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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/341327097 A contribuição da Logística Reversa na Reutilização de Pneus Inservíveis Autores Conference Paper · June 2011 CITATIONS 0 READS 165 3 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Ferramenta Gestão Integrada View project Processamento de Imagens e Modelagem 3D: Imagens Termográficas da Mama View project Simone Vasconcelos Silva Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF) 104 PUBLICATIONS 71 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Simone Vasconcelos Silva on 12 May 2020. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/341327097_A_contribuicao_da_Logistica_Reversa_na_Reutilizacao_de_Pneus_Inserviveis_Autores?enrichId=rgreq-97b10790af052f4128ad580d9606eed9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTMyNzA5NztBUzo4OTA0OTQ4MDQ1NzgzMDVAMTU4OTMyMTkxNDQyNg%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/341327097_A_contribuicao_da_Logistica_Reversa_na_Reutilizacao_de_Pneus_Inserviveis_Autores?enrichId=rgreq-97b10790af052f4128ad580d9606eed9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTMyNzA5NztBUzo4OTA0OTQ4MDQ1NzgzMDVAMTU4OTMyMTkxNDQyNg%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Ferramenta-Gestao-Integrada?enrichId=rgreq-97b10790af052f4128ad580d9606eed9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTMyNzA5NztBUzo4OTA0OTQ4MDQ1NzgzMDVAMTU4OTMyMTkxNDQyNg%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Processamento-de-Imagens-e-Modelagem-3D-Imagens-Termograficas-da-Mama?enrichId=rgreq-97b10790af052f4128ad580d9606eed9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTMyNzA5NztBUzo4OTA0OTQ4MDQ1NzgzMDVAMTU4OTMyMTkxNDQyNg%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-97b10790af052f4128ad580d9606eed9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTMyNzA5NztBUzo4OTA0OTQ4MDQ1NzgzMDVAMTU4OTMyMTkxNDQyNg%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Simone-Silva-29?enrichId=rgreq-97b10790af052f4128ad580d9606eed9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTMyNzA5NztBUzo4OTA0OTQ4MDQ1NzgzMDVAMTU4OTMyMTkxNDQyNg%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Simone-Silva-29?enrichId=rgreq-97b10790af052f4128ad580d9606eed9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTMyNzA5NztBUzo4OTA0OTQ4MDQ1NzgzMDVAMTU4OTMyMTkxNDQyNg%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Instituto_Federal_de_Educacao_Ciencia_e_Tecnologia_Fluminense_IFF?enrichId=rgreq-97b10790af052f4128ad580d9606eed9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTMyNzA5NztBUzo4OTA0OTQ4MDQ1NzgzMDVAMTU4OTMyMTkxNDQyNg%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Simone-Silva-29?enrichId=rgreq-97b10790af052f4128ad580d9606eed9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTMyNzA5NztBUzo4OTA0OTQ4MDQ1NzgzMDVAMTU4OTMyMTkxNDQyNg%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Simone-Silva-29?enrichId=rgreq-97b10790af052f4128ad580d9606eed9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTMyNzA5NztBUzo4OTA0OTQ4MDQ1NzgzMDVAMTU4OTMyMTkxNDQyNg%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção A contribuição da Logística Reversa na Reutilização de Pneus Inservíveis Área temática: GESTÃO DA PRODUÇÃO Autores: Mileine Henriques Elias Velasco - mileineadm@gmail.com - ISECENSA Fábio Nunes Rangel - fabionunesrangel@gmail.com - ISECENSA Simone Vasconcelos Silva - simonevsinfo@yahoo.com.br - IFF Resumo. Entende-se que os pneus inservíveis ou usados, nocivos ao meio ambiente, podem retornar ao ciclo produtivo para serem transformados e reaproveitados. O presente artigo procura verificar a viabilidade de se utilizar a logística reversa no ramo de pneus, levando-os novamente a linha de produção, através da remoldagem ou da reciclagem. Além de compreender a importância da logística reversa no desenvolvimento de uma atividade empresarial economicamente sustentável e lucrativa. O artigo apresenta um estudo de caso da aplicabilidade da logística reversa no ramo de pneus na cidade de Campos dos Goytacazes. Palavras-Chave: logística reversa, pneus inservíveis, remoldagem, reciclagem 1. Introdução Para que um país se desenvolva, faz-se necessário que suas empresas desenvolvam-se também. O Brasil da década de 60, por exemplo, avançou sua economia devida expansão empresarial. Porém, é necessário que o desenvolvimento empresarial não ocorra em detrimento dos bens naturais. Entende-se que os recursos ambientais podem cessar, por esta razão, luta-se em prol do desenvolvimento sustentável. Nos últimos anos tem se visto a crescente preocupação, não só de empresas, mas também de governantes com atitudes sustentáveis. Atitudes como, energias alternativas, aumento da reciclagem, redução de gases, inclusivo o “lixo zero” que tentar reutilizar em quase 100% todo o descarte de produtos, indo para o lixo apenas o que não foi possível dar novo destino, são as novas tendências seguidas por empresas de grande porte. Uma empresa que saiba ampliar seus lucros sem deixar de colaborar com a manutenção dos recursos naturais, estará se desenvolvendo. A partir dessa compreensão, no ramo de pneus, procura-se verificar a viabilidade de se utilizar a logística reversa para reduzir o descarte. Entende-se que tal material, nocivo ao meio ambiente, pode ser retornado às empresas para serem transformados em capital e/ou reaproveitados. Existem dois tipos de logística reversa, de pós-venda e de pós-consumo. O presente estudo analisa a logística reversa de pós-consumo no ramo de pneus, pois em muitos lugares não existem postos de coleta, gerando pneus que já não servem mais, os quais são armazenados em qualquer lugar sem as condições necessárias, e/ou em lugares indevidos. Além disso, este trabalho propõe uma discussão sobre a logística reversa, sua viabilidade e suas vantagens nas organizações. Além de mostrar a importância da logística reversa no desenvolvimento de uma atividade empresarial, economicamente sustentável e lucrativa na cidade de Campos dos Goytacazes. mailto:mileineadm@gmail.com mailto:fabionunesrangel@gmail.com mailto:simonevsinfo@yahoo.com.br III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção A intenção do presente trabalho não é só referente à pesquisa sobre a logística reversa, mas principalmente verificar o que se tem feito com os pneus pós-consumidos em Campos dos Goytacazes e estudar a reutilização dos pneus inservíveis na cidade, através de um estudo de caso desenvolvido numa empresa do segmento de pneus. O trabalho está organizado da seguinte forma: a segunda seção contempla a logística reversa em suas duas divisões, a terceira seção descreve os canais reversos de distribuição e suas vertentes, a quarta seção destaca o impacto ambiental principalmente no ramo de pneus e a legislação vigente, a seção cinco considera as ações empresariais em prol da logística reversa, na seção seis é apresentada a aplicação da logística reversa numa empresa no ramo de pneus, e finalizando a seção sete apresenta as considerações finais. 1. Logística reversa Com o consumo mundial desenfreado e a ampliação tecnológica, a sociedade obteve muitos benefícios, entretanto, com os benefícios vieram os impactos ambientais. Contemporaneamente, com o entendimento de que muitos recursos naturais são finitos e que existe a necessidade de um desenvolvimento sustentável, concluiu-se que recursos ambientais não podem ser explorados desenfreadamente. Neste contexto, a logística reversa aparece como uma alternativa das empresas que visam o desenvolvimentodo capital, harmonicamente equilibrado com os acordos internacionais de preservação do meio ambiente. Contudo, alguns autores definem logística reversa como o retorno de bens ou materiais, por meio de sistemas operacionais de fluxos reversos, desde os bens de pós-venda e de pós-consumo, gerando valor econômico, ecológico e legal. Segundo Leite (2003) “Entendemos a logística reversa como a área empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.” Já Castiglioni (2010) define a logística reversa como “a área da logística que trata dos aspectos de retornos de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo.” Esses conceitos são antigos se consideramos que há alguns anos as indústrias de bebidas reutilizavam seus vasilhames. Leite (2010) acrescenta ainda o retorno de gás de cozinha com a reutilização de seus vasilhames. O botijão cheio chega ao consumidor e o vazio retorna ao centro produtivo para que seja reutilizado fazendo um ciclo contínuo. Muitas empresas trabalham com o conceito de logística reversa, porém nem todas encaram esse processo como parte integrante e necessária para o bom andamento ou para redução dos custos. Donato (2008) explica que algumas empresas apenas utilizam o processo e não demandam maior importância e nem investem em pesquisa. A atividade de logística reversa é, muitas vezes, executada sem a que a empresa se dê conta. Quando há, por qualquer motivo, devolução de um produto, a logística reversa é aplicada. Também pratica logística reversa os que compram materiais recicláveis para transformá-los em matéria-prima. As empresas estão deixando de ganhar receita por desconhecerem o processo de Logística Reversa ou ainda, praticam-na sem nenhuma percepção estatística. A constante procura de empresas por redução de custo, diferenciação de serviços e pressões envolvendo questões ambientais está fazendo com que as empresas dêem mais atenção às atividades de reciclagem e reaproveitamento de produto e embalagens. Para gerenciar esse III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção fluxo de materiais faz-se necessário um planejamento do ponto de consumo até o ponto de reciclagem, reaproveitamento, reuso ou destinação final o que caracteriza a logística reversa. A Logística Reversa divide-se em: Pós- Venda: A logística reversa de pós-venda é o campo que busca solução para colocar em prática o fluxo físico e de informações, de produtos de pós-venda que não foram usados ou com pouco uso a fim de levá-los a canais de distribuição direta (LEITE, 2003). Por conta disso o código do consumidor brasileiro permite ao consumidor devolver o produto por desistência ou por danos em sete dias, mas algumas empresas estão usando sistemas de devolução mais abrangentes a fim de conquistar os clientes (MUELLER, 2005). A criação de um setor com a finalidade de atender essas exigências mínimas dos consumidores e clientes permite a empresa um diferencial competitivo. Pós-Consumo: Pode-se dizer que a logística reversa de pós-consumo se preocupa com o processo que os produtos ou bens, percorrem após o término de sua vida útil. Leite (2003), diz que as obrigações dos fabricantes vai além da confecção ou entrega do produto, visa a destinação correta dos produtos usados chamado de responsabilidade estendida de produtos – EPR (extended product responsability). Para tanto é necessário que os fabricantes disponibilizem postos de coleta para que os consumidores possam levar seus produtos usados. Se fazendo novamente necessário que haja uma integração dos postos de coletas com os fabricantes, distribuidores ou comerciantes, mas infelizmente essa não é uma atitude generalizada e também por falta de conhecimento, muitos consumidores e clientes não consideram os postos de coletas na hora do descarte de um produto ou bem. Pode-se dizer que os produtos de pós-consumo possuem três alternativas de destinação final sendo elas: local seguro de descarte como aterros sanitários ou depósitos específicos, local não seguro como descarte na natureza ou poluição do ambiente, e a cadeia de distribuição reversa que irá levá-lo ao reuso ou reciclagem (MUELLER, 2005). Classificam-se produtos de pós-consumo os bens ou resíduos industriais em geral, que ao chegar ao fim de sua vida útil ou após o uso, podem retornar ao mercado sendo reutilizados (LEITE, 2003). 2. Canais de distribuição reversos (CDR’s) A logística utiliza canais de distribuição para atingir seu objetivo, dessa forma o caminho para que o produto chegue ao consumidor final é chamado de fluxos que podem ser diretos ou reversos. A logística moderna aglomera não apenas os fluxos diretos, tradicionalmente conhecidos, como também os reversos que devem ser bem administrados para que traga a empresa ou marca um rendimento expressivo (CASTIGLIONI, 2010). Segundo Leite (2003), a distribuição tem respeitável autoridade econômica seja pelo mercado ou pela distribuição física que é determinante para as empresas, considerando a necessidade de se ter o produto certo, no local e hora certa atendendo dessa forma os serviços exigidos pelos clientes. Para Stern (1996, apud CONSOLI, 2007) “os canais de distribuição [...] podem ser vistos como um conjunto de organizações interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar produtos e serviços para uso ou consumo”. Já Leite (2003) afirma que os CDRs constituem no processo pelo qual, o produto ou parte dele, que possua um ciclo de vida útil próximo do fim passa para ser reutilizado e/ou readquirido pelo mercado. Estes canais não possuem a mesma importância econômica que os canais de distribuição diretos, pois os volumes que são transacionados nos canais de distribuição reversos são bem menores. Os canais reversos podem ser abertos ou fechados. Aberto quanto o material reciclado é diferente do produto III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção original. E fechado quando o material reciclado é parecido com o produto original (LEITE, 2003 apud PEREIRA 2008). Leite (2003) ainda afirma que “todo produto produzido ou todo material constituinte utilizado, pode ser revalorizado de alguma maneira por meio de cadeias reversas.” A falta de conhecimento dos rendimentos potenciais, de diferentes naturezas, conseqüentes dos canais reversos impedem que as empresas discriminem os canais diretos dos reversos, e por isso algumas empresas trabalham com logística reversa, utilizando apenas o processo, como por exemplo, “uma empresa que recebe um produto como conseqüência de devolução, por qualquer motivo, já esta aplicando o conceito de logística reversa, bem como aquela que compra materiais recicláveis para transformá-lo em matéria-prima” (DONATO, 2008). Porém não valorizam a logística reversa e por causa disso não investem em pesquisas que possam contribuir em melhores resultados. Os canais de distribuição diretos constituem a cadeia de suprimentos ou abastecimento (supply chain) como alguns autores gostam de chamar, é considerada por Pires (2007, apud FIGUEIRÓ, 2010) como “uma rede de companhias autônomas, ou semi-autônomas, responsáveis pela obtenção, produção e liberação de determinado produto ou serviço ao cliente final.” A gestão da cadeia de abastecimento (supply chain management) permite desenvolver uma visão de fluxos de produtos, que vai além do oferecimento destes produtos ao mercado, mas sim, levando ao retorno destes produtos de pós-venda ou pós-consumo ao clico de negócios gerando um acréscimo devalores de diferentes naturezas (LEITE, 2003). Figueiró (2010) acrescenta ainda a Gestão Sustentável da Cadeia de Suprimentos (Green Supply Chain Management) e a caracteriza como um complemento das atividades tradicionais que cuida dos impactos ambientais que os processos podem causar ao ambiente. Os principais processos que fazem parte da gestão sustentável da cadeia de suprimento são as compras verdes, ecodesign, gerenciamento de resíduos, sem falar na própria logística reversa. Para melhor compreensão do significado dos canais reversos é importante ressaltar uma afirmação de Leite (2003) onde diz que a vida útil de um bem ou produto decorre desde a sua produção original até o momento que seu primeiro consumidor o descarta. Os Canais Reversos se dividem em: Canais Reversos na Logística de Pós- venda: Segundo Leite (2003), a busca em retornar com os produtos ao mercado seja ele primário ou secundário, se dar por causa de danos durante o transporte e as falha em quanto possui garantia. Já no ramo comercial se dar por erros de pedido, exagero de estoque, fim da estação, estoques antiquados, entre outros. Esses fluxos dependerão do motivo de retorno. Como exemplo de cadeia reversa de pós-venda, cita- se o retorno para as assistências técnicas de produtos em geral, a flexibilidade do varejo na hora da troca, entre outros. (LEITE, 2009). A atitude de retornar com os produtos ao ciclo produtivo reduzem as compras de novos produtos causando necessidade de que os produtos que vão para as cadeias reversas de pós-venda sejam equacionados rapidamente por meio de sistemas eficientes de logística reversa, por causa do grande número de produtos acumulados. Kotler (2000, apud GIACOBO, 2003) afirma que as empresas devem se preocupar com os serviços prestados pelos suportes e assistências ao produto, pois são fatores que influenciam no momento de decisão de compra dos clientes e muitas vezes geram vantagens competitivas; Canais Reversos na Logística de Pós-Consumo: Os produtos de pós-consumo são duráveis ou semi-duráveis, que ainda possuem condições de uso, podendo sua vida útil ser estendida III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção até o final. Chegando neste estágio sendo classificado como duráveis, o produto será levado ao desmanche que reaproveitará suas peças ou materiais dando a elas uma segunda chance no mercado (LIVA, 2008). Caso contrário será levado para a destinação final como aterros sanitários. Os canais de distribuição reversos de pós-consumo são subdivididos em “canais reversos de reciclagem” e “canais reversos de reuso”. Além destes, existem canais reversos de desmanche que é a desmontagem de produtos de pós-consumo e reaproveitamento de materiais levando-os ao ciclo produtivo. Os canais reversos de reciclagem valorizam os materiais que constituem os produtos que são descartados e transforma-os em matéria-prima para outros produtos. Pode se dizer que, “o processo de reciclagem envolve várias etapas, como coleta de material ou produto, seleção do item que será reaproveitado, preparação para reaproveitamento, processo industrial e conseqüentemente reintegração do material reciclado ao processo produtivo, sob forma de matéria prima.” Os canais reversos de reuso são aqueles que reutilizam os bens duráveis podendo ser levado ao mercado e comercializado até chegar o fim de sua vida útil (SILVA, 2006). É possível que alguns desses produtos ou materiais sejam dirigidos a sistemas de destinação final que agridem ao meio ambiente (LEITE, 2003). 3. Impacto ambiental A definição jurídica de impacto ambiental no Brasil vem expressa no art. 1º da Resolução nº. 001, de 1986 do CONAMA (BRASIL, 1986), nos seguintes termos: “considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente, afetam-se: a saúde, a segurança, e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais.” Há algumas décadas pouco se falava de retorno de produtos, mas o mercado sofreu mudanças por causa da competitividade, da necessidade das empresas em fidelizar os clientes aumentando a quantidade e variedade de produtos novos. A velocidade com que esses produtos têm sido lançados, em particular na segunda metade do século XX, causa a redução no ciclo de vida dos produtos e conseqüentemente aumento no índice de descartabilidade dos mesmos (LEITE, 2009). Com o aumento da descartabilidade e com a falta de fiscalização, esses descartes provavelmente serão inadequados aumentando assim o impacto que esses produtos, ou melhor, seus resíduos causam ao ambiente. 4.1 Impacto ambiental no ramo de pneus O ser humano não se preocupa com alguns de seus hábitos, entre eles, o de jogar lixo de formar descontrolada no planeta. Esse hábito já lhe rendeu o título de maior produtor de lixo e este problema se generalizou alcançando uma dimensão mundial. Donato (2008), afirma que empresas que fazem uso das normas de série ISO 14000:2004 e se preocupam com o ambiente, estão criando uma nova área de logística conhecida como “Logística verde” e através dela, levam os produtos ou materiais como pneus, óleos lubrificantes, bateria veicular e estacionaria, entre outros, para serem reciclados ou reutilizados. Esses produtos e materiais antes eram levados para destinação imprópria como queimadas a céu aberto ou disseminados em qualquer lugar. Na visão do mesmo autor a Logística Verde ou Ecologística é a parte da logística que se preocupa com os aspectos e impactos ambientais causados pela atividade logística. Deve-se entender que a logística reversa é utilizada como uma ferramenta da logística verde que viabiliza a minimização do impacto da atividade logística no meio ambiente. III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção O conceito de desenvolvimento sustentável, cujo objetivo é o crescimento econômico minimizando os impactos ambientais, tem sido constantemente utilizado nos dias de hoje, baseado na idéia de atender as necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras no atendimento de suas necessidades (LEITE, 2003). Existem algumas Resoluções do CONAMA que regulamenta o destino de pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, entre outros para que estes não agridam ao meio ambiente. Para Alberto, Prado Filho e Ribeiro (2006) apud Tondolo (2009) “essas regulamentações e normas específicas são essenciais para que a reutilização e reciclagem não sejam motivadas de maneira exclusiva pelos aspectos econômicos.” No caso de pneus a resolução 258/99 estabelece no Art.1º que, “as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nesta Resolução relativamente às quantidades fabricadas e/ou importadas.” De acordo com Envolverde (2011) foi realizado um trabalho em parceria com a Tetra Pak e o CEMPRE (Compromisso Empresarial Para Reciclagem) onde se constatou que o volume de pneus coletados e destinados em 2010 foi de 25% a mais que 2009, visto que a indústria pneumática coletou e destinou 311.554 t de pneus inservíveis em 2010. O total do ano de 2010 representa 20,23% do montante acumulado desde 1999, quando teve início o Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis. 4.2 Legislação As legislações ambientais tem se tornado o motivo para que as empresas sejam responsáveispelo destino final de seus produtos após serem consumidos. Isso faz com que essas empresas sejam legalmente responsáveis pelo ciclo de vida dos produtos e pela violência que eles causam ao meio ambiente. Isso se torna mais evidente ao observarmos a quantidade crescente de empresas que tem praticado reciclagem (CASTIGLIONI, 2010). A lei nº 12.305 de 2010, estabelece uma Política Nacional de Resíduos Sólidos cujo objetivo é incentivar a indústria da reciclagem para promover o uso de matérias-primas e ou insumos de materiais recicláveis ou reciclados, entre outros como no art. 7, inciso VI. Como instrumento de ferramenta possui a coleta seletiva, o estímulo a criação de cooperativas, entre outros como mostra o art. 8, incisos III e IV. A coleta seletiva neste caso se caracteriza por “sistemas de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos”. A lei define responsabilidade compartilhada como conjunto de ações individuais e generalizadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos serviços públicos para diminuir a quantidade de resíduos sólidos a fim de reduzir os impactos ambientais e de saúde humana. A fim de fortalecer a responsabilidade compartilhada os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes são responsáveis também para que após o consumo os produtos sejam reutilizados, reciclados ou que tenham outra forma ambientalmente correta de destinação, art. 31, inciso I, alínea a e inciso III. No artigo 33 a lei obriga os geradores de resíduos sólidos “a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes...” (BRASIL, 2010). 4. Ações empresariais em prol da logística reversa III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção A empresa pode alcançar a imagem diferenciada de ser ecologicamente correta por meio de políticas mais liberais e eficientes de devolução de produtos, como também por meio do marketing ligado a questões ambientais. As empresas modernas, instituições governamentais e os demais envolvidos, direta ou indiretamente, na propagação de problemas ecológicos, têm buscado cada vez mais associar a sua imagem e seus produtos a ações de proteção ambiental fazendo uso de marketing social, ambiental e de responsabilidade ética (LEITE, 2003). Sinnecker (2007) já dizia que, a logística reversa tem sido utilizada como uma ferramenta de aumento de competitividade e de consolidação de imagem corporativa, quando inserida na estratégia empresarial principalmente em marketing ambiental, em empresas que privilegiam uma visão de responsabilidade empresarial em relação ao meio ambiente e à sociedade. Dessa forma é importante ressaltar que atitudes de responsabilidade ambiental, influenciam na imagem da empresa, gerando novos negócios, mais empregos, mais desenvolvimento. Leite (2000, apud SINNECKER, 2007) diz que existem três atitudes que as empresas podem ter em relação ao meio ambiente, sendo elas: reativa, quando cumpre-se as leis e regulamentos afim de demonstrar que causar impactos ambientais, não faz parte da gestão da empresa; proativa, quando a empresa se antecipa aos leis e regulamentos e cria setores com a finalidade de gerir os impactos das ações empresarias no meio ambiente como logística reversa; busca de valor quando as empresas, por conta própria, possuem responsabilidades éticas, sociais e ambientais e demonstram suas atitudes aos clientes afim de agregar valor a sua marca. Para Aita (2008), os custos com a logística reversa são menores do que os lucros que as empresas podem ter utilizando-a, pois, quando bem estruturada e administrada à prática de reutilização de produtos e materiais traz redução de custos nas compras de matérias-prima. Souza (2009) diz que existe além dos custeios de meta, por processos, o custo pela vida total do produto afirmando que ele permite “a visibilidade dos custeios por todo o ciclo de vida do produto”. Horngreen (2000, apud SOUZA, 2009) diz que através desse custeio é possível se identificar as receitas e despesas de cada produto e os custos iniciais. Existem alguns problemas gerados pelo retorno dos produtos que nem sempre as empresas estão preparadas para lidar, como por exemplo, a quantidade de produtos que retornam que são maiores que os produzidos; os custos de retorno por causa do transporte e também por causa das operações de troca (LIVA, 2008). E Lacerda (2002) cita ainda alguns fatores que ele já considerava críticos para a eficiência do processo da logística reversa, sendo eles: controle de entrada, processos mapeados e padronizados, ciclo de tempo reduzido, sistemas de informação, rede logística, relações entre clientes e fornecedores. Segundo Donato (2008), algumas empresas fazem o uso dos 3R’s que são mais conhecidos: reduzir o consumo; reciclar; reutilizar. Mas algumas empresas se atualizaram e fazem uso dos 7R’s, conhecidos como reduza o número de componentes; reutilize tudo que é possível; recicle todos os materiais possíveis; recupere a energia; respeite códigos e leis; redefina materiais, peças e equipamentos; repense. Os 7R’s podem ser aplicados em quaisquer momentos, seja na fabricação, no transporte e no descarte dos produtos e serviços. A agressão ambiental causada pela ação de homem é tão grande que reciclar não resolve o problema, sendo necessário buscar alternativas que controlem o consumo ou evitá-lo. 5. Logística reversa aplicada numa empresa do ramo de pneus do Norte Fluminense A empresa de remoldagem de pneus, localizada em Campos dos Goytacazes, interior do estado do Rio de Janeiro, vende para mais de 300 clientes, aproximadamente 4 mil pneus por mês. A empresa compra pneus usados de grandes e pequenos fornecedores, do borracheiro ao grande empresário. Entretanto, o pneu é vendido apenas em atacado para o comércio varejista. III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção No trabalho com o transporte são utilizados seis caminhões, dentre eles um grande, que faz o recolhimento das “carcaças”, e cinco do tipo “Sprint”, utilizados na realização de entregas. Trabalha com pneus que vão do aro 13’ ao 16’, para automóveis de passeio. Procuram atender sempre às legislações que tratam de pneus, os pneus remoldados pela empresa têm o selo do Inmetro, que atesta a qualidade do produto. Além disso, tem a preocupação com o estoque para que os pneus não fiquem expostos ao clima, visto que pode acumular água, aumentando assim, o risco de focos de mosquitos da dengue. Possui aproximadamente 20 funcionários trabalhando, divididos nas diferentes etapas do processo. Há cinco anos recebeu ajuda do Fundecam (Fundo de Desenvolvimento de Campos dos Goytacazes) para mais investimentos, mostrando que a logística reversa pode ser um ramo empresarial socialmente sustentável sem deixar de ser lucrativo. 6.1 O processo de logística reversa e a remoldagem do pneu O Pneu pode ser dividido em oito camadas, conforme mostra a Figura 1, e segue o detalhamento destas camadas (RECICLA 10, 2011): Figura 1 – Imagem de um pneu. Fonte: Recicla10 (2011) Banda de Rodagem: Parte do pneu que faz contato com o solo, constituída de elastômeros; Ombro: Local do pneu onde ocorre a junção da banda com a lateral; Revestimento Interno: Superfície interna do pneu constituída de componentes de borracha que têm a função de evitar o vazamento de ar (para pneus sem câmara) e de atenuar o atrito com a câmara quando esta se faz presente; Talão: É a parte do pneu constituída de fios de aço, em forma deanéis, recoberta de lonas e elastômeros, que lhe atribui forma apropriada para o correto assentamento do pneu na roda; Flanco ou Lateral: Parte do pneu compreendida entre o limite da banda de rodagem e talão; Sulco: Cavidades projetadas para evitar deslizamentos laterais, escoar água ou detritos, refrigerar o pneu e gerar tração; Carcaça: É a estrutura resistente do pneu, constituída de uma ou mais camadas sobrepostas de lonas (camadas de fios de aço, nylon, rayon ou outros materiais com elastômeros que constituem a carcaça do pneu); Cintura: Representa o feixe de cintas (lonas estabilizadoras) que são dimensionadas para suportar cargas em movimento e garantir a área de contato necessária entre o pneu e o solo, proporcionando dirigibilidade. A empresa de penus vai aos borracheiros, comerciantes de pneus da cidade e compra os pneus usados para remoldar. No processo de remoldagem o pneu passa por 5 (cinco) etapas, dentre III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção elas a inspeção, raspagem, colagem e emborrachamento, vulcanização e acabamento. Os pneu usados, só podem ser remoldados apenas uma vez, posto que a carcaça não suporta mais de uma remoldagem. A empresa verifica qual a marca do pneu, se for da própria empresa, entende-se que o pneu já foi remoldado e que não pode mais passar pelo processo de remoldagem. Quando o pneu é de outra marca, são executados os processos para remoldagem. No fornecedor, o pneu passa pela inspeção para saber se pode ser remoldado, nessa etapa são verificadas as cavidades e as rachaduras do pneu. Depois, já na empresa, o pneu é raspado, e é colocada uma cobertura nova de borracha, que a empresa compra de terceiros. Após colocada a cobertura, o pneus vão para a vulcanização, onde a cobertura é fixada e o material recebe a marca da empresa. E a última etapa do processo é o acabamento. O fluxograma que detalha a logística reversa do pneu na empresa de remoldagem segue conforme as atividades: coleta dos pneus usados, inspeção dos pneus, raspagem, colagem e emborrachamento, vulcanização, acabamento, estocagem e distribuição aos clientes. A Figura 2 mostra os pneus em estoque (a) que já passaram pela etapa de inspeção e aguardam para passar pelo processo de remoldagem. Dado o início do processo o pneu passa pela raspagem da banda de rodagem, onde é retirada toda a borracha antiga, deixando apenas a carcaça (b). O pneu passa pelo processo de cola (c) para melhor absorção da borracha nova que será colocada na próxima etapa. Após a cola, o pneu passa pelo emborrachamento (d) e logo após receber a borracha, o pneu vai para vulcanização à vapor, onde é feito a prensa da carcaça, da banda de rodagem e das laterais, fixando o molde com a marca e todas as gravações obrigatórias que o pneu deve ter (e). E posteriormente o acabamento do pneu (f), após vulcanização onde são retiradas as sobras da borracha. (a) (b) (c) (d) (e) (f) Figura 2 – Processo de Remoldagem (a) Pneus em estoque (b) Raspagem da banda de rodagem (c) Passagem da cola (d) Emborrachamento (e) Vulcanização à vapor (f) Acabamento III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção 6.2 O processo de logística reversa e a reciclagem do pneu Os pneus que chegam à empresa de remoldagem e que não podem ser remoldados ou, que durante o processo de remoldagem apresentaram algum defeito são enviados gratuitamente e em transporte financiado pela empresa de remoldagem para uma empresa de reciclagem. São encaminhados, aproximadamente 200 pneus a cada dois meses. Além disso, a empresa de reciclagem retira os pneus que estejam espalhados pela cidade. Sobre a empresa de reciclagem, pode-se dizer que recicla pneus usados ou inservíveis que são retirados do meio ambiente, além do pneu, usa o pó da borracha e outros resíduos. A empresa segue a Resolução 258/99 do CONAMA que assegura a transformação do pneu novamente em matéria-prima. Tem capacidade para reciclar 10.080 pneus/dia, 1.500 Kg/hora de pó, granulado de borracha e aço, além de trabalhar com pneus de automóveis, caminhões e outros. O processo de reciclagem do pneu possui 7 (sete) etapas dentre elas: destalonização, trituração, macinatorização, granulação, aspiração, peneiração e classificação. Os pneus de caminhões são destalonados, para que o aço não danifique o triturador. A destalonização é “extração mecânica dos anéis de aço (talão) localizados nas laterais do pneu de caminhão” (RECICLA 10, 2011). Os pneus de carro não precisam ser destalonados, pois possuem uma quantidade menor de aço que não danifica o triturador. Os pneus, tanto de automóveis quanto de caminhões, são triturados e transformados em chips de 50 x 200 mm de dimensão. A Figura 3 mostra os equipamentos usados na reciclagem dos pneus. (a) Triturador (b) Overbelt (c) Sistema de Aspiração (d) Granulador Figura 3 - Processo de Reciclagem (a) Triturador (b) Overbelt c) Sistema de Aspiração (d) Granulador Conforme ilustra a Figura 3, o triturador (a) possui dois eixos com facas, em rotações opostas e efetuam a trituração da borracha proporcionando uma redução volumétrica dos pneus. Com 50 x 200 mm de dimensão, os chips são novamente reduzidos, mas agora, no macinatore que os reduz a uma dimensão média de 0 a 20 mm. Após passar pelo macinatore os chips são pesados e levados, através de esteiras vibratórias, para o overbelt (b) que separa o aço da borracha e do tecido/nylon, por um potente imã, e leva o aço para uma linha lateral para ser coletado em caçambas. Os chips de borracha sem aço e o tecido/nylon são levados, através do canal vibratório, para o sistema de aspiração (c) que os leva para o granulador. No granulador (d) os chips passam por mais uma redução de dimensão que chega, em média, de 0 a 4 mm. http://www.recicla10.com.br/fotos/g/tri2.png http://www.recicla10.com.br/fotos/g/over.png http://www.recicla10.com.br/fotos/g/asp.png http://www.recicla10.com.br/fotos/g/gra1.png III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção Após passar por essa etapa, os chips são separados do tecido/nylon e para sair do granulador, os chips passam por mais um sistema de aspiração que os leva para peneiração. Na peneiração, eles são classificados, ensacados em sacos de 200 micras (unidade de medida para coisas bem pequenas) com capacidade de 200 litros, lacrados e empilhados ao lado da fabrica. Classificação dos chips de borracha: Granulado com dimensão acima de 4 mm, Granulado com dimensão entre 0,8 a 2 mm, Granulado com dimensões entre 2 a 4 mm, Granulado com dimensão abaixo de 0,8 mm. De todo o processo de reciclagem é possível se obter: “70% do granulado da borracha para reciclagem, que são armazenados em big-bags com capacidade de até 1,6 toneladas para envio às indústrias de artefatos de borracha; 27% de aço armazenado em caçambas com capacidade de até 0,4 toneladas, destinado às siderúrgicas; e finalmente, 3% de tecidos/nylon que são armazenados em caçambas com capacidade de até 0,2 toneladas e são doados para indústrias de estopas e os resíduos são incinerados em altos-fornos” (RECICLA 10, 2011). O fluxograma detalhado da logística reversa do pneu na empresa de reciclagem segue conforme as atividades: coleta de pneus usados ou inservíveis, destalonização, trituração, macinatorização, granulação, aspiração, peneiração e classificação. 6.3 Transformação da borracha do pneu Após passar por todo o processo de reciclagem, a borracha do pneu, em forma de granulado de 4 a 7 mm, pode se transformar em matéria-prima para produtos de borracha como: tapetes, correias automotivas e industriais, tijolos para queima, alimentação de caldeiras e fornos em geral. Além de ser usada como complemento na fabricaçãode outros produtos como: tubos, mantas de isolamento acústico e térmico, cintas para reboque e levantamento de carros e etc. O granulado de 1,5 a 3 mm pode contribuir como matéria-prima na fabricação de pisos esportivos, solados para calçados, revestimento de peças metálicas e etc. Já o pó da borracha de 3 a 2 mm, pode se transformar em matéria-prima para vinil, adesivos, lubrificante para a indústria de plásticos evitando que peças plásticas colem entre si quando armazenadas. E complementar a fabricação de tintas, tijolos de alta resistência, látex e goma para adesivos. A borracha do pneu pode ser aplicada, entre outras situações, no ramo de rodovias e ferrovias, zona rural, indústria e construção civil. Em rodovias e ferrovias os mais conhecidos são asfalto emborrachado, reparação de camadas, quebra-molas, caneletas para águas pluviais nas margens de estradas, proteção lateral dos trilhos. Na zona rural pode ser usada para bebedouros e cochos, contenção de encostas, vasos para plantas, sistemas de drenagem e canais de irrigação. Na indústria e construção civil pode ser utilizado para tijolos de encaixe, galerias de esgotos, calçadas públicas, piso protetor para playground de crianças, embalagens em geral, reservatório de água e piscinas, pista de rolamento de aeroportos (RECICLA 10, 2011). 6. Considerações finais Considerando a definição dada por Leite (2003) de que a logística reversa é o retorno do produto ao ciclo produtivo agregando valor econômico, ecológico e legal, pode-se concluir através do estudo de caso apresentado que o pneu pode ser reutilizado quase em 100%. De acordo com as legislações atuais, conclui-se que a ação da logística reversa é uma tendência além de obrigatória, no caso de pneus, como afirma o art. 31 da lei 12.305 de 2010 onde fortalece que os produtos após serem usados sejam reutilizados, reciclados ou tenham destinação ambientalmente correta. Portanto os fabricantes, distribuidores, comerciantes e III ENFEPro Rio de Janeiro/ RJ, 10 e 11 de Novembro de 2011 Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção consumidores de pneus devem dar aos mesmos a destinação correta após o uso, podendo ser a remoldagem ou reciclagem. Através da pesquisa realizada, pode-se concluir que pneus usados podem ser reutilizados, de acordo com processos rentáveis, ambientalmente corretos, legais e propícios devido à grande quantidade de pneus descartados incorretamente. Mas infelizmente ainda é freqüente o descarte de pneus em rodovias, rios, aterros, entre outros. Através da logística reversa, os pneus podem passar pela remoldagem onde permite que, pneus usados sejam novamente levados ao consumidor com segurança, pois, são totalmente reformulados. Dando continuidade a este processo é possível reciclar, permitindo a reutilização, desde o aço, passando pela borracha até o tecido/nylon, fazendo com que os derivados do pneu voltem para fábrica e sejam transformados em outros produtos. Desta forma, foi possível verificar a importante contribuição gerada pela logística reversa no ramo de pneus, através do estudo de caso apresentado neste artigo. Referências AITA, J. A. A.; RUPPENTHAL, J. E. Logística reversa: a preocupação com o pós-consumo. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 28., 2008, Rio de Janeiro. Anais... . Rio de Janeiro: Abepro, 2008. p. 1 - 9. BRASIL, Conama nº 001. Publicado em Diário Oficial da União, Brasília, DF, em 17 de fevereiro de 1986. Seção 1, páginas 2548-2549. BRASIL, Conama nº 258. Publicado em Diário Oficial da União, Brasília, DF, nº 230, em 02 de dezembro de 1999. Secção 1, Página 39. BRASIL. Política Nacional de Resíduos Sólidos. 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