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Trajetoria - Lobo de Mesquita era mulato, filho natural do português José Lobo de Mesquita e de sua escrava Joaquina Emerenciana, tendo nascido na Vila do Príncipe (atual Serro) por volta de 1746. Ali teve sua formação musical e iniciou suas atividades profissionais, como organista e como compositor. Por volta de 1776, transferiu-se para o Arraial do Tejuco (atual Diamantina), que era o centro urbano de maior importância na região, enquanto centro de controle da mineração. Ele já aparece como organista na Matriz de Santo Antônio em fins de 1783 ou início de 1784, passando a tocar na Igreja da Ordem Terceira do Carmo em 1789. Sua atuação certamente incluía todas as obrigações de um Mestre de Capela (ou de Mestre de Música, para utilizar a distinção estabelecida pelo musicólogo Padre Jaime Diniz): compor as obras para as festas contratadas, arregimentar cantores e instrumentistas para a execução da obra, ensaiar, reger (provavelmente do console do órgão, que era seu instrumento) e provavelmente ensinar (preparando jovens para o exercício da profissão de músico).. Transferiu-se para a Vila Rica, passando a atuar na Matriz de Nossa Senhora do Pilar e na Ordem Terceira do Carmo, em 1798. Dois anos depois, passou o cargo a Francisco Gomes da Rocha e transferiu-se para o Rio de Janeiro, tocando na Igreja da Ordem Terceira do Carmo entre 1801 e 1805, quando faleceu. Esta Missa para Quarta – feira de Cinzas é, ao lado dos ofícios destinados ao Domingo de Ramos (Dominica in Palmis), exemplo pouco comum de utilização da totalidade do texto litúrgico na composição musical. Para o Domingo de Ramos e para Quarta – feria de Cinzas, deveriam ser musicados não apenas os chamados Ordinário e Próprio do dia ( Kyrie, Sanctus e Agnus Dei, e Intróito, Gradual e Ofertório), mas também os textos para os ritos específicos do dia, a saber: Bênção e Procissão de Ramos e Bênção e Distribuição das Cinzas. Missa em Eb - Missas contendo apenas o Kyrie e o Gloria, trechos que integram o ordinário, ou partes fixas da Missa. O Kyrie corresponde ao ato penitencial e o Gloria é o momento de louvor a Deus, intercalado de aclamações e súplicas O sentido da cerimônia está claramente explicitado pelo ritual religioso e pelos textos das diversas partes da cerimônia: os fiéis colocam cinzas sobre suas cabeças (gesto que já aparece no Antigo Testamento) em sinal de arrependimento e de dor, como primeira etapa de percurso em busca da purificação. Deste modo abre-se o tempo da Quaresma, que prepara para a chegada da Páscoa. Os diferentes momentos da cerimônia falam exatamente na necessidade de penitência, no pedido de perdão, na certeza de que a misericórdia de Deus traz a salvação. Estilo - Quando se compara as obras de Lobo de Mesquita escritas para vozes e instrumentos com aquelas escritas para coro, observa-se de imediato que há forte distinção estilística entre elas. Enquanto as primeiras mostram-se mais “modernas”, porque mais marcadas pelo classicismo da melodia acompanhada (em algumas obras, com forte influência da linguagem musical italiana), as obras para coro mostram-se mais influenciadas pela estética do barroco, com toque polifônico. Contexto minas A imigração de pessoas de diferentes partes do Brasil e de europeus, principalmente portugueses, em busca do tão procurado metal, propiciou a importação de produtos, como louças, livros, instrumentos musicais, partituras, etc., favorecendo o surgimento de uma sociedade culta e informada a respeito do que estava em voga na Europa. Com a proibição por parte do rei de Portugal da instauração das ordens primeiras6 em Minas Gerais, com o objetivo de evitar a evasão do ouro, surgiram as irmandades7 que patrocinaram as artes ligadas ao serviço religioso As cidades serviam como cenário para inúmeros cortejos, procissões e festas, que chegavam a durar vários dias, se transformando em palco para as manifestações religiosas e para a publicidade do poder real
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