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DESCRIÇÃO Introdução ao estudo dos fundamentos da propriedade intelectual, sua história, importância e aspectos legais. PROPÓSITO Conhecer os diversos tipos de propriedade intelectual e suas particularidades, a importância para a proteção do conhecimento e da cultura e para o desenvolvimento de novas tecnologias e inovações, com a identificação de seu impacto no cotidiano que influencia comportamentos e padrões de consumo. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever as características da propriedade intelectual MÓDULO 2 Classificar os direitos da propriedade intelectual INTRODUÇÃO A propriedade intelectual pode soar como uma invenção do mundo moderno, mas na verdade existe desde a Antiguidade. Graças à evolução dos mecanismos de proteção à propriedade intelectual ao longo do tempo, a humanidade conseguiu estimular avanços culturais e tecnológicos significativos. Sem a proteção à propriedade intelectual e o mecanismo de remuneração compensatória associada a essa proteção, dificilmente autores renomados teriam sido capazes de se dedicar inteiramente à concepção de suas obras; igualmente, inventores não seriam estimulados a seguir criando soluções para os diversos problemas da humanidade. Nos próximos módulos, veremos os principais aspectos da propriedade intelectual e as suas ramificações. Entenderemos o que são direitos de autor e direitos conexos e as relações entre eles. Também iremos aprender o que são marcas, patentes, desenhos industriais e indicações geográficas e como podem ser utilizados. Por fim, veremos tipos peculiares de proteção à propriedade intelectual, conhecidos como direitos sui generis . MÓDULO 1 Descrever as características da propriedade intelectual POR QUE PROTEGER A PROPRIEDADE INTELECTUAL? Propriedade intelectual é o conjunto de direitos que se aplicam à proteção de todas as criações humanas e, portanto, defendem e protegem uma propriedade. Para se entender melhor a expressão propriedade intelectual, é importante falarmos de um conceito: O QUE É A PROPRIEDADE? RESPOSTA Propriedade é um direito natural que todas as pessoas têm de possuir bens e deles usufruir da maneira que desejar. O artigo 17 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada no ano de 1948 pela Assembleia Geral da Organização Nações Unidas (ONU) em Paris, determina que: 1. TODA PESSOA, INDIVIDUAL OU COLETIVA, TEM DIREITO À PROPRIEDADE. 2. NINGUÉM PODE SER ARBITRARIAMENTE PRIVADO DA SUA PROPRIEDADE. ONU, 1948. Propriedade intelectual é o conjunto de direitos que se aplicam à proteção de todas as criações humanas, defendendo especificamente as criações nascidas do intelecto humano. Tais criações podem ser: obras literárias e científicas, as interpretações artísticas como música, teatro, filmes, telenovelas etc., as descobertas científicas, os desenhos industriais, as diversas marcas e os sinais distintivos criados, nomes comerciais, as invenções em todos os campos de atividade humana. Todas essas atividades estão descritas no Convênio que estabelece a Organização Mundial da Propriedade Industrial (OMPI), firmado em Estocolmo (Suécia) no ano de 1967. A proteção da propriedade intelectual é, na verdade, um direito de exclusividade concedido ao criador de uma obra, como forma de estímulo a novas criações. Tal direito de exclusividade é temporariamente garantido pelos países e implementado sob a forma de reconhecimento de autoria e/ou direito de exploração exclusiva, quer dizer, apenas o criador de uma obra pode definir de que maneira ela será utilizada. Foto: Shutterstock.com Sede da OMPI, em Genebra. As duas principais razões que levam os países a adotarem medidas protetivas para os criadores de obras intelectuais são: I Promoção e estímulo a novas criações do intelecto humano, ajudando a elevar o conteúdo intelectual do país. II Aumento da competitividade da indústria por meio do estímulo a novas invenções e inovações. INDÚSTRIA Por indústria entenda-se os ramos de atividade produtivas capazes de repetição, tais como: manufatura, indústria de transformação, agroindústria etc. javascript:void(0) Analisando pelo lado dos criadores de obras intelectuais, ter as suas criações temporariamente protegidas significa segurança para investir o seu tempo e os seus recursos financeiros para alcançar novas criações. Isso gera um ciclo virtuoso que estimula novas criações e novos criadores, visto que muitas vezes as criações trazem novos recursos financeiros aos seus criadores. Para entender melhor essa questão, tenhamos em mente o caso da inventora americana Joy Mangano. Ela iniciou a sua carreira de inventora na década de 1990 criando um esfregão autotorcível (atualmente conhecido como Mop). Sua primeira invenção foi tão bem aceita pelo público que a levou a criar uma empresa dedicada à fabricação e comercialização do invento. Por volta de 2018, Joy Mangano já havia criado 71 invenções, todas protegidas por propriedade intelectual. De forma análoga ao que vimos com as invenções de Joy Mangano, o mesmo acontece com criadores de obras intelectuais. Ao escrever um livro, o autor tem a sua obra protegida por propriedade intelectual, o que garante que apenas ele possa decidir como explorar a sua criação. Assim, ao comercializar o livro, os recursos obtidos com as vendas são revertidos em forma de lucro para o autor. Desse modo, o autor é estimulado a seguir criando e compartilhando novas obras literárias e, consequentemente, a elevar a cultura do país. Foto: Kathy Hutchins/Shutterstock.com Joy Mangano HISTÓRICO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL Quando pensamos em propriedade intelectual, imaginamos que seja algo recente, que veio com as invenções, talvez por causa da Revolução Industrial. Entretanto, desde os babilônios ela já era praticada. PROPRIEDADE INTELECTUAL NA ANTIGUIDADE A primeira demonstração de reconhecimento, dada por um Estado, da importância do domínio de habilidade criativa (capacidade de criar) por um cidadão, remonta ao antigo Império Babilônio (1884 a.C a 538 a.C.) e pode ser vista no Código de Hamurabi. A Lei nº 188 desse código estabelecia que: CÓDIGO DE HAMURABI Foi uma coletânea de leis criadas por um rei babilônio chamado Hamurabi, o qual reinou entre 1792 e 1750 a.C. SE UM ARTESÃO PEGAR UMA CRIANÇA PARA CRIAR EM ADOÇÃO E LHE ENSINAR O SEU OFÍCIO, ENTÃO A CRIANÇA NÃO PODERÁ SER RECLAMADA PELA FAMÍLIA ORIGINAL. LEI Nº 188 javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com Detalhe de escultura contendo o código de Hamurabi, Museu do Louvre. A despeito da rudimentariedade do texto da Lei, o efeito prático observado era a retenção da habilidade criativa em uma determinada família. Dessa maneira, apenas as pessoas que dominavam um conhecimento eram capazes de usá-lo e de auferir lucro com isso. O Código de Hamurabi cumpria uma das funções da propriedade intelectual, que era o incentivo a novas criações. Contudo, ele também criava o problema do monopólio da habilidade e do conhecimento, uma vez que estimulava a sua concentração apenas naqueles grupos que já o detinham. Ainda na Antiguidade, outro Estado que lançou mão da proteção à propriedade intelectual para estimular o desenvolvimento de novos produtos foi a cidade-estado de Síbaris, na antiga Grécia. Por volta de 500 a.C., o governador à época instituiu que uma proteção seria concedida a quem inventasse refinamentos luxuosos na culinária. Essa proteção dava ao inventor o direito de ficar com todo o lucro advindo da exploração (exploração exclusiva) do novo produto pelo período de um ano. Apesar de também ser rudimentar, a proteção dada em Síbaris apresentava um elemento que seria de extrema importância no sistema moderno de proteção à propriedade intelectual: a temporariedade. Foto: Mboesch/wikimedia Commons/CC BY-SA 4.0 Ruínas do Teatro de Sibaris. Ao estabelecer o prazo de um ano de exploração exclusiva, abria-se espaço para a disseminação do conhecimento após esse prazo e para a criação de competitividade sobre a exploração de um mesmo produto.Como veremos adiante, o estímulo à competitividade é um dos pilares do sistema moderno de proteção à propriedade intelectual. PROPRIEDADE INTELECTUAL NA IDADE MÉDIA E NO RENASCIMENTO Deixando a Antiguidade para trás, houve um longo período no qual a proteção às habilidades e aos inventos não foi considerada importante no mundo ocidental. Após a emergência do Império Romano e o seu apego à riqueza, política, religião e guerra, o mundo deixou de lado a proteção às criações, voltando a preocupar-se com isso apenas no final da Idade Média. Foi por volta do ano de 1331 da era cristã que a concessão de direitos de propriedade intelectual voltou a ser documentada. Nesse ano, a Coroa Inglesa iniciou a concessão de monopólios para a fabricação de artigos industriais. Tais monopólios eram concedidos através de Atos Reais chamados de Carta- Patente. Nesse período, a Inglaterra tentava adquirir indústrias e uma forma de atrair o investimento era assegurar o monopólio da exploração. Apesar de a Inglaterra ter retomado a prática de proteção a invenções, a disseminação dessa cultura se deu graças aos italianos. Foi a partir do século XIII (1400 a 1500) que Veneza (região situada no norte da Itália) passou a conceder proteção sistemática aos inventos em seu território. Grande parte dessa proteção se deu a um tipo de invenção particular: objetos de vidro. O vidro já era conhecido pela humanidade desde aproximadamente o ano 4.000 a.C. e a técnica de produção já era dominada por volta do ano 1.500 a.C. Contudo, foi em Veneza, especificamente na ilha de Murano, que a produção de artigos de vidro ganhou notoriedade durante o período Renascentista. Foto: Shutterstock.com Exemplo de objetos em vidro murano. Além de objetos de vidro colorido finamente decorados (popularmente conhecidos como vidro de murano ou simplesmente murano), ali se inventou um tipo de vidro fino e transparente chamado de cristal. VOCÊ SABIA A importância econômica desse produto era tão elevada que o governo veneziano concedia 10 anos de proteção aos inventores de vidros. Contudo, apesar dessa proteção, os inventores eram constantemente assediados por investidores de outros países que desejavam iniciar a produção dos mesmos artigos em seus países de origem. Foi dessa maneira, através da emigração dos produtores de vidro venezianos, que a cultura de proteção a invenções chegou a outros países europeus. PROPRIEDADE INTELECTUAL DURANTE A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E OS PRIMEIROS ACORDOS INTERNACIONAIS Com o passar do tempo, quase todos os países da Europa ocidental instituíram sistemas próprios de proteção à propriedade intelectual. Durante os séculos XVII e XIII, os direitos de propriedade intelectual eram muito diversos nas diferentes nações que os estabeleciam em seus territórios. Contudo, já era possível notar que havia uma tendência a separar os direitos de propriedade intelectual em propriedade industrial e direitos de autor. Entretanto, por mais que diversos países já possuíssem suas leis sobre propriedade intelectual, o alcance dessas leis terminava nas suas fronteiras, e o país vizinho não era obrigado a reconhecer direitos concedidos em outro Estado. Com a chegada da Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII, o número de invenções e os seus impactos na economia dos países começaram a crescer rapidamente. Tais invenções trazidas na esteira da Revolução Industrial eram novas máquinas (como a máquina a vapor), novos produtos, novos processos e uma capacidade nova de produzir mais mercadorias em menos tempo e a um custo menor. Contudo, como já foi abordado, a proteção desses inventos por propriedade intelectual (aqui já era por propriedade industrial) acabava nas fronteiras do país onde tinham sido inventados. Uma vez que o excesso de produção resultante das inovações da Revolução Industrial obrigava a exportação desse excedente, bastava o novo invento chegar a outro país para que fosse prontamente copiado. Imagem: Gordon Johnson/Pixabay Máquina a vapor, uma das invenções trazidas pela Revolução Industrial. Para evitar uma escalada de tensão motivada pelas perdas econômicas causadas pelo roubo de propriedade industrial, alguns países iniciaram tratativas para criar um sistema universal que tivesse força de impor o reconhecimento e o respeito dos direitos de propriedade industrial em qualquer território. Em 1883, representantes de 14 países (Bélgica, Brasil, El Salvador, Equador, Espanha, França, Grã- Bretanha, Guatemala, Holanda, Itália, Portugal, Sérvia, Suíça e Tunísia) reuniram-se na cidade de Paris (França) e firmaram a Convenção da União de Paris (CUP), iniciando a era das obrigações internacionais relativas ao direito de propriedade industrial. Pouco tempo depois, em 1886, na cidade de Berna (Suíça), foi assinada a Convenção da União de Berna (CUB) para tratar das obrigações internacionais dos direitos de autor. A CUB foi originalmente assinada por dez países: Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Grã-Bretanha, Haiti, Itália, Libéria, Suíça e Tunísia. CONVENÇÃO DA UNIÃO DE BERNA (CUB) Como dito anteriormente, a CUB inaugurou o primeiro sistema internacional de proteção aos direitos de autor. Contudo, para que o acordo fizesse efeito, os países precisavam aderir ao sistema assinando a Convenção, colocando-a em prática em seus territórios. Hoje a CUB conta com 164 países signatários (que assinaram e ratificaram o acordo). A CUB introduziu três princípios básicos além de uma série de disposições que estabelecem as condições de proteção mínima que os países signatários devem garantir aos autores de obras autorais: TRATAMENTO NACIONAL O princípio do tratamento nacional é definido com a obrigação que os países signatários têm de garantir a qualquer autor (nacional ou estrangeiro) os mesmos direitos de proteção. Em outras palavras, os países signatários não podem dar a um autor estrangeiro uma proteção menor que aquela concedida aos inventores nacionais, tampouco podem fazer exigências adicionais para que a proteção seja garantida. PROTEÇÃO AUTOMÁTICA Esse princípio estabelece que a obra de um autor passa a gozar de proteção automática a partir do momento de sua concepção, não é necessária nenhuma formalidade (registros, pedido de proteção etc.). Isso quer dizer que um livro, um poema ou qualquer outra obra criada por um autor passa a ter javascript:void(0) javascript:void(0) proteção desde o instante de sua criação e sem que o autor precise procurar qualquer órgão de governo para fazer valer os seus direitos. INDEPENDÊNCIA DE PROTEÇÃO Por fim, esse princípio determina que a proteção a uma obra autoral estrangeira deve ser garantida ao autor, ainda que não exista registro ou pedido de proteção no país de origem. Cria uma ampla rede de proteção automática, pois estende o princípio da proteção a qualquer autor que viva em um dos países signatários. Contudo, o princípio da independência respeita os prazos de proteção concedidos pelos países. Quanto às condições de proteção mínima, essas criam uma harmonização no sistema internacional de proteção aos direitos de autor, estabelecendo as balizas sobre as quais os sistemas nacionais de cada país signatário foram montados. Tais condições são: EXTENSÃO DOS DIREITOS Aplicável a todas as produções no campo literário, científico e artístico, qualquer que sejam as suas formas de expressão. DIREITOS INDEPENDENTES DE AUTORIZAÇÃO DO AUTOR Traduções, adaptações, execução pública (leituras e músicas), recital em público, transmissão pública, radiodifusão (passível de remuneração ao autor, como ocorre no Brasil), realização de reprodução (passível de remuneração ao autor, como ocorre no Brasil), utilização da obra como base para uma obra audiovisual. javascript:void(0) DURAÇÃO MÍNIMA DE PROTEÇÃO Prazo mínimo de 50 anos após a morte do autor em caso de obras literárias e musicais; 50 anos após a divulgação pública para obras anônimas e assinadas por pseudônimos, bem como para obrascinematográficas; 25 anos após a realização de obras fotográficas e artes aplicadas. SAIBA MAIS O Brasil ratificou e promulgou a CUB em 1975, pelo Decreto nº 75.699. O decreto foi regulamentado pela Lei 5.988, de 1973. Essa lei foi substituída pela Lei 9.610, de 1998, que é vigente até hoje no Brasil a tratar dos direitos de autor. O registro de obras literárias é opcional no Brasil e pode ser feito na Biblioteca Nacional ou em cartórios. CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS (CUP) E SEU EFEITO SOBRE A PROPRIEDADE INDUSTRIAL Como vimos, a CUP instituiu o primeiro sistema internacional de propriedade industrial. Novamente, para que ela tivesse efeito, os países precisavam aderir ao sistema, assinando a convenção e colocando-a em prática nos seus territórios. Essas adesões foram ocorrendo ao longo do tempo. Atualmente, em 2021, a Convenção conta com 177 países signatários. A importância da CUP para a propriedade industrial no mundo está nas quatro pedras angulares que a norteiam, a saber: TRATAMENTO NACIONAL Configura a obrigação que um país signatário da CUP possui de dar a qualquer pessoa física ou jurídica estrangeira o mesmo tratamento que é dado a uma pessoa natural desse país. Em outras palavras, os estrangeiros passam a ter os mesmos direitos e as mesmas proteções sobre as suas propriedades industriais das pessoas naturais de um determinado país. Para tanto, basta que os estrangeiros peçam a proteção ao sistema de propriedade industrial do país de interesse. Um dos efeitos diretos do tratamento nacional é a redução da cópia de invenções por parte dos países signatários da Convenção. Uma vez que o inventor estrangeiro passa a ter os mesmos direitos que o inventor nacional, ele automaticamente usufrui das mesmas proteções — entre elas está a proteção contra a exploração indevida e contra a contrafação. PROTEÇÃO Conhecido pelo termo técnico de depósito, e aquele que pede a proteção é chamado de depositante. DIREITO À PRIORIDADE O direito à prioridade é outro aspecto muito importante para a proteção dos direitos do depositante estrangeiro. Esse direito garante ao depositante um tempo de proteção automática e garantida entre o primeiro depósito no seu país de origem e outros depósitos feitos em países estrangeiros. Esse tempo varia de acordo com o tipo de propriedade industrial em questão: para marcas e desenhos industriais, o tempo de prioridade é de 6 meses, enquanto para patentes de invenção, esse tempo é de 12 meses. Mas como isso funciona na prática? Tomemos um exemplo fictício de um francês que tenha feito o depósito da sua invenção na França no dia 08/09/1898 e que quisesse fazer o depósito da mesma invenção no Brasil. Esse depositante teve até o dia 08/09/1899 para fazer o depósito Brasil sem ter perdido os seus direitos sobre a originalidade de sua invenção, mesmo que essa já tivesse sido exportada para Brasil. Ainda, se o depositante fez o seu depósito no Brasil dentro desse prazo, qualquer outro depósito relativo à sua invenção feito por terceiros não podia ser considerado válido. PROTEÇÃO TEMPORÁRIA PARA PRODUTOS EXPOSTOS EM MOSTRAS INTERNACIONAIS É um direito que não está plenamente difundido nos países signatários de CUP. Todavia, está previsto na Convenção que um inventor que tenha demonstrado o seu invento em uma mostra ou exibição internacional oficialmente reconhecida poderá utilizar essa data como uma nova data de prioridade, javascript:void(0) garantindo assim a novidade da sua invenção. O interessante desse mecanismo é que, mesmo que o depósito feito no país de origem seja considerado inválido por qualquer razão, a data da exibição internacional passa a dar a garantia de prioridade, impedindo que terceiros possam explorar indevidamente a invenção. INDEPENDÊNCIA DE PATENTES E MARCAS A independência de patentes e marcas nos diferentes países signatários da Convenção determina que cada país é livre para estabelecer suas regras internas, prazos de proteção e os limites da proteção concedida a uma determinada invenção. Para ilustrar melhor a questão, vamos imaginar que a França conceda 20 anos de proteção às suas patentes, enquanto a Guatemala concede apenas 10. Um francês que depositasse um pedido de patente na Guatemala só iria conseguir 10 anos de proteção. Por outro lado, um guatemalteco que depositasse um pedido de patente na França teria 20 anos de proteção. É importante destacar que a CUP não estabelecia prazos mínimos de proteção, então cada país seria livre para adotar as suas regras domésticas. Por ser uma convenção adotada no século XIX, a CUP já sofreu algumas modificações para se moldar à passagem do tempo e às modificações do cenário geopolítico e econômico mundial. Abaixo uma breve cronologia destas modificações: Primeira alteração em 1890 em Bruxelas, Bélgica. Em 1911, em Washington, EUA. Em 1925 em Haia, Holanda. Em 1934 em Londres, Inglaterra. Em 1958 em Lisboa, Portugal. E, pela última vez em 1967, em Estocolmo, Suécia. SAIBA MAIS Por ocasião da última revisão do tratado em Estocolmo, também foi criada a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) com a função de gerenciar os acordos na área de propriedade intelectual. A OMPI é um órgão internacional ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). OUTROS TRATADOS INTERNACIONAIS RELATIVOS À PROPRIEDADE INTELECTUAL Neste vídeo, o especialista aborda outros importantes tratados internacionais relativos à propriedade individual. DIMENSÕES DA PROPRIEDADE INTELECTUAL Como já vimos, a proteção da propriedade intelectual é temporariamente garantida ao inventor, e essa é uma de suas características dimensionais. Podemos elencar quatro dimensões da propriedade intelectual: a temporalidade, o escopo do direito, a territorialidade e a segurança jurídica. A temporalidade delimita o alcance da proteção à propriedade intelectual no tempo. Os direitos são garantidos com prazos estabelecidos em leis, de maneira que o proprietário explore economicamente com exclusividade os bens alcançados por esse direito. Qualquer proteção concedida a uma propriedade intelectual possui fim, ou seja, um dia aquela criação cairá em domínio público. DOMÍNIO PÚBLICO Significa que uma determinada obra não possui mais proteção exclusiva e pode ser utilizada por qualquer pessoa. javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com O escopo do direito, como o nome sugere, refere-se à delimitação por lei de quais aspectos serão protegidos, quais as condições para que sejam protegidos e qual o tipo de proteção à qual farão jus. Para entender os diferentes escopos de direitos, tomemos como exemplo um quadro e uma invenção: Pintor O direito do autor sobre o quadro não depende da solicitação de proteção e nem que a concretização do quadro seja ensinada. Basta um pintor criar um quadro que essa obra será automaticamente protegida por um direito de propriedade intelectual. Inventor Para que uma invenção seja protegida, primeiro o inventor deve solicitar essa proteção ao Estado e, além disso, ensinar como realizar a invenção. Essas e outras diferenças serão discutidas mais adiante em tópicos específicos. A territorialidade define os limites territoriais sobre os quais a proteção da propriedade intelectual se aplica. Nem todos os direitos de propriedade intelectual são universais, alguns apenas se aplicam ao território do país no qual se encontram. Obras artísticas, literárias e as demais obras protegidas por direitos de autor possuem reconhecimento internacional e são protegidas internacionalmente. Por essa razão, a cópia de livros e quadros, bem como a reprodução de músicas e filmes de artistas estrangeiros, dependem da autorização do autor ou daquele que detém os direitos de cópia ou reprodução. Foto: Shutterstock.com A compra e a venda de filmes e músicas piratas, por mais que sejam de origem estrangeira, configuram infração ao direito de propriedade intelectual e, no Brasil, configuram crime conforme estabelece a Lei 9.279/96.Diferentemente das obras protegidas por direito de autor, as obras protegidas por direitos de propriedade industrial (patentes, indicações geográficas, marcas etc.) possuem proteção limitada ao território no qual a proteção foi solicitada. EXEMPLO Determinado produto que foi inventado por uma empresa francesa, e que não foi protegido por patente no Brasil, pode ser produzido e vendido aqui livremente, mas não poderá ser exportado para a França, pois lá o inventor gozará de exclusividade. Por fim, a segurança jurídica é a garantia de que terceiros não irão explorar indevidamente a propriedade intelectual pertencente a outro titular. Além disso, a segurança jurídica garante reparação em casos de exploração indevida. É através da segurança jurídica que os titulares de propriedade intelectual conseguem exercer os seus direitos de exploração exclusiva e conseguem impedir a concorrência desleal por parte de terceiros. Imagem: Shutterstock.com Na prática, o titular de um livro ou uma invenção pode entrar na justiça para impedir que outros explorem economicamente as suas criações, e a justiça terá que garantir a descontinuidade da exploração indevida, além da indenização ou reparação dos danos causados ao proprietário. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O TRATAMENTO NACIONAL É UMA OBRIGAÇÃO COMUM TANTO À CUB QUANTO À CUP. SOBRE ESSE ASPECTO DE AMBAS AS CONVENÇÕES, É CORRETO AFIRMAR QUE: A) Garante proteção automática aos autores e inventores. B) Estabelece limite temporal para a proteção de propriedade intelectual nacional e estrangeira. C) Obriga um país signatário a dar a qualquer pessoa física ou jurídica estrangeira o mesmo tratamento que é dado a uma pessoa natural desse país. D) Estabelece que a propriedade intelectual passa a gozar de proteção automática a partir do momento de sua concepção. E) Garante preferência a autores e inventores nacionais sobre os estrangeiros. 2. A PROPRIEDADE INTELECTUAL TRAZ A NOÇÃO DE QUE O FRUTO DO INTELECTO DE ALGUÉM DEVE SER RECONHECIDO COMO SUA PROPRIEDADE, ASSIM COMO QUALQUER OUTRO PERTENCE QUE ALGUÉM POSSA TER. ASSIM, A PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL É UMA ESTRATÉGIA USADA POR MUITOS PAÍSES PARA RECONHECER E PROTEGER OS FRUTOS DO INTELECTO HUMANO. A IMPORTÂNCIA DESSE TIPO DE RECONHECIMENTO PARA UM PAÍS LEVA À SEGUINTE SITUAÇÃO: A) Promoção e estímulo a novas criações do intelecto humano, ajudando a elevar o conteúdo intelectual do país. B) Roubo e expropriação de propriedade intelectual de outros países. C) Redução do incentivo a novas invenções. D) Diminuição da competitividade da indústria nacional. E) Fuga de autores e inventores para países estrangeiros. GABARITO 1. O tratamento nacional é uma obrigação comum tanto à CUB quanto à CUP. Sobre esse aspecto de ambas as Convenções, é correto afirmar que: A alternativa "C " está correta. O tratamento nacional é uma das pedras angulares das Convenções sobre propriedade intelectual. Por tal dispositivo, os países signatários são obrigados a garantir condições iguais aos autores e inventores nacionais e estrangeiros, abolindo qualquer tipo de preferência ou facilitação discriminatória. 2. A propriedade intelectual traz a noção de que o fruto do intelecto de alguém deve ser reconhecido como sua propriedade, assim como qualquer outro pertence que alguém possa ter. Assim, a proteção à propriedade intelectual é uma estratégia usada por muitos países para reconhecer e proteger os frutos do intelecto humano. A importância desse tipo de reconhecimento para um país leva à seguinte situação: A alternativa "A " está correta. O reconhecimento da propriedade intelectual como direito de propriedade é uma ferramenta importante para o estímulo a novas criações humanas. Essas criações podem ser na área autoral, expandindo e valorizando a cultura local, bem como na área industrial, melhorando tecnologias e aumentando a competitividade da indústria de um país. MÓDULO 2 Classificar os direitos da propriedade intelectual DIFERENTES TIPOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL A propriedade intelectual é composta de ao menos dois ramos distintos: O ramo das criações do espírito humano, reconhecidas pelas manifestações literárias, artísticas e culturais e as obras baseadas em tecnologia (como os programas de computador). São exemplos de criações do espírito humano: LIVROS PINTURAS ESCULTURAS FILMES FOTOGRAFIA IMAGENS Há, ainda, o ramo das criações do intelecto humano, abrangendo as invenções, os sinais distintivos, as atividades de criação. CRIAÇÕES DO ESPÍRITO HUMANO As criações do espírito humano são protegidas por direitos autorais e nesse tipo de proteção se incluem: Direitos de autor são os direitos que todo criador de uma obra literária e artística tem sobre a sua criação. Esse direito personalíssimo, exclusivo do autor, constitui-se de um direito moral (criação) e um direito patrimonial (pecuniário). Além disso, a Convenção de Berna (1886), convenção internacional mais antiga que trata dos direitos de autor, estabelece que os termos “obras literárias e artísticas” abrangem todas as produções do domínio literário, científico e artístico, qualquer que seja o modo ou a forma de expressão, tais como: livros, brochuras e outros escritos; conferências, as locuções, os sermões e outras obras da mesma natureza; obras dramáticas ou dramático-musicais; obras coreográficas e as pantomimas; composições musicais, com ou sem palavras; obras cinematográficas e as expressas por processo análogo ao da cinematografia; obras de desenho, pintura, arquitetura, escultura, gravura e litografia; obras fotográficas e as expressas por um processo análogo; obras de arte aplicada; as ilustrações e os mapas geográficas; projetos, os esboços e as obras plásticas relativos à geografia, à topografia, à arquitetura ou às ciências. Imagem: Shutterstock.com Acerca da questão dos direitos do autor, nossa principal lei é a Lei nº 9.610, de fevereiro de 1998, a qual, entre outros aspectos, rege que: [...] SÃO PROTEGIDAS COMO OBRAS ORIGINAIS, SEM PREJUÍZO DOS DIREITOS DO AUTOR DA OBRA ORIGINAL, AS TRADUÇÕES, ADAPTAÇÕES, ARRANJOS MUSICAIS E OUTRAS TRANSFORMAÇÕES DE UMA OBRA LITERÁRIA OU ARTÍSTICA. [.....] AS COMPILAÇÕES DE OBRAS LITERÁRIAS OU ARTÍSTICAS, TAIS COMO ENCICLOPÉDIAS E ANTOLOGIAS, QUE, PELA ESCOLHA OU DISPOSIÇÃO DAS MATÉRIAS, CONSTITUEM CRIAÇÕES INTELECTUAIS, SÃO COMO TAIS PROTEGIDOS, SEM PREJUÍZO DOS DIREITOS DOS AUTORES SOBRE CADA UMA DAS OBRAS QUE FAZEM PARTE DESSAS COMPILAÇÕES. LEI Nº 9.610/1998. Direitos conexos são direitos que se comunicam com os direitos de autor, assemelhando-se a esse. São direitos que derivam da interpretação de obras autorais (livros, poemas, roteiros de novela etc.). Esse direito serve para proteger aquele que, após a concordância do autor, executa uma interpretação ou reprodução de sua obra. EXEMPLO Uma letra de música escrita pelo compositor A pode ser interpretada pelo cantor B e gravada pela gravadora C. Como você pode imaginar, o compositor A tem a sua letra protegida pelo direito de autor. Já o intérprete B e a gravadora C terão a música e a gravação protegidas por direitos conexos. De modo geral, os direitos conexos servem para proteger pessoas físicas (Intérpretes) e pessoas jurídicas (Gravadoras) que acrescentam criatividade e habilidade técnica a uma obra que foi conhecida pelo público. No Brasil, o tema de direitos de autor e direitos conexos é normatizado pela Lei nº 9.610 de 1998. É importante mencionar que essa lei foi baseada no texto da Convenção da União de Berna, a qual fora ratificado no país através do Decreto nº 75.699, de 1995. Algumas particularidades da lei brasileira de direitos autorais e conexos são destacadas a seguir: A O prazo de proteção previsto na lei é de 70 anos contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente à morte do autor, enquanto a CUB previa no mínimo 50 anos. Isso quer dizer que o autor de um livro publicado em 2020 e que tenha morrido no mesmo ano terá direitosautorais protegidos até 2091. Esse prazo vale tanto para os direitos de autor, quanto para os direitos conexos. B A lei faz distinção entre direitos morais e patrimoniais. Os direitos morais são inalienáveis, ou seja, não podem ser retirados do autor nem podem ser cedidos por ele. Já os direitos patrimoniais são passíveis de cessão. Isso quer dizer que um autor pode vender os direitos patrimoniais sobre o seu livro para uma editora, mas esta terá que nomear o autor do livro nas suas reproduções. Além disso, os direitos patrimoniais caducam após os 70 anos de proteção, enquanto os direitos morais são eternos. C Programas de computador (software) são protegidos por direitos de autor. No Brasil, o órgão responsável pelo registro de direitos autorais é a Biblioteca Nacional, enquanto o registro de programas de computador fica a cabo do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Imagem: Shutterstock.com CRIAÇÕES DO INTELECTO HUMANO As criações do intelecto humano são protegidas por direitos de propriedade industriais, assim chamados porque englobam criações que podem ser usados nos mais diferentes tipos de indústria e comércio. Uma invenção pode ser genericamente definida como uma solução a um problema técnico. Tais soluções ou invenções muitas vezes envolvem longos períodos de investimento de tempo e recursos por parte de inventores, o que, grosso modo, configura um risco financeiro ao inventor. Invenções são ferramentas importantes para elevar a qualidade de vida da humanidade, uma vez que elas são a mola propulsora de todos os avanços tecnológicos. Justamente por proporcionarem avanços tecnológicos, as invenções correspondem ao conjunto de ativos mais importantes de um país, capazes de promover intensas e rápidas modificações econômicas e sociais, uma vez que elevam a competitividade, movimentam o mercado econômico e ajudam um país a atrair mais investimentos. Imagem: Shutterstock.com Reprodução da bicicleta de Leonardo da Vinci, reconhecido por suas criações muito avançadas para seu tempo. Não obstante, os países mais desenvolvidos e ricos do mundo são os que incentivam a criação de novas invenções e, para isso, protegem com eficiência e seriedade os seus inventores contra a exploração não autorizada de suas invenções, o que é tecnicamente chamado de contrafação — popularmente conhecido como pirataria. Fechando o ciclo de promoção à inovação, toda vez que um país é bem-sucedido na proteção aos seus inventores através do combate eficiente à contrafação, ele está incentivando os inventores a apostarem na criação de novas invenções e a manterem tais invenções protegidas através dos sistemas de propriedade industrial do país. Sistemas de propriedade industrial são formados por um conjunto de leis e instituições públicas que atuam na promoção da inovação tecnológica por meio do estímulo a novas invenções e na proteção a essas invenções nos países. Na propriedade industrial, são encontradas as seguintes formas de proteção: patente de invenção, marca, desenho industrial e indicações geográficas. No Brasil, o órgão responsável por conceder a proteção relativa à propriedade industrial é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). PATENTE DE INVENÇÃO A forma de proteção aos inventores se dá através da concessão de patentes de invenção. Uma patente é uma proteção temporária (Geralmente, 20 anos.) (geralmente de 20 anos) concedida por um país a um inventor que divulgue a sua invenção. Essa proteção por patente garante que o país irá ajudar o inventor a combater qualquer exploração não autorizada da sua invenção. Uma exploração não autorizada é chamada de contrafação e é popularmente conhecida como pirataria. Além disso, as patentes de invenção configuram uma ferramenta de extrema importância para o país, pois: Obriga os inventores a compartilharem os detalhes e meios de realização de suas invenções. Promove o avanço tecnológico do país através da divulgação de tecnologias. ATENÇÃO A patente de invenção é uma forma de divulgação de conhecimento, assim como os artigos científicos, comunicações em congressos etc. Assim, qualquer pessoa pode ter acesso fácil a um documento de patente e, inclusive, utilizar o conhecimento presente nesse documento para realizar novas invenções. Patente é diferente de segredo industrial, justamente porque a patente é divulgada. O segredo industrial nada mais é do que a ocultação do conhecimento; e a sua não divulgação, possui vantagens e desvantagens. A vantagem óbvia é que, se ele não for descoberto, ninguém nunca saberá como reproduzir aquela invenção. Por outro lado, se a informação for divulgada, o inventor não terá a proteção do Estado. Vários produtos são protegidos por segredo industrial, o exemplo mais emblemático deles é um refrigerante de marca famosa. A legislação brasileira sobre patentes (Lei nº 9.279/1996) estabelece dois tipos de patentes: as patentes de invenção, conforme vimos anteriormente, e as patentes de modelo de utilidade. PATENTES DE INVENÇÃO Abrangem produtos e processos. MODELOS DE UTILIDADE javascript:void(0) javascript:void(0) Limitam-se apenas a produtos que configuram objetos palpáveis, manipuláveis, além de seus melhoramentos. VOCÊ SABIA No Brasil, a proteção a uma patente de invenção possui duração de 20 anos, enquanto uma patente de modelo de utilidade é protegida por 15 anos. Os critérios para a obtenção de uma patente são principalmente três: novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. NOVIDADE ATIVIDADE INVENTIVA APLICAÇÃO INDUSTRIAL NOVIDADE Por novidade entende-se que a matéria da patente não pode ser conhecida antes da sua solicitação. Isso implica buscar e consultar documentos existentes até a data de solicitação de um pedido de patente. Tais documentos configuram o estado da técnica que, em outras palavras, refere-se ao estado em que se encontrava o conhecimento técnico na área de um pedido de patente em particular. Se um pedido de patente contiver inovação suficiente para não se confundir com um documento em particular do estado da técnica, então esse pedido pode ser considerado novo. ATIVIDADE INVENTIVA Refere-se a incrementos não óbvios sobre o conhecimento já existente no estado da técnica. Tomemos como exemplo um pedido de patente na área de engenharia que proponha o uso de um parafuso sextavado ao invés de um parafuso de fenda para a fixação de uma peça em um motor. Tal incremento pode não estar explícito no estado da técnica, mas como seria uma substituição óbvia para alguém que trabalhe na área, não poderia ser considerado uma modificação inventiva. APLICAÇÃO INDUSTRIAL É o atributo mais simples que uma patente deve possuir. Ter aplicação industrial nada mais é do que ser passível de ser aplicado na indústria. Aqui, o termo indústria se refere a qualquer área de produção humana. MARCA A marca é um sinal distintivo que se presta a identificar e distinguir um determinado produto ou serviço de outros produtos ou serviços idênticos, semelhantes ou afins. As marcas existem desde a Antiguidade. Há cerca de 3.000 anos produtores indianos já usavam marcas distintivas em suas criações artísticas. Mais tarde, no Império Romano, existiam mais de 100 marcas distintas de cerâmicas, por exemplo. De acordo com a legislação brasileira (Lei 9.279/1996), as marcas são classificadas como marca de produto ou serviço, marca coletiva e marca de certificação. As marcas de produto ou serviço distinguem um produto ou serviço de outros iguais, semelhantes ou afins. Nessa categoria, estão a maior parte das marcas conhecidas pelo público em geral: Imagem: Shutterstock.com Um exemplo de marca de produto é o McDonald’s®. Imagem: rafapress/Shutterstock.com Os Correios são um exemplo de marca de serviço. Marcas coletivas são destinadas à identificação de produtos ou serviços oferecidos por membros de uma pessoa jurídica que represente uma coletividade (associações, cooperativas, sindicatos, consórcios, federações,confederações etc.). Diferentemente das marcas de produto e serviço, que identificam apenas uma empresa, a marca coletiva tem a função de identificar que um determinado produto ou serviço provém de uma coletividade representada por uma determinada entidade. Uma vez que as marcas coletivas abrangem diversos membros de uma coletividade, elas devem possuir um regulamento de utilização, no qual estarão dispostas as condições para que o seu uso possa ser feito pelos diversos membros daquela coletividade. Foto: Shutterstock.com. A Abracerva© é um exemplo de marca coletiva. As marcas de certificação servem para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas, padrões ou especificações técnicas. Geralmente, essas marcas servem para atestar a qualidade, a natureza, o material utilizado e a metodologia empregada na elaboração de certo produto ou na prestação de determinado serviço. De acordo com a legislação brasileira, a marca de certificação deve ser utilizada por terceiros, mas autorizados pelo titular da marca de certificação, como uma forma de garantir ao público que determinado produto ou serviço cumpra requisitos técnicos predeterminados. Apesar de as marcas de certificação auxiliarem o consumidor na identificação de produtos que cumprem certas normas, padrões e requisitos técnicos, elas não dispensam a necessidade de apresentação dos selos de inspeção sanitária ou qualquer outro regulamento ou norma específica para produto ou serviço conforme determinado pela legislação em vigor. São exemplos de marca de certificação: Imagem: Rainforest Alliance™ Rainforest Alliance Certified™, aplicado a produtos provenientes de fazendas e florestas sustentáveis. Imagem: eurecicloblog Eureciclo, aplicado a empresas que praticam compensação ambiental aplicada à logística reversa de embalagens. Além da classificação em tipos, as marcas também são classificadas quanto à sua forma de apresentação. Nesse quesito, as marcas podem ser nominativas, figurativas, mistas e tridimensionais. As marcas nominativas recebem esse nome por explorarem apenas palavras, podendo ser formais ou neologismos, além de combinação de letras, algarismos (arábicos ou romanos). São exemplos de marcas nominativas: Imagem: fyv6561/Shutterstock.com Google® Imagem: 360b/Shutterstock.com Sony© As marcas figurativas usam desenhos, imagens, símbolos ou qualquer forma fantasiosa de letra ou algarismo isoladamente. Também podem apresentar letras ou palavras acompanhadas de desenhos, imagem, figura etc., incluindo aqui o uso de letras oriundas de alfabetos distintos da língua vernácula, como o árabe, o hebraico, o cirílico etc. Abaixo, apresentamos três exemplos de marcas figurativas: Imagem: Shutterstock.com Volkswagen® Imagem: rvlsoft/Shutterstock.com Twitter™ Imagem: Jessydevilly/Wikimedia commons/CC BY-SA 4.0 Carrefour™ A marca mista ou composta, como o nome já indica, refere-se a um tipo de marca que mescla tanto características nominativas quanto figurativas. Ou seja, as marcas mistas protegem tanto as palavras quanto os desenhos associados. Seguem dois exemplos de marcas mistas: Imagem: 360b/Shutterstock.com Nestlé® Imagem: makesushi1/Shutterstock.com Nespresso© Por último, as marcas tridimensionais usam um formato de objeto — de forma plástica — como sinal distintivo capaz de diferenciar os produtos ou os serviços. São exemplos de marcas tridimensionais: Imagem: Shutterstock.com Garrafa da Coca-Cola™. Imagem: Eric Sy/Shutterstock.com Embalagem do Yakult© Quanto à sua vigência, a duração das marcas registradas no Brasil é de 10 anos contados da data de concessão do registro, renovável por períodos iguais e sucessivos (artigo 133 da Lei nº 9.279/1996). Isso significa que o detentor de uma marca só deixará de ter direitos sobre ela quando parar de renovar o seu registro, não havendo prazo para a sua extinção ou caducidade. SAIBA MAIS Quanto à sua vigência, a duração das marcas registradas no Brasil é de 10 anos contados da data de concessão do registro, renovável por períodos iguais e sucessivos (artigo 133 da Lei nº 9.279/1996). Isso significa que o detentor de uma marca só deixará de ter direitos sobre ela quando parar de renovar o seu registro, não havendo prazo para a sua extinção ou caducidade. DESENHO INDUSTRIAL De acordo com a legislação brasileira (artigo 95 da Lei nº 9.279/1996), considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa, e que possa servir como tipo de fabricação industrial. Desenho industrial é o desenho básico que serve para a concepção de um objeto ou as modificações de cores e traços que possam servir para atualizar ou diversificar o desenho de um objeto. Por exemplo, o desenho básico de um carro pode ser protegido como desenho industrial, bem como as atualizações de cores e traços aplicados sobre esse carro nas suas diferentes versões. Quanto às formas de apresentação, os desenhos industriais podem ser bidimensionais e tridimensionais. DESENHO INDUSTRIAL BIDIMENSIONAL Aplica-se a formas planas e, portanto, delimitadas apenas pelas dimensões altura e largura. Aplica-se ao conjunto ornamental de cores e linhas que podem ser aplicados à superfície de um objeto, seja como estampa, padrão de superfície ou representação gráfica em geral. A imagem abaixo mostra exemplos de desenhos industriais bidimensionais extraídos de pedidos ativos no INPI. Como se pode observar, qualquer desenho pode servir como desenho industrial bidimensional. Imagem: INPI Exemplos de desenhos industriais bidimensionais. DESENHO INDUSTRIAL TRIDIMENSIONAL Refere-se à forma plástica do objeto delimitado em três dimensões: altura, largura e profundidade. Como exemplos, podemos citar móveis, calçados, veículos, embalagens, entre outros. Na Figura a seguir, os exemplos extraídos de pedidos ativos no INPI deixam claro que o desenho industrial tridimensional serve como guia para a fabricação do objeto, uma vez que os seus contornos estão bem delineados e estabelecidos. Imagem: INPI Exemplos de desenhos industriais tridimensionais. Quanto à validade, um registro de desenho industrial vigorará pelo prazo de 10 anos contados da data de depósito, prorrogável por três períodos sucessivos de cinco anos cada (artigo 108 da Lei nº 9.279/1996). Dessa forma, o prazo máximo de proteção a um desenho industrial no Brasil é de 25 anos contados da data de depósito. INDICAÇÃO GEOGRÁFICA O registro de indicação geográfica é o reconhecimento sobre a origem geográfica de um determinado produto e serviço. Ele identifica produtos que mantêm relação intrínseca com as características do seu local de origem, fato que lhes confere identidade própria e lhes atribui valor e reputação, além de distinguir determinado produto e serviço de outros similares disponíveis no mercado. EXEMPLO Um queijo feito em determinada região do país e que possua características específicas que somente são alcançáveis porque o produto sofre influência das características ambientais do local onde é produzido, é um produto passível de proteção por indicação geográfica. É o caso do queijo canastra, feito na Serra da Canastra, no estado de Minas Gerais. O produto reconhecido por uma indicação geográfica ganha um selo que deve ser posicionado na embalagem que o acompanha, de modo a garantir a sua distinção. As indicações geográficas se dividem em duas categorias: a indicação de procedência e a denominação de origem. A indicação de procedência é garantida a produtos conhecidos por serem extraídos, produzidos ou fabricados em determinada localidade (artigo 177 da Lei nº 9.279/1996). Assim, a indicação de procedência pode ser o nome do país, da cidade, da região ou de um território geográfico. Em outras palavras, a indicação de procedência se aplica a produtos ou serviços que são conhecidospor serem oriundos de determinado lugar, isto é, por terem uma procedência. São exemplos de indicações de procedência: Imagens: datasebrae/CC BY-ND 3.0 Cachaça de Paraty , no RJ. Imagens: datasebrae/CC BY-ND 3.0 As panelas de barro de Goiabeiras, no ES. Imagens: datasebrae/CC BY-ND 3.0 Artesanato de capim dourado do Jalapão, TO. A denominação de origem, por sua vez, é aplicada a um produto ou serviço cujas qualidades ou características se devem exclusivamente ou essencialmente ao meio geográfico, incluíndo fatores naturais e humanos (artigo 178 da Lei nº 9.279/1996). Da mesma forma que a indicação de procedência, a indicação de origem também recebe o nome geográfico do local onde o produto é produzido ou o serviço é prestado. Contudo, nesse caso, o produto ou serviço precisa depender do meio geográfico para que possa adquirir características que o distingua dos demais. São exemplos de denominação de origem: Imagem: datasebrae/CC BY-ND 3.0 Mel de abelhas de Ortigueira, no Paraná. Imagem: datasebrae/CC BY-ND 3.0 Arroz do litoral norte gaúcho. Quanto à validade, as indicações geográficas são indeterminadas, não caducam. PROTEÇÕES SUI GENERIS Sui generis é uma expressão derivada do latim e significa “único no seu gênero”. Essa expressão é utilizada para designar alguns tipos de propriedade intelectual cujas proteções não se adequam aos atuais sistemas de direitos autorais ou de propriedade industrial vigentes. Nesse grupo, estão a topografia de circuitos integrados, os cultivares vegetais e os conhecimentos tradicionais. TOPOGRAFIA DE CIRCUITO INTEGRADO Topografia de circuito integrado refere-se a uma série de imagens relacionadas, construídas ou codificadas, sob qualquer meio ou forma, que represente a configuração tridimensional das camadas que compõem um circuito integrado e na qual cada imagem represente, no todo ou em parte, a disposição geométrica ou os arranjos da superfície do circuito integrado em qualquer estágio de sua concepção ou manufatura (artigo 26, inciso II, da Lei nº 11.484/2007). Imagem: Shutterstock.com Exemplo de circuito integrado. Em termos mais simples, a topografia de circuito integrado é o desenho de um circuito composto por várias unidades eletrônicas dispostas em um meio físico qualquer, como por exemplo microprocessadores e placas eletrônicas. A proteção dada a esse tipo de direito é válida por 10 anos contados da data do depósito (artigo 35 da Lei nº 11.484/2007), e o órgão responsável pelo registro de topografia de circuito integrado é o INPI. CULTIVARES VEGETAIS Cultivar vegetal, de acordo com a definição legal, é a variedade de qualquer gênero ou espécie vegetal superior que seja claramente distinguível de outras cultivares conhecidas por margem mínima de descritores, por sua denominação própria, que seja homogênea e estável quanto aos descritores através de gerações sucessivas e seja de espécie passível de uso pelo complexo agroflorestal, descrita em publicação especializada disponível e acessível ao público, bem como a linhagem componente de híbridos (artigo 3º, inciso IV, da Lei nº 9.456/1997). Em outras palavras, uma nova planta que tenha sido desenvolvida por cruzamento, seleção ou transgenia, e que possua características estáveis através das diferentes gerações, é uma nova cultivar. Outras características importantes que uma cultivar deve possuir são: DISTINGUIBILIDADE Passível de se provar distinta das demais. HOMOGENEIDADE Homogênea quanto às suas características em cada ciclo reprodutivo. ESTABILIDADE Estável quanto à repetição das mesmas características ao longo de gerações sucessivas. Exemplos de cultivares são a abóbora brasileirinha e a uva morena, ambas desenvolvidas pela Embrapa. O órgão responsável pelo registro de cultivares é o Ministério do Abastecimento Pecuária e Agricultura (MAPA). Abaixo, dois exemplos de cultivares vegetais: Imagem: CARVALHO, Henrique Martins Gianvecchio/Embrapa javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Abobrinha brasileira. Imagem: COMACHIO, Valtair/Embrapa Uva BRS Morena. CONHECIMENTOS TRADICIONAIS De acordo com a Organização Mundial da Propriedade Industrial (OMPI), conhecimentos tradicionais são um conjunto dinâmico de conhecimentos desenvolvidos, sustentados e transmitidos de geração em geração em uma comunidade, muitas vezes fazendo parte de sua identidade cultural ou espiritual. Por tal definição, vê-se que o conhecimento tradicional se refere a valores e conhecimentos que são particulares de determinadas populações. A proteção aos conhecimentos tradicionais é uma forma de reconhecer, valorizar e proteger tais conhecimentos, dando aos seus detentores a palavra final sobre o seu uso por terceiros. Além disso, a proteção aos conhecimentos tradicionais oferece a oportunidade de remunerar os seus detentores, o que contribui para o sustento e a manutenção da cultura viva. Internacionalmente, os conhecimentos tradicionais foram reconhecidos pela Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), a qual foi estabelecida durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento — Eco92, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992. No seu Artigo 8 (j), a CDB reconhece a importância do respeito, da preservação e da manutenção do conhecimento, das inovações e práticas das comunidades locais e populações indígenas. O Brasil ratificou a CDB em 1998, através do Decreto Federal nº 2.519. Atualmente, a legislação em vigor sobre o tema é a Lei nº 13.123/2015. Entre as determinações mais importantes dessa lei, destacam-se: I Regulamenta o acesso ao conhecimento tradicional por terceiros, exigindo um consentimento prévio informado por parte dos detentores do conhecimento a ser acessado. Isto é, o conhecimento só pode ser acessado e utilizado se os seus detentores autorizarem previamente. II Reparte os benefícios auferidos pela pessoa que utiliza um conhecimento tradicional em uma atividade industrial ou comercial com o detentor do conhecimento tradicional. III Determina o valor mínimo da repartição de benefícios como 1% da receita líquida anual obtida com a exploração econômica de produto que faz uso de conhecimento tradicional. IV Cria um órgão colegiado — o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen) — para regulamentar e fiscalizar o cumprimento da lei, além de centralizar as informações sobre o acesso aos conhecimentos tradicionais. V Estabelece sanções e multas para os casos de não cumprimento dos requisitos legais. COMO UTILIZAR A PROPRIEDADE INDUSTRIAL PARA PROTEGER AS SUAS CRIAÇÕES Neste vídeo, indicamos a você como reconhecer a possibilidade de usos de propriedade industrial no seu cotidiano e para proteger as suas criações. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. IMAGINE QUE VOCÊ CRIOU UMA TIRINHA DE QUADRINHOS COM PERSONAGENS PRÓPRIOS. QUE TIPO DE DIREITO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL GARANTE PROTEÇÃO À SUA CRIAÇÃO E POR QUANTO TEMPO ESSA PROTEÇÃO DURARÁ? A) Marca, garantindo proteção por 10 anos, renovável por períodos iguais e sucessivos. B) Direitos conexos, garantindo proteção imediata com prazo de expiração após 70 anos contados da morte do autor. C) Conhecimento tradicional, direito garantido indefinidamente. D) Direito de autor, garantindo proteção imediata com prazo de expiração após 70 anos contados da morte do autor. E) Desenho industrial, garantindo proteção por 10 anos, renovável por até três períodos de 5 anos. 2. IMAGINE QUE UMA PESSOA RESOLVA CRIAR CABRAS EM UMA REGIÃO MONTANHOSA ONDE EXISTA A OCORRÊNCIA DE CAVERNAS. ESSA PESSOA RESOLVEU FAZER QUEIJO COM O LEITE DESSAS CABRAS E DECIDIU UTILIZAR UMA DESSAS CAVERNAS PARA EFETUAR A MATURAÇÃO DOS QUEIJOS, PERCEBENDO, AO FINAL DO PROCESSO, QUE OS SEUS QUEIJOS POSSUÍAM ASPECTO DIFERENTE DAQUELES EXISTENTES NO MERCADO. SE ESSA PESSOA BUSCAR UM TIPO DE PROTEÇÃO PARA OS SEUS QUEIJOS, QUAL SERIA A MAIS INDICADA E POR QUÊ? A) Patente de invenção, pois o processo de maturação é novo por ocorrer em caverna. B) Conhecimentotradicional, pois o novo processo de maturação foi descoberto pelo criador de cabras utilizando os meios naturais. C) Marca, pois seria possível diferenciar o seu produto dos demais de forma a demonstrar as influências do meio sobre o seu produto. D) Indicação de procedência, pois deixaria claro para os consumidores que os seus produtos provêm de determinada região reconhecida por fabricar queijos de qualidade. E) Designação de origem, pois faria o cliente perceber que as características presentes naquele queijo dependem do meio geográfico onde ele foi produzido. GABARITO 1. Imagine que você criou uma tirinha de quadrinhos com personagens próprios. Que tipo de direito de propriedade intelectual garante proteção à sua criação e por quanto tempo essa proteção durará? A alternativa "D " está correta. A criação de uma obra literária, como uma tirinha de quadrinhos, é protegida por direito de autor. Esse direito garante reconhecimento imediato ao autor e a proteção da obra a partir da sua concepção. Pela legislação brasileira, a proteção aos direitos começa imediatamente e expira após 70 anos contados da morte do autor. 2. Imagine que uma pessoa resolva criar cabras em uma região montanhosa onde exista a ocorrência de cavernas. Essa pessoa resolveu fazer queijo com o leite dessas cabras e decidiu utilizar uma dessas cavernas para efetuar a maturação dos queijos, percebendo, ao final do processo, que os seus queijos possuíam aspecto diferente daqueles existentes no mercado. Se essa pessoa buscar um tipo de proteção para os seus queijos, qual seria a mais indicada e por quê? A alternativa "E " está correta. Apesar de o produtor poder utilizar uma marca para diferenciar os seus produtos dos demais, a única ferramenta que indicaria ao consumidor que tais características apenas são alcançadas em função do local de produção do queijo é a designação de origem. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste conteúdo, foram apresentadas as principais características da propriedade industrial e a sua importância para a humanidade. Acompanhamos a história da propriedade intelectual, desde o seu embrião em sociedades ancestrais até o estabelecimento de conceitos e acordos mundiais. Aprendemos que a propriedade intelectual possui dois ramos principais: os direitos de autor e direitos conexos e a propriedade industrial. Vimos as diferenças existentes entre os diversos tipos de direitos de propriedade intelectual e suas aplicações. Aprendemos também que nem todas as invenções humanas podem ser adequadamente protegidas por propriedade industrial, por isso é necessária a existência de sistemas sui generis de proteção. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BARBOSA, P. M. S. Marcas coletivas e marcas de certificação: marcas de uso coletivo. In : Pimentel, L. O. & Silva, A. L. (Orgs.). Curso de propriedade intelectual & inovação no agronegócio: módulo II, indicação geográfica. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 3. ed. Florianópolis, MAPA, Florianópolis: FUNJAB, 2013. Cap. 8, p. 269-292. CONVENÇÃO DE BERNA. CONVENÇÃO DE PARIS. BRASIL. Lei 9610, de 19 de fevereiro de 1998. Consultado na internet em: 03 mai. 2021. CANALLI, W. M.; SILVA, R. P. Uma breve história das patentes: analogias entre ciência/tecnologia e trabalho intelectual/trabalho operacional. In : Scientiarum história lV, 2011, Rio de Janeiro. Congresso Scientiarum historia lV. Rio de Janeiro: UFRJ, 2011. v. único. p. 742-748. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL (OMPI). Conhecimentos tradicionais e propriedade intelectual. 1.ed., 2016. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL (OMPI). Principios básicos de la propiedad industrial. 2.ed., 2016. PRAVALER. Código de Hamurabi: o que é e seu significado. Consultado na internet em: 7 abr. 2021. SILVA, J. E.; SILVA, M.V.V. A propriedade intelectual como uma evolução histórica do instituto da propriedade imaterial. Publica Direito. EXPLORE+ Assista às aulas sobre propriedade intelectual presentes no site Trilhante. É um ótimo recurso para quem deseja se aprofundar mais no tema. O site ainda dispõe de conteúdos de grande interesse para a área. Assista ao vídeo O veneno da jararaca : acesso ao patrimônio genético brasileiro, para ter uma visão mais crítica sobre a importância dos conhecimentos tradicionais e sua intercessão com os demais temas de propriedade intelectual. Leia o livro Uma introdução à propriedade intelectual , do jurista Denis Borges Barbosa, para se aprofundar nesse universo. Consulte três manuais do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI): Manual de indicações geográficas, Manual de marcas e Manual de desenho industrial. Estão todos disponíveis eletronicamente. CONTEUDISTA Marcus Lívio Varella Coelho CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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