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Projeto Trilha das Artes

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Prévia do material em texto

Capa
Projeto
Trilha das Artes
Sistematização do 
Projeto Trilha das Artes
Realização:
Avante Educação e Mobilização Social
Patrocínio:
IMPAES – Instituto Minidi Pedroso de Arte e Educação Social
Revisão técnica da sistematização:
CENPEC - Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação 
Comunitária
Coordenação institucional: Maria Thereza Marcílio de Araújo
Coordenação do projeto - Avante: Mônica Samia
Concepção e coordenação da execução do projeto: Monique Berjeaut
Coordenação administrativa financeira: Maria Célia Falcão
Supervisão de Artes Visuais: Ana Luiza Britto 
Supervisão pedagógica: Noélia Mota
Grupo de Formação - Equipe: Ana Luiza Britto, Anabel Guillém, Eduardo Vallarelli, José Carlos 
Rego, 
Luciana M. Dias e Maria Izabel Montenegro
Instituições parceiras: • ACREDITE - Associação de creches e pré-escolas
 • Centros de Educação Infantil (C.E.I.) participantes do projeto:
 - CEI Allan Kardec (2003-2006)
 - CEI Zeza Calmon de Sá (2003-2006)
 - CEI Juracy Magalhães (2004-2006)
 - CEI Béu Machado (2004-2005)
Ficha técnica: 
Coordenação do processo de sistematização e organização do documento: 
Luciana M. Dias
Co-autores do documento: 
Equipe Trilha das Artes: 
 Ana Luiza Britto 
 Maria Izabel Montenegro 
 Mônica Samia 
 Monique Berjeaut 
 Noélia Motta
 
Colaboradores:
 Acredite - Associação de creches e pré-escolas
 Equipes dos Centros de Educação Infantil: 
 CEI Allan Kardec 
 CEI Juracy Magalhães 
 CEI Zeza Calmon de Sá 
Apoio técnico: Salmone Falcão
INTRODUÇÃO ............................................................................................ 07
1. CoNTExTo ........................................................................................... 11
1.1 Educação Infantil, Bahia, Brasil .............................................................. 11
1.2 Dados sobre educação Infantil /Bahia ..................................................... 12
2. MAPEAMENTo Do PRoJETo TRIlhA DAS ARTES ................................ 15
2.1 Sobrevôo histórico: de Integrarte à Trilha das Artes ................................ 16
 Quadro das principais ações desenvolvidas [2003-2006] ......................... 21
2.2 Os Parceiros de Trilha 
 AVANTE Educação e Mobilização Social ................................................. 22
 ACREDITE - Associação de creches e pré-escolas .................................... 22
 IMPAES - Instituto Minidi Pedroso de Arte e Educação Social .................. 23
 Os Centros de Educação Infantil – C.E.I. 
 CEI Allan Kardec ..................................................................................... 24
 CEI Zeza Calmon de Sá ........................................................................... 24
 CEI Juracy Magalhães ............................................................................... 25
3. CoNCEPçõES NoRTEADoRAS E MoDoS DE FAZER ......................... 27
3.1 Educação Infantil, Arte e Formação de educadores .................................. 27
 3.1.1 Artes Visuais no cotidiano dos Centros de Educação Infantil ......... 30
3.2 A formação continuada ........................................................................... 33
 3.2.1 Etapas da formação continuada ...................................................... 34
3.3 Metodologias de trabalho na área de Artes Visuais ................................... 37
 3.3.1 Os projetos didáticos ...................................................................... 37
 3.3.2 Fazer artístico, leitura de imagens e reflexão: um tripé para
 o ensino de Artes Visuais ......................................................................... 39
4. oS CuRSoS DE FoRMAção ............................................................... 43
4.1 Considerações sobre o curso I .................................................................. 44
4.2 Considerações sobre o curso II ............................................................... 46
4.3 Programas dos Cursos de Formação I e II ................................................ 48
4.4 Detalhamento dos módulos - cursos I...................................................... 49
4.5 Detalhamento dos módulos – Curso II .................................................... 53
SÚMARIo
5. MARCo lóGICo Do PRoJETo TRIlhA DAS ARTES ............................ 57
6. A REVISão DAS PRoPoSTAS PEDAGóGICAS EM ARTES 
 VISuAIS CoMo ESTRATéGIA DE SuSTENTABIlIDADE E 
 SISTEMATIZAção Do PRoJETo .......................................................... 61
6.1 Produto da revisão da proposta pedagógica de Artes Visuais 
 do CEI Juracy Magalhães ......................................................................... 66
6.2 Alguns exemplos de projetos desenvolvidos no Trilha das Artes / 
 Quadros de objetivos e conteúdos por faixa etária 
 6.2.1 Projeto Vivenciando a arte ............................................................. 70
 6.2.2 Projeto Animais na arte ................................................................. 75
 6.2.3 Projeto Imagens da Bahia ............................................................... 82
REFERÊNCIAS................................................................................................ 93
Processo de Sistematização
- 7 -
Este documento é um produto do processo de 
sistematização do projeto Trilha das Artes, cuja 
implantação teve início em 2003, e passou a ser 
desenvolvido pela AVANTE1 a partir do segundo 
semestre de 2005.
A sistematização foi delineada como uma 
das diretrizes do projeto desde seu início, sendo 
viabilizada em 2006, ano de conclusão das 
atividades junto às entidades parceiras envolvidas 
nesta primeira execução do mesmo. 
O primeiro momento do processo de sistematiza- 
ção teve como objetivo promover a construção 
do sentido deste processo para a equipe, o que 
compreendeu refletir sobre as expectativas e a 
importância do envolvimento de cada integrante 
neste trabalho. 
Este levantamento revelou que o desejo de 
sistematizar as experiências do Trilha das Artes 
estava associado, principalmente, a dois eixos de 
expectativas, que apontaram para a definição de 
nossos objetivos: 
1. Realizar uma nova etapa de construção 
de conhecimentos, com enfoque no 
aprofundamento da articulação teórico-
prática;
2. Elaborar um documento final, voltado a apoiar 
as ações de multiplicação da metodologia 
do Projeto Trilha das Artes, internamente 
e em articulação com outras instituições e 
educadores que demandem formação em Arte, 
no âmbito da Educação Infantil, promovendo 
a disseminação das experiências do projeto 
a outras instituições, projetos e programas 
educativos; 
O primeiro eixo, portanto, está associado 
à ampliação das possibilidades de análise da 
prática do Trilha das Artes. Havia a expectativa 
de “retroalimentação” da própria equipe, sobre os 
modos de organização do projeto e os conteúdos/
concepções que o norteiam. 
O segundo, enfoca o produto da sistematização, 
que passou a ser entendido como uma 
comunicação, tendo dois objetivos articulados: 
registrar as construções da equipe sobre os 
conhecimentos em jogo na execução do projeto, 
ampliando o apoio às ações de multiplicação; ao 
mesmo tempo, também envolveu um olhar para 
o contexto externo, voltado a compartilhar esta 
experiência e contribuir para a mobilização de 
outras iniciativas na área.
O aspecto da disseminação e mobilização 
de outras iniciativas está ligado aos possíveis 
produtos desse processo de sistematização. Desde 
a etapa inicial, vislumbramos que o documento 
final seria um “material-base” para a edição de 
uma publicação, além de poder se desdobrar em 
versões adaptadas para diferentes contextos – por 
exemplo, uma versão voltada à veiculação em 
meio digital ou um tratamento com maior ênfase 
na linguagem áudio-visual. Compreendemos que 
nosso público-alvo é prioritariamente formado por 
outros atores envolvidos na ação educativa, como 
os educadores e coordenadores pedagógicos de 
instituições/programas/projetoscomprometidos 
com a qualidade da Educação Infantil.
Além dessas definições, a primeira etapa 
envolveu um levantamento dos materiais de 
registro existentes: relatórios de atividades, 
versões da proposta do projeto, relatos do 
acompanhamento, relatos das educadoras e 
coordenadoras das instituições parceiras, imagens 
e filmagens realizadas, ou seja, todos os materiais 
que pudessem compor a memória do projeto.2
1 A apresentação da AVANTE encontra-se no tópico Parceiros de trilha (p.22-28), bem 
como as outras instituições envolvidas – IMPAES, Acredite e Centros de Educação Infantil 
participantes do projeto.
INTRODUÇÃO
2 A partir da conclusão deste processo de sistematização, pretende-se aprofundar a 
discussão sobre estas possibilidades e buscar meios para viabilizar a publicação e os 
possíveis desdobramentos deste material. Um aspecto importante, desde já, refere-se a 
necessidade de incluir ao material um bom número de imagens, já que o Trilha tem um 
acervo significativo de fotos. Por se tratar de um projeto da área de Artes Visuais, um 
trabalho cuidadoso da parte gráfica (diagramação; arte) nos parece fundamental, pois 
além de valorizar os diversos tipos de registros, contribui significativamente para motivar 
e provocar os leitores, ou seja, para associar a leitura à experiência da fruição, aspecto 
coerente com os parâmetros do próprio projeto.
Projeto trilha das artes
- 8 -
Considerando estes primeiros passos, passamos 
então às definições metodológicas. Optamos por 
utilizar como referência a Proposta em cinco 
tempos, de Oscar Jara3. O posicionamento deste 
autor revela aspectos que compreendemos ser 
coerentes com os parâmetros que norteiam o 
próprio projeto: uma concepção na qual todos os 
envolvidos são co-autores, ou seja, são sujeitos 
ativos do processo, que é pautado na noção de 
sistematização como construção coletiva, como 
processo de aprendizagem e de construção de 
conhecimentos.
A definição desta proposta envolveu um estudo 
em equipe sobre o conceito de sistematização 
e seus possíveis objetivos. Destacamos abaixo, 
sinteticamente, alguns desses norteadores:
A sistematização é compreendida como:
• Um processo de reflexão crítica de uma 
experiência concreta, com o propósito de 
provocar processos de aprendizagem;
• Um processo a ser realizado, fundamentalmente, 
pelos atores diretos da experiência que está 
sendo sistematizada; 
• Um processo de reflexão que pretende ordenar 
e organizar o que tem sido a trajetória, os 
processos (práticas, conhecimentos, idéias), 
os resultados de um projeto, buscando nessa 
dinâmica as dimensões que podem explicar o 
curso que assumiu o trabalho realizado;
• Um processo que levará a uma interpretação 
crítica da experiência do Trilha das Artes, 
a partir deste ordenamento, organização e 
reconstrução de sua própria história.
A proposta em cinco tempos conta, sinteticamente, 
com os seguintes passos (tempos) de trabalho em 
equipe:
1. o ponto de partida: as primeiras definições - O 
que é sistematizar? Para que serve sistematizar? 
Por que e para que queremos sistematizar tal 
experiência?
2. As perguntas iniciais: delimitações sobre os 
objetivos, o objeto e o eixo da sistematização;
3. Recuperação do processo vivido: [reconstruir 
a história; ordenar e classificar a informação;
4. A reflexão de fundo: por que aconteceu o que 
aconteceu? (analisar, sintetizar e interpretar 
criticamente o processo);
5. os pontos de chegada: (formular conclusões; 
comunicar a aprendizagem).
A sistematização põe em ordem conhecimentos desordenados 
e percepções dispersas que surgiram no transcorrer da 
experiência. Assim explicita intuições, intenções e vivências 
acumuladas ao longo do processo. Ao sistematizar, as pessoas 
recuperam de maneira ordenada o que já sabem sobre sua 
experiência, descobrem o que ainda não sabem sobre ela, 
mas também revela-se o que ainda não sabiam que já sabiam 
(JARA, 1996, p.30).
Optamos por trabalhar a partir destes 
desafios. Um processo que tem como condição o 
envolvimento e a participação de cada integrante 
da equipe, e também revela seus modos próprios 
de funcionamento; por isso mesmo, envolve o 
contínuo aprendizado de lidar com as diferenças 
na produção de conhecimentos.
ElABoRAçõES DA EquIPE SoBRE AS 
PERGuNTAS INICIAIS
Definição dos OBJETIVOS específicos 
[Para que queremos sistematizar?]
• Refletir criticamente sobre o próprio fazer e 
aprofundar os conhecimentos teóricos que 
fundamentaram as práticas desenvolvidas;
• Legitimar o conhecimento construído 
coletivamente no projeto - o que está atrelado 
à elaboração de um produto da sistematização 
( se desdobra nos aspectos já apresentados);
Delimitação do oBJETo 
[Que experiências desejamos sistematizar?]
Surgiram dúvidas quanto a essa escolha. 
Muitas questões emergiram, ligadas aos modos 
de perceber as diversas ações desenvolvidas e 
a amplitude das mesmas. Refletimos se havia 3 JARA, Oscar. Para Sistematizar experiências. João Pessoa: Editora Universitária/ UFPB, 1996. 
Processo de Sistematização
- 9 -
como considerar “um objeto” específico, frente 
à rede de ações que caracteriza o projeto. 
Após as discussões, retomadas, mudanças 
e esclarecimentos das dúvidas, chegamos à 
seguinte delimitação:
• O objeto da sistematização do projeto Trilha 
das Artes são as ações formativas implicadas 
com a compreensão e a implementação da área 
de Artes Visuais como área de conhecimento 
na Educação Infantil, por parte dos Centros 
de Educação Infantil envolvidos. Estas ações 
formativas estão definidas desde o projeto 
original como “formação de multiplicadores” 
na área de Artes Visuais na Educação Infantil. 
CoNSIDERAçõES SoBRE o 
CoNTExTo DE ATuAção Do PRoJETo 
TRIlhA DAS ARTES
• O compromisso mais amplo do projeto Trilha 
das Artes é a qualificação do atendimento à 
primeira infância, no âmbito da Educação 
Infantil. Dentro deste contexto, investe na 
formação de educadores; 
• O projeto tem em vista tanto o atendimento de 
caráter público prestado por muitas instituições 
do terceiro setor - sejam ONGs, instituições 
comunitárias, filantrópicas ou confessionais 
– como sua possibilidade de orientar e 
influenciar outros projetos no âmbito das 
políticas públicas na área da infância.
• O Trilha das Artes é decorrente de adaptações 
de outro projeto, chamado Integrarte_Creches. 
As delimitações que o diferenciaram deste 
projeto original foram construídas durante 
as etapas de sua execução, descritas neste 
documento. Assim, o “aprender fazendo” é 
uma de suas principais características - algo 
que marcou seu modo de organização, o 
discurso e as ações de sua equipe.
• A Trilha das Artes investe na legitimação das 
Artes Visuais como área de conhecimento 
na Educação Infantil, através da formação de 
educadores-multiplicadores. Este recorte está 
atrelado a concepções de Educação e de Arte 
que reconhecem a inter-relação entre as Artes e 
o desenvolvimento humano, em sintonia com 
as concepções apresentadas no Referencial 
Curricular Nacional para a Educação Infantil 
(RCNEI/MEC). 
Entendemos, portanto, que o contexto mais 
amplo do Projeto Trilha das Artes é o campo 
da educação infantil, no qual se destaca a 
problemática da formação de educadores. Como 
contexto específico, consideramos a situação da 
educação infantil, de caráter público, em Salvador 
- contexto no qual os Centros de Educação Infantil 
parceiros do projeto desempenham um papel 
significativo, tanto em termos de capacidade 
de atendimento, como em relação à luta pela 
qualidade no atendimento público à infância. 
Processo de Sistematização
- 11 -
Parte 1
Contexto
Desde a Constituição de 1988 já se reconhece 
o direito à educação de qualidade para as 
crianças brasileiras. O Estatuto da Criança e do 
Adolescente1 reafirma que a educação é um 
direito de todas as crianças, sendo um dever 
da família e do Estado. A partir de 1996, com 
a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação – LDB2, a Educação Infantil passou 
a fazerparte da educação básica. Como 
conseqüência dessa conquista, foram instaurados 
debates sobre a função dos docentes e de como 
formá-los, e este é, sem dúvida, um dos aspectos 
centrais para a melhoria do atendimento à 
infância. 
Segundo dados da Secretaria de Educação 
Básica do MEC (2006), dos mais de 300 mil 
professores que trabalham com educação infantil 
no Brasil, 37 mil não têm a formação mínima 
exigida por lei3. Além da LDB, a meta 5 do 
Plano Nacional da Educação (PNE) determina a 
competência da União para o estabelecimento 
de um Programa de Formação de profissionais 
de Educação Infantil4. 
Essas diversas leis revelam conquistas 
significativas na história do atendimento à infância 
em nosso país. No entanto, ainda vivemos enormes 
desafios ligados às transformações necessárias 
para que estes direitos sejam garantidos. O fato 
é que, especialmente para as crianças de 0 a 6 
anos nem sequer o direito ao acesso à educação 
foi garantido . Os baixos índices de atendimento 
e a precariedade na qualificação dos educadores 
que atendem essa faixa etária são indicadores 
deste cenário tão precário. 
No contexto do projeto Trilha das Artes, 
pudemos conhecer melhor a realidade que ainda 
predomina em relação às políticas públicas 
voltadas à educação infantil no Brasil e em 
Salvador. A experiência da sistematização do 
projeto oportunizou à equipe contextualizar 
suas ações com maior profundidade, fornecendo 
também referências mais amplas para avaliar 
os resultados alcançados pelo projeto, 
dimensionando seu impacto no contexto local e 
suas possibilidades de diálogo com o contexto 
mais amplo da Educação Infantil.
1 O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi criado em 13 de julho de 1990; 
instituiu-se como Lei Federal n.º 069 (obedecendo ao artigo 227 da Constituição Federal), 
adotando a chamada Doutrina da Proteção Integral, cujo pressuposto básico afirma que 
crianças e adolescentes devem ser vistos como pessoas em desenvolvimento, sujeitos de 
direitos e destinatários de proteção integral. 
2 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) foi promulgada em dezembro de 1996 
(Lei no 9.394/96); define e regulariza o sistema de educação com base nos princípios 
presentes na Constituição, que garante o direito de toda criança à educaçào básica. 
3 Vale ressaltar que esta formação mínima, dos professores, refere-se ao Ensino Médio. 
4 Meta 5 – estabelecer um Programa Nacional de Formação de Profissionais de Educação 
Infantil, com colaboração da União, Estado e Municípios, inclusive de universidades e 
institutos de educação superior e organizações não-governamentais; esta meta inclui a 
previsão de que, em 5 anos, todos os professores tenham habilitação específica de nível 
Médio e, em 10 anos, 70% tenha formação especializada de nível superior. 
Projeto trilha das artes
- 12 -
lEVANTAMENTo DE DADoS: 
 CoNTExTo loCAl
Ao buscar fontes para caracterizar o contexto 
local nos surpreendemos com as dificuldades 
encontradas para acessar dados específicos sobre 
o atendimento à infância, sobretudo em relação à 
faixa etária de 0 a 6 anos. 
Nos dados encontrados, as tabelas1 referentes 
às instituições de educação infantil (no estado e no 
município) apresentam um tipo de classificação 
na qual não constam as instituições comunitárias 
e filantrópicas. Ou seja, ainda não foi realizado 
um mapeamento destas instituições em Salvador, 
embora o serviço prestado pelas mesmas atinja 
uma parcela significativa da população. 
Segundo Rose Bonfim, gerente da ACREDITE, 
existem mais de 200 instituições comunitárias (e/ 
ou filantrópicas) prestando serviços educacionais 
em diversas comunidades de baixa renda em 
Salvador, embora este mapeamento nunca tenha 
sido realizado formalmente. [Esta é uma das 
metas do Fórum de Educação Infantil, movimento 
que vem se rearticulando em Salvador, do qual a 
Acredite e a Avante participam]
Esta estimativa ultrapassa ou se iguala aos dados 
encontrados sobre o número de estabelecimentos 
municipais de educação infantil.2 
A população de Salvador é estimada em 
2.443.107 (IBGE, 2002). O Censo 2000/Salvador 
apontou a existência de 294.414 crianças na 
faixa etária de 0 a 6 anos no município. Já os 
dados disponibilizados pela Secretaria Municipal 
de Educação e Cultura (SMEC) apontam que em 
2004, um total de 59.697 crianças freqüentava 
creches e pré-escolas. Neste universo, 63,4 % 
freqüentavam a rede particular, 26 % a rede 
municipal, e 10,6 % a rede pública estadual. 
Uma comparação destes números com os dados 
do atendimento prestado pelos CEI associados a 
ACREDITE já é um indicador da relevância do 
atendimento prestado por estas instituições. Em 
2005, por exemplo, o atendimento dos quatro 
CEI vinculados ao projeto totalizava 740 crianças. 
Os dados de 2003 apontam o total de 22 CEI 
associados a Acredite; o atendimento desta rede 
foi estimado em torno de 3.000 crianças [o que 
representaria um percentual significativo do total 
de crianças na escola, lembrando que a rede 
municipal, neste levantamento, só atende 10,6% 
desta população]. 
FoRMAção DoS EDuCADoRES
Se, por um lado, há pouco investimento em 
relação à formação e às condições de trabalho 
dos profissionais que atuam neste campo, por 
outro, existem mobilizações por parte de diversos 
grupos e instituições, que viabilizam parcerias 
e buscam, dentro deste contexto desfavorável, 
promover oportunidades de crescimento e 
aperfeiçoamento de suas equipes educativas. 
Assim, em nosso contexto local constatamos as 
diversas dificuldades e contradições que também 
ocorrem em outras regiões do país: a demanda de 
formação dos educadores é evidente, enquanto 
as oportunidades são escassas. 
É neste cenário que organizações do terceiro 
setor, como a AVANTE, a ACREDITE e o IMPAES, 
vem desempenhando um importante papel 
em relação à ampliação de oportunidades de 
formação, bem como à construção de estratégias 
formativas de qualidade, num contexto bastante 
desfavorável.
1 Refere-se às tabelas 01, 02 e 03, apresentadas no tópico 1.2
2 Nos dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação (Censo escolar 2006), 
constam 220 escolas de educação infantil e 16.610 matrículas iniciais. Já nos dados 
fornecidos em site do governo da Bahia (SEI - Superintendência de estudos econômicos 
e sociais da Bahia) constam 179 estabelecimentos de educação infantil na região 
metropolitana de Salvador. 
Processo de Sistematização
- 13 -
Tabela 01- Número de Estabelecimentos
 Número de Estabelecimentos
Regiões Econômicas Urbana
e Municípios Total Federal Estadual Municipal Particular
 
Estado da Bahia 14.074 - 101 2.0161.961
Metropolitana de Salvador 958 - 54 179 665
Camaçari 29 - - 13 15
Candeias 39 - - 18 4
Dias D’Ávila 20 - - 12 2
Itaparica 15 - - 12 3
Lauro de Freitas 11 - 2 4 5
Madre de Deus 5 - - 3 2
Salvador 720 - 50 69 600
São Francisco do Conde 25 - - 11 -
Simões Filho 49 - 1 18 13
Vera Cruz 45 - 1 19 21
Salvador 
Total de estabelecimentos: 720 
Particulares: 83,3 % 
Municipais: 9,7% 
Estaduais: 7 %
Tabela 02 Número de Matrícula Inicial
Matrícula inicial
Regiões Econômicas Urbana
e Municípios Total Federal Estadual Municipal Particular
 
Estado da Bahia 408.580 - 11.096 160.829 108.351
Metropolitana de Salvador 62.783 - 6.948 14.361 38.783
Camaçari 2.442 - - 1.265 1.164
Candeias 2.929 - - 1.774 188
Dias D’Ávila 1.659 - - 1.482 50
Itaparica 807 - - 609 198
Lauro de Freitas 802 - 161 261 380
Madre de Deus 730 - - 548 182
Salvador 46.088 - 6.707 4.058 35.303
São Francisco do Conde 1.834 - - 1.295 -
Simões Filho 3.765 - 51 2.113 717
Vera Cruz 1.727 - 29 956 601
Projeto trilha das artes
- 14 -
Tabela 03 - Número de Docentes
 Número de docentes 
Regiões Econômicas Urbana
e Municípios Total Federal Estadual Municipal Particular
 
Estado da Bahia 26.826 - 429 6.887 7.051
Metropolitana de Salvador 3.460 - 275 587 2.452
Camaçari 79 - - 33 45
Candeias 149- - 91 11
Dias D’Ávila 68 - - 59 3
Itaparica 44 - - 26 18
Lauro de Freitas 46 - 15 10 21
Madre de Deus 27 - - 20 7
Salvador 2.638 - 257 122 2.258
São Francisco do Conde 88 - - 53 -
Simões Filho 205 - 2 113 42
Vera Cruz 116 - 1 60 47
Processo de Sistematização
- 15 -
Parte 2
Mapeamento do Projeto 
Trilha das Artes
Quando o projeto chegou à escola que eu ensino, tive uma resistência porque eu achava que já dava 
aulas de Arte e o Trilha das Artes só iria atrapalhar os meus projetos de aula. Era menos um dia para 
eu dar aula. Por isso eu não gostava.(...) Quando eu passei a entender que na Arte trabalharíamos 
conteúdos como: cor, forma, volume, textura, espaço, e que poderíamos fazer uma ligação com as 
outras áreas do conhecimento, o trabalho desenvolvido pelo projeto começou a fazer sentido. 
O projeto trilha das Artes veio para nos ensinar a ver a Arte como uma área tão importante quanto as 
outras. Eu trabalhava Artes, mas não era dentro de um projeto didático, ligado a um artista, a uma obra 
deste, destacando os conteúdos, como hoje eu trabalho. Hoje, olho para uma obra de qualquer pintor 
e já sei o que vou trabalhar, ou seja, os conteúdos que vou trabalhar com as crianças. Eu tive novos 
conhecimentos, novas práticas, enfim, aprendi muito. (...) Vejo Artes como um processo que não deve 
parar e sim continuar, como um trabalho tão importante quanto os outros.
Vanda Ramos, professora-multiplicadora. 
CEI Zeza Calmon de Sá 
[agosto de 2006]
Projeto trilha das artes
- 16 -
Sobrevôo histórico: de 
Integrarte à Trilha das Artes
A história do PROJETO TRILHA DAS ARTES 
teve início em 2002, com a elaboração do Projeto 
Integrarte_Creches, uma adaptação do PROJETO 
INTEGRARTE, que acontecia em comunidades 
de São Paulo, desde 1998.1 
O INTEGRARTE foi um projeto artístico-
educacional que teve por finalidade contribuir 
para o desenvolvimento pessoal e social de 
crianças e adolescentes de baixa renda em 
comunidades e instituições, por meio de aulas 
de artes visuais, incentivando sua expressão 
artística e cultural. Uma de suas principais metas 
foi capacitar pessoas como multiplicadores da 
própria comunidade/instituição para continuar 
desenvolvendo o projeto em cada local. Em 
São Paulo, foi desenvolvido durante seis anos 
na antiga favela do Madeirite, hoje conhecida 
como Cingapura do Madeirite. Ao longo deste 
período [1998-2003], o projeto também foi 
desenvolvido nas comunidades do Jaguaré, no 
Parque Continental e na comunidade do CEASA, 
todos na região oeste da cidade de São Paulo.
Em 2002, com objetivo de ampliar sua 
área de atuação, foi analisada a possibilidade 
de implementar o projeto em Salvador. 
Considerando a constatação da precária situação 
em que se encontrava a educação infantil 
neste município, e do papel desempenhado 
por instituições comunitárias e filantrópicas 
no atendimento a crianças de 0 a 6 anos, a 
coordenação do projeto em Salvador sugeriu sua 
implantação neste contexto. 
A partir da aprovação desta idéia, e da 
construção de uma parceria com a ACREDITE - 
Associação de creches e Pré-escolas, localizada 
em Salvador, o projeto Integrarte_Creches foi 
viabilizado. Seu objetivo geral foi delineado 
como a qualificação do atendimento dado 
à primeira infância, através da formação de 
educadores como multiplicadores da área de 
Artes Visuais, em creche-escolas comunitárias e/
ou filantrópicas. 
A equipe responsável por estes primeiros 
passos já enfocava princípios que se mantiveram 
ao longo das transformações vividas pelo projeto: 
a visão de que trabalhar com arte na educação 
significa contribuir para o desenvolvimento 
pessoal e social de crianças e adultos; que isso 
requer um olhar atento para os aspectos que 
compõem o cenário sócio-histórico e cultural no 
qual os Centros de Educação Infantil2 - os C.E.I.- 
estão inseridos; e que uma reflexão sobre o papel 
da arte e da educação neste cenário atravessa 
todas as ações do projeto.
Assim, com a convicção da importância da 
Arte tanto no desenvolvimento infantil como 
nos processos de formação profissional e pessoal 
das educadoras, nasceu o Projeto INTEGRARTE 
CRECHES. A adaptação vivida no contexto de 
Salvador implicou o projeto com o compromisso 
de ampliar o conhecimento e promover um 
espaço de reflexão sobre as possibilidades 
de implementação das Artes Visuais como 
área de conhecimento na Educação Infantil, 
articulando diretamente as dimensões da arte, do 
desenvolvimento humano e da educação. 
Para atuarmos nestes espaços educativos, foi 
necessário fazer uma série de ajustes, levando em 
conta a realidade cotidiana dessas instituições. 
Essa nova situação implicou em analisar a rotina 
dos CEI e o lugar da área de Artes Visuais nas 
propostas curriculares, discutir as possibilidades 
de inserção das atividades propostas pelo projeto 
de modo sistemático, o que envolveu diversas 
reflexões e negociações com as instâncias que 
compõem um espaço escolar - os responsáveis 
pela direção/coordenação pedagógica e 
administrativa de cada instituição, e as equipes 
de educadores. Assim, enquanto em São Paulo 
o projeto era desenvolvido num formato de 
atividade extra, no turno oposto da escola, no 
1 O projeto passou a se chamar Trilha das artes em outubro de 2005, quando a Avante 
passou a assumir a gestão do mesmo.
2 Terminologia utilizada por diversas instituições educativas que atuam na área da Educação 
Infantil (0 a 6 anos). No contexto de Salvador, muitas instituições antes denominadas 
“creche-escolas” passaram a adotar esta terminologia. Este tipo de mudança está atrelado 
a transformações no modo de compreender a função da creche, dando ênfase a seu 
caráter educativo. No contexto local é comum a utilização da abreviação C.E.I., também 
utilizada ao longo deste documento.
Processo de Sistematização
- 17 -
CEI o projeto entraria como uma forma de fazer 
acontecer, de forma sistemática e formal, o 
ensino das artes visuais no contexto da educação 
infantil.
O processo de implantação, realizado em 
2003, se deu a partir da indicação de sete 
instituições credenciadas pela ACREDITE; duas 
foram selecionadas para sediar a experiência 
piloto do projeto: os Centros de Educação 
Infantil (C.E.I.)3 Allan Kardec e Zeza Calmon de 
Sá. Nesta etapa, o público atendido pelo projeto 
(beneficiários) foi definido da seguinte forma:
Público atendido diretamente:
• Professoras de creche-escolas comunitárias 
associadas a Acredite, selecionadas para 
formação como multiplicadoras da área de 
Artes Visuais [através de formação continuada 
e posteriormente cursos de formação]; 
• Crianças de 4 a 6 anos, integrantes dos grupos 
das professoras-multiplicadoras [ampliação 
progressiva até atingir, em 2006, todas as 
crianças dos CEIs parceiros].
Público atendido indiretamente:
• Demais educadoras de cada CEI [através dos 
processos de multiplicação interna]; 
• Crianças de 1 a 6 anos, integrantes dos grupos 
destas educadoras;
O atendimento direto, portanto, diz respeito às 
ações centrais ligadas aos objetivos mais amplos 
do projeto: formação de multiplicadores em 
serviço e qualificação do atendimento à criança 
através da qualidade da ação educativa na área 
de Artes Visuais. Assim, como pretendemos 
esclarecer neste documento, durante a etapa de 
implantação do projeto o atendimento direto 
se restringe às professoras-multiplicadoras e às 
crianças que compõem seus grupos. Ao longo do 
projeto, com a ampliação das ações formativas 
através dos Cursos de Formação e do processo 
de multiplicação interna, o atendimento direto 
3 Como já sinalizado, a caracterização de cada CEI envolvido é apresentada no tópico 
“Parceiros de trilha”, ainda na parte 2 deste documento. Os aspectos metodológicos dos 
processos formativos são abordados na parte 3, em articulação com as concepções que 
os fundamentam. 
também se amplia, já que um número maior de 
educadoras passa a participar de ações formativas 
junto ao Trilha. Além disso, à medida que a 
multiplicaçãointerna ocorre, as professoras 
de cada CEI fortalecem sua apropriação da 
metodologia proposta pelo projeto Trilha das 
Artes. Assim, no último ano do projeto (2006), se 
os resultados esperados, em relação à formação e 
atuação das multiplicadoras, foram atingidos, todas 
as crianças serão contabilizadas no “atendimento 
direto”, pois todas as professoras devem ter 
condições de desenvolver seus projetos didáticos 
na área de Artes Visuais com competência, 
contando com o apoio e acompanhamento das 
professoras-multiplicadoras e da coordenação 
pedagógica de cada instituição. 
Em relação à formação/qualificação nos quadros 
dos CEIS 
Dentro do universo das instituições que 
compõem a Acredite, os CEIS selecionados pelo 
projeto, em parceria com esta instituição, eram 
considerados os que dispunham de melhores 
condições gerais - consideração que também 
envolve o nível de qualificação da equipe 
educativa. Como se pode constatar nos dados 
referentes ao perfil dos participantes do curso de 
formação II4 , nos CEIs parceiros do Trilha das 
Artes é predominante a formação de nível médio, 
o que, no entanto, não chega a 50% do grupo. 
As equipes educativas dos CEIS em geral são 
bastante heterogêneas neste aspecto: contam com 
educadores leigos, com formação de nível médio, 
superior e até pós-graduação. Também se percebe 
que é crescente o número de educadores que 
desejam e buscam alternativas para realizar sua 
graduação, em consonância com as expectativas 
do PNE. No entanto, no contexto local a situação 
atual do ensino superior é um fator prejudicial, 
visto que, além do número de vagas ser pequeno, 
não existem cursos noturnos nas universidades 
públicas de Salvador.
4 Dados levantados junto aos participantes do curso de formação II, e processados pelo 
CENPEC, no acompanhamento do Programa Desafios IMPAES 2006.
Projeto trilha das artes
- 18 -
Nos cursos de Pedagogia a disciplina de 
artes é, na maioria, optativa.. Esta área não 
é contemplada no currículo de modo geral, 
mesmo dentro das opções pela área de educação 
infantil. 
Os educadores participantes dos cursos de 
formação promovidos pelo Trilha apontam que 
este tipo de oportunidade de formação, além de 
contribuir significativamente para a ampliação de 
seus conhecimentos, e para a qualificação de sua 
prática educativa, também acabam por estimular 
o desejo de “estudar mais”, potencializando 
a construção de planos ligados à inserção ou 
conclusão de seus estudos, nos diversos níveis. 
Voltando ao percurso histórico, as seguintes 
diretrizes passaram a nortear as ações do 
projeto:
• Formação de educadores5 
- através da formação continuada (ou “em 
serviço”) 
- através de cursos de formação;
• Acompanhamento do processo de 
implementação das Artes Visuais como 
área de conhecimento na organização das 
práticas educativas, envolvendo as diversas 
instâncias interinstitucionais (arte-educadores 
e coordenações do Trilha; professores e 
responsáveis pela coordenação pedagógica e 
pela gestão nos CEI);
• Multiplicação interna, tendo em vista 
a ampliação da formação aos demais 
educadores dos CEIs, se dá através de ações 
de apoio à elaboração dos planejamentos 
e projetos didáticos na área de Artes Visuais 
e acompanhamento da respectiva prática 
educativa, por parte das professoras-
multiplicadoras e coordenação pedagógica de 
cada CEI. 
• Sistematização das ações desenvolvidas pelo 
Trilha das Artes.
Nesta etapa de implantação, a equipe do 
Projeto era composta por uma coordenadora e 
duas arte-educadoras, que desenvolviam as ações 
formativas continuadas junto às professoras-
multiplicadoras das instituições.
Dando continuidade ao percurso histórico, 
em 2004 foram selecionados mais dois CEIs 
parceiros: CEI Juracy Magalhães e CEI Béu 
Machado. De acordo com o que já existia como 
proposta, dentro das diretrizes do projeto, neste 
foi viabilizada a primeira realização do Curso 
de Formação I, voltado prioritariamente às 
professoras-multiplicadoras e coordenadoras 
pedagógicas dos quatro CEI envolvidos.6
Outro acontecimento importante foi a criação 
do IMPAES – Instituto Minidi Pedroso de Arte 
e Educação Social, que assumiu o papel de 
financiador do projeto. A equipe do INTEGRARTE 
passou a contar com mais duas arte-educadoras. 
Ao final deste ano, os CEI realizaram suas mostras 
de arte, num acontecimento que mobilizou 
as comunidades educativas e revelou um 
crescimento significativo das equipes em relação 
ao trabalho com as Artes Visuais. 
As mostras de arte são exposições abertas 
ao público (em destaque as famílias e a 
comunidade do entorno de cada CEI) compostas 
por produções das crianças, decorrentes dos 
projetos didáticos desenvolvidos ao longo do 
ano. Configuram-se como um momento de dar 
visibilidade e potencializar o reconhecimento da 
qualidade do trabalho realizado, mobilizando 
significativamente tanto a equipe de educadores 
como as crianças e seus familiares. Seu processo 
de produção envolve toda a comunidade 
educante, transformando a organização do 
espaço físico da instituição que, nestas ocasiões, 
pode ser visto como uma alegre “galeria”, 
composta por diferentes suportes, materiais e 
técnicas, informações sobre cada projeto didático 
desenvolvido, os artistas e obras investigados, e 
relatos das crianças. O ambiente gerado por estes 
diversas aspectos promove um caráter lúdico e 
educativo à visitação. 
Momentos especiais marcam a memória de 
todos que compõem esta história. A gente se 
mostra, a gente se vê e se encanta...Quantas 
5 Na parte 3 deste documento (“Concepções norteadoras e modos de fazer”) são 
apresentadas as ações desenvolvidas nestas duas modalidades de formação. 
6 O programa deste curso de formação é apresentado na parte 3.3 deste documento.
Processo de Sistematização
- 19 -
coisas legais nós fizemos! Quanta idéia, dúvida, 
espaço... tantas cores, brincadeiras, aquele 
orgulho, emoção... Nossos traços conversam com 
aquelas paredes. E com todo mundo que passa. 
Dentro e fora se transformam. A gente sonha, vive 
e se reinventa! 
O ano de 2005 foi um ano de grande desafio e 
amadurecimento, contando com transformações 
no âmbito da gestão do projeto. A multiplicação 
interna começou a ser desdobrada: um processo 
fundamental para o projeto, reforçado pela 
segunda realização do Curso de Formação 
I. Neste ano, o curso I contou com outras 
professoras das equipes dos CEI envolvidos e 
com diversas auxiliares de classe, que ainda não 
haviam tido contato direto com o projeto.
No projeto inicial, ao longo do terceiro 
ano aconteceria o segundo módulo formativo, 
focado especificamente na área de artes visuais. 
Considerando a avaliação positiva, através dos 
relatos da importância do primeiro Curso de 
Formação para os participantes, resolvemos 
repeti-lo para que mais educadores pudessem ter 
acesso a essa formação.
Entendemos que esta ampliação foi 
significativa para a multiplicação interna, ao 
promover maior disseminação das idéias do 
projeto em cada instituição. Também significou 
um elemento motivador, facilitando os processos 
que permeiam a multiplicação interna. Como todo 
processo formativo, esta depende diretamente 
do envolvimento das professoras, tanto nas 
ações formativas (desenvolvidas pelo Trilha ou 
pelas professoras-multiplicadoras/coordenações 
pedagógicas) como em suas próprias práticas 
educativas na área de Artes Visuais.
Neste terceiro ano de existência, enfrentados 
os desafios que marcaram a etapa de implantação 
nos quatro CEI, o projeto também mudou sua 
identidade. As ações e os papéis desempenhados 
pela equipe do projeto se modificaram, na inter-
relação com o avanço das equipes dos CEI, em 
direção à autonomia de suas práticas educativas 
em Artes (como era esperado), e o projeto foi 
“rebatizado” como Projeto TRILHA DAS ARTES. 
A opção por um novo nome estava atrelada às 
mudanças vividas em relação à estrutura e à 
gestão do projeto, que passou a contar com a 
AVANTE como entidade gestora. 
A transferência da gestãodo projeto do IMPAES 
para a AVANTE significou mais uma etapa de 
amadurecimento da equipe. O projeto passou a 
ter uma sede, o que facilitou a organização do 
trabalho em equipe e a coordenação das ações. 
Projeto trilha das artes
- 20 -
Além disso, a parceria com uma instituição 
experiente e atuante na área de educação, tem 
em si um potencial de interlocução significativo, 
representando possibilidades de fortalecimento e 
de ampliação dos raios de ação do projeto. 
Uma das arte-educadoras e co-criadoras 
do projeto mudou de função e a estrutura do 
projeto passou a contar com a supervisão de 
arte-educação, que desempenhou uma função 
importante para garantir a construção da 
identidade das educadoras em relação ao seu 
papel como arte-educadoras. Ou seja, assumir a 
elaboração e o desenvolvimento das atividades 
de Artes Visuais com autonomia. Assim, o papel 
da supervisão artístico-pedagógica direta nos 
CEIs, teve como objetivo construir com os grupos 
o processo de multiplicação interna e subsidiar 
uma importante meta do projeto: a sistematização 
das propostas pedagógicas referentes à área de 
Artes Visuais no âmbito do projeto pedagógico 
de cada CEI. O projeto também passou a contar 
com uma coordenação institucional, e com uma 
coordenação administrativa, no âmbito da gestão 
da Avante.
Outra conquista importante em 2005 foi a 
realização do processo de reflexão da equipe 
voltado à construção de indicadores de avaliação 
e resultado do projeto. 
O ano de 2006 representou uma etapa de 
amadurecimento geral: nos CEIS as educadoras 
passaram a assumir com autonomia a elaboração 
de projetos, o planejamento e a execução das 
ações da área de Artes Visuais; paralelamente 
à supervisão desenvolvida em relação à 
apropriação das ações e à sistematização das 
propostas pedagógicas de Artes Visuais em cada 
CEI, o grupo de formação do Trilha realizou o 
Curso de Formação II, focado especificamente 
nos princípios de organização da área de Artes 
Visuais. Além disso, foi possível viabilizar o 
enfrentamento de um desafio/desejo antigo: 
desenvolver um processo de sistematização 
das experiências do projeto, e ter a chance de 
aprender um pouco mais a partir da reflexão 
sobre suas ações, de modo a aprofundar a 
fundamentação das mesmas (articulação teoria-
prática). Para este processo, contamos com mais 
uma integrante na equipe, responsável pela 
coordenação do processo de sistematização.
Em 2006 também vivemos uma experiência 
importante na direção da disseminação das ações 
do TRILHA, e ao mesmo tempo, em relação a alguns 
indicadores de resultado e impacto do projeto. A 
realização do evento TROCANDO EM MIÚDOS, 
promovido pela AVANTE, deu voz a professores, 
arte-educadores, coordenadores e parceiros, de 
todas as instituições envolvidas, através de seus 
relatos de experiência, comunicados no primeiro 
seminário de disseminação do projeto. 
No final do ano, pudemos verificar o avanço da 
autonomia das professoras através da qualidade 
das exposições organizadas por cada CEI, que 
ocorreram, pela primeira vez, sem o apoio da 
supervisão do Trilha. Além disso, o processo de 
elaboração das propostas pedagógicas em cada 
CEI conseguiu atingir a etapas de finalização, e a 
equipe pôde acompanhar a conclusão de curso 
das educadoras, que foi associada a um processo 
de criação em Artes Visuais. 
Processo de Sistematização
- 21 -
quadro-resumo das principais atividades desenvolvidas pelo projeto [2003 a 2006]
Parceiro Principais ações desenvolvidas
2002
Acredite, Minidi Pedroso
2003
Acredite, Minidi, CEI Allan Kardec, CEI Zeza 
Calmon de Sá
2004
Acredite, Impaes, Cei: Allan Kardec, Zeza 
Calmon De Sá. Juracy Magalhães, Béu 
Machado
2005
Acredite, Impaes, Avante, Cei: Allan Kardec, 
Zeza Calmon De Sá, Juracy Magalhães, Béu 
Machado 
2006
Acredite, Impaes, Cei Allan Kardec, Zeza 
Calmon De Sá., Juracy Magalhães
• Articulação com Acredite 
• Concepção da proposta Integrarte Creches
• Montagem da equipe
• Processo formativo da equipe
• Planejamento e adaptação da proposta nos CEIs pilotos
• Inicio da implantação do projeto piloto nos CEIs Allan
 Kardec e Zeza Calmon de Sá
• Seleção de 2 novos CEIs - Juracy Magalhães e Béu Machado
• Exposição nos CEIs Allan Kardec e Zeza Calmon de Sá
• Adaptação e planejamento no CEI Juracy Magalhães
• Planejamento e formação geral da equipe interna
• Inicio da implantação do projeto no CEI Juracy Magalhães
• Re-direcionamento do projeto no CEI Zeza Calmon de Sá
• Inicio do Curso I de Formação - 1ª turma (multiplicadoras)
• Adaptação e planejamento no CEI Béu Machado (2º semestre)
• Inicio do projeto no CEI Béu Machado (2º semestre)
• Exposição nos CEIs Allan Kardec, Zeza Calmon de Sá e Juracy 
Magalhães
• Planejamento interno e nos CEIs
• Inicio do trabalho de supervisão
• Inicio do Curso I de Formação - 2ª turma (auxiliares)
• Inicio da multiplicação interna no CEI Allan Kardec (1º 
semestre)
• Inicio da negociação com Avante
• Inicio da multiplicação interna no CEI Juracy Magalhães (2º 
semestre)
• Mudança do Projeto para Avante (2º semestre)
• Exposição nos CEIs Allan Kardec, Zeza Calmon de Sá,Juracy 
Magalhães e Béu Machado
• Elaboração da continuidade do projeto - Desafios Impaes 2006
(Acompanha/o CENPEC)
•Mudança na composição da equipe do Trilha das Artes
• Desligamento do CEI Béu Machado do projeto
• Planejamento das equipes dos CEIs com as supervisoras do 
Trilha das Artes
• Inicio do trabalho de construção das propostas pedagógicas de 
Artes Visuais nos CEIs
• Inicio do Curso II de Formação
• Elaboração do documento de sistematização do projeto
• Trocando em Miúdos com Mostra do Panorama geral dos anos 
de Projeto nos 4 CEIs
• Exposição nos CEIs Allan Kardec, Zeza Calmon de Sá,Juracy 
Magalhães
Projeto trilha das artes
- 22 -
Parceiros de Trilha 
AVANTE - Educação e Mobilização Social: 
entidade gestora do projeto Trilha das Artes
A AVANTE nasceu em 1991, e em maio de 
1996 estruturou-se como uma organização 
social sem fins lucrativos. Sua missão é 
conceber e implementar projetos de educação 
e mobilização social, por meio de parcerias 
estratégicas, da formação e participação em redes 
de ações de assessoramento e apoio técnico e do 
desenvolvimento de tecnologias e processos de 
intervenção social. 
A Avante é uma Instituição reconhecida 
pela qualidade do seu trabalho em educação e 
mobilização social, pela adoção do princípio 
e da prática do saber construído coletivamente 
e por sua capacidade de reunir competências, 
articular parcerias e atuar em rede.
A AVANTE e o Trilha das Artes
Em setembro de 2005, consolidou-se uma 
parceria que foi fruto dos vínculos estabelecidos 
entre a Avante e a Acredite nos caminhos de luta 
pelo atendimento de qualidade na Educação 
Infantil, no município de Salvador. O projeto 
INTEGRARTE, apoiado pelo IMPAES, identificou 
na AVANTE um novo parceiro de caminhada, visto 
que ambas estão imbuídas pelo/no compromisso 
por esta luta pela educação de qualidade e têm 
crenças em comum, que aproximam e tornam 
parceiros aqueles que trabalham por um mesmo 
fim. 
Os pontos convergentes mais relevantes em 
relação à identidade do projeto Trilha das Artes 
e os princípios que orientam as ações da Avante 
são:
• Acreditamos que o saber é instrumento 
fundamental para o desenvolvimento do 
indivíduo como ser autônomo e competente 
e para o desenvolvimento do grupo como 
espaço de transformação e crescimento;
• Acreditamos que a construção do saber se 
dá em um processo contínuo e diferenciado, 
coletivamente na confrontação e integração 
dos opostos e das contradições da realidade, 
tendo como resultados aprendizagens, 
mudanças e o exercício da cidadania ativa;
• Acreditamos que o sentido maior do que 
fazemos é fortalecer as instituições e as pessoas 
e torná-las mais autônomas e seguras;
• Acreditamos que a forma mais potente de 
realizar um processo de formação desta 
natureza é o modelo de reflexão – ação – 
reflexão, com ênfase na prática, tendo a teoria 
como instrumentode consolidação de uma 
ação pedagógica de qualidade;
• Acreditamos que as Artes Visuais, assim como 
outras formas de arte, são estruturantes para o 
desenvolvimento integral das crianças e devem 
ser incorporadas ao currículo da Educação 
Infantil como áreas de conhecimento.
ACREDITE - Associação de Creches e 
Pré-Escolas1
Associação fundada em 1999, em decorrência 
do fortalecimento das relações interinstitucionais 
entre diversas creche-escolas comunitárias, no 
âmbito de processos formativos, dentre os quais 
a Avante era uma das entidades gestoras. A 
Avante elaborou uma proposta com o objetivo 
de fortalecer as lideranças das instituições 
interessadas para a formação de uma REDE que 
integrasse todas as Instituições de Educação 
Infantil da Região Metropolitana de Salvador, 
desenvolvendo projetos de apoio às creches 
associadas, iniciativa que contou com o apoio 
do Instituto C&A. No inicio de 1999 o grupo 
contava com 26 creches. Em 2000, com 23, 
todas atendendo crianças na faixa etária de 0 a 6 
anos, em tempo integral, gratuitamente. 
Durante 1999 o grupo participou mensalmente 
de seminários promovidos pela Avante, 
discutindo a realidade de cada instituição, 
aproximando as lideranças, promovendo a 
descoberta do seu potencial enquanto grupo 
1 Este texto informativo será atualizado, de acordo com a atual apresentação da instituição 
em seu site (informações lançadas na semana em que este documento foi concluído, já 
solicitadas à Acredite).
Processo de Sistematização
- 23 -
para que pudesse concretizar um objetivo maior: 
criar uma Associação de Creches e Pré-Escolas. 
Ainda em 1999, foi fundada a ACREDITE, com 
o seguinte perfil: entidade sem fins lucrativos, 
composta de 23 instituições filantrópicas e 
comunitárias2 da região metropolitana de 
Salvador.
Tem como missão “integrar e fortalecer as 
instituições de educação infantil associadas, a fim 
de que possam contribuir para o desenvolvimento 
integral da criança”. Assim, a ACREDITE - 
Associação de creches e pré-escolas - exerce um 
papel importante para a garantia dos direitos da 
criança.
Considerações da ACREDITE sobre o contexto 
local3
Existe em Salvador um grande número de 
creches filantrópicas e comunitárias que atendem 
crianças na faixa etária de 0 a 6 anos. Nas 
considerações apresentadas pela ACREDITE, em 
sua maioria: 
• estas instituições funcionam sem infra-estrutura 
adequada; 
• seus educadores não estão capacitados para 
exercer a função; 
• não existe uma proposta pedagógica para 
conduzir o processo educativo;
A maioria dessas creches está localizada em 
“comunidades de alto risco, onde a violência 
faz parte do dia-a-dia das famílias”; nestas 
comunidades:
• a assistência médica é precária;
• as crianças, quando não estão na creche, ficam 
expostas a todo tipo de dificuldades ligadas à 
miséria social;
Os recursos das instituições se originam 
de doações; os convênios muitas vezes não 
atendem às necessidades das instituições para o 
desenvolvimento de um trabalho de qualidade.
Preocupados em melhorar a qualidade do 
atendimento à infância e promover a formação 
integral da criança, com base na LDB, algumas 
lideranças das creches decidiram unir suas 
forças, visando trabalhar de modo integrado e 
comprometido com os resultados dos serviços 
prestados.
IMPAES - Instituto Minidi Pedroso de Arte e 
Educação Social
Concebido pela artista que lhe dá o nome e os 
investimentos necessários para a implementação 
dos projetos, o Instituto, fundado em abril de 
2004, nasceu com a missão de apoiar projetos 
de arte-educação social voltados a crianças e 
jovens de baixa renda, sem a pretensão de formar 
artistas.
Estimular o crescimento pessoal do ser 
humano, utilizando a Arte como ferramenta 
de apoio, e capacitar multiplicadores nas 
comunidades ou instituições atendidas são suas 
principais propostas. Assim, propõe beneficiar 
iniciativas que tenham como meta a capacitação 
de educadores na área da arte, visando efeito 
multiplicador em todas as suas ações, sempre 
voltadas à formação de crianças, jovens e adultos, 
em comunidades de baixa renda.
O Instituto mantém parceria com uma série de 
instituições, possibilitando o desenvolvimento de 
projetos de arte-educação em comunidades de 
baixa renda de São Paulo e Bahia. 
O Impaes apóia e desenvolve programas com 
parceiros que sejam referência no ensino da arte, 
racionalizando investimentos e contribuindo para 
a melhoria técnica destas iniciativas.
No ano de 2006 contou com oito parceiros 
em diferentes projetos de arte educação, dentre 
os quais está a Avante, em Salvador, gestora do 
Projeto Trilha das Artes. 2 Em 2006 contava com 17 CEI associados.
3 Documento disponibilizado pela instituição, elaborado em 2000, com objetivo de relatar 
o processo de criação da associação, o universo de creche-escolas associadas, as ações 
desenvolvidas e as expectativas existentes na época.
Projeto trilha das artes
- 24 -
Com a Associação Amigos da Pinacoteca 
capacita pessoas responsáveis pela orientação 
artística em comunidades de baixa renda, com 
a Associação Arte Despertar prepara jovens 
para monitorar crianças e ainda trabalha com 
professores de uma unidade da ASA-Associação 
Santo Agostinho; com a Associação Cidade 
Escola Aprendiz realiza programa de formação 
para jovens de Heliópolis, Jardim Conceição 
e Paraisópolis, em São Paulo, partindo da arte 
como intervenção urbana; com o Associação 
Projeto Carmim apóia o curso de formação de 
arte empreendedores sociais; com o CAIC (Centro 
de Atenção Integral à Criança) proporciona o 
aprendizado da técnica da pintura óleo sobre tela 
a jovens e crianças de Guaxupé, Minas Gerais; 
com o Instituto Tomie Ohtake focaliza a arte 
contemporânea para professores da rede pública; 
e com o Projeto Arrastão promove a formação de 
multiplicadores de arte-educação na comunidade 
de Campo Limpo, em São Paulo.
Desde 2005, o Impaes firmou parceria com 
o Cenpec – Centro de Estudos e Pesquisas em 
Educação, Cultura e Ação Comunitária para 
acompanhar o desenvolvimento dos projetos, e 
selecionar novas propostas por meio do Programa 
Desafios Impaes.
[fonte: site do Impaes: www.impaes.org]
Os Centros de Educação Infantil (C.E.I.)
CEI AllAN KARDEC
O CEI Allan Kardec se localiza no bairro 
Nordeste de Amaralina, em Salvador. Iniciou 
suas atividades em março de 1989. Foi criado a 
partir da mobilização um grupo de trabalhadoras 
da Petrobrás, que fazem parte do Centro Espírita 
União, Amor e Luz. Frente à necessidade de 
contribuir para a diminuição das desigualdades 
sociais, para minimizar tantas questões de 
ordem social, esse grupo propôs dar assistência 
no plano educacional à crianças, oferecendo 
uma assistência pedagógica de qualidade 
e assegurando-lhes igualdade de direitos e 
possibilidades de crescimento pessoal e social.
 
Atendimento do CEI 
Allan Kardec em 2006
 Grupo [por faixa etária] Matrículas 
 em 2006
 01 ............................................................ -
 02 ...........................................................20
 03 ...........................................................45
 04 ...........................................................25
 05 ...........................................................24
 06 ...........................................................25
 TOTAL ..................................................139
Allan Kardec em 2006
quadro Funcional 
 Função ...............................................Número
 Gerente Executivo ..................................01
 Coordenador de projetos ........................01
 Coordenador Pedagógico ........................01
 Assessor de Gestão .................................01
 Professores .............................................06
 Auxiliar de classe ...................................11
 Auxiliar de secretaria ..............................01
 Auxiliar de serviço gerais ........................01
 Supervisor de serviço gerais ....................01
 TOTAL ...................................................24Participação nos cursos 
de formação por categorias
 Professores-multiplicadores .....................04
 Professores .............................................04
 Auxiliares de classe ................................03
 Coordenador pedagógico ........................01
 TOTAL ...................................................12
CEI ZEZA CAlMoN DE SÁ
Localizado em Coutos, bairro do subúrbio 
ferroviário de Salvador, a creche Zeza Calmon 
de Sá foi fundada juntamente com o Mosteiro 
do Salvador, em 1977. Esta surgiu para atender 
as necessidades da comunidade, como um 
espaço para acomodar as crianças enquanto as 
mães iam trabalhar. A idéia inicial era oferecer 
cuidados relacionados às necessidades básicas 
das crianças, e a escolarização não aparecia 
como prioridade. Apenas duas das seis salas da 
instituição eram ocupadas para desenvolver o 
trabalho de educação formal. 
Processo de Sistematização
- 25 -
Com o tempo houve uma mudança da clientela 
atendida, que exigiu uma revisão das finalidades da 
instituição. Percebeu-se a necessidade da creche 
ter um caráter pedagógico de maior abrangência. 
Reuniu-se uma equipe técnica qualificada para 
desenvolver atividades pedagógicas e definiu-se 
uma linha de atendimento dentro da Educação 
Infantil. Esta transformação culminou na 
desativação do berçário.
Tendo em vista as melhorias necessárias, 
a escola buscou parcerias, promovendo um 
melhor atendimento às crianças. Atualmente 
esta instituição é um espaço para cuidar e 
educar crianças, respaldado no Referencial 
Curricular Nacional de Educação Infantil (MEC), 
e trabalha para incluí-las no processo social. 
Para isso vem desenvolvendo, em paralelo, 
trabalhos de integração entre Escola – Família 
– Comunidade, através da realização de reuniões 
de pais e educadores, e da promoção de 
palestras, seminários e cursos para a sociedade. 
Assim, todas suas ações são vistas como meios de 
atender a criança de forma integral.
Atendimento do 
CEI Zeza Calmon de Sá em 2006
GRUPO matrículas 
 em 2006
01 ...........................................................-
02 ......................................................... 25
03 ......................................................... 50
04 ......................................................... 50
05 ......................................................... 50
06 ......................................................... 25
TOTAL .................................................. 200
CEI Zeza Calmon de Sá em 
quadro Funcional
Função Número
Gerente Executivo ..................................01
Coordenador Pedagógico ........................01
Assistente Social .....................................01
Professores .............................................05
Auxiliar de classe ....................................07
Secretaria ................................................01
Auxiliar de serviço gerais ........................08
TOTAL ...................................................24
Participação nos cursos 
de formação por categorias
Professores-multiplicadores .....................02
Professores .............................................01
Auxiliares de classe ................................06
Coordenador pedagógico ......................... -
TOTAL ...................................................09
CEI JuRACY MAGAlhãES
O CEI Juracy Magalhães localiza-se no centro 
da cidade de Salvador e faz parte de um Complexo 
denominado Pupileira, onde funcionam alguns 
serviços da Santa Casa de Misericórdia.
O Complexo foi fundado no ano de 1932, 
com auxilio do governador da Bahia, a partir 
da necessidade de ampliar o atendimento - até 
então exclusivamente de internato - a crianças 
e adolescentes excluídas socialmente. Estendeu 
assim seu atendimento para a modalidade de semi-
internato, a fim de ajudar mães que trabalhavam 
e não dispunham de recursos e meios para cuidar 
de seus filhos.
Até 2001 a Creche Juracy Magalhães atendia 
crianças de 02 a 06 anos, 75 em regime de semi- 
internato e 45 em regime de internato. A partir da 
analise feita através de um estudo avaliativo em 
2001, a Santa Casa definiu que o atendimento 
à primeira infância seria prioridade. Desativou 
então o internato e ampliou sua capacidade 
de atendimento, criando 4 novos centros de 
educação infantil em regime escolar integral, 
atendendo 100 crianças de 01 a 06 anos em cada 
um deles. A Creche Juracy Magalhães também 
aumentou sua capacidade de atendimento, 
passando a atender 270 crianças.
Atendimento do CEI 
Juracy Magalhães em 2006
Grupos matrículas 
 em 2006
01 .........................................................40
02 .........................................................45
03 .........................................................48
04 .........................................................45
05 .........................................................43
06 .........................................................36
TOTAL ..................................................257
Projeto trilha das artes
- 26 -
CEI Juracy Magalhães*
quadro Funcional
Função ................................................. Número
Coordenador Administrativo ...................01
Coordenador Pedagógico ........................01
Assistente Social .....................................01
Professores .............................................12
Auxiliar de classe ....................................17
TOTAL ...................................................32
*Pessoal de cozinha, portaria, serviços gerais, fazem parte da 
administração geral da Santa Casa.
Participação nos cursos 
de formação por categorias
Professores-multiplicadores .....................04
Professores .............................................06
Auxiliares de classe ................................. - 
Coordenador pedagógico ........................01
TOTAL ...................................................11
Processo de Sistematização
- 27 -
Parte 3
Concepções norteadoras e 
modos de fazer
Educação Infantil, Arte e 
Formação de educadores 
O Ministério da Educação (MEC) elaborou 
em 1998 o Referencial Curricular Nacional para 
a Educação Infantil (RCNEI), documento que 
vem apoiar a prática do educador da Educação 
Infantil, norteando o seu trabalho nas diversas 
áreas do conhecimento. O ponto de partida para 
a elaboração deste documento foi a realização 
de um diagnóstico das propostas pedagógicas 
e dos currículos de educação infantil de vários 
estados e municípios brasileiros, que revela 
alguns dados importantes para a reflexão sobre a 
organização curricular e seus componentes. Essa 
análise apontou para o fato de que a maioria das 
propostas:
• Concebe a criança como um ser social, 
psicológico e histórico;
• Tem no construtivismo sua maior referência 
teórica;
• Aponta o universo cultural da criança como 
ponto de partida para o trabalho;
• Defende uma educação democrática e 
transformadora da realidade, que objetiva a 
formação de cidadãos críticos. 
Ao mesmo tempo, este diagnóstico constatou 
um grande desencontro entre os fundamentos 
teóricos adotados e as orientações metodológicas 
existentes, destacando que não são explicitadas 
as formas que possibilitam a articulação entre o 
universo cultural das crianças, o desenvolvimento 
infantil e as áreas do conhecimento.
Considerando este contexto, o projeto Trilha 
das Artes insere-se, de modo mais amplo, no 
âmbito do conjunto de ações voltadas à promoção 
desta articulação, a partir de uma das áreas de 
conhecimento presentes neste documento: as 
Artes Visuais.
O RCNEI foi um documento norteador do 
projeto Trilha das Artes desde sua elaboração, 
por apresentar convergências com seus principais 
parâmetros. Isto é, por apresentar, de forma clara, 
algumas concepções balizadoras da criação do 
projeto e do desenvolvimento de suas ações.
Como todas as ações do Trilha das Artes são 
entendidas como ações formativas, a utilização 
desse documento se deu tanto em relação àsações que integraram a formação continuada das 
professoras dos CEI, como na estruturação dos 
módulos que compõem os cursos de formação I e 
II. Nesses cursos, alguns conteúdos são partes que 
compõem o RCNEI, em destaque nos módulos 1 Neste tópico utilizamos a sigla RCNEI ou somente “Referencial” como forma abreviada de Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
Projeto trilha das artes
- 28 -
voltados especificamente às linguagens artísticas 
- Música, Movimento e as Artes Visuais - que são 
consideradas como alguns dos eixos de trabalho 
da educação infantil. 
Para oTrilha, portanto, conhecer e compreender 
a organização do Referencial é fundamental, já 
que este documento contextualiza nossa reflexão 
principal, cujo foco é o lugar das Artes Visuais na 
Educação Infantil e suas diversas decorrências nos 
processos de desenvolvimento e aprendizagem. 
Compreendemos que estes processos incluem 
a construção da identidade das crianças, aspecto 
que, por sua vez, está entrelaçado às elaborações 
de suas leituras de mundo. Entendemos que este 
tipo de leitura é um conhecimento em movimento 
durante toda a vida. Começa desde muito cedo, 
na primeira infância, e envolve a dimensão ética 
e estética do conhecimento humano.
organização do RCNEI
O Referencial Curricular Nacional para a 
Educação Infantil é organizado a partir de duas 
grandes categorias: os âmbitos de experiência e 
os eixos de trabalho. 
Os âmbitos são compreendidos como 
domínios ou campos de ação que dão 
visibilidade aos eixos de trabalho educativo para 
que o professor possa organizar sua prática e 
refletir sobre a abrangência das experiências que 
propicia às crianças. Este modo de organização 
visa abranger múltiplos espaços de elaboração 
de conhecimentos e diferentes linguagens2. 
A construção da identidade, os processos de 
socialização e o desenvolvimento da autonomia 
das crianças, como processos mais amplos 
que permeiam a educação infantil, são os que 
propiciam as aprendizagens consideradas 
essenciais. 
 São definidos dois âmbitos de experiências 
- Formação Pessoal e Social e Conhecimento de 
Mundo – e a partir destes, seis eixos de trabalho, 
como podemos ver de modo esquemático no 
quadro abaixo, que também contextualiza o 
lugar das Artes Visuais neste documento.
O quadro a seguir apresenta a organização 
dos âmbitos e eixos de trabalho de modo 
esquemático:
ÂMBIToS De ExPERIÊNCIAS 
essenciais que devem servir de referência 
para a prática educativa
FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL:
Eixo de trabalho: Identidade e Autonomia
• Refere-se às experiências que favorecem 
prioritariamente a construção do sujeito;
• Constitui um volume do documento e está 
organizado de modo a explicitar as complexas 
questões que envolvem o desenvolvimento 
de capacidades de natureza global e afetiva 
das crianças, seus esquemas simbólicos de 
interação com os outros e com o meio, assim 
como a relação consigo mesmas.
CONHECIMENTO DE MUNDO: 
Eixo de trabalho: Movimento, Artes 
Visuais, Música, Linguagem Oral e Escrita, 
Natureza e Sociedade
• Refere-se à construção das diferentes 
linguagens pelas crianças e relações que 
estabelecem com os objetos de conhecimento. 
Este âmbito traz uma ênfase na relação das 
crianças com alguns aspectos da cultura;
• Constitui outro volume do documento, que 
apresenta cada eixo de trabalho a partir de 
concepções norteadoras, práticas correntes, 
objetivos e conteúdos por faixa etária, e 
orientações didáticas.
Aspectos fundamentais, convergentes com 
a visão do projeto Trilha das Artes: concepção 
de arte como linguagem e concepção das Artes 
visuais como objeto de conhecimento humano, 
2 Linguagem, nesta concepção, não se restringe ao modelo de linguagem verbal, ou seja, 
não se limita à linguagem oral e escrita. Refere-se a diversas formas de produção e 
princípios de organização de conhecimentos, que se constituem como linguagens, pois 
estão atreladas à criação de significações, sendo atividades essencialmente humanas 
e intencionais. É nesse sentido que podemos falar de “linguagens artísticas”, como 
esclarece Penna (2006). É neste entendimento que o termo linguagem pode ser utilizado 
para se referir, por exemplo, à linguagem musical, corporal, à linguagem das artes visuais 
e também à linguagem matemática. 
Processo de Sistematização
- 29 -
que estrutura uma área de conhecimento 
específica na educação infantil. 
O Referencial aponta que os eixos de 
trabalho do âmbito Conhecimento de Mundo 
- Movimento, Artes visuais, Música, Linguagem 
oral e escrita, Natureza e Sociedade, Matemática 
- foram escolhidos por se constituírem em 
uma parcela significativa da produção cultural 
humana, que amplia e enriquece as condições 
de inserção das crianças na sociedade. 
A articulação entre Arte, Cultura e Educação 
também está presente na LDB, ao propor que “o 
ensino da arte constituirá componente curricular 
obrigatório, nos diversos níveis da educação 
básica, de forma a promover o desenvolvimento 
cultural dos alunos”.3
No RCNEI a cultura é entendida como o 
conjunto de códigos e produções simbólicas, 
científicas e sociais da humanidade, construído 
ao longo das histórias dos diversos grupos, 
considerando múltiplos aspectos e em constante 
processo de reelaboração e ressignificação. Esta 
idéia de cultura transcende, mas engloba, os 
interesses momentâneos, as tradições específicas 
e as convenções de grupos sociais particulares. 
Neste contexto, uma proposição importante 
para o projeto Trilha das Artes, dentro do 
Referencial, é a importância de promover o 
domínio progressivo das diferentes linguagens 
na educação infantil. Compreende-se que este 
domínio progressivo favorece a expressão 
e comunicação de sentimentos, emoções e 
idéias das crianças, propicia a interação com 
os outros e facilita a mediação com a cultura 
e os conhecimentos constituídos. Isto incide 
sobre aspectos essenciais do desenvolvimento 
e da aprendizagem e engloba instrumentos 
fundamentais para as crianças continuarem a 
aprender ao longo da vida.
A nosso ver, estas considerações gerais, desde 
já, justificam a importância da valorização das 
Artes Visuais como área de conhecimento da 
educação infantil. As concepções apresentadas 
contribuem significativamente para fundamentar 
a elaboração de propostas pedagógicas e 
de projetos didáticos desta área, de modo a 
reconhecê-la como uma área tão importante 
quanto às outras que compõem o currículo de 
educação infantil. AS considerações abaixo vem 
reforçar este posicionamento.
O RCNEI define as instituições de educação 
infantil como espaços de inserção das crianças 
nas relações éticas e morais que permeiam a 
sociedade. Ressalta-se que o trabalho educativo 
deve:
• tornar acessível a todas as crianças, 
indiscriminadamente, elementos da cultura 
que enriquecem o seu desenvolvimento e 
inserção social; 
• criar condições para as crianças conhecerem, 
descobrirem e ressignificarem experiências, 
sentimentos, valores, idéias, costumes e papéis 
sociais. 
Nesta perspectiva, o trabalho educativo cumpre 
um papel socializador e propicia o processo de 
construção da identidade das crianças por meio 
de aprendizagens diversificadas, realizadas em 
situações de interação. Compreender, conhecer e 
reconhecer o jeito particular das crianças serem e 
estarem no mundo, configura um tripé apontado 
o grande desafio da educação infantil e de seus 
profissionais. 
Como as crianças constroem o conhecimento 
a partir das interações que estabelecem, com as 
outras pessoas e com o meio em que vivem, a 
qualidade destas interações é muito importante. 
Nos processos formativos desenvolvidos pelo 
Trilha das Artes, este é um aspecto transversal, 
ou seja, compõe os conteúdos abordados nos 
cursos de formação, bem como no processo de 
formação continuada - nas reflexões promovidas 
junto às professoras multiplicadoras, a partir 
das situações vividas em sala de aula e de suas 
intervenções.
Dentro das concepções que vimos destacando, 
o processode construção do conhecimento 
envolve um intenso trabalho de criação, 
significação e ressignificação, no qual “as 
crianças utilizam as mais diferentes linguagens” 
e exercem a capacidade que possuem de terem 
idéias e hipóteses originais sobre aquilo que 
3 Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), seção que trata sobre a educação básica, 
art. 26, § 2º.
Projeto trilha das artes
- 30 -
buscam desvendar. Compreender as implicações 
destas proposições para a prática educativa 
é um elemento fundamental na formação 
dos educadores, que incide diretamente nas 
orientações didáticas de todas as áreas de 
conhecimento.
Todos estes parâmetros fortalecem o 
entendimento de que as Artes são indispensáveis 
e insubstituíveis na Educação Infantil. As 
linguagens artísticas garantem um significativo 
espaço de expressão e significação para as 
crianças; integram a atividade intelectual e as 
relações afetivas, contribuindo na organização 
de suas experiências. Consideramos que quando 
as Artes Visuais são trabalhadas em sintonia com 
estes referenciais, além de garantir este espaço 
de expressão, têm o valor de uma avaliação do 
momento que a criança vive, pois envolvem 
suas leituras de mundo, sua capacidade de 
representação (ou competência simbólica), 
e diversos aspectos de seu desenvolvimento 
psicomotor, de modo integrado à seu processo 
de construção de identidade e estruturação 
subjetiva.
Ao se expressar plasticamente a criança 
tem oportunidade de pensar, sentir e fazer. 
Ou seja, as crianças constroem sentidos às 
próprias experiências, e podem ressignificá-los 
continuamente, num processo onde a criação 
e a cognição estão fortemente implicadas. Estes 
princípios nortearam a criação e a elaboração 
do projeto Trilha das Artes ao longo de seu 
desenvolvimento, num processo onde o 
acompanhamento da prática cotidiana das 
professoras, o diálogo e a reflexão sobre a prática 
foram fundamentais.
Segundo o RCNEI, a presença das Artes Visuais 
na educação infantil, ao longo da história, tem 
demonstrado um descompasso entre os caminhos 
apontados pela produção teórica e a prática 
pedagógica existente. O diagnóstico realizado 
pelo MEC, destaca os seguintes aspectos em 
relação às práticas correntes nesta área:
• As práticas de Artes Visuais são muitas vezes 
entendidas apenas como meros passatempos, 
destituídas de significados; 
• Uma das principais práticas correntes considera 
que o trabalho deve ter uma conotação 
decorativa. Nessa situação os adultos fazem 
grande parte do trabalho, uma vez que não 
consideram que a criança tem competência 
para elaborar um produto adequado;
• As Artes Visuais têm sido bastante utilizadas 
como reforço para a aprendizagem de variados 
conteúdos. 
ARTES VISuAIS No CoTIDIANo DoS C.E.I.
Até então Artes era só desenhar - dar forma a alguma coisa 
- e pintar. (...) Ela [a área de artes] passou a ter significado 
no dia que surgiu o Integrarte no meu espaço de trabalho. 
No começo tudo era muito difícil e complexo, pois quando 
não entendemos uma coisa, essa coisa praticamente não tem 
significado algum. Levei muito tempo para entender como 
trabalhar com Artes, até hoje em alguns momentos eu fico 
insegura.
Brígida Raquel, professora-multiplicadora do Projeto trilha das 
Artes (2006)
(...) Já no que se refere a meu papel como educadora, é que 
vim a compreender essa importância e venho, a cada dia, 
utilizando essas ferramentas da arte visando a melhoria do 
aprendizado dos educandos não só nessa área, mas em todas 
as outras disciplinas. Outra oportunidade que me enriqueceu, 
nesse aspecto, foi o curso Trilha das Artes que, pouco a pouco, 
vem me levando a refletir sobre a importância da arte, não 
só na minha vida profissional, mas também na minha vida, 
como um todo.
Marita Pontes, professora do CEI Juracy Magalhães (2006)
A experiência vivida no projeto Trilha das Artes 
nos oportunizou constatar a “quase inexistência” 
de formação em relação à área de Artes 
Visuais, pois predominava significativamente 
o despreparo da maioria das educadoras, o 
que aponta diretamente para o modo como as 
Artes, em geral, ainda são compreendidas e 
implementadas nas propostas educativas dos 
Centros de Educação Infantil. 
Assim, em nosso contexto a situação 
encontrada apontava exatamente para as 
considerações gerais do diagnóstico do RCNEI: a 
Processo de Sistematização
- 31 -
falta de conhecimentos para subsidiar o trabalho 
nesta área, diretamente ligada ao fato da mesma 
não ser tratada como “área de conhecimento” e 
sim como um tipo de atividade “passatempo”, 
atrelada à concepção de recreação - como 
algo que se faz num tempo livre, de modo 
descontextualizado em relação ao mundo dos 
conhecimentos ligados ao ensinar e aprender. 
Aquilo que se refere ao “aprender” ainda é 
predominantemente associado à linguagem 
verbal/escrita e à linguagem matemática.
Esta constatação indica o quadro de 
insuficiência da formação dos educadores, 
ou seja, uma falta de conhecimento sobre os 
objetivos e conteúdos da área de Artes Visuais 
(suas especificidades), o que está atrelado à falta 
de reconhecimento da mesma como área de 
conhecimento na educação infantil. 
[reflexão /coordenação]
A escolha do turno das aulas de arte nos CEI 
Inicialmente deixamos a escolha do turno em 
que os ateliês aconteciam nos CEI por conta da 
coordenação dos mesmos. Quando chegamos nos 
CEI para desenvolver o Trilha, toda e qualquer 
atividade de Arte era realizada no turno da 
tarde. Isto porque as manhãs eram “reservadas” 
para as outras áreas, especialmente linguagem e 
matemática.
É importante ressaltar que geralmente, o turno da 
tarde, nestas instituições, é focado muito mais nas 
questões relativas ao cuidar das crianças e não 
ao educar. Portanto, o tempo para a realização 
de qualquer atividade é mais curto e permeado 
de questões da rotina do cuidar, como: soninho, 
banho, merenda etc. Além disso, a estrutura de 
pessoal é reduzida e menos qualificada.
Logo nos primeiros meses fomos percebendo 
que os ateliês estavam sendo comprometidos 
demais por essas questões. Propusemos então a 
troca de turno. Após alguns encontros reflexivos 
com as coordenações dos CEI – que, a princípio, 
relutaram em aceitar a nossa sugestão - ficou claro 
que a questão era relativa à aceitação da área de 
Arte como uma das áreas de conhecimento a 
serem trabalhadas, com conteúdos e objetivos 
específicos.
Essa mudança implicaria em ter as aulas de arte 
no “horário nobre” e, portanto, num ajuste dos 
planejamentos semanais dos CEI. Assim, essa 
mudança de turno contribuiu muito para que a 
área de Artes Visuais fosse de fato inserida no 
currículo como uma área de conhecimento tão 
relevante quanto às outras. 
Observamos que as áreas mais exploradas 
- Matemática e Linguagem Oral e Escrita - são 
as áreas em que as educadoras se sentem mais 
seguras, pois são as mais vivenciadas por elas 
em suas formações como alunas. Além disto, são 
estas as áreas que recebem mais investimentos 
formativos, destacando-se na ocupação do 
espaço-tempo voltado a reflexões e articulações 
teórico-práticas - como momentos de análise da 
prática; planejamentos; elaboração de projetos 
– e em relação a quantidade de referências e 
materiais de apoio.
“A minha vivência escolar em Artes Visuais como educadora, 
foi sempre através de atividades como: pintura, desenho, 
colagem, dobradura ou sempre atrelada com outra disciplina 
– Português, Matemática e outras, mas não especificamente 
Artes Visuais. Eram atividades que podiam ‘desenvolver a 
criatividade da criança’, sem a preocupação em dar ênfase a 
um conhecimento das artes propriamente ditas.”
“(...) Trabalhei durante oito anos numa escola particular que 
se dizia sócio-construtivista (...) a pró [professora] não dava o 
desenho pronto para as crianças pintarem, mas as festinhas, 
os murais, as exposições eram todas feitas pela pró. Tudo bem 
perfeito, recortado e pintado.”
(relatos escritos de professoras/ CEI Juracy Magalhães)
Constatamos que

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