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2 - Efeito analgésico deHypericum perforatum,

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Artigo original Braz J Oral Sci.
Janeiro | Março de 2015 - Volume 14, Número 1
Efeito analgésico deHypericum perforatum, 
Valeriana officinalisePiper methysticumpara
dor orofacial
Luciana Cristina Nowacki1, Paulo Roberto Worfel1, Paulo Francisco Arant Martins2,
Rosane Sampaio dos Santos2, José Stechman-Neto2, Wesley Maurício de Souza2,3
1Universidade Tuiuti do Paraná – UTP, Faculdade de Odontologia, Departamento de Farmacologia, Curitiba, PR, Brasil
2Universidade Tuiuti do Paraná – UTP, Faculdade de Odontologia, Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação, Curitiba, PR, Brasil
3Universidade Federal do Paraná – UFPR, Faculdade de Farmácia, Departamento de Análises Clínicas, Curitiba, PR, Brasil
Abstrato
Mirar: Avaliarna Vivoa associação de hypericum (Hypericum perforatum), valeriana (valeriana 
officinalis) e cava (Piper methysticum) com analgesia, avaliando seus efeitos na redução da dor 
orofacial, bem como as possíveis alterações hepáticas, hematológicas e bioquímicas induzidas pela 
administração regular desses extratos.Métodos: A dor orofacial foi induzida em camundongos com a 
administração de formol a 2,5% no lábio superior. Após 60 min, os animais foram tratados com soro 
fisiológico, carbamazepina e extratos vegetais hidroalcoólicos. A intensidade nociceptiva foi 
determinada pelo tempo em que o animal permaneceu esfregando a área injetada. Para avaliar o 
efeito hepatotóxico, camundongos foram tratados cronicamente por 25 dias com solução salina, 
carbamazepina e extrato hidroalcoólico. Os animais foram sacrificados e o fígado pesado, seguido de 
contagem diferencial de leucócitos e dosagem de alanina transaminase e fosfatase alcalina.
Resultados: A avaliação da atividade analgésica na fase 1 reduziu o tempo de fricção em relação ao 
controle em 86% (0,05 mL/10 g) e 76% (0,10 mL/10 g). Na fase 2, os extratos reduziram o tempo de 
fricção em 94% e 85%, respectivamente. Na avaliação da fosfatase alcalina, os grupos tratados com 
extratos nas doses de 0,05 mL/10 g e 0,1 mL/10 g aumentaram 16,1% e 9,5% em relação ao grupo 
controle e redução de 8,5% e 9,1% na avaliação de alanina transaminase, respectivamente. Foi 
demonstrado que nas contagens diferenciais houve aumento de eosinófilos no grupo tratado com 
0,05 mL/10 g.Conclusões: O uso do extrato hidroalcoólico das plantas associadas reduziu a dor 
orofacial induzida pela formalina com melhores resultados que a carbamazepina, tanto no nível do 
condutor neural da dor (fase 1) quanto na dor inflamatória ou tardia (fase 2) sem apresentar 
hepatotoxicidade. A eosinofilia observada é sugestiva de um fenômeno denominado hormese.
Palavras-chave: distúrbios da articulação temporomandibular; dor facial; hipericum; valeriana; kava.
Introdução
Recebido para publicação:12 de janeiro de 2015
Aceitaram:17 de março de 2015
A dor orofacial é o campo da odontologia dedicado ao diagnóstico e 
tratamento da dor facial crônica e complexa e distúrbios oromotores.1-2. Pode ser 
definida como dor localizada na região acima do pescoço, na frente das orelhas e 
abaixo da linha orbitomeatal, assim como dor na cavidade oral3, e é amplamente 
prevalente na comunidade. A dor orofacial, como a dor em outras partes do corpo, 
geralmente é resultado de dano tecidual e ativação de nociceptores, que transmitem 
um estímulo nocivo ao cérebro. No entanto, devido às ricas inervações da cabeça,
Correspondência para:
Wesley Maurício de Souza
Campus Prof. Sydnei Lima Santos (Barigui)
Rua Sydnei A. Rangel Santos, 238 
CEP: 82010-330 – Curitiba, PR, Brasil
Fone: +55 41 96868656 E-
mail: wesley.souza@utp.br
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Efeito analgésico deHypericum perforatum, Valeriana officinalisePiper methysticumpara dor orofacial 61
face e estruturas orais, as entidades de dor orofacial são muitas vezes 
muito complexas e podem ser difíceis de diagnosticar4.
Pacientes com dor orofacial procuram uma variedade de 
médicos, incluindo cefaleias, dentistas, cirurgiões maxilofaciais, 
otorrinolaringologistas, neurologistas, clínicas de dor crônica, 
psiquiatras e profissionais de saúde relacionados, como 
fisioterapeutas e psicólogos5-6. A dor orofacial está associada a 
morbidade significativa e altos níveis de uso de cuidados de saúde
6. Devido à grande variedade de condições, muitas classes 
sintéticas diferentes de drogas são usadas7.
Atualmente, profissionais e programas oficiais em todo o mundo têm 
orientado o uso de plantas medicinais para o tratamento de diversas 
doenças comuns8. O Brasil possui um número muito grande de espécies de 
plantas nativas consideradas medicinais, mas muitas não possuem 
nenhuma avaliação científica de seu potencial medicinal, o que é 
fundamental para ser utilizado com segurança pela população9.
A busca por novos fármacos tem sido consistentemente uma 
alternativa eficaz e segura na redução da dor neuropática e da 
inflamação crônica. Kava (Pyper methysticum), hipericão (
Hypericum perforatum) e valeriana (valeriana officinalis) 
compostas principalmente por cavalactonas, hipericina e ácido 
valérico, respectivamente, são descritas na literatura como 
plantas que apresentam diversas propriedades terapêuticas como 
antidepressivas e antiinflamatórias10. No entanto, eles podem 
prejudicar significativamente o corpo quando consumidos 
cronicamente e em uso associado a outras plantas.11. Os 
profissionais de saúde prescrevem esses extratos de plantas em 
doses baixas para pacientes com disfunção temporomandibular 
com melhoras significativas na dor crônica. Existem muitos 
estudos mostrando os efeitos terapêuticos dessas três plantas 
separadamente10, mas há poucos estudos sobre a associação 
deles em tratamentos relacionados à dor e à inflamação.
O objetivo deste estudo foi avaliarna Vivoa associação de 
hypericum (Hypericum perforatum), valeriana (valeriana officinalis
) e cava (Piper methysticum) com analgesia, avaliando seus efeitos 
na redução da dor orofacial, bem como as possíveis alterações 
hepáticas, hematológicas e bioquímicas induzidas pela 
administração regular desses extratos.
de Imunobiologia (CPPI) em Piraquara, PR, Brasil, onde 
foram mantidos em sala com temperatura controlada 
(21±2 °C), com ciclos claro/escuro de 12 horas cada, e com 
livre acesso a comida e água. Os experimentos foram 
realizados com a aprovação do comitê para o uso de 
animais em experimentos da Universidade Tuiuti do 
Paraná sob o protocolo número 008/10P/CEUA/UTP e de 
acordo com a resolução CNS 196/96 e orientações do 
comitê de controle e supervisão em experimentos com 
animais (publicação NIH No. 86-23, 1985).
Teste de dor orofacial induzida por formalina
O teste de dor orofacial consistiu no tratamento de todos os 
grupos com formol a 2,5% (20 µL) no lábio superior utilizando uma 
seringa hipodérmica de Hamilton. Este volume e concentração 
percentual de formalina foram obtidos a partir de estudos piloto que 
mostraram uma resposta comportamental bifásica relacionada à dor 
(esfregação facial) de maior intensidade nos períodos de 0-5 min 
(primeira fase) e 15-30 min (segunda fase). A intensidade nociceptiva 
foi determinada para cada período contando o tempo (em s) que o 
animal esfregou a área injetada com as patas traseiras e/ou 
dianteiras, indicativo de dor12.
Para avaliar o efeito analgésico da mistura vegetal, grupos 
de camundongos (n=10) foram tratados por via oral 60 min antes 
da administração de formalina com: i) solução salina (0,1 mL/10 
g); ii) carbamazepina (Medley Pharmaceuticals; 4 mg/kg), e iii) a 
mistura de extrato hidroalcoólico deHypericum perforatum, 
valeriana officinalisePyper methysticumem doses de 0,05
- 0,1 mL/10 g. As doses foram escolhidas por estudos anteriores 
relatados na literatura para plantas em geral13-15.
Estudo de hepatotoxicidade
Para avaliar o efeito hepatotóxico da combinação de plantas, 
os gruposde camundongos (n=10) foram tratados por via oral por 
25 dias consecutivos usando, respectivamente: i) soro fisiológico 
(0,1 mL/10 g), ii) carbamazepina (4 mg/kg) e iii ) o extrato 
hidroalcoólico da combinação vegetal deHypericum perforatum, 
valeriana officinalis, ePyper methysticumem doses de 0,05
- 0,1 mL/10 g. no dia 26ºNo dia seguinte, os animais foram 
sacrificados com inalação de éter, supervisionados por um 
veterinário, seu sangue coletado com EDTA e seus fígados 
removidos e pesados. Esfregaços de sangue total foram 
realizados em lâminas e corados pelo método May Grunwald-
Giemsa para contagem diferencial de leucócitos. Posteriormente, 
o sangue total foi centrifugado por 10 min a 2.500 rpm para 
separar o plasma e armazenado em tubos Eppendorf a 2-8 °C até 
o uso. Os níveis séricos das enzimas hepáticas alanina 
transaminase (ALT) e fosfatase alcalina (ALP) foram avaliados em 
um espectrofotômetro semiautomático (TP Analyzer Plus®, 
Thermoplate, China) usando kits LabTest e validação com 
amostras de controle (Qualitrol Company LLC, Fairport , NY, EUA).
material e métodos
Extrair preparação
Extratos alcoólicos devaleriana officinalis10% (equivalente a 0,8% 
de ácido valérico),Hypericum perforatum10% (equivalente a 0,27-0,33 
mg de hipericina) ePiper methysticum10% (equivalente a 22,5 mg de 
kavalactonas). Os corantes foram disponibilizados comercialmente na 
cidade de Colombo, PR, Brasil, juntamente com o rótulo do produto e 
a certificação técnica. Os extratos alcoólicos foram misturados na 
proporção de 3:1:0,5, respectivamente, e evaporados em estufa com 
circulação de ar até completa secura e ressuspensos em água 
destilada estéril na concentração de 100 mg/mL. Após a esterilização 
por um 0,22µm filtro de tamanho de poro, as alíquotas foram 
armazenadas a -20°C.
Análise estatística
animais As análises estatísticas foram realizadas usando os 
pacotes estatísticos JMP (versão 8.0; SAS Institute Inc., Cary, 
NC, EUA) e SigmaStat (versão 3.5; Systat Software Inc., Erkrath,
Os experimentos foram realizados em camundongos albinos 
suíços machos (30-40 g), obtidos do Centro de Produção e Pesquisa
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Alemanha). Os resultados foram expressos como média±erro 
padrão da média (SEM) e foi utilizada ANOVA seguida do teste 
de Bonferroni, sendo a diferença estatística considerada 
p<0,05, p<0,01 ou p<0,001.
pode ser justificada pela diferença de peso entre os grupos 
de animais, variando de 38,1±2,76 para o grupo tratado 
com carbamazepina a 32,1±2,64 para o grupo tratado com 
dose de 0,05 mL/10g (Figura 2D).
A contagem de neutrófilos para o grupo controle tratado com solução salina apresentou 
valores de 17,92±0,99%, o grupo tratado com carbamazepina apresentou aumento de 1,67%, e 
os valores nos grupos tratados com extratos nas doses de 0,05 mL/10 g e 0,1 mL/ 10 g tiveram 
redução de 18,90% e 9,49%, respectivamente. Na contagem de eosinófilos, o grupo controle 
apresentou valores de 1,1±0,49%, o grupo tratado com carbamazepina teve valores 9,09% 
menores e o grupo tratado com extrato vegetal na dose de 0,05 mL/10 g apresentou valores 
aumentados em 172, 7%, enquanto o grupo tratado com a dosagem de 0,1 mL/10 g diminuiu 
27,27%. Na contagem de monócitos, o grupo controle teve valores de 1,7±0,7%, o grupo tratado 
com carbamazepina apresentou aumento de 58,82%, e os valores dos grupos tratados com 0,05 
mL/10 g e 0,1 mL/10 g apresentaram reduções de 23,52 % e 17,64%, respectivamente. Na 
contagem de linfócitos, o grupo controle apresentou valores de 79,20±1,22%, o grupo tratado 
com carbamazepina diminuiu esses valores em 1,38%, e os grupos tratados com os extratos 
apresentaram valores 2,52% e 2,27% maiores, respectivamente, para as dosagens de 0,05 mL/
10 g e 0,1 mL/10 g. Os resultados deste estudo mostraram que os neutrófilos, monócitos e 
linfócitos permaneceram em níveis normais em diferentes grupos celulares sem diferença 
significativa, mas houve um aumento de eosinófilos no grupo tratado com dose de 0,05 mL/10 g 
de extrato apresentando um efeito estatisticamente diferença significativa (p<0,05) (Tabela 1). 
para as dosagens de 0,05 mL/10 ge 0,1 mL/10 g. Os resultados deste estudo mostraram que os 
neutrófilos, monócitos e linfócitos permaneceram em níveis normais em diferentes grupos 
celulares sem diferença significativa, mas houve um aumento de eosinófilos no grupo tratado 
com dose de 0,05 mL/10 g de extrato apresentando um efeito estatisticamente diferença 
significativa (p<0,05) (Tabela 1). para as dosagens de 0,05 mL/10 ge 0,1 mL/10 g. Os resultados 
deste estudo mostraram que os neutrófilos, monócitos e linfócitos permaneceram em níveis 
normais em diferentes grupos celulares sem diferença significativa, mas houve um aumento de 
eosinófilos no grupo tratado com dose de 0,05 mL/10 g de extrato apresentando um efeito 
estatisticamente diferença significativa (p<0,05) (Tabela 1).
Resultados
No teste labial da formalina para determinar a atividade 
analgésica do extrato, os dados obtidos mostram que o grupo 
controle apresentou tempo de fricção na fase 1 de 44±7 s e na 
fase 2 de 57±17 s. Na fase 1, a carbamazepina reduziu o 
tempo de fricção em 55% em relação ao grupo controle e os 
extratos nas doses 0,05 mL/10 g e 0,1 mL/10 g reduziram o 
tempo de fricção em 86% e 76%, respectivamente, quando 
administrados 1 h antes da formalina. Na fase 2 do teste labial 
da formalina, a carbamazepina reduziu o tempo de fricção em 
60% e os extratos nas doses de 0,05 mL/10 g ou 0,1 mL/10 g 
em 94% e 85%, respectivamente (Figura 1).
Discussão
Figura 1.Efeito do extrato hidroalcoólico da planta na resposta de fricção facial 
relacionada à dor orofacial induzida por formalina em camundongos. Salina (SAL – mL/
10 g), carbamazepina (CARBA – g/Kg) ou extrato hidroalcoólico foi administrado por via 
oral 1 h antes da injeção de formalina 2,5% (20 µL) na almofada de vibrissa. (I) Fase 1 
(0-5 min) e (II) fase 2 (15-30 min) após a injeção de formalina. Cada valor representa a 
média±SEM de 10 animais. *p<0,01, **p<0,001 em relação ao controle (ANOVA seguida 
do teste de Bonferroni).
O teste da formalina orofacial em camundongos é um 
modelo pré-clínico útil de dor inflamatória trigeminal para avaliar 
a atividade antinociceptiva de analgésicos e suas combinações. A 
injeção de formalina no lábio de camundongos induz resposta 
estereotipada (fricção), consistindo em duas fases distintas: uma 
primeira fase ''fásica'' e uma segunda fase ''tônica''16. A região 
orofacial é a área do corpo mais densamente inervada pelo nervo 
trigêmeo e concentra algumas das dores agudas mais comuns17. 
O teste é um modelo amplamente aceito de dor tônica na região 
correspondente, o que permite o estudo de aspectos 
comportamentais e neurofisiológicos dessa condição de dor18.
O presente estudo demonstrou que as plantas associadas 
utilizadas reduziram a dor orofacial induzida por formalina com 
melhores resultados do que a carbamazepina, uma droga usada 
para tratar a dor neuropática. A carbamazepina é um 
anticonvulsivante que inibe a despolarização sináptica na via de 
condução da dor e limita o disparo repetitivo de potenciais de 
ação evocados pela despolarização persistente, retardando a 
recuperação dos canais de sódio19-20e tem sido usado por sua 
eficácia em cerca de 60% a 80% dos pacientes21. Além disso, os 
resultados da avaliação dos marcadores hepáticos (ALT e ALP) não 
diferiram significativamente entre os tratamentos e a avaliação 
hematológica mostrou eosinofilia no grupo tratado com a menor 
dose (0,05 mL/10 g).
Os resultados da avaliação hepática mostraram que o 
uso crônico da combinação de plantas quando não 
apresentou hepatotoxicidade. Na avaliação da fosfatase 
alcalina (ALP) tratada com o grupo controle salina, os valores 
foram de 62,3±19,5 U/L. Esses valores diminuíram 3% no 
grupo tratado com carbamazepina e os grupos tratadoscom 
extratos nos volumes de 0,05 mL/10 g e 0,1 mL/10 g 
aumentaram os valores em 16,1% e 9,5%, respectivamente 
(Figura 2A). Na avaliação do grupo controle, os valores de ALT 
foram 60,31±10,55 U/L, o grupo tratado com carbamazepina 
diminuiu 12,25% e os grupos tratados com extratos 
diminuíram 8,5% e 9,1% (Figura 2B). Na avaliação dos pesos 
dos fígados, o grupo controle apresentou valores de 
1,83±0,16 g, o grupo tratado com carbamazepina apresentou 
aumento de 12,7% desses valores, e os grupos tratados com a 
combinação de plantas diminuíram 13,1% e 5,3% sem 
diferenças significativas (Figura 2C). Essas variações nos 
valores do peso do fígado sem diferenças estatísticas
Braz J Oral Sci.14(1):60-65
63 Efeito analgésico deHypericum perforatum, Valeriana officinalisePiper methysticumpara dor orofacial
Figura 2.Valores absolutos de fosfatase alcalina (A), alanina transaminase (B), peso do fígado (C) e peso do animal (D) em camundongos nos grupos controle (C – solução salina mL/
10g), carbamazepina (CARB – mg/kg) , e extratos nas doses de 0,05 mL/10 g e 0,1 mL/10 g após tratamento crônico por 25 dias (vo). Os resultados são expressos em média ± SEM 
(n=10). *p<0,05 em relação ao controle (ANOVA seguida do teste de Bonferroni).
Tabela 1. Valores de neutrófilos, eosinófilos, linfócitos e monócitos nos grupos 
tratados com salina, carbamazepina, extratos nas doses de 0,05 mL/10g e 0,1 mL/10g 
expressos em média±SEM (n=10). Teste ANOVA seguido do teste de Bonferroni 
(*p<0,05).
Neutrófilos (%) Eosinófilos (%) Linfócitos (%) Monócitos (%)
Salina
carbamazepina
0,05 ml/ 10 g
0,10 mL/10g
17,9±0,99
18,2±3,25
14,5±1,72
16,2±2,59
1,1±0,49
1,0±0,36
3,0±0,77*
0,8±0,37
79,2±1,22
78,1±3,19
81,2±2,04
81,0±2,84
1,7±0,70
2,7±0,53
1,3±0,42
1,4±0,45
Figura 3.Curva dose-resposta mostrando as características quantitativas da hormese
Braz J Oral Sci.14(1):60-65
Efeito analgésico deHypericum perforatum, Valeriana officinalisePiper methysticumpara dor orofacial 64
Existem poucos estudos envolvendo as três plantas que foram 
escolhidas para usar uma proporção para as plantas de 3:1:0,5, 
respectivamente, a fim de reduzir as toxicidades individuais e buscar 
um efeito analgésico sinérgico em camundongos. As proporções dos 
medicamentos utilizados representam cerca de 1/3 da dose 
terapêutica. Nesse sentido, para a analgesia induzida pelo teste da 
formalina no nervo trigêmeo, foram obtidos resultados significativos, 
pois a combinação da planta reduziu a dor direta da formalina no 
neurônio condutor da dor (trigêmeo), chamada de fase 1, e reduziu a 
dor inflamatória ou tardia, chamada fase 2, que é a liberação de 
produtos pró-inflamatórios como bradicinina, TNF e prostaglandinas22.
Estudos mostraram quePiper methysticum,valeriana 
officinaliseHypericum perforatumusados separadamente 
exibem propriedades antidepressivas, relaxantes musculares, 
anti-inflamatórias e sedativas10. O extrato alcoólico de kava 
inibe a ciclooxigenase 1 e 2. Além de ter uma variedade de 
efeitos no sistema nervoso central, incluindo propriedades 
ansiolíticas, sedativas, anticonvulsivantes, anestésicas locais, 
espasmolíticas e analgésicas, provavelmente por seus efeitos 
inibitórios do NF-kB, é um fator importante na atividade anti-
inflamatória da cascata de prostaglandinas23. Yao et ai.24
demonstraram o efeito analgésico da kava em contorções 
abdominais e testes de formalina em patas de ratos. Estudos 
recentes sugerem que a valeriana reduz o transporte de 
dopamina para dor crônica em ratos.valeriana officinalispossui 
propriedades ansiolíticas, antidepressivas e miorrelaxantes, 
fatores importantes em casos de insônia leve, dores orofaciais e 
disfunções temporomandibulares25. Os extratos alcoólico e 
metanólico dehipericumtêm efeitos analgésicos e anti-
inflamatórios em testes de formalina e contorções abdominais26.
Alterações hepáticas podem ocorrer devido a reações 
envolvendo o citocromo P45027-28. A lesão hepática pode ser 
hepatocelular, causando aumento sérico das enzimas alanina 
aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST), ou 
colestática, levando a aumento de bilirrubina, fosfatase alcalina 
(ALP) e gama-GT29. Estudos demonstraram que o uso crônico de 
valeriana causa toxicidade hepática, além de efeitos colaterais 
como dispepsia, reações alérgicas na pele, dor de cabeça e 
agitação30. Kava pode exacerbar o estado de pacientes com 
insuficiência hepática e hepatite naqueles com histórico de doença 
hepática recorrente. Há relatos de hepatite aguda com necrose 
hepatocelular grave, necessitando de transplante hepático em 
pacientes após ingestão de doses de extrato de kava consideradas 
terapêuticas. Em pacientes suscetíveis, alguns sintomas podem 
aparecer após um curto período de tempo. Avaliações de testes de 
função hepática indicam alterações nos resultados após 1-2 meses 
de uso, com sintomas de hepatomegalia e encefalopatia precoce10.
Hypericumtambém tem relatos de danos hepáticos em fetos de 
ratos cujas mães foram expostas à hipericina11. Apesar dos relatos 
de distúrbios hepáticos relacionados ao uso de hypericum, kava e 
valeriana em doses terapêuticas de 900 mg/Kg, 300 mg/Kg e 150 
mg/Kg, respectivamente29-30, os resultados obtidos mostraram que 
o uso de doses menores combinadas (1/3 das doses terapêuticas) 
não são prejudiciais considerando os parâmetros bioquímicos.
A eosinofilia no grupo tratado com a menor dose (0,05 
mL/10 g) pode ser explicada por um fenômeno denominado
hormesis. Este é um termo para respostas biológicas geralmente 
favoráveis a baixas exposições a estressores. Substâncias químicas 
como, por exemplo, kavalactonas, hipericina e ácido valérico, ou 
toxinas mostrando hormese, têm efeito oposto tanto em pequenas 
doses quanto em grandes doses, resultando em uma resposta à dose 
em forma de J ou em forma de U invertido (Figura 3). Um conceito 
relacionado é o Mitridatismo, que se refere à exposição voluntária a 
uma substância na tentativa de desenvolver imunidade contra ela.31. 
São apresentadas evidências que suportam a conclusão de que o 
modelo hormético dose-resposta é o mais comum e fundamental nas 
ciências biológicas e biomédicas, sendo altamente generalizado em 
modelo biológico, endpoint medido e classe química e agente físico. O 
modelo hormesis de resposta à dose é vigorosamente debatido32. Os 
mecanismos bioquímicos pelos quais a hormese funciona não são 
bem compreendidos. A conjectura é que baixas doses de estressores 
podem ativar os mecanismos de reparação do corpo. O processo de 
reparo corrige não apenas os danos causados pela substância 
química, mas também outros danos de baixo nível que possam ter se 
acumulado antes, sem acionar o mecanismo de reparo.
Kava (Piper methysticum), Hipericum (Hypericum perforatum
) e valeriana (valeriana officinalis) são descritas na literatura como 
plantas com diversas propriedades biológicas, mas que podem 
apresentar comprometimento hepático grave relacionado ao 
consumo crônico e em combinação com outras plantas. Em baixas 
doses, são prescritos por profissionais de saúde a pacientes com 
dor orofacial de origem nociceptiva, como dor de origem 
temporomandibular e dor neuropática bucofacial com melhora 
significativa nos níveis de dor crônica.
Em conclusão, este estudo é o primeiro a demonstrar que
po pré-tratamento de uma associação de hypericum (Hypericum 
perforatum), valeriana (valeriana officinalis) e cava (Piper methysticum) 
reduziu a resposta nociceptiva tanto na primeira quanto na segunda 
fase do teste da formalina orofacial. Além disso, não houve alterações 
nos marcadores hepáticos e contagem de glóbulos brancos, mas um 
eosinofílico na menor dose de extrato. Os autores acreditam que esta 
pesquisa contribui para o conhecimento da saúde na área de 
tratamento da dor orofacial ao fornecer dados para possível utilização 
dessas plantas como adjuvantes ou substitutos dos medicamentos 
atualmente utilizados devido aos seus comprovados poderes 
analgésicos e anti-inflamatórios.É importante mencionar que o 
presente estudo apresenta algumas limitações. Estudos envolvendo 
outros testes de atividade analgésica, estudos histopatológicos e 
marcadores pró-inflamatórios são necessários para entender os 
mecanismos envolvidos. Tomadas em conjunto, essas observações 
fornecerão uma visão para estudos futuros semelhantes.
Referências
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