Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SETOR DE HISTÓRIA ANTIGA NEREIDA – Núcleo de Estudos de Representações e de Imagens da Antiguidade Brian Gordon Lutalo Kibuuka MULHERES MASCULINAS, HOMENS FEMININOS: REPRESENTAÇÕES E IDENTIDADE DE GÊNERO NO TEATRO DE EURÍPIDES Niterói/RJ 2021 ii Brian Gordon Lutalo Kibuuka MULHERES MASCULINAS, HOMENS FEMININOS: REPRESENTAÇÕES E IDENTIDADE DE GÊNERO NO TEATRO DE EURÍPIDES Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense, como requisito para a obtenção do título de Doutor em História Social. Linha de pesquisa: Cultura e Sociedade. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima Niterói/RJ 2021 iii BRIAN GORDON LUTALO KIBUUKA MULHERES MASCULINAS, HOMENS FEMININOS: REPRESENTAÇÕES E IDENTIDADE DE GÊNERO NO TEATRO DE EURÍPIDES Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense, como requisito para a obtenção do título de Doutor em História Social. Linha de pesquisa: Cultura e Sociedade. BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima (Presidente) Universidade Federal Fluminense – UFF _________________________________________________ Prof. Dra. Cláudia Beltrão da Rosa (Arguidora) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO _________________________________________________ Prof. Dr. Simone de Oliveira Gonçalves Bondarczuk (Arguidora) Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ _________________________________________________ Prof. Dr. Gilvan Ventura da Silva (Arguidor) Universidade Federal do Espírito Santo – UFES _________________________________________________ Profa. Dra. Ana Lívia Bonfim Vieira (Arguidora) Universidade Estadual do Maranhão – UEMA NITERÓI 2021 iv 651 v Aos amigos Max Cassin e Carlos Alberto Chaves Fernandes, in memoriam. À Sônia, Edeny e Aimée. vi AGRADECIMENTOS Agradeço: A Deus, por todas as coisas que me deu, graciosamente. Aos meus familiares, que suportaram por quatro anos a minha ausência e me incentivaram durante todo o doutorado: minha mãe, Sônia Aparecida Reis; minha esposa, Edeny Silva de Assis Kibuuka; minha filha, Aimée de Assis-Kibuuka. Dedico também ao meu padrasto José das Neves Balthazar Junior; às minhas irmãs Gláucia Magdalena Nalugwa Kibuuka, Samaly Sônia Kizza Kibuuka, Sarah Kalagi Kibuuka, Anna Karolina Kibuuka, Catherine Roberta Kibuuka; e ao meu irmão José Felipe dos Santos Neves Balthasar. Dedico também à minha sogra, Maria Helena Silva de Assis, ao meu sogro, Emiliano Ribeiro de Assis, à minha cunhada Ednea Silva de Assis e aos meus cunhados Elias Silva de Assis e Elielson Silva de Assis. Ao meu orientador e amigo, Dr. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima, por tantos anos de exemplos, inspiração e dedicação ao Nereida, a mim e a cada um de seus orientandos e orientandas. Ao Nereida, Núcleo de Estudos de Representações e de Imagens da Antiguidade especialmente ao nosso coordenador, Dr. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima, e aos pesquisadores e pesquisadoras: à Profa. Ana Luiza de Sousa Pedroso, à Dra. Camila Jourdan, à Profa. Christianne Pereira Gomes, ao Prof. João Carlos d’Almeida e Souza Roxoroïz de Belford, à Dra. Juliana Magalhães Santos, ao Prof. Márcio Mendes de Lima, à Dra. Mariana Figueiredo Virgolino, ao Prof. Mateus Mello Araujo da Silva, à Profa. Ninna Koritzky Falconiere Lopes, à Dra. Talita Nunes Silva e ao Prof. Victor Hugo Curi Carneiro. À Dra. Simone de Oliveira Gonçalves Bondarczuk e à Dra. Cláudia Beltrão da Rosa, pelas sugestões na qualificação. À Dra. Patricia Vivian von Benko Horvat, pela lucidez e pelo bom diálogo. Ao Dr. Fábio de Souza Lessa, pelas ricas contribuições a mim desde o mestrado. Ao Dr. Alexandre Moraes pelo incentivo e partilha. Aos membros da banca avaliadora deste trabalho: Dra. Claudia Beltrão da Rosa, Dra. Simone de Oliveira Gonçalves Bondarczuk, Dr. Gilvan Ventura da Silva e Dra. Ana Lívia Bonfim Vieira, pelas ricas contribuições e leitura atenta deste trabalho. vii Aos pesquisadores do Grupo Eurykleia, em especial à Dra. Violaine Sebillote Couchet, à Dra. Sandra Boehringer, à Dra. Adeline Grand-Clement, à Dra. Cláudia Beltrão da Rosa e ao Dr. Fábio Faversani, pelas contribuições a este trabalho e aos estudos de gênero. À Dra. Pauline Schmitt Pantel e à Dra. Florence Gherchanoc, pela inspiração e profundidade de suas pesquisas, e pela generosidade em compartilhá-las. À Dra. André a da Rocha Rodrigues Pereira Barbosa, e a todos os membros do Nina Simone. Aos meus colegas da Área de História da Universidade Estadual de Feira de Santana, e à Dra. Elizete da Silva, pela leitura atenta deste trabalho e pelas sugestões. Aos meus amigos, prof. Dr. Nilo Reis, Dr. Luiz Carlos Montans Braga, Dr. Roberto Pereyr e Poeta Antônio Brasileiro, pela companhia agradabilíssima e o incentivo a esta tese. Às queridas amigas, Dra. Francisca de Lourdes Louro e Dra. Socorro Viana de Almeida pelos anos de amizade. Ao amigo João Rocha Sobrinho. À Dra. Marina Regis Cavicchioli, à Dra. Andréa da Rocha Pereira dos Santos Barbosa, pelas parcerias nas pesquisas e pela amizade. Aos queridos amigos Leonaldo de Oliveira, Estêvão Queiroga e Paula Queiroga, Leonardo Amorim, Fábio Canuto de Sá, Ronald Gustavo, José Carlos Guerra, Vera Araújo Guerra, Gilva Araújo Silveira, Lucy Luz, Eduardo de Proença, Bruno Barbosa Albino, André Luiz, Luana Cruz, Marcelo Coutinho de Oliveira, Nelson Lellis, Marcelo Carneiro, Maria José Assis, Andrea Castro, Dr. Roberto Ferreira da Rocha, Wellington Freitas, Josenildo Miranda, Pedro Virgílio, Fabio Porto, Dr. Antonio Jardim, Belchior Barbosa, Emerson Rocha de Almeida, Hugo Leonardo Soares Gonçalves, Dr. Edson Magalhães Nunes Júnior, Luiz Felipe Valente, Tiago Arrais, Juliano Marcel, Yvison Pinheiro, Buja Neves e Michelita Neves, Lucas Gesta, Marcelo Gesta, Josilene Sá de Souza, Viviane Costa, Jackson Augusto, Nilson Gomes, Dra. Aila Pinheiro, Jasley Siqueira, Jaide Siqueira, Joás Menezes, Paulo Macedo, Dr. Lucas Nascimento, Valéria Oliveira, Miquéias França, Reginaldo Pedro, Wagner Franco e Lara Franco. Ao CNPQ, pela bolsa que me permitiu realizar este trabalho. Aos funcionários da secretaria do PPGH-UFF, pela dedicação com que sempre auxiliam estudantes e docentes em suas demandas. Aos que lutam pelo direito de ser, de existir, de viver; aos que lutam pela diversidade e tolerância, agradeço por serem minha inspiração. viii RESUMO Este trabalho aborda a diversidade de gêneros no drama de Eurípides, tragediógrafo grego do século V a.C., a partir da consideração da existência de certo nível de heteronormatividade e binarismo de gênero na Atenas Clássica, os quais são socioculturais e referenciais e, por isso, são chamados nesta investigação de estratégias de produção de identificação de gênero. Eurípides, na construção de seus dramas, para além dos estereótipos, constrói personagens que frequentemente ultrapassam esses limites e fronteiras de identificação de seu gênero, estabelecendo assim um efeito cênico-dramático que reforça o páthos de suas tragédias. Utilizando a análise do discurso, a teoria dos regimes de gênero e a teoria interseccional, tais ultrapassamentos são identificados, analisados e indicados como imagens e representações da diversidade de gênero no contexto de encenação. Para tanto, as tragédias são colocadas em relação dialógica com a literatura grega, com a evidência epigráfica e imagética, de forma a tornar mais evidente a diversidade degênero no âmago das construções discursivas trágicas, e relacionar tal diversidade às múltiplas identidades de gênero passíveis de serem identificadas na segunda metade do século V a.C. em Atenas, recorte temporal e histórico deste trabalho. Palavras-chave: Eurípides; Interseccionalidade; Travestimento. ix ABSTRACT This thesis addresses the diversity of genres in the drama of Euripides, the fifth century Greek playright, from the consideration of the existence of a certain level of gender heteronormativity and binarism in Classical Athens, which are sociocultural and referential and are therefore called in the thesis of gender identification production strategies. Euripides, in the construction of his dramas, in addition to gender stereotypes, builds characters who often surpass these limits and boundaries of gender identification, thus establishing a dramatic-dramatic effect that reinforces the pathos of his tragedies. Using discourse analysis, gender regime theory, and intersectional theory, such overtaxes are identified, analyzed, and indicated as images and representations of the gender diversity of the staging context. To this end, tragedies are placed in dialogical relation with Greek literature, with epigraphic and imagetic evidence, in order to make gender diversity more evident at the heart of tragic discursive constructions, and to relate such diversity to the multiple gender identities that can be identified in the second half of 5th century BC, a temporal and historical outline of this thesis. Keywords: Euripides; Intersectionality; Transvestism. x LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Destaque do hoplita na cena da despedida do guerreiro. Kýlix ática de figuras vermelhas, cerca de 450-400 a.C. ................................................................................................................... 108 Figura 2: Héracles e Géras, filho de Nýx, personificação da velhice. Pélica ática de figuras vermelhas, 480-470 a.C., Museu do Louvre G234 ...................................................................... 117 Figura 3: Inscrição da kýlix ática de figuras vermelhas, atribuída ao pintor Makron, feita por Hieron. Cerca de 480 a.C. Museu do Louvre. .............................................................................. 172 Figura 4: Primeiro adulto e jovem representados na kýlix ática de figuras vermelhas, atribuída ao pintor Makron, feita por Hieron. Cerca de 480 a.C. Museu do Louvre. ...................................... 173 Figura 5: Segundo adulto e jovem representados na kýlix ática de figuras vermelhas, atribuída ao pintor Makron, feita por Hieron. Cerca de 480 a.C. Museu do Louvre. ...................................... 173 Figura 6: Terceiro adulto e jovem representados na kýlix ática de figuras vermelhas, atribuída ao pintor Makron, feita por Hieron. Cerca de 480 a.C. Museu do Louvre. ...................................... 173 Figura 7: Quarto adulto e jovem representados na kýlix ática de figuras vermelhas, atribuída ao pintor Makron, feita por Hieron. Cerca de 480 a.C. Museu do Louvre. ...................................... 173 Figura 8: Hídria ateniense de figuras vermelhas atribuída ao Pintor de Fiale, datada entre 475 e 425 a.C., retratando Tâmiris, as musas e Argíope. Museu Gregoriano Etrusco Vaticano, 16549. ..... 198 Figura 9: Hídria de figuras vermelhas atribuída ao Pintor Duomo, contendo duas mulheres em performances e outra em pé, com uma caixa quadrada na mão. Museu Britânico E 191 (ARV 1119.29) ....................................................................................................................................... 199 Figura 10: Hídria de figuras vermelhas atribuída ao grupo de Polignoto, contendo Safo, Kállis e Nikópolis, com instrumentos musicais, datado entre 440 e 430 a.C. Museu Arqueológico de Atenas, ARV2, 1060.145 .......................................................................................................................... 201 Figura 11: Kályx Kráter ateniense de figuras vermelhas. Musicistas mulheres, atribuído ao pintor de Nióbide, datado entre 460 e 450 a.C. Museu Britânico E 461. ............................................... 204 Figura 12: Interior da kýlix ática de figuras vermelhas, atribuída ao Pintor Codrus, com jovens no banho e se limpando com o estrígil. Museu Britânico E83. ......................................................... 211 Figura 13: Exterior (face A) da kýlix ática de figuras vermelhas, atribuída ao Pintor Codrus, com jovens no banho e se limpando com o estrígil. Museu Britânico E83. ........................................ 211 Figura 14: Exterior (face B) da kýlix ática de figuras vermelhas, atribuída ao Pintor Codrus, com jovens no banho e se limpando com o estrígil (430 a.C.). Museu Britânico E83. ....................... 212 Figura 15: Taça ática de figuras vermelhas, atribuída a Onésimos, com um jovem atleta se lavando (500-480 a.C.). Museu do Louvre G291. ..................................................................................... 212 Figura 16: Taça ateniense de figuras vermelhas com uma mulher com botas diante de um podaniptério (480 a.C.). Godalming, Charterhouse School Museum 1960.74 ............................ 212 Figura 17: Cratera ateniense de figuras vermelhas com três mulheres em um loutério (500-450 a.C.). Bari, Museo Archeologico Provinciale, 8693 .................................................................... 212 Figura 18: Cratera ateniense de figuras vermelhas com quatro mulheres nuas em um loutério (475- 525 a.C.). Viena, Kunsthistorisches Museum 2166. .................................................................... 212 xi Figura 19: Cratera ateniense de figuras vermelhas com três mulheres se banhando. Cena externa. Milan, Collezione H. A. C 316 .................................................................................................... 212 Figura 20: Lado A da estamnos áticos de figuras vermelhas. Cerca de 450 a.C. Komastes travestidos. Museu de Arte de Tampa 93.29. ............................................................................... 217 Figura 21: Lado B da estamnos áticos de figuras vermelhas. Cerca de 450 a.C. Kommos. Museu de Arte de Tampa 93.29. .............................................................................................................. 217 Figura 22: Interior da taça ática de figuras vermelhas, atribuída a Douris. 470 a.C. Dois komastes travestidos. Munich, Staatliche Antikensammlungen 2647 VAS. ............................................... 218 Figura 23: Lado A da taça ática de figuras vermelhas, atribuída a Douris. 470 a.C. Dioniso, sátiros e mênade. Munich, Staatliche Antikensammlungen 2647 VAS. ................................................. 218 Figura 24: Ânfora ática de figuras negras de 525 a 475 a.C., atribuída ao grupo E, decorada com Ônfale vestida com uma pele de leão e um arco, diante de Héracles. Malibu (CA), The J. Paul Getty Museum: 77.AE.45. ..................................................................................................................... 232 xii LISTA DE TABELAS Tabela 1: Modalidades de Travestimento ...................................................................................... 43 Tabela 2: Passos para a análise do discurso. .................................................................................. 58 Tabela 3: Destaque de termos que indiciam travestimento ............................................................ 67 Tabela 4: Análises pré-tradução e tradução de enunciados. ........................................................... 70 Tabela 5: Análise do êthos ............................................................................................................. 71 Tabela 6: Análise da cenografia ..................................................................................................... 73 Tabela7: Passos na análise pragmática dos atos de fala. ............................................................... 77 Tabela 8: Esquema de análise de imagens ..................................................................................... 80 Tabela 9: Caracterização da masculinidade de Capaneu (Eur., Supp. 861-870) ........................... 99 Tabela 10: Caracterização da masculinidade de Etéocles (Eur., Supp. 871-880) ........................ 100 Tabela 11: Caracterização da masculinidade de Hipomedon (Eur., Supp. 881-887) ................... 103 Tabela 12: Caracterização da masculinidade de Partenopeu (Eur., Supp. 888-900) ................... 105 Tabela 13: Caracterização da masculinidade de Tideu (Eur., Supp. 901-908) ............................ 108 Tabela 14: Lista de repreensões e protestos na Ilíada e Odisseia ................................................. 124 Tabela 15: Tábua dos Opostos (Aristot., Metaph. 986a22-24) .................................................... 242 xiii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS a) Obras e autores da Antiguidade As abreviaturas adotadas são as mesmas utilizadas na 4ª edição no Oxford Classical Dictionary (OCD), editado por HORNBLOWER, SPAWFORTH e EIDINOW (2012, p. xxvii-liii). Quando ausentes, adotamos as abreviaturas presentes em LIDDELL & SCOTT (1940, p. xv-xlv). As traduções dos nomes gregos e latinos, quando fornecidos, são realizadas pelo autor. AEL., VH – ELIANO, Varia Historia AESCH., Ag. – ÉSQUILO, Agamemnon [Agamêmnon] AESCH., Cho. – ÉSQUILO, Choephoroe [Coéforas] AESCH., Eum. – ÉSQUILO, Eumenides [Eumênides] AESCH., Pers. – ÉSQUILO, Persae [Persas] AESCH., PV – ÉSQUILO, Prometheus Vinctus [Prometeu acorrentado] AESCH., Sept. – ÉSQUILO, Septem contra Thebas [Sete contra Tebas] AESCH., Supp. – ÉSQUILO, Supplices [Suplicantes] AESCHIN., Emb. - ÉSQUINES, Sobre a embaixada AESCHIN., In Ctes. – ÉSQUINES, Contra Ctésimon AESCHIN., In Tim. – ÉSQUINES, Contra Timarco ANDOC. 1 – ANDOCIDES, Περὶ τῶν μυστηρίων [Sobre os mistérios] ANDOC. 2 – ANDOCIDES, Περὶ τῆς ἑαυτοῦ καθόδου [Sobre seu retorno] ANDOC. 3 – ANDOCIDES, Περὶ τῆς πρὸς Λακεδιμονίους εἰρήνης [Sobre a paz com os Lacedemônios] ANDOC. 4 – ANDOCIDES, Ἀνδοκίδου κατὰ Ἀλκιβιάδου [De Andocides contra Alcibíades] ANTIPH. 1 – ANTIFONTE, Φαρμακείας κατὰ τῆς μητρυιᾶς [Contra a madrasta por envenenamento] ANTIPH. 2 – ANTIFONTE, Κατηγορία φόνου ἀπαράσημος [Primeira Tetralogia: Acusação anônima por assassinato] ANTIPH. 3 – ANTIFONTE, Κατηγορία φόνου ακουσίου [Segunda Tetralogia: Acusação por homicídio acidental] ANTIPH. 4 – ANTIFONTE, Κατηγορία φόνου κατὰ τοῦ λέγοντος ἀμύνασθαι [A Terceira Tetralogia: Acusação de assassinato contra alguém que pleiteia autodefesa] ANTIPH. 5 – ANTIFONTE, Περὶ τοῦ Ἡρῷδου φόνου [Sobre o assassinato de Herodes] xiv ANTIPH. 6 – ANTIFONTE, Περὶ τοῦ χορευτοῦ [Sobre os coreutas] AP. RHOD., Argon. – APOLÔNIO DE RODES, Argonautica [Argonáutica] APOLLOD., Bibl. –APOLODORO, Bibliotheca [Biblioteca] APOLLOD., Epit. –APOLODORO, Epitome [Epítome] AR., Ach. – ARISTÓFANES, Acharnenses [Acarnenses] AR., Av. – ARISTÓFANES, Aves [Aves] AR., Eccl. – ARISTÓFANES, Ecclesiazusae [Assembleia de Mulheres] AR., Eq. – ARISTÓFANES, Equites [Cavaleiros] AR., Lys. – ARISTÓFANES, Lisístrata AR., Nu. – ARISTÓFANES, Nubes [Nuvens] AR., Pax – ARISTÓFANES, Pax [Paz] AR., Pl. – ARISTÓFANES, Plutus [Pluto] AR., Ran. – ARISTÓFANES, Ranae [Rãs] AR., Thesm. – ARISTÓFANES, Thesmophoriazusae [Tesmoforiantes] AR., Vesp. – ARISTÓFANES, Vespae [Vespas] ARISTID., Or. – ARISTIDES, Orationes [Discursos] ARISTOT., An. post. – ARISTÓTELES, Analytica posterior [Analíticos posteriores] ARISTOT., An. pr. – ARISTÓTELES, Analytica priora [Analíticos anteriores] ARISTOT., Ath. Pol. – ARISTÓTELES, Ἀθηναίων πολιτεία [Constituição dos Atenienses] ARISTOT., Cael. – ARISTÓTELES, De caelo [Sobre o céu] ARISTOT., Cat. – ARISTÓTELES, Categoriae [Categorias] ARISTOT., Col. – ARISTÓTELES, De coloribus [Sobre as cores] ARISTOT., De an. – ARISTÓTELES, De anima [Sobre a alma] ARISTOT., De audib. – ARISTÓTELES, De audibilibus [Sobre as coisas ouvidas] ARISTOT., De motu an. – ARISTÓTELES, De motu animalium [Sobre o movimento dos animais] ARISTOT., Div. somn. – ARISTÓTELES, De divinatione per somnia [Sobre a adivinhação pelos sonhos] ARISTOT., Eth. Eud. – ARISTÓTELES, Ethica Eudemia [Ética a Êudemo] ARISTOT., Eth. Nic. – ARISTÓTELES, Ethica Nicomachea [Ética a Nicômaco] ARISTOT., Gen. an. – ARISTÓTELES, De generatione animalium [Sobre a geração dos animais] ARISTOT., Gen. corr. – ARISTÓTELES, De generatione et corruptione [Sobre a geração e a corrupção] ARISTOT., Hist. an. – ARISTÓTELES, Historia animalium [Sobre a história dos animais] xv ARISTOT., IA – ARISTÓTELES, De incessu animalium [Sobre a marcha dos animais] ARISTOT., Int. – ARISTÓTELES, De interpretatione [Sobre a interpretação] ARISTOT., Lin. Ins. – ARISTÓTELES, De lineis insecabilibus [Sobre as linhas indivisíveis] ARISTOT., Mag. mor. – ARISTÓTELES, Magna moralia [Ética maior] ARISTOT., Mech. – ARISTÓTELES, Mechanica [Mecânica] ARISTOT., Mem. – ARISTÓTELES, De memoria et reminiscentia [Sobre a memória e a reminiscência] ARISTOT., Metaph. – ARISTÓTELES, Metaphysica [Metafísica] ARISTOT., Mete. – ARISTÓTELES, Meteorologica [Meteorologia] ARISTOT., Mund. – ARISTÓTELES, De mundo [Sobre o cosmos] ARISTOT., Oec. – ARISTÓTELES, Oeconomica [Economia] ARISTOT., Part. an. – ARISTÓTELES, De partibus animalium [Sobre as partes dos animais] ARISTOT., Parv. nat. – ARISTÓTELES, Parva naturalia [Pequeños tratados sobre a natureza] ARISTOT., Ph. – ARISTÓTELES, Physica [Física] ARISTOT., Phgn. – ARISTÓTELES, Physiognomonica [Fisiognomonia] ARISTOT., Poet. – ARISTÓTELES, Poetica [Poética] ARISTOT., Pol. – ARISTÓTELES, Política [Política] ARISTOT., Pr. – ARISTÓTELES, Problemata [Problemas] ARISTOT., Resp. – ARISTÓTELES, De respiratione [Sobre a respiração] ARISTOT., Rh. – ARISTÓTELES, Rhetorica [Retórica] ARISTOT., Rh. Al. – ARISTÓTELES, Rhetorica ad Alexandrum [Retórica a Alexandre] ARISTOT., Sens. – ARISTÓTELES, De sensu et sensibilibus [Sobre a sensação e o sensível] ARISTOT., Soph. el. – ARISTÓTELES, Sophistici elenchi [Elencos sofísticos] ARISTOT., Top. – ARISTÓTELES, Topica [Tópicos] ARISTOT., Xen. – ARISTÓTELES, De Xenophane [Sobre Xenófanes] ATH. – ATENEU DE NÁUCRATIS, Deipnosophistae [Banquete dos sofistas] BACCHYL., Dith. – BAQUÍLIDES, Ditirambos BACCHYL., Ep. – BAQUÍLIDES, Epinícios DIOG. LAERT. – DIÓGENES LAÉRCIO, Vitae philosophorum [Vidas dos filósofos] DION. HAL., Amm. 1 – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, Epistula ad Ammaeum 1 [Carta a Ameu 1] DION. HAL., Amm. 2 – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, Epistula ad Ammaeum 2 [Carta a Ameu 2] xvi DION. HAL., Ant. Rom. – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, Antiquitates Romanae [Antiguidades Romanas] DION. HAL., Comp. – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, De compositione verborum [Sobre a composição literária] DION. HAL., De imit. – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, De imitatione (= Vett.Cens. - De veterum censura) [Sobre a imitação] DION. HAL., Dem. – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, De Demosthene [Sobre Demóstenes] DION. HAL., Din. – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, de Dinarcho [Sobre Dinarco] DION. HAL., Is. – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, de Isaeo [Sobre Iseu] DION. HAL., Isoc. – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, De Isocrate [Sobre Isócrates] DION. HAL., Lys. – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, De Lysia [Sobre Lísias] DION. HAL., Pomp. – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, Epistula ad Pompeium [Carta a Pompeu] DION. HAL., Rhet. – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, Ars rhetorica [Arte retórica] DION. HAL., Thuc. – DIONÍSIO DE HALICARNASSO, De Thucydide [Sobre Tucídides] DEM. 1: DEMÓSTENES, Olintíaca I DEM. 2: DEMÓSTENES, Olintíaca II DEM. 3: DEMÓSTENES, Olintíaca III DEM. 4: DEMÓSTENES, Filípica I DEM. 5: DEMÓSTENES, Sobre a paz DEM. 6: DEMÓSTENES, Filípica II DEM. 7: DEMÓSTENES, Sobre o Haloneso DEM. 8: DEMÓSTENES, Sobre o QueronesoDEM. 9: DEMÓSTENES, Filípica III DEM. 10: DEMÓSTENES, Filípica IV DEM. 11: DEMÓSTENES, Resposta a Filipe DEM. 12: DEMÓSTENES, Filipe DEM. 13: DEMÓSTENES, Sobre a organização DEM. 14: DEMÓSTENES, Sobre a marinha DEM. 15: DEMÓSTENES, Sobre a liberdade dos ródios DEM. 16: DEMÓSTENES, Para os Megalopolitanos DEM. 17: DEMÓSTENES, Sobre a ascensão de Alexandre DEM. 18: DEMÓSTENES, Sobre a coroa DEM. 19: DEMÓSTENES, Sobre a falsa embaixada xvii DEM. 20: DEMÓSTENES, Contra Létines DEM. 21: DEMÓSTENES, Contra Mídias DEM. 22: DEMÓSTENES, Contra Andrócio DEM. 23: DEMÓSTENES, Contra Aristócrates DEM. 24: DEMÓSTENES, Contra Timócrates DEM. 25: DEMÓSTENES, Contra Aristogiton I DEM. 26: DEMÓSTENES, Contra Aristogiton II DEM. 27: DEMÓSTENES, Contra Áfobos I DEM. 28: DEMÓSTENES, Contra Áfobos II DEM. 29: DEMÓSTENES, Contra Áfobos III DEM. 30: DEMÓSTENES, Contra Onetor DEM. 31: DEMÓSTENES, Contra Onetor DEM. 32: DEMÓSTENES, Contra Zenótemis DEM. 33: DEMÓSTENES, Contra Apaturios DEM. 34: DEMÓSTENES, Contra Fórmio DEM. 35: DEMÓSTENES, Contra Lácrito DEM. 36: DEMÓSTENES, Para Fórmio DEM. 37: DEMÓSTENES, Contra Panteneto DEM. 38: DEMÓSTENES, Contra Nausímaco e Xenopeite DEM. 39: DEMÓSTENES, Contra Boeto I DEM. 40: DEMÓSTENES, Contra Boeto II DEM. 41: DEMÓSTENES, Contra Espudias DEM. 42: DEMÓSTENES, Contra Fênipo DEM. 43: DEMÓSTENES, Contra Macartato DEM. 44: DEMÓSTENES, Contra Leocares DEM. 45: DEMÓSTENES, Contra Estéfano I DEM. 46: DEMÓSTENES, Contra Estéfano II DEM. 47: DEMÓSTENES, Contra Evergo e Mnesíbulo DEM. 48: DEMÓSTENES, Contra Olimpiodoro DEM. 49: DEMÓSTENES, Contra Timóteo DEM. 50: DEMÓSTENES, Contra Pólicles DEM. 51: DEMÓSTENES, Sobre a Coroa Trerárquica DEM. 52: DEMÓSTENES, Contra Cálipo xviii DEM. 53: DEMÓSTENES, Contra Nicóstrato DEM. 54: DEMÓSTENES, Contra Cônon DEM. 55: DEMÓSTENES, Contra Cálicles DEM. 56: DEMÓSTENES, Contra Dionisodoro DEM. 57: DEMÓSTENES, Contra Eubúlides DEM. 58: DEMÓSTENES, Contra Teócrines DEM. 59: DEMÓSTENES, Contra Neera DEM. 60: DEMÓSTENES, Oração fúnebre DEM. 61: DEMÓSTENES, Ensaio erótico DEM., Ex. – DEMÓSTENES, Exordia DEM., L. – DEMÓSTENES, Cartas DIN. 1 – DINARCO, Κατὰ Δημοσθένους [Contra Demóstenes] DIN. 2 – DINARCO, Κατὰ Ἀριστογείτονος [Contra Aristogiton] DIN. 3 – DINARCO, Κατὰ Φιλοκλέους [Contra Fílocles] DIO CHRYS., Or. – DÍON CRISÓSTOMO, Orationes [Discursos] DIOD. – DIODORO SÍCULO EUR., Alc. – EURÍPIDES, Alcestis [Alceste] EUR., Andr. – EURÍPIDES, Andromache [Andrômaca] EUR., Bacch. – EURÍPIDES, Bacchae [Bacantes] EUR., Beller. – EURÍPIDES, Bellerophon [Belerofonte] EUR., Cyc. – EURÍPIDES, Cyclops [Ciclope] EUR., El. – EURÍPIDES, Electra EUR., Hec. – EURÍPIDES, Hecuba [Hécuba] EUR., Hel. – EURÍPIDES, Helena EUR., Heracl. – EURÍPIDES, Heraclidae [Heráclidas] EUR., HF – EURÍPIDES, Hercules furens [Héracles] EUR., Hipp. – EURÍPIDES, Hippolytus [Hipólito] EUR., Hyps. – EURÍPIDES, Hypsipyle [Hipsípilo] EUR., IA – EURÍPIDES, Iphigenia Aulidensis [Ifigênia em Áulis] EUR., Íon – EURÍPIDES, Íon EUR., IT – EURÍPIDES, Iphigenia Taurica [Ifigênia em Táuris] EUR., Med. – EURÍPIDES, Medea [Medeia] EUR., Or. – EURÍPIDES, Orestes xix EUR., Phoen. – EURÍPIDES, Phoenissae [Fenícias] EUR., Rhes. – EURÍPIDES, Rhesus [Reso] EUR., Sthen. – EURÍPIDES, Stheneboea [Estenoboeia] EUR., Supp. – EURÍPIDES, Supplices [Suplicantes] EUR., Tro. – EURÍPIDES, Troades [Troianas] HDT., Hist. – HERÓDOTO, Historiae HES., Op. – HESÍODO, Opera et Dies [Trabalhos e Dias] HES., Sc. – HESÍODO, Scutum [Escudo de Héracles] HES., Theog. – HESÍODO, Theogonia [Teogonia] HH. 1: Εἲς Διώνυσον A [Hino Homérico a Dioniso I] HH. 2: Εἲς Δημήτραν B [Hino Homérico a Deméter I] HH. 3: Εἲς Ἀπόλλωνα [Hino Homérico a Apolo] HH. 4: Εἲς Ἑρμῆν A [Hino Homérico a Hermes I] HH. 5: Εἲς Ἀφροδίτην A [Hino Homérico a Afrodite I] HH. 6: Εἲς Ἀφροδίτην B [Hino Homérico a Afrodite II] HH. 7: Εἲς Διώνυσον B [Hino Homérico a Dioniso II] HH. 8: Εἲς Ἄρεα [Hino Homérico a Ares] HH. 9: Εἲς Ἄρτεμιν A [Hino Homérico a Artêmis I] HH. 10: Εἲς Ἀφροδίτην Γ [Hino Homérico a Afrodite III] HH. 11: Εἲς Ἀθήναν A [Hino Homérico a Atena I] HH. 12: Εἲς Ἥραν [Hino Homérico a Hera] HH. 13: Εἲς Δημήτραν B [Hino Homérico a Deméter II] HH. 14: Εἲς Μητέρα Θεῶν [Hino Homérico à Mãe dos deuses] HH. 15: Εἲς Ἡρακλέα Λεοντόθυμον [Hino Homérico a Héracles] HH. 16: Εἲς Ἀσκληπιόν [Hino Homérico a Asclépio] HH. 17: Εἲς Διοσκούρους A [Hino Homérico aos Dióscuros I] HH. 18: Εἲς Ἑρμῆν [Hino Homérico a Hermes II] HH. 19: Εἲς Πᾶνα [Hino Homérico a Pan] HH. 20: Εἲς Ἥφαιστον [Hino Homérico a Hefesto] HH. 21: Εἲς Ἀπόλλωνα [Hino Homérico a Apolo] HH. 22: Εἲς Ποσειδῶνα [Hino Homérico a Poseidon] HH. 23: Εἲς Ὕπατον Κρονίδην [Hino Homérico a Zeus] HH. 24: Εἲς Ἑστίαν [Hino Homérico a Héstia] xx HH. 25: Εἲς Μούσας Καὶ Ἀπόλλωνα [Hino Homérico para as Musas e Apolo] HH. 26: Εἲς Διόνυσον Γ [Hino Homérico a Dioniso III] HH. 27: Εἲς Ἄρτεμιν B [Hino Homérico a Artêmis II] HH. 28: Εἲς Ἀθήναν B [Hino Homérico a Atena II] HH. 29: Εἲς Ἑστίαν [Hino Homérico a Héstia] HH. 30: Εἲς Γῆν Μητέρα Πάντων [Hino Homérico à Terra] HH. 31: Εἲς Ἥλιον [Hino Homérico ao Sol] HH. 32: Εἲς Σελήνην [Hino Homérico à Lua] HH. 33: Εἲς Διοσκούρους B [Hino Homérico aos Dióscuros II] HIPPOC., Acut. – HIPÓCRATES, De diaeta in morbis acutis HIPPOC., Acut. Sp. – HIPÓCRATES, De diaeta acutorum HIPPOC., Aer. – HIPÓCRATES, De aere aquis et locis HIPPOC., Alim. – HIPÓCRATES, De alimento HIPPOC., Aph. – HIPÓCRATES, Aphorismi HIPPOC., Art. – HIPÓCRATES, De articulis HIPPOC., Epid. – HIPÓCRATES, De morbis popularibus HIPPOC., Fist. – HIPÓCRATES, De fistulis HIPPOC., Fract. – HIPÓCRATES, De fracturis HIPPOC., Haem. – HIPÓCRATES, De haemorrhoidibus HIPPOC., Jusj. – HIPÓCRATES, Jusjurandum HIPPOC., Lex – HIPÓCRATES, Lex HIPPOC., Mochl. – HIPÓCRATES, Vectiarius HIPPOC., Morb. Sacr. – HIPÓCRATES, De morbo sacro HIPPOC., Off. – HIPÓCRATES, De officina medici HIPPOC., Praec. – HIPÓCRATES, Praeceptiones HIPPOC., Prog. – HIPÓCRATES, Prognosticon HIPPOC., Ulc. – HIPÓCRATES, De ulceribus HIPPOC., VC. – HIPÓCRATES, De capitis vulneribus HIPPOC., VM. – HIPÓCRATES, De prisca medicina HOM. Od. – HOMERO, Odisseia HOM., Il. – HOMERO, Ilíada HYP. 1: HIPÉRIDES, ἀπολογία ὑπὲρ Λυκόφρονος [Defesa de Licófron] HYP. 2: HIPÉRIDES, κατὰ Φιλιππίδου [Contra Filípides] xxi HYP. 3: HIPÉRIDES, κατ᾽ Ἀθηνογένους [Contra Atenógenes] HYP. 4: HIPÉRIDES, ὑπὲρ Εὐξενίππου ἐισαγγελίας ἀπολογία πρὸς Πολύευκτον [Em defesa de Euxenipo] HYP. 5: HIPÉRIDES, κατὰ Δημοσθένους ὑπὲρ τῶν Ἁρπαλείων [Contra Demóstenes] HYP. 6: HIPÉRIDES, Ἐπιτάφιος [Oração fúnebre] ISEU 1 – ISEU, Περὶ τοῦ Κλεωνύμου κλήρου [Sobre a embaixada de Cleônimo] ISEU 2 – ISEU, Περὶ τοῦ Μενεκλέους κλήρου [Sobre a embaixada de Menecles] ISEU 3 – ISEU, Περὶ τοῦ Πύρρου κλήρου [Sobre a embaixada de Pirro] ISEU 4 – ISEU, Περὶ τοῦ Νικοστράτου κλήρου [Sobre a embaixada de Nicóstrato] ISEU 5 – ISEU, Περὶ τοῦ Δικαιογένους κλήρου [Sobre a embaixada de Diceógenes] ISEU 6 – ISEU, Περὶ τοῦ Φιλοκτήμονος κλήρου [Sobre a embaixada de Filoctêmon] ISEU 7 – ISEU, Περὶ τοῦ Απολλοδώρου κλήρου [Sobre a embaixada de Apolodoro] ISEU 8 – ISEU, Περὶ τοῦ Κίρωνος κλήρου [Sobre a embaixada de Quiron] ISEU 9 – ISEU, Περὶ τοῦ Ἀστυφίλου κλήρου [Sobre a embaixada de Astífilo] ISEU 10 – ISEU, Πρὸς Ξεναίνετον περὶ τοῦ Ἀριστάρχου κλήρου [Sobre a embaixada de Aristarco] ISEU 11 – ISEU, Περὶ τοῦ Ἁγνίου κλήρου [Sobre a embaixada de Hágnias] ISEU 12 – ISEU, Υπὲρ Εὐφιλήτου [Eufíleto] ISOC. 1 – ISÓCRATES, Πρὸς Δημόνικον [Para Demônico] ISOC. 2 – ISÓCRATES, Πρὸς Νικόκλεα [Para Nicócles] ISOC. 3 – ISÓCRATES, Νικόκλης ἢ Κύπριοι [Nicócles ou os Cipriotas] ISOC. 4 – ISÓCRATES, Πανηγυρικός [Panegírico] ISOC. 5 – ISÓCRATES, Φίλιππος [Filipe] ISOC. 6 – ISÓCRATES, Αρχίδαμος [Arquidamos] ISOC. 7 – ISÓCRATES, Ἀρεοπαγιτικός [Areopagítico] ISOC. 8 – ISÓCRATES, Περὶ εἰρήνης [Sobre a paz] ISOC.9 – ISÓCRATES, Εὐαγόρας [Evágoras] ISOC. 10 – ISÓCRATES, Ἑλένη [Helena] ISOC. 11 – ISÓCRATES, Βούσιρις [Busíris] ISOC. 12 – ISÓCRATES, Παναθηναικός [Panatenaico] ISOC. 13 – ISÓCRATES, Κατὰ τῶν σοφιστῶν [Contra os sofistas] ISOC. 14 – ISÓCRATES, Πλαταικός [Plataico] ISOC. 15 – ISÓCRATES, Περὶ ἀντιδόσεως [Antídose] ISOC. 16 – ISÓCRATES, Περὶ τοῦ ζεύγους [Sobre a equipe de cavalos] xxii ISOC. 17 – ISÓCRATES, Τραπεζιτικός [Trapeziticus] ISOC. 18 – ISÓCRATES, Παραγραφή πρὸς Καλλίμαχον [Contra Calímaco] ISOC. 19 – ISÓCRATES, Αιγινητικός [Aegineticus] ISOC. 20 – ISÓCRATES, Κατὰ Λοχίτου [Contra Lóquites] ISOC. 21 – ISÓCRATES, Πρὸς Εὐθύνους ἀμάρτυρος [Contra Êutino (sem testemunha)] ISOC. L. 1 – ISÓCRATES, Ad Dionysium [Carta 1: Para Dionísio] ISOC. L. 2 – ISÓCRATES, Ad Philippum I [Carta 2: Para Filipe] ISOC. L. 3 – ISÓCRATES, Ad Philippum II [Carta 3: Para Filipe II] ISOC. L. 4 – ISÓCRATES, Ad Antipatrum [Carta 4: Para Antípatro] ISOC. L. 5 – ISÓCRATES, Ad Alexandrum [Carta 5: Para Alexandre] ISOC. L. 6 – ISÓCRATES, Ad filios Jasonis [Carta 6: Para os filhos de Jasão] ISOC. L. 7 – ISÓCRATES, Ad Timotheum [Carta 7: Para Timóteo] ISOC. L. 8 – ISÓCRATES, Ad reges Mytilenaeos [Carta 8: Para os legisladores dos mitilenos] ISOC. L. 9 – ISÓCRATES, Ad Archidamum [Carta 9: Para Arquidamos] LYCURG. 1 – LICURGO, Contra Leócrates LYS. 1 – LÍSIAS, ὑπὲρ τοῦ Ἐρατοσθένους φόνου ἀπολογία [Defesa por causa do assassinato de Erastótenes] LYS. 2 – LÍSIAS, Ἐπιτάφιος τοῖς Κορινθίων βοηθοῖς [Oração fúnebre em honra dos coríntios] LYS. 3 – LÍSIAS, πρὸς Σίμωνα ἀπολογία [Defesa diante de Simão] LYS. 4 – LÍSIAS, περὶ τραύματος ἐκ προνοίας, ὑπὲρ οὗ καὶ πρὸς ὃν ἄδηλον [Sobre uma ferida com premeditação] LYS. 5 – LÍSIAS, ὑπὲρ Καλλίου ἱεροσυλίας ἀπολογία [Em favor de Cálias, defesa da acusação de sacrilégio] LYS. 6 – LÍSIAS, κατ᾽ Ἀνδοκίδου ἀσεβείας [Contra Andocides, por impiedade] LYS. 7 – LÍSIAS, ᾿Αρεοπαγιτικὸς περὶ τοῦ σηκοῦ ἀπολογία [Areopagítico. Defesa sobre o ramo de oliveira] LYS. 8 – LÍSIAS, κατηγορία πρὸς τοὺς συνουσιαστὰς κακολογιῶν [Acusação contra os sócios por calúnias] LYS. 9 – LÍSIAS, ὑπὲρ τοῦ στρατιωτοῦ [Em favor do soldado] LYS. 10 – LÍSIAS, κατὰ θεομνήστου Α [Contra Teomnesto I] LYS. 11 – LÍSIAS, κατὰ θεομν́ηστου Β [Contra Teomnesto II] LYS. 12 – LÍSIAS, κατὰ Ερατοσθένους τοῦ γενομένου τῶν τριάκοντα, ὃν αὐτὸς εἶπε Λυσίας [Contra Erastótenes, um que foi dos Trinta. Proninciou-o o próprio Lísias] LYS. 13 – LÍSIAS, κατὰ Ἀγοράτου ἐνδείξεως [Contra Agorato] xxiii LYS. 14 – LÍSIAS, κατὰ Ἀλκιβιάδου λιποταξίου [Contra Alcibíades I] LYS. 15 – LÍSIAS, κατὰ Ἀλκιβιάδου ἀστρατείας [Contra Alcibíades II] LYS. 16 – LÍSIAS, ἐν βουλῇ Μαντιθέῳ δοκιμαζομένῳ ἀπολογία [Defesa de Mantineu examinada no Conselho] LYS. 17 – LÍSIAS, περὶ τῶν Ἐράτωνος χρημάτων: πρὸς τὸ δημόσιον [Sobre os bens de Eraton: por delitos públicos] LYS. 18 – LÍSIAS, περὶ τῆς δημεύσεως τῶν τοῦ Νικίου ἀδέλφου ἐπίλογος [Sobre o confisco dos bens do irmão de Nícias. Epílogo.] LYS. 19 – LÍSIAS, ὑπὲρ τῶν Ἀριστοφάνους χρημάτων, πρὸς τὸ δημόσιον [Sobre os bens de Aristófanes. Diante do Conselho] LYS. 20 – LÍSIAS, ὑπὲρ Πολυστράτου [Em favor de Polístrato] LYS. 21 – LÍSIAS, ἀπολογία δωροδοκίας ἀπαράσημος [Defesa contra uma acusação de aceitar subornos] LYS. 22 – LÍSIAS, κατὰ τῶν σιτοπωλῶν [Contra os vendedores de cereal] LYS. 23 – LÍSIAS, κατὰ Παγκλέωνος ὅτι οὐκ ἦν Πλαταιεύς [Contra Pancleão, que não é de Plateia] LYS. 24 – LÍSIAS, Πρὸς τὴν εἰσαγγελίαν περὶ τοῦ μὴ δίδοσθαι τῷ ἀδυνάτῳ ἀργύριον [Sobre a recusa de pensão] LYS. 25 – LÍSIAS, δήμου καταλύσεως ἀπολογία [Defesa contra uma acusação de subversão da democracia] LYS. 26 – LÍSIAS, περὶ τῆς Εὐάνδρου δοκιμασίας [Sobre o exame de Evandro] LYS. 27 – LÍSIAS, κατὰ Ε᾿πικράτους καὶ τῶν συμπρεσβευτῶν ἐπίλογος ὡς Θεόδωρος [Contra Epícrates e seus companheiros enviados] LYS. 28 – LÍSIAS, κατὰ Ἐργοκλέους ἐπίλογος [Contra Ergócles. Epílogo] LYS. 29 – LÍSIAS, κατὰ Φιλοκράτους ἐπίλογος [Contra Filócrates. Epílogo] LYS. 30 – LÍSIAS, κατὰ Νικομάχου γραμματέως εὐθυνῶν κατηγορία [Contra Nicômaco] LYS. 31 – LÍSIAS, κατὰ Φίλωνος δοκιμασίας [Contra Fílon em processo de exame] LYS. 32 – LÍSIAS, κατὰ Διογείτονος [Contra Diogiton] LYS. 33 – LÍSIAS, Ολυμπιακός [Oração olímpica] LYS. 34 – LÍSIAS, περὶ τοῦ μὴ καταλῦσαι τὴν πάτριον πολιτείαν Αθήνησι [Contra a Subversão da Constituição Ancestral de Atenas] MEN., Dys. - MENANDRO, Díscolo MEN., Par. – MENANDRO, Parakatathêkê PAUS. – PAUSÂNIAS, Descrição da Grécia PHILOSTR., Dial. – FILÓSTRATO, Dialexeis [Declamações] PHILOSTR., Ep. – FILÓSTRATO, Epistulae [Cartas] xxiv PHILOSTR., Her. – FILÓSTRATO, Heroicus [Sobre os herois] PHILOSTR., Im. – FILÓSTRATO, Εἰκόνες [Imagens] PHILOSTR., VA – FILÓSTRATO, Vita Apollonii [Vida de Apolônio] PHILOSTR., VS – FILÓSTRATO, Vitae Sophistarum (=De gymnastica) [Vidas dos sofistas] PIND., Isthm. – PÍNDARO, Ístmicas PIND., Nem. – PÍNDARO, Nemeias PIND., Ol. – PÍNDARO, Olímpicas PIND., Pae. – PÍNDARO, Peans PIND., Pyth. – PÍNDARO, Píticas PLAT., Alc. 1 – PLATÃO, Alcibíades 1 PLAT., Alc. 2 – PLATÃO, Alcibíades 2 PLAT., Ap. – PLATÃO, Apologia PLAT., Ax. – PLATÃO, Axíoco PLAT., Chrm. – PLATÃO, Cármides PLAT., Cleit. – PLATÃO, Cleitofon PLAT., Cra. – PLATÃO, Crátilo PLAT., Cri. – PLATÃO, Críton PLAT., Criti. – PLATÃO, Crítias PLAT., Epin. – PLATÃO, Epínomis PLAT., Euthph. – PLATÃO, Eutífron PLAT., Euthyd. – PLATÃO, Eutidemo PLAT., Grg. – PLATÃO, Górgias PLAT., Hipparch. – PLATÃO, Hiparco PLAT., Hp. Mai. – PLATÃO, Hípias maior PLAT., Hp. Mi. – PLATÃO, Hípias menor PLAT., Lach. – PLATÃO, Láquis PLAT., Leg. – PLATÃO, Leis PLAT., Menex. – PLATÃO, Menexeno PLAT., Phd – PLATÃO, Fédon PLAT., Phdr – PLATÃO, Fedro PLAT., Phlb. – PLATÃO, Filebo PLAT., Plt. – PLATÃO, Político PLAT., Prm. – PLATÃO, Parmênides xxv PLAT., Prt. – PLATÃO, Protágoras PLAT., Resp. – PLATÃO, República PLAT., Soph. – PLATÃO, Sofista PLAT., Sym. – PLATÃO, Banquete PLAT., Tht. – PLATÃO, Teeteto PLAT., Tim. – PLATÃO, Timeu PLIN., HN – PLÍNIO, O VELHO, Naturalis Historia [História natural] PLUT., Ad Princ. – PLUTARCO, Ad principem ineruditum PLUT., Adolescens – PLUTARCO, Quomodo adolescens poetas audire debeat PLUT., Adulator – PLUTARCO, Quomodo adulator ab amico internoscatur PLUT., Adv. Col. – PLUTARCO, Adversus Colotem PLUT., Aem. – PLUTARCO, Aemilius Paullus PLUT., Ages. – PLUTARCO, Agesilau PLUT., Agis – PLUTARCO, Agis PLUT., Alc. – PLUTARCO, Alcibíades PLUT., Alex. – PLUTARCO, Alexandre PLUT., Amatoriae – PLUTARCO, Amatoriae narrationes PLUT., Amatorius – PLUTARCO, Amatorius PLUT., An Seni – PLUTARCO, An seni respublica gerenda sit PLUT., An Virtus – PLUTARCO, An virtus doceri possit PLUT., An Viti. – PLUTARCO, An vitiositas ad infelicitatem sufficia PLUT., Animine – PLUTARCO, Animine an corporis affectiones sint peiores PLUT., Ant. – PLUTARCO, Antonius PLUT., Apoph. – PLUTARCO, Apophthegmata Laconica PLUT., Aquane – PLUTARCO, Aquane an ignis sit utilior PLUT., Arist. – PLUTARCO, Aristides PLUT., Art. – PLUTARCO, Artaxerxes PLUT., Brut. – PLUTARCO, Brutus PLUT., Bruta – PLUTARCO, Bruta animalia ratione uti PLUT., Cleom. – PLUTARCO, Cleômenes PLUT., Comp. Ages. Pomp. – PLUTARCO, Comparação entre Agesilau e Pompeu PLUT., Comp. Alc. Cor. – PLUTARCO, Comparação entre Alcibíades e Coroliano PLUT., Comp. Aristid. Cat. – PLUTARCO, Comparação entre Aristides com Marcos Cato xxvi PLUT., Comp. Cim. Luc. – PLUTARCO, Comparação entre Luculo e Címon PLUT., Comp. Dem. Cic. – PLUTARCO, Comparação entre Demóstenes e Cícero PLUT., Comp. Nic. Crass. – PLUTARCO, Comparação entre Nícias e Crasso PLUT., Comp. Per. Fab. – PLUTARCO, Comparação entre Péricles e Fábio Máximo PLUT., Comp. Sol. Publ. – PLUTARCO, Comparação entre Sólon e Publicola PLUT., Comp. Thes. Rom. – PLUTARCO, Comparação entre Teseu e Rômulo PLUT., Compar. – PLUTARCO, Comparationis Aristophanis et Menandri compendium PLUT., Conjug. –PLUTARCO, Conjugalia Praecepta PLUT., De Genio – PLUTARCO, De genio Socratis PLUT., De Gloria – PLUTARCO, De gloria Atheniensium PLUT., De Herod. – PLUTARCO, De Herodoti malignitate PLUT., Dem. – PLUTARCO, Demóstenes PLUT., Demetr. – PLUTARCO, Demétrio PLUT., Lyc. – PLUTARCO, Licurgo PLUT., Nic. – PLUTARCO, Nícias PLUT. Paroem. – PLUTARCO, De proverbiis Alexandrinorum PLUT., Pel. – PLUTARCO, Pelópidas PLUT., Per. – PLUTARCO, Péricles PLUT., Phoc. – PLUTARCO, Fócio PLUT., Plat. – PLUTARCO, Questões platônicas PLUT. Pyrrh. – PLUTARCO, Pirro PLUT., Quaes. Gr. – PLUTARCO, Questões gregas PLUT., Sol. – PLUTARCO, Sólon PLUT., Them. – PLUTARCO, Temístocles PLUT., Thes. – PLUTARCO, Teseu PLUT., Vit. Dec. – PLUTARCO, Vitae decem oratorum PLUT., VV. – PLUTARCO, De virtute et vitio POLYB. – POLÍBIO, Histórias PROCL., Par. Ptol. – PROCLO, Paráfrase do Tetrabiblos de Ptolomeu PS.-PLUT., Fluv. – PSEUDO-PLUTARCO, De fluviis PS.-PLUT., Mus. – PSEUDO-PLUTARCO, De musica PS.-PLUT., Plac. – PSEUDO-PLUTARCO, Placita Philosophorum PS.-XEN., Const. Ath. – PSEUDO-XENOFONTE, Constituição dos atenienses xxvii SOPH., Aj. – SÓFOCLES, Ájax SOPH., Ant. – SÓFOCLES, Antígona SOPH., El. – SÓFOCLES, Electra SOPH., OC. – SÓFOCLES, Édipo em Colono SOPH., OT. – SÓFOCLES, Édipo tirano SOPH., Phil. – SÓFOCLES, Filoctetes SOPH., Trach. – SÓFOCLES, Traquínias STRAB. – ESTRABÃO, Geografia THEOC., Ep. – TEÓCRITO, Epigramas THEOC., Id. – TEÓCRITO, Idílios THPHR., Char. – TEOFRASTO, Caracteres THUC. – TUCÍDIDES, Histórias XEN., Ages. – XENOFONTE, Agesilau XEN., An. – XENOFONTE, Anábase XEN., Ap. – XENOFONTE, Apologia de Sócrates XEN., Ath. pol. – XENOFONTE, Respublica Atheniensium XEN., Cyn. – XENOFONTE, Cinegético XEN., Cyr. – XENOFONTE, Ciropédia XEN., Eq. – XENOFONTE, Sobre a equitação XEN., Eq. mag. – XENOFONTE, Sobre o comandante de cavalaria XEN., Hell. – XENOFONTE, Helênicas XEN., Hier. – XENOFONTE, Hieron XEN., Lac. – XENOFONTE, Respublica Lacedaemoniorum XEN., Mem. – XENOFONTE, Memoráveis XEN., Oec. – XENOFONTE, Econômico XEN., Sym. – XENOFONTE, Banquete XEN., Vect. – XENOFONTE, Formas e meios xxviii b) Obras de referência ABV - BEAZLEY, J. D. Attic Black-Figure Vase Painters, Oxford: Oxford University Press, 1956. ARV I; ARV II; ARV III - BEAZLEY, J. D. Attic Red-Figure Vase-Painters. Volumes I-III. 2 ed. Oxford: Oxford University Press, 1963. CIG - BOECKH, A. Corpus Inscriptionum Graecarum, I-IV. Berlim: Officina Academica, 1828- 1877. CVA - Corpus Vasorum Antiquorum (cada volume é citado pelo nome do país que o edita e pelo número do volume – por exemplo: CVA USA 20, CVA Schweiz 6 etc.). DAIN, Inscr. du Louvre - DAIN, A. Inscriptions Grecques du Musée du Louvre: les textes inédits. Paris: Les Belles Lettres, 1933. DUMONT-HOMOLLE, Mél. Arch. - DUMONT, A.; HOMOLLE, T. Mélanges d'Archéologie et d'Épigraphie. Paris: Ernest Thorin, 1892. Epigr .Gr. - KAIBEL, G. Epigrammata Graeca ex lapidibus conlecta. Berlim: Apud G. Reimer, 1878. Fine - FINE, J. V. A. “Horoi. Studies in Mortgage, Real Security and Land Tenure in Ancient Athens”. Hesperia, Suppl. IX, 1951. Fun. Mon. - BRADEEN, D. W. Inscriptions. The Funerary Monuments. The Athenian Agora 17. Princeton: American School of Classical Studies, 1974. GIB - SMUTNY, R. J. Greek and Latin inscriptions at Berkeley. Berkeley: University of California Press, 1966. GIR - PLEKET, H. W. The Greek inscriptions in the «Rijksmuseum van Oudheden» at Leyden. Leiden: E. J. Brill, 1958. GMA - KOTANSKY, R. Greek Magical Amulets. The Inscribed Gold, Silver, Copper and Bronze Lamellae. Part I. Published texts of known provenance. Opladen: Westdeutcher Verlag, 1994. Gonnoi - HELLY, B. Gonnoi, II. Les Inscriptions. Amsterdam: Hakkert, 1973. IAE - PEEK, W. Inschriften aus dem Asklepieion von Epidauros. Abh. Leipz 60 (2), 1969. IBrooklyn - HERBERT, K. Greek and Latin inscriptions in the Brooklyn Museum. Brooklyn: Wilbour Monograph, 1972. IE - PEEK, W. Neue Inschriften aus Epidauros. Abh. Leiz.63 (5), 1972. IG - Inscriptiones Graecae. Berlim: I2: Hiller von Gaertringen, F., Inscriptiones Atticae Euclidis anno anteriores, editio minor, 1924. I3: Inscriptiones Atticae Euclidis anno anteriores. (1): LEWIS, D., Decreta et tabulae magistratuum. Berlim, New York: 1981; (2) LEWIS, D.; JEFFERY, L. Dedicationes. Catalogi. Termini. Tituli sepulcrales. Varia. Tituli attici extra Atticam reperti. Addenda. Berlim, New York: 1994; II2: KIRCHNER, J. Inscriptiones Atticae Euclidis anno posteriores, editio minor, 1913-1940; III: WUENSCH, R. Inscriptiones Atticae aetatis romanae, pars. 3, Defixionum tabellae, editio maior, 1897. xxix SEG - Supplementum Epigraphicum Graecum: Hondius, J.J.E., Woodhead, A.G. y otros, I-XXV, Leiden 1923-71; Pleket, H.W., Stroud, R.S. y otros, XXVI-XXVII, Alphen 1978-79; XXVIII-LII, Amsterdam 1980-2006. SIG - DITTENBERGER, W. Sylloge Inscriptionum Graecarum. I-III. Leipzig: Lipsiae apud S. Hirzelium, 1915-1924. TGF - KANNICHT, R., Tragicorum Graecorum Fragmenta, Vol. 5: Euripides, Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 2004. xxx SUMÁRIO RESUMO ..................................................................................................................................... viii ABSTRACT ...................................................................................................................................... ix LISTA DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................................................ x LISTA DE TABELAS ................................................................................................................... xii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS .................................................................................. xiii PARTE I: AS QUESTÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS E OS GÊNEROS CONFORMES E NÃO-CONFORMES NA ATENAS CLÁSSICA ........................................................................... 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 3 a) A documentação da tese ........................................................................................................ 8 b) Para além do binarismo: hipótese, justificativa e natureza da investigação ..................... 15 c) Plano de trabalho ................................................................................................................ 18 CAPÍTULO 1 - PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS: HISTÓRIA DE GÊNERO, REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, ANÁLISE DO DISCURSO, TEORIA DA AÇÃO E DO PODER ........................................................................................................................................................ 21 1.1 A História de Gênero: o campo de investigação ............................................................. 22 1.2 Gênero e diversidade de gênero: indo além do binarismo de gênero na pesquisa da Atenas Clássica 27 1.2.1 Sexo, essencialismo biológico, gênero e abordagem interseccional ............................ 28 1.2.2 Em torno do gênero: binarismo, normatividade, heteronormatividade, identificação e identidade 32 1.2.3 O feminino, o masculino e as suas relações ................................................................. 35 1.2.4 Os gêneros não-conformes, a teoria queer e os múltiplos travestimentos ................... 38 1.2.5 A identificação do gênero no discurso: performatividade e atos de fala ..................... 43 1.2.6 O travestimento como modalidade de ὕβρις trágica e homoerótica ............................ 45 1.3 Análise do discurso textual e imagético .......................................................................... 48 1.3.1 A análise do discurso prévia aplicada às tragédias ...................................................... 49 1.3.1.1 Discurso, enunciação e enunciado ..............................................................................49 1.3.1.2 O texto teatral para Maingueneau ............................................................................... 51 xxxi 1.3.1.3 A análise do contexto de enunciação, da relação entre as estâncias do discurso e das cenas do discurso das performances teatrais ................................................................................. 52 1.3.2 Critério de seleção de textos a serem traduzidos: o vocabulário de gênero ................. 59 1.3.3 Vocabulário da norma de gênero e do travestimento ................................................... 61 1.3.4 Teoria de tradução aplicada ao texto ........................................................................... 68 1.3.5 Análise discursiva e pragmática dos enunciados ......................................................... 70 1.3.6 A análise semiótica aplicada à documentação imagética ............................................ 78 CAPÍTULO 2 - O QUE OS HOMENS E AS MULHERES DEVEM SER: GREGOS QUE PENSAM E IMPÕE O GÊNERO .................................................................................................. 82 2.1 A normatividade de gênero nas Panateneias e no Partenon ............................................ 83 2.2 A masculinidade normativa e a evidência euripidiana .................................................... 88 2.3 A restrição à circulação e à fala das mulheres em exemplos das tragédias euripidianas 122 2.4 A naturalização e a animalização da feminilidade ........................................................ 132 CAPÍTULO 3 - OS GÊNEROS NÃO-CONFORMES NA DOCUMENTAÇÃO DO V E IV SÉCULOS A.C. ........................................................................................................................... 158 3.1 Travestimento Erótico ............................................................................................................ 162 3.1.1 O homoerotismo masculino ................................................................................................ 164 3.1.2 O homoerotismo feminino .................................................................................................. 188 3.2 Outros travestimentos ............................................................................................................. 206 3.2.1 Cross-dressing ..................................................................................................................... 207 3.2.2 Travestimento Social, Discursivo e Religioso .................................................................... 222 PARTE II: A ANÁLISE DOS TRAVESTISMOS NO DRAMA EURIPIDIANO ..................... 235 CAPÍTULO 4 – TRAVESTISMOS NAS PEÇAS DE EURÍPIDES ........................................... 237 4.1 Eurípides e o “lugar de fala” das tragédias e tragediógrafos: entre as normas e os travestimentos .............................................................................................................................. 238 4.2 Eurípides, a inovação, o cotidiano e a diversidade de gênero ....................................... 255 4.2.1 A perenidade da diversidade de gênero na Atenas de Eurípides ............................... 256 4.2.2 A investigação da diversidade de gênero na Grécia Antiga e em Eurípides ............. 258 4.3 Gêneros não-conformes em Ciclope .............................................................................. 260 xxxii 4.3.1 Seleção de textos de Ciclope para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática ............................................................................................................. 269 4.3.2 Análise pragmática dos enunciados, e indicação da modalidade de travestimento, considerando a análise interseccional de gênero .......................................................................... 272 4.4 Gêneros não-conformes em Alceste .............................................................................. 278 4.4.1 Seleção de textos de Alceste para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática ............................................................................................................. 301 4.4.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 304 4.5 Gêneros não-conformes em Medeia .............................................................................. 311 4.5.1 Seleção de textos de Medeia para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática ............................................................................................................. 321 4.5.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 323 4.6 Gêneros não-conformes em Heráclidas ........................................................................ 329 4.6.1 Seleção de textos de Heráclidas para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática .......................................................................................... 335 4.6.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 335 4.7 Gêneros não-conformes em Hipólito ............................................................................. 339 4.7.1 Seleção de textos de Hipólito para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática .......................................................................................... 349 4.7.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 352 4.8 Gêneros não-conformes em Andrômaca ....................................................................... 356 4.8.1 Seleção de textos de Andrômaca para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática .......................................................................................... 363 4.8.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 364 4.9 Gêneros não-conformes em Hécuba .............................................................................. 372 4.9.1 Seleção de textos de Hécuba para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática ............................................................................................................. 383 4.9.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 385 4.10 Gêneros não-conformes em Suplicantes ........................................................................ 391 4.10.1 Seleção de textos de Suplicantes para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática .......................................................................................... 401 xxxiii 4.10.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 404 4.11 Gêneros não-conformes em Electra .............................................................................. 410 4.11.1 Seleção de textos de Electra para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática .............................................................................................................416 4.11.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 418 4.12 Gêneros não-conformes em Héracles ............................................................................ 423 4.12.1 Seleção de textos de Héracles para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática .......................................................................................... 432 4.12.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 434 4.13 Gêneros não-conformes em Troianas ........................................................................... 439 4.13.1 Seleção de textos de Troianas para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática .......................................................................................... 447 4.13.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 450 4.14 Gêneros não-conformes em Ifigênia em Táuris ............................................................ 453 4.14.1 Seleção de textos de Ifigênia em Táuris para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática .......................................................................................... 460 4.14.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 461 4.15 Gêneros não-conformes em Íon ..................................................................................... 465 4.15.1 Seleção de textos de Íon para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática ............................................................................................................. 475 4.15.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 477 4.16 Gêneros não-conformes em Helena .............................................................................. 483 4.16.1 Seleção de textos de Helena para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática ............................................................................................................. 492 4.16.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 494 4.17 Gêneros não-conformes em Fenícias ............................................................................ 498 4.17.1 Seleção de textos de Fenícias para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática .......................................................................................... 508 4.17.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 509 xxxiv 4.18 Gêneros não-conformes em Orestes .............................................................................. 514 4.18.1 Seleção de textos de Orestes para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática ............................................................................................................. 521 4.18.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 523 4.19 Gêneros não-conformes em Bacantes ........................................................................... 526 4.19.1 Seleção de textos de Bacantes para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática .......................................................................................... 533 4.19.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 539 4.20 Gêneros não-conformes em Ifigênia em Áulis ............................................................... 546 4.20.1 Seleção de textos de Ifigênia em Áulis para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática .......................................................................................... 552 4.20.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 553 4.21 Gêneros não-conformes em Reso .................................................................................. 555 4.21.1 Seleção de textos de Reso para tradução, tradução proposta e destaque de enunciados para a análise pragmática ............................................................................................................. 560 4.21.2 Análise discursiva e pragmática dos enunciados e indicação da modalidade de travestimento, considerada a análise interseccional de gênero .................................................... 561 4.22 Gêneros não-conformes nos fragmentos de tragédias de Eurípides: um breve ensaio de sua análise a partir de Antíope e Erecteu ...................................................................................... 563 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................... 567 PARTE III: REFERÊNCIAS E APÊNDICES ............................................................................. 574 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 576 APÊNDICE 1 – ABORDAGENS DE GÊNERO ........................................................................ 628 APÊNDICE 2 – GÊNERO NOS ESTUDOS CLÁSSICOS ........................................................ 636 APÊNDICE 3 – ANÁLISES PROPOSTAS PARA OS TEXTOS DE EURÍPIDES .................. 649 APÊNDICE 4 – ANÁLISES PROPOSTAS PARA AS IMAGENS ........................................... 653 xxxv χαίρετε: χαίρειν δ᾽ ὅστις δύναται καὶ ξυντυχίᾳ μή τινι κάμνει θνητῶν, εὐδαίμονα πράσσει. Salve! Pois quem pode saudar e não está fatigado por causa de algum acontecimento entre mortais, alcança felicidade. Eurípides, Electra 1357-1359 PARTE I: AS QUESTÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS E OS GÊNEROS CONFORMES E NÃO-CONFORMES NA ATENAS CLÁSSICA 2 Esta tese é dividida em três partes. A primeira parte é composta pela introdução e por três capítulos, os quais apresentam a metodologia e a discussão das questões de gênero relacionadas ao binarismo de gênero e à ruptura desse binarismo. A introdução consiste na apresentação do tema, da hipótese, justificativa e natureza da investigação, além da exposição do plano de trabalho. O primeiro capítulo aborda os pressupostos teórico-metodológicos: a História de Gênero, a teoria das representações sociais, as ferramentas de análise de discurso aplicadas aos textos e às imagens, a teoria da tradução aplicada aos textos, a análise pragmática dos enunciados e a análise semiótica aplicada à documentação imagética. O segundo capítulo apresenta os fundamentos do binarismo de gênero, eos relaciona às tragédias de Eurípides. O terceiro capítulo aborda os gêneros não-conformes na documentação dos séculos V e IV a.C., com destaque a cinco modalidades de travestimento: o travestimento erótico, o cross- dressing, o travestimento social, o travestimento discursivo e o travestimento religioso. 3 INTRODUÇÃO Esta tese é uma investigação das inversões de gênero nos dramas de Eurípides, das situações em que personagens femininas são caracterizadas nos dramas euripidianos como homens, e personagens masculinas são caracterizadas como mulheres. Tais caracterizações são consideradas nesta pesquisa evidências da diversidade de gênero, sendo comum e recorrente, como será mostrado a seguir, que as performances de gênero revelem ser a identidade de gênero múltipla, multifacetada, diversa nessas inversões em relação aos gêneros normativos. Este trabalho demonstra que a construção social de gênero se dá a partir da aquisição e da normatização/regulação das práticas sociais a partir de estereótipos de gênero. Demonstra, por outro lado, a adoção acrítica dos estereótipos de gênero na investigação de gênero na Antiguidade.1 Tal adoção é muitas vezes irrefletida, automática, e reforça a bipolarização entre os polos masculino-feminino, correspondente à maior parte dos sexos biológicos. Esta limitação coloca a pesquisa de gênero da Antiguidade em descompasso com a investigação de gênero da contemporaneidade. Para superar tal limitação, é necessário colocar sob suspeita o binarismo de gênero, as masculinidades e feminilidades presentes em leis, peças oratórias, textos filosóficos, dramas e poemas, observando rupturas e colocando as normatividades sub judice.2 A pesquisa quase sempre assumiu tal binarismo, utilizando-o como pressuposto inconfessado ao tratar as masculinidades, feminilidades e comportamento homoerótico.3 Neste trabalho, considera-se a mera subscrição às normatividades algo que precisa ser superado em favor das realidades sociais reprimidas e silenciadas na Atenas da segunda metade do século V a. C. 1 Os estereótipos são memórias coletivas a respeito de indivíduos ou grupos que permitem a adequação desses “de acordo com o estereótipo que já se detém” (LIMA, M. M. Considerações em torno do conceito de estereótipo: uma dupla abordagem. Lisboa: Aveiro, 1996, p. 3). Memória coletiva é, segundo LE GOFF, “o que fica do passado no vivido dos grupos ou o que os grupos fazem do passado” LE GOFF, Jacques. Memória. In: LE GOFF, J. Memória e História. Campinas: Unicamp, 1990, p. 472 (p. 423-483). Estereótipos são uma forma particular de esquema, que constrói a memória a respeito de indivíduos ou grupos de indivíduos. Esquema é “uma generalização dinâmica e afetiva da imagem, constitui a factividade e a não-substantividade geral do imaginário [...] faz a junção entre as dominantes reflexas e as representações” (DURAND, G. A imaginação simbólica. Lisboa: Edições 70, 1995, p. 60). 2 Um exemplo disso é DELCOURT, M. Hermaphrodite. Mythes et rites de la bisexualité dans l’Antiquité classique. Paris: Presses Universitaires de France, 1958. Nesse texto, masculino e feminino são considerados marcas sexuais, e o hermafroditismo, uma condição sexual de gênero misto. Neste trabalho, considera-se a diversidade de identidades sexuais para além da oposição binária masculino-feminino. 3 Basta um olhar superficial para os títulos e já se vê esse pressuposto do binarismo de gênero e, no máximo, a respeito do comportamento homoerótico. Tal aspecto será mostrado no primeiro capítulo, mas é adiantado aqui para que a questão seja posta como um problema importante, que este trabalho se dispõe a enfrentar. 4 Os textos escritos por homens muitas vezes de camada social superior e em algum grau xenófobos e homofóbicos (dentro, é claro, das peculiaridades da homofobia da época) foram muitas vezes cridos, não analisados neste pormenor: o da ocultação da diversidade. Este trabalho pretende encontrar no que oculta a diversidade de gênero, aquilo que a desvela, partindo da premissa que o conflito que proporciona a negação, afirma a existência do que se nega. Este trabalho procura, em um primeiro momento, observar nas imagens, na literatura, no pensamento filosófico, nos dramas e também na legislação as normatividades socioculturais de gênero4 da Atenas Clássica, às quais refletiam este desígnio, entre outros: afirmar o binarismo de gênero e, por causa disso, rejeitar as múltiplas variações de gênero, proposital ou despropositadamente.5 Para que se reconheça e descreva a multiplicidade, não basta abordá-la diretamente: é necessário observar nas pressões advindas da heteronormatividade,6 os regimes de gênero, as expectativas de comportamento social e os seus inversos. Não deve causar estranhamento, portanto, que as normatividades sejam demoradamente abordadas neste trabalho (capítulos dois). A natureza da documentação da Atenas do século V a.C. e a sutileza com que a diversidade de gênero é apresentada nela (muitas vezes de forma desproposital) exige que nos meandros do binarismo de gênero que domina as representações sejam notadas as pequenas fissuras, as quais, destacadas, evidenciam o que as normatividades servem para escamotear. A presente pesquisa compreende que as proibições, rejeições e discriminações são, entre outras coisas, afirmações, reconhecimentos da existência da diversidade. Quando se afirma ‘não faça’, o pressuposto óbvio, mas muitas vezes ignorado, é: ‘alguém está fazendo’. No caso dos gêneros não-conformes,7 regulamentos, pressões sociais e expectativas contra a realidade social de 4 Compreende-se aqui normatividade de gênero como o conjunto de regulamentos, regramentos impositivos ou por influência que visam, consciente ou inconscientemente, provocar a identificação de gênero e a assunção de estereótipos, coercitiva ou voluntariamente. 5 Um exemplo de rejeição proposital da diversidade está no tratamento dado por ARISTÓFANES a Agatão em suas comédias. Outro exemplo de rejeição proposital são as menções, em ARISTÓTELES da ideia de que ser penetrado com frequência pode prejudicar a masculinidade de alguém (ARISTOT., Eth. Nic. 1148b). Em relação ao binarismo e à manutenção de fronteiras sem que isso seja um programa, a leitura dos documentos no próximo capítulo elucidará a vigência de tal aspecto. 6 Heteronormatividade é a obrigatoriedade da heterossexualidade, que se dá por causa, fundamentalmente, da repetição de comportamentos, os quais criam a ilusão de que a essência natural é que os provoca, produz e explica, sendo as identidades de gênero um resultado das regras explícitas ou implícitas para a feminilidade e masculinidade que o comportamento de homens e mulheres supostamente representam. Ver: BUTLER, J. Bodies that matter: on the discursive limits of “sex”. New York: Routledge, 1993, p. 12. 7 Neste trabalho, gêneros não-conformes são aqueles que fogem à normatização de gênero, sendo um termo, portanto, restrito a ambientes em que tal normatização vigora consciente ou inconscientemente. O conceito de gênero não- conforme é sinônimo aqui ao conceito de travestimento. 5 tudo aquilo que contradiz a heteronormatividade, os regimes de gênero e as expectativas de comportamento social deixam suas marcas – e tais marcas estão, entre outros lugares, na documentação supérstite, a qual deve ser lida criticamente para que se encontre o que de fato nela está escrito e ela de fato diz; mas se identifique, ao mesmo tempo, o pronunciar, nos seus silêncios ou interditos, daquilo que emoldura o seu dizer.8 A análise deste trabalho se ocupa, ou deve se ocupar em dar voz a esse segundo falar. Os textos escritos e as imagens são grande parte do que restou das massivas tentativas de repressão, em maior e menor nível, da diversidade. Quando a diversidade foi reprimida em tais documentos, ela foi, ao mesmo tempo, pronunciada, evidenciando a sua realidade social. A diversidadede gênero, silenciada, pode ganhar voz se ela for traduzida por meio da análise dos não-ditos, uma das tarefas da análise do discurso aplicada aqui não acidentalmente nem aleatoriamente. Mais do que reconhecer o gênero e seus regimes nos vários documentos, este trabalho assume que a composição híbrida (no sentido de excesso, desmedida e desmesura) das tragédias gregas privilegiavam o inusitado, o não-casual, o irregular, o descomedimento. Não por acaso, o ultrapassamento das fronteiras de gênero recursos recorrentes nas tragédias gregas, sejam nos traços identitários de gênero, ultrapassados pelas personagens construídas pelos tragediógrafos; seja no travestimento que começava no ator masculino assumindo a identidade de personagens 8 No cerne da legislação que censura, criminaliza e embarga comportamentos e práticas está o reconhecimento de que tais comportamentos e práticas aconteciam diante da inaceitação social pela maioria. Afirma BOURDIEU: “A constituição de uma competência propriamente jurídica, mestria técnica de um saber científico frequentemente antinômico das simples recomendações do senso comum, leva à desqualificação do sentido de equidade dos não- especialistas... O desvio entre a visão vulgar daquele que se vai tornar “justiciável”, quer dizer, num cliente, e a visão científica do perito, juiz, advogado, conselheiro jurídico etc., nada tem de acidental; ele é constitutivo de uma relação de poder.” (BOURDIEU, P. O poder simbólico. 6 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p. 226). O corpo de leis atenienses da segunda metade do século V a.C. é construído por uma série de legisladores, aplicado por arcontes, juízes e cidadãos em assembleia. Seu julgamento está longe de ser objetivo: os que dele são alvos são objetos do estranhamento e representam um risco, uma ameaça, sendo acusados de terem em suas ações desviantes o potencial de provocar a dissolução do tecido social. SILVA, analisando a tragédia Agamêmnon de Ésquilo, dá um exemplo disso: “Clitemnestra aparecerá como mulher masculina – cujos pensamentos, falas e atitudes assemelham-se aos dos homens, a esposa infiel e assassina que desperdiça a riqueza de seu oîkos e usurpa o poder de seu kýrios, a mãe cruel que, após sofrer exasperadamente pela morte de um de seus filhos, subtrai seu carinho aos demais, a mulher desmedida que constrói suas ações e pensamentos por meio da hýbris.” SILVA, T. N. As Estratégias de Ação das Mulheres Transgressoras em Atenas no V século a.C. Dissertação de Mestrado. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2011, p. 76. Ou seja: ser mulher masculina, transgressora, faz de Clitemnestra uma personagem que representa o mal que precisa ser apresentado, julgado, punido e extirpado. 6 femininas,9 até a reconversão desse mesmo ator em um feminino se comportando como masculino (e vice-versa) por demanda do enredo.10 O ultrapassamento das peculiaridades de um gênero específico pressupõe a existência de pelo menos um pressuposto a ele relacionado, e de alguma consequência prática e imediata de tal suplantação. Este trabalho considera que o pressuposto que fazia parte do background ateniense da primeira metade do século V a.C. era a bipolarização masculino-feminina, presente na maior parte das imagens e representações sociais. Esse binarismo tinha (e ainda tem) por consequência a identificação de gênero: o alinhamento das personagens sociais a um ou outro polo. Porém, este trabalho não procura o gênero restrito a papéis prescritos e prescritivos na maior parte do tempo e na maioria dos espaços. Este trabalho presta atenção àquilo que ultrapassa, que perpassa e que desmonta a encenação do binarismo de gênero, ainda que seja na encenação de ultrapassamento das fronteiras tendo-se em mente a vigência desses dois polos. A transgenerização, o travestimento, as inversões de gênero ou os gêneros não-conformes sempre aconteceram, e nem sempre eles são indícios de uma transgressão radical, com ruptura completa das fronteiras de gênero. Eles são indícios de que as regulações sociais não conseguem contornar a diversidade sexual, ou o que se chama aqui de identidade de gênero.11 Há, eventualmente, pesquisas sobre o comportamento homoerótico, pederastia ou travestimento ritual dedicadas ao período clássico grego.12 Porém, ao que parece, tais pesquisas, em descompasso com as mais recentes pesquisas de gênero, têm muitas vezes o binário masculino- feminino como pano de fundo crível por causa da crença na permanência dos sexos biológicos nas identidades de gênero. Explica-se isso pelo fato de vigorar na Atenas Clássica e na 9 Os atores das tragédias eram do sexo masculino. Ver: EASTERLING, P.; HALL, E. (eds.). Greek and Roman Actors: Aspects of an Ancient Profession. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. 10 Em Medeia, de Eurípides, o ator, homem, assumiu a identidade de Medeia, mulher; mas Medeia se comporta masculinamente na peça, o que obriga o ator que se travestiu de mulher a discursar utilizando, por exemplo, recursos do universo da retórica utilizada na assembleia que era restrita aos homens. Ver: KIBUUKA, B. G. L. Mito, Representações e Gênero em Medeia de Eurípides. Hélade 4 (1), 2018, p. 56-87. 11 Identidade de gênero é a característica pessoal e relacional, peculiar, caracterizada pela relação de alguém com o seu corpo, com o sexo e com os afetos. Tal relação tem implicações sociais, políticas, econômicas, étnicas e de camada social. 12 Cita-se, à guisa de exemplo: sobre o comportamento homoerótico, ver o clássico de DOVER, K. J. Greek Homosexuality. Londres: Duckworth, 1978; sobre a pederastia, ver: DONNAY, C. S. Pederasty in ancient Greece: a view of a now forbidden institution. Dissertação de Mestrado. Washington: Eastern Washington University, 2018; sobre travestimento, ver: MILLER, M. C. Reexamining Transvestism in Archaic and Classical Athens: The Zewadski Stamnos. American Journal of Archaeology 103 (2), 1999, p. 223-253. 7 contemporaneidade uma medida de heteronormatividade vigente nas relações sociais, na legislação e até mesmo na idealização da cidadania manifestada nos muitos artefatos culturais – em estátuas, em representações em vasos, nas poesias e na filosofia. Porém, o que é chamado de representação do híbrido, especialmente na tragédia, provoca identificação de comportamentos sociais para além dos estereótipos mais recorrentes. O que se quer aqui é rasgar o pano-de-fundo do binarismo de gênero, porque tal binarismo é uma construção social que simplifica a diversidade na oposição masculino-feminino, devedora da oposição biológica macho-fêmea. O binarismo proporciona, forja e fomenta a identificação de gênero, mas escamoteia a identidade de gênero. A identificação de gênero é hegemônica, mas não absoluta na documentação da Antiguidade grega. A escolha das tragédias não é, nesse sentido, aleatória. As tragédias não se enquadravam na normatização de gênero, e eram reconhecidas como um tipo de drama que desafiava a diferença entre os gêneros. Além disso, os enredos das tragédias foram construídos a partir da ὕβρις [hýbris]. A montagem das peças e a composição da audiência eram um tipo de liturgia cívica em que se dava o privilegiamento de homens cidadãos.13 Iniciadas as apresentações teatrais, os enredos transportavam a audiência para um mundo em que as performances eram realizadas por deuses, fantasmas e mulheres, exigindo dos atores homens uma camada mais profunda de travestimento para que tal migração fosse eficiente e convincente. Em relação às personagens trágicas, tais reagiam hibridamente ao páthos, ao abandono, à guerra, à esterilidade, à morte; e, eventualmente, um surpreendente tour de force as atingia nos enredos. A riqueza dos dramas desafiava os espectadores ase moverem do comportamento esperado dos homens e mulheres no cotidiano para a compreensão da ação de personagens identificados com o masculino e feminino nas tragédias. E 13 Segundo
Compartilhar