Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 1 � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF André Milhomem Araújo de Godoi Pesquisa de Jurisprudência no STF Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 2 Sumário � � ����~“ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� ~“ ” “ ” ~ � ���� � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� ~“ ” “ ” ~ Introdução ..........................................................................3 1. Decisões monocráticas ...................................................4 1.1 Julgamentos monocráticos no STF ...........................................4 1.2 Consulta de decisões monocráticas .........................................9 2. Informativo STF ............................................................14 2.1 Função ...................................................................................14 2.2 Consulta ao Informativo STF ..................................................15 Considerações finais .........................................................16 Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 3 Introdução Seja bem-vindo(a) à aula 2 do nosso curso! Na aula anterior, você conheceu um pouco mais sobre os acórdãos do STF. Agora, você já entende a forma como esses julgamentos colegiados são realizados e documentados, já sabe consultar o inteiro teor dos acórdãos e já reconhece as peculiaridades das decisões relacionadas ao instituto da repercussão geral. Certo? Esses conhecimentos serão muito úteis às suas futuras pesquisas de jurisprudência, mas não podemos parar por aqui. Embora os acórdãos sejam a principal fonte de informação para esse tipo de busca, bons pesquisadores e boas pesquisadoras não se contentam com as decisões colegiadas, pois sabem: a informação jurisprudencial pode ser encontrada também em outros tipos de documentos. Nesta aula, abordaremos as decisões monocráticas – atos decisórios proferidos pelos ministros de forma individual – e conheceremos melhor o Informativo STF – periódico semanal editado pela Secretaria do Tribunal com resumos dos julgamentos da Corte. Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de compreender o papel das decisões monocráticas no funcionamento do Tribunal e de reconhecer a função do Informativo na divulgação da jurisprudência da Corte. E mais: que você aprenda a consultar cada um desses tipos de documentos. Interessante? Então vamos lá! Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 4 1. Decisões monocráticas 1.1 Julgamentos monocráticos no STF Como vimos na aula anterior, o Plenário e as Turmas são o espaço natural de tomada de decisão no STF: nos órgãos colegiados, os ministros da Corte constroem em conjunto as soluções para os casos, combinando suas diferentes visões de mundo. Ao detalhar o funcionamento desses órgãos, chamamos atenção para um ator processual central: o Ministro Relator. Em suma, ele é responsável por preparar o processo para julgamento, submetê-lo ao órgão colegiado competente e, por meio do relatório, descrever o caso aos demais julgadores. A atuação do Ministro Relator é fundamental para a racionalização dos trabalhos do Tribunal. Imagine se cada providência processual dependesse da participação de todos os julgadores do Plenário ou das Turmas: a prática de atos simples (como ordenar a citação de réus ou requisitar informações de autoridades, por exemplo) poderia levar semanas! Com o objetivo de conferir agilidade à tramitação dos processos, a legislação processual e as normas regimentais atribuem competência ao Relator para, por meio de decisões monocráticas, praticar atos processuais em nome do Tribunal. Ao decidir monocraticamente, esse magistrado atua como verdadeiro porta-voz do STF. SAIBA MAIS A primeira liminar em habeas corpus “Deferido. Brasília, 14 de novembro de 1964”. Nesses termos, o Ministro Gonçalves de Oliveira concedeu, monocraticamente, a primeira medida liminar em habeas corpus no âmbito do STF (Habeas Corpus nº 41.296). O ano era 1964. O então governador do Estado de Goiás, Mauro Borges Teixeira, era investigado em um inquérito policial militar (IPM) aberto por determinação do Fonte: Retrato fotográfico do Ministro Antônio Gonçalves de Oliveira recém-instalado governo militar. Os jornais noticiavam o deslocamento de tropas federais para o Estado de Goiás e a iminência da prisão do governador. Inspirado na legislação do mandado de segurança (que previa a concessão de medida liminar) e na esteira de decisão similar proferida meses antes pelo Superior https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaPastaMinistro&pagina=GoncalvesOliveiraPrincipal https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaPastaMinistro&pagina=GoncalvesOliveiraPrincipal https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaPastaMinistro&pagina=GoncalvesOliveiraPrincipal Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 5 SAIBA MAIS Tribunal Militar (STM), o Ministro Gonçalves de Oliveira garantiu liminarmente a liberdade de locomoção do paciente, em decisão monocrática proferida em um sábado. Uma semana depois (em 23 de novembro de 1964), o Plenário do STF julgou o mérito do pedido e, por unanimidade, concedeu o habeas corpus para impedir que o governador fosse processado sem autorização prévia da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. Vale a pena consultar o inteiro teor desse acórdão e rememorar as palavras proferidas pelo Relator naquele julgamento histórico: A Constituição é o escudo de todos os cidadãos, na legítima interpretação desta Suprema Côrte [sic]. É necessário, na hora grave da história nacional, que os violentos, os obstinados, os que têm ódio no coração abram os ouvidos para um dos guias da nacionalidade, o maior dos advogados brasileiros, seu maior tribuno e parlamentar, que foi Rui Barbosa: “Quando as leis cessam de proteger nossos adversários, virtualmente, cessam de proteger-nos”. E desta cadeira sagrada, que a Nação me confiou, de onde tenho recebido conhecimentos e inspiração, devo dizer, pretendendo falar em nome do Supremo Tribunal Federal e de tôda [sic] a consciência democrática da Nação, que soou a hora da democracia, “com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação”. (p. 37-38) Três dias após o julgamento, o Presidente da República decretou intervenção federal no Estado de Goiás e destituiu o governador Mauro Borges Teixeira (Decreto nº 55.082, de 26 de novembro de 1964). Em janeiro de 1969, o próprio Ministro Gonçalves de Oliveira veio a renunciar à Presidência do STF, em reação à aposentadoria compulsória de três ministros do Tribunal (Victor Nunes Leal, Hermes Lima e Evandro Lins e Silva) decretada peloPresidente da República com fundamento no Ato Institucional nº 5, de 1968. Passados quase 60 anos, as liminares em habeas corpus se consagraram como um relevante instrumento de garantia da liberdade de locomoção e são amplamente concedidas pelos ministros do STF e por juízes de todas as instâncias do Poder Judiciário. Ao longo das últimas décadas, as atribuições do Ministro Relator foram ampliadas de forma significativa: seu papel foi progressivamente fortalecido por meio de sucessivas alterações nas regras procedimentais (Código de Processo Civil, Regimento Interno do STF e legislação correlata, como a Lei nº 8.038, de 1990, a Lei nº 9.868, de 1999, e a Lei nº 9.882, de 1999). Confira, a seguir, os principais poderes monocráticos de que o Relator dispõe: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=57988 Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 6 apreciar pedidos de assistência judiciária (gratuidade da justiça); ordenar a citação de réus; abrir vista às partes e à Procuradoria- Geral da República para apresentarem manifestações; requisitar informações de autoridades; nomear defensores dativos; convocar audiências públicas para ouvir o depoimento de pessoas com experiência e autoridade em determinada matéria; admitir a manifestação de órgãos ou entidades especializadas, com representatividade adequada, na condição de amici curiae; d e t e r m i n a r a i n q u i r i ç ã o d e testemunhas, a realização de interrogatórios, a produção de provas periciais, a requisição de documentos e a execução de outras diligências necessárias à instrução processual; admitir a redução ou a prorrogação de prazos dilatórios; determinar a instauração e o arquivamento de inquéritos criminais; determinar busca e apreensão, condução coercitiva de pessoas, interceptação telefônica ou quebra de sigilo telefônico, bancário, fiscal e telemático; decretar prisões em inquéritos criminais, ações penais ou processos de extradição; determinar a apresentação em juízo de extraditandos ou pacientes em habeas corpus; declarar a extinção de punibilidade de acusados em inquéritos criminais e ações penais; conceder tutela provisória em recursos ou ações originárias em caso de urgência; homologar acordos e desistências; julgar prejudicados pedidos ou recursos que tenham perdido o objeto; declarar a deserção de recursos por falta de preparo; praticar atos de execução de decisões transitadas em julgado; determinar a suspensão de todos os processos pendentes (individuais ou coletivos) com fundamento em questão cuja repercussão geral tenha sido reconhecida; reconhecer a incompetência do Tribunal para apreciar pedidos ou recursos e determinar seu encaminhamento aos órgãos competentes; n e g a r s e g u i m e n t o a p e d i d o s o u r e c u r s o s m a n i f e s t a m e n t e inadmissíveis, improcedentes ou contrários à jurisprudência do Tribunal; n e g a r s e g u i m e n t o a r e c u r s o s extraordinários (ou respectivos agravos) com fundamento na ausência de repercussão geral do caso concreto; julgar procedentes pedidos e dar provimento a recursos amparados pela jurisprudência do Tribunal. Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 7 A lista apresentada acima não se pretende exaustiva, mas é suficiente para dar uma ideia da amplitude das competências atualmente conferidas ao Relator. Observe: pelas regras atuais, a competência monocrática do Ministro Relator não se limita à simples prática de atos ordinatórios ou de instrução processual (como abrir vista às partes ou determinar a inquirição de testemunhas). Ela contempla decisões sobre relevantes questões incidentais (nomeação de defensor dativo ou admissão de amici curiae, por exemplo), abrange o exercício de jurisdição cautelar, em caso de urgência (concessão de tutela provisória ou decretação de prisões provisórias, por exemplo), abarca o controle da admissibilidade de pedidos (negativa de seguimento a recursos incabíveis, por exemplo) e autoriza, inclusive, a apreciação do próprio mérito das causas (negativa de seguimento a recursos contrários à jurisprudência do STF ou reconhecimento da procedência de pedidos amparados na jurisprudência, por exemplo). A depender das circunstâncias, uma causa pode ser julgada, do início ao fim, exclusivamente através de decisões monocráticas, sem passar por deliberação de um órgão colegiado. E não é só. Além do Ministro Relator, um outro ator processual possui poderes para tomar decisões individuais nos processos que tramitam no STF – o Ministro Presidente. Veja a seguir algumas das competências monocráticas a ele atribuídas pelas normas processuais (Código de Processo Civil, Regimento Interno do STF e legislação correlata, como a Lei nº 8.038, de 1990, e a Lei nº 8.437, de 1992): antes da distribuição, apreciar pedidos de assistência judiciária (gratuidade da justiça); antes da distribuição, negar seguimento a recursos extraordinários (ou respectivos agravos) manifestamente inadmissíveis ou contrários à jurisprudência do Tribunal; antes da distribuição, reconhecer a incompetência do Tribunal para apreciar pedidos de habeas corpus e determinar seu encaminhamento aos órgãos competentes; decidir questões urgentes nos períodos de recesso ou de férias do Tribunal; determinar o arquivamento de arguições de suspeição ou de impedimento, quando manifestamente improcedentes; suspender decisões de instâncias inferiores concessivas de mandado de segurança ou de tutela provisória para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas; arquivar pedidos de intervenção federal, quando manifestamente infundados. Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 8 Note que o Presidente pode negar seguimento a processos em número considerável de situações – em alguns casos, antes mesmo da distribuição ao Ministro Relator. Repare também na regra de competência relativa a recessos e férias do Tribunal: nesses períodos, a Presidência tem poderes para decidir questões urgentes em praticamente qualquer processo que tramite perante o STF. Observe ainda a competência para suspender a execução de decisões: atuando monocraticamente, o Ministro Presidente pode suspender decisões concessivas de mandado de segurança ou tutela provisória proferidas (em última ou única instância) por qualquer outro Tribunal. Ao analisar a ampla gama de hipóteses em que o Ministro Relator e o Ministro Presidente estão autorizados a agir individualmente, é possível intuir a relevância das decisões monocráticas para o funcionamento do STF. Essa percepção é facilmente confirmada pelos dados estatísticos. Em 2022, das 89.949 decisões tomadas pelo STF, 12.966 foram proferidas por órgãos colegiados (Plenário ou Turmas), ao passo que 76.983 foram proferidas monocraticamente pelos ministros. Isso equivale a uma proporção de 4 (quatro) decisões monocráticas para 1 (um) acórdão! Veja o gráfico comparativo da quantidade de acórdãos e decisões monocráticas exarados pelo STF em 2022: 2020: Acórdãos x Decisões monocráticas Decisões monocráticasAcórdãos 81.30618.209 Fonte: Página de Estatística do STF (com adaptação). Diante dessas informações, é fácil enxergar a importância das decisões monocráticas para ospesquisadores e as pesquisadoras de jurisprudência. Não é incomum que decisões de grande impacto social e jurídico sejam proferidas monocraticamente. Tenho certeza de que você consegue se lembrar de ao menos uma decisão monocrática de grande repercussão! https://transparencia.stf.jus.br/extensions/decisoes/decisoes.html Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 9 Ao realizar suas buscas, lembre-se: Além disso, muitas vezes, essas decisões cumprem a função de delimitar, concretizar e até reinterpretar o sentido e o alcance de julgamentos colegiados anteriormente realizados. Por meio delas, os precedentes do Plenário e das Turmas ganham corpo e são atualizados, à luz de situações neles originalmente não previstas. De outro lado, antes mesmo de os órgãos colegiados se manifestarem sobre determinado assunto, é possível encontrar nas decisões monocráticas indicativos das opiniões dos ministros do STF sobre o tema. Na véspera de julgamentos colegiados que geram grande expectativa, é possível, em algumas situações, antever o resultado provável com base nas decisões monocráticas já proferidas. 1.2 Consulta de decisões monocráticas Agora que você já compreendeu a importância das decisões monocráticas para a pesquisa de jurisprudência, que tal aprender a consultá-las? Para ter acesso à integra de uma decisão monocrática específica, você precisa de quatro informações: Uma pesquisa de jurisprudência abrangente e completa sempre deve considerar as decisões monocráticas proferidas sobre o tema pesquisado! Combinado? 1 2 3 4 a classe do processo em que ela foi proferida; a numeração desse mesmo processo; a identificação do incidente processual ou recurso interno em que a decisão foi proferida (caso existente); e a data de publicação da decisão no Diário da Justiça. Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 10 A combinação desses quatro dados (classe, número, incidente/recurso e data de publicação) é fundamental para identificar uma decisão monocrática. Isso porque é comum que, em um único processo (mesma classe e mesmo número processuais), sejam proferidas várias decisões monocráticas distintas. Além disso, um mesmo incidente processual ou recurso interno pode conter mais de uma decisão monocrática relacionada. SAIBA MAIS Data de divulgação x data de publicação A Lei nº 11.419, de 2006, autorizou os Tribunais brasileiros a criarem o Diário da Justiça eletrônico, “disponibilizado em sítio da rede mundial de computadores, para publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como comunicações em geral” (art. 4º, caput). Essa lei faz uma distinção que você sempre deve ter em mente ao realizar suas pesquisas: “Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico” (art. 4º, § 3º). Tal regra prevê, portanto, a existência de dois marcos temporais distintos: a data de divulgação e a data de publicação. Por padrão, quando fazemos referência a uma decisão veiculada no Diário da Justiça eletrônico, utilizamos como parâmetro de identificação a data de sua publicação, não a data de sua divulgação. Eventualmente, no entanto, há pessoas que, ao se referirem às decisões do Tribunal, preferem identificá-las por sua data de divulgação em vez de sua data de publicação. Fique atento(a)! Ficou muito abstrato? Não se preocupe! Vamos ao exemplo. Na Reclamação (Rcl) nº 18.836, um jornalista questionava decisão de primeira instância que lhe havia ordenado a exclusão de postagem em rede social sob pena de multa diária. Segundo o jornalista, o magistrado de primeiro grau estaria desrespeitando a autoridade de decisão anterior do STF por meio da qual a Corte havia reconhecido a inconstitucionalidade da censura estatal à imprensa – Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 130. Nos autos da Reclamação (Rcl) nº 18.836, o Ministro Relator proferiu três diferentes decisões, assim identificadas: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11419.htm Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 11 Observe que a combinação da classe processual – Reclamação (Rcl) – com o número processual – 18.836 – não é suficiente para individualizar as decisões: no exemplo, as três decisões compartilham esses mesmos dados. Para identificá-las, é preciso considerar o tipo de incidente processual ou recurso interno em que foram proferidas (quando houver) e a data em que foram publicadas no Diário da Justiça. Com os quatro dados de identificação à mão, você conseguirá realizar a consulta específica ao texto da decisão de interesse. O método mais óbvio para realizar esse tipo de consulta é ir direto à fonte, o Diário da Justiça, que pode ser acessado por diferentes vias: Identificação da decisão Conteúdo da decisão Classe Reclamação (Rcl) Classe Reclamação (Rcl) Classe Reclamação (Rcl) Número Incidente/Recurso Data da publicação Número Incidente/Recurso Data da publicação 18.836 Medida Cautelar (MC) 16/10/2014 18.836 Medida Cautelar (MC) 02/12/2014 Número Incidente/Recurso Data da publicação 18.836 - 20/02/2015 A B C Requisita informações ao juiz de primeira instância cuja decisão estava sendo questionada. Concede medida liminar para suspender, cautelarmente, a eficácia da decisão questionada. No mérito, julga procedente o pedido para invalidar a decisão questionada. As edições publicadas a partir de 23 de abril de 2007 podem ser consultadas em formato digital diretamente pelo portal do STF; Já as edições publicadas entre 1990 e 2010 podem ser consultadas pela página da Imprensa Nacional na internet; Por fim, para períodos anteriores a 1990, você pode recorrer aos documentos físicos: o acervo da Biblioteca do STF, por exemplo, contém edições do Diário da Justiça publicadas a partir de 1925. https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=publicacaoPublicacoesEletronicas&pagina=dje_novo_formato http://biblioteca.in.gov.br/diario-oficial-da-uniao?_com_liferay_document_library_web_portlet_DLPortlet_INSTANCE_kcmautn6AnNs_orderByCol=title&_com_liferay_document_library_web_portlet_DLPortlet_INSTANCE_kcmautn6AnNs_orderByType=asc. http://biblioteca.in.gov.br/diario-oficial-da-uniao?_com_liferay_document_library_web_portlet_DLPortlet_INSTANCE_kcmautn6AnNs_orderByCol=title&_com_liferay_document_library_web_portlet_DLPortlet_INSTANCE_kcmautn6AnNs_orderByType=asc. http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaAcervoStf Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 12 Um método alternativo – mais prático e útil para consultas do dia a dia – é recorrer à página de acompanhamento processual disponível no portal do STF: nela são registrados todos os atos praticados durante a tramitação das causas perante o Tribunal. Os registros são ordenados cronologicamente de forma decrescente (dos eventos mais recentes para os eventos mais antigos) e fornecem, de forma sucinta, relevantes informações sobre os atos praticados no curso do processo. Acessar essa página é simples: aoingressar no portal do STF, basta seguir os passos: Que tal você tentar abrir a página de acompanhamento processual do nosso exemplo – Rcl nº 18.836? Siga o passo a passo acima e veja como é fácil. Conseguiu? Então vamos seguir: de que forma a página de acompanhamento processual permite consultar a íntegra das decisões monocráticas? Bem. Essa página apresenta andamentos específicos que indicam a data de publicação das decisões proferidas e fornecem links para seu texto completo, em formato PDF (Portable Document Format) ou RTF (Rich Text Format). No nosso exemplo – Reclamação (Rcl) nº 18.836 –, veja como foi anotada a publicação das três decisões proferidas: Caixa de pesquisa rápida disponível na página inicial do portal do STF. 1 2 3 4 digitar o número do processo na caixa de pesquisa rápida (imagem abaixo) clicar em “Pesquisar”; e selecionar o processo de interesse. http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4650841 http://portal.stf.jus.br/ http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4650841 Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 13 Com a data de publicação de uma decisão à mão, tudo o que você precisa fazer é percorrer a lista cronológica de andamentos processuais, identificar o registro relativo à decisão de interesse e clicar nos ícones “Despacho” ou “Decisão monocrática” (conforme o caso) para ter acesso à íntegra do texto. Simples, não é mesmo? E não para por aí: ainda na página de acompanhamento processual, é possível consultar o texto das decisões monocráticas de outra forma. No cabeçalho dessa página, basta clicar no ícone “Dje” para ter acesso a todos os textos relacionados ao processo que tenham sido publicados no Diário da Justiça. Também aqui os textos são identificados pela classe, pelo número, pelo incidente processual (ou recurso interno) e pela data de publicação. Observe a seguir como são apresentados os textos das decisões do nosso exemplo – Reclamação (Rcl) nº 18.836: Andamentos extraídos da página de acompanhamento processual da Reclamação (Rcl) nº 18.836. Esse é um caminho alternativo, que conduz ao mesmo resultado anterior: o acesso à integra dos textos das decisões monocráticas. Para consolidar o aprendizado, assista ao vídeo tutorial abaixo: ele é curto e refaz todo o passo a passo descrito até aqui, utilizando o nosso exemplo – Reclamação (Rcl) nº 18.836. Textos da Reclamação (Rcl) nº 18.836 publicados no Diário da Justiça. https://portal.stf.jus.br/servicos/dje/listarDiarioJustica.asp?tipoPesquisaDJ=AP&classe=Rcl&numero=18836 Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 14 Viu como é simples consultar as decisões dos ministros do STF? Sente-se confiante para empregar essa habilidade nas suas futuras pesquisas de jurisprudência? Então podemos prosseguir: é hora de aprender um pouco mais sobre o Informativo STF! Vamos lá? 2. Informativo STF 2.1 Função Pense na seguinte situação: você fica sabendo pelo noticiário que o STF tomou uma decisão colegiada sobre determinada questão e deseja entender melhor o que foi decidido. Ao procurar o acórdão no portal do Tribunal, você verifica, todavia, que ele ainda não foi publicado. O que você faz nesse caso? Uma opção é simplesmente aguardar por algumas semanas (talvez meses) até que o acórdão seja divulgado no Diário da Justiça e fique disponível para consulta através do portal do STF. Um pouco frustrante, não é mesmo? Há, contudo, uma alternativa: recorrer ao Informativo STF! Criado em 1995, o Informativo STF consiste em uma publicação periódica (ISSN 2675-8210) editada semanalmente pela Secretaria do Tribunal com o objetivo de divulgar, de forma ágil, a atividade jurisdicional mais recente da Corte. Ao longo de sua existência, o Informativo STF assumiu diferentes formatos e adotou enfoques variados. Um item, no entanto, está presente desde o primeiro volume: os resumos dos principais julgamentos colegiados realizados pela Suprema Corte. Semanalmente, a equipe responsável pelo Informativo analisa os casos julgados pelo Plenário e pelas Turmas na semana anterior e identifica as principais decisões da Corte, segundo critérios de relevância e atualidade dos temas decididos. TUTORIAL https://youtu.be/IX_yaLwwb1M Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 15 Feita a seleção dos julgamentos de destaque, a equipe se debruça sobre cada um deles para elaborar um resumo que descreva, com concisão e fidelidade, a matéria decidida, as conclusões a que chegou o Tribunal e os principais fundamentos jurídicos adotados pelos ministros. Diferentemente dos acórdãos e das decisões monocráticas, o Informativo STF não possui valor oficial nem produz efeitos processuais: sua função é meramente informativa, como o próprio nome indica. A falta de oficialidade, contudo, não impediu o Informativo STF de consagrar-se como um meio eficaz de acompanhamento dos trabalhos da Corte: trata-se de leitura obrigatória para os profissionais da área jurídica e os estudiosos do direito que desejam estar a par do que acontece no Tribunal. É comum, por exemplo, que os próprios ministros do Tribunal utilizem os resumos publicados no Informativo STF para fazer referência aos julgamentos colegiados da Corte. Sempre que você, pesquisador ou pesquisadora de jurisprudência, quiser conhecer o entendimento mais atual do Tribunal sobre o tema pesquisado, não hesite em consultar o Informativo STF! 2.2 Consulta ao Informativo STF Todos os volumes do Informativo STF, desde 1995, estão disponíveis para consulta no portal do STF, nos formatos HTML (Hypertext Markup Language), RTF (Rich Text Format) e, mais recentemente, PDF (Portable Document Format). Para acessar os documentos, selecione a opção “Informativo STF” no menu “Jurisprudência” do Portal: Menu “Jurisprudência” do Portal do STF. http://portal.stf.jus.br Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 16 Na página “Informativo STF”, você também encontra compilações anuais das notícias divulgadas nos volumes semanais. Organizadas por ramo do direito e por matéria, essas obras favorecem uma visão mais sistematizada dos trabalhos do Tribunal, a partir de um horizonte temporal alargado. Na próxima vez que visitar o portal do STF, não deixe de explorar todos esses recursos! Considerações finais Nesta aula, você aprendeu um pouco mais sobre as decisões monocráticas e o Informativo STF. Essas informações tornam possível a realização de pesquisas de jurisprudência mais completas, abrangentes e atualizadas. Vamos rememorar tudo o que vimos até aqui? Em uma ampla gama de situações, o Ministro Relator e o Ministro Presidente possuem competência para atuar individualmente, por meio de decisões monocráticas. Essa competência tem sido largamente utilizada e representa uma parcela significativa da atividade jurisdicional do Tribunal. Frequentemente, atos de grande impacto social e jurídico são praticados monocraticamente. Além disso, as decisões monocráticas cumprem, muitas vezes, a função de delimitar, concretizar e reinterpretar o sentido e o alcance de julgamentos colegiados. Em outras situações, as decisões monocráticasfornecem, antecipadamente, indicativos das opiniões que os ministros do STF vão adotar em julgamentos colegiados de destaque. Para consultar uma decisão monocrática específica, você precisa de quatro dados básicos: a) a classe do processo em que ela foi proferida; b) a numeração desse mesmo processo; c) a identificação do incidente processual ou recurso interno em que a decisão foi proferida (caso existente); e d) a data de publicação da decisão no Diário da Justiça. Essa consulta pode ser realizada diretamente no Diário da Justiça (no portal do STF, na página da Imprensa Nacional ou, fisicamente, na biblioteca do STF). Uma alternativa mais prática, no entanto, é recorrer à página de acompanhamento processual do portal do STF: basta percorrer os andamentos ou clicar no ícone “DJe”. O Informativo STF consiste em uma publicação periódica editada semanalmente pela Secretaria do Tribunal e contém resumos não oficiais dos principais julgamentos colegiados realizados pela Corte na semana anterior. https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=publicacaoPublicacoesEletronicas&pagina=dje_novo_formato https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=publicacaoPublicacoesEletronicas&pagina=dje_novo_formato http://biblioteca.in.gov.br/diario-oficial-da-uniao?_com_liferay_document_library_web_portlet_DLPortlet_INSTANCE_kcmautn6AnNs_orderByCol=title&_com_liferay_document_library_web_portlet_DLPortlet_INSTANCE_kcmautn6AnNs_orderByType=asc http://portal.stf.jus.br/ Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 17 O Informativo STF está disponível para consulta no menu “Jurisprudência” do portal do STF. Na página “Informativo STF”, você encontra todos os volumes editados desde 1995, bem como compilações mensais, anuais ou quadrienais com resumos organizados por ramo do direito e matéria. Quanta informação, não é mesmo? Use e abuse de todos esses recursos nas suas pesquisas de jurisprudência! Na próxima aula, você conhecerá os enunciados da Súmula da Jurisprudência Predominante do STF. Estudaremos sua função, sua história e os procedimentos relacionados aos seus enunciados. Até breve! http://portal.stf.jus.br/ http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF Aula 2 - Conceitos básicos de jurisprudência: decisões monocráticas e Informativo STF Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 18
Compartilhar