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Apostila de Parasitologia Humana Parte II Helmintos Profa. Heloisa Werneck de Macedo Capítulo 8 – Filárias 1 FILÁRIAS Apenas 3 espécies de filaria tem importância médica nas Américas: Wuchereria bancrofti, agente que causa a filáriase linfática, Onchocerca volvulus, que se localiza no tecido subcutâneo e a Mansonella ozzardi, que mesmo não sendo patogênica é importante o seu conhecimento, porque suas larvas (microfilárias), circulam no sangue, como as da Wuchereria bancrofti . FILARÍASE LINFÁTICA INTRODUÇÃO Machos e fêmeas podem ser encontrados nos vasos e gânglios linfáticos. São muito longos e delgados, revestidos de cutícula lisa. A fêmea mede de 8 a 10 cm enquanto que o macho mede apenas cerca de 4 cm, possuindo a extremidade posterior fortemente enrolada ventralmente. Acredita-se que possam viver até 17 anos. A fêmea faz a postura de ovos contendo dentro o embrião de forma alongada, conhecido como "micro filaria embainhada". Medem cerca de 250-300 µ. Na região caudal apresentam vários núcleos (células germinativas) dispostos em fila simples que não atingem a extremidade posterior. Apostila de Parasitologia Humana Parte II Helmintos Profa. Heloisa Werneck de Macedo Capítulo 8 – Filárias 2 CICLO EVOLUTIVO As larvas paridas no interior dos vasos e troncos linfáticos, acumulam-se na rede vascular sanguínea dos pulmões, não aparecendo durante o dia na circulação periférica. Ao anoitecer dirigem-se para o sangue periférico e um maior número das mesmas é encontrado nas primeiras horas da madrugada, decrescendo à partir daí (periodicidade). Essa micro filárias são ingeridas pelo mosquito Culex quinquefasciatus, mosquito doméstico conhecido como pernilongo, muriçoca ou carapanã, ao exercer o hematofagismo em pessoa parasitada. Vão ao estômago do inseto, perdem a bainha, caem na cavidade geral e migram para o tórax. Encistam-se nos músculos e sofrem várias mudas, passando por larvas rabditóides e evoluindo para filarióides infectantes, que se acumulam na trompa (lábio) do mosquito. Quando o mesmo pica o homem, penetram ativamente na pele e chegam aos vasos linfáticos. Tornam-se adultos e 1 ano depois começam a aparecer microfilárias no sangue. Apostila de Parasitologia Humana Parte II Helmintos Profa. Heloisa Werneck de Macedo Capítulo 8 – Filárias 3 Apostila de Parasitologia Humana Parte II Helmintos Profa. Heloisa Werneck de Macedo Capítulo 8 – Filárias 4 PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA As perturbações do sistema linfático são causadas pelos vermes adultos e adolescentes. Pode ser assintomática. Quando sintomática, as alterações têm um decurso longo e podem variar desde uma pequena estase linfática até à elefantíase bancroftiana. As lesões ocorrem devido a fatores mecânicos e irritativos. A elefantíase ocorre em casos crônicos (8 a 10 anos de parasitismo) devido às ações mecânicas e irritativas, levando à contínua perturbação do fluxo linfático. Mais freqüentemente localiza- se em uma ou em ambas as pernas ou nos órgãos genitais externos. Mais raramente pode ocorrer nos braços ou nas mamas. A pele aumenta de espessura, perde a Apostila de Parasitologia Humana Parte II Helmintos Profa. Heloisa Werneck de Macedo Capítulo 8 – Filárias 5 elasticidade, fica ressecada e hiperqueratósica, muito sujeita a rachaduras e infecções bacterianas. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Pesquisa e quantificação de microfilárias: pesquisa das microfilárias no sangue periférico, após concentração por centrifugação (método de Knott) ou por filtração em membrana de policarbonato). Faz-se então a gota espessa ou esfregaço delgado e cora- se pelo Giemsa. O sangue deve ser colhido entre 22 e 04 horas da madrugada. Para colher o sangue de dia faz-se a indução da microfilaremia diurna pela administração de dietilcarbamazina por via oral em baixa dose, colhendo-se o sangue 45 minutos após. Esse procedimento é usado principalmente em estágios iniciais da doença. Biópsia de linfonodo Ultra-sonografia; Linfocintilografia Testes imunológicos: ELISA e Imunofluorescência indireta PCR TRATAMENTO Dietilcarbamazina (Hetrazan), que tem ação sobre o verme adulto Ivermectin: larvicida Albendazol Apostila de Parasitologia Humana Parte II Helmintos Profa. Heloisa Werneck de Macedo Capítulo 8 – Filárias 6 ONCOCERCOSE INTRODUÇÃO A Onchocerca volvulus é um filarídeo originário da África . O primeiro caso descrito no Brasil foi em 1967, em Roraima. Atinge cerca de 85 milhões de pessoas no mundo, desses, 300 mil cegos, sendo considerada uma das mais graves endemias pela OMS. Os casais de adultos são encontrados formando nódulos fibrosos no tecido subcutâneo e as microfilárias podem invadir o globo ocular. A fêmea mede cerca de 40 cm e é muito maior que o macho (4 cm). Vivem em torno de 10 anos. As microfilárias não possuem bainha e vivem cerca de 2 anos. CICLO EVOLUTIVO Muito semelhante à da Wuchereria bancrofti, porém o mosquito hospedeiro intermediário pertence ao gênero Simulium . Após penetração das larvas pela pele, evoluem para a forma adulta e são encontrados no tecido celular subcutâneo, formando novelos bastante emaranhados. As fêmeas eliminam larvas muito ativas (microfilárias) que se dispersam, sendo capazes de fazer longas migrações. Tem sido encontradas no globo ocular, gânglios linfáticos, baço, mesentério, rins e em sedimento urinário. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Os helmintos são envolvidos por cápsula fibrosa formando os oncocercomas, que são tumores benignos, mas centros produtores de microfilárias. Pode ocorrer também dermatite oncocercosa, devido à presença das microfilárias nas camadas da pele, predominantemente nas porções mais superficiais do derma. As alterações linfáticas como adenite dos gânglios regionais são devidas à presença das microfilárias nos linfonodos. A eosinofilia sanguínea pode chegar à 20-75%. As lesões oculares pela presença das microfilárias no olho podem evoluir para cegueira total. Apostila de Parasitologia Humana Parte II Helmintos Profa. Heloisa Werneck de Macedo Capítulo 8 – Filárias 7 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Punção dos nódulos suspeitos e demonstração das microfilárias no líquido aspirado. Biópsia ou escarificação da pele nas proximidades dos nódulos. Exame oftalmoscópico TRATAMENTO Cirúrgico Suramina; Dietilcarbamazina; Ivermectina, Albendazol
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