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Contrato individual de trabalho; Prescrição e decadência De modo geral, contrato é o acordo por meio do qual as partes pactuantes ajustam direitos e obrigações recíprocas. O contrato individual de trabalho refere-se a um ajuste em que as partes são o empregado e o empregador. O artigo 442 da CLT apresenta a seguinte definição: Art. 442, CLT - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. AUTÔNOMO No trabalho autônomo, não há subordinação. O prestador de serviços desenvolve o trabalho de forma autônoma, atuando por conta própria, ou seja, assumindo o risco da atividade desenvolvida. Autonomia é justamente o oposto de subordinação e se revela na independência do trabalhador autônomo em dirigir a maneira como o serviço será prestado. Uma novidade trazida pela Reforma Trabalhista é a possibilidade de haver cláusula de exclusividade, isto é, pode ser pactuado que o trabalhador autônomo deverá prestar serviços tão somente à empresa contratante e não poderá prestar serviços a outras empresas. Trata-se da figura do “autônomo exclusivo”. Art. 442-B, CLT - A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3o desta Consolidação. CLASSIFICAÇÃO E MODERNIDADES O artigo 443 da CLT apresenta a classificação e as modalidades do contrato individual do trabalho: Art. 443, CLT - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. Quanto à forma como se expressa a manifestação de vontade: expresso ou tácito; Quanto à previsão da duração do contrato: por tempo determinado ou indeterminado; Trabalho intermitente: inserido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17). No contrato expresso, as partes estipulam expressamente as condições básicas de seus direitos e obrigações. Essa estipulação prévia pode ocorrer verbalmente ou por escrito. O contrato tácito decorre do comportamento das partes, que revela a existência de uma relação empregatícia na prática. Art. 447, CLT - Na falta de acordo ou prova sobre condição essencial ao contrato verbal, esta se presume existente, como se a tivessem estatuído os interessados na conformidade dos preceitos jurídicos adequados à sua legitimidade. O contrato por prazo determinado tem duração preestabelecida desde o início do pacto, de modo que a data de extinção é certa e previsível. Por sua vez, o contrato por prazo indeterminado é aquele que não tem pré-fixação da data de sua extinção, isto é, sua duração é indefinida. Nos contratos de trabalho, a indeterminação de prazo é a regra e, portanto, os contratos de prazo determinado são a exceção. Quando não houver termo ou condição expressamente ajustada para o contrato, este será considerado por prazo indeterminado, pois esta é a regra. O artigo 443, § 2o, da CLT dispõe que o contrato por prazo determinado só será válido em se tratando de três hipóteses: Art. 443, § 2o, CLT - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência. O prazo máximo da duração do contrato de trabalho por prazo determinado é de 02 anos, exceto quanto ao contrato de experiência, cujo prazo máximo é de 90 dias, admitindo-se uma prorrogação nesse próprio período (Art. 445, CLT). Art. 479, CLT - Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato. TRABALHO INTERMITENTE O trabalho intermitente é uma novidade trazida pela Reforma Trabalhista. O artigo 443, § 3o, da CLT define o trabalho intermitente: Art. 443, § 3o, CLT - Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria. Art. 452-A, CLT A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação para fins do contrato de trabalho intermitente. A parte que descumprir o combinado, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% da remuneração que seria devida, sendo permitida a compensação em igual prazo. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função. Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas, cuja discriminação deverá constar no recibo de pagamento: TELETRABALHO Considera-se teletrabalho ou trabalho remoto a prestação de serviços fora das dependências do empregador, de maneira preponderante ou não, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação, que, por sua natureza, não configure trabalho externo. (Art. 75-B, CLT) É permitida a adoção do regime de teletrabalho ou trabalho remoto para estagiários e aprendizes. Os empregadores deverão dar prioridade aos empregados com deficiência e aos empregados com filhos ou criança sob guarda judicial até 4 (quatro) anos de idade na alocação em vagas para atividades que possam ser efetuadas por meio do teletrabalho ou trabalho remoto. TEMPORÁRIO Considera-se trabalho temporário aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. Com a publicação da Lei 13.429/2017, o contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, deverá obedecer ao seguinte critério em questão de prazo: Prazo Normal do Contrato: 180 dias, consecutivos ou não (período máximo); Prazo de Prorrogação: Mais 90 dias, consecutivos ou não (período máximo). direnee PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA A decadência, também conhecida como “caducidade”, regulada nos artigos 207 a 211 do Código Civil, é conceituada como a perda de um direito potestativo pelo decurso de prazo fixado em lei ou em contrato. Ainda se destacam as seguintes súmulas do STF e do TST para fins de verificação das hipóteses de decadência, do qual destacam-se: Súmula n. 403 do STF É de decadência o prazo de trinta dias para instauração do inquérito judicial, a contar da suspensão, por falta grave, de empregado estável. Súmula n. 62 do TST ABANDONO DE EMPREGO. O prazo de decadência do direito do empregador de ajuizar inquérito em face do empregado que incorre em abandono de emprego é contado a partir do momento em que o empregado pretendeu seu retorno ao serviço. Por outro lado, a prescrição ocorre por inércia do titular de um direito ou pelo decurso do tempo estabelecido em lei. A prescrição trabalhista faz parte dos Direitos Sociais elencados na Constituição Federal de 1988, como sê em seu artigo 7o, inciso XXIX: Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. IMPEDIMENTO Das Causas que Impedem ou Suspendem a Prescrição Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. INTERRUPÇÃO A interrupção da prescrição ocorre quando a contagem do prazo é reiniciado por inteiro. O artigo 11, § 3o da CLT estabelece que “a interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos”. A interrupção atinge tanto o prazo de dois anos para ingressar com a reclamação trabalhista, quanto para o prazo de cinco anos para requerer os seus direitos. SUSPENSÃO A suspensão do prazo prescricional, diferente da hipótese de interrupção, apenas congela o prazo por um período temporário até que seja retomada a contagem após a cessação do motivo que determinou a parada temporária do prazo. A própria CLT estabelece um exemplo de suspensão do prazo prescricional em seu artigo 855-E, determinando o seguinte: A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela especificados. Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte ao do trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do acordo PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE Com o início da fase de execução, ocorrendo inércia do exequente, titular do direito, ocorre a prescrição da pretensão executiva e o prazo é o mesmo estabelecido para a ação de conhecimento ou reclamação trabalhista, estabelecido no artigo 7o da Constituição Federal, conforme já sumulou o Supremo Tribunal Federal, na Súmula 150. Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de dois anos. (Artigo incluído pela Lei 13.467/2017.) 1.o A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução. 2.° A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição.
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