linfócitos Fígado - Hepatites 5 Não alcoólica: Obesidade Diabetes Corticoterapia de longa data Nutrição parenteral Ressecções intestinais Tem relação com o metabolismo dos triglicerídeos no fígado Achado neutrocitário no espaço porta uma indicação importante de esteatohepatite Algum grau de necrose Eventualmente granulação no citoplasma dos hepatócitos, com característica mais eosinofílica, mais granulada dentro do citoplasma dos hepatócitos → CORPÚSCULOS DE MALLORY (que são citoqueratinas no citoplasma) Usualmente são mais comuns nas hepatites ALCOÓLICAS Não são diagnostico patognomônico, mas geralmente é presente SATELIOSE = infiltrado neutrocítico na periferia de hepatócitos + corpúsculos de Mallory → típica de hepatite alcoólica Hepatite Neonatal→ Ocorre exclusivamente no período neonatal ➯ Causas: Boa parte delas idiopáticas; Viroses, especialmente os vírus hepatotropos (B e C), citomegalovírus, rubéola, etc É também chamada de HEPATITE DE CÉLULAS GIGANTES, pois na hepatite neonatal geralmente alguns hepatócitos podem reagir formando células gigantes hepatocitária, ou seja, tem um volume considerável e no seu interior temos vários núcleos ➯ Histologia: Achado mais proeminente: células gigantes hepatocitárias; Inflamação portal (eosinófilos) Pode haver algum grau de colestase importante Fígado - Hepatites 6 Fígado macroscopicamente pode ter uma coloração ESVERDEADA Eventualmente, se a infecção for por citomegalovírus, podemos achar umas figuras atípicas como inclusões nucleares Vemos um hepatócito, com um núcleo que parece um duplo anel, um pouco mais hipocorado ao redor do núcleo → OLHOS DE CORUJA Hepatite reacional inespecífica Reação (inflamatória) hepática inespecífica a um processo inflamatório abdominal, sendo que tem um potencial para causar uma inflamação no fígado também O fígado vai responder simultaneamente, seja pela presença de indutores inflamatórios onde o fígado vai ter sua resposta. ➯ Causas: Peritonites Colecistites Diverticulites Colites Abscessos Apendicites Outros (“ites”) ➯ Histologia Hiperplasia das células de Kupffer (que não é uma característica única); Esteatose; Necrose focal; Infiltrado inflamatório misto no espaço porta (linfócitos, plasmócitos e macrófagos). ➯Diagnóstico diferencial: Ausência de resposta sorológica viral (tendo que ser negativa) Falta de exposição a fármacos ou de outras causas que poderiam expressar no conjunto das esteatohepatites Um processo inflamatório identificável no nível abdominal Hepatite induzida por drogas Ação direta: hepatite medicamentosa Células hepatocitárias, com múltiplos núcleos Devido à colestase, na microscopia podemos ver a presença da bile dentro dos ductos biliares, como esses grânulos de coloração acastanhada Fígado - Hepatites 7 Existem drogas que tem o metabolismo hepático mais vigoroso, que mais frequentemente se relacionam às hepatites, especialmente com dose resposta, drogas como: Acetaminofen Alfa – metildopa Tetraciclina Especialmente com doses maiores elas podem induzir a um quadro de hepatite medicamentosa, assim como qualquer droga desde que tenha uma reação idiossincrásica (sensibilidade individual sobre aquela determinada droga) Ocorre geralmente em exposições crônicas às drogas, que tem que ser incluído no diagnóstico Hepatites Autoimunes Acompanham doenças autoimunes, e via de regra vai haver manifestações sistêmicas: artrites e arterites (inespecíficas) Mais comum em mulheres Inflamação crônica + fibrose progressiva + hipergamaglobulinemia + autoanticorpos circulantes ➯ Histologia: agregados de plasmócitos exuberante, alta regeneração hepática, com pseudoácinos ou rosetas Intensa inflamação portal, com lesão da placa limitante, atividade necroinflamatória lobular, áreas de necrose confluente, infiltrado de plasmócitos, formação de septos fibrosos ➯ Diagnóstico: a exclusão de outras hepatites é feito através da elevação de IgG e anticorpos antinucleares, pois com isso podemos pensar na possibilidade dessa hepatite ser autoimune Hepatites Crônicas Todas as formas desde que se prolonguem ao longo do tempo, podem se configurar como hepatites crônicas ≥ 6 meses Medidas de cronificação: Alterações enzimáticas Eventualmente uma causa viral é feito uma sorologia viral mantida ➯ Categorias (critérios histológicos): 1. Persistente: Infiltrado linfocitário restrito aos espaço-porta Evolução benigna (não está progressivamente causando grandes danos) 2. Ativa: Essa lesão está se estendendo do espaço porta NECROSE EM “SACA-BOCADO” → ela invade as áreas adjacentes ao espaço porta de uma forma NÃO uniforme, e em inglês chamamos esse termo de Piecemeal necrosis Tem-se forma ativa uma progressão da destruição dos hepatócitos Pode evoluir para uma cirrose → Biópsia é necessária para ao longo do tempo saber se a hepatite é persistente ou ativa Fígado - Hepatites 8 ➯ Histologia: Infiltrado mononuclear no espaço porta (normalmente mononuclear) infiltrado portal mais exuberante, formando folículos linfoides (hepatite C) no parênquima: linfócitos isolados ou em cordões perissinusoidais Necrose periportal Fibrose periportal Hepatite B → células em vidro despolido/fosco → indica cronificação da hep. B Apoptose Hiperplasia de células de Kupffer Degeneração gordurosa/esteatose (especialmente hep. C) Fibrose em ponte → vai do espaço porta até a veia central = redefinição da arquitetura hepática (debilita suprimento vascular = + morte de hepatócitos) → feedback positivo (+ lesão → + lesão) Neolobulação por fibrose → alterações/inversão da arquitetura vascular hepática → progressão para cirrose Coloração para destacar colágeno → coloração de Picrossirius (fibrose bem visível) Fígado - Hepatites 9 Critérios de Cronificação METAVIR → dentre as escalas é a de mais fácil aplicação e ela é muito objetiva, com resultados excelentes comparado as demais Ela avalia duas coisas: 1. Grau de fibrose (F) 2. Grau de necrose e inflamação (necroinflamação) (A) Na escala METAVIR, temos uma pontuação: 0 a 3 para necro-inflamação 0 a 4 para fibrose Totalizando até 7 pontos Fígado - Hepatites 10 É comum se fazer biopsias ao longo do tempo, se estimar a necro- inflamação e ir acompanhando se ela diminui ou aumenta
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