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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ABILENE ALVES DA CUNHA PRAD PLANO DE RECUPERÇÃO DE ÁREA DEGRADADA BRASÍLIA 2023 2 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ PRAD PLANO DE RECUPERÇÃO DE ÁREA DEGRADADA Trabalho apresentado ao curso de Ciências Biológicas Bacharelado, da Universidade Estácio de Sá, como requisito para aprovação na disciplina de Ecologia Aplicada. Orientador Ricardo Finotti Leite. BRASILIA 2023 3 Sumário Introdução ……………………………………………………………………….…………... 04 Plano de recuperação da área degradada ……………………………………….…………… 05 Clima ………………………………………………………………………….…………….. 05 Solo ………………………………………………………………………………………….. 06 Limpeza da área e eliminação de espécies competidoras ………………………………….... 07 Restauração florestal ……………………………………………………………………….... 07 Espécies usadas para restauração ……………………………………………………………. 08 Pioneiras …………………………………………………………………………………….. 08 Secundária inicial ……………………………………………………………………………. 09 Secundária tardia ……………………………………………………………………………. 10 Clímax …………………………………………………………………………………………. 11 Monitoramento e manutenção da área degradada …………………………….…………….. 11 Conclusão ……..…………………………………………………………………………….. 13 Referencias bibliográficas ………………………………………………..…………………. 14 4 Introdução O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas é um estudo baseado em um conjunto de técnicas e medidas que são executadas a fim de recuperar áreas que sofreram degradação ambiental, tanto por motivos naturais quanto por ação humana além do limite em que possa se recuperar sozinhas. Por este motivo, precisam de intervenção humana para se recuperarem. Não existe apenas uma forma de recuperar uma área degradada. As principais maneiras são através do plantio de mudas, sementes e culturas, da recuperação natural e do uso de espécies pioneiras São consideradas áreas degradadas, aquelas que sofreram alterações em suas propriedades químicas, físicas e biológicas. Isso compromete a capacidade de retornarem ao seu estado natural e a fertilidade do solo. O PRAD tem como objetivo a recuperação do ambiente garantindo a proteção do solo contra processos erosivos e a sua revegetação, fornecendo ao ambiente degradado, condições favoráveis a reestruturação da vida. 5 Plano de Recuperação da Área Degradada A área 3 encontra-se na Bacia hidrográfica do Rio Macacu e na sub – Bacia do Rio Guapiaçu, nas coordenadas 22º26'33"S42º48'22"W. O Plano de Recuperação da Área degradada será elaborado no perímetro 1172,57 e área com 67.106,47 m² (aproximadamente 6,710647 hectares). A Bacia do Guapiaçu-Macacu é um ecossistema complexo, sendo afetada por vários fatores antrópicos de degradação do solo. Apresenta áreas industriais e de agropecuária, que promovem ações predatórias em unidades de conservação ambiental presentes no local. Ações como remoção de florestas nativas, queimadas, assentamentos para diferentes usos de solo tem se intensificado. Essas modificações, sobretudo a retirada da cobertura vegetal, fazem com que o solo perca suas propriedades físico-químicas, diminuindo a retenção de água e nutrientes. Localização da Área Degradada a ser restaurada Clima O clima da região é quente e úmido, sem uma estação marcadamente seca, correspondendo ao tipo Af, na classificação de Koppen (1948). As normas climatológicas indicam uma temperatura média anual de 21,9ºC, sendo janeiro o mês mais quente (25 ,3ºC) e julho o mês mais frio (17,9ºC). A precipitação tem médias mensais 6 que variam de 337,8mm (fevereiro) a 59,3mm (julho), com um total anual de 2050mm. O período que compreende os meses mais frios (maio a outubro) também é o de maior pluviosidade. Do ponto de vista geológico, a bacia do rio Guapiaçu tem sua formação originada pelas atividades de magmatismo da era Cenozóica, pelos sedimentos fluvio-marinhos provenientes dos sequenciais continentais do Cenozóico, formando as Camadas Pré-Macacu e Formação Macacu, e pelos depósitos aluviais e coluviais do Holoceno. Estas camadas repousam sobre um embasamento cristalino do Pré-Cambriano (Amador 1997). Solo Devido ao histórico de uso intenso com ausência da camada mais superficial essa atividade tem como objetivo melhorar as qualidades físicas, químicas e biológicas. Descompactação do solo, ou seja, aumentar a porosidade do solo melhorando a qualidade física e facilitando o crescimento das raízes. Deve ser feita por meio do uso de subsolador ou outro tipo de implemento com ação semelhante, em profundidade mínima de 80 cm. Deve ser feita avaliação da fertilidade do solo, que consiste em uma análise feita em laboratório para medir a quantidade e a disponibilidade dos nutrientes minerais no solo, com o objetivo de verificar a necessidade e a dosagem de adubação mineral e orgânica para melhorar o desenvolvimento das espécies. Com o intuito de selecionar comunidades vegetais que pudessem apresentar diferenças estruturais e de composição específica, características como tamanho, grau de isolamento (distância em relação à área contínua), uso do solo no entorno e estrutura fundiária do entorno (pequenas ou grandes propriedades) foram levadas em consideração. Para isso, foi utilizado um mapa referência de fotos aéreas produzido pela Fundação CIDES (2003) (Escala 1:33500) e o trabalho de Cabral & Fitzon (2004). A área da bacia do rio Guapiaçu pertence ao domínio morfoclimático denominado “mares de morros florestados”. Os morrotes do tipo meia- laranja possuem solos pertencentes à classe dos Latossolos Vermelho-Amarelo e a formação vegetacional característica é a Floresta Ombrófila Densa Submontana. 7 Limpeza da Área e Eliminação de Espécies Competidoras Em algumas situações, o convívio de algumas espécies competidoras muito agressivas como braquiárias, acaba inibindo a germinação e crescimentos de outras espécies. Nesse caso é necessário realizar o controle dessas espécies competidoras. Essa atividade deve ser realizada, de preferência, 15 dias antes do plantio visando diminuir a altura e volume das espécies e resíduos que possam ser encontrados. A ação das gramíneas pode inibir os desenvolvimentos de regenerantes nas áreas em que há a possibilidade de auto recuperação. Esse controle pode ser realizado através do uso de herbicidas de baixa toxidade ou o até um controle manual e mecânico como a utilização de ferramentas para corte e remoção das plantas invasoras. Restauração Florestal As mudas, em sua fase inicial de desenvolvimento, necessitam de boa umidade, para que o sistema radicular atinja as camadas mais profundas antes da estação seca. Portanto, a época mais propícia para o plantio deverá coincidir com o início da estação chuvosa, para evitar a necessidade de se proceder a um número maior de irrigações. O plantio precisa ser parcelado em 03 (três) anos, conforme a base legal, sendo plantadas as espécies pioneiras na primeira etapa no período chuvoso,que geralmente inicia no quarto trimestre de cada ano e encerra no final do primeiro trimestre do ano subsequente. Posteriormente serão plantadas as espécies secundárias e clímax, em cada ano será necessário o plantio das espécies dos grupos mencionados, podendo sucintamente ser introduzidas espécies dos demais grupos. Recomenda-se como etapa inicial de recuperação a realização de plantio de espécies de adubação verde em área já preparada para receber essa adubação. Depois dessa primeira ocupação, realizar o plantio de mudas arbóreas com diversidade necessária para a restauração, normalmente utilizam espécies com maior rusticidade. As mudas para plantio devem possuir 50 cm de altura e serem plantadas a uma distância de 3x2m, com profundidade no berço variando entre 20 e 60 cm, de acordo com a espécie. O tipo de plantio será em linhas, que alternam espécies Pioneiras, Secundárias (iniciais e tardias) e Clímax conforme a imagem: 8 Espécies Usadas Para a Restauração Nome Popular e Científico Aspectos Ecológicos Pioneiras Aleluia Senna multijuga Pioneira de grande agressividade; longevidade moderada; apresenta boa disposição de folhedo dificultando o aparecimento de gramíneas invasoras; é muito procurada por tatus que fazem buracos na base do tronco. Embaúba vermelha Cecropia glaziovi Pioneira; não tolera frio; visitada por abelhas e aves. Maricá Mimosa bimucronata Pioneira; longevidade de 20 a 30 anos; forma agrupamentos densos em solos úmidos e brejosos, em terrenos mal drenados, em afloramentos de rochas e terrenos pedregosos de basalto; visitada por abelhas. 9 Secundária Inicial Araribá amarelo Centrolobium microchaete Secundária inicial; é bastante freqüente em capoeirões de solo úmido; pode formar agrupamentos densos ao longo de rios e riachos. Boleira Joannesia prínceps Secundária inicial; não tolera frio. Corticeira do banhado Erythrina speciosa Secundária inicial; ocorre em terrenos muito úmidos e brejosos; apresenta dispersão uniforme com frequência moderada; visitada por abelhas. Cupiúva Tapirira guianensis Secundária inicial; encontrada em solos úmidos de várzea (onde apresenta melhor desenvolvimento) e em ambientes secos de encosta. Guapuruvu Schizolobium parahyba Secundária inicial; não longeva; pode formar agrupamentos densos em clareiras florestais; é rara na floresta alta e densa; não tolera frio; visitada por abelhas. Guaricica Vochisia bifalcata Secundária inicial; abundante e freqüente na Floresta Atlântica; não tolera frio Inga macaco Inga sessilis Secundária inicial; típica de florestas ciliares; não tolera frio. Jacataúva Cytharexilum mirianthum Secundária inicial; frequente em várzeas e planícies que se transformam temporariamente em charcos; frequência de 7 a 15 árvores por hectare; não tolera frio; visitada por aves; flores nectaríferas. Jacatirão de copada Miconia cinnamomifolia Secundária inicial; ocorre em encostas enxutas e íngremes, principalmente em altitudes superiores a 200m; não tolera frio; visitada por espécies de abelhas sem ferrão. 10 Licurana Hyeronima alchorneoides Secundária inicial; presença comum nas matas litorâneas; frequente em solos pedregosos, em aclives fortes e em certos estágios de capoeiras e capoeirões pode se tornar uma das árvores dominantes Louro pardo Cordia trichotoma Secundária inicial; longeva; na floresta apresenta densidade de 5 a 23 indivíduos por hectare; tolera sombreamento médio quando jovem. Mandiocão Schefflera morototoni Secundária inicial; longevidade de 35 a 50 anos; na floresta apresenta densidade de 1 a 14 indivíduos por hectare. Pau jacaré Piptadenia gonoacantha Secundária inicial; espécie tipicamente gregária; não tolera frio; visitada por várias espécies de abelhas. Tapiá Alchornea triplinervia Secundária inicial; prefere matas mais abertas e clareiras, onde apresenta boa regeneração natural debaixo de árvores adultas, após roçada; não tolera frio; suporta inundação. Secundária Tardia Baguaçu Talauma ovata Secundária tardia; ocorre na floresta densa e úmida; não tolera frio Cedro Cedrela fissilis Secundária tardia; apresenta baixa densidade na floresta; visitada por abelhas. Jequitibá branco Cariniana estrellensis Secundária tardia; apresenta grande longevidade; compõe as florestas clímax; não tolera frio. Ipê da várzea Tabebuia umbellata Secundária tardia; ocorre em planícies e várzeas úmidas ou mesmo encharcadas onde é espécie freqüente; visitada pela abelha mirim-preguiça 11 acarandá da bahia Dalbergia nigra Secundária tardia; ocorre em densidade inferior a um adulto por hectare; não tolera frio. Jacarandá lombriga Andira anthelmia Secundária tardia; visitada pela abelha jataí. Pau sangue Pterocarpus violaceus Secundária tardia; encontrada em floresta primária densa e em formações secundárias. Clímax Guanandi Celophyllum brasiliense Clímax; ocorre em áreas úmidas ou alagadas (onde aparece em frequência muito alta) e às margens dos rios, geralmente em terrenos arenosos; apresenta regeneração abundante na sombra; não tolera frio. Palmiteiro Euterpe edulis Clímax; apresenta grande frequência e densidade, exceto em formações secundárias; apresenta maior concentração onde a presença de água é acentuada; não tolera frio; visitada por aves, roedores e mamíferos. Monitoramento e Manutenção da Área Restaurada Uma das etapas mais importantes em todo processo de recuperação de uma área degradada é a manutenção do plantio. Em função, principalmente da presença de plantas invasoras na área (que vão competir ou até mesmo matar as mudas das espécies introduzidas), deve ser planejada a frequência das manutenções, envolvendo as operações de replantio de mudas mortas, coroamento (limpeza ao redor das mudas), adubação de cobertura, combate a formigas cortadeiras, reparos de cercas etc. Em áreas antes ocupadas por determinados tipos de gramíneas, como braquiárias ou colonião, por exemplo, faz-se necessário manter a área ao redor das mudas sem vegetação competidora. Esta limpeza ao redor das mudas pode ser realizada com aplicação de herbicidas ou capina manual (coroamento) até o estabelecimento do componente arbóreo e sombreamento, quando estas gramíneas serão naturalmente eliminadas do sistema florestal. 12 Os problemas comumente encontrados em áreas recuperadas, gerando a necessidade de manutenção, são mostrados no abaixo: Problema Apresentado Soluções Viáveis Mortalidade de mudas plantadas Replantio de mudas. Presença de vegetação competidora. Capina mecânica ou química, roçada da área. Seca pronunciada. Irrigação das mudas (manhã e final da tarde). Presença de plantas competidoras nas covas Coroamento ao redor das mudas Risco de incêndios Revisar o sistema de aceiros Mudas plantadas apresentando problemas nutricionais. Aplicação de adubação de cobertura nas covas das mudas plantadas. Ataque de formigas cortadeiras. Combate às formigas cortadeiras. Em áreas, onde a aplicação de herbicidas pode comprometer o sistema, o custo de recuperação (devido ao custo de manutenção - capinas manuais mais frequentes) é elevado, podemos utilizar algumas alternativas ao redor das mudas, visando o impedimento da formação/aparecimento da vegetação competidora. A aplicação de matéria orgânica (mulching) morta ao redor das mudas, papel jornal ou papelão, pode solucionar este problema, principalmente, em áreas onde não podemos fazer aplicação do herbicida. A colocação da camada orgânica (mulching), jornal ou papelão ao redor das mudas(coroa), garante a umidade do solo e evita o surgimento de plantas competidoras com as que foram implantadas. A colocação da “saia orgânica” deve ser realizada após o coroamento manual da área (limpeza com enxada ao redor das mudas). 13 Conclusão O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas tem como objetivo apresentar as diretrizes para a recuperação das áreas, desenvolvendo ações de controle, adotando medidas de minimização da ação dos agentes erosivos e recuperação ambiental das áreas afetadas. É um Estudo Ambiental que contém programas e ações que permitem minimizar o impacto ambiental causado por uma determinada atividade ou empreendimento. Ele deve apresentar um conjunto de métodos, instruções e materiais necessários para restaurar ou recuperar tais áreas, de acordo com um planejamento específico pré-definido. A recuperação se dá através da definição de um diagnóstico e um plano, que considera os aspectos ambientais, estéticos e sociais. De acordo com a destinação que se pretende dar à área, permitindo assim um novo equilíbrio ecológico. Referencias Bibliográficas 14 PARANÁ. INSTITUTO ÁGUAS E TERRA.Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas ou Alteradas - PRAD. Disponível em: https://www.iat.pr.gov.br/Pagina/Projeto-de-Recuperacao-de-Areas-Degradadas-ou- Alteradas-PRAD. Acesso em: 01 maio 2023. MACHADO, Lara Novis Lemos. Manejo Sustentável da Bacia Hidrográfica de Guapiaçu-Macacu. 2020. Disponível em: https://www.17snhct.sbhc.org.br/resources/anais/11/snhct2020/1599877222_ARQUIVO_5 aee573e6d975e6a1ca114c1a0829493.pdf. Acesso em: 01 maio 2023. FINOTTI, Ricardo; KURTZ, Bruno Coutinho; CERQUEIRA, Rui; GARAY, Irene. Variação na estrutura diamétrica, composição florística e características sucessionais de fragmentos florestais da bacia do rio Guapiaçu (Guapimirim/Cachoeiras de Macacu, RJ, Brasil). 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abb/a/KPkLjPh9yBWLB9p8MbFVmKK/?lang=pt#:~:text=O%20clima %20da%20regi%C3%A3o%20%C3%A9,classifica%C3%A7%C3%A3o%20de%20Koppen %20(1948).. Acesso em: 01 maio 2023. KALIL FILHO N.A. et al. Espécies recomendadas para a restauração da Mata Atlântica. In: GALVÃO A.P.M. & MEDEIROS A.C.S. (eds). Restauração da Mata Atlântica em áreas de sua primitiva ocorrência natural. Embrapa, Colombo PR. 2002. Acesso em: 05 maio 2023. AMBIENTAL, Supremo. PRAD. Disponível em: https://supremoambiental.com.br/chamadas/prad.html?gclid=Cj0KCQjw9deiBhC1ARIs AHLjR2BY8JREUqTi9TmMSIOBHm-Qx8GvTeM- hEnm5PUqcx2K7jUqG8pRCnMaAmDWEALw_wcB. Acesso em: 06 maio 2023. ALMEIDA, Danilo Sette de. Manutenção de projetos de recuperação ambiental. Scielo Books. Disponível em: https://books.scielo.org/id/8xvf4/pdf/almeida- 9788574554402-11.pdf. Acesso em: 06 maio 2023.
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