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Apostila de História do Ceará

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Instagram: @adeildo.oliveira 
E-mail: ad.direitoch@gmail.com 
 
Advogado e Professor. Mestrando em Direito Constitucional 
pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Bacharel em 
Direito pelo Centro Universitário Christus (UniChristus). 
Historiador licenciado pleno pela Universidade Federal do 
Ceará (UFC). Desde 2008, professor de vários cursos 
preparatórios para concursos em Fortaleza. Palestrante e 
pesquisador nas áreas de Direito Constitucional, 
Democracia, Teoria do Estado e Teoria da Decisão Judicial. 
Autor de vários artigos acadêmicos e de opinião em Direito 
e em História. Aprovado no Concurso de Consultor Técnico 
Legislativo da Câmara Municipal de Fortaleza (2019). 
 
 
Prof. Adeildo Oliveira 
 
 
 
APOSTILA PRODUZIDA EM CO-AUTORA COM O 
PROFESSOR JOÃO PAULO CLÁUDIO ALMEIDA. 
 
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. 
PROIBIDA A REPRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA. 
 
HISTÓRIA DO CEARÁ. 1. O período colonial: a ocupação 
do território: disputas entre nativos e portugueses; 
acesso à terra: sesmarias e a economia pecuária. 2. O 
período imperial: o Ceará na Confederação do Equador; 
importância da economia do algodão; a escravidão 
negra no Ceará. 3. O Ceará e a “República Velha”: a 
política oligárquica: coronelismo e clientelismo; 
movimentos sociais religiosos e “banditismo”; 4. O 
período 1930/ 1964: o Ceará durante o Estado-Novo; 
repercussões da redemocratização; “indústria da seca”: 
DNOCS e SUDENE. 5. Os governos militares e o “novo” 
coronelismo; a “modernização conservadora”. 6. A 
“nova” República: os “governos das mudanças”. 
 
 
 
01 PARTE I 
 
CONTEXTO GERAL DA COLONIZAÇÃO 
 
O processo de ocupação das terras 
brasílicas se deu no âmbito da expansão 
marítima, objetivando, em primeira instância, 
o lucrativo comércio das especiarias 
asiáticas. Portugal se encontrava, 
literalmente, no século dos descobrimentos 
(1450-1550), em que começou a construir seu 
Império Ultramarino, englobando e 
interligando pontos do Oriente (Índias) e da 
África ocidental e oriental num primeiro 
momento; já num segundo momento, 
acrescentando sua colônia americana, o 
Brasil, a esse “Mercado Atlântico”. Era época 
da Contra-Reforma, momento no qual a cruz 
de cristo suplantava, em muitos momentos, o 
poder temporal da espada do homem. 
 
O CEARÁ COLONIAL 
 
1. OCUPAÇÃO DO ESPAÇO CEARENSE 
 
Em 1534, o reino português – buscando 
efetivar a colonização do território brasileiro – 
resolveu dividir sua colônia em faixas 
territoriais que seriam entregues aos 
donatários. A Capitania do Siará Grande foi 
entregue à Antônio Cardozo de Barros, porém, 
este donatário não se preocupou em 
colonizá-la, pois o Ceará não oferecia 
riquezas o bastante. 
 
Capitanias Hereditárias 
 
Daniel Kildary de Menezes Souza
danielkildary@gmail.com
043.939.413-90
http://www.instagram.com/adeildo.oliveira
mailto:ad.direitoch@gmail.com
https://www.facebook.com/adeildo.oliveira.3
 
 
 
A ocupação do espaço cearense se deu 
de forma tardia, começando apenas no 
século XVII, tendo como objetivos a criação 
de postos militares avançados (motivos 
geoestratégicos) para combater e expulsar os 
estrangeiros, além de desenvolver atividades 
econômicas que viabilizassem a colonização 
portuguesa. 
 
A primeira expedição foi realizada em 
1603, tendo a frente Pero Coelho. Saindo da 
Paraíba, Coelho tinha como objetivo central 
implementar a expulsão dos estrangeiros, 
especialmente franceses, que estavam 
catequizando e/ou comercializando com os 
“índios” de várias localidades da Capitania do 
Siará Grande, sobretudo, da Serra da 
Ibiapaba. O explorador luso entrou num 
embate acirrado, eliminando não apenas 
muitos franceses, mas também muitas tribos 
indígenas que se aliaram aos franceses. 
Os combates fragilizaram as tropas 
portuguesas, sendo necessária uma retirada 
estratégica. Assim, ficou acertada a 
construção de uma fortificação que servisse 
de suporte para as tropas de Coelho, bem 
como para navios portugueses que 
passassem pela capitania. Esta fortificação 
foi denominada Forte de São Tiago; porém, 
os constantes conflitos contra os autóctones, 
a falta de investimentos por parte da Coroa e 
as secas contribuíram decisivamente para a 
retirada de Pero Coelho, que construiu outro 
forte às margens do Rio Jaguaribe, o Forte de 
São Lourenço. Esse forte foi abandonado 
pouco tempo depois devido a motivos de 
mesma ordem do abandono da primeira 
fortificação. 
A segunda expedição colonizadora se 
deu com os padres Francisco Pinto e Luiz 
Figueiras. Nesse momento, a utilização de 
religiosos tinha como finalidade expandir o 
processo catequizador, e, desta forma, 
“facilitar” o controle do colonizador português 
sobre a Capitania do Siará Grande. Entretanto, 
os massacres realizados por Pero Coelho 
deixaram os indígenas avessos à presença do 
homem branco, sendo o reduto criado pelos 
religiosos atacado pelos índios Tacarijus 
(1608). Francisco Pinto foi morto, já Luiz 
Figueiras fugiu, criando às margens do rio 
Ceará o Aldeamento de São Lourenço. Os 
ataques feitos ao aldeamento, somados aos 
poucos investimentos realizados pela Coroa, 
acrescidos dos momentos de seca 
contribuíram para a retirada do religioso. Luiz 
Figueira, tempos depois, escreveu a “Relação 
do Maranhão”, o primeiro texto sobre o Ceará. 
O religioso morreu posteriormente (1643), 
vítima de antropofagia realizada pelos índios 
Aruãs, da Ilha de Marajó. 
A terceira expedição (1609) foi 
comandada por Martim Soares Moreno 
(eternizado no romance Iracema), que fora 
soldado de Pero Coelho na primeira tentativa 
colonizadora. Martim foi considerado, por 
muito tempo, o fundador do Ceará (“mito 
fundador”), porém tal intento não pode ser 
atribuído à uma única pessoa, pois o Ceará 
foi se construindo com o passar dos séculos, 
e de forma coletiva. 
Martim fez construir, às margens do rio 
Ceará, o Forte de São Sebastião (homenagem 
ao rei português que desapareceu no norte da 
África lutando contra os “infiéis”). Era a época 
da União Ibérica (1580-1640) e, cada vez 
mais, franceses e holandeses invadiam o 
território brasileiro. 
 
 
Daniel Kildary de Menezes Souza
danielkildary@gmail.com
043.939.413-90
 
Forte de São Sebastião, na Barra do Ceará. 
 
Em 1613, Soares Moreno fora combater 
os franceses que invadiram o Maranhão. Já 
em 1619, a Coroa ibérica o condecorou por 
dez anos com o posto de capitão-mor do 
Ceará. No ano de 1621, Martim voltou ao 
Ceará, mas, a falta de recursos e o descaso 
da Coroa acarretaram a sua retirada no ano 
de 1631. Martim terminou sua vida em 
Portugal, numa condição social não muito 
boa. 
Após as primeiras tentativas 
colonizadoras dos lusos, Fortaleza continua 
com seu modesto desenvolvimento como 
sede administrativa local, posto que entre 
1621 e 1656 o Ceará ficasse sob jurisdição 
do estado do Maranhão. Nesse ínterim, o 
nordeste brasileiro é invadido pelos 
holandeses que, devido a União Ibérica (1580-
1640), tomam a região de Salvador, na Bahia 
(1624-25), e após a sua expulsão, retornam e 
conseguem controlar a capitanias de 
Pernambuco, no intuito de manter o acesso 
aos lucros advindos com o comércio do 
açúcar brasileiro. Nesse contexto, a região de 
Fortaleza se apresenta, mais uma vez, como 
ponto estratégico-militar, não mais para os 
portugueses, mas para os invasores 
flamengos (holandeses) que visavam o seu 
domínio sobre Pernambuco e também com o 
intuito de explorar economicamente a região, 
posto que na época, existiam boatos sobre a 
existência de minas de prata no Ceará, além 
de explorar o sal e âmbar. 
 
2. INVASÕES HOLANDESAS 
 
Os primeiros holandeses vieram para o 
Ceará, em 1637, comandado por George 
Gartsman e, com apoio de indígenas locais 
revoltados contra os lusos devido às suas 
atrocidades, tomaram o forte de São 
Sebastião e iniciaram o primeiro período de 
domínio flamengo no Siará (1637-44). Neste 
meio tempo, enfrentando os mesmos 
problemas encarados pelos portugueses, solo 
ruim, clima árido, os holandeses procuram 
explorar o sal, o âmbar, desenvolvera cana-
de-açúcar e procuram metais, sem sucesso. 
Paralelamente, as relações sociais com os 
indígenas locais complicavam-se, posto que 
os holandeses não se distinguissem muito 
dos portugueses no trato com os ameríndios. 
Oprimidos e explorados, os indígenas se 
revoltaram contra o domínio flamengo e os 
expulsaram do território em 1644. Acabava 
temporariamente o domínio holandês no 
Ceará. 
Em 1649, mais uma expedição holandesa 
se dirigiu para o Ceará em busca de rendas 
para a manutenção do controle sobre 
Pernambuco, mais uma vez, o local escolhido 
para sediar a administração foi o espaço, 
hoje, fortalezense, mais precisamente na 
colina Marajaitiba, atual 10ª Região Militar. 
Na época, os holandeses fundaram um forte 
militar que recebeu o nome do então 
governador flamengo (Shonenboch). Ali, 
permaneceram até 1654 enfrentando secas 
(1651-54), ataques de índios e falta de 
mantimentos. Com o fim do domínio 
holandês em 1654, quando os mesmos 
saíram do Brasil e foram concorrer com a 
lavoura açucareira produzindo açúcar mais 
barato, nas Antilhas, os portugueses 
retornaram ao espaço cearense e, com Álvaro 
de Azevedo Barreto como capitão-mor, 
reiniciaram a colonização renomeando o forte 
de Shonenboch para Fortaleza de Nossa 
Senhora da Assunção, hoje padroeira da 
cidade. A partir de então, a região passa a se 
chamar Fortaleza, ainda sem a condição de 
Vila, o que quer dizer que não possuía 
autonomia administrativa. Em 1656 o Ceará 
sai da jurisdição do Maranhão e passa para o 
controle de Pernambuco, permanecendo 
nessa condição até 1799, quando consegue 
autonomia administrativa, principalmente, 
devido a prosperidade auferida com os lucros 
advindos do comércio do algodão que havia 
se expandido a partir da segunda metade do 
século XVIII no Ceará. 
 
3. ADMINISTRAÇÃO COLONIAL 
 
Em fins do século XVII e início do XVIII, 
devido aos pedidos constantes da incipiente 
elite local, o Rei português D. Pedro II, com a 
Ordem Régia de 13 de fevereiro de 1699 
autoriza a construção de uma Vila (município) 
no Ceará. Vale ressaltar que esses pedidos da 
fraca elite local, eram realizados por causa 
das constantes arbitrariedades cometidas 
pelos capitães-mores locais. Naquele 
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momento, a condição de Vila trazia consigo 
uma autonomia administrativa com a 
fundação de uma Câmara Municipal que 
serviria como forma de defesa contra os 
desmandos dos capitães-mores. Segundo 
Raimundo Girão, “Eram estas Câmaras 
corporações escolhidas trienalmente e 
tocava-lhes regular as feiras e mercados, 
assim como o trânsito, gerar os bens do 
consumo (localidade) e as suas receitas, 
construir, reparar e conservar estradas, 
pontes e calçadas, arborizar e limpar as ruas 
e praças, levantar edifícios... e além doutras, 
ter livre a faculdade de representar contra as 
autoridades aos respectivos superiores e até 
ao Rei.” 
 
(Raimundo Girão. In: Pequena História do Ceará. Ed. UFC, 1984. v.1 
p.106. Coleção Estudos Cearenses). 
 
 
 
Porém, junto com a Ordem Régia veio um 
problema, pois não se estabelecia o lugar 
exato onde deveria ser exigido o pelourinho 
que, na época, era símbolo da autonomia 
municipal. A partir de então se inicia uma 
disputa entre as autoridades civis e 
eclesiásticas, sediadas no forte de Nossa 
Senhora da Assunção e a elite dos 
fazendeiros locais, sediados no povoado do 
Iguape, hoje Aquiraz. Ambas as partes 
almejavam o posto de Vila, mas só uma seria 
beneficiada por aquela Ordem Régia. 
Inicialmente, a câmara foi instalada no 
Iguape, em janeiro de 1700, sob a alegação de 
que lá era mais conveniente por causa de 
suas “terras férteis, aráveis, abundância em 
água”. Contudo, devido à determinação do 
governador de Pernambuco, então com 
jurisprudência sobre o Ceará, a Vila foi 
transferida para o fortim de N. S. da 
Assunção, onde permanece entre 25 de maio 
de 1700 e 1702. Neste ano, devido às 
disputas entre autoridades e elites, a Vila é 
deslocada para o antigo forte de São 
Sebastião, na barra do rio Ceará. Em 1706, a 
Vila retorna para o forte, permanecendo ali 
até 1710. Após vários reclames os 
fazendeiros locais conseguiram que a Vila 
fosse instalada, em definitivo, no Aquiraz 
(1713). Mesmo com a consolidação da Vila 
em Aquiraz, a cidade não garantiu uma 
posição hegemônica que neste ano, fora 
atacada por indígenas que vivenciavam a 
chamada Guerra dos Bárbaros ou 
Confederação dos Cariris. Este era um 
movimento de resistência indígena ao 
avanço dos colonizadores portugueses com a 
pecuária, que, à medida que avançava, 
expulsava os indígenas de seus territórios ou 
os exterminava. Com este ataque, vários 
moradores de Aquiraz fugiram para o forte de 
N. S. da Assunção em busca de proteção. A 
partir de então a Aldeia do Siará ou Siupé, 
como era conhecida Fortaleza naquele 
momento, passou a se sobrepor a Aquiraz. 
Somente em 13 de abril de 1726 é que 
Fortaleza vai conseguir a instalação de sua 
Vila, sendo assim, Fortaleza continuaria 
sediando a administração local, enquanto que 
Aquiraz sediaria a ouvidoria (Justiça). 
Paralelamente às disputas entre as 
autoridades locais e os membros da elite 
para sediar a Vila, ocorria à expansão da 
pecuária pelos sertões cearenses, onde, 
ligadas à atividade criatória, começavam a se 
originar futuras cidades que teriam 
importância mais expressiva que a capital 
durante o Período Colonial, como Sobral, Icó e 
Aracati. Esta última seria o principal pólo 
econômico da capitania durante a colônia, 
principalmente, por causa das charqueadas 
ou oficinas que beneficiavam a carne bovina 
para revendê-las no litoral, gerando mais 
lucro. Com isso, nos surge uma pergunta: por 
que Fortaleza sediava a administração se 
existiam outras localidades mais relevantes 
economicamente que ela? Segundo a 
socióloga Maria Auxiliadora Lemenhe, da 
Universidade Federal do Ceará, existem várias 
razões para tal fato. 
 
 
Primeiro, o fato de ser em torno do forte 
que se desenvolve o principal núcleo de 
povoação da capitania, mesmo que ainda 
pequeno. Isso exerceu influência sobre o 
local da Vila porque era uma prática comum 
da Metrópole portuguesa fundar Vilas onde já 
existiam povoados. Outra razão se deve ao 
fato de naquele momento, as Vilas possuírem 
um caráter “artificial”. Segundo Lemenhe, 
“tudo indica que, do ponto de vista dos 
interesses fiscais era indiferentemente que 
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uma primeira Vila fosse assentada junto ao 
Forte ou nos sertões”. 
Independente de ser a sede da capitania, 
Fortaleza continuou até o início século XIX 
como um centro administrativo que não 
detinha um grande poder econômico se 
comparando com Aracati, por exemplo. 
Não podemos perder de vista que a 
administração colonial não se faz apenas 
pela presença de uma Vila, mas também por 
uma burocracia: 
 
• Capitão-mor-governador: possuía as 
funções militares e administrativas; 
• Ouvidoria: eram responsáveis 
pela aplicação das leis. 
 
Vilas cearenses: 
 
• Camocim Aquiraz 
(1713); 
• Fortaleza (1726). 
 
 
1ª planta de Fortaleza (1726), feita pelo capitão-mor Manuel 
Francês. 
 
• 1 - Forte de Nossa Senhora de Assunção; 
• 2 - Forca: símbolo da autoridade da 
Metrópole; 
• 3 - Casa de Câmara: sede do poder 
político local; 
• 4 - Pelourinho: símbolo da emancipação 
local. 
 
4. OCUPAÇÃO ECONÔMICA 
 
No decorrer do século XVII, em especial 
nas últimas décadas, a colonização lusa que 
até então era restrita às fortificações 
litorâneas, começa a adentrar nos sertões 
cearenses, iniciando a ocupação econômica 
da Capitania com a pecuária. Com a atividade 
criatória, o Siará passa a se servir 
economicamente no projeto colonial 
português com a função complementar de 
abastecimento das regiões açucareiras (PE e 
BA) e depois da mineração. A pecuária traz 
certa prosperidade para os sertões cearenses 
e nordestinos, tanto que Capistrano de Abreu 
nos informa que alise desenvolveu uma 
“civilização do couro”, devido ao uso intenso e 
cotidiano do mesmo pelas populações 
sertanejas. Porém, a positiva prosperidade 
advinda com a atividade criatória do gado, 
não se refletiu, da mesma forma, no litoral em 
torno do forte. Basicamente, Fortaleza 
permanece com seu modesto 
desenvolvimento sem grandes 
transformações. 
 
4.1 Sertão a dentro 
 
A ocupação do interior cearense se deu 
pela pecuária, sendo a economia do gado a 
responsável pelo povoamento e pela inserção 
econômica do Ceará na economia colonial. 
O processo de ocupação seguiu o 
caminho dos rios, sendo o curso d’água do rio 
Jaguaribe a via de comunicação e de 
produção mais importante do Ceará. Vale 
salientar que muitas “cidades” cearenses 
nasceram de antigas localidades onde se 
produziam e/ou se comercializavam o gado. 
A coroa portuguesa objetivava com a 
ocupação do interior nordestino efetivar a 
ocupação e expansão de seu território, além 
de ampliar a arrecadação de impostos. Desta 
forma, as primeiras sesmarias (doações de 
terras) foram dadas aos pecuaristas por volta 
de 1683 (século XVII) na região do rio 
Jaguaribe. Assim, num primeiro momento, a 
economia do gado se desenvolveu com a 
venda do animal vivo, já no segundo 
momento a comercialização fora efetivada 
através do charque. 
A comercialização do gado vivo era feita, 
principalmente, na zona da mata, ou seja, na 
região produtora de cana-de-açúcar 
nordestina, em especial Pernambuco. O 
desenvolvimento da pecuária possuiu a seu 
favor os seguintes fatores: 
 
• Terras abundantes; 
Daniel Kildary de Menezes Souza
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043.939.413-90
 
• Presença de rios com trechos perenes; 
• Presença de pastos; 
• Sistema de Quarteação (de quatro crias 
dadas, uma pertenceria ao vaqueiro); 
• Não era necessário fazer vultuosos 
investimentos. 
 
Por volta de 1720 em Aracati, inicia-se 
um processo de beneficiamento da carne do 
animal, o charque. As longas caminhadas 
empreendidas pelos animais até o local onde 
eram vendidos acarretavam uma perda do 
peso do animal, assim seu valor diminuía, 
além do fato de que no translado o gado 
poderia ser roubado ou atacado por animais. 
Assim, resolveu-se abater o gado e beneficiar 
sua carne. 
O desenvolvimento do charque 
proporcionou o surgimento de diversos 
núcleos urbanos no Ceará, sem falar na 
ampliação das relações mercantis, inclusive 
proporcionando a formação de um forte 
mercado interno. Com o charque houve uma 
expansão de mercados, sendo incorporados 
compradores da região de Minas Gerais. Esse 
mercado foi perdido durante o grave período 
de secas que assolou o Ceará, destacando-se 
a seca dos três setes (1777) e também pelo 
surgimento de um forte núcleo concorrente, o 
do sul. Devemos ressaltar que Fortaleza não 
se apresentou como importante núcleo 
produtor de charque. 
A localidade que se destacou na 
produção do charque foi Aracati, sendo 
considerada o polo econômico do Ceará 
colonial, estando economicamente acima de 
Fortaleza, posto que só perderia no Período 
Imperial por causa de razões políticas e pelo 
segundo surto do algodão. 
Foram os seguintes fatores que 
proporcionaram à Aracati o grande 
desenvolvimento do charque: 
 
• Localização Geográfica, com a presença 
de um bom porto às margens do rio 
Jaguaribe; 
• Ventos constantes; 
• Grande integração econômica decorrente 
da experiência criatória e comercial do 
gado; 
• Presença de regiões salinas; 
• Integração com a região pernambucana 
(muitos comerciantes pernambucanos 
investiram dinheiro na produção do 
charque). 
 
Além de Aracati, outros núcleos foram 
formados pelo desenvolvimento do charque 
cearense: 
 
• Camocim; 
• Granja; 
• Sobral. 
 
Como já foi dito acima, a produção do 
charque cearense sofreu grandes danos 
devido às secas que se prolongaram entre 
1777-1778 e 1790-1793, não atribuindo 
apenas ao fator climático a crise da 
produção, sabemos que o surgimento do sul 
como concorrente contribuiu para a crise 
cearense. 
Contudo, fatores externos favoreceram o 
surgimento de uma outra atividade lucrativa 
de suma importância para a economia 
cearense: a cotonicultura (algodão). Como 
fator de grande importância para a economia 
cearense, a 1ª Revolução Industrial, tendo o 
algodão como matéria-prima, leva a indústria 
inglesa a ser seu principal consumidor 
externo. Outro fator foi a Guerra de 
Independência das Treze Colônias Inglesas, 
até então principais fornecedoras de algodão. 
A economia aracatiense se refletiu nas 
modificações dos hábitos e na arquitetura 
daquela localidade, como na construção de 
casarões e sobrados, na importação de 
produtos de luxo que vinham da Europa, e até 
mesmo na construção de igrejas. Essa 
opulência econômica permanece estável até 
a segunda metade do século XVIII. 
 
4.2 “Quebra do Exclusivismo Pastoril” 
 
O século XVIII foi um período de intensas 
transformações na economia cearense, como 
a quebra do exclusivismo pastoril. 
Esse processo está intimamente ligado a 
Revolução Industrial inglesa e ao processo de 
Independência das 13 Colônias britânicas, o 
que muito contribuiu para processo que 
culminará com a hegemonia de Fortaleza em 
relação às demais cidades. 
O primeiro momento importante desse 
processo foi à expansão da cotonicultura no 
Brasil (Maranhão, Pernambuco e Rio de 
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Janeiro) e claro, no avanço cearense. Essa 
expansão se deu ligada ao avanço da 
Revolução Industrial que desenvolvia na 
Inglaterra e que, em seu estágio inicial, 
basicamente estava ligada a indústria de 
têxteis, onde a matéria-prima básica é o 
algodão. Porém, na época, o principal 
fornecedor do algodão para os ingleses, as 
suas treze colônias (EUA), entraram em 
processo de independência, o que, com a 
guerra, desorganizou a produção e reduziu a 
oferta do algodão no mercado internacional, 
gerando assim um efeito inflacionário 
(aumento dos preços) e um consequente 
estímulo. 
Neste contexto histórico, o Ceará aparece 
como um dos focos de expansão e, pela 
primeira vez, entra em definitivo no mercado 
internacional como fornecedor de gêneros 
agrícolas (algodão). Fortaleza, por ser sede 
da capitania e ao lado do Aracati, possuir um 
porto de onde eram exportados os produtos 
locais, começa a ganhar espaço como centro 
coletor e exportador do algodão local. Essa 
expansão se deu devido a inúmeros fatores, 
como o clima quente, qualidade do produto, 
preço baixo e proximidade do mercado 
europeu. 
Vale lembrar que a pecuária não foi 
deixada de lado, muito pelo contrário, ocorreu 
o que os historiadores chamam de binômio 
gado-algodão, ou seja, muitas vezes os 
produtores além de criarem o gado, também 
plantavam algodão em parte da sua 
propriedade. 
 
 
 
01.A respeito da história de Fortaleza é 
correto afirmar que: (GMF/2007) 
A).em 1649, Fortaleza é elevada a 
condição de cidade pelo explorador 
holandês Matias Beck, logo após ter 
construído o forte Schoonenborch na 
embocadura do rio Pajeú. 
B).em 1726, Fortaleza é elevada à 
condição de cidade pelo português Pero 
Coelho, logo após a expulsão 
holandesa. 
C).em 1823, Fortaleza é elevada pelo 
Imperador Pedro I à condição de cidade, 
mais precisamente com o nome de 
Cidade da Fortaleza da Nova Bragança. 
D).em 1889, Fortaleza é elevada à 
condição de cidade, em decorrência da 
Proclamação da República no Brasil. 
 
02.Sobre o Forte de Nossa Senhora da 
Assunção é correto afirmar que: 
A).foi construído por holandeses durante o 
século XVIII. 
B).estava planejado no Tratado de 
Tordesilhas. 
C).foi o único Forte construído no litoral 
cearense. 
D).foi fundado depois da expulsão dos 
holandeses no século XVII. 
 
03.A primeira capital do Ceará foi: 
(GMF/2002) 
A).Sobral. 
B).Iguatu. 
C).Aquiraz. 
D).Camocim. 
 
04.O Farol do Mucuripe, de estilo barroco, 
foi: 
A).construído por Matias Beck, em 1649, 
durante a ocupação holandesa. 
B).erguido pelos escravos, em 1846,em 
homenagem à Princesa Isabel. 
C).reformado em 1884 com o objetivo de 
incentivar o turismo no Nordeste. 
D).projetado pelo arquiteto francês George 
Mounier a pedido de D. João VI. 
 
05.Sobre o processo de ocupação do Ceará, 
assinale a alternativa correta: 
A).desenvolveu-se entre o fim do século 
XVII e o início do XVIII, através da 
doação de sesmarias, ocupadas 
sobretudo com a pecuária. 
B).deu-se a partir do século XVIII, 
limitando-se ao litoral, sendo utilizadas 
as terras para a agricultura. 
C).teve como centro difusor a primeira 
capital da capitania, a vila de Aracati, 
fundada no século XVII. 
D).ocorreu a partir do século XVI, 
simultaneamente à conquista do litoral 
açucareiro. 
 
06.A vila de Aracati destacou-se entre as 
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demais vilas cearenses do período 
colonial por deter a hegemonia da 
produção de: 
A).charque. 
B).pescado. 
C).algodão. 
D).açúcar. 
 
07.Marque a alternativa correta sobre a 
ocupação da capitania do “Siará Grande”, 
no período colonial: 
A).foi efetivada, imediatamente, após a 
conquista do Brasil pelos portugueses. 
B) foi motivada principalmente pela 
implementação de fazendas de gado 
localizadas nas áreas ribeirinhas do 
sertão. 
C) foi caracterizada pelo exercício de uma 
relação amistosa entre os colonos e os 
povos indígenas. 
D) teve como motivador econômico 
preponderante a exploração de minas 
de prata na região do Cariri. 
 
08.Neste ano de 2003 completam-se 400 
anos da ocupação portuguesa do Ceará. 
Sobre este processo é correto afirmar que 
a capitania do Ceará: 
A) foi colonizada por meio da implantação 
de dezenas de engenhos de açúcar no 
seu litoral. 
B) teve sua ocupação motivada pela 
descoberta de várias minas de ouro e 
prata na serra da Ibiapaba. 
C) teve a ocupação de seu território 
dinamizada pelo estabelecimento de 
fazendas de gado ao longo dos rios 
Jaguaribe e Acaraú. 
D) teve sua ocupação facilitada pela pouca 
resistência dos índios, que rapidamente 
se renderam ao domínio lusitano. 
 
09.“O genocídio e o etnocídio perpetrados 
contra os povos indígenas tiveram como 
decorrência o quase desaparecimento da 
cultura indígena no território cearense.” 
 (F. J. Pinheiro. “Mundos em confronto: povos nativos e europeus 
na 
disputa pelo território”. In: Simone de Souza. Uma nova história 
do Ceará. Ed. Demócrito Rocha, p.55) 
 
 Sobre o processo a que se refere o texto 
acima, assinale a resposta correta: 
A) o conflito dos colonizadores com os 
índios deveu-se sobretudo à 
expropriação dos territórios indígenas 
para a expansão da pecuária. 
B). a destruição da cultura indígena deu-
se somente pela imposição da religião 
católica feita pelos jesuítas nos 
aldeamentos. 
C). a ação dos colonizadores limitou-se à 
escravização dos índios, usados como 
mão-de-obra nas lavouras de cana-de-
açúcar. 
D) os índios morriam no contato com os 
europeus unicamente por causa das 
doenças que estes traziam. 
 
10.Sobre o processo de ocupação da costa 
cearense durante o século XVII, pode-se 
afirmar corretamente que: 
A) os portugueses aliaram-se aos 
indígenas que habitavam essas terras e 
construíram fortes apenas para 
defender os centros de comércio do 
pau-brasil. 
B) a presença portuguesa no Ceará tem a 
ver com a ocupação de Pernambuco 
pelos franceses e do Maranhão pelos 
holandeses. 
C) o litoral foi intensamente disputado por 
índios e forças militares de várias 
potências européias, e várias 
fortificações foram construídas por 
portugueses e holandeses. 
D) a conquista do litoral cearense foi 
efetuada por motivos econômicos, já 
que o cultivo da cana-de-açúcar estava 
bastante desenvolvido e o açúcar 
necessitava ser transportado 
diretamente para Portugal. 
 
11.Sobre o “binômio gado-algodão”, é 
correto afirmar que: 
A).gado deixou de existir no Ceará e o 
algodão passou a ser o único produto 
na economia local. 
B).o termo “binômio gado-algodão” 
demonstra que essas duas atividades 
passam a ser complementares, inclusive 
podendo um mesmo produtor 
desenvolver as duas atividades. 
C).o grande problema da atividade 
cotonicultora era o alto gasto realizado 
para se adquirir a mão-de-obra escrava, 
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pois ela era de fundamental importância 
para a produção do algodão. 
D).o charque cearense se extinguiu devido 
a seca dos três setes (1777) e ao 
surgimento de um forte núcleo 
concorrente, o Rio Grande do Sul. 
 
12.Em Fortaleza, um dos principais pontos de 
visitação de turistas é o complexo 
arquitetônico da rua Dr. João Moreira, no 
centro. Das edificações que compõem o 
referido complexo, a que foi construída 
ainda no período colonial é: 
A).o Passeio Público. 
B).a Santa Casa de Misericórdia. 
C).a Cadeia Pública Provincial. 
D).o Forte de Nossa Senhora da Assunção. 
 
13.Em relação à participação holandesa na 
história de Fortaleza/Ceará podemos 
constatar que: 
A).eles não participaram do processo 
histórico que veio a formar a cidade de 
Fortaleza. 
B).fizeram alianças com os indígenas 
locais para expulsar os portugueses, 
mas não conseguiram grandes 
resultados em seus objetivos, saindo de 
Fortaleza sem deixarem rastros de sua 
passagem. 
C).dominaram o litoral de Fortaleza entre 
1637 e 1654 sem nenhum tipo de 
interrupções. 
D).tiveram uma participação decisiva na 
configuração da cidade, pois foi a partir 
do forte de Shoonenborch, fundado por 
Matias Beck em 1649, que a cidade 
cresceu. 
 
14.Sobre as “origens” históricas de Fortaleza 
é correto afirmar que: 
A).a ocupação portuguesa se deu de forma 
planejada, a partir do interior, visando 
tomar o território que hoje compreende 
o Maranhão. 
B).a ocupação portuguesa se deu de forma 
planejada, a partir do litoral, visando 
tomar o território que hoje compreende 
o Maranhão e que, na época, estava sob 
o controle dos holandeses. 
C).a primeira expedição colonizadora, 
comandada por Pero Coelho, deixou 
vestígios históricos que hoje são 
motivos de polêmicas a respeito da 
“origem” da cidade. 
D).a cidade de Fortaleza, assim como 
outras capitais do país, desde cedo já 
era hegemônica no estado. 
 
15.A respeito da condição e funções políticas 
de Fortaleza durante o Período Colonial 
brasileiro podemos afirmar corretamente 
que: 
A).ficou relegada a uma função 
estratégico-militar para garantir a 
segurança do litoral. 
B).foi elevada à condição de primeira Vila 
do Ceará em 1726 em detrimento de 
Aquiraz. 
C).foi a sede política e administrativa da 
Capitania, mesmo não sendo o centro 
econômico. 
D).não exercia nenhuma função política e 
muito menos administrativa. 
 
16.“A cotonicultura foi uma das principais 
atividades econômicas do Ceará e 
colaborou para que Fortaleza pudesse 
exercer papel predominante na economia 
local”. (Adeildo Oliveira) 
 
 A respeito da relação existente entre o 
processo de hegemonia de Fortaleza e a 
Cotonicultura podemos afirmar que: 
A).estão ligados entre si, mas não 
possuíram nenhuma ligação com 
fatores externos ao Brasil. 
B).estão intrinsecamente relacionados 
com os EUA em apenas um momento, 
no século XIX, no contexto da Guerra 
Civil americana. 
C).a Cotonicultura foi o único fator 
responsável pela hegemonia de 
Fortaleza. 
D).a Cotonicultura foi importante para o 
crescimento de Fortaleza em dois 
momentos distintos, no século XVIII e 
no XIX. 
 
17.Sobre o Ceará colonial, é correta a 
afirmativa: 
A).por apresentar atrativos econômicos, 
além das condições geográficas 
favoráveis, o Ceará foi logo colonizado 
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com a criação da Capitania do Siará 
Grande, sob o comando de Antônio 
Cardoso de Barros. 
B).a obra de José de Alencar, que exalta as 
ações de Martim Afonso de Sousa, é 
Ubirajara. 
C).as comunidades indígenas cearenses 
foram vítimas do processo de 
colonização, em que o território para 
eles consç7titituía-seem valor 
simbólico, através do qual se definia a 
própria identidade. Para os colonos a 
terra era sobretudo um meio de 
produção, não importando o extermínio 
de milhares de nativos, para que o lucro 
fosse atingido. 
 
 
D).diferentemente de Pernambuco e Bahia, 
que promoveram a atividade da 
pecuária, o trabalho indígena não se fez 
presente, de forma relevante, no Ceará, 
haja vista que a exploração do território 
logo se definiu no sentido da empresa 
açucareira, para cujas necessidades o 
escravo africano era mais conveniente. 
 
18.A Bandeira da Cidade de Fortaleza foi 
idealizada por Isaac Correia do Amaral. É 
composta de um campo branco 
sobreposta por uma Cruz de Santo André 
Azul. No Centro encontra-se um brasão 
municipal. De quais plantas são os galhos 
representados no brasão municipal? 
(IMPARH) 
A).algodão e café. 
B).cana-de-açúcar e fumo. 
C).algodão e fumo. 
D).cana-de-açúcar e café. 
 
19.As tentativas iniciais dos portugueses de 
ocupar a capitania do Ceará, na primeira 
metade do século XVII, foram motivadas 
por: 
A).captura de escravos fugidos dos 
engenhos. 
B).busca de novas áreas para expansão da 
lavoura canavieira. 
C).interesse em fundar núcleos urbanos 
para proteger os colonos dos indígenas. 
D).implantação de bases de defesa contra 
as ações de outras potências coloniais. 
 
20.As três vilas mais importantes do Ceará 
no período da Pecuária (1720-1790) eram: 
A).Aracati, Sobral e Icó. 
B).Sobral, Icó e Fortaleza. 
C).Aquiraz, Fortaleza e Icó. 
D).Icó, Aracati e Fortaleza. 
 
21.A cidade cearense que, durante o século 
XVIII, foi o principal porto exportador de 
charque era: 
A).Fortaleza. 
B).Aracati. 
C).Sobral. 
D).Paracuru. 
 
22.Baseado no trecho do hino da cidade de 
Fortaleza, reproduzido abaixo, responda 
qual o contexto da criação da cidade de 
Fortaleza: 
 
“Junto à sombra dos muros do forte 
A pequena semente nasceu. 
Em redor, para a glória do Norte, 
A cidade sorrindo cresceu. 
No esplendor da manhã cristalina, 
Tens as benções dos céus que são teus 
E das ondas que o céu ilumina 
As jangadas te dizem adeus.” 
Letra: Gustavo Barroso / Música: Antônio Gondim. 
A) associado ao ciclo dos fortes no 
território da capitania do Ceará. 
B). resultado da expansão comercial 
marítima espanhola. 
C). a necessidade de ocupar e expandir a 
indústria açucareira. 
D). o resultado da ocupação das terras 
litorâneas associados à cultura do gado 
vacum. 
 
23.Observe os documentos sobre Fortaleza. 
 
Documento I: 
 
 “Em fins de 1810 e primórdios de 1811, 
esteve na pequena vila de Fortaleza o 
viajante anglo-portugues Henry Koster, 
cujo livro Travels in Brazil (...) transmite 
algumas de suas impressões sobre a sede 
da Capitania do Ceará (...): A Fortaleza, de 
onde a Vila recebe a denominação, fica 
sobre uma colina de areia, próxima às 
moradias e consiste num baluarte de areia 
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ou terra, do lado do mar, e uma paliçada, 
enterrada no solo, para o lado da Vila, 
contém quatro peças de canhão, de vários 
calibres, apontadas para muitas direções. 
Notei que a peça de maior força estava 
voltada para a Vila. A que estava montada 
para o mar não tinha calibre suficiente 
para atingir um navio no ancoradouro 
comum. 
 
 (Koster apud Girão, 2000, p.12. In: Antônio Luiz de Macedo Silva e 
Filho, Fortaleza, Imagens da Cidade. Fortaleza, 2004, Museu do 
Ceará, SECULT, p.32-33. 
 
Documento II: 
 Planta da Vila de Fortaleza (1726)Planta da Vila de Fortaleza (1726)
 
Planta da Vila de Fortaleza – 1726 
 
Julgue as assertivas a seguir: 
I.. O texto de Henry Koster (documento I) 
aponta disparidades em relação a planta 
de Fortaleza feita pelo capitão-mor 
Manuel Francês, pois esse mostrou em 
seu desenho uma Vila mais 
desenvolvida do que realmente era. 
II. Ambos os documentos demonstram 
que a Vila de Fortaleza já demonstrava 
um grande crescimento econômico 
oriundo da cotonicultura. 
III. É perceptível no documento II a 
preocupação do capitão-mor em 
demonstrar a grande religiosidade dos 
moradores da Vila. 
IV. No período retratado pelo documento 
II Aracati despontava como grande 
centro pecuarista do Ceará, condição só 
conquistada por Fortaleza na segunda 
metade do século XIX, com a 
cotonicultura. 
 
Estão corretas: 
A).somente I, II e IV estão corretas. 
B).somente II, III e IV estão corretas. 
C).somente I, III e IV estão corretas. 
D).somente III e IV estão corretos. 
 
GABARITO 
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 
 
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 
 
21 22 23 ― ― ― ― ― ― ― 
 ― ― ― ― ― ― ― 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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02 PARTE II 
 
CEARÁ NO CONTEXTO DO PERÍODO 
JOANINO (1808-1821) 
 
O Brasil no início do século XIX era a 
principal base de sustentação econômica da 
Monarquia portuguesa e o Rio de Janeiro era 
a cidade mais populosa e rica do Império 
Luso. Entretanto, em fins do século XVIII e 
início do XIX, já se desenrolavam os 
processos de independência na América, 
devido à crise do colonialismo. Somou-se a 
esses fatos, as disputas pela hegemonia 
política e econômica européia entre Inglaterra 
e França, que culminaram na vinda da família 
real portuguesa para o Brasil, fugindo das 
tropas napoleônicas que haviam imposto o 
Bloqueio Continental aos países do velho 
continente, impedindo-os de comercializarem 
com a Inglaterra. 
Ao romper o bloqueio francês, por causa 
da grande dependência em relação aos 
britânicos, Portugal foi invadido pelas tropas 
napoleônicas. Isso ocasionou a 
transmigração da Corte lusitana para o Brasil 
em fins de 1807 e início de 1808. Ao chegar 
ao Brasil, D. João decreta a abertura dos 
portos, iniciando o processo que culminaria 
na emancipação política do Brasil. 
Ao abrir os portos às nações amigas, D. 
João, rompeu com o exclusivismo comercial 
português sobre a economia brasileira e, com 
isso, os brasileiros puderam comercializar 
diretamente com países europeus. 
Nesse contexto, as cidades portuárias do 
litoral brasileiro se beneficiariam e ganharam 
certa dinâmica comercial. Fortaleza, sede da 
administração local também foi favorecida, 
pois foi a partir de seu porto, que se deu o 
comércio direto com a Inglaterra, fato que 
trouxe para a cidade muitos comerciantes 
estrangeiros. 
A maior parte da produção local era 
exportada pelo porto de Fortaleza, este, o 
único local a estabelecer relações comerciais 
diretas com os britânicos. Mesmo com o 
aumento das atividades comerciais, Fortaleza 
ainda não era o centro econômico local, 
posição ocupada por Aracati. 
 
1. ADMINISTRAÇÃO LOCAL 
 
Com a emancipação de Pernambuco em 
1799, o Ceará passou a possuir gestão 
própria. Mesmo assim, continuaram a existir 
ligações comerciais, culturais e políticas entre 
as duas capitanias. Foi no Seminário de 
Olinda que boa parte da elite local fora 
educada; era pelo porto de Recife que parte 
da produção local era escoada. 
Entre 1799 e 1821 o Ceará foi governado 
por nobres decadentes de Portugal. Dentre os 
cincos portugueses que governaram a 
capitania, destacaram-se Bernardo 
Vasconcelos e o Governador Sampaio. 
Bernardo Vasconcelos comandou a 
capitania entre 1799 e 1802, foi ele o 
responsável pela reforma no Porto do 
Mucuripe (Molhe e Trapiche), buscou romper 
com a pobreza local incentivando cultivos 
diversos como o de arroz e mandioca e 
construiu estradas que escoariam a produção 
local, a partir de Fortaleza. 
Ligado à política de centralização posta 
em prática por Portugal, instalou a Junta da 
Fazenda do Ceará, casas de inspeção na 
capitania (Fortaleza, 1802), reforçou as forças 
militares locais para evitar ataques e repelir a 
influências das idéias revolucionárias que 
vinham da Europa. Após seu governo, o Ceará 
enfrentou uma seca em 1804, que afetou a 
incipiente economia local com a fome e 
doenças derivadas do flagelo. Em suagestão 
percebe-se que a Vila de Fortaleza foi 
beneficiada com obras de infra-estrutura. 
Entre 1812 e 1820 temos a gestão do 
autoritário Manuel Inácio de Sampaio ou, 
como é mais conhecido (Governador 
Sampaio). Nesse período, Sampaio promoveu 
uma série de realizações materiais na cidade 
de Fortaleza. Com o aumento da arrecadação 
devido à cotonicultura. Sampaio trouxe para o 
Ceará o engenheiro Silva Paulet, que elaborou 
o primeiro plano urbanístico da cidade em 
1818. Este plano, em traçado de xadrez, 
serviria para controlar possíveis revoltas. O 
mesmo Paulet projetou a atual 10ª Região 
Militar e o primeiro mercado público local, 
erguido ainda na gestão de Sampaio. 
Sampaio ainda instalou a primeira repartição 
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dos correios local e a alfândega da capital. 
Percebe-se, com isso, que a gestão do 
Governador Sampaio, no campo das 
realizações materiais foi favorável ao 
processo de hegemonia da capital, não com 
esse objetivo, mas no intuito de centralizar a 
administração. Isso fica comprovado com a 
ação do governador na repressão local da 
“Revolução” Pernambucana de 1817. 
Política voltada para promover a 
hegemonia da capital cearense, só se deu 
após a independência, durante a Monarquia e, 
em especial, no Segundo Reinado. 
 
O CEARÁ NA “REVOLUÇÃO” 
PERNAMBUCANA DE 1817 
 
A “Revolução” Pernambucana foi um 
movimento que objetivava a Independência 
do Brasil em relação à Portugal, além da 
Proclamação da República. Mas o que 
ocasionou esse movimento? 
O Nordeste passava por um intenso 
período de transformações, seja no campo 
das idéias, com a expansão das idéias 
iluministas, ou no campo econômico, com a 
ampliação da crise devido à diminuição das 
exportações de vários produtos primários, 
entre eles o algodão. Também podemos 
destacar a seca de 1816-17, que prejudicou o 
setor produtivo de algumas capitanias do 
Nordeste, aumentando a carestia de 
alimentos, o que fez que os preços dos 
produtos básicos para alimentação 
aumentassem sobremaneira. 
Os privilégios que muitos portugueses 
possuíam também foi fator para a revolta, na 
medida em que boa parte dos cargos 
administrativos em Pernambuco, por 
exemplo, era de exclusividade deles. Pode ser 
acrescentado à esse quadro o monopólio 
exercido por portugueses sobre diversos 
segmentos do comércio, além, é claro, dos 
altos impostos cobrados para manter os 
gastos da corte portuguesa que residia no Rio 
de Janeiro. 
O movimento se iniciou em Pernambuco 
no dia 6 de março de 1817, sendo deposto o 
governador Caetano Pinto. Entretanto, as 
dificuldades para que a revolta desse certo 
eram que as diferenças internas fossem 
resolvidas, como a questão sobre a mão-de-
obra escrava, e que ocorresse a adesão de 
outras capitanias, como a do Ceará. 
A participação cearense era vista como 
muito importante pelo fato dessa capitania 
estar geograficamente numa localização 
estratégica, pois dela as idéias 
revolucionárias poderiam ser levadas para 
outras localidades como Maranhão, Piauí e 
Pará. Outro fator que ampliava a sua 
importância era a grande capacidade de 
fornecer alimentos e homens para as tropas, 
porém a participação cearense não foi tão 
ampla como se esperava, pois se deu de 
forma localizada, região do Cariri, e familiar, 
com os alencares (D. Bárbara de Alencar, 
Tristão Gonçalves e José Martiniano de 
Alencar). 
Mas por que o Ceará não participou mais 
ativamente da Insurreição Pernambucana? 
Primeiro, devido boa parte da elite cearense 
era composta por portugueses, que preferiam 
que o Brasil não ficasse independente. 
Segundo, havia um temor, por parte das elites, 
que a revolta saísse do seu controle, pois as 
camadas populares poderiam por em risco os 
seus privilégios. E por fim, e não menos 
importante, no período em que a “Revolução” 
Pernambucana se iniciou o governador do 
Ceará era Inácio Sampaio, mais conhecido 
como Governador Sampaio, homem fiel à 
corte portuguesa, que não mediu esforços 
para reprimir qualquer foco de adesão ao 
movimento pernambucano. 
Na região do Cariri a família Alencar 
buscou o apoio do capitão-mor do Crato, 
Pereira Filgueiras, que inicialmente se 
mostrava neutro acerca dos acontecimentos, 
mas que ao perceber que essa revolta seria 
derrotada se alinhou ao Governador Sampaio. 
Aumentado ainda mais as dificuldades para o 
sucesso da revolta em terras cearenses 
podemos destacar o grande empecilho que 
era a família Bezerra de Menezes, 
encabeçada pelo tenente-coronel Leandro 
Monteiro, que era fiel à Coroa Lusa. Dessa 
forma os revoltosos cearenses foram 
derrotados num curto espaço de tempo. 
Durante alguns meses alguns líderes dos 
revoltosos cearenses ficaram presos, sendo 
futuramente seriam levados à julgamento, 
porém com a Revolta Liberal do Porto, de 
1820, eles foram anistiados (perdoados). 
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É de muita importância perceber que a 
revolta foi derrotada, mas ela possuiu causas, 
que não foram solucionadas, e que mais cedo 
ou mais tarde voltaram à tona. Dessa forma, 
futuramente poderia ocorrer outro movimento 
de rebeldia, e ocorreu, a Confederação do 
Equador. 
 
Obs.: Revolução é quando ocorrem 
transformações drásticas numa localidade, 
quando os interesses do povo prevalecem. Já 
o que ocorreu em 1817 pode ser mais 
caracterizado como uma Insurreição, pois as 
elites não tinham como objetivo central a 
implementação de reformas amplas para 
beneficiar as classes baixas, como pobres e 
escravos. 
 
Obs.: Foi durante o governo de Inácio 
Sampaio que Silva Paulet foi trazido para o 
Ceará, sendo de sua autoria o projeto de 
reforma do forte que atualmente é utilizado 
pela 10ª Região Militar e também a primeira 
planta que estabelece o formato xadrez a ser 
aplicado na capital cearense. 
 
Obs.: É propagada de forma falsa que a 
senhora D. Bárbara de Alencar focou detida 
numa pequena cela na Fortaleza de Nossa 
Senhora de Assunção. Ora, é bem verdade 
que ela ficou detida por algum tempo aqui em 
Fortaleza, mas depois foi transferida para 
uma prisão domiciliar. 
 
O CEARÁ NA CONFEDERAÇÃO 
DO EQUADOR – 1824 
 
Em 1822, o Brasil se tornou uma nação 
independente sendo seu governante D. Pedro 
I. Diferentemente de inúmeras outras nações 
sul-americanas, o Brasil não adotou a forma 
Republicana de governo, mas sim deu 
continuidade a forma Monárquica. Como se 
vê o “Brasil mudou sem mudar”. 
Em 1823 foi reunida a Assembléia 
Constituinte brasileira composta por 90 
deputados que representavam as elites das 
diversas províncias, sendo José Martiniano 
de Alencar (pai do escritor de mesmo nome) 
o representante cearense. Durante as 
reuniões ficou perceptível a tentativa por 
parte dos constituintes que a futura 
Constituição brasileira pudesse limitar o 
poder do Imperador, além de manter os 
privilégios das classes dominantes 
brasileiras. Entretanto, D. Pedro I não aceitou 
tais medidas, fechando a Constituinte, sendo 
muitos deputados exilados, outros presos, e a 
outra parte retornando para casa, a exemplo 
de José Martiniano de Alencar. 
Outro fator agravante das relações entre 
muitas elites das províncias e o Imperador foi 
a Constituição outorgada de 1824 que 
estabelecia: 
 
 
 
• A divisão do poder em quarto partes: 
Executivo, Legislativo, Judiciário e 
Moderador, sendo esse último de 
exclusividade do Imperador e estando 
acima dos demais. 
• Monarquia hereditária (passando de pai 
para filho). 
• Voto censitário (só poderia votar quem 
possuísse uma considerável renda). 
• O país foi dividido em províncias, sendo o 
presidente (mesmo que Governador) de 
cada uma delas era escolhido diretamente 
pelo Imperador. 
 
O que ampliou mais ainda 
descontentamento por parte de inúmeras 
províncias do nordeste foi a forma autoritária 
com que D. Pedro I tratava os problemas 
dessa região. Vale lembrar que as causas da 
Insurreição Pernambucana de 1817 ainda 
perduravam, pois as idéiasiluministas 
ganhavam cada vez mais espaço entre as 
classes médias, o setor açucareiro ainda 
passava por uma intensa crise e o descaso 
para com a população mais carente era 
facilmente observado. 
O estopim para a eclosão da revolta se 
deu quando D. Pedro I depôs o presidente de 
Pernambuco, Paes de Andrade. Ele, com um 
grande apoio de vários setores, proclamou 
em 2 de Julho de 1824 a Confederação do 
Equador, movimento de cunho separatista e 
republicano, que objetivou formar um novo 
país tendo como membros integrantes 
algumas províncias do Nordeste brasileiro, 
como Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará. 
Esse novo país adotaria provisoriamente a 
Constituição da Grã-Colômbia. 
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Bandeira da Confederação do Equador 
 
Entre os líderes de grande destaque em 
Pernambuco podemos destacar Paes de 
Andrade, Cipriano Barata e Joaquim do Amor 
Divino, mais conhecido como Frei Caneca. 
O Império brasileiro fez uma forte 
repressão sob o comando de Francisco de 
Lima e Silva (pai do futuro Duque de Caxias), 
e utilizando inclusive serviços de experientes 
militares estrangeiros como o Lord Cochrane. 
Um dos maiores problemas internos a 
Confederação do Equador em Pernambuco 
era a discussão acerca da mão-de-obra 
escrava, na medida em que boa parte dos 
setores populares exigiam o seu fim, já 
muitos membros da elite queriam a sua 
continuidade. Assim, é perceptível que a 
discórdia também envolvia outros assuntos. 
Dessa forma, o possível perceber que os 
conflitos internos fragilizaram muito o 
movimento. 
Outro ponto importante para a análise era 
o poderio militar do Império, que era 
claramente superior ao dos revoltos, e assim 
as tropas de D. Pedro I obtiveram a vitória 
sendo Recife invadida em setembro de 1824. 
 
 
 
O julgamento dos lideres da 
Confederação do Equador foi implacável, se é 
que se pode chamar o que ocorreu de 
julgamento, pois, sem sombra de dúvida, D. 
Pedro I queria uma punição exemplar. Por 
exemplo, o frei Caneca foi condenado à força, 
porém sendo mudada a condenação para o 
fuzilamento. 
A notícia da dissolução da Assembléia 
Constituinte não foi bem recebida pelo grupo 
político cearense dos Liberais, que via tal 
atitude, no mínimo como desrespeitosa, pois 
desejavam uma maior autonomia para a 
província, fato que não era bem visto por D. 
Pedro I e pelo grupo dos Absolutistas, que 
preferiam um governo forte e centralizado 
nas mãos do Imperador. 
A vinculação histórica com Pernambuco, 
a crise econômica e o autoritarismo do 
Imperador estão entre os fatores que levaram 
o Ceará a aderir à Confederação do Equador. 
Em agosto de 1824 houve uma grande 
reunião em Fortaleza cujos participantes 
representavam as mais diversas localidades 
do Ceará que debateram sobre os mais 
diversos temas, além de elegerem Tristão 
Gonçalves como presidente do Grande 
Conselho. 
Enquanto as forças rebeldes eram 
organizadas no Ceará, as tropas do 
Imperador invadiam Recife, entretanto, 
mesmo com a derrota do movimento da 
Confederação do Equador em Pernambuco, a 
resistência cearense prosseguiu, inclusive 
Aracati, por alguns dias, se tornou capital da 
Confederação. 
As batalhas em terras cearense eram 
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cada vez mais amplas, pois além das tropas 
imperiais que se dirigiam para essa província, 
também existiam os absolutistas que aqui 
residiam e muitos deles eram homens de 
posses e assim possuindo verdadeiras 
milícias a seu dispor. 
Muitas batalhas ocorreram na região do 
Cariri, a exemplo da comandada por Pereira 
Filgueiras e José Martiniano de Alencar 
contra os absolutistas em Jardim. Já Tristão 
Gonçalves se dirige com suas tropas para a 
região de Aracati para reconquistá-la, e 
obteve êxito. O seu próximo passo era se 
dirigir para a região do Cariri onde uniria 
forças com Pereira Filgueiras, porém durante 
o longo percurso muitas batalhas ele 
enfrentou, e numa delas foi derrotado. Foi na 
fazenda Santa Rosa, onde até bem pouco 
tempo atrás existia a cidade de Jaguaribara, 
que Tristão foi morto e como humilhação as 
tropas dos absolutistas ou corcundas 
deixaram o seu corpo ao relento, sendo 
enterrado dias depois. 
Pereira Filgueiras se entregou às tropas 
do governo e José Martiniano de Alencar foi 
preso na Bahia. 
Outros líderes da Confederação do 
Equador receberam pena capital, ou seja, 
foram condenados à morte, foram eles: 
 
• Padre Mororó; 
• João de Andrade Pessoa Anta; 
• Francisco Miguel Pereira Ibiapina; 
• Luís Inácio de Azevedo Bolão; 
• João de Andrade Pessoa Anta. 
 
Eles foram fuzilados no campo do paiol 
da pólvora, futuramente chamado de Praça 
dos Mártires, sendo futuramente o nome 
mudado para Passeio Público de Fortaleza. 
Hoje, podemos observar que existe uma 
grande árvore naquele local, um baobá, que 
foi plantado em homenagem aos mártires 
(heróis) da Confederação do Equador. 
 
Obs.: A denominação capitania é utilizada 
para o período Colonial (1531-1822); já 
província é para o Período Imperial (1822-
1889) e por fim estado para o período 
Republicano (1889-...). Ex: O Ceará colônia era 
chamado de capitania, já no período Imperial 
era chamado de província. 
 
Obs.: Inácio de Loiola de Albuquerque Melo, 
mais conhecido como Padre Mororó, foi um 
dos homens mais atuantes na Confederação 
do Equador, não na frente de batalha 
convencional, mas sim no campo de batalha 
da intelectualidade, servindo como valioso 
instrumento para a Revolução, inclusive 
estando a frente da elaboração do jornal, o 
Diário do Governo do Ceará. Padre Mororó, da 
mesma forma que inúmeros outros religiosos 
formados no Seminário de Olinda, possuiu 
uma formação fortemente influenciada pelas 
idéias iluministas, sendo preparado não 
apenas para os assuntos religiosos, como 
também para assuntos do mundo. Sua vida 
foi retirada no local hoje conhecido como 
Passeio Público de Fortaleza. 
FORTALEZA: O PROCESSO DE HEGEMONIA 
 
No período posterior à independência, as 
capitais provinciais do país passaram a 
exercer uma importância crescente na 
organização do Estado Nacional brasileiro. 
Com as funções de coletar e exportar a 
produção local, ser o centro da arrecadação 
dos impostos e da repressão, Fortaleza 
caminha rumo a hegemonia política e 
econômica local. 
Em 1823, a Vila de Fortaleza foi elevada à 
condição política de cidade, fato que lhe 
conferia mais prestígio e poder. Porém, 
mesmo com a mudança do status político, a 
cidade ainda permanece com o seu fraco 
desenvolvimento econômico, agravado, 
naquele momento, pela crise da cotonicultura, 
secas e com a participação local na 
Confederação do Equador. 
 
Obs.: Lembre-se que foi a partir do advento 
da cotonicultura no séc. XVIII, que Fortaleza 
começou a se desenvolver economicamente. 
 
Obs.: Com a eclosão da Confederação do 
Equador, a produção local foi desorganizada 
e gastou-se os poucos recursos com a 
repressão. Fortaleza aderiu ao movimento 
devido à impossibilidade de resistir, porém, 
foi a partir da capital que se deu à repressão 
local do movimento. 
 
Com o fim do Primeiro Reinado e com o 
início da Regência, Fortaleza passou por uma 
série de reformas infra-estruturais que 
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iniciaram a fase final do seu processo de 
hegemonia sobre as demais cidades 
cearenses. 
Esse processo se deu, principalmente, a 
partir da gestão “progressista” de José 
Martiniano de Alencar (1834-37), na qual 
inúmeras reformas foram realizadas para 
dotar a capital de condições básicas para 
exercer a função de coletora e exportadora 
dos bens locais. As principais obras 
atribuídas a Alencar que favoreceram a 
capital foram: 
 
• Construção de estradas que ligavam a 
capital às principais áreas produtoras 
locais; 
• Construção de pontes; 
• Inaugurou a iluminação pública em 
algumas ruas da capital; 
• Construção de cacimbas e chafarizes.Essas reformas ajudaram Fortaleza a se 
consolidar como centro político e econômico 
da província durante o Segundo Reinado. 
 
Hegemonia se consolida 
 
Durante o período Regencial ocorreram 
inúmeros levantes em várias partes do país 
que ocasionou enormes instabilidades 
políticas. Muitos desses levantes se deram 
devido à descentralização que ocorreu entre 
1831 e 1834. 
Após 1837, com o avanço dos 
Regressistas, começa a ocorrer um processo 
de centralização a partir do Rio de Janeiro, 
que visava garantir o controle e a unidade 
nacional, tendo como centro irradiador do 
poder a então capital imperial. Em reação a 
esse avanço Regressista, o grupo dos 
Progressistas promoveu o golpe da 
maioridade em 1840, adiantando a posse do 
imperador D. Pedro II. 
Ao se iniciar o Segundo Reinado, com o 
golpe de 1840, começa a se efetivar a política 
centralizadora, a partir das capitais 
provinciais, que visava à consolidação do 
Estado Nacional brasileiro. 
 
Obs.: Lembre-se que aqui, o processo se 
intensificou, posto que já havia começado no 
Primeiro Reinado. 
 
As capitais do país sofreram inúmeras 
transformações para poderem se adaptar as 
exigências centralizadoras do Império. 
Fortaleza, por ser a capital local, se beneficiou 
diretamente com essa política, pois seria o 
foco principal de onde se emanaria a 
autoridade monárquica na província. Era de 
Fortaleza que saíam as mais importantes 
decisões políticas locais. Porém, Fortaleza 
ainda não era o centro da economia local. 
Para que a política centralizadora do 
império pudesse se consolidar em Fortaleza, 
era preciso que ela se firmasse como centro 
coletor e exportador dos produtos locais, 
concentrando, assim, a arrecadação dos 
impostos. Nesse sentido, foram tomadas 
umas séries de medidas para tornar Fortaleza 
o centro da arrecadação local. Veja algumas 
medidas importantes adotadas pelo Império 
para favorecer a capital: 
 
• Abriu novas estradas ligando a capital ao 
interior onde se produziam os bens locais 
que eram exportados pelo Porto do 
Mucuripe; 
• Reforma no Porto do Mucuripe; 
• Fechamento da alfândega de Aracati, em 
1851, o que deu a Fortaleza o monopólio 
do comércio exportador; 
• Construção de ferrovias para escoar a 
produção local (maior exemplo foi a EFB-
1870, que ligaria Fortaleza às regiões 
produtoras de café e algodão). 
 
Apesar de a política centralizadora do 
império ser considerada uma das razões 
básicas para a hegemonia de Fortaleza, ela 
não foi à única a colaborar para tal 
hegemonia. 
O processo de hegemonização política e 
econômica em Fortaleza tem a ver, também, 
com a política e economia internacional e 
com a própria geografia da cidade. 
Em meados do século XIX, houve uma 
grande expansão da cotonicultura local, 
devido a Guerra Civil americana (1861-65), 
que desorganizou a produção algodoeira de 
lá e favoreceu a emergência de outros 
produtores de algodão como o Ceará. 
Também houve um avanço na pecuária e o 
advento de um novo produto na economia 
local: o café, produzido, principalmente, em 
regiões serranas como Maranguape e 
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Baturité. 
Todo esse quadro de relativa 
prosperidade econômica beneficiou a capital 
na medida em que, era pelo Porto do 
Mucuripe que eram exportados esses 
produtos. A cidade ganhava dinâmica 
comercial. Além disso, ainda ficava próxima 
das regiões que produziam os principais 
produtos locais, como o algodão (Itapipoca, 
Caucaia, Meruoca e Uruburetama) e o café 
(Baturité e Maranguape). 
A proximidade reduzia os custos com o 
transporte e, consequentemente, favorecia 
Fortaleza. Vale lembrar, que o couro era outro 
produto que gerava certa renda e que era 
exportado pelo porto de Fortaleza. 
Com tudo isso, Fortaleza chega em 
meados do século XIX como principal centro 
político e econômico da província, com a 
função de tomar e repassar as decisões 
políticas do Império referentes ao Ceará e de 
coletar e exportar os produtos locais. Daí em 
diante, não perderia mais o posto de cidade 
hegemônica. 
 
FORTALEZA BELLE ÉPOQUE (1860-1930) 
 
1. CONTEXTO INTERNACIONAL: 
 
O século XIX pode ser considerado um 
dos momentos fundadores do mundo 
Contemporâneo. Foi o século do Liberalismo, 
da criatividade humana, da consolidação do 
Capitalismo e da burguesia com seus valores 
como hegemônicos, da expansão das ideias 
filosóficas e científicas que tinham como 
cerne a Europa. 
O século XIX pode mesmo ser 
considerado “um século europeu”; que 
marcou o início do processo de 
mundialização da economia, que hoje 
conhecemos por globalização. Os capitais e 
capitalistas europeus se expandiram por 
várias partes do mundo e, interligando-as a 
partir das inovações advindas com a segunda 
etapa da Revolução Industrial, puderam 
exercer a sua influência cultural, política e 
econômica nas diversas partes do globo. 
Toda essa influência europeia se refletiu 
na produção filosófica e científica com a 
disseminação das ideias cientificistas 
(evolução das espécies de Charles Darwin), 
da Filosofia Positivista de Comte e das ideias 
racistas de Herbert Spencer, com a 
adaptação da teoria de Darwin para as 
ciências humanas (darwinismo social). Todas 
essas ideias tinham origem na Europa, na 
época, o modelo a ser seguido de “civilização 
e progresso”. 
No Brasil essas ideias e padrões culturais 
europeus chagavam constantemente e 
influenciavam as elites que queriam seguir os 
valores europeus, principalmente na segunda 
metade do século dando início ao período que 
ficou conhecido como Belle Époque (belos 
tempos). A própria expressão, de origem 
francesa, já mostra as dimensões da 
influência europeia na cultura brasílica. 
 
 
2. DEFINIÇÃO DO TERMO BELLE ÉPOQUE: 
 
Expressão utilizada pelos historiadores 
para designar o conjunto de transformações 
culturais, sociais, políticas, econômicas e 
infra-estruturais que ocorreram em Fortaleza 
entre as décadas de 1860 e 1920 de acordo 
com os padrões culturais europeus. A 
expressão vem em francês devido a forte 
influência cultural daquele país no mundo 
ocidental do século XIX, o que não quer dizer 
que a França era o único país a influenciar a 
sociedade local. Em termos econômicos, a 
influência inglesa era muito mais forte que à 
francesa. 
 
Obs.: A Belle Époque ocorreu em várias 
cidades do Brasil como Rio de Janeiro, São 
Paulo, Manaus e Florianópolis. Ou seja, não 
foi um fenômeno restrito à Fortaleza. 
 
3. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS DE 
FORTALEZA NA SEGUNDA METADE DO 
SÉCULO XIX: 
 
A Fortaleza da segunda metade do 
século XIX já estava consolidada como centro 
hegemônico na economia da Província 
cearense. Era por seu porto que saíam os 
principais produtos da economia cearense 
(algodão, café, ceras e óleos vegetais) e era 
nela que se desenvolviam as principais 
atividades comerciais locais e internacionais. 
A partir da Guerra Civil Americana (1861-64), 
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que colocou mais uma vez a cotonicultura 
cearense em evidência no mercado 
internacional, tivemos um crescimento 
econômico acelerado que possibilitou a 
formação de setores médios urbanos 
letrados, as posteriores transformações 
estruturais na cidade e os contatos culturais 
com os diversos estrangeiros que vieram 
para a capital alencarina investir os seus 
recursos, como foi o caso dos Boris Fréres e 
dos Ellery. 
Com a recuperação da economia 
estadunidense a cotonicultura local entra em 
crise, reduzindo as rendas dos capitalistas 
locais e fazendo surgir as primeiras indústrias 
em Fortaleza, como foi o caso da Fábrica 
Têxtil Progresso na década de 1880. Nas 
últimas décadas do século, Fortaleza foi 
assolada por secas e por uma série de 
doenças que ocasionaram um certo marasmo 
econômico, fato que não impediu a 
ocorrência de transformações estruturais na 
urbe. 
 
4. REFORMA URBANA E CONTROLE SOCIAL: 
 
A série de reformas a que foi submetida 
Fortaleza nas últimas décadasdo século XIX 
e início do XX esteve relacionada às ideias em 
voga na Europa, em especial, ao “saber 
médico social”. Essas reformas visavam o 
controle, a higienização e disciplinarização 
social das classes subalternas da capital. 
Além dessas motivações sócio-políticas, 
também esteve presente o ideal de 
aformoseamento, ou seja, buscava-se 
embelezar a capital alencarina. Todas essas 
reformas infra-estruturais traziam implícitos 
os padrões de civilização e progresso que 
fundamentaram ideologicamente as 
principais deliberações políticas no Brasil e 
no Mundo em fins do XIX. 
 
Obs.: O saber médico social colocado em 
prática na Fortaleza da segunda metade do 
XIX era inspirado na medicina urbana 
francesa, que se fundamentava na idéia de 
manter corpos e mentes sadias para uma 
maior produção e a consequente valorização 
do trabalho para se alcançar o progresso e a 
riqueza (uma bio-política segundo Foucalt). 
 
4.1. As Primeiras reformas: 
 
Apesar de a Belle Époque ter como 
momento marcante de seu início a década de 
1860, foi na década anterior que começou a 
ser feita a primeira mudança estrutural na 
capital com a construção do Lazareto da 
Lagoa Funda em 1856, dando o pontapé 
inicial para as demais transformações 
estruturais que marcaram a capital alencarina 
entre as décadas de 1860 e 1920. 
Como as reformas foram inúmeras, 
destacaremos as que obtiveram maior 
destaque e que simbolizaram de alguma 
forma a Belle Époque em Fortaleza. Sendo 
assim, temos: 
 
Quadro do aparato urbano de Fortaleza 
 
• 1845 – Liceu do Ceará; 
• 1846 – Farol do Mucuripe; 
• 1856 – Lazareto da Lagoa Funda em 1856; 
• 1857 – Calçamentos; 
• 1861 – Santa Casa de Misericórdia; 
• 1865 – Biblioteca Pública; 
• 1867 – Canalização de água Potável (Ceará Water 
Company); 
• 1867 – Biblioteca Pública; 
• 1867 – Canalização de água potável em 1867 e em 1927 a 
inauguração do sistema de abastecimento de 
água e esgoto; 
• 1870 – Década em que foi reformado o Porto do 
Mucuripe; 
• 1873 – Estrada de Ferro Fortaleza-Baturité; 
• 1873 – Construção da Estação Ferroviária Professor João 
Felipe; 
• 1875 – Novo Plano Urbanístico de Adolfo Herbster em 
1875; 
• 1880 – Companhia de Bondes; 
• 1880 – Construção do Passeio Público; 
• 1880 – Passeio Público; 
• 1881 – Telégrafo; 
• 1883 – Telefone; 
• 1886 – Iluminação a gás carbônico; 
• 1886 – Linhas de Navios a vapor para Europa e Rio de 
Janeiro; 
• 1886 – Asilo São Vicente de Paulo; 
• 1897 – Mercado de Ferro; 
• 1902 – Reforma nas principais praças da capital; 
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• 1910 – Teatro José de Alencar; 
• 1913 – Instituto de Proteção a Infância; 
• 1914 – Energia Elétrica; 
• 1917 – Cine Majestic; 
• 1922 – Cine Moderno. 
 
Das reformas citadas acima, algumas 
merecem destaque e comentários 
específicos devido aos seus significados e 
motivações. Seguindo as diretrizes do saber 
médico social tivemos as construções do 
Lazareto, Santa Casa e o cemitério São João 
Batista, em lugar afastado do núcleo central 
da cidade na época. Vejamos, o Lazareto foi 
construído com o intuito de isolar os leprosos 
em lugar específico para evitar o contágio das 
doenças mais perigosas; a santa Casa veio 
com a finalidade de prestar assistência 
imediata aos que padeciam de enfermidades 
menos graves; o São João Batista para evitar 
a propagação de doenças ocasionadas pelo 
contato com os cadáveres em degeneração, 
pois na época principal cemitério era o São 
Casemiro, que se localizava onde fica a atual 
Estação João Felipe, ou seja, bem no 
perímetro central ocasionado várias doenças. 
A idéia era achar o foco da doença e erradicá-
lo. 
Inspirada nas reformas efetuadas em 
Paris pelo Barão de Haussmam na década de 
1850, seguindo as diretrizes higienistas e 
buscando disciplinar o crescimento urbano 
da capital, Adolfo Herbster elaborou a sua 
Planta Topográfica da Cidade da Fortaleza e 
Subúrbios (1875) com traçado em formato de 
xadrez, ampliando a elaborada pioneiramente 
na capital cearense por Silva Paulet em 1818. 
A planta acrescentava três grandes 
logradouros à original de Paulet (atuais 
Duque de Caxias, Dom Manuel e Imperador), 
visando escoar com maior facilidade o 
trânsito da cidade, que crescia 
constantemente, e, com seu perfil ortogonal, 
possibilitar o controle de eventuais revoltas 
contra o poder instituído. Afinal, com ruas 
retas e convergentes é bem mais simples 
para o poder público cercear possíveis 
levantes populares, o que por sua vez não 
significa, obrigatoriamente, o sucesso na 
repressão (em 1912 os populares de 
Fortaleza depuseram Accioly mesmo com a 
nova Planta). Além dessas finalidades sócio-
políticas é relevante salientar que a mesma 
buscava ampliar a circulação do ar pela urbe 
para evitar a propagação de endemias como 
a Tuberculose, uma das principais doenças 
que afligiram a Fortaleza das primeiras 
décadas do século XX. 
 
 
 
A construção da EFB e as reformas no 
Porto do Mucuripe visavam dotar a capital de 
infra-estrutura básica para as transações 
comerciais locais e internacionais. A EFB 
escoava para Fortaleza a maior parte dos 
produtos da economia cearense e o Porto 
exportava-os para várias partes do mundo e 
importava as mercadorias estrangeiras, 
possibilitando contatos culturais com outros 
povos, fato que se refletiu no comportamento 
da elite fortalezense com o seu 
afrancesamento. 
Com as reformas no Passeio Público, e a 
construção do Teatro José de Alencar, 
percebe-se o interesse das elites em colocar 
Fortaleza de acordo com os ideais de 
civilização e progresso com a construção de 
espaços conspícuos de sociabilidade, 
controle e diferenciação social como nos 
informa o historiador Antônio Luiz com os 
significados do Passeio Público: 
“Embora destinado ao lazer, o Passeio 
mantinha normas que disciplinavam seus 
freqüentadores, como a exigência de belos 
trajes e boas maneiras. Sua própria 
constituição espacial significa um 
permanente exercício de discriminação 
simbólica, pois as diferentes classes sociais 
ocupavam planos separados do jardim”. 
 
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(Antônio Luiz Macedo e Silva Filho. Fortaleza: Imagens da 
cidade. Fortaleza: Museu do Ceará, SECULT, 2004, p.97). 
 
Passeio Público de Fortaleza - 
 
Passeio Público de Fortaleza – 1909 
 
No caso do Teatro José de Alencar, 
historiador Sebastião da Ponte ressalta os 
seus significados: 
 
“(...) em 1910, surgiu na reformada Praça 
Marquês de Herval [hoje José de 
Alencar], a maior obra arquitetônica de 
Fortaleza até o presente e densa de 
significados artísticos e culturais para a 
Capital: o Theatro José de Alencar. De 
pronto considerado um dos mais belos 
do País, o teatro mereceu entusiástico 
comentários que o apontavam como 
fator decisivo para a constituição de uma 
ordem civilizatória na cidade (...)”. 
 
(Sebastião Rogério da Ponte. Fortaleza Belle Époque: reformas 
urbanas e controle social (1860-1930) – 3ª ed. Ed. Demócrito 
Rocha, 2001, p.42). 
 
A opinião dos historiadores nos mostra a 
dimensão dessas reformas no cotidiano e na 
propaganda da capital fora do Ceará. O 
Passeio Público, dividido em três planos, 
consagrava a segregação social típica de 
uma sociedade capitalista ou em processo de 
transição para o mesmo, como era o caso da 
Fortaleza do período. O teatro vinha 
consagrar a capital alencarina como cidade 
civilizada e marcada pelo progresso. 
Construído em estilo arquitetônico eclético, 
com frontispício em art-noveu, o teatro 
possuía uma clara influência européia em sua 
constituição física, o que por vez, refletia o 
afrancesamento da elite local. 
 
5. O AFRANCESAMENTO DA ELITE 
FORTALEZENSE E A RESISTÊNCIA DOS 
POPULARES: 
 
As décadas que marcaram a Belle 
Époque em Fortaleza, trouxeram 
transformações que extrapolaram o estrutural 
e alcançaram dimensões culturais, 
enraizando costumes e práticas tipicamente 
européias na sociedadelocal. Era a época do 
mercibocu, mad mouselle e wi, dentre tantas 
outras expressões em francês. Essa 
influência francesa também se deu na 
Filosofia, com as idéias Positivistas de 
Comte; na Literatura com a admiração por 
poetas franceses como Victor Hugo e 
Baudellére. A indumentária (vestimenta) 
também seguia a mesma linha. As roupas em 
estilo europeu estavam presentes no dia a dia 
da elite local, que se apresentava com 
vestimentas ditas chiques e na moda (criação 
da indústria capitalista do século XIX). Essa 
situação gerava um quadro extremamente 
cômico, posto que as roupas européias eram 
longas e com várias camadas de tecidos que 
se sobrepunham, ou seja, projetadas para o 
frio do velho continente. No calor da Terra do 
Sol, as elites esbanjavam toda a sua 
elegância e espírito esnobe para com o 
restante da população, posto que o 
afrancesamento foi muito mais uma 
característica da burguesia local do que um 
fenômeno geral na cidade. Chegamos a essa 
conclusão porque as classes subalternas não 
possuíam recursos nem para se alimentarem 
corretamente, quiçá para comprar roupas 
chiques. Porém, isso não exclui os efeitos do 
afrancesamento nas classes populares, só 
não se pode exagerar e generalizá-lo. 
Um bom exemplo para comprovar essa 
situação exposta acima é o depoimento de 
Bem-Bem Garapeira, um fortalezense 
vendedor de garapa que viajou para Paris em 
busca de conhecer a famosa cidade que 
inspirava muitos de seus conterrâneos, e que 
é citado no livro Fortaleza Belle Époque do 
historiador Sebastião da Ponte: 
“Bembém foi e voltou rapidamente. 
Lamentava apenas ter ido tarde, não podendo 
assistir à decapitação de Maria Antonieta... 
‘Aquilo é que era cidade! Dizia entusiasmado 
– No hotel onde me hospedei fui obrigado a 
escrever meu nome. Como a língua era outra, 
Daniel Kildary de Menezes Souza
danielkildary@gmail.com
043.939.413-90
 
escrevi: Bien Bien e, mais embaixo: Garapière. 
E completava: Olhe, lá eu só andava com um 
homem chamado Cicerone, que sabia 
português como eu. Terra adiantada aquela: 
todo mundo falando francês, até mesmo os 
carregadores chapeados, as mulheres do 
povo e as crianças! Bembém não se cansava 
de falar da França e completava declarando 
que lá, a única palavra que ouvira em 
português fora mercibocu... A conselho de 
um intelectual perverso mandou imprimir um 
cartão para distribuir com amigos e 
fregueses: Bien-Bien–Garapière – 
Fortaleza/Ceará”. 
 
(Otacílio Azevedo. Fortaleza Descalça. In: Sebastião Rogério da 
Ponte. op. cit. p.145) 
 
5.1. Os tipos populares: 
 
Entre as diversas análises que existem a 
respeito da cultura brasileira destaca-se, 
dentre outras, a de Sérgio Buarque de 
Holanda que informa: “Já se disse, numa 
expressão feliz, que a contribuição brasileira 
para a civilização será de cordialidade – 
daremos ao mundo o ‘homem cordial’. A 
lhaneza no trato, a hospitalidade, a 
generosidade, virtudes tão gabadas por 
estrangeiros que nos visitam, representam, 
com efeito, um traço definido do caráter 
brasileiro (...)”. 
 
(Sérgio Buarque de Hollanda. Raízes do Brasil – 26ª ed. São 
Paulo: Cia. Das Letras, 1995, p.146.) 
 
Concordamos com o autor no que se 
refere às relações pessoais e a afetividade 
como traço característico da cultura nacional, 
porém, o brasileiro, quando sufocado até os 
seus limites, reage de formas diferenciadas. 
Temos exemplos de revoltas, greves, 
movimentos religiosos etc. 
Dentre as formas de resistência que se 
destacaram na Fortaleza no período de Belle 
Époque temos o humor. O riso se tornou 
umas das principais formas de reagir ao 
afrancesamento e aos males da sociedade 
local. É da irreverência dos diversos tipos 
populares que existiram em Fortaleza nessa 
época que vem o epíteto “Ceará Moleque”. 
Para designar a sátira, o hilário, o cômico que 
eram uma constante na capital alencarina de 
fins do XIX e início do XX criou-se esse 
epíteto que desagradava à elite local, que se 
pretendia civilizada e moderna. 
Foram vários os tipos populares que 
alegravam a capital cearense nesse período 
com suas roupas esfarrapadas, suas sátiras, 
esquisitices, distúrbios mentais, manias 
peculiares e aparência física. O historiador 
Sebastião da Ponte informa que: “Os ‘tipos 
populares’, como ficaram conhecidos, eram, 
em geral, pessoas pobres, desocupados ou 
sem trabalho fixo, de origem e domicílio 
incertos. Como os demais despossuídos que 
abundavam pelas ruas, eram depauperados e 
maltrapilhos”. 
 
(Sebastião Rogério da Ponte. op. cit. p.177) 
 
Entre os vários que se destacaram na 
cidade da época tivemos o Casaca de Urubu, 
que lutara em Canudos; o De Rancho, que 
usava uma carabina sem funcionalidade para 
“atirar” nas pessoas; o Pilombeta, que “odiava 
a palavra trabalho”, o Tostão, que fora 
quimoeiro e vários outros. Todos, com suas 
manias e esquisitices, se utilizaram do riso 
como uma forma de resistência para 
amenizar os males do dia a dia. Porém, além 
de pessoas, tivemos o famoso bode Yôyô, 
com destaque especial. Trazido por um 
retirante para Fortaleza no contexto da seca 
de 1915 o bode fez parte do cotidiano dos 
fortalezenses até 1931, quando faleceu e foi 
embalsamado pela firma que era a sua 
proprietária. O humor e sátira eram tão fortes 
nos populares de Fortaleza, que os mesmos, 
no início do século XX, chegaram a vaiar o sol 
na Praça do Ferreira (centro do “Ceará 
Moleque”) porque o astro já não dava o ar da 
graça há uma semana. 
 
6. AS CONTRADIÇÕES SOCIAIS – O FEIO NA 
BELLE ÉPOQUE: 
 
Nem tudo foi belo e alegre na Belle 
Époque como pretendiam as elites burguesas 
locais. As secas, as doenças e o descaso das 
autoridades públicas para com os pobres 
ofuscaram a aureola dos belos tempos. 
Mesmo com a aplicação constante do 
saber médico social nas obras estruturais da 
capital cearense, as endemias continuavam a 
ocorrer constantemente. Só para citar alguns 
Daniel Kildary de Menezes Souza
danielkildary@gmail.com
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exemplos temos: entre 1862-64 ocorreu uma 
forte epidemia de cólera morbus; no contexto 
da seca de 1877-79 aproximadamente 50 mil 
pessoas padeceram de fome, varíola etc; em 
1900, mais uma seca que espalhou o 
espectro da varíola; a tuberculose matou 
inúmeros e até mesmo a Peste Negra (Peste 
Bubônica) marcou presença naquele contexto 
lúgubre (1900 e em 1920). 
Para a compreensão desses momentos 
de aflição generalizada é preciso que se 
destaque a relação direta que as endemias 
tinham com as secas. A seca de 1877-79 foi 
um dos momentos mais dramáticos da 
história local. Ela trouxe para Fortaleza 
aproximadamente 100 mil retirantes que se 
amontoavam pelos cantos da cidade em 
busca da existência. O historiador Tyrone 
Pontes relata a situação dos flagelados da 
seguinte maneira: 
 
“Os retirantes em Fortaleza alteraram a 
dinâmica da cidade. Nas ruas centrais, batiam 
de porta em porta pedindo esmolas. Nos 
arredores, invadiam roçados. Em toda a 
província os proprietários temeram os grupos 
de famintos. Quando reunidos em multidões, 
muitas vezes saquearam os depósitos de 
alimentos do governo. Ao longo da seca os 
retirantes foram experimentando meios de 
sobrevivência que extrapolavam os limites da 
ordem social”. 
 
(Tyrone Apollo Pontes Cândido. Trem da Seca: sertanejos, 
retirantes e operários – 1877-1880. Fortaleza: Museu do Ceará, 
SECULT, 2005, p.20). 
 
A partir desse breve relato percebe-se as 
dimensões da aflição social causada pelas 
secas na sociedade fortalezense. O ponto 
zênite dessa calamidade ocorreu em 10 de 
dezembro de 1878 (o dia dos mil mortos), 
onde 1004 pessoas padeceram. As causas 
das mortes eram diversas, alguns morriam de 
fome, outros por enfermidades como a 
varíola (companheira constante das secas) 
etc. 
Buscando sobreviver em meio a essa 
hecatombe social, muitos retirantes 
acabavam por se expor a situações 
extremamente perigosas para a sua já 
combalida saúde, como eram os casos dos 
“Quimoeiros” (carregadores de fezes em 
vasos chamados de Quimoas) e os “Gatos

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