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Espécies que habitam o homem Wuchereria bancrofti Onchocerca volvulus Mansonella ozzardi Dirofilaria immitis (homem hospedeiro acidental) Morfologia Verme adulto macho: Corpo delgado e branco-leitoso. Mede de 3,5 a 4cm de comprimento e 0,1 mm de diâmetro. Extremidade anterior afilada e posterior enrolada ventralmente. Verme adulto fêmea: Corpo delgado c branco-leitoso. Mede de 7 a 10 cm de comprimento e 0,3mm de diâmetro. Possui órgãos genitais duplos, com exceção da vagina, que é única e se exterioriza em uma vulva localizada próximo à extremidade anterior. Microfilária/ embrião: A fêmea grávida faz a postura de microfilárias, que possuem uma membrana extremamente delicada e que funciona como uma “bainha flexível’’. A microfilária mede de 250 a 300|im de comprimento e se movimenta ativamente na corrente sangüínea do hospedeiro. A bainha cuticular lisa é apoiada sobre numerosas células subcuticulares (que irão formar a hipoderme e a musculatura do helminto adulto) e células somáticas (que irão formar o tubo digestivo e órgãos). A presença da bainha é importante, pois alguns filarídeos encontrados no sangue não possuem tal estrutura, sendo este um dos critérios morfológicos para o diagnóstico diferencial Larvas: São encontradas no inseto vetor. A larva de primeiro estádio L1 mede em tomo de 30um de comprimento e é originária da transformação da microfilária. Essa larva se diferencia em larva de segundo estádio (L2), duas a três vezes maior, e sofre nova muda originando a larva infectante (L3), que tem entre 1,5 e 2,0|im de comprimento Hábitat Vermes adultos machos e fêmeas permanecem juntos nos vasos e gânglios linfáticos humanos, vivendo, em média, quatro a oito anos. As regiões do corpo humano que normalmente abrigam as formas adultas são: pélvica (atingindo pernas e escroto), mamas e braços (mais raramente). São frequentemente localizados nos vasos linfáticos do cordão espermático, causando aumento e dano escrotal. As microfilárias eliminadas pela fêmea grávida saem dos duetos linfáticos e ganham a circulação sangüínea do hospedeiro Periodicidade Periodicidade noturna de suas microfilárias no sangue periférico do hospedeiro humano; durante o dia, essas formas se localizam nos capilares profundos, principalmente nos pulmões, e, durante a noite, aparecem no sangue periférico, apresentando o pico da microfiiaremia em tomo da meia-noite, decrescendo novamente no final da madrugada Ciclo biológico É do tipo heteroxênico. A fêmea do Culex quinquefasciatus, ao exercer o hematofagismo em pessoas parasitadas, ingere microfilárias que no estômago do mosquito, após poucas horas, perdem a bainha, atravessam a parede do estômago do inseto, caem na cavidade geral e migram para o tórax, onde se alojam nos músculos torácicos e transformam-se em uma larva, a larva salsichóide ou L1 Seis a dez dias após o repasto infectante, ocorre a primeira muda originando a L2, esta cresce muito e10-15 dias depois, sofre a segunda muda transformando-se em larva infectante (L3), medindo aproximadamente 2mm, que migra pelo inseto até alcançar a probóscida (aparelho picador), concentrando-se no lábio do mosquito. O ciclo no hospedeiro invertebrado é de 15 a 20 dias em temperatura de 20-25°C mas, em temperaturas mais elevadas, pode ocorrer em menor período. Em condições de laboratório, este ciclo ocorre em 12-15 dias. Quando o inseto vetor vai fazer novo repasto sangüíneo, as larvas L3 escapam do lábio, penetram pela solução de continuidade da pele do hospedeiro (não são inoculadas pelos mosquitos), migram para os A) W. bancrofti, completa, mostrando a bainha: B) detalhe da cauda da microfilária de W. bancrofti mostrando núcleos irregulares, não atingindo a extremidade, e com bainha C) M. ozzardi, núcleos regularmente dispostos, não atingindo a extremidade caudal, que è fina (encontrada no sangue) D) 0. volvulus, núcleos irregulares, não atingindo a extremidade caudal, que é dobrada em gancho (encontrada em retalho cutâneo) vasos linfáticos, tomam-se vermes adultos e, sete a oito meses depois, as fêmeas grávidas produzem as primeiras microfilárias (período pré-patente longo) Transmissão Unicamente pela picada do inseto vetor (fêmea de C. quinquefasciatus) e deposição das larvas infectantes na pele lesada das pessoas. Parece que o estímulo que provoca a saída das larvas da probóscida do mosquito é o calor emanado do corpo humano. A pele, estando úmida (suor e alta umidade do ar), permite a progressão e penetração das larvas. E importante salientar-que a vida mé dia de um mosquito do gênero Culex é de aproximadamente um mês e o ciclo biológico do parasito no interior deste vetor (de microfílária ingerida até larva L;) ocorre em tomo de 20 dias. Assim, é curto o período de tempo no qual o vetor pode estar transmitindo o parasito ao ser humano Manifestações clinicas As quatro principais formas clínicas da filariose linfática são: Assintomática ou doença subclínica Indivíduos assintomáticos são aqueles com microfilárias no sangue e sem sintomatologia aparente. Mas, com o uso da linfocintigrafia e ultra-sonografia, tem-se verificado que esses assintomáticos, na realidade, apresentam doença subclínica com danos nos vasos linfáticos (dilatação e proliferação do endotélio) ou no sistema renal (hematúria microscópica), merecendo atenção médica precoce. Manifestações agudas As manifestações agudas são principalmente: linfangite retrógrada localizada principalmente nos membros e adenite, associadas a febre e mal-estar. As linfangites agudas têm curta duração e evoluem no sentido da raiz do membro para a extremidade. As adenites aparecem principalmente nas regiões inguinal, axilar e epitrocleana Manifestações crônicas As manifestações crônicas são: linfedema, hidrocele, quilúria e elefantíase, e iniciam-se, em geral, alguns anos após o início dos ataques agudos em moradores de áreas endêmicas. A hidrocele é a mais comum destas manifestações crônicas e freqüentemente desenvolve na ausência de reações inflamatórias prévias. Pacientes com hidrocele podem apresentar microfilárias no sangue periférico. A elefantíase geralmente se localiza nos membros inferiores e na região escrotal, e está associada a episódios inflamatórios recorrentes. A incidência e gravidade das manifestações aumentam com a idade e lesões crônicas podem tomarse irreversíveis. Alguns pacientes também podem apresentar comprometimento renal (quilúria). Eosinofilia pulmonar tropical (ept). A eosinofilia pulmonar tropical (EPT) é uma síndrome caracterizada por sintomas de asma brônquica, sendo uma manifestação relativamente rara. Patogenia Ação mecânica. A presença de vermes adultos dentro de um vaso linfàtico pode provocar os seguintes distúrbios: estase linfática com linfangiectasia (dilatação dos vasos linfáticos) Derramamento linfàtico ou linforragia. Esse derramamento, ocorrendo nos tecidos, provocará o edema linfàtico (por exemplo, nas pemas). Ocorrendo na cavidade abdominal, teremos a ascite linfática e na túnica escrotal, a linfocele. Pode também ocorrer derramamento de linfa nas vias urinárias (linfúria/quilúria) Ação irritativa. A presença dos vermes adultos dentro dos vasos linfáticos, bem como dos produtos oriundos do seu metabolismo ou de sua desintegração após a morte, provoca fenômenos inflamatórios. Como consequência, teremos a linfangite retrógrada (inflamação dos vasos) e adenite (inflamação e hipertrofia dos gânglios linfáticos). Frequentemente aparecem fenômenos alérgicos, como urtieárias e edemas extrafocais Ação imunológica Fenômenos imunológicos, especialmente os alérgicos, induzem à patogenia. Exemplo típico é o quadro conhecido como eosinofilia pulmonar tropical (EPT), no qual o paciente apresenta hiper-resposta imunológicaa antígenos filariais, com aumento de IgE e hipereosinofilia, levando ao aparecimento de abscessos eosinofílicos com microfilárias e posterior aparecimento de fibrose intersticial crônica nos pulmões, comprometendo a função do órgão. A síndrome denominada elefantíase pode aparecer em alguns casos crônicos com até mais de dez anos de parasitismo. Diagnostico Clinico É difícil devido à semelhança das alterações provocadas pela W. bancrofti com aquelas produzidas por outros agentes etiológicos com efeitos parecidos. Numa área endêmica, a história clínica de febre recorrente associada adenolinfangite pode ser indicativo de infecção filarial. Paciente com alteração pulmonar, eosinofilia sangüínea e altos níveis de IgE total no soro leva à suspeita de EPT. Laboratorial Pesquisa de Microfilárias (mf) que é feita por diferentes métodos parasitológicos. Entre as técnicas disponíveis, a mais utilizada é a gota espessa preparada com 20 a lOOuL de sangue colhido por punção capilar digital, entre as 22-24 horas. Após 12-15 horas do preparo das lâ minas com sangue, faz-se a desemoglobinização, cora-se pelo Giemsa (Capítulo 55) e examina-se ao microscópio para verificar a presença de microfilárias (Figs. 35.7A e B). A gota espessa tem boa sensibilidade quando a parasitemia se encontra acima de 10 microfilárias/ml de sangue. Para aumentar a sensibilidade desta técnica recomenda-se preparar mais de uma lâmina de um mesmo paciente, obedecendo ao horário noturno para a colheita de sangue para evitar resultados falso-negativos (observar na Fig. 35.4 que, em sangue colhido às 15 horas, 71% dos exames são falso-negativos). A gota espessa é utilizada em inquéritos epidemiológicos por ser prática, rápida e econômica para obtenção de amostras de sangue colhidas a noite. Também se utilizam técni cas de concentração, como a filtração de sangue em membrana de policarbonato com 3 ou 5mm de porosidade, na qual amostras com até lOml podem ser analisadas. E uma técnica bastante sensível e normalmente utilizada para diagnósticos de casos individuais ou no controle pós-tratamento, pois é capaz de detectar baixas parasitemias. Outra técnica de concentração, alternativa na falta de membrana, é a descrita por Knott (1939). Consiste em diluir 5 ml de sangue na proporção de 1:10 com formol a 2% e centrifugar. As microfilárias estarão no sedimento, que será analisado após preparo de gotas espessas e coloração com Giemsa. Esta técnica tem menor sensibilidade que a filtração em membrana de policarbonato, pois as microfilárias ficam misturadas a um sedimento viscoso que dificulta a análise. Microfilárias podem estar ausentes no sangue, mas presentes na urina (quilúria e hematúria) ou líquidos da hidrocele. Nestes casos, o material obtido deve ser analisado usando técnicas de concentração.
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