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livro Direitos Humanos e Cidadania (4)

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Prévia do material em texto

DIREITOS	HUMANOS	E
CIDADANIA
2016
Prof.a Vera Lúcia Hoffmann Pieritz Prof.a Joelma Crista Sandri Bonetti Prof.a Neusa Mendonça Franzmann
Copyright © UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz Prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.
323
P615d
Pieritz; Vera Lúcia Hoffmann
Direitos humanos e cidadania / Vera Lúcia Hoffmann Peiritz; Joelma Crista Sandri Bonetti; Neusa Mendonça Franzmann: UNIASSELVI, 2016.
213 p. : il.
ISBN 978-85-515-0042-2
1.Direitos Humanos.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, tudo bem com você? Esperamos que sim.
Antes de iniciarmos os estudos da disciplina Direitos Humanos e Cidadania, primeiramente apresentamos um breve currículo das professoras autoras deste Caderno de Estudos.
A prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz é mestre em Desenvolvimento Regional, especialista em Educação a Distância: Gestão e Tutoria; MBA Profissional em Gestão Administrativa e Marketing; Direito Empresarial e Direito Médico e Hospitalar . Tem graduação em Serviço Social e em Direito. Com experiência profissional em coordenação do Curso de Serviço Social e de estágios curriculares obrigatórios, além de docência no Ensino Superior e orientadora de Trabalho de Conclusão de Curso. Assistente Social do Artigo 170/UNIASSELVI. Conselheira Municipal dos Direitos do Idoso e dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes de Indaial/SC, integrante do Núcleo de Educação Permanente do SUAS/SC. Advogada e Consultora Empresarial na área de gestão. Tem experiência na área de Serviço Social, estágio, consultoria e assessoria técnica de gestão, atuando principalmente nos seguintes temas: direito médico e hospitalar, economia solidária, redes, políticas públicas, gestão, autogestão, planejamento estratégico, organização empresarial, direito e serviço social.
A prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti é especialista em Gestão Pública, pelo Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC (2012), Gestão e Tutoria e Educação Especial Inclusiva (2012) pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci
– UNIASSELVI. É graduada em Serviço Social pela Fundação Universidade Regional de Blumenau – FURB (2005). Atua como assistente social na Prefeitura Municipal de Benedito Novo-SC. Tem experiência desde 2005 como assistente social da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE de Indaial, na qual responde atualmente pela assessoria e consultoria de projetos sociais. Desde agosto de 2011 possui a função de docente do Curso de Graduação em Serviço Social no Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI.
A Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann tem pós-graduação na área de Gestão e Tutoria pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, e especialização em Políticas Públicas também pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI. É graduada em Serviço Social pela Fundação Universidade Regional de Blumenau – FURB (1994). Tem experiência junto às políticas públicas municipais de Blumenau, por oito anos, sendo na gestão por quatro anos. Desde 2013 possui função de docente do Curso de Graduação em Serviço Social no Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI.
3
Iniciaremos os estudos da disciplina Direitos Humanos e Cidadania, na qual trabalharemos primeiramente as questões relativas aos direitos humanos, buscando discutir o estudo e desenvolvimento da construção dos direitos do homem, além de perpassar por seus aspectos históricos e conceituais.
Após esta primeira etapa, traçaremos concepções relativas à compreensão da Constituição Federativa do Brasil de 1988, para assim desvelar seus fundamentos e princípios, além de compreender quais são as instituições de direito no Brasil, os direitos e garantias fundamentais da cidadania, além dos direitos individuais e coletivos e dos direitos fundamentais e sociais.
Por fim, estudaremos as formas de estruturação da cidadania, a organização do Estado, dos poderes e da ordem social, a cidadania na sociedade capitalista, o neoliberalismo e a cidadania e o pluralismo, tolerância e cidadania, para assim realizar o reconhecimento da cidadania como processo de participação na sociedade.
Na primeira unidade discutiremos questões em torno da construção ética nos direitos humanos, trabalhando aspectos relativos às novas reivindicações de direitos. Abordaremos uma breve história dos direitos humanos, perpassando pela Carta Magna de 1215, a declaração universal dos direitos humanos de 1948, a legalidade e a realidade, como também a questão dos direitos humanos universais, desvelando o surgimento do Estado na visão de Hobbes, Locke e Rousseau e as novas reivindicações de direitos.
Nesta unidade também trabalharemos a concepção de direitos humanos, estudando um pouco do contexto histórico dos direitos humanos, perpassando pelas evoluções e o conceito de direitos humanos, como também os direitos humanos e a interpretação da moral x ética e, por fim, estudaremos o contraponto entre trabalho x direito e como se dá a compreensão da mudança de concepção com a transição do feudalismo para o capitalismo.
E para finalizar esta unidade, veremos sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em que estudaremos a legislação e seu entendimento sobre os poderes do Estado; o surgimento da declaração dos direitos humanos; a história dos direitos humanos no Brasil e no mundo e as grandes conquistas.
Na segunda unidade buscaremos desvelar os princípios fundamentais da Constituição de 1988, discutindo os fundamentos da Constituição, tais como a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político. Estudaremos também os objetivos fundamentais da Carta Magna brasileira. Salientando que trabalharemos também os direitos e deveres individuais e coletivos que estão estampados no art. 5° da CF/88, como também os direitos sociais.
Na terceira e última unidade você estudará a questão do reconhecimento da cidadania como processo de participação na sociedade, em que se buscará compreender a cidadania, a participação e a garantia de direitos.
4
Nesta unidade estudaremos também o processo participativo como estratégia do exercício da cidadania e os conselhos de direito, como também os obstáculos enfrentados pelos direitos humanos na contemporaneidade, buscando desvelar as situações de vulnerabilidade social, pobreza e extrema pobreza, compreendendo assim a pobreza cultural, além de poder reconhecer também as características da pobreza social e política no território brasileiro.
Pronto para começar a compreender o significado dos direitos humanos e cidadania? Então vamos à luta, e bons estudos!
Desejamos muito sucesso em sua vida profissional! Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Prof.ª Joelma Crista Sandri Bonetti Prof.ª Neusa Mendonça Franzmann
5
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enflm, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.
Bons estudos!
UNI
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
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8
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS ................................... 1
TÓPICO 1 – AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS ...................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 UMA BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS ........................................................... 3
2.1 A CARTA MAGNA (1215) ............................................................................................................. 5
2.2 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948) ................................... 8
2.3 A LEGALIDADE E A REALIDADE ............................................................................................. 9
3 DIREITOS HUMANOS UNIVERSAIS ........................................................................................... 12
3.1 O SURGIMENTO DO ESTADO NA VISÃO DE HOBBES, LOCKE E ROUSSEAU ............. 13 3.2 AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS ......................................................................... 16 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 19 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 21
TÓPICO 2 – A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS ........................................................... 23 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 23
2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS .......................................................... 25
2.1 EVOLUÇÕES E O CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS .................................................... 27
2.2 DIREITOS HUMANOS E A INTERPRETAÇÃO DA MORAL X ÉTICA ............................... 29 2.3 O CONTRAPONTO ENTRE O TRABALHO X DIREITO ........................................................ 31
2.3.1 Compreendendo a mudança de concepção com a transição do feudalismo
para o capitalismo .................................................................................................................. 32
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 35
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 41
TÓPICO 3 – REFLETINDO SOBRE A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS .............................................................................................................................................. 43
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 43
A LEGISLAÇÃO E SEU ENTENDIMENTO SOBRE OS PODERES DO ESTADO ............... 43
O SURGIMENTO DA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ................................... 44 3 A HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL E NO MUNDO ............................. 45 3.1 GRANDES CONQUISTAS ............................................................................................................ 47 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 52 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 54
UNIDADE 2 – A CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 .................................. 55 TÓPICO 1 – OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 ............................................................................ 57 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 57
2 CARACTERÍSTICAS DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988 ......................................... 64
3 O PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988 .................................................. 67
9
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 69 4 FUNDAMENTOS DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988 ............................................... 74
4.1 SOBERANIA .................................................................................................................................... 74
4.2 CIDADANIA ................................................................................................................................... 75
4.3 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ....................................................................................... 78
4.4 VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA .......................................... 83
4.5 PLURALISMO POLÍTICO ............................................................................................................. 85
5 DA TRIPARTIÇÃO DOS PODERES FEDERATIVOS ................................................................. 87
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA CARTA MAGNA BRASILEIRA .................................... 88
6.1 CONSTRUIR UMA SOCIEDADE LIVRE, JUSTA E SOLIDÁRIA ........................................... 89
6.2 GARANTIR O DESENVOLVIMENTO NACIONAL ................................................................ 92
ERRADICAR A POBREZA E A MARGINALIZAÇÃO E REDUZIR AS
DESIGUALDADES SOCIAIS E REGIONAIS ............................................................................. 93
PROMOVER O BEM DE TODOS, SEM PRECONCEITOS DE ORIGEM, RAÇA, SEXO,
COR, IDADE E QUAISQUER OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO .......................... 94
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 98
TÓPICO 2 – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS .............................. 99 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 99
2 DOS DESTINATÁRIOS DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL .............................................. 99
2.1 DA IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES .............................................................. 102
2.2 O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ............................................................................................... 103
2.3 DA VEDAÇÃO DA TORTURA E DO TRATAMENTO DESUMANO OU DEGRADANTE ... 104 2.4 DA LIBERDADE E INVIOLABILIDADE ...................................................................................105 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 113 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 114
TÓPICO 3 – DOS DIREITOS SOCIAIS ............................................................................................. 115
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 115
2 OS DIREITOS SOCIAIS .................................................................................................................... 115
2.1 DIREITO À EDUCAÇÃO .............................................................................................................. 118
2.2 DIREITO À SAÚDE ........................................................................................................................ 129
2.3 DIREITO À ALIMENTAÇÃO ....................................................................................................... 134
2.4 DIREITO AO TRABALHO ............................................................................................................ 138
2.5 DIREITO À MORADIA .................................................................................................................. 141
2.6 DIREITO AO LAZER ...................................................................................................................... 144
2.7 DIREITO À SEGURANÇA ............................................................................................................ 145
2.8 DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL .......................................................................................... 148
2.9 DIREITO À PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA ............................................... 151
2.10 DIREITO DE ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS ........................................................... 152
3 A “PEC DA FELICIDADE” — PEC Nº 513/2010 -CD E PEC Nº 19/2010 -SF ............................. 153 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 155
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 158
UNIDADE 3 – RECONHECIMENTO DA CIDADANIA COMO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE ......................................................................... 159
TÓPICO 1 – A CIDADANIA, A PARTIPAÇÃO E A GARANTIA DE DIREITOS .................... 161 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 161
2 A CIDADANIA E A GARANTIA DE DIREITOS ......................................................................... 161 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 166
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 167
10
TÓPICO 2 – O PROCESSO PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA DO EXERCÍCIO
DA CIDADANIA A PARTIR DOS CONSELHOS .................................................... 169 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 169
2 RECONHECENDO O PAPEL DOS CONSELHOS EM NÍVEL NACIONAL,
ESTADUAL E MUNICIPAL ............................................................................................................... 170 3 ATRIBUIÇÕES E PODERES DOS CONSELHOS NACIONAIS, ESTADUAIS E
MUNICIPAIS ........................................................................................................................................ 173 4 PRINCÍPIOS QUE FUNDAMENTAM OS CONSELHOS DE DIREITO ................................. 177 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 180
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 184
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 186
TÓPICO 3 – O PAPEL DOS CONSELHEIROS E SUAS ATRIBUIÇÕES ÉTICAS .................... 187 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 187
2 RECONHECENDO O PAPEL DOS CONSELHEIROS E SUAS ATRIBUIÇÕES
ÉTICAS .................................................................................................................................................. 187 3 O PAPEL DOS CONSELHEIROS ..................................................................................................... 190
4 OS CONSELHOS E A INTERSETORIALIDADE ......................................................................... 194 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 196
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 205
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 206
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 207
11
12
UNIDADE 1
A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS
DIREITOS HUMANOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
compreender as novas reivindicações de direitos;
identificar e reconhecer a concepção de direitos humanos na contemporaneidade;
reconhecer os principais fatos históricos que norteiam os direitos humanos no Brasil e no mundo.
PLANO DE ESTUDOS
A Unidade 1 está dividida em três tópicos distintos, porém complementares. Ao final de cada tópico você encontrará autoatividades que contribuirão para o seu aprendizado.
TÓPICO 1 – AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS TÓPICO 2 – A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
TÓPICO 3 – A HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL E NO MUNDO
1
2
TÓPICO 1
3
UNIDADE 1
AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
1 INTRODUÇÃO
O tema direitos humanos vem sendo uma discussão realizada praticamente em todas as áreas das ciências humanas, pois envolve, além de questões de dignidade humana, questões administrativas e legislativas.
A historicidade dessa questão transforma o sujeito em autor e ator de sua própria história, na qual passa a ter visibilidade a partir de 1948 com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Neste sentido, tenta-se interpretar a lógica da Revolução Francesa de igualdade, liberdade e fraternidade, dentro de uma lógica dos valores individuais. E a construção desses novos sujeitos não mais de maneira individual, mas de maneira coletiva, onde o sujeito não luta por necessidades isoladas e sim pela coletividade.
Outra questão refere-se à mudança de concepção, pois o que pode ser considerado certo em determinado período da história é desconstruído em outro.
Por exemplo, há alguns anos a educação de crianças era feita de maneira agressiva como uma maneira de educar, na atualidade essa questão da educação punitiva foi desmistificada, a própria legislação impede que esse procedimento seja utilizado.
2 UMA BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS
Vamos iniciar esta unidade trazendo algumas informações históricas sobre os direitos humanos.
Os registros históricos mostram que o primeiro rei a se manifestar com um “ato humano” foi Ciro, o rei da Pérsia, que em 539 a.C. libertou os escravos da Babilônia, possibilitou às pessoas escolherem suas convicções religiosase pregou a igualdade racial. Essas normativas foram registradas num cilindro de argila na língua acádia com a escritura cuneiforme.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
FIGURA 1 – CILINDRO DE ARGILA
FONTE: Disponível em: <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/ universal-declaration-of-human-rights.html>. Acesso em: 25 maio 2016.
Esse cilindro foi recentemente reconhecido como a primeira carta dos direitos humanos do mundo. Sua escritura foi traduzida em seis idiomas diferentes, porém a sua essência está presente nos quatro primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Após a primeira ação de reconhecimento de uma “ação humana” distinguida hoje como direitos humanos, a ideia foi sendo reproduzida na Índia, na Grécia e por fim chegou a Roma.
Em Roma se nominou como “lei natural”, em que as pessoas seguiam algumas leis baseadas em ideias racionais extraídas da natureza das coisas.
Para essa comprovação surgem novos documentos, como:
a Carta Magna (1215);
a Petição de Direito (1628);
a Constituição dos Estados Unidos (1787);
a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789);
a Declaração dos Direitos dos Estados Unidos (1791).
Esses documentos eram na verdade direcionadores de condutas que afirmam os direitos individuais, como são os precursores escritos para muitos dos documentos de direitos humanos atuais.
4
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
FONTE: Disponível em: <http://f.edgesuite.net/data/www.humanrights.org/ files/magna-carta_pt.jpg>. Acesso em: 25 maio 2016.
A Carta Magna de 1215 também ficou conhecida como a “Grande Carta”, foi assinada pelo rei da Inglaterra. Essa carta regulamentava algumas situações administrativas da época, que mais tarde foram denominadas de direitos humanos.
Um dos pontos principais desse documento referia-se a:
A Igreja ser uma instituição que não depende da interferência do Estado.
As pessoas podem herdar terras de seus ascendentes.
Garantia de impostos condizentes.
As viúvas podiam decidir não voltar a casar-se.
Estabeleceu os princípios de processos devidos e igualdade perante a lei.
Não aceitava a má conduta, punindo os responsáveis.
A Carta Magna foi reconhecida como um dos documentos legais mais importantes no desenvolvimento da democracia moderna, um ponto de mudança crucial na luta para estabelecer a liberdade.
Em 1628 o Parlamento Inglês enviou uma carta solicitando a declaração de liberdades dos civis, documento que se manifestava contrário às arbitrariedades de Carlos I.
5
2.1 A CARTA MAGNA (1215)
FIGURA 2 – A CARTA MAGNA DE 1215
6
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
Essa petição se baseou em estatutos e cartas anteriores e afirmou quatro princípios:
Nenhum tributo pode ser cobrado sem o consentimento do Parlamento;
Nenhum súdito pode ser encarcerado sem motivo demonstrado (a reafirmação do direito de habeas corpus);
Nenhum soldado pode ser aquartelado nas casas dos cidadãos; e
A Lei Marcial não pode ser usada em tempo de paz.
Esses princípios descreviam direitos referentes a questões acordadas anteriormente em outros documentos e desconsideradas por Carlos I.
Outro marco para a história dos Direitos Humanos foi quando Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, em 1776.
Seu precursor defendeu perante o Congresso dos Estados Unidos a ideia da declaração da independência da Grã-Bretanha e, por sua vez, as Treze Colônias americanas, com a ajuda militar e financeira tanto da França e também da Espanha, venceram definitivamente os britânicos.
A Declaração desencadeou dois temas: os direitos individuais e o direito de revolução. Essas ideias foram apoiadas em nível internacional e reproduzidas interiormente na Revolução Francesa.
Seguindo a lógica das conquistas de 1978, destacamos a Constituição dos Estados Unidos da América, a qual é a lei fundamental do sistema federal do governo dos Estados Unidos e documento de referência do mundo ocidental. Ela define os órgãos principais de governo e sua jurisdição e os direitos básicos do cidadão, protegendo a liberdade fundamental.
Essa Constituição entrou em vigor por etapas, sendo que em 1987 vigoraram as 10 primeiras emendas, para atender diretamente os cidadãos dos EUA, limitando assim o poder do governo.
Essa declaração limitou os poderes do Congresso, de maneira a impedir situações inversas às que são estabelecidas em lei.
Naquela época, o presidente Franklin D. Roosevelt, entendia que essa declaração tem por objetivo proteger a liberdade de expressão, a liberdade de religião, o direito de guardar e usar armas, a liberdade de assembleia e a liberdade de petição. O documento proíbe o castigo cruel e insólito e a autoinculpação forçada.
Outro marco na história que precisa ser considerado é o período pós Revolução Francesa em 1789, quando a Declaração dos Direitos do Homem passa a reconhecer a liberdade específica da opressão como uma “expressão da vontade geral”.
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
Esse documento estabelece que todo cidadão tenha garantido o direito à “liberdade, propriedade, segurança, e resistência à opressão”. Nessa linha entende- se que todos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres em uma sociedade que se diz justa.
Em 1864, alguns países que estavam vivenciando a guerra mostraram-se muito preocupados com a condição dos soldados e ex-soldados convocados para os combates, pois muitos desses retornavam com muitas sequelas.
Por essa razão, Genebra e alguns países europeus se reuniram para propor estratégias de atendimento a esses combatentes.
Uma das estratégias pensadas e utilizadas nas convenções seguintes é a de ampliar os cuidados com todos os soldados, proporcionando atendimento digno, seja na doença ou em ferimentos, garantindo uma equipe de apoio. Essa equipe ficou designada como Cruz Vermelha, identificada inicialmente por uma cruz vermelha em um pano branco.
FIGURA 3 – AS NAÇÕES UNIDAS (1945)
FONTE: Disponível em: <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human- rights/universal-declaration-of-human-rights.html>. Acesso em: 25 maio 2016.
7
Novamente um grande marco na História influenciou a união de 50 nações, pois os traumas e as sequelas causadas pela Segunda Guerra Mundial refletiram mundialmente.
Pois, além dos mortos, pensava-se na situação dos feridos, dos familiares desses combatentes, as consequências econômicas e políticas já estavam instauradas, causando um grande caos social.
A partir dessas consequências, 50 países reuniram-se em San Francisco em meados de 1945, com o objetivo de minimizar as guerras e tentar impedir movimentos revolucionários futuros de grandes proporções.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
Os ideais da organização foram declarados no preâmbulo da sua carta de proposta: “Nós, os povos das Nações Unidas, estamos determinados a salvar as gerações futuras do flagelo da guerra, que por duas vezes na nossa vida trouxe incalculável sofrimento à Humanidade” (BITTENCOURT, 2015).
Esse documento entrou em vigor no dia 24 de outubro de 1945, data essa que ficou caracterizada como o Dia das Nações Unidas.
2.2 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)
FIGURA 4 – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)
FONTE: Disponível em: <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human- rights/universal-declaration-of-human-rights.html>. Acesso em: 25 maio 2016.
Desde 1945 existem movimentações internacionais que visam a organização intergovernamental com o propósito de salvar as gerações futuras da devastação do conflito internacional.
8
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
Após a Organização das Nações Unidas, outras medidas de proteção foram sendo elaboradas e implantadas, uma delas é a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948), a qual normatiza uma série de leis que descrevem a questão da dignidade humana.
Em seu artigo 1º, a Declaração proclama direitos inerentes de todosos seres humanos: “os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria... Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos” (BOBBIO, 2003).
Após esse artigo, existem mais 29 que tratam sempre da questão da dignidade humana, onde foram discutidos, elaborados e normatizados em documento próprio. Essa primeira declaração influenciou significativamente a elaboração das leis constitucionais das nações democráticas.
Na contemporaneidade a Declaração ainda é um documento muito visitado, sendo compreendido como contrato entre governo e o povo em todo o mundo. De acordo com o Livro de Recordes Mundiais do Guinness, é o documento mais traduzido no mundo (BOBBIO, 2003).
2.3 A LEGALIDADE E A REALIDADE
Apologia de crimes contra a vida é uma violação/crime contra os direitos humanos que consiste em discursos, textos ou imagens em que se defende, louva, enaltece, aprova, exalta, defende, justifica ou elogia alguma doutrina, ação e/ou obra considerados crime; e incitação ao crime consiste em estimular publicamente a prática de qualquer ato ilícito.
Portanto, qualquer tipo de conteúdo publicado na internet que promova, incite ou faça apologia à violência contra seres humanos é considerado apologia e/ou incitação contra a vida, merecendo, por isso, responsabilização dos responsáveis.
Só é punível a apologia ou a incitação se esta for feita a favor de atos tipificados na legislação brasileira, ou seja, definidos como crimes pelas leis penais do Brasil.
O autor do crime pode ser qualquer pessoa, tanto para apologia quanto para a incitação, inclusive o criminoso que se vangloria dos atos ao fazer apologia à violência.
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UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
Por serem crimes contra a paz pública, a lei visa proteger a coletividade, e o crime é considerado cometido com a simples conduta do indivíduo direcionado a atingir um número indeterminado de pessoas, não sendo necessário que provoque qualquer resultado no mundo real, que perturbe a paz pública e muito menos que haja, de fato, distúrbios.
FONTE: Disponível em: <http://www.safernet.org.br/site/prevencao/glossarios/direitos- humanos>. Acesso em: 15 set. 2016.
É necessário considerar que os direitos humanos travam grandes discussões com as diversidades culturais, em muitas regiões a cultura ainda dissemina hábitos considerados desumanos, como podemos visualizar no quadro a seguir.
QUADRO 1 – VIOLÊNCIA CONTRA A INTEGRIDADE DA PESSOA HUMANA
	VIOLÊNCIA CONTRA A INTEGRIDADE DA PESSOA HUMANA	
	A LEGALIDADE DA MUTILAÇÃO DE MEMBROS	É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no ritual da circuncisão feminina, que consiste na remoção de parte ou de todos os órgãos sexuais externos femininos.
Essa situação acontece em 27 países da parte da África, Iêmen e no Curdistão iraquiano, ainda feita em vários locais na Ásia, no Médio Oriente e em comunidades expatriadas.
É realizada em crianças e adolescentes entre o nascimento e a puberdade, a maior parte das jovens é mutilada antes dos cinco anos de idade.
	CONTROLE DA NATALIDADE	É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na política do “filho único”, acontece mais efetivamente na China, onde é realizada a partir de um rígido controle de natalidade, na qual se dá preferência para o sexo masculino, sendo que gestações de meninas são indesejadas, geralmente são abortados.
		É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos, consiste na imigração
		ilegal ou clandestina, acontece além das fronteiras nacionais e não observam
		as normas e leis do país.
		O tráfico de pessoas se caracteriza pelo transporte ou transferência,
		recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao
	IMIGRAÇÃO	rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de
	ILEGAL /	vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para
	TRÁFICO DE	obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para
	PESSOAS	fins de exploração.
		Para a Organização das Nações Unidas, o tráfico humano é o pior desrespeito
		aos direitos inalienáveis da pessoa humana. Isso porque, por mais oprimido
		e ferido que qualquer pessoa esteja numa situação de abandono, assim
		mesmo ela continua a ter sua identidade pessoal.
		Já a vítima do tráfico humano é “coisificada”, passada de pessoa à condição
		de mercadoria. Ela tem sua identidade humana desconstruída.
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TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
	ACEITAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER EM NOME DA HONRA	É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na violência delituosa que se pratica contra as mulheres: "crime de honra".
Este tipo de crime na contemporaneidade se apresenta com muitas aceitações na sociedade, nas questões de adultério ou de vingança comprometendo os dois a honra.
No Iêmen, a mulher não pode sair de casa sem a autorização do marido. Também é obrigada a permitir que o marido tenha relações sexuais com ela, sempre que ela estiver “apta”.
Na Guiné, a mulher só pode ter uma profissão fora da casa caso o marido permita.
No Congo e nas Bahamas, se o estupro for cometido pelo marido da vítima, não é um crime.
No Irã, dois homens como testemunha equivalem a quatro mulheres em um caso de julgamento.
Em Malta e no Líbano é permitido ao marido sequestrar a mulher sem punições. Em Malta, se um sequestrador se casar com a mulher sequestrada depois do sequestro, ele também está livre de punição.
No Iêmen não existe idade mínima para a mulher se casar. Segundo dados de 2014 da ONG Human Rights Watch, 50% das meninas casadas têm menos de 18 anos, e 14%, menos de 15.
No Congo, a lei diz claramente que o marido é o chefe da casa e, portanto, a mulher deve sempre obedecê-lo.
Na Rússia há uma lista de empregos que mulheres não podem exercer.
Na Tunísia, um filho homem terá sempre direito ao dobro de sua(s) irmã(s). Na Arábia Saudita, mulheres não podem dirigir.
	TRABALHO INFANTIL	É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no trabalho exercido por crianças e adolescentes em desacordo com a legislação do país. Esta prática é muito comum nos países subdesenvolvidos, como é caso do Brasil, principalmente nas regiões mais pobres. Isto ocorre pela necessidade que estes adolescentes e crianças têm em ajudar seus pais no orçamento familiar.
A maioria das famílias é composta de indivíduos pobres com um número expressivo de filhos.
	HOMOFOBIA	É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na intolerância, discriminação, ofensa ou qualquer manifestação de repúdio à homossexualidade e à homoafetividade.
Homossexualidade representa a orientação sexual de um cidadão que escolhe como parceiro ou companheiro uma pessoa do mesmo sexo.
	INTOLERÂNCIA RELIGIOSA	É uma Violação/CrimescontraosDireitosHumanos que consiste na discriminação praticada contra pessoas que possuem credo religioso divergente do credo estabelecido como “o correto” ou “o normal” em uma dada localidade.
	NEONAZISMO	É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste na prática com base no ideário nazista de superioridade e pureza de determinada raça que visa agredir, humilhar e discriminar pessoas por pertencerem a grupos minoritários ou tidos como inferiores.
	RACISMO	É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no preconceito fundado com base na ideia de existência e superioridade de determinadas raças que leva alguém a odiar, ter aversão e a discriminar outros indivíduos que sejam de uma outra raça supostamente inferior.
	XENOFOBIA	É uma Violação/Crimes contra os Direitos Humanos que consiste no ódio, aversão ou temor sem precedentes contra pessoas provindas de outras culturas ou regiões geográficas diferentes das do criminoso que as considera minoria ou indignas de pertencer à mesma aglomeração social que ele.
FONTE: Adaptado de Safenet Brasil (2008), Correio Brasiliense (2015) e Brasil (2013)
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOSHUMANOS
Essa temática é bastante importante, pois lida com preceitos morais e construções sócio-históricas. Porém, todas as situações acontecem de maneira naturalizada, dependendo da diversidade cultural que se está estudando. Por outro lado, essas situações representam a violação de direitos e a necessidade da interferência dos órgãos de defesa dos direitos humanos.
3 DIREITOS HUMANOS UNIVERSAIS
O Ocidente considera o ser humano um “ser concreto”, pois entende que as principais transformações econômicas e políticas ocorreram após a Idade Média.
Nessa linha, Dumont (1997) acrescenta que oser humano está intrinsecamente ligado a questões religiosas, o que reflete na igualdade dos homens perante Deus. Sendo a espiritualidade a principal linha condutora do homem.
As principais mudanças ocorreram quando o Estado e a Igreja se uniram e, desta forma, passaram a ter todo o controle político (DUMONT, 1997).
Já Weber esclarece que as principais mudanças na concepção social de mundo têm como referência a Reforma protestante, na qual se entendia que a solução passa a ser algo espiritual e torna-se uma salvação como consequência de atos e do trabalho em si.
Este processo de discussão de desenvolvimento espiritual perpassa as questões jurídico-filosóficas, quando surge a ideia de direito universal, que está intrinsecamente ligado às questões do jusnaturalismo e do positivismo jurídico:
Jusnaturalismo - acreditava-se que as leis eram regidas através da justiça a partir da moralidade do sujeito, sendo algo natural.
Positivismo jurídico tinha por ideal não explicar as coisas a partir dos preceitos morais, mas sim a partir de leis que consigam explicar a questão do empírico.
Conceito de empírico: é todo e qualquer fato que passa a se apoiar em experiência vivenciada na observação.
Na metade do século XIX, o pensador Guilherme de Occam, identifica o direito universal e moderno como complemento, pois o ser humano é a junção de individualidades que formam a realidade social (VIEIRA, 1999).
NOTA
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TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
Sendo que a realidade é resultado de fatores políticos, econômicos e filosófico-jurídicos:
Políticos: à medida que a Igreja passa a interferir na coroação de reis e na possibilidade de declarar guerras ou não.
Econômicos: identificados pela crença na espiritualidade onde o sucesso econômico garantiria a salvação eterna.
Filosófico-jurídico: que começa a identificar o sujeito como indivíduo pertencendo a um mundo também com direitos.
Esses fatores influenciaram a concepção de mundo da sociedade, de maneira a interferir diretamente no comportamento social dos sujeitos. O Estado moderno pressupõe a ideia de sujeito enquanto ser livre e igual, sendo essa a base de argumentação dos direitos universais do homem.
3.1 O SURGIMENTO DO ESTADO NA VISÃO DE HOBBES, LOCKE E ROUSSEAU
Os autores Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau partem do mesmo princípio de direito natural e do contrato como configuração de regulação das relações entre governantes e governados.
Para Norberto Bobbio (2003), esses três autores são imprescindíveis para reconhecer o processo de formação do Estado moderno e contemporâneo. Eles ousaram à medida que analisaram o Estado a partir de sua própria estrutura, sendo que cada um deles teve uma visão peculiar (vide quadro a seguir).
FONTE: Adaptado de: <http://www.efdeportes.com/efd186/estado-em-hobbes-locke-e-rousseau. htm>. Acesso em: 6 set. 2016.
QUADRO 2 – PRINCIPAIS PENSADORES
	Autor	Teoria
	Hobbes	Estado Absoluto.
Esta teoria é centrada na ideia do direito divino dos reis, a principal figura do poder do Antigo Regime.
	Locke	Monarquia Parlamentar é um modo de governo em que o Poder Legislativo (Parlamento) apresenta a conservação política para o Poder Executivo. Logo, o Poder Executivo necessita do poder do Parlamento para ser formado e também para governar. No Parlamentarismo, o Poder Executivo é exercido pelo primeiro-ministro.
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UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
Rousseau
Democracia.
É um regime de governo em que predominam as decisões políticas com o povo, ele é quem elege seus representantes por meio do voto. É um regime de governo que pode existir no sistema presidencialista, onde a figura do presidente é a mais importante.
FONTE: Adaptado de: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2010/10/teoria-do-estado- absolutista-foi-fruto.html>; <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/parlamentarismo.htm>;
<http://www.significados.com.br/democracia/>. Acesso em: 6 set. 2016.
Nessa linha precisamos considerar que estamos evoluindo de uma sociedade feudal para uma sociedade capitalista, onde a liberdade individual é entendida como um direito natural do indivíduo.
Porém, os três autores entendem que o processo de transformação do estado de natureza para o estado civil é natural, construído por indivíduos livres e iguais. Contudo, cada autor tem uma visão mais específica em relação às motivações que levam os indivíduos a se organizarem em torno de um aparato institucional.
Para Hobbes, o homem é um constante gerador de conflitos, ele necessita da intervenção do outro nas relações, a fim de evitar que os indivíduos se autodestruam. E o contrato social, através das leis, é uma necessidade de firmar esse acordo. Ou seja, ele confere ao soberano o poder pleno de legislar em seu nome.
Hobbes tenta justificar o ideal de estado absolutista, onde as ordens devem ser cumpridas e não questionadas. Ou seja, o contrato social pode ser entendido também como um acordo de submissão. Pois, ao contrário, abriria precedente para se guerrear em busca do poder, por isso o soberano deveria ter poder absoluto e ilimitado.
Na visão de Hobbes, o Estado é marcado pela guerra de todos contra todos, na qual devem se submeter ao poder absoluto para progredir.
Na visão de John Locke o contrato social funcionaria como um mediador da passagem do estado de natureza para o estado civil. Para Locke, o estado de natureza deveria ser de liberdade e igualdade, “o estado de natureza é um estado de paz, boa vontade, assistência mútua e preservação” (MELLO, 1995, p. 93). Sendo que a liberdade natural é algo inerente à própria natureza humana, expressa na forma do direito à vida, à liberdade individual e o direito à propriedade.
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TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
O estado de natureza recebe o status positivo de harmonia, esse status pode ser interrompido pela busca de poder que, consequentemente, pode gerar um conflito ou mesmo uma guerra.
Nessa linha o contrato social é entendido como uma necessidade de gerenciamento com o consentimento do cidadão. Nesse governo a finalidade é garantir a liberdade para toda a defesa dos direitos naturais básicos. Para Locke, o estado civil deve ser limitado e regulado pelos indivíduos que pactuam o contrato.
A comunidade tem o direito de resistência caso o interesse da maioria não esteja sendo expresso pelo governante. O liberalismo político em Locke conjugado com a ideia de poder limitado do soberano leva este autor a sustentar a supremacia do Parlamento como forma de restringir os desmandos de um governo. Cabe à maioria escolher quem legislará em seu nome, onde “ao Legislativo se subordinam tanto o Poder Executivo, confiado ao príncipe, como o poder federativo” (MELLO, 1995, p. 87).
Para Rousseau, o povo é que deve ser o verdadeiro soberano, para que um governo consiga manter sua legitimidade é necessário que responda aos anseios do povo. O governante, nesse caso, é o representante da soberania popular. Conseguindo manter a soberania, o povo conseguia manter sua liberdade civil, seu direito a ser cidadão.
Para ele, o Estado deve intervir a favor dos interesses gerais, garantindo as condições para que os indivíduos pleiteiem o direito à propriedade, a educação é tomada como instrumento para garantia da igualdade.
Cabe ao Estado reduzir a desigualdade. Tanto para Locke como para Rousseau, a propriedade é resultado dotrabalho, sendo este um dos principais fatores desencadeantes da desigualdade social. Para Locke, a propriedade é um direito natural, enquanto que para Rousseau e Hobbes ela é um direito civil.
Na concepção de Rousseau, a formação da sociedade é uma estratégia empregada pelos afortunados para manter o domínio sobre os mais desfavorecidos, incluindo uma falsa ideia de igualdade.
No estado de natureza o homem obedece ao instinto, a partir do contrato social o indivíduo transfere direitos naturais para que eles sejam convertidos em direitos civis; suas ações, antes guiadas por instintos, passam a ser orientadas por leis civis. A passagem para o estado civil é realizada sob o império da vontade geral da maioria.
FONTE: Adaptado de: <http://www.efdeportes.com/efd186/estado-em-hobbes-locke-e-rousseau. htm>. Acesso em: 6 set. 2016.
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UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
3.2 AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
Com o surgimento dos novos sujeitos sociais, se apresentam também novas necessidades, nesse sentido, as prioridades também tomam novas proporções, pois existem os anseios individuais e os coletivos, sendo que dependendo da necessidade a ação a ser executada tende a ser diferenciada.
Desta forma recorremos a René Descartes (1596-1650), quando verbaliza a ideia de “penso, logo existo” e, assim, muitas das teorias hipotéticas passam a ser questionadas, sendo conferidas ou desconsideradas, principalmente com as descobertas das ciências humanas mais efetivas, no final do século XIX.
Quando o sujeito passa a questionar as teorias socialmente construídas, ele se torna epistêmico, pois fortalece o movimento de um novo período, este impulsionado pelas descobertas científicas.
O que é sujeito epistêmico?
O sujeito epistêmico é composto por sua própria ação, no meio em que vive, buscando satisfazer suas necessidades, esse processo passa a transformar o meio em que vive, o sujeito epistêmico trava uma luta constante, é confrontado pelas oposições do meio. Ou seja, o sujeito epistêmico é um sujeito que pensa, trabalha, produtivo, e um sujeito crítico, com capacidade de pensar e repensar sua forma de atuar no meio em que está inserido.
Nesse cenário destacaremos cinco pontos básicos, segundo Stuart Hall (2003), que comprovam a evolução teórica das ciências humanas:
Segundo o pensamento marxista, a vontade individual é subordinada pela estrutura social, econômica e política anterior ao indivíduo;
Na teoria de Freud, o sujeito racional é incapaz de gerenciar de forma integral seus próprios conhecimentos;
No entendimento de Ferdinand de Saussure, a língua é um sistema social e não individual; onde o indivíduo reproduz, não produz conceitos próprios.
Na explicação de Foucault existe um poder disciplinador emanado na sociedade a fim de desenvolver disciplinas a partir do ideal do ser humano passivo.
O início da questionalização das coisas, quando o sujeito passa a compreender o seu redor a partir das divergências sociais (questões de gênero, importância dos movimentos contrários à hegemonia, movimento feminino, sociais, entre outros), enquanto minorias com déficit de cidadania.
A partir do que foi descrito acima, é possível observar que, conforme o período histórico, são atribuídos novos conceitos na sociedade.
NOTA
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17
TÓPICO 1 | AS NOVAS REIVINDICAÇÕES DE DIREITOS
Não podemos desconsiderar que os valores socioculturais são construídos e reconstruídos em cima de ideologias que impõem visões de mundo como única possibilidade que deveria ser seguida pelo ser humano.
Já numa teoria mais à frente, denominada de pós-colonial, inicia-se de maneira tímida a reivindicação do direito das minorias – à diferença, a uma identidade cultural autêntica, à autodeterminação política etc. –, como uma tentativa de legitimar o direito destas minorias de criar estas novas significações, alterando “a posição de enunciação e as relações de interpelação em seu interior”, criando assim outros “espaços de significação” (BHABHA, 1998, p. 228).
Nessa linha é possível compreender que existe um impasse quando se fala em justiça, pois adentramos na ordem da legalidade e da ilegalidade, bem como na questão moral e da ética.
Quando se fala em avanços e retrocessos em relação à contemporaneidade, não poderemos deixar de mencionar a questão da crise moderna. Essa nada mais é do que compreender o problema da legitimidade – ou ilegitimidade – de estruturas de direitos que regulam as noções de justiça e moral contemporâneas.
Quando reconhecemos que tal situação fracassou, é necessário desenvolver outras estratégias para ressignificar tal situação em determinada área e assim poder oferecer uma resposta no mínimo plausível.
Nesse sentido, o direito à cultura e à autodeterminação, baseado no reconhecimento da autenticidade cultural e/ou fundado numa nova concepção de política cultural, forma um ponto importante de articulação entre a antropologia e o campo dos direitos humanos.
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
Para aprofundar essa temática, sugerimos que assistam aos seguintes fllmes:
Hotel Ruanda (Hotel Ruanda) 2004
Sinopse: Estamos em 1994. Ruanda é palco de uma das maiores atrocidades da história da humanidade, onde, em apenas 100 dias, quase um milhão de tutsis são brutalmente assassinados por milícias de etnia hutu. No cenário dessas indescritíveis ações, um homem promete proteger a família que ama, acabando por encontrar a coragem para salvar mais de um milhar de refugiados.
O Pianista (Le Pianiste) 2002
Sinopse: Um belo e comovente fllme premiado em 2002 com a Palma de Ouro em Cannes e com três Oscar da Academia de Hollywood. O fllme foi inspirado na autobiografla do pianista polaco Wladyslaw Szpilman, que, por ser judeu, sofreu na pele os horrores do Holocausto nazista. Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody) interpretava peças clássicas numa rádio de Varsóvia quando as primeiras bombas caíram sobre a cidade, em 1939. Com a invasão alemã e o início da 2ª Guerra Mundial, começaram também restrições aos judeus polacos pelos nazistas. O fllme mostra o surgimento do Gueto de Varsóvia, quando os alemães construíram muros para encerrar os judeus em algumas áreas, e
acompanha a perseguição que levou à captura e envio da família de Szpilman para os campos de concentração. Sobrevivendo à guerra numa Varsóvia em escombros, Szpilman voltou por flm a tocar o seu amado piano, o que lhe garantiu a sanidade mental e a força necessária para que permanecesse vivo depois de tanto sofrimento.
Um Grito de Liberdade (Cry Freedom) 1987
Sinopse: Donald Woods é o editor-chefe do jornal Daily Dispatch, da África do Sul, onde critica severamente os pontos de vista de Steve Biko, um jovem ativista negro que luta contra o apartheid. Mas depois de conhecer Biko, muda de ideia e toma consciência da situação dos negros na África do Sul. Essa reviravolta vai atrair também sobre ele as atenções da polícia. Baseado em fatos reais, o fllme inspira-se em dois livros de autoria do próprio Woods.
FONTE: Disponível em: <http://www.cinemanasaladeaula.com/filmes-sobre-a-tematica- dos-direitos-humanos/>. Acesso em: 6 set. 2016.
DICAS
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Neste tópico vimos:
Diferentemente da lógica da Revolução Francesa de igualdade, liberdade e fraternidade, dentro de uma lógica dos valores individuais, os direitos humanos se posicionam em favor da coletividade.
Construção e reconstrução de valores: o que pode ser considerado certo em determinado período da história é desconstruído em outro.
Os registros históricos mostram que o primeiro “ato humano” acontece em 539 a.C.
Após a primeira ação de reconhecimento de uma “ação humana” reconhecida hoje como direitos humanos, a ideia foi sendo reproduzida na Índia, Grécia e por fim chegou a Roma.
A Carta Magna de 1215, da Inglaterra, regulamentava algumas situações administrativas da época, que mais tarde se denominou de direitos humanos.
Outro marco para a história dos Direitos Humanos foi quando Thomas Jefferson redigiua Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, em 1776.
Em 1978 destacamos a Constituição dos Estados Unidos da América, a qual define os órgãos principais de governo e sua jurisdição e os direitos básicos do cidadão, protegendo a liberdade fundamental.
Em 1864, alguns países que estavam vivenciando a guerra mostraram-se muito preocupados com a condição dos soldados e ex-soldados convocados para combate, pois muitos desses retornavam com muitas sequelas. Por essa razão, Genebra e alguns países europeus se reuniram para propor estratégias de atendimento a esses combatentes.
A união de 50 nações formou a Organização das Nações Unidas, como estratégia de enfrentamento das consequências econômicas e políticas, já que havia se instaurado um caos social, causado pela guerra.
Após a Organização das Nações Unidas, outras medidas de proteção foram sendo elaboradas e implantadas, uma delas é a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948), a qual normatiza uma série de leis que descrevem a questão da dignidade humana.
Os direitos humanos travam grandes discussões com as diversidades culturais, em muitas regiões a cultura ainda dissemina hábitos considerados desumanos.
RESUMO DO TÓPICO 1
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O jusnaturalismo acreditava que as leis eram regidas através da justiça a partir da moralidade do sujeito, sendo algo natural.
O positivismo jurídico tinha por ideal explicar as coisas a partir de leis que possibilitassem esclarecer a questão do empírico.
Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau são imprescindíveis para reconhecer o processo de formação do Estado moderno e contemporâneo.
Hobbes descreve sobre o Estado Absoluto, Locke sobre a Monarquia Parlamentar e Rousseau sobre a democracia.
Preste bastante atenção nas autoatividades sugeridas, elas facilitarão a assimilação dos conteúdos, bem como sua compreensão em relação aos assuntos propostos nesse tópico.
1 O processo histórico de instituição dos direitos fundamentais consistiu primeiramente na conquista das liberdades políticas, o que foi denominado como direitos de primeira geração, tendo
como subsídio os valores do liberalismo no período da Revolução 	 Francesa. Nesse processo, considera-se que a luta travada no ambiente político da época consistia em uma luta de classes: (ENADE 2010)
Em busca da afirmação dos direitos individuais;
Para impor freios aos poderes absolutistas.
Pela afirmação dos direitos sociais.
Pela afirmação ao direito à greve.
Pela preservação do direito de propriedade.
É correto apenas o que se afirma em
( ) I, II e III.
( ) I, II e V.
( ) I, IV e V.
( ) II, III e IV.
( ) III, IV e V.
AUTOATIVIDADE
2 Para facilitar sua compreensão em relação a todo esse processo transitório, de construção e reconstrução de teorias, associe o autor à sua teoria:
I – Hobbes II – Locke
III – Rousseau
( ) Monarquia Parlamentar. ( ) Estado Absoluto.
( ) Democracia.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
( ) II, I e III.
( ) I, II e III.
( ) III, I e II.
( ) I, III e II.
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TÓPICO 2
A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
UNIDADE 1
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1 INTRODUÇÃO
Neste tópico desmistificaremos a questão do empoderamento do sujeito enquanto cidadão que de alguma forma infringiu determinada lei, pois se tem a ideia de que Direitos Humanos é uma linha de defesa em situações em que os indivíduos agem de maneira irregular, solicitando apoio aos direitos humanos, possibilitando identificar algumas alternativas no sentido de minimizar a pena.
A terminologia ideológica se amplia à medida que direitos humanos significam:
Os direitos e liberdades básicas de todos os seres humanos. Seu conceito também está ligado com a ideia de liberdade de pensamento, de expressão, e a igualdade perante a lei. A ONU proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que é respeitada mundialmente (FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/direitos- humanos>. Acesso em: 6 set. 2016.).
UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, a liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação.
FONTE: Disponível em: <http://www.dudh.org.br/definicao/>. Acesso em: 4 maio 2016.
Assim, os direitos humanos são o direito próprio que está intrínseco na vida do cidadão. Nessa linha é possível compreendermos que cada ser humano pode usufruir de seus direitos, independentemente de raça, cor, religião, sexo, etnia, opinião política, se é rico ou pobre, entre outros.
Sendo assim, os direitos humanos são garantias previstas em lei, contidas na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual protege o cidadão de toda e qualquer possibilidade de transgressão de sua liberdade e sua dignidade humana.
Nessa linha estamos propondo ampliar a discussão acerca do tema, recuperando um pouco do entendimento a partir dos genes e do entendimento de diretos humanos e sua conjuntura na contemporaneidade, a fim de traçar um caminho e compreender o processo histórico.
Na visão de Silva e Pereira (2007), “é preciso entender que cada sociedade, em sua época, experimenta e dimensiona as relações sociais [...], como se estabelecem essas relações na sociedade”.
Sempre que refletimos sobre a temática direitos humanos e cidadania, é imprescindível considerar que a sociedade brasileira é um campo vasto
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TÓPICO 2 | A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
de contradições das expressões sociais, pois identificamos as mais variadas vulnerabilidades, políticas, econômicas e sociais.
Contudo, essas fragilidades tendem a ser banalizadas, já que elas são consideradas secundárias, sua prioridade é estabelecida a partir da notoriedade perante a situação que recebe, seja pela sociedade ou através dos meios de comunicação.
A ocorrência de vulnerabilidade depende das condições de cada sujeito e as condições dependem de escolhas e de oportunidades que são ou não ofertadas.
O sujeito necessita ser flexível e tentar se adaptar às diversidades encontradas, já que ele por si só e as políticas públicas não conseguem responder e oportunizar a mesma equidade de acesso a toda sociedade.
Entende-se que a sociedade vem compreendendo esse novo processo de acesso à cidadania, essa geralmente conquistada através dos movimentos sociais, mas esse processo depende da repercussão e do apoio, pois movimentos isolados tendem a ser estagnados, enquanto que os movimentos mais amplos tem maior disseminação de suas propostas.
2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS
O contexto histórico dos direitos humanos é identificado a partir de um grande marco histórico, que pode ser identificado como período que antecede a 1ª Guerra Mundial, período transitório entreguerras e a 2ª Guerra Mundial, onde os homens foram obrigados a deixar seus lares para defender a ideologia política da época de sua nação.
FIGURA 5 – REFLEXOS DA GUERRA
Período transitório entreguerras
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FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/primeira-guerra- mundial/>. Acesso em: 11 maio 2016.
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UNIDADE 1 | A CONSTRUÇÃO ÉTICA NOS DIREITOS HUMANOS
Esse período mais tenso da história é marcado pela pressão política administrativa, principalmente no período entreguerras, no qual se vivenciava uma instabilidade, momento em que surgem iniciativas referentes aos direitos humanos de amplitude internacional.
QUADRO 3 - CONCEPÇÕES
	O DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO	Refere-se ao direito de guerra, que estabelece garantias individuais mesmo em períodos de guerra, tais como:
a PROTEÇÃO DE CIVIS e
o TRATAMENTO DE PRISIONEIROS.
Essa garantia foi estabelecida nas quatro Convenções de Genebra, de 1949.
	A LIGA OU SOCIEDADE DAS NAÇÕES	Foi designada após a 1ª Guerra Mundial, tinhacomo preferência a promoção da colaboração, como:
o ACORDO DE PAZ E DE SEGURANÇA, ampliadas
internacionalmente.
Referia-se principalmente ao direito da minoria e do acesso ao trabalho.
Obs.: Esse movimento da Liga foi substituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
	ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – OIT	Criada após a 1ª Guerra Mundial, continua na ativa e tem como objetivos estabelecer padrões mínimos de condição para o trabalho decente.
FONTE: Adaptado de Safernet Brasil (2008), Correio Brasiliense (2015) e Brasil (2013)
A criação desses órgãos de organização, orientação e fiscalização ligados diretamente ao Direito Internacional Humanitário intervém na proteção dos direitos individuais e estatais.
Seguindo a lógica, a 2ª Guerra representou uma ruptura no processo de humanização internacional, devido ao extermínio em massa de milhões de pessoas, tornando a figura do sujeito descartável e ignorando a questão da dignidade e da igualdade entre a humanidade.
Esse processo representou uma quebra, já que os pequenos avanços conseguidos após a 1ª Guerra Mundial foram massacrados e desconsiderados após a 2ª Guerra. Nessa fase iniciam-se as declarações humanitárias internacionais e os tratados internacionais, que nada mais foram do que acordos de paz.
As primeiras manifestações ocorridas nesse período pós-guerra foram impulsionadas pela:
instituição dos Tribunais de Nuremberg e de Tóquio;
instituição da Organização das Nações Unidas – ONU (1945);
adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
TÓPICO 2 | A CONCEPÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
Nesse período destacamos que os tribunais de Nuremberg e de Tóquio foram decisivos na história dos Direitos Humanos, nesse momento foram estabelecidas normas de responsabilização criminal em situações que comprovassem situações degradantes sobre a dignidade do ser humano.
FIGURA 6 – DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
FONTE: Disponível em: <http://images.livrariasaraiva. com.br/imagemnet/imagem.aspx/?pro_ id=158589&qld=90&l=430&a=-1>. Acesso em: 22 set. 2016.
Na trajetória da sociedade a constituição exige o respeito aos direitos humanos. Neste sentido, na contemporaneidade está sendo observado o quanto é importante e indispensável esta valorização, até mesmo por entidades que não reconheciam esse valor, e que os aspectos econômicos eram mais importantes que as relações sociais.
Sendo assim, ficou evidente que não é o fato de ter poder, seja este econômico, político ou poder militar, que fará com que haja paz na sociedade, sem haver o devido respeito aos direitos humanos.
Desta forma, é importante e necessário que todos tenham o pleno conhecimento da seriedade da efetivação dos direitos humanos para a humanidade e sua responsabilidade enquanto efetivação e proteção.
2.1 EVOLUÇÕES E O CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS
A facilidade que a sociedade tem em mandar e receber notícias atualizadas faz com que esse processo se torne um turbilhão de informações, pois os meios de comunicação disparam continuamente. Essas informações podem ou não ser verídicas, porém, são entendidas e interpretadas conforme a realidade de cada sujeito.
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Todas as informações ou notícias tendem a sofrer algum tipo de juízo de valor, isso faz com que se identifique sua notoriedade, porém percebe- se que os meios de comunicação vêm explorando principalmente as questões sensacionalistas, fazendo com que a notícia por vezes seja desvinculada de sua verdadeira realidade.
É comum encontrarmos notícias com os seguintes focos: violência contra a mulher, criança, idoso, entre outras; corrupção, dificuldade de acesso a políticas sociais de saúde e educação, entre outras. O que amplia a discussão, à medida que se compreende que muitas legislações foram desenvolvidas justamente para garantir a proteção que por diversas vezes é desrespeitada, tem-se a ideia de desvalorização, ineficiência dos direitos humanos.
Nessa linha encontramos o contraponto:
Esses mecanismos de controle já existem, mas nos deparamos com a incapacidade da legislação de conter essas situações, pois entende-se que os direitos sociais foram garantidos legislativamente, porém eles não conseguem ser efetivados.
Para aprofundamento dos temas deste tópico, sugerimos que você leia o seguinte livro: Direitos humanos: de onde vêm, o que são e para que servem, de Raquel Tavares. A obra contém um resumo da evolução histórica dos direitos humanos e da sua deflnição e principais características, assim como o enunciado dos principais instrumentos existentes para promover e proteger estes direitos, em nível universal e regional.
FONTE: Disponível em: <https://www.incm.pt/portal/loja_ detalhe.jsp?codigo=102286>. Acesso em: 8 set. 2016.
A necessidade de criar mecanismos de controle
A normatização (que são as leis)
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2.2 DIREITOS HUMANOS E A INTERPRETAÇÃO DA MORAL X ÉTICA
Nesse cenário é possível compreender que os direitos humanos são conquistados quando são implementados na sua integralidade, no entanto, esses direitos podem até ser garantidos por lei, porém com dificuldades de serem reconhecidos na prática.
Essa dificuldade de reconhecimento pode ser explicada na medida em que reconhecemos as raízes da concepção dos direitos humanos. Por essa razão nos reportamos a Bobbio (1992), quando nos explica que o que foi considerado evidente em determinado período da história não é mais considerado em outro.
Um exemplo prático dessa explicação pode ser a questão dos maus tratos físicos a crianças, que em determinado período da história eram considerados na sociedade como uma maneira educativa, e na atualidade passam a ser considerados práticas de violência.
Portanto, essa questão de contextualizar o que é permitido ou não na sociedade depende do período histórico e da maneira que a situação é interpretada.
Essa nova maneira de interpretar a situação na sociedade é reforçada a partir das legislações em vigor, pois estas norteiam e padronizam comportamentos sociais que deveriam ser seguidos.
Nessa linha fazemos um recorte lembrando que, segundo padrões morais, a violência contra as crianças era uma prática aceitável, enquanto que a ética indica que essa é uma prática imprópria, pois reflete diretamente no seu processo de desenvolvimento.
Nesse sentido, na visão de Pieritz (2015, p. 80), é possível compreender que moral e ética são:
palavras que parecem mensurar e ter o mesmo sentido, porém em nenhum momento elas são sinônimas. Pois, quando referenciamos a moral, precisamos ter claro que ela sempre existiu, pois os seres humanos são dotados de consciência moral, a qual se justifica pela escolha do bem ou do mal, e esta escolha é resultado do meio em que se vive. No entanto, a ética pode ser compreendida como uma teoria que busca compreender através da investigação científica o comportamento moral dos seres humanos. O agir não é regido pela tradição, pelos hábitos e costumes, mas sim pela consciência lógica e pela articulação passível de ser comprovada.
Sendo assim, as leis passam a representar o marco legal, já que esse é um processo de construção e reconstrução histórica, pautado em valores morais e normatizado com as leis que passam a representar a ética.
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Pode-se dizer que os direitos humanos são visões do senso comum que tomam forma a partir da reivindicação, essas geralmente são acometidas de preconceitos que podem ser contra certos padrões estabelecidos na sociedade:
Relações homoafetivas;
A mulher no mercado de trabalho;
O processo emigratório;
A opção profissional;
As mais variadas formas de exploração (profissional, sexual, entre outras);
Ideologias (políticas, religiosas, entre outras).
Sugestão de fllme: Gandhi (aborda a discriminação racial).
Sinopse: O fllme conta a história de Mohandas K. Gandhi, desde o início da sua carreira como advogado na África do Sul, protestandocontra a discriminação racial, até a sua morte. Ressalta a questão da ideologia religiosa, política, situações que ocasionam muitas vezes violência e morte, bem como a sua prolongada prisão.
Os direitos humanos surgem para reforçar a ideia de direito à liberdade de expressão e ao pensamento livre.
Conforme José Afonso da Silva (2003, p. 103), o conceito de liberdade humana pode ser definido da seguinte forma:
deve ser expresso no sentido de um poder de atuação do homem em busca de sua realização pessoal, de sua felicidade. (...) Vamos um pouco além, e propomos o conceito seguinte: liberdade consiste na possibilidade de coordenação consciente dos meios necessários à realização da felicidade pessoal. Nessa noção, encontramos todos os elementos objetivos e subjetivos necessários à ideia de liberdade; é poder de atuação sem deixar de ser resistência à opressão; não se dirige contra, mas em busca, em perseguição de alguma coisa, que é a felicidade pessoal, que é subjetiva e circunstancial, pondo a liberdade, pelo seu fim, em harmonia com a consciência de cada um, com o interesse do agente. Tudo que impedir aquela possibilidade de coordenação dos meios é contrário à liberdade.
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Enquanto que a ideia da liberdade de pensamento é embasada na própria Constituição Federal, promovendo a todos os cidadãos o direito à livre manifestação do pensamento.
O pensamento é, na verdade, um juízo de valor, é uma reflexão interna de quem está pensando, e no momento em que é exteriorizado aparece também a opinião de seu emitente. (ARAÚJO; NUNES JUNIOR, 2008).
Segundo Tavares (2009), na sociedade atual tem-se o entendimento de que a possibilidade de pensar está contida em todas as pessoas que gozam de saúde mental e possuem o mínimo de discernimento.
Diante desse contexto, precisamos considerar que pessoas foram perseguidas e mortas por motivo desses direitos mencionados acima, pois estavam em busca da reivindicação de direitos ou se manifestavam claramente contrárias à situação vigente naquele determinado momento.
A questão da liberdade de expressão é compreendida como um direito humano, protegido e reforçado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e pelas constituições de vários países democráticos, porém esse assunto será melhor debatido nos próximos tópicos.
2.3 O CONTRAPONTO ENTRE O TRABALHO X DIREITO
Na história é preciso compreender que os direitos civis só foram efetivados porque a luta pelos direitos sociais desencadeava a necessidade de uma coletividade. Que pode ser:
Acesso ao mercado de trabalho;
Acesso a condições mínimas de saúde e educação, entre outras;
Reforma agrária.
Todas essas necessidades representam um avanço à questão de acesso que dificulta essa lógica, já que todos têm direitos, porém nem todos conseguem acessar, isso reflete nas expressões da questão social.
Os registros históricos identificam que na Grécia a população teve a oportunidade de participar pela primeira vez do processo de discussão e decisão na esfera pública. Essa situação pode ser identificada como um sinônimo da expressão do início da democracia, ideia que reforça a questão de cidadania e direitos humanos.
Esse processo de participação na Grécia ocorria a partir das assembleias que discutiam sobre assuntos de interesse geral da coletividade. Ou seja, este foi o eixo da cidadania enquanto processo de participação, e mais tarde passa a ser interpretado como uma conquista de direitos.
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Porém, esse processo era incompleto e seletivo, pois os escravos, as mulheres e os estrangeiros eram excluídos e ignorados, portanto, impedidos de exercer sua cidadania.
Essa repercussão deu origem ao movimento de jusnaturalismo, que significa o início da doutrina dos direitos do homem, a qual compreendia esse processo como natural.
Na visão de Teixeira (2012, p. 24), esse processo pode ser entendido da seguinte maneira:
O Direito Natural clássico dos gregos compreende uma concepção essencialista ou substancialista do Direito Natural: a natureza contém em si a sua própria lei, fonte da ordem, em que se processam os movimentos dos corpos, ou em que se articulam os seus elementos constitutivos essenciais. A ordem da natureza é permanente, constante e imutável.
Ou seja, para eles esse processo era ocasionado por forças superiores: imutáveis, estáveis e permanentes, sendo de maneira natural, a qual desconsiderava a vontade humana.
Este processo representou um avanço para a população, a qual vinha de um método feudal em que não se tinha direito a nada. Nesse período a terra era a única fonte de sobrevivência e riqueza.
O controle das propriedades estava de maneira exclusiva na mão dos nobres, os quais disponibilizam suas terras para serem cultivadas, desde que a eles fosse passado um terço da produção, o restante era utilizado para subsistência e para as trocas realizadas entre os próprios camponeses.
Outra questão que precisa ser considerada é que, além de disponibilizarem um terço da produção aos nobres, os camponeses também eram obrigados a trabalhar gratuitamente nas terras dos nobres durante pelo menos três dias por semana e manter em dia suas obrigações com os tributos do rei e com as responsabilidades com a igreja. Ou seja, os camponeses representavam ganhos, já que sua mão de obra era explorada continuamente.
2.3.1 Compreendendo a mudança de concepção com a transição do feudalismo para o capitalismo
A fase de transição entre o sistema econômico feudal, o feudalismo, para o sistema econômico capitalista, o capitalismo, teve seu início no século XIV. Na qual não houve ruptura, pois esse processo foi lento e gradual, de maneira mais intensa no campo e mais superficial no início das áreas urbanas.
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Na visão de Faria (2016), o feudalismo é um sistema econômico, político e social fundamentado na propriedade sobre a terra. Esta terra pertence ao senhor feudal, que cede uma porção dessa terra ao vassalo em troca de serviços, ocasionando uma relação de dependência. Feudalismo foi um modo de organização social, político e cultural baseado no regime de servidão, onde o trabalhador rural era o servo do grande proprietário de terras, o senhor feudal. O feudalismo predominou na Europa durante toda a Idade Média, entre os séculos V e XV.
FIGURA 7 – PIRÂMIDE SOCIAL DA ÉPOCA
FONTE: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/marcelolillyanmontes/idade- media-38072345>. Acesso em: 4 maio 2016.
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Essa transição do feudalismo para o capitalismo deu origem a várias correntes filosóficas, bem como potencializou a questão do egocentrismo e do individualismo, pois o poder continua centrado nas mãos de poucas pessoas.
Não há consenso sobre a definição exata do capitalismo, nem como o termo deve ser utilizado como categoria analítica. O problema de se definir o capitalismo é apontado, por exemplo, por Gian Enrico Rusconi no Dicionário de Política:
Na cultura corrente, ao termo capitalismo se atribuem conotações e conteúdos frequentemente muito diferentes, reconduzíveis todavia a duas grandes acepções. Uma primeira acepção restrita de capitalismo designa uma forma particular, historicamente específica, de agir econômico, ou um modo de produção em sentido estrito, ou subsistema econômico [...] Uma segunda acepção de capitalismo, ao invés, atinge a sociedade no seu todo como formação social, historicamente qualificada, de forma determinante, pelo seu modo de produção (apud BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 1998, p. 141).
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Alguns autores veem a origem do capitalismo em uma certa tendência natural do ser humano para estabelecer relações de troca, permuta e, consequentemente, o comércio. As relações de troca existem desde os tempos mais remotos, sendo o capitalismo o “estágio mais elevado” do progresso da humanidade, representando o amadurecimento

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