Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Recursos humanos Representação do empregador Papel de preposto e de testemunha da organização As organizações, geralmente, são representadas em audiência por um colaborador da área de recursos humanos ou por um colaborador com conhecimento dos acontecimentos que envolvem a reclamatória trabalhista – ou seja, que tenha trabalhado com o reclamante – ou, ainda, pelo dono da empresa. Vamos iniciar entendendo o que é preposto? Leva o nome de preposto a pessoa que representa a empresa em situações de comparecimento perante o juiz, e tem como objetivo exercer o direito de defesa no caso de a empresa ser a reclamada. Agora que já sabemos o que é, vamos compreender qual é o papel do preposto? O colaborador escolhido para ser o preposto deve ter total conhecimento de todos os fatos que se referem à reclamação, porque todas as suas declarações para o juiz serão obrigações da empresa reclamada. Para que serve o testemunho? É importante destacar que ser testemunha é um serviço prestado ao Poder Judiciário. Dessa forma, não se trata de fazer uma gentileza a quem indicou ou a qualquer uma das partes, seja reclamante ou seja reclamada. Por isso, é correto afirmar que a testemunha não é da parte, mas, sim, do juiz. Cada um de nós tem fundamental importância diante da Justiça do Trabalho, por isso se deve falar somente o que sabe, de maneira segura e calma. A escolha das testemunhas adequadas ao processo em questão também deve ter o auxílio do preposto, que irá orientar quanto ao dia e ao horário em que deverão prestar o testemunho e ainda explicar quanto ao procedimento em audiência. Qualidades como boa dicção, segurança e compostura são fundamentais, pois o preposto deve se manifestar somente quando for solicitado, com respostas objetivas e demonstrando confiança e tranquilidade, porém de forma humilde, pois não quer ser o dono da verdade, já que a decisão final cabe ao juiz. Para ser o preposto da empresa, o colaborador deve estar autorizado para possíveis negociações sobre valores com a parte contrária – a reclamante –, para o caso de haver acordo sobre a reclamatória. Você já sabe o que é testemunha? Bem, a testemunha também é fundamental em um processo trabalhista, já que é sua função trazer informações importantes que auxiliarão no esclarecimento de questões relativas ao processo e influenciarão de forma direta ou indireta na tomada da decisão final do juiz. Se afastar de discussões e atos constrangedores durante a audiência, para ser cortês e educado, é a atitude mais assertiva para o preposto, uma vez que grosseria e nervosismo estão relacionados à falta de razão. Por isso, é fundamental falar somente a verdade! Em audiência, o preposto tem o papel de representar a empresa, assim, seus relatos ou a falta deles, em momentos oportunos, se caracterizam como confissão, pois todas as declarações feitas pelo preposto envolvem e atribuem responsabilidades à empresa. É importante destacar que, em caso de ausência do preposto em audiência, sem um motivo relevante e comprovado, todas as solicitações feitas pelo reclamante em sua petição inicial do processo trabalhista serão validadas, o que evidencia a revelia. O que é revelia? Revelia é um termo jurídico que expressa o estado de revel, ou seja, é alguém que não comparece em julgamento (ou comparece, mas não apresenta defesa), após citação. Isso quer dizer que o reclamante terá ganho de causa. Já a consequência da ausência do reclamante em audiência trabalhista é o arquivamento da reclamatória. O que gera revelia em um processo trabalhista é a ausência do preposto em audiência, nestes casos não é suficiente o comparecimento somente do advogado da empresa. Por isso, é correto afirmar que o comparecimento do preposto sozinho, com o relato dos fatos conforme a contestação do reclamante, é o suficiente para representar a empresa em conformidade com as normas trabalhistas. A importância de conhecer os fatos é fundamental para o preposto, bem como é importante saber o que está sendo pedido pelo reclamante e também o que está sendo argumentado na defesa, para que dessa forma seu depoimento não seja contraditório às argumentações da contestação. Se a defesa, por escrito, relata que o reclamante não tinha direito à adicional noturno, mas o preposto vacila em sua resposta ou afirma que o reclamante tinha direito, mesmo que esporadicamente, é considerado o que foi relatado pelo preposto, ou seja, o juiz irá entender as declarações como confissão. É comum o juiz, dependendo do caso e da lista de audiências do dia, querer ouvir as partes, o reclamante e o preposto já na primeira audiência. Dessa forma, ter como procedimento padrão o comparecimento do preposto, que conhece todos os fatos, é fundamental já na audiência inicial, e não somente nas audiências de instrução. Mas o que é audiência de instrução? Trata-se de uma sessão pública em que estão presentes as partes, o reclamante e a reclamada, os advogados, as testemunhas e os auxiliares da justiça, cujo objetivo é tentar conciliar as partes, produzir prova oral, debater e decidir a causa. Em sua grande maioria, a audiência inicial tem como objetivo tentar o acordo. Em caso de o juiz querer ouvir as partes, é um grande problema para o advogado da empresa quando o preposto da instituição é enviado à audiência em total desconhecimento dos fatos e está lá apenas incumbido de comparecer somente para cumprir tabela. A atuação do preposto é fundamental no auxílio ao advogado da empresa na preparação da defesa, na orientação dos departamentos internos, bem como na coleta de informações e provas necessárias para o processo. Para desempenhar de forma adequada todas essas atribuições, é necessário conhecer a rotina da empresa e dos colaboradores, estudar a rotina de trabalho, ter conhecimento do processo trabalhista e principalmente do que está sendo reivindicado pelo reclamante. Como já foi dito, é preciso que o preposto conheça a fundo as rotinas do colaborador, bem como todos os aspectos do contrato de trabalho do reclamante, como, por exemplo, horários, férias, doenças, licenças, folgas, compensações, remuneração e principalmente sua exata função na empresa e tudo mais que for pertinente para o processo. Ter assertividade em seu depoimento, com respostas diretas e coerentes, é uma qualidade que o preposto deve apresentar. A demonstração de insegurança pode indicar ao juiz que o preposto está faltando com a verdade. É importante destacar que o conhecimento dos fatos pode ser adquirido de diferentes maneiras, como por relatos de colaboradores que trabalharam junto com o reclamante, pelo chefe imediato do reclamante ou também por relatórios formais. Por isso, o preposto não precisa se preocupar em ter participado pessoalmente dos fatos que irá relatar perante a Justiça do Trabalho. O fundamental é que o preposto tenha um profundo conhecimento sobre o caso, ler e entender o processo jurídico, requisitar auxílio ao advogado quando estiver com dúvidas, saber o que a parte está solicitando e ainda responder a todas as perguntas possíveis. Além de conhecedor dos fatos no momento do seu depoimento, é de responsabilidade do preposto contribuir também orientando o advogado nas interrogações das testemunhas da empresa, que foram indicadas pelo próprio preposto, e em especial nas interrogações de testemunhas do reclamante. Sinalizar questões que impeçam o depoimento de testemunhas, como grau de parentesco, amizades, inimizades ou ainda algum tipo de interesse é indispensável no momento da audiência de instrução, porque uma testemunha pode alterar as verdades dos fatos para privilegiar a parte. Cabe nesta situação a atribuição do termo contradita de testemunha, que é quando uma das partes envolvidas no processo solicita a retirada da declaração de uma testemunha dos autos do processo, por entender que esta é impedida, suspeita ou incapaz de depor. Devido à importância e à responsabilidade, o preposto precisa estar preparadotanto para a audiência inicial quanto para a audiência de instrução. É necessária a verificação, junto ao advogado da empresa, dos aspectos principais do processo, já que um trabalho de redução de passivo trabalhista só é finalizado com trânsito em julgado da sentença ou acórdão e ocorre somente após atuação do preposto. Você sabe o que é passivo trabalhista? No momento que uma empresa ou empregador pessoa física deixa de cumprir com suas obrigações trabalhistas ou recolhimentos de encargos sociais, é gerado um passivo trabalhista. A falta de registro na carteira de trabalho do empregado, a falta de pagamento de horas extras e o não recolhimento de encargos sociais são os descumprimentos mais comuns. É importante destacar que o passivo trabalhista não é uma cobrança imediata, e somente será reivindicada ao empregador em algumas situações, tais como em reclamatórias trabalhistas, em fiscalizações do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE e do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS ou ainda em atuação do Ministério Público Federal do Trabalho. Vamos conhecer trânsito em julgado? A expressão trânsito em julgado é utilizada para uma sentença, ou seja, para uma decisão ou, ainda, acordão judicial em que não se pode mais recorrer. Trânsito em julgado é quando já houve todos os recursos possíveis, seja devido ao término do prazo para recorrer ou por acordo homologado por sentença entre as partes. Mas o que é o acórdão? Trata-se de uma decisão final ou sentença que é concedida por uma instância superior, que irá atuar como modelo na solução de casos ou em situações semelhantes. Os acórdãos são emitidos por órgãos colegiados de Tribunal: isso significa que em sua maioria devem entrar em acordo para a aprovação da decisão. Então, qual é a diferença entre a sentença e o acórdão? Enquanto a sentença é definida por um único julgador, o acórdão é um acordo entre vários julgadores para chegar em um resultado final e decisivo. O representante da empresa, ou seja, o preposto, precisa ser formalmente nomeado e ter em mãos a carta de preposição no ato da audiência, com um documento de identidade e a cópia do contrato social da empresa. Tem casos ainda em que se faz necessário também que o preposto seja empregado na empresa reclamada com devido registro na carteira de trabalho. Cabe à empresa investir na formação do seu preposto, até porque o investimento será muito inferior ao que pode ser pago em uma sentença desfavorável. O despreparo de um preposto em uma audiência pode garantir ao reclamante maiores chances de ganhar o processo. Mas é muito comum as empresas não investirem na formação de seus prepostos, dessa maneira repassam aos advogados mais esta responsabilidade de orientá-los para as audiências, na maioria das vezes em cima da hora. É fundamental ter um preposto com todo o preparo necessário, para que tenha condições de fornecer ao advogado informações e documentos pertinentes à defesa antes da audiência, para que não retenha dados elementares para o desenvolvimento favorável da ação. O preposto bem preparado, consciente de sua importância e responsabilidade, irá contribuir para facilitar o trabalho do advogado e principalmente para minimizar as punições da empresa. Por isso, é correto afirmar que o preposto é primordial no processo trabalhista, e não somente nas audiências, mas também na preparação da defesa e documentos, como apoio na escolha das testemunhas e em todas as informações essências ao advogado para a condução da defesa e da audiência. Carta de preposição A carta de preposição trata-se de um documento que qualifica a pessoa que irá representar no lugar do empregador nas audiências, e que irá fornecer declarações e desempenhar atos diante da Justiça do Trabalho. Ou seja, é uma autorização por escrito da empresa que confere a um de seus colaboradores o poder para representá-la. Há alguns juízes que permitem a juntada posterior da carta de preposição, mas o comum é levá-la na primeira audiência em que se comparece a juízo. Dessa forma, evita-se que seja rejeitada a participação do preposto, porque não é o suficiente ser colaborador da empresa para dar declarações em nome da empresa, é fundamental estar autorizado por escrito. Conforme a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, a prática do preposto está prevista no artigo 843, no parágrafo 1º, que declara que “é facultado ao empregador fazer- se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente”. A obrigatoriedade do preposto ser empregado da reclamada é uma definição do Tribunal Superior do Trabalho – TST, que editou a Súmula nº 377 para esta condição. A exceção ocorre somente no caso em que o reclamante é empregado doméstico, caso em que o empregador poderá eleger como preposto uma pessoa da família que contratou os serviços. A seguir, veja o que diz a Súmula nº 377 do TST. “TST. SÚMULA Nº 377. PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO. (Conversão da Orientação Jurisprudencial nº 99 da SDI – 1). Res. 129/2005 – DJ 20.04.2005 – Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, o preposto deve ser necessariamente empregado do reclamado. Inteligência do art. 843, §1º, da CLT. (ex-OJ nº 99 – Inserida em: 30.05.1997).” Desta forma, é proposto um modelo com os elementos mínimos que devem constar na carta que credencia o preposto perante a Justiça do Trabalho. A seguir, seguem as informações necessárias para fazer a carta de preposto. A empresa XYZ Ltda. tem como sócio-diretor o senhor Carlos Venturini, e deseja autorizar como preposto a senhora Fátima de Vasconcellos, colaboradora da empresa, que tem conhecimento dos fatos que serão tratados na audiência do processo nº 654321.2018.030.002.00.1, em andamento na 12ª Vara do Trabalho da cidade de Porto Alegre/RS. Atenção às observações a seguir: A carta de preposto deve ser impressa em papel com timbre da empresa A carta deve estar assinada pelo representante legal da empresa. Neste exemplo, o senhor Carlos Venturini, sócio-diretor da empresa, tem plenos poderes para assinar Uma cópia do contrato social da empregadora ser apresentada junto à carta de preposto já é uma realidade em algumas varas do trabalho pelo Brasil Segue exemplo de carta de preposto. Baixe aqui o PDF (objetos/pdf.pdf) Participação e atribuições do representante da organização em reunião, comissão, homologação, auditoria e audiência de relações trabalhistas A participação e as atribuições do representante da organização, o chamado preposto, são de fundamental importância, pois é ele que irá responder pela empresa, o que acarreta a ele grande responsabilidade nas decisões e também nas declarações que dará em nome da instituição. https://senac.blackboard.com/bbcswebdav/pid-9604260-dt-content-rid-266409423_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TRH/UC03/conteudos_OLD2/1_representacao/objetos/pdf.pdf Representar a organização em reunião, comissão, homologação, auditoria e audiência requer grande conhecimento dos processos das diversas áreas da empresa e também dos fatos do seu cotidiano com os trabalhadores. Além, é claro, de estudar minunciosamente as questões pertinentes à sua representação para se preparar adequadamente e ter o melhor desempenho possível em benefício da empresa. As empresas são responsáveis pelos atos praticados por seus prepostos em seus estabelecimentos, bem como são responsáveis por seus atos praticados relativos à atividade da empresa, mesmo que não autorizados por escrito. No caso de tais atos serem praticados fora do estabelecimento da empresa, a obrigação da instituição será nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou pela cópia autenticada com seu conteúdo. As atribuições do preposto são representar o titular de uma empresa, dirigir um serviço, praticar algum ato por delegação de pessoa competente, que é o preponente, ou seja, aquele que constituio preposto, em seu nome e sob sua dependência. É importante destacar que o empregado que exercerá cargos de representação do empregador, seja em reunião, comissão, homologação, auditoria e audiência, devem compreender que, ao representar o empregador como preposto, atuam como proprietários efetivamente, porque o que se verifica no dia a dia são empregados despreparados para representar a empresa. Ter conhecimento e saber a importância do seu desempenho no auxílio da organização dos documentos é fundamental para o profissional de recursos humanos. Sua atuação em conjunto com o preposto e o advogado será um diferencial para o andamento de todo o trabalho. Por isso, ter consciência e responsabilidade com uma visão global do negócio é elementar para um bom profissional da área de recursos humanos.
Compartilhar