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4 2 Relações étnico-raciais, ensino de História e Culturas Afro-brasileira, Africana e Indígena

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1. Em 2003, uma antiga reivindicação dos movimentos negros se concretizou com a obrigatoriedade do ensino de história e culturas afro-brasileira e africana nas instituições de ensino públicas e privadas de todo o país, a partir da promulgação da Lei Federal nº 10.639/2003. É possível afirmar que essa Lei:
A. Propõe a obrigatoriedade do ensino da cultura africana nos estabelecimentos de Ensinos Fundamental e Médio da rede pública de ensino. Nos demais estabelecimentos, como os privados, a lei permanece de maneira opcional.
A Lei nº 10.639/2003 convida a todos a percorrer a memória das lutas sociais e assumir novos desafios relativos à educação em todos os níveis de ensino.
B. Institui a obrigatoriedade da história e do ensino das culturas africana e afro-brasileira em todos os estabelecimentos de ensino, públicos e privados, no intuito de mostrar as diferentes experiências de tais povos que participaram (e participam) da formação de nossa sociedade.
A lei consiste num marco histórico na legislação brasileira e numa conquista dos movimentos sociais. A ideia é justamente a valorização das diversas experiências culturais africanas e afro-brasileiras na formação social do Brasil.
C. Institui a obrigatoriedade do ensino da história e das culturas africana e afro-brasileira especificamente para a disciplina de História, uma vez que os temas perpassam exclusivamente tal disciplina.
A lei institui que o ensino da história e das cultura africana e afro-brasileira deve perpassar todas as disciplinas escolares, em especial as de História, Literatura e Arte.
D. Institui a obrigatoriedade do ensino da história e das culturas africana e afro-brasileira apenas na disciplina de Artes, por entender que somente ela propicia uma abertura para o trabalho nessa perspectiva.
A lei compreende que em todas as disciplinas é possível abordar temáticas das culturas africana e afro-brasileira. Desse modo, os professores podem realizar diferentes projetos que compreendam pelo menos uma parte de tais temáticas.
E. Institui, de maneira opcional, o ensino da história e das culturas africana e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino.
A lei consiste num marco justamente por reconhecer e valorizar a luta dos diferentes povos na formação da nação brasileira.
2. Tanto a Lei nº 10.639/2003 quanto a Lei nº 11.645/2008 (na sua atualização, na qual as mesmas orientações foram destinadas às temáticas indígenas) podem ser consideradas políticas públicas educacionais de ação afirmativa por terem a seguinte finalidade: 
A. Promover a reparação, o reconhecimento e a valorização de diferentes grupos que foram subjugados por meio, dentre outras medidas, da discriminação, da exclusão ou da marginalização da história desses povos.
Ambas as leis reforçam a necessidade de se considerar a diversidade cultural existente no Brasil. É urgente que se compreenda que a formação cultural da sociedade brasileira é fruto da presença das diferentes matrizes étnico-raciais e que se pode encontrar um pouco de cada um desses elementos culturais em nosso cotidiano.
B. Promover, exclusivamente, a reparação desses grupos que foram discriminados historicamente na sociedade brasileira. As políticas afirmativas educacionais servem apenas para garantir o ensino da cultura e da história desses povos nas escolas.
As políticas públicas de ação afirmativa têm objetivos maiores que perpassam desde a promoção do reconhecimento e a valorização da história dos diferentes grupos até como estes atuam no sentido de angariar verbas destinadas à pesquisa, à saúde e à educação.
C. Promover apenas o reconhecimento da história e das culturas africana, afro-brasileira e indígena, porque não há mais nada que se possa fazer com o passado.
Ambas as leis, marcos históricos na história da legislação brasileira, demarcam a necessidade de se combater uma educação desenvolvida apenas nos moldes eurocêntricos.
D. Prescrever metodologias de ensino e formas de lidar com a cultura dos diferentes povos que formaram a sociedade brasileira.
Ambas as leis instituem os parâmetros necessários para o empreendimento de um ensino que considere a cultura e a experiência dos povos africanos e indígenas. Elas não estabelecem, em nenhum momento, metodologias ou práticas de ensino.
E. Estabelecer apenas um conjunto de reflexões sobre a história da trajetória dos povos africanos e indígenas no Brasil. Questões como metodologias, reconhecimento, igualdade, valorização da cultura cabem estritamente às escolas da Educação Básica.
Ambas as leis estabelecem profundas reflexões sobre a trajetória dos diferentes povos na formação cultural brasileira, porém, não acaba por aí. A lei institui os parâmetros para que as escolas possam desenvolver projetos e formas de ensino que valorizem a diferença e as múltiplas experiências culturais desses povos.
3. A educação para as relações étnico-raciais tem por alvo a formação de cidadãos, mulheres e homens empenhados em promover condições de igualdade no exercício de direitos sociais, políticos, econômicos, de ser, viver, pensar, próprios aos diferentes pertencimentos étnico-raciais e sociais. De maneira mais específica, pode-se dizer que:
A. A educação para as relações étnico-raciais está direcionada apenas para as instituições de Ensino Fundamental, pois entende-se que, impondo às crianças os valores de outros povos, certamente elas irão respeitá-los no futuro.
A educação para as relações étnico-raciais prevê a promoção e a valorização das diferentes culturas que estão presentes na sociedade brasileira e propõe modos de ensino que procurem o reconhecimento da importância da aprendizagem de temáticas étnico-culturais.
B. A educação para as relações étnico-raciais constitui apenas uma formalidade em cumprimento às exigências das Leis ns. 10.693/2003 e 11.645/2008.
A educação para as relações étnico-raciais é extremamente relevante, porque propõe sempre uma articulação entre ensino, aprendizagem e diversidade, que envolve as múltiplas relações étnico-raciais.
C. Na educação para as relações étnico-raciais, cada professor é livre para trabalhar qualquer temática africana e/ou indígena, desde que realize pelo menos uma atividade no ano letivo.
Não há uma obrigatoriedade quanto ao número de atividades, tampouco quanto a quando as atividades devem ser desenvolvidas. A questão é que o professor deve ter parâmetros sólidos no empreendimento das atividades, reconhecendo a importância desse trabalho para si e para os seus alunos.
D. A educação para as relações étnico-raciais prevê apenas abordagens de cunho cultural.
A educação para as relações étnico-raciais deve pautar-se também pelo fortalecimento de identidades e direitos, além de ações de combate ao racismo e às discriminações.
E. A educação para as relações étnico-raciais deve ocorrer em todos os âmbitos educacionais. Além disso, deve promover metodologias que auxiliem no desenvolvimento da cidadania, no reconhecimento e na valorização das diferentes experiências históricas e culturais que formam a sociedade brasileira.
Pensar as relações étnico-raciais no âmbito da educação é ter a certeza de que o ensino consiste num instrumento poderoso na promoção da valorização da diversidade, da cidadania, do respeito e da igualdade, independentemente das origens ou das crenças.
4. A escravidão africana foi uma significativa experiência histórica desenvolvida ao longo do Brasil colonial. Nesse sentido, pode-se dizer que os africanos foram essenciais para a economia brasileira desse período porque:
A. Consistiam numa escravidão diferente daquela que ocorria em outras regiões colônias, por exemplo, nas Antilhas. No Brasil, os africanos recebiam salários pelos seus trabalhos, porém, não eram considerados cidadãos.
Ao analisar aspectos históricos da escravidão africana no Brasil, é possível perceber que o modo de trabalho foi predominantemente compulsório.A educação para as relações étnico-raciais
B. Consistiam na principal mão de obra que os senhores de engenho dispunham para a produção extremamente lucrativa do açúcar. Devidoa isso, o tráfico de escravos acentuou-se no Brasil colônia.
Os africanos eram considerados as mãos e os pés dos senhores de engenho, e, sem eles, não seria possível o empreedimento lucrativo do açúcar.
C. Consistiam numa mão de obra secundária, porque os indígenas eram os verdadeiros responsáveis pelo corte e pelo refino do açúcar. 
Os aspectos históricos da escravidão africana demonstram que os africanos foram essenciais para o tipo específico da produção açucareira, a qual demandava grande esforço físico.
D. Por meio deles, o açúcar pôde ser comercializado em importantes países da Europa, como Holanda, Bélgica e Espanha.
A produção do açúcar brasileiro, em parceria com os holandeses, foi uma atividade extremamente lucrativa, sendo esse produto muito comercializado na Europa. Tal circulação era negociada diretamente entre senhores de engenho, portugueses e holandeses, na Europa.
E. Empenharam-se, junto com os indígenas, a partir de uma relação pacífica e politizada, no desenvolvimento e no crescimento dos engenhos de açúcar, obtendo, desse modo, uma pequena parte do lucro total da produção.
Durante a história do Brasil colonial, é possível perceber que tanto indígenas quanto africanos viveram situações de exclusão social e desenvolveram o trabalho compulsório.
5. A manutenção da identidade de um grupo está relacionada com o cultivo de aspectos culturais. Desse modo, pode-se afirmar que uma(algumas) das formas de manutenção do construto de uma etnia é(são):
A. A gravação digital de costumes para que possam ser preservados para a posterioridade.
A gravação digital capta apenas a materialidade produzida pelos diferentes grupos. Porém, o que se preserva para a posterioridade são justamente as tradições culturais dos diferentes povos.
B. O tombamento do local de origem de uma etnia.
O tombamento está relacionado ao patrimônio histórico, e uma etnia consiste na identidade de um determinado grupo que deve ser preservada além dos elementos materiais.
C. Os costumes e as tradições, como comemorações que evocam as memórias coletivas ou reforçam mitos que constituem o arcabouço interpretativo do grupo.
Como estudado nesta unidade, a etnia consiste justamente num conjunto de elementos culturais que reforçam a identidade dos diferentes povos.
D. A popularização e a comercialização das características culturais e dos símbolos de uma etnia. Isso pode ser observado no comércio de produtos artesanais específicos de uma etnia, como as bonecas Karajás.
O artesanato constitui um aspecto da representação de uma determinada cultura. Todavia, a preservação da etnia perpassa a necessidade de manter vivas diferes manifestações culturais na sociedade.
E. A identidade de um grupo étnico diz respeito apenas à cor da pele.
A identidade de um grupo étnico é composta justamente pelas tradições, pelos valores, pelos costumes, pela língua, pela culinárias, pelas formas de pensamento, dentre outras

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