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CARACTERÍSTICAS DA INTRALOGÍSTICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS DO SERTÃO PARAIBANO
RESUMO
A logística vem se tornando cada vez mais uma ferramenta essencial para o aumento da competitividade das empresas no mercado. E o presente relato tem como um dos objetivos demonstrar isso, bem como a complexidade e a grandeza que é a área da logística. O foco principal do trabalho é apenas umas das macro atividades presentes na logística, que é a logística interna, ou intralogística. De início são apresentadas definições, conceitos, ideias e subdivisões da logística, e logo após é dado foca à área da intralogística, mostrando a sua importância, seu campo de atuação, as ferramentas e tecnologias utilizadas. Após feita a introdução, partimos para o foco principal que é associar tudo que foi pesquisado com a realidade da empresa observada. A pesquisa foi realizada em artigos acadêmicos da área, somado aos conhecimentos adquiridos na disciplina de intralogística e aos artigos publicados em blogs especializados. O relato em si foi realizado após observações na empresa além de conversas com os funcionários.
Palavras-chave: Relato. Logística. Intralogística. Importância. Competitividade. 
ABSTRACT
Logistics is increasingly becoming an essential tool for increasing the competitiveness of companies in the market. And the present report has as one of the objectives to demonstrate this, as well as the complexity and greatness that is the area of ​​logistics. The main focus of the work is just one of the macro activities present in logistics, which is internal logistics, or intralogistics. At the outset, definitions, concepts, ideas and subdivisions of logistics are presented, and soon after, the area of ​​intralogistics is focused, showing its importance, its field of action, the tools and technologies used. After making the introduction, we set out for the main focus that is to associate everything that was researched with the reality of the observed company. The research was carried out in academic articles of the area, added to the knowledge acquired in the intralogistics discipline and articles published in specialized blogs. The report itself was made after observations in the company in addition to conversations with employees.
Keywords: Report. Logistics. Intralogistics. Importance. Competitiveness.
1 INTRODUÇÃO
O meio empresarial apresenta características que muito se assemelham com o ambiente de uma guerra, como a dinâmica, a pressão, a necessidade de respostas rápidas e até mesmo uma certa “crueldade”. Não é de se admirar, portanto, que as empresas busquem técnicas desenvolvidas na guerra como diferencial competitivo. A logística é uma das ferramentas que vêm crescendo exponencialmente, e que tiveram o seu “boom” mais especificamente na Segunda Guerra Mundial. 
	Por muitas vezes a logística é vista apenas como o transporte de materiais, principalmente através do modal rodoviário. Visão esta equivocada, principalmente por dois fatores: primeiro, a logística é responsável pelo fluxo de pessoas, produtos, materiais e de informações; segundo, o transporte é apenas uma parte de um grande sistema, sistema esse dividido por Ballou (2010) nas seguintes macro atividades: logística interna, logística reversa, suprimento físico e distribuições físicas. É importante destacar que essas atividades são interligadas como “elos”, sendo essencial o não rompimento de nenhum destes, pois caso haja falha em algum deles, toda a cadeia será afetada. 
Figura 1 – Macro atividades definidas por Ballou (2010)
 FÁBRICA/EMPRESA
SUPRIMENTO FÍSICO
DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
LOGÍSTICA REVERSA
TRANSPORTE
LOGÍSTICA INTERNA
FORNECEDOR
FORNECEDOR
TRANSPORTE
TRANSPORTE
CLIENTE
CLIENTE
Fonte: O próprio autor.
	Porter (1989) apresenta a logística interna como sendo todas as atividades associadas ao recebimento, ao armazenamento, e à distribuição de insumos no produto, como manuseio de material, armazenagem, controle de estoque, programação de frotas, veículos e devolução para fornecedores. De forma mais resumida, a logística interna envolve todo o fluxo compreendido entre o recebimento da matéria prima e a expedição do produto acabado, sendo a sua atuação toda dentro da empresa, armazém ou chão de fábrica.
Figura 2 – Atividades básicas da intralogísticaRECEBIMENTO
CONFERÊNCIA E ENTRADA NO ESTOQUE
ARMAZENAGEM
SEPARAÇÃO (PICKING)
CONFERÊNCIA
EMBALAGEM(PACKING)
EXPEDIÇÃO E SAÍDA DO ESTOQUE
CONFERÊNCIA
EMBALAGEM
(PACKING)
EXPEDIÇÃO E SAÍDA DO ESTOQUE
Fonte: https://www.hrmlogistica.com.br/single-post/2017/10/31/O-que-%C3%A9-Intralog%C3%ADstica (adaptado)
	Cada etapa definida na imagem acima tem a sua contribuição para intralogística e consequentemente para toda a atividade logística, sendo algumas dessas inclusive objetos de estudos mais aprofundados, como no caso da armazenagem por exemplo, que hoje em dia possui diversas técnicas e ferramentas para otimização da atividade. Junto a essas atividades também, vêm surgindo diversas novas tecnologias que vão muita além dos códigos de barras, sempre com o intuito da otimização dos fluxos. Algumas ferramentas importantes que vêm sendo utilizadas na intralogística são:
Niveladores de docas – são plataformas desenvolvidas para utilização em docas de carga e descarga, servindo de ponte entre a doca de concreto e o piso da carroceria do veículo, para nivelar a altura entre ambos. São diversos os modelos e tamanhos, podendo ser portátil ou fixo na doca ou no caminhão, manual ou hidráulico, etc. Importante para a otimização da etapa de recebimento.
Figura 3 – Niveladores de docas
Fonte: http://cargomax.com.br/nivelador-de-docas
Sistemas integrados: os ERP’s (Enterprise Resource Planning), são sistemas informatizados de gestão, geralmente dividido em módulos que atuam em todas as áreas da empresa. Esses sistemas são responsáveis por todo o fluxo de informações, além de trabalhar com bases de dados, mantendo informações de clientes, fornecedores, estoques, dentre diversas outras informações. Os ERP’s vêm cada vez mais sendo utilizados na área da logística, principalmente quando combinado com outros sistemas, como o WMS por exemplo, que é um sistema de gestão de armazéns.
Paleteiras e empilhadeiras elétricas: são equipamentos fundamentais na movimentação de cargas dentro dos armazéns. A principal diferença entre os dois tipos de equipamentos é que a paleteira faz o transporte horizontal dos paletes, enquanto que as empilhadeiras são mais indicadas para armazéns verticais. Apesar de existirem diversas novas opções, como braços mecânicos, ou até armazéns que são totalmente automatizados, no Brasil as paleteiras e empilhadeiras ainda são maioria por apresentarem um bom custo-benefício.
Figura 4 - Paleteira Elétrica LPE
Fonte: http://www.carmak.com.br/paleteira-eletrica-lpe
Figura 5 - Empilhadeira 8FBN
Fonte: http://www.toyotaempilhadeiras.com.br/produto-8fbn.html
	São diversos os equipamentos e as tecnologias utilizadas na intralogística. Essas foram apenas algumas opções que já são realidade em diversos armazéns no Brasil, porém, em países mais desenvolvidos já são utilizadas muitas outras ferramentas que aos poucos vão chegando ao Brasil, e que ainda mais lentamente vão sendo aderidas pelas empresas.
	Enfim, a atividade de logística interna, ou intralogística, por muitas vezes é superestimada, fato confirmado pela diferença do número de artigos publicados na área em comparação com a área de transportes, por exemplo. Porém, a intralogística é de grande importância não apenas para a manutenção da cadeia, mas sim como um diferencial. Coimbra (2005), por exemplo, fala que a cadeia de valor de uma empresa está diretamente ligada à logística interna da mesma, fato explicado pelas consequências que podem ser geradas nas atividades quem compõem o fluxo interno. A relevância da logística interna vem sendo constatada não apenas por pesquisadores, mas sobretudo vem cada vez mais se destacando cada vez mais entre os gestores das empresas. O CEO da empresaHRM logística, por exemplo destaca em um artigo do site www.hrmlogistica.com.br, essa percepção do crescimento da intralogística e justifica falando que a ineficiência interna compromete todo o processo logístico.
2 DESENVOLVIMENTO
O presente relato tem como objetivo principal fazer associações do que foi pesquisado com o que de fato ocorre no mundo real da empresa, e identificar pontos de melhorias. Para isso nós realizamos uma pesquisa em artigos acadêmicos e de revistas eletrônicas especializadas em logística e fizemos algumas visitas à indústria de laticínios xxx, com o intuito de observar o processo intralogístico, além de conversar com funcionários da empresa. A análise será feita por subáreas, levando em consideração as atividades da figura 2.
	As visitas foram realizadas na empresa xxxxx, que é especializada na produção de iogurtes e diversos outros derivados do leite. A empresa fica localizada na cidade de Sousa, no sertão paraibano, mas consegue uma atuação em toda a região do Nordeste brasileiro. Para isso ela conta com 1200 colaboradores diretamente ligados à empresa, 9 centros de distribuição (CD’s) espalhados pelo Nordeste, além de uma frota de 265 veículos próprios. 
	A indústria de laticínios xxx, tem ao todo 8 galpões, destes, cinco são para a produção em si (2 para produção de iogurtes, 1 para produção de queijos, 1 para produção de doce e 1 para a produção das garrafas) e três são utilizados como almoxarifado de matéria-prima. A matéria-prima principal (o leite) é captado diariamente de produtores da região. Hoje são captados 100 mil litros de leite em natura todos os dias, volume que acabou sendo diminuído devido à seca e devido à diminuição da bacia leiteira, sendo então necessário completar com leite em pó. O estoque de produto acabado fica em câmaras frias presentes nos próprios galpões utilizados para a produção. O layout das produções é em linha, onde as máquinas e pessoas ficam fixas enquanto a o produto vai movimentando-se através de esteiras. 
	No que diz respeito à logística, a empresa possui logística própria e sua própria frota de automóveis, com uma unidade de abastecimento dentro da própria fábrica. Nós identificamos vários pontos positivos, e algumas fragilidades que os próprios funcionários têm a consciência disso, como no caso da captação do leite, já citado anteriormente. A área da logística apresenta suas subdivisões bem definidas, onde há uma equipe responsável pela logística de suprimentos, outra para logística de abastecimento, outra responsável pela logística reversa e uma equipe responsável apenas pela intralogística. Os dados de todas essas áreas são integrados no sistema Sankhya W, que é um sistema de gestão ERP.
Imagem 6 – Unidade de abastecimento e frota de veículos
Fonte: o próprio autor
A equipe responsável pela logística interna possui ao todo 32 colaboradores, e esses colaboradores são distribuídos nas subáreas já vistas anteriormente. Tomando como base o modelo da figura 2, nós identificamos os seguintes aspectos nas subáreas da intralogística:
Recebimento – o recebimento da matéria-prima é feito prioritariamente por agendamentos, onde busca-se o máximo de sintonia com os fornecedores para que ocorra o recebimento da mercadoria em horários pré-definidos. Nas docas existem niveladores manuais fixados nas próprias docas. Todo o material é descarregado através de paleteiras manuais, operadas por profissionais devidamente treinados e certificados, que seguem os Procedimentos Operacionais Padrão (POP’s).
Conferência e entrada no estoque – o processo de conferência é realizado em duas frentes, primeiramente com uma equipe externa que recebe as notas fiscais, e logo após uma equipe interna, também chamada de via cega, realiza a contagem do material para logo após cruzar os dados com os da equipe externa. Logo após a conferência é dada a entrada no estoque, utilizando um sistema WMS que é integrado ao ERP. Após a entrada no estoque o WMS já dá o endereçamento para a armazenagem do produto.
Armazenagem – A armazenagem é realizada através de uma empilhadeira elétrica, operada por uma pessoa sem embarque, atingindo uma altura de até 8 metros. Os armazéns de matéria-prima e de produto acabado são verticalizados aproveitando ao máximo os oito metros de pé direito.
Figura 7 – almoxarifados de matéria-prima
Fonte: O próprio autor
Figura 8 – Câmaras frias com produtos acabados
Fonte: O próprio autor
Separação (picking) – a separação é realizada assim que entra o pedido. O pedido poderá ser “disparado” pelos centros de distribuição, sendo a separação então de acordo com a solicitação do CD ou pelo varejo, sendo então de acordo com o pedido de venda. Assim que entra o pedido, o WMS detalha todo o endereçamento do produto à ser separado. Após a separação o produto é diretamente enviado à expedição.
Conferência – não há o processo de conferência do produto separado em sí, porém, toda a mercadoria que entra nos veículos é filmada, e só em caso de alguma divergência nas informações essas filmagens serão utilizadas.
Embalagem (packing) – a embalagem é toda feita manualmente, e divide-se em três tipos: filmes encolhíveis, rolos de bobinas de PEAD e caixarias. Logo após o envase dos produtos, os mesmos são dispostos em embalagens primárias e logo em seguida são paletizados. Após a paletização o produto é transportado para a câmara fria com as paleteiras manuais. Eles também trabalham com uma máquina que imprime automaticamente o lote, a hora e a validade do produto.
Expedição e saída do estoque – após separado, embalado e paletizado é dada a saída no sistema e o produto segue para as docas de saída, que são no mesmo local das docas de recebimento, havendo então uma necessidade de sincronia com as equipes da logística de suprimentos e da logística de distribuição.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Em linhas gerais, nós acabamos encontrando uma empresa que vê sim um diferencial na logística, uma das provas é a sua frota própria de veículos, com ponto de abastecimento dentro da própria fábrica; e um terreno que foi comprado recentemente na cidade de Sousa-Pb, de 113 hectares, que será utilizado para a construção de um CD industrial, o que irá facilitar a expedição que será centralizado e separado do abastecimento. As áreas da logística são todas bem definidas e com profissionais capacitados. Levando em consideração o padrão da logística brasileira, a infraestrutura apresentada demonstra um nível interessante. 
No que diz respeito à logística interna foram encontradas muitas ferramentas interessantes, como por exemplo: armazéns verticalizados, sistema de gestão (ERP) integrado com o sistema de gestão de armazém (WMS), recebimento do pedido por agendamento, uso de empilhadeira elétrica, dentre diversos outros pontos positivos. Em contrapartida foram identificados alguns pontos que futuramente poderão ser melhorados, como: uso de paleteiras elétricas, para facilitar o transporte de materiais da doca de recebimento para o armazém e dentro dos armazéns; sistema de armazenamento mais “inteligente”, automatizando um pouco mais o processo de armazenagem. Outro fator à ser destacado é que devido à distância entre os galpões, todo o transporte, seja das docas de recebimento para o almoxarifado (matéria-prima) ou seja das câmaras frias para as docas de saída (produto acabado) é realizado por caminhões, tornando esse custo com o transporte interno muito elevado.
Todo o relato foi realizado levando em consideração os padrões brasileiros, que como sabemos apresenta características próprias, e que apresenta um nível de inovação a baixo dos níveis dos países mais desenvolvidos.
REFERÊNCIAS
BALLOU, Ronald. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarial. São Paulo: Editora Bookman, 2010.
COIMBRA, Cleberson dos Santos. O custo da ineficiência na logística interna. Disponível em:
MONTEIRO, J. M. C; GUILHERME, C. M; OLIVEIRA, K. N. M. Análise da gestão de estoques em um elo da cadeia de suprimentos, com foco nas diretrizes do lean office. In:ENGEP, 2016, João Pessoa. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STP_226_319_29798.pdf>. Acesso em: 03 fev. 2018.
PORTER, Michael. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. 15. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989
<http://economia.estadao.com.br/noticias/releases-ae,empilhadeiras-e-paleteiras-sao-essenciais-para-logisticas-conheca-as-diferencas,10000096896>. Acesso em 03 fev.2018
<http://www.carmak.com.br/paleteira-eletrica-lpe >
<http://www.techoje.com.br/bolttools_techoje/files/arquivos/CUSTOS_LOGISTICOS.pdf>. Acesso em: 03 fev.2018.
<http://www.toyotaempilhadeiras.com.br/produto-8fbn.html>. Acesso em 10 fev.2018
<https://blog.contaazul.com/o-que-e-sistema-integrado-erp>. Acesso em 10 fev.2018
<https://www.bsoft.com.br/voce-sabe-o-que-sao-sistemas-erp-tms-e-wms/> Acesso em 11 fev.2018
<https://www.hrmlogistica.com.br/single-post/2017/10/31/O-que-%C3%A9-Intralog%C3%ADstica>. Acesso em 03 fev.2018
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