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Capítulo 4 – família substituta 16.11.2021LEGENDA Conceito Prazo Destaque Cai em prova Jurisprudência/súmula Revisão 1: Família substituta Três formas de colocação em família substituta: · Guarda · Tutela · Adoção Diretrizes gerais (art. 28 a 32) · Oitiva da criança e do adolescente: art. 28, §1º · Oitiva por equipe interprofissional · Opiniões são levadas em consideração respeitado o grau de desenvolvimento e compreensão do assunto · Adolescente: oitiva obrigatória e consentimento determinante · Criança: previamente ouvido sempre que possível · Preferência por família substituta com relação de parentesco · Parentesco, afinidade ou afetividade com a criança ou adolescente · Finalidade: aumentar chances de adaptação e preservar laços com a família natural · Grupos de irmãos: · Regra: irmãos ficam juntos · Exceção: separação, mas deve ser estimulado contato para evitar a perda do vínculo fraternal · Criança ou adolescente indígena ou de origem quilombola · Preferência para colocação em família substituta da mesma comunidade ou grupo étnico · Necessidade de participação de representantes dos órgãos federais de política indigenista e antropólogos no caso de quilombolas · Incompatibilidade e ambiente inadequado: · Incompatibilidade é a impossibilidade jurídica do pedido. Ex: avô que pretende adotar neto · Impossibilidade de transferência para terceiros: pode transferir com autorização judicial · Família substituta estrangeira: de modo excepcional e somente na modalidade adoção · Proibida concessão de guarda ou tutela a família estrangeira Guarda · Quem tem a guarda tem o dever de prestar assistência: · Material · Moral · Educacional · Guardião pode se opor a terceiros, inclusive aos pais (art. 33) · Guarda e poder familiar podem subsistir numa mesma situação = coexistem · Possibilita regularização jurídica de uma situação já consolidada = posse de fato da criança ou adolescente · Responsável presta compromisso mediante termo nos autos = é esse termo que permite tomar providências relativas à criança · A representação da criança e adolescente não está inerente a guarda = deve ser conferida pelo juiz expressamente Classificação: · Guarda de fato: posse da criança ou adolescente sem vínculo jurídico estabelecido pleo judiciário · Concessão da guarda pode ser objeto de processo autônomo ou decorrente de pedido de adoção ou tutela · No bojo desses processos, a guarda é concedida no início do processo, exceto se para família estrangeira = guarda provisória · Ao final do processo: guarda definitiva · Guarda excepcional: visa a atender situações excepcionais de suprimento da ausência dos pais · Guarda subsidiária ou por incentivo: é a guarda concedida àqueles que aceitam participar de programas de acolhimento familiar · Política pública mediante incentivos fiscais e subsídios à família acolhedora · Guarda derivada: aquela deferida por ocasião da concessão do pedido de tutela · Guarda que recai sobre o dirigente de entidade de acolhimento institucional: o dirigente é equiparado ao guardião (art. 92, §1º) · Guarda como medida protetiva ou estatutária: decorrente de medida protetiva = decorre da caracterização de situação de risco e aplicação de medida de proteção (art. 101, IX) · Fora do ECA: · Guarda concedida a terceiro diante da impossibilidade de permanência com os pais em meio a processo de divórcio: art. 1.584, §5º, CC · Acolhimento de criança ou adolescente estrangeiro refugiado cujos pais estão mortos ou não tenham conseguido entrar no país · Guarda de um adulto da sua nacionalidade que viva no país para ajudar na adaptação: estatuto dos refugiados (lei 9.474/97) Direito de visitação dos pais (art. 33, §4º) · Guarda conferida a terceiro não impede o direito de visita dos pais · Exceto: · Determinação expressa e fundamentada em contrário pelo juiz · Guarda em preparação para adoção · Também não isenta os pais do dever de prestar alimentos Guarda e dependência econômica · Tentativa de obter guarda com fins meramente previdenciários desvirtua o instituto · Razões econômicas não devem orientar a concessão da guarda, e sim o melhor interesse Guarda e benefícios previdenciários · Art. 33, §3º: guarda confere a condição de dependente inclusive para fins previdenciários · Lei 8.213/91, art. 16, §2º: fala apenas sobre o enteado e menor em tutela (conflito aparente de normas) · STJ (em recurso repetitivo): o menor sob guarda tem o direito a concessão do benefício de pensão por morte do seu mantenedor, comprovada sua dependência econômica Resumo (principais características da guarda) · Regularização jurídica da posse de fato · Implica dever de assistência material, moral e educacional · Guardião pode opor-se a vontade de terceiros, inclusive dos pais · Pode ser concedido em processo autônomo ou no bojo de processo de tutela ou adoção (exceto estrangeira) · Pode incluir direito de representação para determinados atos · Concede benefícios previdenciários · Permite a visitação dos pais a criança ou adolescente (exceto guarda para adoção ou decisão judicial em contrário) · Revogável a qualquer tempo Tutela · Pessoa maior assume o dever de prestar assistência · Material · Moral · Educacional · Administração dos bens · Representação da criança ou adolescente para os atos da vida civil · Criança ou adolescente que não esteja sob o poder familiar dos pais = pressuposto para a concessão da tutela · Pais falecidos · Pais declarados ausentes · Pais destituídos do poder familiar, seja pela perda ou suspensão · Cessação: · Quando a criança ou adolescente alcançar a maioridade aos 18 anos · Concessão de poder familiar através de: · Adoção · Reconhecimento de filiação · Fim da suspensão do poder familiar · Tutor: · Indicação por declaração de vontade dos pais, por testamento ou documento idôneo · Nomeação apreciada pelo juiz · Se houver pessoa em melhores condições, a luz do melhor interesse, afasta-se a disposição de última vontade · Direitos previdenciários: criança ou adolescente tutelada é dependente para todos os fins Adoção (lei 12.010/09) Classificação: · Adoção conjunta ou bilateral · Feita pelo casal, em que nenhum dos dois tem vínculo com a criança ou adolescente · Exige-se comprovação da estabilidade da família: casamento ou união estável · Exceção: ex-casal, já divorciado ou não mais em união estável, desde que: · Prévio acordo sobre a guarda e regime de visitação (ou fixação de guarda compartilhada) · Estágio de convivência com o adotando tenha iniciado no período em que estavam juntos · Comprovação de existência de vínculos de afinidade e afetividade com quem não detenha a guarda (demonstração de que a medida atende ao melhor interesse) · Adoção unilateral · Cônjuge ou companheiro adota o filho do outro · Subsistem vínculos de filiação entre a adotada e o cônjuge ou companheiro do adotante · Adoção póstuma · Adoção onde o adotante venha a falecer no curso do procedimento · Requisitos: · Manifestação inequívoca da vontade de adotar · Mesmos requisitos da filiação socioafetiva (tratamento como se filho fosse) = STJ · STJ admite propositura de ação após a morte do adotante (mesmos requisitos) · Demonstração de que o falecido pretendia ajuizar ação de adoção · Tratamento como se filho fosse · Conhecimento público da filiação socioafetiva · Posse do estado de filho: desfrute público e contínuo da condição de filho legítimo (STJ) · Adoção intuitu personae · Pais biológicos influenciam diretamente na escolha da família substituta · Adoção internacional · Postulantes são domiciliados fora do Brasil independentemente da nacionalidade brasileira ou estrangeira · Adoção à brasileira · Pessoa registra filho alheio como próprio · Não é modalidade legítima de adoção · Crime: art. 242, CP · Em tese o registro é nulo · Doutrina e jurisprudência modernas consideram o vínculo irrevogável em virtude da paternidade socioafetiva Principais características · Excepcionalidade da medida · Apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa · Vínculos decorrentes da adoção· Adoção é irrevogável em relação ao adotante · Mesmo após a morte dos pais adotivos os pais biológicos persistem vivos, o vínculo anterior não se reestabelece e o da adoção não se desfaz · Vínculos com a família biológica são extintos (exceto adoção unilateral) · Persistem impedimentos matrimoniais por razões eugênicas · Natureza jurídica · Ato jurídico em sentido estrito · Não admite modulação de efeitos (não é negócio jurídico) · Adoção é sempre plena com efeitos jurídicos expressamente previstos · Idades do adotante e adotado · Adotante: mínimo 18 anos completos · Diferença entre adotante e adotado: mínimo 16 anos (art. 42, §3º) · Adotando: · Menor de 18 anos: processo corre na justiça da infância e juventude · Maior de 18 anos: juízo de família · Judicialização da adoção: · Todos os processos de adoção são judiciais, inclusive de maiores de 18 anos · Prioridade de tramitação dos processos de adoção · Criança ou adolescente com deficiência ou doença crônica: processo tem prioridade · Prevalência dos interesses do adotando · Proteção integral · Melhor interesse · Prazo de conclusão do processo de adoção: art. 47, §10 · Concluído em 120 dias, prorrogável por uma única vez Vedações: · Adoção por procuração: art. 39, §2º · Juiz deve perceber a verdadeira intenção de adotar pela presença das partes em audiência · Adoção por ascendentes e irmãos: art. 42, §1º · Objetivo: evitar a modificação dos vínculos familiares · STJ: já permitiu excepcionalmente adoção de criança pelo avô (caso em que a genitora engravidou aos 8 anos, vítima de violência doméstica, e ambas cresceram como irmãs) · Adoção decorrente de tutela e curatela: art. 44 · Enquanto o tutor não prestar contas da administração ele não pode adotar · Impedimento parcial e temporário Outras observações: · Adoção por casal homoafetivo: ADPF 132 · Orientação sexual não por ser motivo para qualquer tipo de discriminação social · Admitida pelo STJ: o que orienta a decisão do juiz é o melhor interesse da criança · Adoção de nascituro: divergência doutrinárias · Impedimentos: · Exigência de estágio de convivência (impossível pelo nascituro) · Conceito legal de criança é de 0 a 12 anos (nascituro não se encaixa) · Principiologia do estatuto voltada a preservação da família natural Requisitos para adoção: · Consentimento dos pais e do adolescente: · Consentimento dos pais biológicos: art. 45 · Dispensado no caso de destituição do poder familiar · Adoção de maior de 18 anos: STJ dispensa o consentimento dos pais biológicos por não mais haver poder familiar · Oitiva dos pais pelo juiz e MP · Consentimento precedido de informações pela equipe interprofissional, especialmente em relação a irrevogabilidade da adoção · Consentimento do adolescente (12 anos completos): necessário · Art. 45, §2º · Estágio de convivência: art. 46 · Acompanhado pela equipe interprofissional · Período: máximo de 90 dias, prorrogável por igual período por decisão fundamentada · Adotando já em guarda concedida pelo juiz (não aplica a guarda de fato) ou tutela: pode ser dispensado o estágio de convivência · Guarda de fato não dispensa período de estágio de convivência · Adoção internacional: · Mínimo 30 dias, máximo 45 dias · Prorrogável uma vez por igual período · Estágio deve ser cumprido obrigatoriamente em território nacional, preferencialmente na comarca da residência do adotando ou cidade limítrofe Cadastros: · Organização: · Cadastros de crianças e adolescentes aptos a adotar · Cadastros de pessoas interessadas em adotar · Elaboração: · No âmbito da comarca: primeira tentativa de adoção da criança ou adolescente. Caso frustrada a primeira tentativa, passa-se aos demais cadastros · Âmbito estadual · Âmbito nacional · *Cadastros de domiciliados no exterior são consultados após esgotadas as possibilidades de residentes · Cadastro nacional de adoção: administrado pelo Conselho Nacional de Justiça · Critérios de ingresso nos cadastros: · Desejável a adoção de critérios objetivos, mas não são obedecidos cegamente · Pode ocorrer a modificação na ordem cronológica dos postulantes de acordo com o caso concreto · Manutenção: · Competência da autoridade central estadual · Comunicação a autoridade central federal · Fiscalização do MP · Formação do cadastro: critérios · Antiguidade · Preferência a pessoa que manifesta adotar criança ou adolescente com deficiência, doença crônica ou necessidades específicas de saúde, ou grupo de irmãos Adoção fora do cadastro de postulantes: · Hipótese de deferimento a pessoa ou casal não habilitado e inserido nos cadastros · Deve ser domiciliado no Brasil · Casos: · Adoção unilateral: adoção do enteado · Parente: excluída adoção por ascendente e irmão · Guarda legal ou tutela deferida anteriormente: · Criança maior de 3 anos ou adolescente · Guardião pode pedir adoção imediata · Não exclui estudo pela equipe interprofissional: entrevistas, visitas, exames, etc · Casos não garantem adoção imediata: deve ser analisado o melhor interesse · Adoção intuito personae: casos de pessoas postulantes a adoção que buscam famílias específicas que pretendem entregar filho a adoção: · Recomendação nº 08, corregedoria nacional de justiça: · Pessoas “ajustadas” com a família biológica · Se a criança for menor ou igual a 3 anos · Concessão a pessoas ou casais já habilitados nos cadastros · Consulta a ordem cronológica · Obediência ao critério territorial Adoção internacional · Convenção de Haia · A adoção é a única forma de colocação de criança e adolescente em família substituta domiciliada no exterior · Impossível tutela ou guarda mesmo durante o processo de adoção · Conceito: é internacional a adoção quando o postulante possui RESIDÊNCIA HABITUAL ou domicílio fora do Brasil, independentemente da nacionalidade · Requisitos: art. 51, §1º · Demonstração de que é necessária a colocação em família substituta · Esgotamento das tentativas de colocação em família substituta no Brasil, inclusive com consulta ao cadastro nacional · Se adolescente deve consentir e demonstrar que está preparado para a medida, dentro do seu grau de discernimento · Ouvido em audiência · Preferência: casais brasileiros domiciliados fora do Brasil em detrimento de casais estrangeiros · Habilitação: art. 52 · Pedido de habilitação no país de origem · Emissão de relatório pela autoridade do país, autenticado pelo consulado e traduzido por tradutor juramentado · Autoridade estadual pode pedir complementação dos estudos psicossociais já realizados · Expedição de laudo de habilitação a adoção pela autoridade central estadual · Validade de no máximo 1 ano · Encaminhamento do postulante a justiça da infância e juventude do local onde está a criança e adolescente · Habilitação tem prazo de validade de 1 ano e pode ser renovada · Possível a participação de organismos internacionais de adoção para intermediação · Não pode ter finalidade lucrativa · Credenciamento tem validade de 2 anos · Pedido de renovação pode ser feito nos 60 dias anteriores ao término da concessão anterior Adoção realizada no exterior: · Brasileiro que realiza adoção internacional · Duas hipóteses: · Brasileiro residente no exterior · País deve ser signatário da convenção de Haia · Se não, no reingresso no Brasil deve ser requerida a homologação de sentença estrangeira no STJ · Observada a legislação do país de residência · Brasileiro residente no Brasil (Brasil é o país de acolhida) · Segue a legislação do país de origem, salvo se delegado o procedimento ao país de acolhida (caso em que se adota o procedimento da adoção nacional) · Aplicável também a país não signatário da convenção de Haia · Habilitação junto a autoridade federal · Expedição de certificado de naturalização provisório · MP pode se opor Efeitos da adoção: · Sentença que julga a adoção: · Natureza constitutiva · Desfaz o vínculo anterior e cria um vínculo antes inexistente · Efeitos ex nunc · Excepcionalmente terá efeitos ex tunc: caso de adoção póstuma (data do óbito) · Art. 199-A: sentença produz efeitos desde logo, embora sujeita a apelação · Apelação terá apenasefeito devolutivo, salvo adoção internacional ou casos de perigo de dano irreparável ou difícil reparação ao adotando · Adoção internacional: saída da criança ou adolescente do território nacional só é possível após o trânsito em julgado = expedição de alvará para autorização de viagem e obtenção de passaporte · Atestado de conformidade pela autoridade central = imprescindível · Art. 47, 7º: prevê efeitos a partir do trânsito em julgado = norma mais antiga, tacitamente revogada · Nome: · Adoção concede a criança ou adolescente o sobrenome dos adotantes · Pode haver modificação do prenome · A pedido dos adotantes, ouvido o adotado · A pedido do adotado · Registro de nascimento: · Certidões não podem conter observações sobre a adoção Direito de conhecer a origem biológica: · Ao alcançar a maioridade · Direito de saber quem são os pais biológicos · Art. 48 · Armazenamento dos dados dos processos: art. 47, §8º
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