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INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES Engenharia Electrotécnica Estabilização da Velocidade de Accionamentos Discentes: Amin Nhambele, Nº. 5257 Emelda Tobela, Nº. 5281 Joelma Carvalho, Nº. 5185 Docente: Eng. Marcelo Mustafa Maputo, 2 de Maio de 2023 i Indíce 1. Introdução ........................................................................................................................................... 1 2. Objectivos ............................................................................................................................................ 1 2.1. Objectivo geral ............................................................................................................................ 1 2.2. Objectivos específicos ................................................................................................................. 1 3. Conceitos Básicos ................................................................................................................................ 2 4. Estabilização de velocidade por perturbação ................................................................................... 4 5. Estabilização da velocidade por desvio ............................................................................................. 9 6. Conclusão ........................................................................................................................................... 12 7. Bibliografia ........................................................................................................................................ 13 1 1. Introdução A estabilização da velocidade de acionamentos é uma técnica utilizada para manter a velocidade de um motor elétrico constante, independentemente das variações na carga ou na alimentação elétrica. Há dois princípios de funcionamento dum sistema de estabilização, os quais diferem pelas grandezas a medir. Num deles, chamado controle por perturbação, é medida a perturbação principal, ou seja, a causa provocadora do desvio da velocidade, isto é, o binário. O segundo chama-se controle por desvio. Este prevê a medição da grandeza a estabilizar, isto é, a velocidade. 2. Objectivos 2.1. Objectivo geral Fazer o estudo da estabilização da velocidade nos accionamentos. 2.2. Objectivos específicos Apresentar conceitos básicos e fundamentais para estabilização da velocidade dos accionamentos; Definir, explicar e exemplificar sobre a estabilização por desvio e a estabilização por perturbação. 2 3. Conceitos Básicos Na maioria das aplicações, os motores com controle de velocidade funcionam de acordo com as suas características mecânicas artificiais e o ponto de funcionamento é determinado pela carga mecânica. Tais accionamentos chamam-se accionamentos controlados com ciclo aberto. As flutuações do binário resistente, do mecanismo de produção accionado, originam os respectivos desvios da velocidade, sendo esta tanto maior quanto mais suave for a característica na qual o motor funciona. Além do mais, os desvios da velocidade são provocados por outras perturbações, por exemplo: oscilações da tensão da rede, variações da temperatura, etc. Porém, nem todos os mecanismos de produção aceitam esses desvios, qualquer que seja a sua origem. Por isso, é necessário tomar medidas especiais, visando manter um dado valor da velocidade, isto é, estabilizá-lo. (Khoussainov 1987, 50) Para entender a estabilização da velocidade de acionamentos elétricos, é importante compreender alguns conceitos básicos, tais como: 1. Velocidade nominal: é a velocidade de operação ideal para o motor elétrico, que é especificada pelo fabricante. A estabilização da velocidade é importante para garantir que o motor opere o mais próximo possível da sua velocidade nominal. 2. Carga: é a força ou o torque aplicado ao motor elétrico, que pode variar com o tempo. A carga é uma das principais causas de variação na velocidade do motor. 3. Feedback: é a informação enviada ao controlador a partir de sensores ou outros dispositivos que monitoram a velocidade do motor. O feedback é usado pelo controlador para ajustar a alimentação elétrica e manter a velocidade do motor constante. 4. Controlador: é o dispositivo responsável por ajustar a alimentação elétrica com base nas informações do feedback para manter a velocidade do motor constante. Existem diferentes tipos de controladores, como o controlador proporcional-integral-derivativo (PID) e o controlador de vetor. 5. Erro de velocidade: é a diferença entre a velocidade atual do motor e a sua velocidade nominal. O erro de velocidade é usado pelo controlador para ajustar a alimentação elétrica e reduzir o erro. 3 6. Constante de tempo: é um parâmetro que descreve a rapidez com que o sistema pode responder a uma mudança na carga ou na velocidade. Uma constante de tempo menor indica uma resposta mais rápida do sistema. A estabilização da velocidade realiza-se por meio de modificações da característica mecânica do motor, conforme se mostra na fig.1. Seja 𝜔1 o valor necessário, valor de referência, da velocidade e ∆ 𝜔1 os desvios admissíveis da mesma. Um motor de corrente contínua, possuindo a característica mecânica 1, assegura a velocidade 𝜔1 sendo o binário resistente M1. Se o binário resistente aumentar até M2, a velocidade tem de diminuir até 𝜔′2, que está fora do limite admissível. Por isso, faz-se uma modificação da característica do motor, por exemplo, através do aumento da tensão do induzido Figura 1-Estabilizacao da velocidade por meio da modificação da característica mecânica do motor Fonte: Accionamentos eléctricos, 1987 A característica desloca-se para cima e ocupa a posição 2. A respectiva velocidade 𝜔2, já se encontra dentro dos limites admissíveis, se o binário resistente diminuir até M3, faz-se a redução da tensão, para que a característica ocupe a posição 3, fazendo a velocidade 𝜔3 permanecer dentro dos limites admissíveis. Se se controlar a tensão em resposta a cada flutuação do binário, o motor adquirirá a característica imaginária 4, cuja alta rigidez assegurará o funcionamento do motor com a velocidade estabilizada. 4 Como é claro, todos os métodos de modificação da característica do motor servem para a estabilização da sua velocidade, A estabilização por controle de tensão é apenas o método mạis usual em virtude de ser o mais cómodo. Na prática, o controle da tensão realiza-se automaticamente, através dum sistema de estabilização. Os accionamentos munidos dum sistema de estabilização chamam-se accionamentos controlados com ciclo fechado. 4. Estabilização de velocidade por perturbação Na estabilização por perturbação é medida a causa que provoca o desvio de velocidade, o binário. Figure 2: Esquema funcional Fonte: Accionamento eléctricos, 1987. Na figura acima, é apresentado um esquema funcional de um sistema de controle por perturbação. O sistema é constituído pelos seguintes elementos: somador S, amplificador A, medidor de perturbação ME, motor M, mecanismo de produção MP. A velocidade de referência 𝜔𝑝𝑟 é estabelecida pela tensão 𝑈𝑟𝑒𝑓 na entrada. A velocidade 𝜔 é obtida pela característica mecânica do motor e pelo seu binário pela seguinte equação: 𝜔 = 𝐾𝑚𝑐𝑈𝑎 − 𝐾𝑚𝑝𝑀 (1) Onde: 𝐾𝑚𝑐- é o factor de transferência do motor em relação a grandeza do controle; 𝐾𝑚𝑝- é o factor de transferência do motor em relação a perturbação. 5 O factor de transferência de controle relaciona a variação da grandeza de saída de um elemento com a variação de controle, sem perturbações. Enquanto, que o factor de transferência de perturbação relaciona variação de grandeza de uma saída com a variação de umas das perturbações,sendo nulas as restantes perturbações e constante a variação de controle. Num motor de corrente contínua em excitação separada, controlado pela tensão do induzido, o seu factor de transferência de controle é determinado pela razão da variação da velocidade e a respectiva variação da tensão do induzido que gera a variação da velocidade, funcionando com motor em regime vazio: 𝐾𝑚𝑐 = ∆𝜔 ∆𝑈𝑎 = 𝜔0 𝑈𝑎 = 𝑈𝑎 𝐾𝑒∅𝑈𝑎 = 1 𝐾𝑒∅ (2) E o factor de transferência de perturbação é determinado pela razão da variação da velocidade e a variação do binário resistente, e é gerada a seguinte equação: 𝐾𝑚𝑝 = ∆𝜔 ∆𝑀𝑟 = 𝑅∆𝑀 𝐾𝑒𝐾𝑚∅2∆𝑀𝑟 (3) Como o funcionamento é em regime estacionário as variações do binário motriz ∆𝑀 e o binário resistente ∆𝑀𝑟 são considerados iguais, logo: 𝐾𝑚𝑝 = 𝑅 𝐾𝑒𝐾𝑚∅2 (4) O medidor de perturbação mede o binário de motor e produz uma tensão de alimentação, onde o valor do binário é directamente proporcional: 𝑈𝑟 = 𝑘𝑚𝑒𝑀 (5) 𝑘𝑚𝑒- é o factor de transferência deste elemento. O somador adiciona a tensão de alimentação e tensão de referência, que resulta na tensão na entrada do amplificador: 𝑈𝑒𝑛𝑡 = 𝑈𝑟𝑒𝑓 + 𝑈𝑟 = 𝑈𝑟𝑒𝑓 + 𝑘𝑚𝑒𝑀 (6) 6 O amplificador cujo o factor de transferência é igual ao factor de amplificação, cria uma tensão no induzido igual a: 𝑈𝑎 = 𝑘𝑎𝑈𝑒𝑛𝑡 = 𝑘𝑎𝑈𝑟𝑒𝑓 + 𝑘𝑎𝑘𝑚𝑒𝑀 (7) Substituindo a tensão do induzido na equação, obtém-se: 𝜔 = 𝑘𝑚𝑐𝑘𝑎𝑈𝑟𝑒𝑓 + 𝑘𝑎𝑘𝑚𝑒𝑀 − 𝑘𝑚𝑝𝑀 (8) Com base na equação anterior, podemos ver que velocidade 𝜔 contém três componentes: A velocidade de referência 𝜔𝑟𝑒𝑓 = 𝑘𝑚𝑐𝑘𝑎𝑈𝑟𝑒𝑓 ,que não depende da carga; O desvio de velocidade devido à carga ∆𝜔 = 𝑘𝑚𝑝𝑀; E parcela ∆𝜔 = 𝑘𝑎𝑘𝑚𝑒𝑀 que compensa o desvio da velocidade. Se ajustar o medidor de perturbação de modo que o se factor de transferência satisfaça a condição: 𝑘𝑚𝑒 = 𝑘𝑚𝑝 𝑘𝑎 ⁄ (9) A compensação será completa, a velocidade do accionamento será constante e independentemente da carga ela estará estabilizada: 𝜔 = 𝑘𝑚𝑐𝑘𝑎𝑈𝑟𝑒𝑓 = 𝑘𝑎𝑈𝑟𝑒𝑓 𝑘𝑒∅ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (10) Na figura abaixo é apresentado um esquema de accionamento de corrente contínua com estabilização da velocidade, feita através do controle por perturbação. Figure 3: Esquema de accionamento Fonte: Accionamento eléctricos, 1987. 7 A velocidade necessária do mecanismo de produção é determinada pela posição do cursor no potenciómetro de controle Rc, que cria a tensão de referência. A queda de tensão na resistência devido à corrente no induzido é utilizada com tensão de realimentação: 𝑈𝑟 = 𝑅𝑠ℎ𝐼𝑎 = 𝑅𝑠ℎ 𝑘𝑀∅ 𝑀 = 𝑘𝑚𝑒𝑀 (11) O amplificador “A” é um gerador de corrente contínua. O seu enrolamento de excitação EExG é alimentado através de um amplificador de corrente. A corrente Ia do motor é praticamente nula, ou seja, Ur = 0 e a tensão de entrada do amplificador A é igual a Uref. Com o aumento da carga no motor, a velocidade deveria cair devido a queda de tensão nas resistências de induzido dessas máquinas, mas não acontece pois a corrente Ir cresce com o aumento da carga e cria na resistência Rsh uma tensão de realimentação Ur, essa que esforça a excitação no gerador. A tensão crescente do gerador faz a velocidade manter no valor inicial (mantêm-se constante). Os sistemas de estabilização por perturbação são simples, baratos, e o seu funcionamento estável. Esses sistemas possuem duas desvantagens: Eles compensam apenas as perturbações medidas. Se uma perturbação não for medida, afecta a velocidade, sem qualquer compensação por parte do sistema. Os elementos integrados do sistema devem ter os seus factores de transferência exactamente constantes para que a compensação seja completa. O gerador de corrente contínua utilizado como um amplificador, tem um factor de transferência que reduz um bocado com o aumento da carga, devido a saturação da máquina. Figura 4 8 Fonte: Accionamento eléctricos, 1987. Por isso a velocidade do motor não é precisamente constante (figura 3), sendo sobrecompensada na parte 1 e subcompensada na parte 2 (Khossainov, 1987). 9 5. Estabilização da velocidade por desvio O esquema funcional dum sistema de estabilização da velocidade por desvio é dado na figura abaixo. Conforme o princípio deste sistema, é medida, pelo medidor ME a grandeza a estabilizar, isto é, a velocidade do motor. Figura 5-Esquema funcional da estabilização da velocidade por desvio Fonte: Accionamentos eléctricos, 1987 A tensão de realimentação 𝑈𝑟 = 𝑘𝑚𝑒𝜔 é adicionada à tensão 𝑈𝑟𝑒𝑓 com o sinal negativo, ou seja: 𝑈𝑒𝑛𝑡 = 𝑈𝑟𝑒𝑓 − 𝑈𝑟 = 𝑈𝑟𝑒𝑓 − 𝑘𝑚𝑒𝜔 (12) O amplificador, possuindo um factor de transferência 𝑘𝑎, cria a tensão do induzido 𝑈𝑎: 𝑈𝑎 = 𝑘𝑎𝑈𝑒𝑛𝑡 = 𝑘𝑎𝑈𝑟𝑒𝑓 − 𝑘𝑎𝑘𝑚𝑒𝜔 (13) Ao se levar isto em conta, vem da expressão (1): 𝜔 = 𝑘𝑚𝑐𝑘𝑎𝑈𝑟𝑒𝑓 − 𝑘𝑚𝑐𝑘𝑎𝑘𝑚𝑒𝜔 − 𝑘𝑚𝑝𝑀 (14) que, após algumas transformações, resulta em: 𝜔 = 𝑘𝑚𝑐𝑘𝑎𝑈𝑟𝑒𝑓 1+𝑘𝑚𝑒𝑘𝑚𝑐𝑘𝑎 − 𝑘𝑚𝑝 1+𝑘𝑚𝑒𝑘𝑚𝑐𝑘𝑎 𝑀 (15) O primeiro termo desta equação determina a velocidade do motor em vazio. O segundo dá o desvio da velocidade devido à carga. Esse desvio é sempre menor do que o mesmo num accionamento controlado com ciclo aberto, isto porque o denominador (1 + 𝑘𝑚𝑒𝑘𝑚𝑐𝑘𝑎) é menor do que a unidade. Aumentando o factor de transferência do amplificador 𝑘𝑎 que se integra nesse denominador, o desvio da velocidade pode ser praticamente anulado, o que significa a estabilização da velocidade. 10 Na figura abaixo é apresentado um sistema GM, cuja velocidade é estabilizada através do controle por desvio. No veio do motor encontra-se um gerador - tacómetro, designado por GT, que é o medidor da velocidade. A sua tensão de saída é directamente proporcional à velocidade e realimenta a entrada do sistema. Figura 6-Sistema GM Fonte: Accionamentos eléctricos, 1987 A tensão de entrada 𝑈𝑒𝑛𝑡, conforme (12), é igual à diferença entre 𝑈𝑟𝑒𝑓 e 𝑈𝑟. Por isso, se a velocidade do motor aumentar, qualquer que seja a causa deste aumento, a tensão de entrada diminuirá, devido ao aumento da tensão do gerador - tacómetro 𝑈𝑟, o que implicará uma diminuição da tensão do induzido do motor, até que a sua velocidade volte até quase ao valor de referência. Caso contrário, quando a velocidade se reduzir, a diminuição respectiva da tensão do gerador - tacómetro implicará o aumento da tensão do induzido do motor, o que também resulta na manutenção de um valor constante da velocidade. As principais vantagens desse método de estabilização são as seguintes: Uma vez que é medida a própria velocidade, a causa da sua perturbação não tem importância nenhuma. Qualquer que esta seja, a velocidade é estabilizada, desde que o gerador - tacómetro dê uma informação sobre o desvio dela relativamente ao valor de referência. 11 Como se vê em (15), apenas duas grandezas influem consideravelmente sobre a velocidade: a tensão de referência 𝑈𝑟𝑒𝑓 e o factor de transferência do medidor da velocidade 𝑘𝑚𝑒. É necessário notar que o aumento do factor de transferência do amplificador, visando melhorar a estabilização da velocidade, é limitado, devido ao surgimento de oscilações da velocidade durante os fenómenos transitórios. Para evitar as oscilações, ou pelo menos minimizá-las, são introduzidas no sistema alguns elementos especiais chamados elementos de correção. (Khoussainov 1987, 57) 12 6. Conclusão Ao manter a velocidade do motor constante, é possível melhorar a qualidade do produto, aumentara produtividade e reduzir os custos de manutenção. Além disso, a estabilização da velocidade também pode ajudar a reduzir o consumo de energia e prolongar a vida útil do motor elétrico, visto que operar o motor em altas velocidades ou com cargas excessivas pode causar desgaste e falhas prematuras. Portanto, o objetivo geral da estabilização de velocidade de accionamentos eléctricos é melhorar o desempenho, a eficiência e a confiabilidade do motor eléctrico, tornando-o uma solução mais eficiente e econômica para as necessidades de controle de velocidade em aplicações industriais. 13 7. Bibliografia Khossainov, I. (1987). Accionamentos eléctricos. Maputo. Hughes, A. (2015). Electric Motors and Drives: Fundamentals, Types and Applications. Newnes.
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