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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO TOCANTINS(CONCURSOS E VESTIBULARES) HISTÓRIA DO TOCANTINS PROFESSOR: ALESSANDRO GORGULHO 1) DESBRAVAMENTO E POVOAMENTO DA REGIÃO A partir das Grandes Navegações, iniciadas no século XV, começa a constituição de impérios coloniais na América. Os portugueses, pioneiros no processo das navegações, acabaram por garantir para seus domínios parte das novas terras descobertas através da assinatura, em 1494, do Tratado de Tordesilhas, onde dividiu com a Espanha não apenas as terras americanas, mas todo o mundo a ser ainda descoberto. O tipo de colonização aqui implantado atendia aos interesses mercantilistas da época, ou seja, cabia à colônia ser fornecedora de riquezas para sua metrópole através da exploração dos recursos naturais coloniais, tais como madeiras, especiarias, ouro e pedras preciosas, além de ser uma área de comércio restrito (Pacto Colonial). Além da exploração econômica, cabe ressaltar a questão da catequese. A exploração se dava em nome do lucro e de Deus. Foram os franceses quem descobriram o rio Tocantins ao encontrarem sua foz, explorando-o entre os anos de 1610 e 1613. Caminho natural em direção ao interior do Brasil, o rio Tocantins nasce no Planalto Central e corta a região no sentido Sul-Norte. A catequese dos nativos foi deixada a cargo do padre capuchinho frances Yves d'Evreus. Na área hoje compreendida pelos estados do Maranhão, Pará, Tocantins e Amazonas e com a ajuda dos índios Tupinambás tiveram a pretensão de colonizar a Amazônia: foi a chamada França Equinocial . Nessa época não havia nem a vila de Belém, nem as capitanias do Maranhão e Pará. Eles subiram o Rio Tocantins pela foz, foram aprendendo a língua e os hábitos dos indígenas da região e fundaram feitorias no Baixo e Médio Tocantins e Alto Araguaia. Só mais de quinze anos depois dos franceses foi que os portugueses iniciaram a colonização da região pela "decidida ação dos jesuítas". Eram as chamadas descidas , movimentos de penetração do interior realizados pelos jesuítas e incluídos, por alguns autores, no contexto do movimento bandeirante . E ainda no século XVII os padres da Companhia de Jesus fundaram as aldeias missionárias da Palma (atual Paranã) e do Duro (atual Dianópolis). Impossibilitado de penetrar no território pela vigência do Tratado de Tordesilhas, Portugal contratou secretamente expedições particulares, as Bandeiras . Os bandeirantes eram mercenários que, saindo da Capitania de São Paulo, iam em busca de riquezas, seja na forma de índios para a escravização, seja na forma de ouro ou no pagamento por serviços prestados. A primeira bandeira que se dirigiu para a região estava sob o comando de Antônio Macedo e Domingos Luís Grau; ela partiu de São Paulo em 1590 e após três anos, provavelmente, chegou aos sertões de Goiás, no leste do Tocantins. Foi o bandeirante vicentino (saído da vila de São Vicente) Antônio Rodrigues Arzão o primeiro a encontrar ouro em quantidade em Minas Gerais , no atual município de Cataguases, em 1693; mais tarde, em 1718, encontrou-se ouro em Cuiabá , de forma que Goiás, geograficamente situado entre a s duas capitanias, passou a ser considerado uma área que t ambém guardava o precioso metal em seu subsolo . Partindo dessa idéia o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva , chamado de Anhanguera (“diabo que põe fogo na água”]) conseguiu licença do rei de Portugal para explorar a região. Daí vem o povoamento da região de Goiás. Anhanguera não foi o primeiro a chegar à região, mas sim seu primeiro povoador, já que os bandeirantes e jesuítas não se fixaram na região. Anhanguera não foi o primeiro bandeirante a colocar “fogo na água”. Acredita-se que tal ardil era comum entre os bandeirantes, e que o primeiro a fazer isso foi Francisco Pires Ribeiro. A bandeira comandada por Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho do primeiro Anhanguera) saiu de São Paulo em 3 de julho de 1722, seguindo a rota que já era conhecida até o Rio Grande. As dificuldades climáticas e vegetacionais do cerrado fizeram muitos dos bandeirantes morrerem de fome, além de obrigar os sobreviventes a comerem macacos, cachorros e até alguns dos próprios cavalos. Após várias mortes, seja por causa da fome, doenças ou ataques de índios hostis, finalmenteAnhanguera encontrou ouro nas cabeceiras do rio Vermelho, na região da atual cida de de Goiás . Estavam descobertas as Minas dos Goyazes . Com a descoberta de ouro, a região logo tornou-se foco de grandes deslocamentos populacionais. Bartolomeu Bueno da Silva foi declarado Superintendente das Minas de Goiás, ligada a São Paulo na forma de uma Intendência. A capital era a Vila de Sant’Ana, mais tarde chamada de Vila Boa e, depois, Cidade de Goyás. Vila Boa tinha uma densidade irregular e instável Cabia ao Intendente manter a ordem legal e instaurar a os tributos. No seculo XVII toda a região que é o atual Estado do Tocantins era hábitada por índios. Apenas três zonas povoaram-se com certa regularidad e, sendo elas: Centro-sul , que era composta por Sta. Cruz, Sta. Luzia (Luziânia), Meia Ponte (Pirenópolis), Jaraguá, Vila Boa e Arraias, Pirenópolis chegou a disputar a categoria de Sede do Governo, dada sua importância como centro de comunicações; A segunda zona era na região de Tocantins , composta por Alto do Tocantins ou Maranhão, Traíras, Água Quente, São José (Niquelândia), Santa Rita, Muquém, etc. Enfim mais ao norte a capitania atingia uma extensa zona entre o Tocantin s e os chapadões limitando-se com a Bahia . Arraias, São Félix, Cavalcante, Natividade, São José do Duro (Dianópolis), e Porto Real (Porto Nacional) o arraial mais setentrional. 1730 e 1740 foram décadas importantes ocorrendo as descobertas de ouro no lado norte de Goiás, formando os primeiros arraiais no território do hoje estado do Tocantins (Natividade e Almas - 1734, Arraias e Chapada - 1736, Porto Real e Pontal - 1738). Em 1740, Conceição, Carmo, Taboca e, mais tarde, Príncipe, este último em 1770. Alguns como: Príncipe, Taboca e Pontal foram extintos. Outros resistiram ao fim da mineração e no século XIX tornaram-se vilas e mais tarde cidades. Norte de Goiás O Norte de Goiás foi visto de três formas distintas ao longo de sua evolução histórica. Esta região (norte de Goiás) deu origem ao atual Estado do Tocantins. Segundo a historiadora Parente (1999), esta região foi interpretada sob três versões. Inicialmente, norte de Goiás foi denominativo atrib uído somente à localização geográfica dentro da região d as Minas dos Goyazes na época dos descobrimentos auríferos no século XVIII . Com referência ao aspecto geográfico, essa denominação perdurou por mais de dois séculos, até a divisão do Estado de Goiás, quando a região norte passa a ser o Estado do Tocantins. Num segundo momento, com a descoberta de grandes mi nas na região, o norte de Goiás passou a ser conhecido como uma das áreas que mais produziam ouro na capitania . Esta constatação despertou o temor ao contrabando que acabou fomentando um arrocho fiscal maior que nas outras áreas mineradoras. Por último, o norte de Goiás passou a ser visto, ap ós a queda da mineração, como sinônimo de atraso econômico e involução social, gerador de um quadro de pobreza para a maior parte da população . Essa região foi palco primeiramente de uma fase épica vivida pelos seus exploradores, “que em quinze anos abriam caminhos e estradas, vasculharam rios e montanhas, desviam correntes, desmatam regiões inteiras, rechaçaram os índios, exploram, habitam e povoam uma área imensa....” (PALACIM, Luis,1979, p.30) Descoberto o ouro, a região passa, de acordo com a política mercantilista do século XVIII, a ser incorporada ao Brasil. O período aurífero foi brilhante, mas breve. E a decadência, quase sem transição, sujeitou a região a um estado de abandono.Foi na economia de subsistência que a população encontrou mecanismos de resistência para se integrar economicamente ao mercado nacional. Essa integração, embora lenta, foi se concretizando baseada na produção agropecuária, que predomina até hoje e constitui a base econômica do Estado do Tocantins (PARENTE, Temis Gomes, 1999, p.96) 2) Economia do ouro Em julho de 1722 a bandeira do Anhanguera (filho) saiu de São Paulo. Em 1725 volta com a notícia da descoberta de córregos auríferos. A partir desse momento, Goiás entra na história como asMinas dos Goyazes . Dentro da divisão do trabalho no império português, este é o título de existência e de identidade de Goiás durante quase um século. Um grande contingente populacional deslocou-se para “a região do Araés, como a princípio se chamou essa parte do Brasil, que diziam possuir montanhas de ouro, lagos encantados e os martírios de Nosso Senhor de Jesus Cristo gravados nas pedras das montanhas. Era um novo Eldorado de histórias romanescas e contos fabulosos” (ALENCASTRE, José Martins Pereira, 1979, p. 45). Diante dessas expectativas reinou, nos primeiros tempos, a anarquia, pois era a mineração “alvo de todos os desejos. O proprietário, o industrialista, o aventureiro, todos convergiam seus esforços e seus capitais para a mineração” (ALENCASTRE, José Martins Pereira, 1979, p. 18). Inicialmente, as minas de Goiás eram jurisdicionadas à capitania de São Paulo na condição de intendência, com a capital em Vila Boa e sob a administração de Bueno, a quem foi atribuído o cargo de superintendente das minas com o objetivo de “representar e manter a ordem legal e instaurar o arcabouço tributário”. (PALACIM, Luís, 1979, p. 33) 3) Formação dos arraiais “Há ouro e água”. Isto basta. Depois da fundação solene do primeiro arraial de Goiás, o arraial de Sant'Anna, esse foi o critério para o surgimento dos demais arraiais. Para as margens dos rios ou riachos auríferos deslocaram-se populações da metrópole e de todas as partes da colônia, formando à proporção em que se descobria ouro, um novo arraial “(...) que podia progredir ou ser abandonado, dependendo da quantidade de riquezas existentes”. (PARENTE, Temis Gomes, 1999, p.58) Nas décadas de 1730 e 1740 ocorreram as descobertas auríferas no norte de Goiás e, por causa delas, a formação dos primeiros arraiais no território onde hoje se situa o Estado do Tocantins. Natividade e Almas (1734), Arraias e Chapada (1736), Pontal e Porto Real (1738). Nos anos 40 surgiram Conceição, Carmo e Taboca, e mais tarde Príncipe (1770). Alguns foram extintos, como Pontal, Taboca e Príncipe. Os outros resistiram à decadência da mineração e no século XIX se transformaram em vilas e posteriormente em cidades. O grande fluxo de pessoas de todas as partes e de todos os tipos permitiu que a composição social da população dos arraiais de ouro se tornasse bastante heterogênea. Trabalhar, enriquecer e regressar ao lugar de origem eram os objetivos dos que se dirigiam para as minas. Em sua maioria eram homens brancos, solteiros ou desacompanhados da família, que contribuíram para a mistura de raças com índias e negras escravas. No final do século XVIII, os mestiços já eram grande parte da população que posteriormente foram absorvidos no comércio e no serviço militar. A população branca era composta de mineiros e de pessoas pobres que não tinham nenhuma ocupação e eram tratados, nos documentos oficiais, como vadios. Ser mineiro significava ser dono de lavras e escravos. Era o ideal de todos os habitantes das minas, um título de honra e praticamente acessível a quase todos os brancos. O escravo podia ser comprado a crédito, sua posse dava o direito de requerer uma data - um lote no terreno de mineração - e o ouro era de fácil exploração, do tipo aluvional, acumulado no fundo e nas margens dos rios. Todos, uns com mais e outros com menos ações, participavam da bolsa do ouro. Grandes comerciantes e contratadores que residiam em Lisboa ou Rio de Janeiro mantinham aqui seus administradores. Escravos, mulatos e forros também praticavam a faiscagem - procura de faíscas de ouro em terras já anteriormente lavradas. Alguns, pela própria legislação, tinham muito mais vantagens. O negro teve uma importância fundamental nas regiõe s mineiras . Além de ser a mão-de-obra básica em todas as atividades, da extração do ouro ao carregamento nos portos, era também uma mercadoria de grande valor. Primeiro, a quantidade de negros cativos foi condição determinante para se conseguir concessões de lavras e, portanto, para um branco se tornar mineiro. Depois, com a instituição da capitação (imposto cobrado em ouro sobre cada escravo empregado na lavra) no lugar do quinto, o escravo tornou-se referência de valor para o pagamento do imposto. Neste, era a quantidade de escravos matriculados que determinava o quanto o mineiro iria pagar em ouro para a Coroa. Mas a situação do negro era desoladora. Os maus tratos e a dureza do trabalho nas minas resultavam em constantes fugas. 4) O controle das minas Desde quando ficou conhecida a riqueza aurífera das Minas de Goyazes, o governo português tomou uma série de medidas para garantir para si o maior proveito da exploração das lavras. Foi proibida a abertura de novas estradas em direção às minas. Os rios foram trancados à navegação. As indústrias proibidas ou limitadas. A lavoura e a cr iação inviabilizadas por pesados tributos: braços não podiam ser desviados da mineração. O comércio f oi fiscalizado. E o fisco, insaciável na arrecadação . “Só havia uma indústria livre: a mineração, mas esta mesma sujeita à capitação e censo, à venalidade dos empregados de registros e contagens, à falsificação na própria casa de fundição, ao quinto (...), ao confisco por qualquer ligeira desconfiança de contrabando” (ALENCASTRE, José Martins Pereira, 1979, p. 18). À época do descobrimento das Minas dos Goyazes vigorava o método de quintamento nas casas de fundição. A das minas de Goiás era em São Paulo. Era para lá que deveriam se dirigir os mineiros para quintar seu ouro. Recebiam de volta, depois de descontado o quinto, o ouro fundido e selado com selo real. O ouro em pó podia ser usado como moeda no território das minas, mas se saísse da capitania, tinha que ser declarado ao passar pelo registro e depois quintado, o que praticamente ficava como obrigação dos comerciantes. Estes, vendendo todas as coisas a crédito, prazo e preços altíssimos acabavam ficando com o ouro dos mineiros e eram os que, na realidade, canalizavam o ouro das minas para o exterior e deviam, por conseguinte, pagar o quinto correspondente. O método da casa de fundição para a cobrança do quinto seria ideal se não fosse um problema que tomava de sobressalto o governo português: o contrabando do ouro, que oferecia alta rentabilidade. O grande contrabando era dos comerciantes que controlavam o comércio desde os portos, praticado (...) “por meio da conivência dos guardas dos registros, ou de subornos de soldados, que custodiavam o comboio dos quintos reais”. Contra si o governo tinha as dilatadas fronteiras, o escasso policiamento, o costume inveterado e a inflexibilidade das leis econômicas. (PALACIM, 1979, p. 49). A seu favor tinha o poder político, jurídico e econômico sobre toda a colônia. Assim, decreta como primeira medida, em se tratando das minas, o isolamento destas. A partir de 1730 foram proibidas todas as outras vias de acesso a Goiás ficando um único caminho, o iniciado pelas bandeiras paulistas que ligavam as minas com as regiões do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso, ficava interditado o acesso pelas picadas vindas do Nordeste - Bahia e Piauí. Foi proibidaa navegação fluvial pelo Tocantins, afastando a região de outras capitanias - Grão-Pará e Maranhão. À proporção que crescia a importância das minas surgiram atritos com os governadores das capitanias do Maranhão e Pará, “quando do descobrimento das minas de Natividade e São Félix e dos boatos de suas grandes riquezas (...). Os governadores tomaram para si a incumbência de nomear autoridades para os ditos arraiais e outras minas que pudessem surgir, a fim de tomarem posse e cobrarem os quintos de ouro ali existentes” (PARENTE , 1999, p. 59). O resultado foi o afastamento dessa interferência seguido da proibição, através de bandos, da entrada das populações das capitanias limítrofes na região e a saída dos que estavam dentro sem autorização judicial. 5) Decadência da produção A produção do ouro goiano teve o seu apogeu nos pri meiros dez anos de estabelecimento das minas, entre 1726 e 1735 . Foi nesse período que o ouro de aluvião aflorava por toda a região, resultando numa produtividade absurda. Quando se iniciou a cobrança do imposto de capitação em todas as regiões mineiras, a produção começou a cair, possivelmente mascarada pelo incremento do contrabando na região, impossível de se medir. De 1752 a 1778, a arrecadação chegou a um nível mais alto por ser o período da volta da cobrança do quinto nas casas de fundição. Mas a produtividade continuou decrescendo. O motivo dessa contradição era a própria extensão das áreas mineiras, que compensavam e excediam a redução de produtividade. A distância das minas do norte, os custos para levar o ouro e o risco de ataques indígenas aos mineiros justificaram a criação de uma casa de fundição em São Félix em 1754. Mas, já em 1797, foi transferida para Cavalcante, “por não arrecadar o suficiente para cobrir as despesas de sua manutenção” (PARENTE, 1999, p. 51). A Coroa Portuguesa mandou investigar as razões da diminuição da arrecadação da Casa de Fundição de São Félix. Foram tomadas algumas providências como a instalação de um registro entre Santa Maria (Taguatinga) e Vila do Duro (Dianópolis). Outra tentativa para reverter o quadro da arrecadação foi organizar bandeiras para tentar novos descobrimentos. Tem-se notícia do itinerário de apenas duas. Uma dirigiu-se rumo ao Pontal (região de Porto Real), pela margem esquerda do Tocantins e entrou em conflito com os Xerente, resultando na morte de seu comandante. A outra saiu de Traíras (nas proximidades de Niquelândia (GO)) para as margens do rio Araguaia em busca dos Martírios, serra onde se acreditava existir imensas riquezas auríferas. Mas a expedição só chegou até a ilha do Bananal onde sofreu ataques dos Xavante e Javaé, dali retornando. No período de 1779 a 1822, ocorreu a queda brusca da arrecadação do quinto com o fim das descobertas do ouro de aluvião, predominando a faiscagem nas minas antigas. Quase sem transição, chegou a súbita decadência. 6) A crise econômica O declínio da mineração foi irreversível e arrastou “consigo os outros setores a uma ruína parcial: diminuição da importação e do comércio externo, menor arrecadação de impostos, diminuição da mão-de- obra pelo estancamento na importação de escravos, estreitamento do comércio interno, com tendência à formação de zonas de economia fechada e um consumo dirigido à pura subsistência, esvaziamento dos centros de população, ruralização, empobrecimento e isolamento cultural” (PALACIN, 1979, p. 133). Toda a capitania entrou em crise e nada foi feito para a sua revitalização. Endividados com os comerciantes, os mineiros estavam descapitalizados. O desejo pelo lucro fácil, tanto das autoridades administrativas metropolitanas quanto dos mineiros e comerciantes, não admitiu perseveranças. O local onde não se encontrava mais ouro era abandonado. Os arraiais de ouro, que surgiam e desapareciam no Tocantins, contribuíram apenas para o expansionismo geográfico. Cada vez se adentrava mais o interior em busca do ouro de aluvião, cada vez mais escasso.. No norte da capitania a crise foi mais profunda. Isolada tanto propositadamente quanto geograficamente, essa região sempre sofreu medidas que frearam o seu desenvolvimento. A proibição da navegação fluvial pelos rios Tocantins e Araguaia eliminou a maneira mais fácil e econômica de a região atingir outros mercados consumidores das capitanias do norte da colônia. O caminho aberto que ligava Cuiabá a Goiás não contribuiu em quase nada para interligar o comércio da região com outros centros abastecedores, visto que o mercado interno estava voltado ao litoral nordestino. Esse isolamento, junto com o fato de não se incentivar a produção agro-pecuária nas regiões mineiras, tornava abusivo o preço de gêneros de consumo e favorecia a especulação. A carência de transportes, a falta de estradas e o risco freqüente de ataques indígenas dificultavam o comércio. Além destas dificuldades, o contrabando e a cobrança de pesados tributos contribuíram para drenagem do ouro para fora da região. Dos impostos, somente o quinto era remetido para Lisboa. Todos os outros (entradas, dízimos, contagens etc.) eram destinados à manutenção da colônia e da própria capitania. Inviabilizadas as alternativas de desenvolvimento econômico devido à falta de acumulação de capital e ao atrofiamento do mercado interno após o fim do ciclo da mineração, a população se volta para a economia de subsistência. Nas últimas décadas do século XVIII e início do séc ulo XIX, toda a capitania estava mergulhada numa situação de crise, o que levou os g overnantes goianos a voltarem suas atenções para as atividades econômicas que antes sofreram pr oibições, objetivando soerguer a região da crise em que mergulhara. 7) Subsistência da população e a integração econômi ca Na segunda década do século XIX , com o fim da mineração, os aglomerados urbanos estacionaram ou desapareceram e grande parte da população abandonou a região. Os que permaneceram foram para zona rural e dedicaram-se à criação de gado e agricultura, produzindo apenas algum excedente para aquisição de gêneros essenciais (PALACIN, 1989, p. 46). Toda a capitania entrou num processo de estagnação econômica. No norte, o quadro de abandono, despovoamento, pobreza e miséria foi descrito por muitos viajantes e autoridades que passaram pela região nas primeiras décadas do século XIX. Saint-Hilaire , na divisa norte/sul da capitania, revelou: "à exceção de uma casinha que me pareceu abandonada, não encontrei durante todo o dia nenhuma propriedade, nenhum viajante, não vi o menor trato de terra cultivada, nem mesmo um único boi". Johann Emanuel Pohl , anos depois, passando pelo povoado de Santa Rita constatou: "é um lugar muito pequeno, em visível decadência (...). Por não haver negros, por falta de braços, as lavras de ouro estão inteiramente descuradas e abandonadas". O desembargador Theotônio Segurado , que mais tarde se tornaria ouvidor da Comarca do Norte, em relatório de 1806, deu conta das penúrias em que vivia a região em função tanto do abandono como da falta de meios para contrapor esse quadro: "A capitania nada exportava; o seu comércio externo era absolutamente passivo: os gêneros da Europa, vindos em bestas do Rio ou Bahia pelo espaço de 300 léguas, chegavam caríssimos; os negociantes vendiam tudo fiado: daí a falta de pagamentos, daí as execuções, daí a total ruína da Capitania". Diante dessa situação, a Coroa Portuguesa tomou consciência de que só através do povoamento, da agricultura, da pecuária e do comércio com outras regiões que a capitania poderia retomar o fluxo comercial de antes. Como saída para a crise voltaram-se as atenções para as possibilidades de ligação comercial como litoral, através da capitania do Pará, pela navegação dos rios Tocantins e Araguaia (CAVALCANTE, 1999, p.39). As picadas, os caminhos e a navegação pelos rios Tocantins e Araguaia, todos interditados na época da mineração para conter o contrabando, foram liberados desde 1782. Como efeito imediato o norte começou a se relacionar com o Pará, ainda que de forma precária e inexpressiva. Nas primeiras décadas do século XIX, o desembargador Theotônio Segurado já apontava a navegação dos rios Tocantins e Araguaia como uma alternativa para o desenvolvimento da região através do estímulo à produção para um comércio mais vantajoso tanto no norte como em toda a Capitania, diferente do tradicionalmente realizado com a Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Com esse fim propôs a formação de companhias de comércio, o estímulo à agricultura, o povoamento das margens desses rios oferecendo isenção por dez anos do pagamento de dízimos aos que ali se estabelecessem, e, aos comerciantes, concessão de privilégios na exportação para o Pará (CAVALCANTE, 1999). Com estas propostas chamou a atenção das autoridades governamentais para a importância do comércio de Goiás com o Pará, através dos rios Araguaia e Tocantins. Foi ele próprio realizador de viagens para o Pará incentivando a navegação do Tocantins. Destacou-se como um grande defensor dos interesses da região quando foi ouvidor da Comarca do norte. A criação dessa comarca visava promover o povoamento no extremo norte para fomentar o comércio e a navegação dos rios Araguaia e Tocantins. 8) Criação da Comarca do Norte - 1809 Para facilitar a administração, a aplicação da justiça e, principalmente, incentivar o povoamento e o desenvolvimento da navegação dos rios Tocantins e Araguaia, o Alvará de 18 de março de 1809 dividiu a Capitania de Goiás em duas comarcas (regiões): a Co marca do Sul e a Comarca do Norte . Esta recebeu o nome de Comarca de São João das Duas Barras, assim como chamaria a vila que, na confluência do Araguaia no Tocantins se mandaria criar com este mesmo nome para ser sua sede. Para nela servir foi nomeado o desembargador Joaquim Theotônio Segurado como seu ouvidor. A nova comarca compreendia os julgados de Porto Real, Natividade, Conceição, Arraias, São Félix, Cavalcante, Traíras e Flores. O arraial do Carmo, que já tinha sido cabeça de julgado, perde essa condição, que foi transferida para Porto Real, ponto que começava a prosperar com a navegação do Tocantins. Enquanto não se fundava a vila de São João das Duas Barras, Natividade seria a sede da ouvidoria. A função primeira de Theotônio Segurado era designar o local onde deveria ser fundada essa vila. Alegando a distância e a descentralização em relação aos julgados mais povoados, o ouvidor e o povo do norte solicitaram a D. João autorização para a construção da sede da comarca em outro local. No lugar escolhido por Segurado, o alvará de 25 de janeiro de 1814 autorizava a construção da sede na confluência dos rios Palma e Paranã, a vila de Palma, hoje a cidade de Paranã . A vila de São João das Duas Barras recebeu o título de vila, mas nunca chegou a ser construída . Theotônio Segurado, administrador da Comarca do Norte, muito trabalhou para o desenvolvimento da navegação do Tocantins e o incremento do comércio com o Pará. Assumiu posição de liderança como grande defensor dos interesses regionais e, tão logo se mostrou oportuno, não hesitou em reivindicar legalmente a autonomia político-administrativa da região. O 18 de março foi, oficialmente, considerado o Dia da Autonomia pela lei 960 de 17 de março de 1998, por ser a data da criação da Comarca do No rte, estabelecida como marco inicial da luta pela emancipação do Estado . 9) Movimento Separatista do Norte de Goiás - 1821 a 1824 A Revolução do Porto no ano de 1820, em Portugal, exigindo a recolonização do Brasil, mobilizou na colônia, especificamente no litoral, a elite intelectualizada em prol da emancipação do país. Em Goiás, essas idéias liberais refletiram na tentativa de derrubar a própria personificação da dominação portuguesa: o capitão-general Manoel Sampaio. Houve uma primeira investida nesse sentido em 1821, sob a liderança do capitão Felipe Antônio Cardoso e do Padre Luiz Bartolomeu Marques . Coube ao primeiro mobilizar os quartéis e ao segundo conclamar o povo e lideranças para a preparação de um golpe que iria depor Sampaio. Contudo, houve uma denúncia sobre o golpe e, em seguida, foi ordenada a prisão dos principais líderes rebeldes. O Padre Marques conseguiu fugir e novamente articulou contra o capitão-general. Sampaio impôs sua autoridade e os rebeldes foram expulsos da capital Vila Boa. Alguns vieram para o norte, como o capitão Cardoso, que teve ordem para se retirar para o distrito de Arraias, e o Padre José Cardoso de Mendonça, enviado para a aldeia de Formiga e Duro. Mas os acontecimentos que ocorreram na capital não ficaram isolados. A idéia da nomeação de um governo provisório, depois de fracassada na capital, foi aclamada no norte onde já havia anseios separatistas. O desejo do padre Luiz Bartolomeu Marques não era outro senão a independência do Brasil. E a deposição de Sampaio seria apenas o primeiro passo. Para este fim contavam com o vigário de Cavalcante, Francisco Joaquim Coelho de Matos, que cedeu a direção das coisas ao desembargador Joaquim Theotônio Segurado. No dia 14 de setembro, um mês após a frustrada tentativa de deposição de Sampaio, instalou-se o governo independencista do norte, com capital provisória em Cavalcante. O ouvidor da Comarca do Norte, Theotônio Segurado, presidiu e estabeleceu essa junta provisória até janeiro de 1822. No dia seguinte, o governo provisório da Comarca da Palma fez circular uma proclamação em que declarou-se separado do governo.( ALENCASTRE, 1979). As justificativas para a separação do norte em relação ao centro-sul de Goiás eram, para Segurado, de natureza econômica, política, administrativa e geográfica. A instalação de um governo independente - não necessariamente em relação à Coroa Portuguesa, mas sim ao governo do capitão-general da Comarca do Sul - parecia ser o único objetivo de Theotônio Segurado. A sua posição não-independencista provocou a insatisfação de alguns dos seus correligionários políticos e a retirada de apoio à causa separatista. Em outubro de 1821, transfere a capital para Arraias provocando oposição e animosidade dos representantes de Cavalcante. Com o seu afastamento em janeiro de 1822, quando partiu para Lisboa como deputado representante de Goiás na Corte, agravou a crise interna. “A partir dessa data uma série de atritos parecem denunciar que a junta havia ficado acéfala. Na ausência de Segurado, nenhuma liderança capaz de impor-se com a autoridade representativa da maioria dos arraiais conseguiu se firmar. Pelo contrário, os interesses particulares dos líderes de Cavalcante, Palmas, Arraias e Natividade se sobrepuseram à causa separatista regional” (CAVALCANTE, 1999, p.64). 10) Trajetória de luta pela criação do Tocantins No final do século XIX e no decorrer do século XX, a idéia de se criar o Tocantins, estado ou território, esteve inserida no contexto das discussões apresentadas em torno da redivisão territorial do país, no plano nacional. Mas, a concretização desta idéia só veio com a Constituição de 1988 que criou o Estado do Tocantins pelo desmembramento do estado de Goiás. Ainda no Império, duas tentativas: a defesa de Visconde de Taunay, na condição de deputado pela Província de Goiás, propondo a separação do norte goiano para a criação da Província da Boa Vista do Tocantins, com a vila capital em Boa Vista (Tocantinópolis), em 1863; e, de modo mais concreto, em 1889, como projeto de Fausto de Souza para a redivisão do Império em 40 províncias, constando a do Tocantins na região que compreendia o norte goiano. Nas primeiras décadas da República o discurso separatista sobreviveu na imprensa regional, principalmente de Porto Nacional - maior centro econômico e político da época - em periódicos como "Folha do Norte" e "Norte de Goiás". A partir da década de 1930 que o discurso retorna à esfera nacional. Após a criação pela Constituição de 1937 dos territórios do Amapá, Rio Branco, Guaporé - atual Rondônia - Itaguaçu e Ponta Porã (extintos pela Constituição de 1946), houve também quem defendesse a criação do território do Tocantins. 11) A criação do Estado do Tocantins - 1988 O ano era 1987. As lideranças souberam aproveitar o momento oportuno para mobilizar a população em torno de um projeto de existência quase secular e pelo qual lutaram muitas gerações: a autonomia política do norte goiano, já batizado Tocantins. A Conorte apresentou à Assembléia Constituinte uma emenda popular com cerca de 80 mil assinaturas como reforço à proposta de criação do Estado. Foi criada a União Tocantinense, organização supra-partidária com o objetivo de conscientização política em toda a região norte para lutar pelo Tocantins também através de emenda popular. Com objetivo similar, nasceu o Comitê Pró-Criação do Estado do Tocantins, que conquistou importantes adesões para a causa separatista. "O povo nortense quer o Estado do Tocantins. E o povo é o juiz supremo. Não há como contestá-lo", reconhecia o governador de Goiás na época, Henrique Santilo (SILVA, 1999, p. 237) Em junho, o deputado Siqueira Campos, relator da Subcomissão dos Estados da Assembléia Nacional Constituinte, redige e entrega ao presidente da Assembléia, o deputado Ulisses Guimarães, a fusão de emendas criando o Estado do Tocantins que foi votada e aprovada no mesmo dia. Pelo artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição, em 05 de outubro de 1988, nascia o Estado do Tocantins. A eleição dos primeiros representantes tocantinenses foi realizada em 15 de novembro de 1988, pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás, junto com as eleições dos prefeitos municipais. Além do governador e seu vice, foram escolhidos os senadores e deputados federais e estaduais. A cidade de Miracema do Norte, localizada na região central do novo Estado, foi escolhida como capital provisória. No dia 1º de janeiro de 1989 foi instalado o Estado do Tocantins e empossados o governador, José Wilson Siqueira Campos; seu vice, Darci Martins Coelho; os senadores Moisés Abrão Neto, Carlos Patrocínio e Antônio Luiz Maya; juntamente com oito deputados federais e 24 deputados estaduais. Ato contínuo, o governador assinou decretos criando as Secretarias de Estado e viabilizando o funcionamento dos poderes Legislativo e Judiciário e dos Tribunais de Justiça e de Contas. Foram nomeados o primeiro secretariado e os primeiros desembargadores. Também foi assinado decreto mudando o nome das cidades do novo Estado que tinham a identificação "do Norte" e passaram para "do Tocantins". Foram alterados, por exemplo, os nomes de Miracema do Norte, Paraíso do Norte e Aurora do Norte para Miracema do Tocantins, Paraíso do Tocantins e Aurora do Tocantins. No dia 5 de outubro de 1989, foi promulgada a primeira Constituição do Estado, feita nos moldes da Constituição Federal. Foram criados mais 44 municípios além dos 79 já existentes. Atualmente, o Estado possui 139 municípios. Foi construída, no centro geográfico do Estado, numa área de 1.024 Km2 desmembrada do município de Porto Nacional, a cidade de Palmas, para ser a sede do governo estadual. Em 1º de janeiro de 1990, foi instalada a capital. Bibliografia • BARROS, Otávio. Breve História do Tocantins, 1º edição, FIETO, Araguaína, 1996 • BARROS, Otávio. Tocantins, Conhecendo e Fazendo História, 1º edição, SECOM, Palmas, 1998. • PALACIN, Luís, MORAES, Maria Augusta Sant’anna. História de Goiás (1722-1972) 5º ed. Goiânia: Ed. Da UCG, 1989. • O Século do Ouro em Goiás. 3º ed. Goiânia: Oriente, Brasília: INL, 1979. • CAVALCANTE, Maria do Espírito Santo Rosa. Tocantins: O Movimento Separatista do Norte de Goiás, 1821-1988 - São Paulo: A Garibaldi, Editora da UCG, 1999. • SILVA, Francisco Ayres da. Caminhos de Ouhãra - 2° ED. Porto Nacional: Prefeitura Municipal, 1999. • PARENTE, Temis Gomes- Fundamentos Históricos do Estado do Tocantins Goiânia: ED. da UFG, 1999. • ALENCASTRE, José Martins Pereira de. Anais da Província de Goiás. Goiânia: SUDECO/Governo de Goiás, 1979. PROVAS DOS VESTIBULARESDA UFT 2006 QUESTÃO 13 Durante, aproximadamente, quatro séculos, no alvorecer da Era Cristã, o Império Romano dominou a maior parte da bacia do Mediterrâneo, governando povos e sociedades os mais diversos. No final do século V, a hegemonia romana chegou ao fim e as estruturas de dominação erigidas por esse Império foram destruídas. Entretanto, comprovando sua solidez, parte do legado romano persistiu durante séculos e ainda se faz presente em sociedades contemporâneas. Considerando-se essas informações, é INCORRETO afirmar que A) as instituições, idéias, crenças e valores da sociedade romana se desenvolveram sob forte influência da cultura grega, principalmente no campo da filosofia, da arte e da religião. B) a vigorosa economia do Império, que abarcava todo o mundo conhecido então, tinha como pilares centrais o trabalho assalariado e a pequena propriedade fundiária. C) o Estado romano perseguiu os cristãos nos primeiros anos, mas, no período de decadência do Império, o Cristianismo se tornou a religião predileta da elite política romana. D) os romanos procuraram impor sua cultura nas regiões sob controle do Império, porém, devido a razões pragmáticas, toleraram alguns costumes dos povos dominados. QUESTÃO 14 A longa crise da economia e da sociedade européias durante os séculos XIV e XV marcou as dificuldades e os limites do modo de produção feudal no último período da Idade Média. Qual foi o resultado político final das convulsões continentais dessa época? No curso do século XVI, o Estado absolutista emergiu no Ocidente. (ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 16). Considerando-se as informações desse trecho, é INCORRETO afirmar que A) as fronteiras dos Estados absolutistas foram definidas a partir de critérios de nacionalidade refletidos na composição dos exércitos monárquicos, que só incorporavam membros da respectiva nação. B) o contexto do Absolutismo favoreceu um notável desenvolvimento da burocracia estatal e data desse período o estabelecimento de corpos diplomáticos regulares. C) os Estados absolutistas baseavam sua ação econômica nas idéias mercantilistas, que defendiam o estímulo às exportações de mercadorias. D) os monarcas não possuíam poder ilimitado, já que se esperava deles respeito a alguns costumes e tradições, além, sobretudo, da observância dos mandamentos religiosos. QUESTÃO 15 Considerando-se a Inconfidência Mineira (1789), é CORRETO afirmar que esse movimento: A) foi liderado, principalmente, por representantes da elite social e econômica da região das Minas. B) foi reprimido com rigor pelas autoridades coloniais, que executaram todos os líderes do movimento. C) propunha a abolição imediata da escravatura, simultaneamente ao processo de independência. D) tinha por objetivo principal a diversificação da atividade econômica, visando a atender aos anseios de uma classe média emergente. QUESTÃO 16 No decorrer do século XIX, ocorreu um fenômeno social e político da maior importância: a afirmação da classe trabalhadora como grupo social organizado em defesa de seus interesses, lutando contra o patronato e o Estado. Considerando-se esse contexto,é CORRETO afirmar que A) a Igreja, para não perder sua hegemonia, organizou, na primeira metade do século XIX, sindicatos de trabalhadores fundados na doutrina social católica. B) diferentes projetos político-ideológicos surgiram para tentar conduzir os trabalhadores na luta pela conquista do poder, a exemplo do owenismo e do positivismo. C) o Cartismo, uma das iniciativas políticas da classe trabalhadora de maior repercussão no período, tinha como meta principal o estabelecimento de uma Associação Internacional Operária. D) os sindicatos e os partidos operários, instituições criadas nesse período, tiveram papel central nas ações políticas dos trabalhadores no século XX. QUESTÃO 17 Considerando-se as mudanças ocorridas no Brasil após a Revolução de 1930, é CORRETO afirmar que o novo regime deu origem a uma nova realidade A) econômica , marcada pela expansão da indústria de bens de consumo financiada por investimentos estrangeiros. B) política , com o paulatino estabelecimento de um aparato estatal cada vez mais intervencionista e centralizador. C) política e econômica , com a instituição de eleições diretas para Presidente da República, que abriram caminho para a afirmação da política do café-com-leite.. D) social , marcada por fortes movimentos grevistas em todo o País e pela ascensão, pela primeira vez, da classe operária ao poder. QUESTÃO 18 É forçoso reconhecer que o fim dos impérios coloniais dos séculos XIX e XX não resultou de uma decisão metropolitana ou do desejo de abdicação do poder, e sim da capacidade de revolta que é inerente ao oprimido. Daí, a impropriedade do termo .descolonização., que reflete a visão eurocêntrica da História. A liberalização do sistema colonial, sobretudo na década 1950-1960, resultou muito mais de uma necessidade ou de uma imposição, do que propriamente de uma escolha unilateral por parte do poder metropolitano mais ou menos democrático, mais ou menos esclarecido ou mais ou menos bondoso. (LINHARES, Maria Yedda. A luta contra a Metrópole (Ásia e África). São Paulo: Brasiliense, 1986, p.109. (Coleção Tudo é História). A partir da leitura desse trecho, é CORRETO afirmar que A) a criação da Liga das Nações, em 1945, deu origem a novos parâmetros nas relações internacionais, uma vez que ela reconhecia a legitimidade dos movimentos de descolonização. B) a emancipação dos povos colonizados foi impulsionada pela emergência dos EUA e da URSS como superpotências, após a II Guerra Mundial, processo paralelo ao enfraquecimento das metrópoles coloniais. C) o retrocesso no desenvolvimento da ciência e da técnica no período entre as duas Guerras Mundiais provocou um grande abalo na ideologia da superioridade branca. D) os movimentos de libertação na Ásia e na África, na sua maioria, assumiram um caráter de transição política pacífica, tendo-se em vista que eles se apropriaram das ideologias dos colonizadores 2007 QUESTÃO 17 O feudalismo, formação social cujas origens remontam à crise do Império Romano e que teve um longo processo de gestação e consolidação, viveu sua fase de apogeu entre os séculos XI e XIII. É INCORRETO afirmar que essa fase de apogeu se caracterizou A) pela criação de forças militares numerosas, controladas pelos monarcas. B) por uma intensa ruralização, aliada à fragmentação do poder central. C) por uma intrincada rede de relações de dependência pessoal. D) por uma sociedade de ordens, com estratos sociais rigidamente definidos. QUESTÃO 18 No início da Era Moderna, o processo de crise que gerou a chamada Reforma envolveu não apenas fé mas também disputas políticas. Considerando-se esse contexto, é CORRETO afirmar que A) a Igreja Católica reagiu à Reforma convocando o Concílio de Trento, cujas medidas visaram a impedir o crescimento do protestantismo. B) as religiões protestantes não aceitavam inovações nos ritos sagrados – entre outras, a realização de missas em outras línguas que não o latim. C) Martinho Lutero, em seus ataques ao Papado, discordava principalmente do processo violento de catequese dos aborígines americanos. D) uma das iniciativas do Vaticano para aplacar as críticas dos protestantes consistiu em tornar mais branda a ação do Tribunal do Santo Ofício. QUESTÃO 19 Considerando-se as conseqüências da descoberta de metais preciosos no interior do Brasil, no período colonial, é INCORRETO afirmar que: A) a Derrama consistia na cobrança dos impostos atrasados quando não eram preenchidas as cotas anuais, estabelecidas pelas autoridades portuguesas. B) a escassez de alimentos, nos primeiros anos de ocupação da região mineira, se deveu ao rápido crescimento populacional. C) a mineração determinou uma ocupação do território marcadamente rural, o que impediu a formação de cidades importantes. D) o excesso de rigor fiscal da Coroa portuguesa, no decorrer do século XVIII, provocou várias revoltas – como as de 1720 e 1789. QUESTÃO 20 A Guerra da Cisplatina (1825-1828) marcou a política externa brasileira no momento inicial do Período Imperial. Considerando-se esse conflito, é INCORRETO afirmar que a Cisplatina: A) correspondia ao território da Banda Oriental, atual Uruguai, e havia sido incorporada ao Império português anteriormente à independência do Brasil. B) era alvo do interesse de portugueses, brasileiros e argentinos, em razão de seu importante papel comercial e estratégico na região platina. C) se tornou, ao final da Guerra, parte integrante da Confederação das Províncias Unidas do Rio da Prata, juntamente com a Argentina. D) tinha a pecuária como principal atividade econômica, além de manter importante atividade mercantil na cidade portuária de Montevidéu. QUESTÃO 21 Entre as primeiras décadas do século XIX e meados do século XX, entraram no Brasil cerca de cinco milhões de imigrantes europeus e asiáticos. Considerando-se essa informação, é CORRETO afirmar que, nesse período, os imigrantes: A) foram, com freqüência, segregados em bairros ou pequenas cidades, o que obstaculizou seu processo de integração à sociedade brasileira. B) foram impedidos de se dedicar ao comércio e à indústria, em razão do controle dessas atividades pelos empresários nacionais. C) participaram ativamente das mais diversas atividades produtivas, num período de crescimento da inserção do Brasil na economia mundial. D) se espalharam pelo território brasileiro de maneira relativamente uniforme, contribuindo para a ocupação das áreas menos povoadas do País. QUESTÃO 22 O nacional-socialismo, ou nazismo, fundamentou-se em uma doutrina cuidadosamente veiculada pelo regime dirigido por Adolf Hitler, utilizando-se de técnicas sofisticadas de propaganda política. Considerando-se os fundamentos ideológicos do nacional-socialismo, é INCORRETO afirmar que esse regime defendia: A) a desigualdade entre as raças, a pureza dos arianos e o anti-semitismo. B) a preponderância dos interesses coletivos e nacionais sobre os direitos individuais. C) o nacionalismo, o expansionismo e a unidade do povo alemão. D) o respeito à ordem legal republicana herdada da década de 1920. QUESTÃO 23 “Em 1o de outubro de 1949, de um palanque colocado em cima do Portão da Paz Celestial – outrora a entrada principal para o palácio imperial dos Ming e dos Qing –, Mao Zedong anunciou formalmente a fundação da República Popular da China.” (SPENCE, Jonathan. Em busca da China moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 487). Considerando-se o processo revolucionário chinês, é CORRETO afirmar que A) a vitória dos comunistas na guerra civil chinesa foi favorecida pela Guerra da Coréia, que imobilizou recursos e tropas norte-americanas. B) o programa de governo de Mao se baseava em versões revisionistas do socialismo, que abriram caminho à entrada do capital internacional. C) os comunistas chineses chegaram ao poder graças à adoção rigorosa da estratégia revolucionária usada pelos bolcheviques na Rússia, em 1917. D) os nacionalistas, após a derrota na guerra civil, seguirampara a ilha de Taiwan, onde criaram um Estado autônomo e rival da China comunista. QUESTÃO 24 Entre 1964 e 1984, o Brasil viveu sob um regime militar, que implantou políticas baseadas em dois eixos, interdependentes e complementares: repressão e modernização. Considerando-se esse período da história brasileira, é INCORRETO afirmar que A) a principal lei de exceção da ditadura foi o AI-5, editado em 1968, após a eclosão de uma onda de protestos políticos. B) o aparato repressivo, montado pelo regime militar para anular a oposição, teve como pilares centrais o SNI e o sistema DOI-CODI. C) os militares, após um momento inicial de ajuste recessivo da economia, lançaram o País numa fase eufórica de crescimento acelerado. D) os militares, embora tenham derrubado o Governo Goulart e implantado novas diretrizes, mantiveram a política externa independente 2008 QUESTÃO 17 A organização dos Estados Nacionais, entre os séculos XV e XVIII, foi desencadeada por diversos acontecimentos importantes, que fizeram parte do contexto histórico europeu na transição do sistema feudal para uma sociedade de ordem burguesa. Com base nessa informação é INCORRETO afirmar que: (A) a organização dos Estados Nacionais na Europa se deu de forma homogênea e com o apoio dos camponeses. (B) a organização dos Estados Nacionais na Europa não se deu de forma homogênea. (C) os Estados Nacionais foram consolidados com o objetivo de proporcionar a estabilidade política e administrativa necessárias ao desenvolvimento das idéias burguesas de expansão e crescimento comercial. (D) a centralização do poder nas mãos do monarca foi essencial à concretização dos ideais da burguesia. QUESTÃO 18 Considerando-se a “retomada do discurso autonomista do Tocantins por lideranças que encaminharam os projetos e as possibilidades de definir o estatuto jurídico/político do Norte de Goiás, a partir da década de 1980” (CAVALCANTE, Maria do Espírito Santo. O Discurso autonomista do Tocantins. Goiânia: Ed. da UCG, 2003, p. 109 - 112). É INCORRETO afirmar que: (A) foi a política adotada pelo Governo Federal para a liberação de grandes investimentos aos pequenos produtores rurais do norte de Goiás. (B) foi motivada pela criação do Estado de Mato Grosso do Sul, em 1977. (C) foi a instalação do Projeto Carajás, do Governo Federal, com área de influência até o Paralelo 8 da Amazônia goiana. (D) foi a criação da CONORTE, que tinha como objetivo a conscientização da população norte goiana sobre suas necessidades e potencial político-econômico. QUESTÃO 19 “Afirmou-se com freqüência que o mercador medieval foi importunado em sua atividade profissional e rebaixado em seu meio social devido à atitude da Igreja a seu respeito. Condenado por ela no próprio exercício de sua profissão, teria sido uma espécie de pária da sociedade medieval dominada pela influência cristã” (LE GOFF, Jacques. Mercadores e Banqueiros da Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 71). Considerando-se as informações desse texto, é CORRETO afirmar que uma das ações condenadas pela Igreja era: (A) o celibato (B) a usura (C) a ordem mendicante (D) a investidura QUESTÃO 20 “No início da década de 1620, foi criado o Estado do Maranhão, separado do Estado do Brasil, com jurisdição sobre o atual Maranhão, mas abrangendo todo o vale amazônico” (WEHLING, Arno.Formação do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994, p. 135). Vários motivos determinaram essa decisão do governo metropolitano EXCETO: (A) a facilidade de navegação entre a Europa e o litoral norte e, a quase impossibilidade de fazê-lo, com as condições técnicas da época a partir da Bahia. (B) a continuada presença de holandeses e ingleses, que chegaram a construir fortes em pontos ribeirinhos do rio Amazonas. (C) a facilidade de transporte marítimo das minas de Potosí ligando as jazidas auríferas de Minas Gerais. (D) a esperança de encontrar uma saída fluvial para as minas de prata de Potosí. QUESTÃO 21 No ano de 1840, coroava-se D. Pedro II, imperador do Brasil. Tinha início o II Reinado, assentado no sistema parlamentarista, na economia agroexportadora e na mão de obra escrava. Todavia, o parlamentarismo – forma de governo que se caracteriza pela independência dos poderes, com ligeira superioridade do poder legislativo, exercido pelo Parlamento – apresentava algumas distorções no caso brasileiro: I. O Poder Legislativo, responsável pela elaboração de leis, compunha-se do Senado e da Câmara dos Deputados, que se reuniam na Assembléia Geral. Como pré-requisito, o candidato precisava ser brasileiro nato, católico, e possuir renda mínima de quatrocentos mil réis por ano. Para o senado exigia-se a renda de oitocentos mil réis. II. Pela Constituição do país, em 1824, cabia ao imperador exercer o Poder Moderador, que centralizava na sua figura praticamente todas as decisões. Desta forma, as demais instâncias de poder – o Legislativo, o Executivo e o Judiciário – acabavam também por depender das inclinações do Imperador, uma vez que lhe cabia a última palavra nas resoluções do governo. III. Com a reforma constitucional de 1881, foi abolida a renda mínima anual, como pré-requisito, para candidaturas no Senado e na Câmara dos Deputados. IV. Esse arranjo ampliava a possibilidade da representação popular da sociedade como um todo, no âmbito do poder central, mesmo que esses cargos eletivos fossem pleiteados pelos membros com renda elevada e com mandato vitalício para Senadores. Assinale a alternativa CORRETA: (A) II e III (B) II e IV (C) I e II (D) I e IV QUESTÃO 22 A era do populismo situou-se historicamente entre 1930 e meados dos anos 50 e, em alguns casos, até o final dos anos 60. No Brasil, o representante máximo desse fenômeno foi Getúlio Vargas, que dominou a cena política de 1930 a 1954. Derrubado em 1945, após 15 anos de presidência, oito anos dos quais de ditadura, elegeu-se novamente presidente e governou de 1951 até sua morte. Sobre o populismo é INCORRETO afirmar: (A) que corresponde à uma conjuntura que presenciou a crise dos sistemas agro-exportadores e, por conseqüência, do esquema de dominação oligárquico em vigor. (B) que aparece como sistema de transição que se esforçava para integrar as classes populares na ordem social e política por meio de uma ação do Estado. (C) corresponde a um estilo de governo paternalista e, ao mesmo tempo autoritário, em que o clientelismo das massas se mostrou fundamental para a manutenção deste tipo de Estado. (D) que propôs reformas estruturais de interesse coletivo e efetuou-as na prática. QUESTÃO 23 “Não é preciso mais escolher ser pró-Israel ou pró-Palestina, é preciso ser pró-paz.” (Escritor israelense Amós Oz defende imaginação contra o fanatismo. Folha de S. Paulo , 24/05/2004). Considerando a criação do Estado da Palestina, é INCORRETO afirmar: (A) a recusa árabe à partilha da Palestina, imposta pela ONU, gerou uma declaração de guerra contra o Estado de Israel, por alguns países da Liga Árabe, em 15 de maio de 1948. Esse conflito que terminou em janeiro de 1949, envolveu Israel, Egito, Iraque, Jordânia, Líbano, Síria e a Arábia Saudita. (B) a Guerra dos Seis Dias (1967) foi conseqüência da atuação da OLP (Organização para Libertação da Palestina), da permanência das tropas da ONU na região e do bloqueio do golfo da Ácaba que prejudicava interesses israelenses. O Egito, a Síria e a Jordânia foram atacados e os judeus dominaram toda a Península do Sinai, a Cisjordânia e as colinas de Golan, na Síria. (C) no século XIX, surgiu na Europa um movimento político e religioso que ficou conhecido como Al fatah que visava o restabelecimento na Palestina, de um Estado judaico. Sediado em Viena, esse movimento ganhou poder e influência com a atuação de Theodor Hertzl (1860-1904), um jornalista austríaco que defendia a formação de uma nação judaica num território unificado. (D) em 1993, Yitzhak Rabin, primeiro ministro de Israel, e Yasser Arafat,líder da OLP, firmam em Washington, um acordo prevendo a criação de uma Autoridade Nacional Palestina, com autonomia administrativa e policial, em alguns pontos do território palestino. Prevê-se também a progressiva retirada das forças israelenses de Gaza e da Cisjordânia. QUESTÃO 24 Fonte: Belmonte.Caricatura dos tempos.São Paulo:Melhoramentos, 1982. p.109. A charge ilustra a bipolaridade mundial entre a União Soviética e os Estados Unidos, representada também no seguinte texto: “Nenhum século foi mais ‘histórico’ do que o século passado [século XX ], no sentido de que nenhum comportou mudanças e transformações tão radicais, em diferentes sentidos, do movimento histórico, num espaço relativamente tão curto de tempo. Basta dizer que uma parte da humanidade rompeu com o capitalismo, inaugurando uma época de polarização capitalismo/socialismo; posteriormente, uma parte dessa parte resolveu voltar ao capitalismo”. (Sader, Emir. A vingança da história. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003.) I. Os Estados Unidos e a União Soviética lideravam respectivamente os dois blocos mais poderosos: capitalista e socialista; II. A Guerra Fria mostrou a descontinuidade das disputas imperialistas e das políticas salvacionistas das grandes potências; III. O mundo dividido em dois grandes blocos conseguia resolver seus graves problemas de injustiça social; IV. Os Estados Unidos e a União Soviética exerciam forte controle sobre as outras nações, explorando questões ideológicas que, na maioria das vezes, mascaravam interesses por áreas militar e economicamente estratégicas. Considerando as alternativas assinale a CORRETA: (A) I e II (B) I e IV (C) II e III (D) II e IV 2009 QUESTÃO 17 A construção da rodovia Belém-Brasília (BR-153), na década de 1950, apresentou implicações nos processos de urbanização e modernização do antigo norte de Goiás, atual Estado do Tocantins. (Adaptado de GIRALDIN, Odair (org). A (trans)formação histórica do Tocantins. 2. ed., Goiânia: Editora da UFG, 2004, p. 315). Dentre essas implicações é CORRETO afirmar que: (A) houve um processo de urbanização equilibrado em todo o norte de Goiás (atual Estado do Tocantins). (B) não houve impactos provocados com a abertura da rodovia, particularmente no aspecto da especulação das terras, dada a perspectiva da sua desvalorização. (C) houve uma concentração da população das novas áreas ocupadas pela construção da BR-153, notadamente em núcleos urbanos às margens do Rio Tocantins. (D) a população urbana, distante da BR-153, não acompanhou o processo de modernização e desenvolvimento, então desencadeado pela construção da rodovia. QUESTÃO 18 “O negro era cativo para que sua força de trabalho o fosse. Como conseqüência, o elemento predominante na existência do negro era o trabalho” (PINSKI, Jaime. A escravidão no Brasil. São Paulo: Contexto, 2006, p. 47). Em relação ao trabalho escravo no Brasil, é INCORRETO afirmar que: (A) os escravos não eram donos de suas ferramentas, mas usavam aquelas cedidas pelos seus proprietários. (B) os escravos, no Brasil, eram mantidos num regime de trabalho assalariado, frequentemente de sol a sol, na época da colheita. A subserviência e a deferência eram essenciais para a sua sobrevivência. (C) os escravos faziam todo o tipo de serviço. Eram vaqueiros, remeiros, mineiros, e lavradores; eram artífices, marceneiros, ferreiros, pedreiros e oleiros; eram domésticos e pajens, guarda-costas, capangas e capitães do mato; feitores e até carrascos. (D) o trabalho começava antes do sol nascer, quando todos se apresentavam ao administrador da propriedade. Após uma breve oração, iniciava-se o labor diário que constava geralmente da produção ou beneficiamento de bens de consumo. QUESTÃO 19 “O massacre de Canudos foi revelador da enorme distância entre as intenções do novo governo republicano e a realidade em que vivia a imensa maioria dos brasileiros. Canudos, uma pequena vila no interior da Bahia, tornara-se o refúgio de um pregador carismático, Antônio Conselheiro. Circulando desde a década de 1870 pelo sertão do Nordeste, rezando, pregando e dirigindo mutirões para consertar igrejas e cemitérios, atraiu uma multidão de fiéis que, em 1893, se assentou no vilarejo, que logo tornou-se cidade, batizada de Belo Monte. Em pouco mais de dois anos, cerca de 20 mil desafortunados de todo o tipo passaram a viver no local, cultivando terras comunitárias e aguardando a nova vida anunciada pelo Conselheiro”. (CALDEIRA, Jorge. [et al.]História do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 240). A partir do texto é INCORRETO afirmar: (A) Canudos foi a expressão de que o regime republicano brasileiro, em seu início, não foi compreendido pela maioria da população brasileira. (B) Os seguidores de Antônio Conselheiro, amparando-se em questões que remetem ao campo religioso, constituíram uma teia de sociabilidade no interior nordestino. (C) A questão religiosa serviu para apontar o descompasso entre a cultura sertaneja e o pensamento das elites que conduziam o nascente regime republicano de governo. (D) Poucos foram os sertanejos a aderirem às pregações de Antônio Conselheiro, justamente porque suas idéias eram a favor do governo republicano. QUESTÃO 20 No inicio do seu povoamento, no período colonial, o antigo norte de Goiás (atual estado do Tocantins), com o ouro de aluvião aflorando em quase toda a região, o norte goiano logo passou a ser conhecido como uma das áreas que mais produziam esse minério na capitania; daí a preocupação do governo central com o contrabando, fomentando um arrocho fiscal maior que nas outras áreas mineiras. Mas, a partir do declínio da mineração, o norte goiano passou a ser visto pela historiografia como sinônimo de atraso econômico e involução social, gerador de um quadro de pobreza para a maior parte da população. (Adaptado de PARENTE, Temis Gomes. Fundamentos Históricos do Estado do Tocantins.Goiânia: Editora da UFG, 2007, p. 23-24). Considerando-se as informações deste texto, é CORRETO afirmar: (A) A região do antigo norte de Goiás, apesar de ter produzido muito ouro, não acumulou capital impossibilitando, portanto o desenvolvimento da mesma. (B) A região não sofreu medidas fiscais por parte da metrópole, comparando com outras regiões mineiras. (C) A região, após o período do apogeu das minas, foi considerada uma região exportadora de bens de consumo para as outras capitanias. (D) A região sofreu um processo de desenvolvimento social, ocasionada pela exportação de produto agrícola. QUESTÃO 21 “ (...) não se pode sequer aceitar uma tese tola ou doutrinária segundo a qual o ‘espírito do capitalismo’ (sempre no sentido provisório que aqui usamos) somente teria surgido como conseqüência de determinadas influências da Reforma, ou que, o Capitalismo, como sistema econômico, seria um produto da Reforma. Já o fato de algumas formas importantes do sistema comercial capitalista serem notoriamente anteriores à Reforma, seria o bastante para sustar essa argumentação” (WEBER, Max. Aética protestante e o espírito do capitalismo. 7 ed. São Paulo: Pioneira, 1992, p. 61). Considere as afirmações abaixo: I – O surgimento do capitalismo não deve estar atrelado à Reforma Protestante; II – A Reforma protestante está na origem do sistema capitalista; III – Não se deve procurar o espírito do capitalismo na Reforma Protestante, ocorrida no século XVI, pois mudanças econômicas são anteriores a ela. IV – Sem a Reforma Protestante, o capitalismo não se projetaria como um moderno sistema de produção, já que o capitalismo condenava o lucro a base desse sistema. A partir da afirmação de Weber, marque a alternativa CORRETA: (A) I e IV; (B) III e IV; (C) I e III; (D) II e III. QUESTÃO 22 Afirma Maurice Crouzet que os contemporâneos de Péricles ter-se-iam escandalizado diante da revolução do gênero de vida e dos costumes da burguesia, que escandalizou também, em sua própriaépoca, homens que, sem serem moralistas profissionais, responsabilizaram-na por uma das desgraças da Grécia: o despovoamento. (Adaptado de CROUZET, Maurice. História Geral da Civilização Brasileira: o Oriente e a Grécia Antiga. O homem no Oriente Próximo. Vol. 2, Rio de Janeiro: 1993, p. 334). Considerando o despovoamento como uma das causas do declínio da Grécia Clássica, é INCORRETO afirmar: (A) Segundo o pensador Políbio, que viveu no século II a. C. a causa do mal em questão, o despovoamento, é motivado pela oligantropia (falta de homens). (B) De acordo com o pensador Políbio, observou-se em toda a Grécia, uma ausência de crianças e uma homofobia que torna as cidades desertas e improdutivas. (C) Por vaidade, amor ao dinheiro e covardia, segundo Políbio, os homens não querem mais casar e se casam, querem criar seus filhos, no máximo educar um ou dois, entre todos, a fim de deixá-los ricos. (D) A Grécia foi o ponto de partida, em direção ao Oriente conquistado e administrado por soberanos gregos, enquadrado e explorado por gregos, de uma emigração considerável, que a privou de elementos jovens. QUESTÃO 23 Em 1921, a Rússia conhece a mais terrível fome da sua História: “(...) há vários meses, 9/10 da população não come mais pão. Primeiro, misturaram o que restava de farinha com todo tipo de ervas, depois comeram as ervas puras e depois, quando não restava mais nada, cozinharam e engoliram argila. (...) A cada dia, até a colheita, aumentará o âmbito das províncias e distritos onde não subsiste absolutamente mais nada que um ser humano possa comer” (PASCAL, Pierre, Meu estado da alma. Meu diário da Rússia, tomo III, 1922- 1926. L’Age d’Homme, Lausanne, 1982. apud. SALOMONI, Antonella. Lênin e a Revolução Russa. São Paulo: Ática, 1997, p. 133). Sobre a crise do regime soviético é INCORRETO afirmar: (A) Diante da degradação da economia agrícola, devastada pelo conflito bélico, Lênin impõe o abandono do comunismo de guerra e a passagem para a fase de desenvolvimento da chamada Nova Política Econômica (NEP). (B) Na primavera de 1921, enquanto a degradação da produção agrícola, devastada pela guerra, e as magras colheitas repercutiam de forma drástica na economia da Rússia, em contrapartida, assiste-se a recuperação de seu parque industrial e sistema de transporte e prosperidade na zona rural. (C) Na cúpula do partido comunista havia a consciência de uma “contra-revolução camponesa”; os dirigentes procuram tirar lições do episódio de Kronstadt e inquietam-se com o esgotamento dos operários. Ocorrendo um recuo econômico, que significou, acima de tudo, abandonar o “comunismo de guerra”. (D) No mesmo momento em que o general Tukatchevski marcha sobre Kronstadt, abre-se em Moscou o Décimo Congresso do Partido Comunista. Apelando para o fim do ‘estado de urgência’, Lênin impõe a passagem para a Nova Política Econômica (NEP). QUESTÃO 24 “A primeira guerra quente do mundo pós Guerra Fria começou pouco antes das 3 horas da madrugada de quinta feira no Golfo Pérsico. Uma guerra pós-moderna, como nunca se viu antes fora das telas do cinema e dos monitores de videogame. Uma guerra com nome de filme - Tempestade no Deserto -, assistida ao vivo pela televisão e destinada a dobrar um ditador de opereta, mas sanguinário”. (Fonte: Reportagem publicada na revista Veja em 16 de janeiro de 1991. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/iraque/capas/materias/iraq ue01.html>) Sobre a guerra do Golfo Pérsico é INCORRETO afirmar: (A) Em julho de 1990, Saddam Hussein acusou o Kuwait pela elevação nos preços de petróleo, vendendo menos do que a cota estabelecida pela Opep. O Kuwait reivindicou indenizações e territórios Iraquianos. O Iraque negou-se a ceder. Em represália, tropas Kuwaitianas invadiram o país. (B) Em janeiro de 1991, os Estados Unidos, agindo em nome das Nações Unidas, comandaram um fulminante ataque aéreo e de mísseis contra o Iraque, na chamada operação Tempestade no Deserto. (C) Em 1993, o Iraque sofreu novos ataques dos Estados Unidos, depois que Saddam Hussein impediu a entrada de inspetores da ONU no país. (D) Em 1998, o Iraque deixou de colaborar com a comissão da ONU e, em dezembro do mesmo ano, em outra operação militar conhecida como Raposa do Deserto. Mísseis norte-americanos causaram morte e destruição entre a população iraquiana. 2010 QUESTÃO 17 A criança quando nascia era examinada pelos anciãos. Se fosse fraca ou apresentasse algum defeito físico era lançada para a morte do alto do monte Taigeto. Caso fosse aprovada no exame ficava com a mãe até os sete anos, quando era entregue ao Estado para receber uma educação cívica. Aos 17 anos os rapazes passavam por um ritual de iniciação chamado de Kriptia para demonstrar suas habilidades. Espalhavam-se pelos campos munidos de punhais, e teriam que degolar a maior quantidade de escravos possíveis. Os aprovados recebiam um lote de terra. Aos trinta anos, o soldado tornava-se cidadão e aos 60 tomava parte do Conselho de Anciãos. ARRUDA, J. Jobson de A; PILETTI, Nelson.Toda a História. São Paulo: Ática, 1999, p. 46. A transcrição acima refere-se aos cidadãos que habitavam: (A) Creta. (B) Roma. (C) Chipre. (D) Babilônia. (E) Esparta. QUESTÃO 18 Finalmente, esse medo social que ardia permanentemente em fogo lento constituiu uma das mais poderosas forças motrizes do controle social que todos os membros da classe superior exerciam sobre si mesmos e sobre outros membros do círculo em que viviam. Expressava-se na intensa vigilância com que observavam e poliam tudo o que os distinguia das pessoas de categoria mais baixa; não apenas nos sinais externos de status , mas também na fala, nos gestos, nas distrações e maneiras. A pressão constantemente exercida a partir de baixo e o medo que induzia em cima foram, em uma palavra, algumas das mais fortes forças propulsoras – embora não as únicas – do refinamento especificamente civilizado que distinguiu os membros dessa classe superior das outras e, finalmente, para eles se tornou como que uma segunda natureza. ELIAS, Norbet. O processo civilizador: formação do Estado e Civilização, vol. 2. Trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993, p.251 O texto acima faz referência às mudanças sociais em curso na passagem do período medieval para o moderno, envolvendo a nobreza, a burguesia e o campesinato. Com base nas considerações do autor é CORRETO afirmar que: (A) as guerras e o monopólio foram os únicos elementos que marcaram o domínio das classes superiores em relação às demais. (B) durante o período moderno, a ascensão econômica seria quesito único para garantir a aceitabilidade da burguesia pela nobreza. (C) a civilidade demonstrada nos gestos, na fala, nas maneiras e nas distrações era um indicador das diferenças entre as camadas superiores e as demais. (D) a vigilância de uma classe sobre as outras se restringia às ações comerciais e de segurança. (E) para a classe superior, no século XVI, não havia necessidade de controlar as falas e os gestos de seus membros. O que deveria ser controlado eram as falas e os gestos da burguesia e do campesinato. QUESTÃO 19 O desembarque dos negros dava-se assim que o navio chegava a um dos portos de destino no Nordeste, Norte ou no Rio de Janeiro, áreas de grande demanda de escravos nos séculos XVI e XVII. Mais tarde, teriam outros destinos – mais ao sul, mais para o interior – porém, de início, ficavam nas zonas litorâneas. PINSKY, Jaime.A escravidão no Brasil. São Paulo: Contexto, 2006, pp. 41,42 Considerando-se as informações do texto acima, é INCORRETO afirmar que: (A) o tráfico se desenvolvia por importação direta pelos proprietários de terras ou por meio de alguém que financiava e organizava a importação. (B) o demanda de escravos nas chamadas Minas Gerais não provocou alterações significativas no tráfico, uma vez que apenas deslocou o eixo da presença dessa mão-de-obra e diminuiu a quantidade de navios encarregados do tráfico. (C) a venda de escravos ocorriano próprio porto de desembarque, por meio de negociações diretas ou pela realização de leilões. (D) a presença de intermediários – os chamados tratantes – só se afirmou com o desenvolvimento da atividade aurífera em Minas Gerais. (E) esses comerciantes fariam o papel de ponte, a intermediação entre traficante que chega até o litoral e o futuro proprietário dos escravos. QUESTÃO 20 A partir de 1835, insatisfações em diferentes segmentos sociais nas províncias desencadearam as rebeliões regenciais. Grande parte das tensões era resultante de desigualdades sociais, crise econômico-financeira e descontentamentos políticos. Sobre as rebeliões regenciais é INCORRETO afirmar que: (A) no Maranhão, a revolta conhecida como Balaiada começou em 1838, quando o escravo Raimundo Gomes, que prestava serviços para um fazendeiro liberal, foi hostilizado por autoridades conservadoras da Vila do Manga; durante a fuga ele atacou a cadeia e evadiu-se para o sertão. Incentivados pela ação de Raimundo Gomes, bandos de escravos e sertanejos passaram a atacar fazendas da região, tomaram a cidade de Caxias, instituíram o governo provisório, que exigiu a extinção da escravidão. (B) a insatisfação das elites gaúchas atingiu o auge quando o presidente da província, Antonio Rodrigues Braga, nomeado pela Regência, fixou um imposto sobre as propriedades rurais. Como consequência, em setembro de 1835, o coronel farroupilha Bento Gonçalves e seus homens ocuparam Porto Alegre e depuseram Braga. No ano seguinte, proclamaram a República Rio-Grandense, com sede na cidade de Piratini. (C) em novembro de 1837, na Bahia, tropas do forte de São Pedro e de outras unidades, contando com apoio de oficiais e soldados do exército, sob a liderança de Sabino, sublevaram-se contra o despotismo do poder central. Os rebeldes formaram um grupo autônomo, anunciando a separação da Bahia, até que o príncipe D. Pedro II completasse a maioridade. (D) em 1835, africanos e afro-brasileiros de religião muçulmana se levantaram em armas na Bahia contra a escravidão e contra o predomínio da religião católica no Brasil. O movimento dos Males acabou sufocado sob violenta repressão, sendo condenados a pena de morte 5 líderes negros. (E) No ano de 1835 teve início a Cabanagem. Rebeldes ocuparam a cidade de Belém, em protesto ao governador Bernardo Lobo de Sousa, em razão de ter prendido, em 1834, líderes oponentes ao seu governo. Lobo de Sousa foi executado. O poder passou para as mãos dos Cabanos, grupo formado na maioria por trabalhadores rurais. Felix Antonio Malcher, um dos principais líderes foi deposto por Antonio Vinagre e Eduardo Angelim, que defendiam o rompimento da província com o Poder Central. QUESTÃO 21 Os índios nada ganharam com o amor e as providências de Sua Majestade, nem com o amor dos ministros do Senhor. (...) A razão é que depois de haver feito (...) mitas e sofrido nos „obrajes‟, arrendados como escravos, ou que por ficar sumamente desamparados dos Corregedores ou porque seus pais são pobres pelas obrigações dos pueblos(...). Trecho da defesa de Tupac Amaru no Tribunal de Cuzco – apud. AQUINO, Rubens Leão de et., al. História das Sociedades Americanas. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1990, p. 139 Sobre o processo de emancipação política das colônias hispano-americana é CORRETO afirmar que: (A) o movimento de independência ocorreu em torno de determinados líderes. Do ponto de vista ideológico, as classes dominantes coloniais convergiam. Isto equivale dizer que tanto os venezuelanos Simon Bolívar, Francisco de Miranda, quanto o argentino José de San Martin eram republicanos radicais. (B) um autêntico movimento popular e camponês verificou-se no Peru liderado por Tupac Amaru, descendente dos antigos chefes incas, considerado precursor dos movimentos de libertação colonial. (C) pode-se considerar o movimento de independência na América Espanhola como resultado de uma Revolução Burguesa, pois na maioria das colônias ele assumiu um caráter predominantemente burguês e urbano. Apenas em algumas áreas na região (como no Prata) o movimento teve caráter aristocrático e rural. (D) o elemento indígena, que formava o numeroso campesinato, ora lutou ao lado dos insurgentes (como no México), ora apoiou os espanhóis (como no Chile). A insurreição das colônias espanholas, de caráter anti- metropolitano significou, sobretudo, o fim da exploração dos povos indígenas. (E) em 1780, reunidos índios e mestiços, a ação revolucionária estendeu-se pelas regiões do Vice-Reinado do Peru. Entretanto, o movimento viu-se derrotado porque não contou com a participação doscriollos. No ano de 1871, Tupac Amaru foi eleito representante dos indígenas no Conselho de Regências. QUESTÃO 22 As formas de resistência podem ser elementares e espontâneas, como a reação dos dinamarqueses que acabavam de tomar seu chope e iam embora do bar assim que entrava um oficial alemão. Entre os exemplos mais elaborados contam-se a recusa dos religiosos e professores noruegueses de se alistarem, ou as manifestações espontâneas de Praga, em 28 de outubro, data da independência, pelos estudantes secundários. Também importante foi a constituição, na Polônia, de uma sociedade paralela, subterrânea, que passa a educar os jovens desde que os alemães suprimiram as características nacionais do país para poder germanizá-lo. FERRO, Marc. História da Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Ática, 1995, p. 126 Com base no texto, considere as afirmações abaixo: I. A resistência, forma de luta contra o domínio alemão durante a Segunda Guerra Mundial, ocorreu tanto no cotidiano dos envolvidos quanto nas organizações civis e militares armadas. II. A resistência, ação exclusiva da Primeira Guerra Mundial, ocorria tanto no cotidiano dos civis quanto nas ações armadas planejadas. III. Além da conjugação de forças militares de americanos, ingleses e russos, os focos de resistência civil foram importantes para o enfraquecimento do exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial. IV. Os líderes dos países considerados aliados condenaram as resistências dos civis dinamarqueses, noruegueses e poloneses, ainda que essas manifestações fossem consideradas importantes para a derrocada do nazismo. V. A resistência espontânea entrou para a História como uma das mais eficazes formas de luta contra o nazismo. Assinale a alternativa contendo apenas as afirmações CORRETAS em relação ao texto de Marc Ferro: (A) I, II, III, e IV. (B) I, IV e V. (C) II, III, IV e V (D) I, III e V. (E) I, II e V. QUESTÃO 23 A charge ilustra as manobras políticas utilizadas por Getúlio Vargas para se manter no poder. Na frase,Estou garantido pelas duas fortes “correntes....” há uma clara referência à ligação com as forças armadas e as oligarquias. Vargas usou essas distintas correntes, que o acompanhava desde a revolução de 1930, para continuar no poder até meados de 1940. Sobre a República Brasileira da era Vargas, leia atentamente as afirmativas abaixo: I. No Brasil de Vargas, a economia de guerra viria afetar profunda e especialmente os operários industriais. “Soldados, afinal somos todos, a serviço do Brasil”, proclamou Vargas no comício do 10 de maio de 1942. A estratégia de militarização psicológica converteu toda uma classe de trabalhadores em soldados da Pátria. II. Dentre os estudiosos do Estado Novo há quem discuta, entre suas características bem acentuadas, o caráter democrático e descentralizador, e o cunho empreendedor do Estado no que se refere ao impulso industrializante. III. Os supostos benefícios ofertados pelo Estado criavam a ilusão de que, cooperando, os trabalhadores teriam finalmente atendidas as suas antigas aspirações de bem-estar social. A carteira profissional, instituída em março de 1932, através da lei 21.175, era agora trunfo dos operários, insistentemente lembrada pelos ideólogos do Estado Novo. IV. Em 1937, enquanto o regime preparava nos seus porões o Plano Cohen, a Igreja