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Fundamentos da Linguagem e do Cérebro

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25/03/2023, 18:55 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/14
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS E
METODOLOGIAS PARA
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
ORAL E ESCRITA
AULA 6
 
 
 
 
 
 
 
25/03/2023, 18:55 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/14
 
 
 
Prof. Gustavo Thayllon França Silva
CONVERSA INICIAL
Nesta etapa aprofundaremos um pouco mais as dificuldades e distúrbios da linguagem, bem
como a maneira com que nosso cérebro funciona nesse aspecto, com um olhar à luz da neurociência.
Nosso cérebro controla os impulsos que produzem nossa capacidade de pensar e de nos
expressar. O que acontece quando algum dos circuitos internos do cérebro é ou está alterado?
É importante lembrar que nosso cérebro é nosso centro de comando e possui diferentes áreas,
cada uma responsável por uma função. Algumas delas são responsáveis pela linguagem, fala,
compreensão, interpretação e parte motora da fala. Quando uma dessas áreas é comprometida,
temos o que chamamos de possíveis transtornos da fala, da comunicação ou até da linguagem.
Alguns transtornos podem não ser especificamente relacionados à fala ou à linguagem, mas irão
apresentar prejuízos nessas respectivas áreas, como por exemplo o transtorno do espectro autista.
Nesse aspecto, iremos entender um pouco dessas áreas cerebrais e como podemos nos apoiar
na psicolinguística e na neuropsicologia para compreender tais áreas e suas funções.
Vocês provavelmente devem estar se perguntando o motivo pelo qual precisamos estudar essas
áreas. A resposta é muito clara. Em muitos momentos nossos estudantes apresentaram certos
obstáculos na aprendizagem, portanto com o conhecimento com o qual iremos trabalhar aqui, além
de conseguirmos intervir de maneira pedagógica, conseguiremos um determinado discernimento
para compreender se se trata apenas de uma dificuldade pontual de aprendizagem ou de um
possível transtorno.
Nesta etapa estudaremos como funciona a capacidade linguística de nosso cérebro, as áreas
envolvidas e os possíveis transtornos ligados à linguagem que podem ocorrer. Além disso,
estudaremos um pouco o fenômeno do bilinguismo.
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https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/14
Assim, espero que quando você estiver em sala de aula e algum aluno apresentar sinais de que
necessita de atenção porque está passando por um desses processos você possa identificá-los e
alertar um profissional sobre a necessidade do aluno.
Bons estudos!
TEMA 1 – O CÉREBRO E A LINGUAGEM
Observe a imagem a seguir.
Figura 1 – Áreas do cérebro
Crédito: Elias Aleixo.
O cérebro está intrinsecamente ligado a desenvolvimento, utilização e perda da linguagem. A
neurociência corrobora esses aspectos. Você já percebeu que cada um de nós aprende de maneira
diferente? Você sabe o que é neurociência?
Lent (2018, p. 2) afirma, sobre que a neurociência pode ser definida como:
Conjunto de disciplinas que tratam do sistema nervoso, nasceu da busca das bases cerebrais da
mente humana — seja ela manifestada apenas mediante a encarnação cerebral de um espírito
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imaterial, como nas primeiras teorias, ou puro resultado do funcionamento do cérebro, segundo
teorias recentes.
Se pensarmos pelo viés da interdisciplinaridade, tivemos várias diferentes áreas, das quais a
neurologia é uma delas, nas quais houve grandes descobertas no campo da linguagem.
Em 1861, o médico francês Paul Broca descreveu o caso de um paciente que chamou de "Tan", pois
essa era a única palavra que ele falava. Quando Tan morreu, Broca examinou seu cérebro e
descobriu uma lesão na porção interior do córtex frontal esquerdo. Essa parte do cérebro passou a
ser chamada "Área de Broca". Em 1876 o neurologista alemão Carl Wernicke descobriu que a lesão
na porção posterior do lobo temporal do hemisfério cerebral esquerdo, a Área de Wernicke,
também causava problemas de linguagem. Os dois cientistas foram os primeiros a definir com
clareza áreas funcionais do cérebro. (PUC-Rio, 2020)
De uma maneira mais sintética, a área de Broca é responsável pela produção da fala em seus
aspectos motores e a área de Werneck está relacionada com o processo de compreensão da
linguagem. Todas as áreas do cérebro, direta ou indiretamente, estão relacionadas e em pleno
funcionamento graças ao sistema nervoso central (SNC).
O SNC é formado por encéfalo, cérebro, medula espinhal, cerebelo e tronco encefálico. Já o
sistema nervoso periférico (SNP) é formado por nervos cranianos, nervos raquidianos e terminações
nervosas que se estendem por todo o corpo e que são responsáveis, por exemplo, por fazer a
captação dos nossos periféricos.
TEMA 2 – BILINGUISMO
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Crédito: Aysezgicmeli/Shutterstock.
Você já ouviu o termo bilinguismo? Vamos buscar em um dicionário o significado dessa palavra.
De acordo com o Dicionário Oxford (Oxford Languages, 2022), bilinguismo é a “coexistência de dois
sistemas linguísticos diferentes (língua, dialeto, falar etc.) numa coletividade, us. alternativamente
pelos falantes segundo exigências do meio em que vivem, ou de situações específicas.” Ou ainda:
“uso concomitante de duas línguas por um falante, ou grupo, com igual fluência ou com a
proeminência de uma delas.”
Podemos então dizer que bilinguismo é a capacidade que um sujeito tem de dominar duas
línguas. Portanto um sujeito que fala a língua portuguesa e a língua brasileira de sinais, por exemplo,
é uma pessoa bilíngue, assim como um sujeito que possui competência linguística em inglês e
português. Quando mencionamos os aspectos relacionados às competências linguísticas, estamos
falando em ler, escrever, falar e ouvir em uma determinada língua.
Na contemporaneidade já podemos observar escolas no Brasil que trabalham nessa corrente do
bilinguismo e da educação bilíngue, isto é, desde crianças os estudantes são estimulados em duas
línguas: a materna, L1, e uma segunda língua, por exemplo o inglês, L2.
De acordo com Megale (2005, p. 3), para conceituar bilinguismo é necessário considerar algumas
questões, a saber:
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– a primeira é referente ao grau de proficiência, ou seja, o conhecimento do indivíduo sobre as
línguas em questão deve ser avaliado. Dessa forma, o conhecimento de tais línguas não precisa ser
equivalente em todos os níveis linguísticos. O indivíduo pode, por exemplo, apresentar vasto
vocabulário em uma das línguas, mas, nela apresentar pronúncia deficiente.
– a segunda questão proposta por Mackey destaca a função e o uso das línguas, isto é, as situações,
nas quais o indivíduo faz uso das duas línguas, também devem ser objeto de estudo ao conceituar
o bilinguismo.
– a terceira questão levantada diz respeito à alternância de código. Segundo Mackey deve ser
estudado como e com qual frequência e condições o indivíduo alterna de uma língua para outra.
– e, finalmente, deve também ser estudado, para classificação correta do bilinguismo, como uma
língua influencia a outra e como uma interfere na outra. Fenômeno este conhecido por
interferência.
Há outras características relativas ao sujeito bilíngue, considerando literaturas de acordo com a
proposta de Marcelino (2009, p. 4), que aponta aspectos relacionados a proficiência, identificação,
interesse, aptidão, entre outros, e que geram algumas classificações:
(i) bilíngues simultâneos – os que crescem em contato com duas línguas desde a primeira infância, e
que têm maior chance de se tornarem falantes nativos em duas línguas. Os contextos favoráveis ao
desenvolvimento deste bilíngue é exposição desde cedo em casa por um dos pais ou mesmo pelos
dois, e contextos em que a língua de instrução é a L2, mais comum em escolas internacionais, ou
mesmo como resultado de imigração. Outro fator importante a ser observado aqui é o período
crítico para desenvolvimento da linguagem.Parece haver idades ideais para tal desenvolvimento
(cf. Songbird, 1999), e acredito em um continuum de possibilidades, não em uma única idade
específica. Fatores como idade, tipo de exposição, identificação e valorização da língua são de
extrema importância nesse contexto.
(ii) bilíngues consecutivos – aqueles que aprendem a L2 em um contexto diferente de escola
bilíngue, possivelmente em institutos de idiomas, com aulas duas vezes por semana. Para este
aprendiz, a L2 é principalmente um objeto de estudo, e embora possa ser utilizado posteriormente
como ferramenta de obtenção de novos conhecimentos, não é a priori instrumento de obtenção de
conhecimento, conforme abordagem de ensino utilizada na escola. Há grandes variações na
proficiência deste indivíduo, podendo atingir uma ótima habilidade comunicativa nas quatro
habilidades ou ainda, no espírito de Macnamara (1967), em apenas uma ou outra.
(iii) bilíngues consecutivos de infância – o mais provável de surgir como resultado de educação
bilíngue no Brasil. Este aprendiz desenvolve a L2 em um contexto onde a língua é utilizada como
veículo de comunicação, forma de constituição e de obtenção de conhecimento. A língua (L2) não é
utilizada apenas como o objeto de estudo em si, mas passa a ser em grande parte, a língua de
instrução também. O contexto em que o aprendiz está inserido, no entanto, é constituído de
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brasileiros, e, portanto, menos favorável para o uso da L2 todo o tempo, especialmente em
momentos de interação entre as crianças e pré-adolescentes. Se os membros da comunidade
linguística “escola” utilizarem a língua para comunicação, a naturalidade e a cultura de se utilizar a
língua aumentam, bem como a exposição à língua pela criança/pré-adolescente, aumentando a
possibilidade de ganhos na aquisição. [grifos do original]
TEMA 3 – AFASIA
Crédito: studiolaut/Shutterstock.
Você já ouviu falar no termo afasia? Para conceituá-lo, vamos lançar mão do que nos diz o
Michaelis dicionário brasileiro da língua portuguesa (Afasia, 2022) e, na sequência, vamos dialogar
com base em algumas literaturas: “perda do poder de expressão pela fala, pela escrita, pela
linguagem gestual, ou da capacidade de compreensão da linguagem (escrita ou oralidade).” Ou
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ainda: “incapacidade, causada por lesão cerebral, de compreender linguagem falada, escrita ou
símbolos de linguagem tácteis”.
Podemos então perceber que as afasias geram incapacidade no processo da linguagem, isto é,
determinadas perdas ou dificuldades.
Em sua obra Sobre a concepção das afasias, Freud trouxe grandes contribuições para a área da
linguagem ao estudar as afasias. Caropreso e Carlos (2013, p. 13) afirmam que:
Em sua monografia sobre a concepção das afasias de 1891, Freud faz uma revisão das principais
hipóteses vigentes sobre os distúrbios afásicos e, a partir da recusa dos fundamentos
epistemológicos subjacentes a tais hipóteses, ele propõe uma concepção alternativa sobre o
funcionamento normal e a patologia da linguagem. A crítica de Freud dirige-se, principalmente, à
teoria de Carl Wernicke sobre as afasias e à teoria sobre o funcionamento do sistema nervoso de
Theodor Meynert, a qual fundamentava a anterior.
Fontanesi e Schmidt (2016) definem as afasias como uma condição devido a uma lesão no
cérebro, comumente no hemisfério esquerdo, cujas causas principais são oriundas de acidente
vascular cerebral (AVC). Ocorrem mais em pessoas idosas do que em jovens. Outros tipos de doenças
também podem causar afasias, como o traumatismo cranioencefálico (TCE) e as doenças
degenerativas ou metabólicas. No quadro a seguir são apresentadas as principais afasias e suas
caraterísticas sintomáticas.
Quadro 1 – Principais afasias e características sintomáticas
Afasia global
É a forma mais grave de perturbação da linguagem. Resulta de uma extensa lesão do hemisfério esquerdo
envolvendo a rede neuronal que suporta e trata toda a informação verbal. O discurso é não fluente,
podendo estar limitado a um estereótipo. Estes doentes possuem um acentuado defeito de compreensão
de material verbal.
Afasia de
Broca
Neste caso, o discurso dos doentes restringe-se praticamente ao uso de nomes e muitas vezes ao uso de
uma única palavra (existente ou não) e que se chama estereótipo (ex. tan). As ações são expressas através
de verbos no infinitivo e não existem quase nunca partículas de ligação (discurso telegráfico), o que leva
alguns autores a caracterizar esta afasia pelo seu agramatismo.
Afasia de
Wernicke
O quadro de afasia de Wernicke resulta de uma lesão nas partes posterior e superior da face externa do
lobo temporal do hemisfério esquerdo. Esta afasia caracteriza-se por uma grande perturbação da
compreensão auditiva havendo uma fluência discursiva normal.
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Afasia de
condução
O defeito saliente neste tipo de afasia centra-se na incapacidade para repetir palavras e frases,
independentemente de a compreensão auditiva ser relativamente boa. A linguagem expressiva oral é
fluente, embora os doentes com afasia de condução cometam numerosos erros fonológicos e substituam
palavras por outras que lhes sejam fonologicamente próximas. A nomeação, a leitura e a escrita encontram-
se geralmente alteradas.
Afasia
anômica
Neste quadro afásico, existe uma clara perturbação nos mecanismos de evocação. O doente substitui a
palavra por paráfrases explicativas, descrevendo, meronimicamente, as funções ou partes do objeto que
pretende nomear. O defeito principal nesta afasia reside na dificuldade de acesso aos nomes.
Afasia
transcortical
As afasias transcorticais (sensorial e motora) caracterizam-se pela preservação da repetição associada a um
defeito de compreensão auditiva, no caso da afasia sensorial, e pela existência de um discurso não fluente,
no caso da afasia motora. Se apresentar ambos os defeitos, será uma afasia mista.
Surdez verbal
pura
Trata-se de uma situação relativamente rara em que se verifica a incapacidade de descodificar
auditivamente a linguagem. O doente comporta-se como um surdo que não consegue compreender o que
ouve nem consegue produzir discurso normal e dar nomes aos objetos, não podendo naturalmente repetir.
Fonte: Mineiro et al., 2008, p.138-140.
TEMA 4 – DISLEXIA
Existem muitos mitos acerca da dislexia do desenvolvimento, por isso, neste momento, iremos
elucidar um pouco os pressupostos teóricos e técnicos desse transtorno. Na contemporaneidade,
muitas pessoas adultas se percebem com dificuldades nos aspectos de leitura e escrita de maneira
muito acentuada e essa condição se apresenta desde a tenra idade. Situações como essa fazem
emergir a necessidade de diagnóstico e intervenção precoces.
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Crédito: Evtushkova Olga/Shutterstock.
Geralmente, percebemos a sintomática logo no período escolar, tendo em vista que esses
sujeitos apresentam um desvio no que tange à aprendizagem da linguagem, bem como aos aspectos
relativos à decodificação e compreensão daquilo que está escrito e, ainda, dificuldades acentuadas
no ato da leitura.
Antes de definirmos estritamente o que é a dislexia, precisamos compreender o que acontece
com os transtornos de aprendizagem e seu curso. De acordo com Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2016,
p.108): “Nos transtornos da aprendizagem, os padrões normais de aquisição de habilidades estão
perturbados desde os estágios iniciais do desenvolvimento.”
Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2016, p.135) afirmam que a dislexia é um transtorno de “disfunções
psiconeurológicas associadas, tais como perturbações em orientação, tempo, linguagem escrita,
soletração, memória, percepção visual e auditiva, habilidades motoras e habilidades sensoriais
relacionadas.” Complementando essa concepção, a Associação Brasileirade Dislexia adotou a
seguinte conceituação para dislexia:
um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade
no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em
soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da
linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (ABD, 2022)
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Precisamos ainda compreender que os sujeitos acometidos por tal transtorno apresentam
inúmeras dificuldades quanto ao curso da aprendizagem e da escolarização. Rotta, Ohlweiler e
Riesgo (2016, p.142) afirmam que esses estudantes acabam realizando:
• Confusões de letras com sons semelhantes (b/p; d/t; g/j);
• Inversões de sílabas ou palavras (par/pra; lata/alta);
• Leitura e escrita, muitas vezes incompreensíveis;
• Confusões de letras com diferente orientação espacial (p/q; b/d); Substituições de palavras com
estrutura semelhante (contribuiu/construiu);
• Supressão ou adição de letras ou de sílabas (caalo/cavalo; berla/bela);
• Repetição de sílabas ou palavras (eu jogo jogo bola; bolo de chococolate);
• Fragmentação incorreta (querojo garbola/ quero jogar bola);
• Dificuldade para entender o texto lido.
Pensando em nosso contexto da aquisição, no processo de alfabetização e letramento,
precisamos compreender como se dá o curso do transtorno e ainda realizar intervenções
pedagógicas que deem conta de auxiliar na aprendizagem do estudante, entendendo suas
dificuldades e potencialidades e, se necessário, realizar o encaminhamento para profissionais
adequados, como fonoaudiólogos e psicopedagogos.
TEMA 5 – DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM
Nos aprofundaremos, agora, um pouco em uma condição que pode afetar os sujeitos, a que
damos o nome de distúrbios da linguagem ou transtornos da linguagem. O Manual diagnóstico e
estatísticos dos transtornos mentais, o DSM-5 (The Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders) apresenta alguns critérios para diagnóstico e as características que tal transtorno
apresenta. A seguir apresentamos tais critérios.
A. Dificuldades persistentes na aquisição e no uso da linguagem em suas diversas modalidades (i.e.,
falada, escrita, linguagem de sinais ou outra) devido a déficits na compreensão ou na produção,
inclusive:
1. Vocabulário reduzido (conhecimento e uso de palavras).
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2. Estrutura limitada de frases (capacidade de unir palavras e terminações de palavras de modo a
formar frases, com base nas regras gramaticais e morfológicas).
3. Prejuízos no discurso (capacidade de usar vocabulário e unir frases para explicar ou descrever um
tópico ou uma série de eventos, ou ter uma conversa).
B. As capacidades linguísticas estão, de forma substancial e quantificável, abaixo do esperado para
a idade, resultando em limitações funcionais na comunicação efetiva, na participação social, no
sucesso acadêmico ou no desempenho profissional, individualmente ou em qualquer combinação.
C. O início dos sintomas ocorre precocemente no período do desenvolvimento.
D. As dificuldades não são atribuíveis a deficiência auditiva ou outro prejuízo sensorial, a disfunção
motora ou a outra condição médica ou neurológica, não sendo mais bem explicadas por deficiência
intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento.
(American Psychiatric Association, 2014, p. 42)
Ainda de acordo com o DSM-5, o transtorno da linguagem costuma aparecer logo no início do
período do desenvolvimento da criança. Contudo tal transtorno terá seu curso de desenvolvimento
com o aparecimento de dificuldades persistentes nas “dimensões de linguagem (sons, palavras,
gramática, narrativas/textos expositivos e habilidades de conversação), em incrementos e sincronias
em graus relativos à idade” (American Psychiatric Association, 2014, p. 43).
Com relação ao diagnóstico, além da observação dos fatores de risco, tendo em vista que existe
um alto grau de herança genética para tal transtorno, também se observa a histórica clínica do
sujeito, bem como instrumentos específicos, como avaliação neuropsicológica e fonoaudiológica.
NA PRÁTICA
Agora que você já aprendeu um pouco sobre esses fatores de atenção, pense em como
explicaria para seus alunos (uma turma do terceiro ano do ensino fundamental) cada um desses
fatores caso recebesse em sua turma um aluno com alguma dessas questões.
O que explicaria?
Como tentaria incluí-lo?
A que fatores você deveria estar atento?
FINALIZANDO
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https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/14
Nesta etapa vimos alguns dos fatores que podem dificultar ou ser um diferencial para a
aquisição da linguagem. Para tanto estudamos um pouco sobre como se dá o processamento
linguístico dentro do cérebro e as áreas envolvidas. Em seguida, estudamos os bilíngues, algumas
afasias, a dislexia e alguns desvios de linguagem.
A principal ideia desse conteúdo é trazer uma introdução desse tema a você, futuro professor,
aguçando sua percepção para essas questões ao entrar em sala e permitindo que desconfie de
rótulos prontos como: o menino inteligente, o burro, o preguiçoso, o desatento etc.
Por trás desses rótulos pode se esconder uma criança que precisa de ajuda para seguir e trilhar
um novo caminho que a leve a um aprendizado realmente significativo.
REFERÊNCIAS
ABD – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA. O que é dislexia? Disponível em:
<https://www.dislexia.org.br/o-que-e-dislexia/>. Acesso em 19 maio 2022.
AFASIA. In: Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em:
<https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/afasia/>. Acesso em:
19 maio 2022.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BILINGUISMO. In: Oxford Languages. Disponível em: <https://languages.oup.com/google-
dictionary-pt>. Acesso em: 19 maio 2022.
CAROPRESO, F. O conceito freudiano de representação em “Sobre a concepção das afasias”.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v13n25/03.pdf>. Acesso em: 19 maio 2022.
FONTANESI, S. R. O.; Schmidt, A. Intervenções em afasia: uma revisão integrativa. Rev. CEFAC, v.
18, n. 1, p. 252-262, 2016.
LENT, R. Neurociência da mente e do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2018.
25/03/2023, 18:55 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/14
LOURENCETI, M. D. Funções corticais. Disponível em:
<https://www.oeducador.com/download.php?arquivo=54983funcoes_corticais.pdf>. Acesso em: 19
maio 2022.
MARCELINO, M. Bilinguismo no Brasil: significado e expectativas. Revista Intercâmbio, v. XIX, p.
1-22, 2009.
MEGALE, A. H. Bilinguismo e educação bilíngue: discutindo conceitos. Revista Virtual de
Estudos da Linguagem – ReVEL, v. 3, n. 5, 2005.
MINEIRO, A. et al. Revisitando as afasias na PALPA-P. Cadernos de Saúde, v. 1, n. 2, p. 135-145,
2008. Disponível em: <https://doi.org/10.34632/cadernosdesaude.2008.2776>. Acesso em: 19 maio
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PUC-Rio. História da neurociência. Disponível em: <http://bio-neuro-
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maio 2020.
RUSSO, R. M. T. Neuropsicopedagogia clínica: introdução, conceito, teoria e prática. Curitiba:
Juruá, 2015.
ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. dos S. Transtornos da aprendizagem: abordagem
neurobiológica e multidisciplinar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

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