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AULA 6 ÉTICA, DIREITOS HUMANOS E DIREITOS DA CIDANANIA Profª Juliana Bertholdi 2 TEMA 1 – POVO NEGRO E QUILOMBOLA Na aula anterior, trabalhamos a importância do reconhecimento e do estudo dos grupos minoritários para a realização efetiva dos direitos humanos e dos direitos da cidadania. Na presente aula, seguiremos os estudos de grupos minoritários e as principais legislações e políticas públicas que os envolvem, caminhando para a finalização do conteúdo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os brasileiros pretos ou pardos representam 54% da população do país. Não obstante, os mesmos dados do IBGE demostram que ainda é grande a desigualdade entre pretos e brancos: três em cada quatro pessoas das 10% mais pobres do país são negras. Em 2015, eles correspondiam a 76% daqueles com renda média de R$130,00 per capita na família (Brasil, 2018, online1). No ano de 2017, a publicação do Atlas da Violência, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), trouxe mais uma informação preocupante para essa parcela da população: de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. Para historiadores e especialistas, esses números podem ser justificados por um fato: a escravidão (Brasil, 2018, online2). Não obstante inexistam registros precisos dos primeiros escravos negros que chegaram ao Brasil, há um consenso de que o povo negro sofreu aproximados 3 séculos de escravidão, sendo a tese mais aceita a de que, no ano de 1538, Jorge Lopes Bixorda, arrendatário de pau-brasil, teria traficado os primeiros escravos africanos para a Bahia. Os negros escravizados tornaram-se a principal mão de obra, inicialmente nas plantações e engenhos, e, mais tarde, nas vilas, cidades, minas e fazendas de gado. Para além disso, o escravo tratava-se de verdadeira riqueza, uma valorosa propriedade que podia ser vendida, alugada, doada e leiloada, símbolo de poder e prestígio. Entre os anos de 1701 e 1810, atingiu-se o apogeu do tráfico escravocrata, quando 1.891.400 africanos foram desembarcados nos portos coloniais. O período foi marcado por inomináveis atrocidades, que remontam desde a privação de alimentação adequada até cruéis torturas empregadas. 1 Informações disponíveis em: <http://www.brasil.gov.br/consciencianegra/noticias/negros-ainda- lutam-para-superar-consequencias-da-escravidao>. Acesso em: 14 abr. 2019. 2 Idem. 3 O caminho para a abolição foi percorrido a duras penas, após longa pressão internacional: a. 1850 – Promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que acabou definitivamente com o tráfico negreiro intercontinental. Com isso, caiu a oferta de escravos, já que eles não podiam mais ser trazidos da África para o Brasil. b. 1865 – Cresciam as pressões internacionais sobre o Brasil, única nação americana a manter a escravidão. c. 1871 – Promulgação da Lei Rio Branco, mais conhecida como Lei do Ventre Livre, que estabeleceu a liberdade para os filhos de escravas nascidos depois desta data. Os senhores passaram a enfrentar o problema do progressivo envelhecimento da população escrava, que não poderia mais ser renovada. d. 1872 – O Recenseamento Geral do Império, primeiro censo demográfico do Brasil, mostrou que os escravos, um dia maioria, agora constituíam apenas 15% do total da população brasileira. O Brasil contou uma população de 9.930.478 pessoas, sendo 1.510.806 escravos e 8.419.672 homens livres. e. 1880 – O declínio da escravidão se acentuou nos anos 80, quando aumentou o número de alforrias (documentos que concediam a liberdade aos negros), ao lado das fugas em massa e das revoltas dos escravos, desorganizando a produção nas fazendas. f. 1885 – Assinatura da Lei Saraiva-Cotegipe ou, popularmente, a Lei dos Sexagenários, pela Princesa Isabel, tornando livres os escravos com mais de 60 anos. g. 1885-1888 – O movimento abolicionista ganhou grande impulso nas áreas cafeeiras, nas quais se concentravam quase dois terços da população escrava do Império. h. 13 de maio de 1888 – assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel3. Após a abolição, seguiram-se ainda décadas de escravidão clandestina e o inegável racismo institucionalizado. Ambas situações deploráveis seguem objetos de combate por parte do governo. 3 Informações disponíveis em <https://www.faecpr.edu.br/site/portal_afro_brasileira/3_IV.php>. Acesso em: 14 abr. 2019. 4 1.1 Movimento negro Os Movimentos Negros se consolidam no Brasil na década de 1970, durante a Ditadura Militar, relacionando o resgate da cultura africana com as reivindicações periféricas. No ano de 1978, o Movimento Negro Unificado (MNU) lançou seu manifesto, com o seguinte conteúdo: [...] como princípio básico o trabalho de denúncia permanente de todos os atos de discriminação racial, a organização constante da comunidade para enfrentar qualquer tipo de racismo […]. Por essa razão, propomos a criação de centros de luta do movimento negro unificado contra a discriminação racial nos bairros, nas cidades, nas prisões, nos terreiros de candomblé, em nossos terreiros de umbanda, no trabalho, nas escolas de samba, nas igrejas, em todos os lugares onde as pessoas vivem: Centros de Luta que promovam o debate, a informação, a conscientização e a organização da comunidade negra […]. Convidamos os setores democráticos da sociedade que nos apoiam a criarem as condições necessárias para uma verdadeira democracia racial. O MNU e outros movimentos e organizações negras tiveram papel fundamental durante a Constituinte de 1988, especialmente por meio da realização de uma convenção nacional em 1986, cuja resolução propõe normas a serem inseridas na nova Constituição, tratando de “direitos e garantias individuais, violência policial, condições de vida e saúde, direitos da mulher e do menor, educação, cultura, trabalho, questão da terra e relações internacionais”. A articulação conseguiu, junto a outros movimentos sociais, a formação de Subcomissão dos Negros, Populações Indígenas, Pessoas Deficientes e Minorias. Neste sentido: As principais conquistas inseridas na Constituição foram a definição de igualdade, a proibição de qualquer discriminação racial e o direito ao território. O conceito de remanescentes de quilombos foi introduzido na Constituição de 1988 (hoje, o Movimento Quilombola não aceita esta denominação, preferindo descendentes dos quilombos). A Constituição Federal determina o direito ao território por parte daquelas comunidades que se autorreconheçam como quilombolas e comprovem as Comunidades Quilombolas (Conaq). O Decreto 4.887/2003 regulamentou os procedimentos de identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades quilombolas. Esse processo está mais atrasado que o dos indígenas e sofrerá igualmente as consequências da PEC 215, se aprovada. Atualmente, apenas 253 comunidades quilombolas contam com o título de propriedade de seu território, número que representa apenas 8% da totalidade estimada de três mil comunidades no Brasil (Levino, 2017). Desta feita, há de se ressaltar também o Movimento Quilombola, que luta pelo território e pelo Movimento Negro, bem como por políticas de inclusão social, a exemplo das cotas para negros nas universidades e a implementação do Estatuto da Igualdade Racial. 5 1.2 Legislação e políticas públicas para realização dos Direitos Humanos da população negra Nosso país tem legislação consolidada e é signatário de diversos tratados internacionais relativos a direitos individuais e coletivos do povo negro. Não obstante, assim como no caso da população indígena, resta uma série de deficiênciaspara cumprir a legislação, sendo o racismo um dos principais obstáculos no que concerne à efetivação dos Direitos Humanos em nosso país. Assim, passaremos a discutir as principais leis e políticas públicas voltadas à garantia dos Direitos Humanos e Direitos da Cidadania da população negra, buscando sempre uma visão crítica. a. Estatuto de Igualdade Racial (Lei 12.288/2010): em seu artigo 1.º, a lei determina que o Estado brasileiro deve “garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.” Assim, a legislação tem por escopo tratar dos Direitos Fundamentais da população negra em áreas como Saúde; Educação, Cultura, Esporte e Lazer; Liberdade de Consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos; Acesso à terra e à moradia adequada; Trabalho e Meios de Comunicação. b. Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir): cunhado para implementar o conjunto de políticas e serviços públicos destinados a superar as desigualdades étnicas no país. Além de implementar ações afirmativas, o Sinapir criou Ouvidorias Permanentes, garantindo acesso à Justiça e à Segurança. c. Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial: o Estatuto da Igualdade Racial determinou a criação da Ouvidoria Nacional para receber denúncias de discriminação racial e racismo e conduzir aos órgãos responsáveis, bem como para acolher sugestões e críticas da sociedade para garantir o cumprimento dos direitos dos cidadãos. A Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial pode ser acessada por diversos meios, disponíveis no website envolvendo o sistema de denúncias do Disque 100. 1.3 Crime de Racismo e Injúria Racial 6 Dois são os delitos envolvendo diretamente atitudes racistas, sendo fundamental para denunciar conhecer a diferença entre ambos, que têm conceitos e responsabilidades penais próprias. A diferença entre esses crimes está explicada detalhadamente no Portal da Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial, que se replica parcialmente abaixo: a. Racismo: a CF/88, em seu art. 5.º, inciso XLII, avalia a prática do racismo como “crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão”. O praticante do racismo, da Lei n. 7716/1989, age com o intuito de menosprezar, inferiorizar, de forma genética, determinado grupo étnico, raça ou cor. Não há um destinatário específico. b. Injúria Racial: a legislação penal contempla o crime de injúria racial em seu parágrafo 3.º do art. 140 como forma de preencher as lacunas deixadas pela Constituição Federal. A injúria consiste em ofender a dignidade e o decoro de determinada pessoa, imputando-lhe qualidade negativa. O parágrafo 3.º do art. 140 do Código Penal traz o delito de injúria em sua forma qualificada. Desta feita, a diferença entre racismo e injúria qualificada pelo preconceito de cor está, sobretudo, no elemento subjetivo do agente, que, no primeiro caso, age sem um destinatário específico e, no segundo caso, age para ofender a dignidade e o decoro de determinada pessoa. TEMA 2 – AS MULHERES: VIOLÊNCIAS SIMBÓLICAS E FÍSICAS Maioria numérica no Brasil, atingindo quase quatro milhões de excedentes em 2010, (Alves, 2017, p.22), as mulheres vêm adquirindo, gradativamente, maior relevância social e econômica, representando, atualmente, 43% do mercado de trabalho formal e constituindo a maioria em setores essenciais, como saúde e serviços sociais (73,3%), educação (66,6%) e alimentação (57,6%)4. Em 2010, 38,7% dos 57,3 milhões de domicílios registrados no IBGE já eram comandados por mulheres5 (Bertholdi, 2018). A expressiva representatividade da mulher, no entanto, não vem sendo traduzida em direitos: as mulheres brasileiras seguem dentre as mais violentadas 4 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Síntese de Indicadores Sociais, 2016. [online]. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=9>. Acesso em: 14 abr. 2019. 5 Idem. 7 do mundo. Somos o 5.º lugar em número de feminicídios6, possuímos baixíssima representatividade política e seguimos recebendo salários em média 30% menores que o dos homens7. É evidente, portanto, que as mulheres representam grupo que merece uma maior tutela do Poder Público, constituindo incontestável minoria. 2.1 Legislação Há uma série de legislações e dispositivos esparsos que visam a proteção da mulher, sendo impossível esgotá-los neste tópico. Dentre estes mecanismos, destacaremos uma variedade neste tópico, bem como a Lei Maria da Penha e a Lei de Cotas Eleitorais, em tópico apartado. Na seara trabalhista, são amplas as normas jurídicas de proteção à mulher em respeito à proibição de discriminação, proteção à gestação e também à amamentação no ambiente de trabalho, estabelecidos, sobretudo, nos artigos 389 e seguintes da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). No âmbito penal, há crimes mais severamente punidos quando praticados contra a mulher, em que se destaca o feminicídio (art. 121, IV, CP) e os aumentos de pena envolvendo delitos praticados em contexto de violência doméstica. No âmbito eleitoral, destacam-se as recentes disposições legais e os posicionamentos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no sentido de buscar a isonomia de gênero nas eleições. 2.2 Lei Maria da Penha Segundo dados coletados pelo Datafolha, uma em cada três mulheres brasileiras já sofreu violência doméstica. Só de agressões físicas, o número é alarmante: 606 mulheres brasileiras vítimas a cada hora8, sendo 164 estupros por dia. Os dados, divulgados em agosto de 2018, mostram que 22% das brasileiras sofreram ofensa verbal no ano de 2017, um total de 12 milhões de 6 Fernanda Matsuda, socióloga e advogada que integrou o grupo responsável pela pesquisa A violência doméstica fatal: o problema do feminicídio íntimo no Brasil (Cejus/FGV, 2014). 7 Dados do IBGE disponíveis em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/04/11/desigualdade-salarial-homem-mulher- ibge.htm>. Acesso em: 14 abr. 2019. 8 Dados disponíveis em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/brasil-registra-606- casos-de-violencia-domestica-e-164-estupros-por-dia.shtml>. Acesso em: 14 abr. 2019. 8 mulheres. Além disso, 10% das mulheres sofreram ameaça de violência física, 8% sofreram ofensa sexual, 4% receberam ameaça com faca ou arma de fogo. E, ainda: 3% ou 1,4 milhões de mulheres sofreram espancamento ou tentativa de estrangulamento e 1% levou pelo menos um tiro. A pesquisa mostrou que, entre as mulheres que sofreram violência, 52% se calaram. Apenas 11% procuraram uma delegacia da mulher e 13% preferiram o auxílio da família. Por sua vez, o agressor, na maior parte das vezes, é um conhecido (61% dos casos). Em 19% das vezes, eram companheiros atuais das vítimas e em 16%, eram ex-companheiros. As agressões mais graves ocorreram dentro da casa das vítimas, em 43% dos casos, ante 39% nas ruas. A Lei Maria da Penha é o caso clássico de resposta Estatal no âmbito dos Direitos Humanos após pressão internacional: o caso n. 12.051/OEA, de Maria da Penha Maia Fernandes, julgado na Corte Interamericana de Direitos Humanos, deu origem à lei n. 11.340/2013, lei que leva o nome da vítima e ativista. Neste sentido, o website do Instituto Maria da Penha bem resume os caminhos traçados9: Maria da Penha conheceu Marco Antonio Heredia Viveros, colombiano, quando estava cursando o mestrado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo em 1974. À época, ele fazia os seus estudos de pós-graduação em Economia na mesma instituição. Naquele ano, eles começaram a namorar, e Marco Antonio demonstravaser muito amável, educado e solidário com todos à sua volta. O casamento aconteceu em 1976. Após o nascimento da primeira filha e da finalização do mestrado de Maria da Penha, eles se mudaram para Fortaleza, onde nasceram as outras duas filhas do casal. Foi a partir desse momento que essa história mudou. As agressões começaram a acontecer quando ele conseguiu a cidadania brasileira e se estabilizou profissional e economicamente. Agia sempre com intolerância, exaltava-se com facilidade e tinha comportamentos explosivos não só com a esposa mas também com as próprias filhas. [...] No ano de 1983, Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte de Marco Antonio Heredia Viveros. Primeiro, ele deu um tiro em suas costas enquanto ela dormia. Como resultado dessa agressão, Maria da Penha ficou paraplégica devido a lesões irreversíveis na terceira e quarta vértebras torácicas, laceração na dura-máter e destruição de um terço da medula à esquerda – constam-se ainda outras complicações físicas e traumas psicológicos. [...] A próxima violência que Maria da Penha sofreu, após o crime cometido contra ela, foi por parte do Poder Judiciário:o primeiro julgamento de Marco Antonio aconteceu somente em 1991, ou seja, oito anos após o 9 Dados disponíveis em: <http://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da- penha.html>. Acesso em: 14 abr. 2019. 9 crime. O agressor foi sentenciado a 15 anos de prisão, mas, devido a recursos solicitados pela defesa, saiu do fórum em liberdade. Mesmo fragilizada, Maria da Penha continuou a lutar por justiça, e foi nesse momento em que escreveu o livro Sobrevivi... posso contar (publicado em 1994 e reeditado em 2010) com o relato de sua história e os andamentos do processo contra Marco Antonio. O segundo julgamento só foi realizado em 1996, no qual o seu ex-marido foi condenado a 10 anos e 6 meses de prisão. Contudo, sob a alegação de irregularidades processuais por parte dos advogados de defesa, mais uma vez a sentença não foi cumprida. 1998 O ano de 1998 foi muito importante para o caso, que ganhou uma dimensão internacional. Maria da Penha, o Centro para a Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) denunciaram o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA). Mesmo diante de um litígio internacional, o qual trazia uma questão grave de violação de direitos humanos e deveres protegidos por documentos que o próprio Estado assinou (Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica; Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem; Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher – Convenção de Belém do Pará; Convenção sobre a Eliminação do Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher), o Estado brasileiro permaneceu omisso e não se pronunciou em nenhum momento durante o processo. 2001 Então, em 2001 e após receber quatro ofícios da CIDH/OEA (1998 a 2001) − silenciando diante das denúncias −, o Estado foi responsabilizado por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica praticada contra as mulheres brasileiras. [...] Diante da falta de medidas legais e ações efetivas, como acesso à justiça, proteção e garantia de direitos humanos a essas vítimas, em 2002 foi formado um Consórcio de ONGs Feministas para a elaboração de uma lei de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher: Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA); Advocacia Cidadã pelos Direitos Humanos (ADVOCACI); Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento (AGENDE); Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (CEPIA); Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM/BR); e Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero (THEMIS), além de feministas e juristas com especialidade no tema. Após muitos debates com o Legislativo, o Executivo e a sociedade, o Projeto de Lei n. 4.559/2004 da Câmara dos Deputados chegou ao Senado Federal (Projeto de Lei de Câmara n. 37/2006) e foi aprovado por unanimidade em ambas as Casas. Assim, em 7 de agosto de 2006, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei n. 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha. No entanto, apesar de a LMP ser compreendida como “um dos mais empolgantes e interessantes exemplos de amadurecimento democrático no Brasil”, a pesquisa demonstrou que a efetividade da lei não ocorreu de forma homogênea no país, devido aos “diferentes graus de institucionalização dos 10 serviços protetivos às vítimas de violência doméstica”10, sendo que o Brasil segue o país que mais mata mulheres no mundo. 2.3 Representatividade política Com desempenho medíocre, o percentual brasileiro de participação feminina na política é bem abaixo da média mundial, que é de quase 23%, e da média para as Américas, que é de quase 28%. Com muito esforço, atingimos 11% de participação no Parlamento brasileiro. Assim, também não surpreende que o primeiro banheiro feminino do Senado brasileiro destinado às parlamentares tenha sido inaugurado apenas em janeiro do ano de 2016 (Alegretti, 2017). Nitidamente, os dados percentuais apresentados traduzem desproporção que demonstra o quanto a pretensa democracia nacional nega às mulheres participação mínima nas tomadas de decisões inerentes ao processo político nas verdadeiras democracias representativas11, em contradição aos próprios fundamentos democráticos e determinações constitucionais. Ao tratar da representatividade política feminina no Brasil, Clara Araújo aponta que: [...] a desigual participação feminina nos espaços políticos, particularmente aqueles que exigem representação, está assentada em razões históricas, relacionadas com o processo de exclusão das mulheres como sujeitos políticos de direitos no momento em que o político era institucionalizado na esfera pública”. A autora ainda vai além ao analisar que “o background histórico marcou a inserção das mulheres no mundo político (Araújo, 2001). De fato, histórica e mundialmente, a representatividade política feminina está bastante aquém do desejável. Não por outra razão, organismos internacionais vêm se engajando na divulgação de dados e relatórios sobre o assunto, defendendo, inclusive, a instituição de cotas de gênero para garantir que as mulheres venham a constituir, pelo menos, “minorias críticas”, que constituíram de 30% a 40% dos Parlamentos nacionais (Dahlerup, 2017). Atualmente, estima-se que metade dos países se utilizem de algum tipo de quota eleitoral de gênero12, justamente com o escopo de 10 Idem. 11 Ao tratar do tema, Vergo e Schuck apontam que a proposta de democracia paritária surge como marco estratégico ao combate do monopólio masculino no exercício do poder em todas as esferas de tomadas de decisões. In: VERGO, T. M. Woelffel; SCHUCK, E. de O. A representação política das mulheres enquanto desafio à qualidade da democracia. V Congresso Uruguaio de Ciência Política. Outubro de 2014, p. 3-4. 12 Idem. 11 realização implementação progressiva de políticas de igualdade proposta por Diamond e Morlino ao tratar da qualidade da democracia. Como já anotamos anteriormente: O Brasil não é exceção a essa regra. No país, a legislação aprovada para melhorar as oportunidades das mulheres de ingressarem na vida política vigora desde 1995, ano em que entrou em vigor a Lei nº 9.100/95, determinado que ao menos 20% das vagas de cada partido ou coligação fossem preenchidas por um dos gêneros. A Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições) elevou o percentual mínimo de cada gênero para 25%, sendo novamente elevado a 30% nas eleições posteriores, percentagem mantida atualmente. Em adição,no ano de 2009 a reforma eleitoral introduzida pela lei 12.034 instituiu novas disposições na Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9096/1995) de forma a privilegiar a promoção e difusão da participação feminina na política ao determinar que os recursos do fundo partidário sejam aplicados na criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres em ao menos 5% do total repassado. As medidas, no entanto, não vem impactando como se esperava: há de se questionar a qualidade e eficácia dos métodos e legislações atualmente aplicados, vez que as cotas adotadas no sistema brasileiro, como bem anotado por Raquel Preto13 “chamam para o baile, mas não nos tiram para dançar” (informação verbal), permitindo falhas graves que impedem a real participação feminina na democracia e o alcance de uma “maior igualdade”(Sartori, 2017, p. 205). (Bertholdi, 2018, online) Tal fato fica nítido dos bancos de dado da Justiça Eleitoral: apesar de as cotas estarem em vigor desde 199514, adquirindo o formato atual em 201015, as evoluções vêm sendo bastante tímidas: de 5% de cadeiras no Parlamento Brasileiro em 1990, passamos para 9,9% em 2016. TEMA 3 – IMIGRANTES E REFUGIADOS Conforme informações e dados da Agência das Organizações das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), o ano de 2017 teve o maior número de pedidos de refúgio no Brasil, totalizando 33.866 pessoas que solicitaram o reconhecimento da condição de refugiado nesse ano: 13 Anotação da Advogada Raquel Preto na VI Conferência Estadual da Advocacia Paranaense, em agosto de 2017. 14 A Lei n. 9.100/1995 prescrevia a exigência do registro de no mínimo 20% de candidaturas femininas por cada partido ou coligação, inaugurando a política de cotas no Brasil. 15Conforme decidido pelo TSE nas eleições de 2010, o § 3º do art. 10 da Lei n. 9.504/1997, na redação dada pela Lei nº 12.034/2009, estabelece a observância obrigatória dos percentuais mínimo e máximo de cada sexo, o que é aferido de acordo com o número de candidatos efetivamente registrados. Conteúdo disponível em: <http://temasselecionados.tse.jus.br/temas- selecionados/registro-de-candidato/reserva-de-vaga-por-sexo>. Acesso em: 14 abr. 2019. 12 a. Venezuelanos representam mais da metade dos pedidos realizados, com 17.865 solicitações; b. Cubanos – 2.373 solicitações; c. Haitianos – 2.362 solicitações; d. Angolanos – 2.036 solicitações. No que concerne à imigração, o IBGE calcula que o Brasil deve chegar, em 2022, com cerca de 79 mil imigrantes venezuelanos. Esta população é internacionalmente reconhecida como grupo altamente vulnerável. Após a Segunda Guerra Mundial e com a instauração do sistema das Nações Unidas, criou-se um Estatuto para Refugiados, que, em 1951, limitava-se a proteger refugiados europeus, mas em 1967 passou a integrar a todos. Tal Convenção deu início ao Direito Internacional hodierno, que incluiu instituições para migrados e refugiados, separando as categorias em relação a motivação (Aveni; Mello; Gonçalves, 2017, p.4). O Art. 1 da convenção de 1951 estabelece que é refugiado: [...] toda a pessoa que, em razão de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer fazer uso da proteção desse país ou, não tendo uma nacionalidade e estando fora do país em que residia como resultado daqueles eventos, não pode ou, em razão daqueles temores, não quer regressar ao mesmo. Assim, mais uma vez, vemos a reafirmação da já estudada universalidade dos direitos humanos, contemplando, portanto, migrantes e refugiados. O Brasil aderiu à Convenção dos Refugiados de 1951 em 1960, bem como posteriormente ao Protocolo de 1967, tomando o conceito ampliado de refugiado estabelecido na Declaração de Cartagena de 1984, que considera a “violação generalizada de direitos humanos” como uma das causas de reconhecimento da condição de refugiado. No processo de redemocratização, foi estabelecido na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 1.º, que o Brasil tem, como fundamentos da República, a cidadania e a dignidade da pessoa humana, razão pela qual entende-se como abarcada a integral proteção aos refugiados. O Brasil foi, ainda, pioneiro na América Latina ao elaborar uma lei específica sobre refugiados, a Lei n. 9.474 de 1997. A chamada Lei de Refúgio estabelece padrões para avaliação das razões de requerimento de refúgio considerando as condições políticas do país de origem do refugiado. 13 3.1 Atualidades Os dados mais recentes foram divulgados pelo Ministério da Justiça na 3ª edição do relatório Refúgio em Números. Atualmente, os sírios representam 35% da população de refugiados com registro ativo no Brasil, sendo que, do total, 52% moram em São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná. Além da Lei n. 9.474 de 1997, uma série de outras políticas públicas vem demonstrando a preocupação estatal com a dignidade humana dos refugiados. Cita-se como exemplo o vestibular promovido exclusivamente para os migrantes com visto humanitário e refugiados que desejam cursar graduação na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo informações do sítio da universidade, para se inscrever no vestibular, o candidato precisa apresentar documentos comprobatórios da conclusão de Ensino Médio e da condição de migrante com visto humanitário ou refugiado, tais como cópia da solicitação de refúgio no Ministério da Justiça ou na Polícia Federal ou atestado reconhecido pelo Comitê Nacional de Refugiados (Conare), do Ministério das Relações Exteriores. Os aprovados devem fazer o curso de Acolhimento Linguístico e Acadêmico, organizado pelo Projeto Português Brasileiro para Migração Humanitária (PBMIH). TEMA 4 – POPULAÇÃO LGBT No ano de 2017, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) foram mortos em crimes motivados por homofobia, representando uma vítima a cada 19 horas. Tais dados foram levantados pela organização não governamental “Grupo Gay da Bahia” (GGB), que aponta ter registrado o maior número de casos de morte relacionados à homofobia desde que o monitoramento anual começou a ser elaborado pela entidade, há 38 anos16. Os dados de 2017 representam um aumento de 30% em relação a 2016, quando foram registrados 343 casos. Assim, a população Lésbica, Gay, Bissexual, Transexual e Travesti (LGBT), diante do contexto social sexista, machista, lesbofóbico, homofóbico, bifóbico e transfóbico que ainda persiste em todo mundo – e especialmente no Brasil – 16 Levantamento aponta recorde de mortes por homofobia no Brasil em 2017. Publicado em 18/01/2018 - 18:46. Por Jonas Valente – Repórter Agência Brasil Brasília. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-01/levantamento-aponta-recorde- de-mortes-por-homofobia-no-brasil-em>. Acesso em: 14 abr. 2019. 14 enfrenta grandes desafios na realização de seus direitos mais básicos e no acesso às políticas públicas, fatos que acabam por limitar o exercício da cidadania. Quando o primeiro desafio é sobreviver, realizar torna-se ainda mais dificultoso. 4.1 Legislação internacional A Declaração Universal dos Humanos traz, em seu bojo, uma série de dispositivos que podem e devem ser interpretados em favor da liberdade sexual, assim como os Princípios de Yogyakarta, que enfatizam a promoção e proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais universalmente reconhecidos e sua incorporação pelos países signatários vincula o Estado ao seu cumprimento. 4.2 Legislação nacional Diferentemente das demais minorarias abordadas, a população LGBT encontra-se à margem da legislação nacional,não havendo leis federais que assegurem, de forma direta, os direitos dessa população. Muito embora se observe a existência de normas e planos de governo em âmbito estadual para proteção desta população, a criação de uma lei protetiva para esta categoria, que seria de competência do âmbito Federal, jamais foi editada. Foram editados planos nacionais, dentre os quais destacamos o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais de 2009. Ao final do mesmo ano, com o objetivo de efetivar os compromissos adotados, criou-se a Coordenação dos Direitos Humanos da Presidência da República e, em dezembro de 2010, por meio do Decreto n. 7388, o Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de LGBT. Ainda, em dezembro de 2009, foi lançado o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), que emerge com determinações acerca dos direitos humanos e liberdades individuais. Inegáveis os avanços em assegurar o direito de união estável e casamento dessa população, bem como o direito à adoção, em razão de decisões judiciais, referendadas por normativas do Conselho Nacional de Justiça. Anota-se, no entanto, a ausência de previsão de maior proteção na esfera criminal, sendo os crimes cometidos contra a categoria LGBT julgados da mesma 15 forma que quaisquer outros, sem prerrogativas processuais penais ou agravamentos de pena. 4.3 Planos de Políticas Públicas – o exemplo do Estado do Paraná Em sua introdução, o Plano de Políticas Públicas, voltado ao atendimento da População LGBT do Paraná, afirma-se como consequência de longo processo de luta dos movimentos sociais LGBT, por meio da sociedade civil organizada. O Plano foi cunhado tendo em vista as demandas da comunidade LGBT do Paraná apontadas nas I e II Conferências Estaduais LGBT e tendo como norte o já mencionado Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), o Programa Nacional Brasil sem Homofobia. Orientado pelos princípios da igualdade, respeito à diversidade, equidade, laicidade estatal, universalidade das políticas públicas, justiça social, transparência dos atos públicos, participação popular e controle social, o programa visa a garantia dos direitos de todas e todos à justiça, educação, saúde, segurança pública, previdência e assistência social. TEMA 5 – CONCLUSÃO: A ÉTICA, OS DIREITOS HUMANOS E OS DIREITOS DA CIDADANIA COMO INSTRUMENTOS DEMOCRÁTICOS Durante a presente disciplina, buscamos cumprir o desafio de investigar a interação entre a ética, os direitos humanos e os direitos da cidadania. Procuramos entender por que e como garantir o acesso de todos aos Direitos assegurados pela Constituição Federal, incluindo as minorias éticas e sociais. Procuramos, igualmente, demonstrar a importância de se construir uma cidadania eticamente comprometida com a realidade e a transformação social. Buscamos desenhar uma Política de Direitos Humanos com base na ética e na participação cidadã, que garanta aos indivíduos a condição de ser, no plano econômico, um cidadão sadio; no plano político, um cidadão participante; no plano intelectual, um cidadão consciente das relações de poder; no plano da ética, um cidadão comprometido com a realidade social. Flavia Piovesan (2009, p. 189) comenta as motivações que levam à necessidade de organização e ação pública no sentido de promover o acesso aos direitos humanos fundamentais: 16 Enquanto a igualdade pressupõe formas de inclusão social, a discriminação implica a violenta exclusão e intolerância à diferença e diversidade. O que se percebe é que a proibição da exclusão, em si mesma, não resulta automaticamente na inclusão.” E, logo a seguir, complementa: “… para garantir e assegurar a igualdade não basta apenas proibir a discriminação mediante legislação repressiva. São essenciais as estratégias promocionais capazes de estimular a inserção e inclusão desses grupos socialmente vulneráveis nos espaços sociais. Sobre a exclusão, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos (2008, p. 280-281) explica o funcionamento engenhoso que a promove e sustenta: Se a desigualdade é um fenômeno sócio-econômico, a exclusão é sobretudo um fenômeno cultural e social, um fenômeno de civilização. Trata-se de um processo histórico através do qual uma cultura, por via de um discurso de verdade, cria o interdito e o rejeita. Estabelece um limite para além do qual só há transgressão, um lugar que atira para outro lugar, a heterotopia, todos os grupos sociais que são atingidos pelo interdito social, sejam eles a delinquência, a orientação sexual, a loucura, ou o crime. Através das ciências humanas, transformadas em disciplinas, cria-se um enorme dispositivo de normalização que, como tal, é simultaneamente qualificador e desqualificador. Assim, apontamos como a igualdade é o cerne da realização dos direitos humanos e a mola propulsora da realização dos direitos da cidadania, destacando a importância de garantias aos chamados grupos vulneráveis/minoritários, abordando as principais legislações e políticas públicas que possuem tal objetivo. Leitura obrigatória AVENI, A.; MELLO, A. S. de; GONÇALVES, E. S. Vulnerabilidade dos imigrados e refugiados no Brasil. Disponível em: <http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao2/article/view/1013/9 03>. Acesso em: 14 abr. 2019. MACHADO, M. de T. A proteção constitucional de crianças e adolescentes e os direitos humanos. 2002. 414 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2002. 17 REFERÊNCIAS ALVES, J. E. D. et al. Meio século de feminismo e o empoderamento das mulheres no contexto das transformações sociodemográficas do Brasil. In: BLAY, E. A.; AVELAR, L. (orgs.). 50 Anos de Feminismo: Argentina, Brasil e Chile: a construção das mulheres como atores políticos e democráticos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Fapesp, 2017. p. 22. ARAUJO, C. Construindo novas estratégias, buscando novos espaços políticos – as mulheres e as demandas por presença. In: MURARO, R. M.; PUPPIN, A. B. (orgs.). Mulher, Gênero e Sociedade. Rio de Janeiro: Relume Dumará; FAPERJ, 2001. BULOS, U. L. Constituição Federal anotada. São Paulo: Saraiva, 2002. DAHLERUP, D. About Quotas. Quota Project. Disponível em: <http://www.quotaproject.org/aboutQuotas.cfm>. Acesso em: 14 abr. 019. KARPSTEIN, C. Representatividade feminina na política e nas cadeias de comando: a meritocracia e o preconceito – Meritocracia pura e simples só pode ser aplicada se partirmos de uma igualdade de base. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/justicaedireito/artigos/representati vidade-feminina-na-politica-enascadeiasdecomandoameritocraciaeopreconceito- 53h8jn34e47v46uv058javwo4/>. Acesso em: 16 abr. 2019. MORAES, A. de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2002. PIOVESAN, F. Temas de direitos humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 415 p. SANTOS, B. de S. A construção intercultural da igualdade e da diferença. In: _____. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 2. ed. São Paulo: Ed. Cortez. 2008, p. 279-316. SARTORI, G. O que é Democracia? Coletânea da Democracia. Curitiba: Atuação, 2017. p. 205.
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