Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN AULA 5 Profª Débora Jordão Cezimbra CONVERSA INICIAL Olá! Vamos dar início às nossas aulas específicas sobre a história do design. Você verá que os assuntos continuam divididos por sua cronologia e, a partir da revolução industrial, falaremos sobre fatos, movimentos e profissionais que constituíram o design industrial como profissão. Iniciamos com a revolução industrial ao fim do século XVIII até Bauhaus, na segunda década do século XX. Veja que os assuntos tratarão, além do aspecto histórico, de abordagens conceituais sobre a forma, a utilidade e os princípios que fazem parte da teoria do design. É importante também estar atento às relações estabelecidas entre a arte, a arquitetura e o design, e entender como esses campos caminharam juntos. Figura 1 – Imagem Ilustrativa: fragmento da parede em azulejos azuis na Casa Rietveld Schröder Crédito: Gjelt de Graaf/Shutterstock. CONTEXTUALIZANDO Temos acompanhado que o movimento modernista na Europa se estabeleceu no momento em que os países atravessavam novamente forte turbulência social, econômica e política. O modernismo, então, pode ser visto como o extremo da curva ascendente após o crescimento da classe burguesa, das revoluções e da mecanização dos processos de produção desde o século XVII. Contudo, o vertiginoso crescimento europeu no período moderno encontrará saída para as duas Grandes Guerras nas primeiras décadas do século XX e que, em partes, contribuem com a mudança de panorama da arte e da produção industrial para além das fronteiras do velho continente. 3 A cultura e a força social, representadas pelos artistas e movimentos (ismos) ainda se mantinham em oposição ao tradicional modelo acadêmico, mas apoiavam a nova estética trazida pela máquina, claramente vista no futurismo e nas tendências visuais russas, como também no resgate de melhores valores espirituais e humanos no exemplo dos simbolistas e pré-rafaelitas. Além do contexto civilizatório, lembremos que na arte (arte pura) temos o “objeto artístico” (escultura, pintura, arquitetura, entre outros) e que, a partir do período neoclássico, o status de “magnífico” alcançado por quem a fazia passa a ser encontrado além da residência dos ricos e castelos, em galerias, museus e exposições. No design (arte aplicada), pela sua própria natureza conectada ao artefato, encontraremos uma incrível profusão, sendo seu “objeto artístico” o próprio objeto, e talvez uma pretensiosa associação com a escultura (vasos, mobiliários, roupas, livros) e a pintura (cartaz, tipografia, a logotipia). Contudo, nos deparamos com o axioma do desenho industrial, que o distingue do “objeto artístico” tradicional na arte: no design, o artefato se dá pela sua função utilitária, diferenciando-se da ação de contemplação (a fruição) que provém das Belas Artes. E mesmo na lembrança de designs icônicos e que elevam o status de gênio ao designer, tal qual ocorre na arte, tomando como exemplo o espremedor de fruta de Philippe Starck (1949-), no caso de tê-lo exposto em uma estante ou cristaleira, pode ser praticamente impossível em sua observação não se questionar sobre sua função como objeto utilitário. Figura 2 – Espremedor de frutas de Philippe Starck Crédito: Woohoo Production/Shutterstock. 4 Desta forma, a história do objeto por meio da ótica do design é bastante complexa e extensa, considerando o número de coisas que criamos, e que continuamos a criar, para facilitar, ou até mesmo dificultar, nosso cotidiano. Para este tema, sugerem-se as obras: O design do dia a dia, de Donald Norman, A evolução das coisas úteis, de Henry Pretoski, O design do século, de Michael Tambini, e Design Gráfico. Uma história concisa, de Richard Hollis. Estudar o design pela sua história nos faz pensar que a profissão, muitas vezes mal compreendida, está no cerne da história das sociedades e do trabalho (Forty, 2007). Este outro aspecto da história do design, o da profissionalização, pode ser visto também pela superespecialização (administração científica de Taylor) presente nas carreiras da pós-modernidade. Constitui-se por meio da fragmentação das atividades, acabando por delimitar o potencial e a intervenção criativos, moldurando o profissional como fazedor disto, ou fazedor daquilo, distinguindo-o dos primeiros artesãos/designers do século XIX. Estes produziam desde móveis até estampas e tipografias, ou mesmo os grandes escritórios norte-americanos das décadas de 1930-1940, que prestavam serviços de forma tão diversa. Quem sabe esteja neste esfacelamento das tarefas e na falta do refino organizacional o primeiro entrave que distancia a academia e a indústria, pois, afinal, o sistema industrial (século XVIII) que separou o criador (artesão) e a forma (modelo/standart) das demais etapas de seu desenvolvimento até chegar ao produto, é o mesmo que faz hoje severas críticas quanto ao distanciamento do criador (designer) das demais etapas de produção (século XXI). Conjecturas. De toda forma, é evidente o crescimento do campo do design como área científica e de pesquisa, tanto no Brasil quanto fora dele, associado à proximidade com o campo editorial, criativo e de questionamento social (quem sabe herdado dos artistas). Eleva-se, a cada ano, o número de publicações, temas e eventos científicos, deslocando até o design para outras áreas do conhecimento – como o Design Thinking. Talvez estejamos a falar daquela que possa ser uma das mais importantes profissões do século XXI. 5 TEMA 1 – A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Por volta dos anos de 1750, impulsionados pelo aperfeiçoamento do motor a vapor, os modos de produção dos artefatos alteram gradativamente seus tradicionais modelos manufatureiros, passando a uma nova e complexa forma produtiva, que será seguida por todos os séculos até o presente, em que avistamos o futuro da latente quarta revolução industrial (ABDi). A Inglaterra, entre 1780 e 1815, dominava grande parte do comércio mundial após as revoluções e guerras francesas. As rotas comerciais, desde a tomada de Constantinopla, foram alteradas migrando do Mediterrâneo para o Atlântico. Dessa forma, o país seguiu um sistema cíclico em que monopolizou o comércio de grande parte das mercadorias das colônias (Américas, Índia e África), assim como o beneficiamento e a produção em grande escala, e mecanizada, de têxteis de algodão (Cardoso, 2004). As condições que levavam uma nação a apresentar diferentes graus de desenvolvimento à outra são tantas e diversas, que dificilmente encontraríamos no percurso da história (da arte, dos artefatos e das civilizações) padrões e fórmulas copiáveis, mesmo na tendência neoclássica de reviver Grécia e Roma em seus modos de vida ou no saudosismo medieval dos pré-rafaelitas na arte. Algumas nações europeias, a partir do século XVII, se uniram na manutenção do controle econômico além do comércio, mas também com bens produzidos pelo próprio estado (as manufaturas reais), como os vidros, a tapeçaria e têxteis (Gobelins) franceses, bem como as porcelanas alemãs de Meissen e de Sévres, na França, por manufaturas privadas que produziam em escala suficiente para atender a uma demanda crescente tanto na Europa como fora dela. Tenhamos em mente que a alternância da manufatura para as máquinas não ocorreu do dia para noite. A revolução industrial ocorreu de forma gradativa, tanto em termos geográficos e culturais como na estruturação dos processos e organização do trabalho nas firmas. Neste momento, apenas a produção dos tecidos de algodão era realizada por processos mecânicos, e até mesmo nos dias de hoje muitas indústrias não automatizaram toda a sua produção. Aliás, se formos um pouco mais a fundo sobre o funcionamento da produção de roupas na era vitoriana, veremos pouquíssima diferençacom o presente, assim como na estratégia combatida pelos teóricos da sustentabilidade, a Obsolescência 6 Programada, que já era uma escolha comercial e produtiva entre os artesãos de móveis e “matadouros” (varejistas que se aproveitavam das desvantagens sociais e econômicas dos marceneiros) em Londres no fim do século XIX (Forty, 2007). Mas, afinal, qual teria sido a relação entre o que entendemos como design e a revolução industrial? Para responder a tal questão, adotaremos nos próximos parágrafos os argumentos utilizados por Forty (2007). Em seus aspectos histórico e teóricos, o design é tradicionalmente visto como o responsável pela aparência das coisas, pelo seu lado estético e artístico. Tal visão limitante obscurece – afinal, não esclarece – sua arraigada relação com uma das etapas da produção industrial e que está inserida no esquema trabalho>produção>consumo, condição suprema do sistema econômico capitalista. Portanto, o design é um campo profissional, desde sua origem moderna como tal, submetido aos interesses produtivos e de seus consumidores, que “ao passar de um projeto para a execução se faz necessário enfrentar os custos de fabricação, maximizando o valor de uso e minimizando o de produção” (Morales, 1989). Esta lógica econômica pode ser exemplificada pelo aumento dos adornos empregados nos vestidos ao fim da década de 1850 pelas novas máquinas de costura. Contudo, estas máquinas não conseguiam realizar funções básicas (que ainda são feitas manualmente), mas eram muito eficazes na aplicação de enfeites, mesmo que desnecessários. O lucro obtido pelo emprego da máquina não ia para o fabricante muito menos para a melhor remuneração dos empregados, mas sim custeava a aplicação de mais matéria-prima para diferenciar os produtos, que, na verdade, não tendiam a ser melhores nem em termos estéticos, nem de função, já que as mulheres precisavam sustentar nove metros de tecido em seus vestidos (Forty, 2007). Tal episódio impulsionou o movimento estético, que promovia mais liberdade no vestir e o uso de desenhos e padrões da natureza e medievais (ACOM, 2020). Pensemos que, até então, desde os primórdios da Idade Antiga estudados por nós, existia o artesão – ou artífice, tratamos aqui como iguais – responsável por todas as fases de produção dos artefatos (vasos, potes, adornos e até mesmo os livros medievais). O artesão era praticamente o único na cadeia produtiva (em alguns casos com ajuda de aprendizes), atuando desde a ideia do 7 objeto, passando pela geração da primeira peça modelo, pela escolha e preparo da matéria-prima e produzindo outras peças similares e em quantidade que suportasse tanto suas condições de investimento em novas como sua carga de trabalho. Tais regras se modificam com a revolução industrial, em uma clara divisão de tarefas, ou da organização do trabalho pela ciência ergonômica. De acordo com os princípios do economista Adam Smith (1723-1790), seguidos por grande parte dos fabricantes do período, era muito mais vantajoso contratar poucos artesãos, que poderiam ter seus melhores modelos copiados, do que empregar uma grande quantidade de mão de obra especializada e cara. Com a revolução industrial, a cadeia produtiva passou a se estruturar por um indivíduo responsável pela ideia, com seus conhecimentos quanto à forma e a execução (o designer), e outros especializados ou não, e responsáveis por uma produção subdividida em diversas etapas, além daqueles que organizavam e gerenciavam todas estas atividades. A máquina estava à disposição para facilitar parte dos processos. Contudo, existia, assim como ainda existe, a limitação tecnológica no tocante ao que esta máquina era capaz de fazer, de maneira que quem soubesse operá-la se beneficiaria a progressão da produção. O profissional de design surge então na Inglaterra do século XIX, principalmente na produção das padronagens têxteis. Contudo, outros profissionais ganham acesso a tal atividade devido à experiência que tinham com os artefatos e o entendimento de sua concepção e produção. O design como atividade específica, muitas vezes desempenhada por profissional fora do quadro da indústria (o prestador de serviço), passa a existir plenamente com as escolas de ensino do design (século XIX), algumas vezes subsidiadas por governos interessados no crescimento econômico, com base na premissa de que melhores produtos oferecem melhor competitividade (Cardoso, 2004). No entanto, ainda hoje é difícil unificar opiniões quanto ao que envolve um melhor e mais vendável produto, afinal, há uma quantidade razoável de variáveis no processo de produção e comercialização de bens – facilmente verificado pela história da Cerâmica Wedgwood –, sem contar o senso pessoal e a preferência dos consumidores. Esta subjetividade pode ser pensada pelo ponto de vista de Forty (2007), de que o design corresponde à ideia de “mito” (teoria estruturalista) existente nas sociedades modernas. Nesta teoria, os problemas e conflitos de uma sociedade são “resolvidos pela invenção de mitos”. 8 Ao contrário da mídia mais ou menos efêmera, o design tem a capacidade de moldar os mitos numa forma sólida, tangível e duradoura, de tal modo que parecem ser a própria realidade. Podemos tomar como exemplo a suposição comum de que o trabalho no escritório moderno é mais amistoso, [...] do que o trabalho no escritório de “antigamente”. O mito serve para reconciliar a experiência da maioria das pessoas, de tédio e monotonia no escritório, com o desejo de pensar que esse trabalho traz consigo mais status do que alternativas como o trabalho em fábricas, onde não há fingimento em relação à monotonia. (Forty, 2007). Outra questão trazida pelo autor complementa o conceito de provedores da “aparência”, no exemplo dos rádios nas primeiras décadas do século XX. Para adentrar na casa das pessoas comuns e em uso doméstico, o rádio necessitou de uma reconfiguração, deixando de ser uma engenhoca técnica e passando a ser uma mobília específica. Depois, passou a ser um equipamento dentro de outra mobília até chegar ao “aparelho de rádio” original e típico da década de 1930 (Art Déco). Tal exemplo coloca em xeque quão natural é no processo de design “a forma seguir a função”. O design e “seus poderes de disfarçar, esconder e transformar foram, afinal, essenciais para o progresso das sociedades industriais modernas” (Forty, 2007). TEMA 2 – O ARTS AND CRAFTS E O ART NOUVEAU Lembremos, como já visto em aulas anteriores, que a modernidade se caracterizou pelo grande crescimento populacional das cidades e um novo estilo de vida denominado urbano, com a divisão de classes, além da aristocracia e burguesia, em média e trabalhadora. Surge, aos poucos, a necessidade de diferenciação individual, facilitada por produtos voltados ao operário ou ao empregador, ou, ainda, diferenciados para homens, para mulheres e para crianças. Comercialmente, os fabricantes faziam uso de catálogos que promoviam a variedade de uma mesma ferramenta de acordo com quem a usaria. Os argumentos usados eram tanto pela demanda dos novos estilos de vida quanto pela inventividade artística dos designers. 9 Figura 3 – Anúncio em jornal. Loja de departamento La Samaritaine, 1898 Crédito: Liligraphie/Shutterstock. Contudo, o artifício de variedade e diversificação de produtos delimita social e culturalmente o uso dos objetos, e nos induz a refletir sobre o aspecto segregador do design. Para isto, basta pensarmos nessa nova paisagem urbana e nos sistemas de comunicação que dela surgem, as regras viárias, os anúncios e fachadas de lojas e os próprios catálogos de produtos facilitados pelo barateamento dos impressos gráficos, como livros, jornais e revistas ilustradas. Isso ocorre devido à mecanização da polpa de celulose e da fundição dos tipos metálicos, além dastiragens em maior escala possibilitada pelo uso do cilindro de impressão e a reprodutibilidade facilitada pelas técnicas de gravura, principalmente a litografia. 10 No entanto, no Brasil, mesmo com as consideráveis condições e habilidade dos profissionais e ilustradores, a produção facilitada de impressos desde a implementação da Imprensa Régia em 1808 (considerada tardia quando comparado a outros países) acarretaria a dependência de um grande público leitor, que ficou de fato destinado a uma parte da elite instruída e interessada em cultura e, em contrapartida, a um grande número de pobres e analfabetos que, mesmo com acesso, não poderiam fazer uso desse material. Nesse exemplo, o crescimento do “mercado editorial não se explica somente pelos custos de produção, mas também pelo tamanho de um público leitor” (Cardoso, 2004). De fato, a indústria gráfica seria um dos primeiros movimentos de resistência (tipógrafos, compositores e ilustradores) ao emprego absoluto da máquina. Insuflados pela perda de seus modos e postos de trabalho, seus projetos (designs) passam a se diferenciar pela qualidade, “e não somente de ordem tecnológica, mas também em termos de cultura visual”, portanto por aquilo que a máquina não poderia fazer, que lembremos da fotografia para os pintores do período. No caso de considerarmos a história do design somente pela visão dos primeiros autores, teóricos e parte dos profissionais, nos depararemos com a negação das máquinas e de sua possibilidade de produzir coisas belas, de bom gosto e qualidade, por meio dos objetos expostos na Grande Exposição de Londres, em 1851, e de Paris, em 1855. Nesta, o não aceito Gustave Coubert montou sua exposição individual, como visto no realismo. Houve ainda mais duas grandes exposições em 1862 e 1867, em Londres e Paris, respectivamente (Pevsner, 1981). A primeira Grande Exposição de 1851 colocou lado a lado artistas, pintores, porcelanas da China, produtos manufaturados e industrializados e as próprias máquinas que exibiam seu funcionamento a um surpreso público visitante: cerca de 6 milhões de pessoas (Cardoso, 2004). O local foi o Palácio de Cristal, uma estrutura arquitetônica transparente arqueada em ferro e revestida por camadas de vidro, projetada pelo arquiteto Joseph Paxton (1803- 1865), construída para receber o evento e em seu término desmontada, sendo considerada o máximo de modernidade da Exposição. 11 Figura 4 – Ilustração: Rainha Vitória abrindo a Grande Exposição dos Trabalhos de Indústria de Todas as Nações (1851) Crédito: Everett Historical/Shutterstock. Para Kern (2009), a exposição uniu ciência, arte e indústria com aproximadamente 14837 expositores de toda parte do mundo. Entre eles estava o arquiteto Augustus Welby Pugin (1812-1852), assistente no projeto do Parlamento Britânico, e defensor da paisagem antiga das cidades. Sua arquitetura e torres góticas respeitavam o princípio da coexistência, mais saudável do que se via na individualidade das paisagens modernas e suas construções para a multidão. As teorias de Pugin ajudaram a formar um conjunto de ações voltadas ao design, como o Journal of Design and Manufactures1, sendo também a base do movimento surgido nos anos seguintes, o Arts and Crafts, no português, “Artes e Ofícios”. Tanto Pugin quanto o escritor e crítico John Ruskin (1819-1900) pregavam o valor e a preferência pela produção artesanal com o uso de materiais regionais em um estilo de vida mais natural, como na era medieval (arquitetura rural britânica). Na verdade, teóricos, artistas e desenhistas desses movimentos estão associados a nomes da Fraternidade Pré-Rafaelita. 1 É possível encontrar originais digitalizados em língua inglesa, original. Disponível em: <http://digicoll.library.wisc.edu/cgi-bin/DLDecArts/DLDecArts- idx?type=browse&scope=DLDECARTS.JOURNDESIGN>. Acesso em: 16 maio 2020. 12 A arquitetura no Arts and Crafts, assim como seu mobiliário, deveria se unir à paisagem expressando o bom emprego dos materiais, demonstrando ser feita por pessoas. Outra questão pregada pelos grupos partidários a Pugin dizia respeito à funcionalidade como premissa da arquitetura e do design, pois para eles o projeto “para proporcionar satisfação completa, deve ser adequado a seu objetivo e verdadeiro em sua construção” (Pevsner, 1981). Uma das mais famosas residências construídas, característica do Arts and Crafts, foi a Red House, projetada pelo arquiteto Philip Webb (1831-1915) e destinada à família de William Morris (1834-1896). Figura 5 – Red House, de William Morris Crédito: Stuartsmith/Shutterstock. Willian Morris foi de tudo um pouco, poeta, ativista, artesão e designer e um dos grandes nomes do Arts and Crafts, assim como sua personalidade é associada à nova tendência estética que viria nos anos seguintes, o Art Nouveau. Morris é tido como responsável pela mudança de linguagem nas artes decorativas que ocorria na Inglaterra. Ele engrandecia o artista da Idade Média que para ele era um homem comum que trabalhava diariamente em suas ferramentas, imbuído da simplicidade honesta de fazer belos objetos, muito diferente das formas e dos acabamentos reprováveis resultantes das máquinas. Para ele, a arte (ou o artesanato) deveria ser feita pelo povo e para o povo. Contudo, a empresa de Morris, a Morris & Co., fundada em 1861, encontra nesse 13 preceito a contradição de que negar a máquina encarece a produção, tornando seus produtos inviáveis para a população imaginada por ele. De toda forma, alcançou seu desejo inicial de influenciar artistas, arquitetos e designers do período a questionarem seus modi operandi (Pevsner, 1981). É possível, hoje, encontrar os tecidos produzidos pela Morris & Co. no site da Style Library, disponível em: <https://www.stylelibrary.com/morris&co/>. Art Nouveau é o referente francês para o alemão Jugendstil. Os termos se traduzem como “arte nova” ou “arte da juventude” e foi o primeiro estilo internacional nas artes, mesmo tendo tido maior influência da Europa. Na Itália, foi chamado de Stile Floreale ou Stile Liberty e, na França, Modern Style, porém, mais comumente empregado o Art Nouveau em menção ao nome da galeria (loja) de Samuel Bing (1838-1905), em Paris, no fim de 1895 (Pevsner, 1981, Proença, 2005). O termo Jugendstil alude à revista alemã Jugend que se apresentava como oposição à linguagem neoclássica vigente, típica do modernismo, considerada uma revista modernista. Para Rocha (2008), mesmo sendo uma revista mais “cerebral”, com textos curtos e agradáveis, seu foco estava na visualidade de suas publicações, “com tipografias desenhadas a mão e que se fundiam às imagens”. A publicação foi o retrato da vanguarda artística e inspirou as artes gráficas e a publicidade do período, tornando-se posteriormente uma publicação governamental com a ascensão do nazismo. É possível encontrar suas edições digitalizadas no site da Universidade de Heidelberg, disponível em: <https://digi.ub.uni-heidelberg.de/diglit/jugend>. Na arquitetura Art nouveau destacam-se grandes nomes, como do austríaco Otto Wagner (1841-1918) e o neo-gótico espanhol Antonio Gaudí (1852-1926). Figuras 6 e 7 – Estação Karlsplatz Stadtbahn e edifício Moderno em Viena de Otto Wagner para o Jugendstil Crédito: Alessandro Cristiano/Shutterstock; Ireblacks/Shutterstock. 14 As formas no Art Nouveau geralmente tendem ao feminino e à assimetria, com elementos provindos da natureza, contudo sintéticas devido à manipulação humana. Apresenta, ainda, a sinuosidade orgânica dos elementos da flora, característica percebida nas artes aplicadas, principalmente nas peças em vidro e cristal, com o craquelê e o marmorizado verde e vermelho, no mobiliário e nos trabalhos em metal fundido (Pevsner, 1981, Proença, 2005). O Art Nouveau, presente na Belle Époque,teve nomes como A. C. Mackmurdo (1851-1942), o próprio W. Morris, Émile Gallé (1846-1904), René Lalique (1860-1945), Walter Crane (1845-1905), Alfred Gilbert (1854-1934), Kate Greenaway (1846-1901), Henry Van de Velde (1863-1957), Charles Voysey (1857-1941), Otto Eckmann (1865-1902), Eugène Vallin (1856-1922), Hector Guimardi (1867-1942) e Charles Mackintosh (1868-1928) entre muitos outros artistas, designers e arquitetos. TEMA 3 – ART DÉCO Outro grande estilo decorativo e com influência global ocorrido nas primeiras décadas do século XX foi o Art Déco. De fato, é difícil localizar sua exata origem. Sabe-se que caminhou junto ao Art Nouveau e exerceu forte influência em muitas áreas além da decoração até o início da Segunda Guerra – principalmente na arquitetura –, mas também nos objetos do cotidiano, vestuário, joias e nos cenários artísticos, sendo o estilo que consagrou o cinema norte- americano no período. O termo Art Déco é atribuído à Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernos em Paris no ano de 1925, em que era conhecido como Style Moderne. O estilo trazia muito dos princípios de regionalismo e de produto artesanal do “Artes e Ofícios” e da “Arte Nova”, contudo, suas formas eram mais simples, abstratas e geométricas e com cores mais intensas nos tecidos e padronagens, estética esta inspirada pelas artes de vanguarda (avant-garde), como o cubismo e o fauvismo. Os materiais também se diversificaram, tanto pela escassez do ferro e do aço destinados aos produtos armamentistas produzidos para a Primeira Grande Guerra – e sendo no estilo substituído pelo bronze ou na contradição do luxo nos folhados a ouro – como no emprego de materiais exóticos das colônias da África e Ásia, como o marfim, as obsidianas e as madeiras em lâminas tipo radica, além da moderna baquelite (Goss, 2014; Britannica, 2020). 15 O espírito do progresso é o grande fundamento social e econômico trazido pela máquina na revolução industrial para a vida nos grandes centros urbanos, no Brasil cantado pelo grupo Demônios da Garoa em “Conselhos de Mulher”. Nos EUA, a exemplo de Chicago e Detroit, o sucesso do consumo de massas foi estabelecido pelo fordismo e depois pelas outras companhias automotivas do país, como a Chevrolet. Para Cardoso (2004), é possível verificar as condições de modernidade industrial e riqueza de uma nação (industrializada) por meio do consumo e da democratização dos produtos de luxo. Para o autor, o estudo de caso do Ford T como produto bom, barato e para as massas é raríssimo na história do design. Já a França, mesmo antes das revoluções, estabelecia-se na dianteira da produção desta categoria de produtos o Art Déco, que mesmo na tentativa de ser democrático era um estilo tido como luxuoso (Goss, 2014). O aumento do consumo – incluindo de produtos de luxo – começa a mudar a partir do século XX, conduzindo aos novos formatos de apelo comercial – como no estudo de caso de cerâmica Wegdwood e na já mencionada produção em grande escala de anúncios, catálogos, jornais e revista. Para Cardoso (2004), o progresso e a produção em massa se devem tanto ao papel e à madeira quanto ao ferro e ao vidro. Na arquitetura, o regionalismo e a ressignificação do local é um elemento determinante da influência deste estilo, encontrado e adaptado em diversas partes das Américas, de Miami, a Cuba e no Sertão brasileiro. É possível encontrar um grande número de publicações sobre o tema em língua portuguesa, indicando ainda a leitura dos materiais Dossiê Art Déco e do artigo: “Sertanejo Art Deco: an inspiration for a Brazilian design?”, disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east- 1.amazonaws.com/designproceedings/icdhs/icdhs-104.pdf>. Acesso em: 16 maio 2020. TEMA 4 – O STYLING, O STREAMLINING E O FUNCIONALISMO Com os novos estudos da teoria (matemática) da informação a partir da segunda metade do século XX, Dorfles (1978) se propõe a explicar a questão do styling inserido no objeto industrial e a quantificação das informações presentes em um objeto industrial. Com isso, a capacidade de gerar a entropia 16 (causalidade/indeterminação), quanto maior o número de informações aleatórias, mais desordem na comunicação este objeto apresentará. Com base nesta proposição, o autor questiona desde a função (e significação) dos objetos industriais até os preceitos de moda e de estilo e a necessidade constante de inovação, seja por novos objetos ou por suas novas configurações, que tendem, na pós-modernidade, a rapidamente caírem em desuso. Crítico de arte e professor, Dorfles pertence a uma geração que define, de forma muito precisa e pouco contestável, as diferenças existentes entre arte, artesanato e design, porém, não delimitando que seus pontos de vista devam ser tratados como verdades absolutas, contudo, nos abrem novas maneiras de enxergar as artes plásticas e as artes aplicadas. O styling envolve a intenção deliberada de tornar-se um objeto atraente – muitas vezes pela aplicação de adornos e ornamentos que em nada melhoram sua função, como no exemplo dos vestidos vitorianos citados no início desta leitura. A estilização do objeto, a fim de diferenciá-lo, relaciona-se antes de tudo aos critérios mercadológicos e de concorrência, que objetivam o aumento das vendas, haja vista o sucesso da Wedgwood & Co. Pode-se dizer que o styling como artifício teve local e data de início, os EUA após a crise de 1929, porém seus preceitos estão na raiz da revolução industrial e são, até hoje, estratégia de um número considerável de fabricantes. Especialistas como W.D. Teague (1883-1960), Raymond Loewy (1893-1986) e Henry Dreyfuss (1904-1972) foram chamados após a forte depressão econômica para encontrar formas de tornar desejáveis os objetos pela sua aparência, em vista de retomar os hábitos de consumo anteriores à crise. Por meio do styling, há a intervenção cosmética nos produtos industriais, nada alterando os requisitos técnicos e de funcionalidade. A estilização foi combatida por grande parte dos designers europeus, contudo não se pode negar que a forma de inúmeros objetos e toda sua memória e configuração estética, até hoje, deve-se muito a esses três profissionais e seus designs (Dorfles, 1978). As criações de Raymond Loewy e de seus colaboradores vão desde o aspecto branco e bordas arredondadas dos refrigeradores (Coldspot), o logotipo da empresa Royal Ducht Shell e os maços de cigarro da Luke Strike. Junto de seus contemporâneos norte-americanos, definiram as modificações na prática profissional dos designers, com o surgimento dos grandes escritórios e da consultoria em projetos, assim como o 17 sucesso do Style Moderne na América do Norte e o conceito visual conhecido como Streamlining. A estilização proposta pelo streamlining seguia a estética mecânica no nosso já conhecido apelo ao futuro (futurismo) e ao progresso, e a modernidade em constante movimento e auxiliada pelas máquinas. As linhas aerodinâmicas e a menção às “correntes de ar” produzidas pela velocidade das locomotivas vão aparecer em inúmeros objetos, desde canetas, rádios, luminárias, mobiliário e, é claro, nos automóveis (Cardosos, 2004). Para mais informações, sugere-se a leitura do artigo “O fusca e o streamlining”, disponível em: <https://www.abcdesign.com.br/o-fusca-e-o-streamlining/>. Acesso em: 16 maio 2020. Figura 8 – Locomotivas próximas a Washington, DC – 1930, e as linhas do streamlining Crédito: Everett Historical/Shutterstock. Para Cardoso (2004), a maior parte da crítica ao styling e principalmente ao streamlining partia dos funcionalistas europeus, que relutaram na aceitação de que, dentre as funções existentes em um objeto, existem mais (mistérios) informações do que somente as que remetem à sua utilidade. De fato, a discussão sobre a funcionalidade dos objetos é bastanterecorrente na Europa, com sua origem no Arts and Crafts. A questão abordada na funcionalidade do objeto já está presente junto da questão do bom, do belo e do sublime, desde os gregos, já abordada em nossos estudos anteriormente. 18 Para Filipe (2018), o belo é uma qualidade relativa e não absoluta, sendo a beleza de um objeto inerente ao conceito de socialmente agradável que envolve a intenção ética e benéfica do produtor/criador. Na aceitação do objeto como belo por meio da honestidade contida nele, “os materiais e técnicas acabam por serem usados com integridade, e o ornamento é rejeitado quando produz o efeito de falsidade”. Vale, nesse momento, o exemplo dos Shakers, grupo religioso derivado dos Quakers ingleses que se estabeleceu nos EUA ao fim de 1774. Os shakers tinham como princípios a honestidade, utilidade e a simplicidade. Figura 9 – Típico quarto com mobiliário Shaker Crédito: Timothy S. Allen/Shutterstock. As formas no mobiliário shaker seguiam os princípios retilíneos do neoclassicismo, com pouco ou nenhum ornamento e madeiras claras sem pinturas, a fim de eliminar as modas e com uma manufatura honesta sem práticas enganosas (Vincent, 2012). É possível encontrar o acervo visual deste mobiliário no site do Metropolitan Museum of Art, disponível em: <https://www.metmuseum.org/toah/hd/shak/hd_shak.htm>. Acesso em: 16 maio 2020. A questão da forma definida como expressão direta e honesta da função por Louis Sullivan (1856-1924) estará na arquitetura comercial moderna relacionando-se às construções de ferro e vidro que utilizam o adorno como meio de disfarçar a pobreza da estrutura, ou como elemento que nasce naturalmente (orgânico) na divisão das partes: base, corpo e coroamento da verticalidade dos 19 grandes edifícios da Escola de Chicago (de arquitetura). Essas partes apresentarão grandes resultados na aplicação e experimentação de novos materiais, como no exemplo do projeto de Frank Lloyd Wright (1867-1959) para a reconstrução da cidade após o grande incêndio de (Barreto; Moreira, 2015). TEMA 5 – WERKBUND E A BAUHAUS A partir da metade do século XIX, o mundo já apresentava uma configuração geopolítica muito próxima à que temos hoje e, mesmo com as profundas diferenças sociais e econômicas entre os grandes países da Europa e as colônias, a produção e o consumo global se intensificaram, estimuladas também pelo crescimento industrial e pela influência comercial dos EUA. As nações passaram a ampliar seus investimentos e suas políticas de salvaguarda em medidas protecionistas e incentivos à formação de mão de obra e fomento à qualidade dos bens produzidos internamente. Neste contexto, formou-se na Alemanha, em 1907, a Deutscher Werkbund, ou Confederação Alemã do Trabalho, que se propunha a reunificar o processo de produção entre o artista e o operário, para aperfeiçoar a técnica estilisticamente do produto alemão e divulgá-lo no mercado global. A Werkbund atuava como um fórum, “reunindo empresários, políticos, artistas, arquitetos e designers em torno de encontros e exposições periódicas” tendo como “principais vozes Friedrich Naumann e Hermann Muthesius” (Cardoso, 2004). A estilização proposta pela Confederação envolvia a adoção de formas geométricas como estratégia facilitadora às etapas de produção (Moraes, 1999). Contudo, para Cardoso (2004), o uso da geometria, do ordenamento matemático e da racionalidade construtiva das máquinas está presente na arquitetura moderna e nos movimentos artísticos de vanguarda que se contrapunham ao romantismo e ao excesso, não justificado, de ornamentos. Para Pereira (2009), nas vanguardas artísticas, a forma deveria ser a expressão estética para a solução dos problemas sociais, que reformularia o ambiente humano promovendo a melhor qualidade de vida. Contudo, tais ideais nem sempre deram certo, tendendo a se destinar às elites em vez da democratização proposta em origem. O mais notável exemplo comercial e contemporâneo à Werkbund foi o de Peter Behrens (1868-1940) para a AEG (Allgemeine Elektrizitäts Gesellschaft). Behrens foi convidado pela família Rathenau, em 1907, a diferenciar os produtos 20 da empresa frente à concorrência, reestruturar a arquitetura fabril e a marca da AEG, sendo talvez o primeiro estudo de caso do design como estratégia organizacional. No escritório de Behrens, na Alemanha, trabalharam Walter Gropius (1883-1969), Mies van der Rohe (1886-1969), e Le Corbusier (1887- 1965) (Moraes, 1999). Seguindo os passos da Werkbund no âmbito do ensino do design, forma- se, na cidade, de Weimar, em 1919, a Staatliches Bauhaus – Casa de Construção Estatal – por meio da união da Escola de Artes e Ofícios com da Academia de Belas Artes, sendo dirigida inicialmente por Walter Gropius. A escola tinha por objetivo encontrar os caminhos que unificassem as artes e os ofícios com o trabalho intelectual ao manual, por meio da produção de formas justas e limpas, valorizando as condições de trabalho e com a pretensão de subtrair as diferenças sociais entre as classes envolvidas no processo. Para isto, Bauhaus a manteve, enquanto pôde, aberta a princípios inovadores e em grande parte estimulada pela heterogeneidade criativa de seu grupo de educadores, pessoas da arte, da fotografia, arquitetura e do design, como Wassily Kandinsky, Paul Klee (1879-1940), Josef Albers (1888-1976), Johannes Itten (1888-1967), Marianne Brandt (1893-1983), Hannes Meyer (1889-1954), Oskar Schlemmer (1888-1943), László Moholy-Nagy (1895-1946), Marcel Breuer (1902-1981), entre outros. Figura 10 – Selo postal alemão com trabalhos dos artistas da Bauhaus – taças de Peter Behrens; Bule de Marianne Brandt; luminária de Wilhelm Wagenfeld; e cadeira de Marcel Breuer Crédito: Solodov Aleksei/Shutterstock. 21 Seus procedimentos pedagógicos se diversificavam constantemente, incentivados por oficinas produtivas envolvendo materiais específicos, como a cerâmica, o metal e os tecidos, além das aulas de encadernação, impressão gráfica, teatro, fotografia e publicidade. A escola passou por diferentes conduções que se seguiram em três fases distintas, “a primeira expressionista e mística de Gropius e Ittens”, seguida do “tecnicismo e racionalismo de Moholy- Nagy e Meyer” e, por último, a direção quase única do ensino da arquitetura com Mies van der Rohe (Cardoso, 2004). Junto ao movimento e revista holandesa De Stijl – neoplasticismo de Mondrian –, articula-se ao mobiliário com a cadeira Red/Blue do arquiteto e designer Gerrit Rietveld (1888-1964), que também projetou a cadeira Zig-Zag para a Metz & Co. nos anos 1930. Figura 11 – Cadeira Red/Blue de Rietveld Crédito: Picture Partners/Shutterstock. Outra cadeira icônica foi desenvolvida por Marcel Breuer na Bauhaus, a Wassily (desenhada para o pintor). Breuer (aluno e depois professor) percebeu as vantagens do metal tubular, de baixo preço, fácil limpeza e elasticidade inerente que não oferecia complicações durante o processo produtivo. A designer Marianne Brandt tornou-se uma das responsáveis pelas oficinas de metal da escola, coordenando e projetando produtos como candeeiro, cinzeiro e bule. 22 Por ser uma escola estatal, mas de convicções internas firmes, a Bauhaus sempre esteve em meio a disputas ideológicas e contradições características do período entre guerras, migrando suas instalações de Weimar para Dessau e, por fim, a Berlim, em 1932. Suas atividades se encerraram no ano de 1933 não resistindo mais à perseguição do partido nazista. TROCANDO IDEIAS O Trocando Ideias desta aula envolverá o conhecimento sobre a história do design gráfico. Para isto, a proposta é de um wiki com o texto do historiador Rafael Cardoso “Design Gráfico e sua História, disponível em: <https://docente.ifrn.edu.br/carlosdias/informatica/programacao-visual/o-design- grafico-e-sua-historia>.Você deverá estar atento às mudanças que ocorreram com a mecanização, com os contextos políticos e o pós-guerra e como o design gráfico foi empregado em todos esses contextos. NA PRÁTICA Agora, você deverá escolher duas diferentes personalidades (podem ser arquitetos, designers ou artistas) mencionados nesta aula. Com base em sua escolha, você deve: a) Criar uma pequena biografia sobre eles(as); b) Definir um trabalho/projeto importante para cada escolhido(a); c) Contextualizar a biografia e o design em relação ao período histórico em que se inserem. FINALIZANDO Você não pode sair desta aula sem ter compreendido: • Que o campo do design se estabelece tão próximo da arte como da divisão do trabalho. • Que o produto industrial e a estética mecânica ainda mantêm os laços com suas origens. • Que o ornamento e o funcionalismo têm diferenças, mas que ambos podem ser estilizações, e um não é melhor do que o outro. • Que o modernismo prenuncia o “progresso” e o mundo globalizado. 23 REFERÊNCIAS ACOM, A. C. Era Vitoriana: O que foi o Movimento Estético. Moda Manifesto, Porto Alegre, 2020. Disponível em: <http://www.modamanifesto.com/index.php?local=detalhes_moda&id=100>. Acesso em: 16 maio 2020. ART DECO. Encyclopaedia Britannica, 2020. Disponível em: <https://www.britannica.com/art/Art-Deco>. Acesso em: 16 maio 2020. BARRETO, D. C.; MOREIRA, F. D. Ruskin, Sullivan e Loos. Sobre o conceito de ornamento industrial. Vitruvius, 2015. Disponível em: <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.178/5492>. Acesso em: 16 maio 2020. CARDOSO, R. Uma introdução à história do design. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 2004. DORFLES, G. O design industrial e sua estética. Lisboa: Editorial Presença Ltda.; Martins Fontes, 1978. (Coleção Dimensões) FILIPE, R. A. Reflexões sobre o uso. Design e funcionalismo. Revista Convergência, v. VIII, Lisboa, 2015. Disponível em: <http://convergencias.esart.ipcb.pt/?p=article&id=215>. Acesso em: 16 maio 2020. FORTY, A. Objetos de desejo. Design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007. GOSS, J. Style moderne: What is French Art Deco? Financial Times, Londres, 10 set. 2014. Disponível em: <https://www.ft.com/content/cd9b6ffc-34fb-11e4- aa47-00144feabdc0>. Acesso em: 16 maio 2020. KERN, D. Paisagem moderna: Baudelaire, Ruskin e as grandes exposições de 1851 e 1855. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 18. Salvador, EDUFBA, 2009. Anais... MORALEZ, L. R. Para uma teoria del diseño. México: Editora Tilde, 1989. 24 PEREIRA, L. M. S. A forma como fundamento no design: permanências e alterações. 157 f. Tese (Doutorado em Design). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009. PEVSNER, N. Origens da arquitetura moderna e do design. São Paulo: Martins Fontes, 1981. PROENÇA. G. História da Arte. São Paulo: Editora Ática, 2005. ROCHA, C. A revista alemã que exaltou as vanguardas do século 20. Jornal Nexo, São Paulo, 2018. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/03/18/A-revista-alem%C3%A3- que-exaltou-as-vanguardas-do-s%C3%A9culo-20>. Acesso em: 16 maio 2020.
Compartilhar