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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS AULA 4 Prof.ª Eimi Suzuki CONVERSA INICIAL Aprenderemos aqui sobre deflexão em vigas, calcularemos a deflexão e a inclinação nas vigas provocadas pelas cargas. No final da etapa, aprenderemos como resolver problemas de vigas ou eixos estaticamente indeterminados. TEMA 1 – A LINHA ELÁSTICA Nada mais é do que o diagrama de deflexão de um elemento, essa deflexão é no centroide das seções transversais do elemento. Essa deformação, que pode ser vista em alguns exemplos na Figura 1, vai depender de alguns fatores, com reações de apoio e carregamento. Figura 1 – Linha elástica em duas vigas Fonte: Hibbeler, 2015. Se o material for homogêneo e estiver na fase elástica, podemos dizer que: (4.1) Em que: 1/ρ é a curvatura de um ponto da linha elástica; M é o momento fletor interno no mesmo ponto da curvatura; E é o módulo de elasticidade; e I é o momento de inércia. 1.1 CONDIÇÕES DE CONTORNO A maneira que a viga está apoiada vai interferir na deflexão da viga, pode ser visto na Figura 2 que para pino e rótula não há variação em y na linha elástica, já no engaste além de não ter variação de y o ângulo (θ) no ponto engastando também não muda. Figura 2 – Condições de contorno para alguns tipos de vigas Fonte: Beer et al, 2015. As condições de contorno sempre serão relativas às deflexões e às inclinações nos pontos de apoio da viga. 1.2 CONCAVIDADE DA LINHA ELÁSTICA Para desenhar um esboço da linha elástica, começamos com o gráfico de momento fletor. Quando o momento é positivo, a concavidade da curva da linha elástica é para cima, e quando o momento é negativo, a concavidade da curva da linha elástica é para baixo. E para quando o momento é nulo, temos o ponto de inflexão, que é quando há a mudança do sentido da concavidade da curva (Figura 3). Figura 3 – Exemplo de como esboçar a linha elástica Fonte: elaborado com base em Hibbeler, 2015. 1.3 EXEMPLO Exemplo 1: (Hibbeler, 2015) uma tira de aço L2 com 3 mm de espessura e 50 mm de largura é curvada até formar um circular de 15 m de raio. Determine a tensão de flexão máxima na tira. Solução: organizando os dados: Como a tira é de aço, em uma tabela de propriedades dos materiais, temos que: Utilizando a equação (4.1). Mas sabemos que: Exemplo 2: desenhe um esboço da linha elástica da viga da figura. Fonte: Martha, 2017. Solução: para pino e rótula não temos variação em y. Desenhando o gráfico de momento fletor. Fonte: Martha, 2017. Como o momento é positivo em toda a viga, a concavidade da curva da linha elástica é para cima. Como o carregamento pontual é bem maior que a resultante da força distribuída, podemos esboçar a linha elástica, como: Fonte: Martha, 2017. TEMA 2 – EQUAÇÃO DA LINHA ELÁSTICA A linha elástica, sendo uma curva, pode ser representada através de uma função. Fazendo substituições, chega-se à equação que gerará a equação da linha elástica, uma equação diferencial de segunda ordem. (4.2) Se a rigidez a flexão for constante na viga, pode ser usado: (4.3) (4.4) (4.5) Se a viga tiver carregamentos diferentes, ao longo da viga, por exemplo, no início da viga, uma carga distribuída e no final dela uma carga concentrada, pode-se usar várias funções (vários x), uma para cada parte da viga. Lembrando que a convenção é a mostrada na Figura 4. Figura 4 – Convenção de sinais positivo Fonte: Hibbeler, 2015. 2.1 CONDIÇÕES DE CONTINUIDADE Quando as condições de contorno não são suficientes para achar a equação da linha elástica, pode ser usado condições de continuidade. Se na viga for usado mais de uma função para a linha elástica, nos pontos de mudança de função, a deflexão e a inclinação devem ser as mesmas para o determinado ponto pelas duas funções. 2.2 CONDIÇÕES DE SIMETRIA Se uma viga é simétrica, a inclinação da linha elástica no seu ponto médio será nula. 2.3 EXEMPLOS Exemplo 1: (Hibbeler, 2015) determine a equação da linha elástica para a viga utilizando a coordenada x válida para 0 x L/2. Especifique a inclinação em A e a deflexão máxima da viga. EI é constante. Solução: como a única força concentrada P está equidistante dos dois apoios, as duas reações de apoio em y serão iguais com valor P/2. Nesta viga, faremos duas seções, uma antes de P e outra depois de P. Com isso, vamos fazer o diagrama de momento fletor. 1ª seção: 2ª seção: Pelas condições de contorno, sabemos que quando x = 0; y =0. Neste caso, pode-se usar a condição de simetria, para x = L/2; dy/dx=0. Portanto, pode-se escrever a equação da linha elástica como: Para achar a inclinação em A, sabemos que em A x = 0. A deflexão máxima será no meio da viga. Exemplo 2: (Beer et al., 2015) para a viga e o carregamento mostrados, sabendo que a = 2 m, w = 50 kN/m e E = 200 GPa, determine (a) a inclinação no apoio A, (b) a deflexão no ponto C (I = 84,9 . 106mm4). Solução: calculando as reações de apoio, temos que: A viga terá duas seções, uma entre AC e outra entre CB. Seção AC: Pelas condições de contorno, sabemos que quando x = 0; y =0. Seção CB: Pelas condições de contorno, sabemos que quando x = 6-2 = 4; y =0. Pelas condições de continuidade sabemos que quando xAC = a e xCB =0; dy/dx=dy/dx =0 e y=y. (a)A inclinação em A (x = 0). (b) a deflexão no ponto C (x = 2). TEMA 3 – MÉTODO DA SUPERPOSIÇÃO Quando a viga está sujeita a várias forças concentradas e distribuídas, geralmente, é mais simples utilizar o método da superposição para realizar o cálculo da deflexão e da inclinação. A Erro! Fonte de referência não encontrada. mostra como o princípio da superposição funciona. Fonte: elaborado com base em Beer et al, 2015. 3.1 TABELAS COM INCLINAÇÕES E DESLOCAMENTOS DE VIGAS Alguns resultados já são tabulados para facilitar os cálculos. As tabelas com a inclinação, deflexão máxima e curva da linha elástica para vigas simplesmente apoiadas e em balanço com vários tipos de carregamentos podem ser vistas na Figura 5 e na Figura 6. Figura 5 – Inclinações e deslocamentos de vigas simplesmente apoiadas Fonte: elaborado com base em Hibbeler, 2015. Figura 6 – Inclinações e deslocamentos de vigas em balanço Fonte: elaborado com base em Hibbeler, 2015. 3.2 EXEMPLOS Exemplo 1: (Beer et al., 2015) para a viga em balanço e o carregamento mostrados na figura, determine a inclinação e a deflexão na extremidade C. Use E = 200GPa e I = 2,52 . 10-6 m4. Solução: usando o princípio da superposição: 1ª viga: Usando a Figura 6, achamos a equação da inclinação e da curva da linha elástica para essa viga com esse tipo de carregamento, para a porção AB da viga. Substituindo pelos valores que temos: A porção BC não muda a inclinação. 2ª viga: Usando a Figura 6, achamos a equação da inclinação e da curva da linha elástica para essa viga com esse tipo de carregamento, para a porção AB da viga. Substituindo pelos valores que temos: Pelo princípio da superposição: Exemplo 2: (Hibbeler, 2015) a viga simplesmente apoiada com perfil W360 x 64 feita de aço A-36 é submetida à carga mostrada na figura. Determine a deflexão em seu centro C. Solução: como a viga é de aço A-36, E = 200 GPa, e o momento de inércia para o perfil W360 x 64 é I = 179. 106 mm4, portanto: Pelo princípio da superposição, vamos dividir a viga para duas vigas com carregamento mais simples. 1ª viga: Vamos achar na Figura 5 a equação de deflexão. Substituindo pelos valores que já conhecemos: 2ª viga: Vamos achar na Figura 5 a equação de deflexão. Substituindo pelos valores que já conhecemos: Pelo princípio da superposição: TEMA 4 – VIGAS E EIXOS ESTATICAMENTE INDETERMINADOS: MÉTODO DA INTEGRAÇÃO Já vimos como resolver problemas de eixos estaticamente indeterminados para elementos com carga axial. Aqui, vamos ver como resolver outras vigas e eixos estaticamente indeterminados e não apenas as de elementos com carga axial. Uma viga ou um eixo são classificados como estaticamente indeterminados quando não é possível achar as reações de apoio apenascom as equações de equilíbrio. A Figura 7 mostra uma viga que possui quatro reações de apoio para três equações de equilíbrio. Figura 7 – (a) Viga estaticamente indeterminada e (b) suas reações de apoio Fonte: Hibbeler, 2015. A reação, ou as reações, de apoio a mais na viga, como a da Figura 7, são chamadas de redundantes estática. A reação redundante, para ser determinada, é necessária uma análise, se a reação for retirada e o viga ainda for estável e em equilíbrio, essa será a reação redundante. Na Figura 7, essa poderia ser Ay, MA ou By, já se Ax fosse retirada e viga, não mais estaria em equilíbrio, portanto, ela não pode ser a reação redundante. 4.1 MÉTODO DA INTEGRAÇÃO Esse método é semelhante ao estudado no tópico 2 desta etapa. Para um ponto a uma distância x do ponto A, ou de uma força, achamos o momento fletor M(x). Fazendo a integração, achamos uma equação para θ e uma para y. As constantes C1 e C2 serão achadas através das condições de contorno, e/ou condições de simetria. Esse método é mais apropriado para quando apenas um x é utilizado para achar a linha elástica da viga. 4.2 EXEMPLOS Exemplo 1: (Beer et al., 2015) determine a reação em A e desenhe o diagrama do momento fletor para a viga e o carregamento mostrados na figura. Solução: substituindo os apoios pelas reações de apoio. Como a viga é simétrica: Fazendo uma seção a uma distância x do ponto A. Condições de contorno. Para A: Condições de simetria. Portanto: Com isso, conseguimos montar o diagrama de momento fletor. Exemplo 2: (Hibbeler, 2015) determine as reações nos apoios A, B e C; em seguida, trace os diagramas de força cortante e momento fletor. EI é constante. Solução: substituindo os apoios pelas reações de apoio. Fazendo uma seção a uma distância x do ponto A. Condições de contorno. Para A: Condições de contorno. Para B: Igualando com o que achamos no início do problema. Para fazer o gráfico, vamos achar as equações do momento e da cortante para cada trecho: Trecho AB: Trecho BP: Com isso, conseguimos montar os diagramas. TEMA 5 – VIGAS E EIXOS ESTATICAMENTE INDETERMINADOS: MÉTODO DA SUPERPOSIÇÃO Assim como para encontrar a linha elástica, pode ser usado o método da superposição, esse método também pode ser usado para achar as reações de apoio de uma viga ou eixo estaticamente indeterminados. A primeira coisa a fazer é identificar as reações redundantes, uma dessas reações redundantes será transformada em força (ou momento) com valor desconhecido, a viga agora deverá ser uma viga determinada, como pode ser visto na Figura 8. Aplicando o método da superposição, a primeira viga será a viga determinada criada, com o carregamento original aplicado, e a segunda será a viga determinada criada com a força gerada pela reação redundante. Viga estaticamente indeterminada pelo método da superposição Fonte: Beer et al, 2015. Outra coisa importante que deve ser observada na Figura 8 é que o deslocamento final do ponto onde havia uma reação de apoio que foi transformada em força deve ser nula, ou seja, para o exemplo yB=0. Caso a transformação de uma reação redundante não seja o suficiente para gerar uma viga determinada, pode-se transformar mais reações redundantes. 5.1 Exemplos Exemplo 1: (Beer et al., 2015) para a viga mostrada, determine a reação em B. Solução:temos quatro reações de apoio e duas equações de equilíbrio, portanto, vamos escolher duas reações redundantes, as do apoio B. Esta é uma viga estaticamente indeterminada do segundo grau. Usando a Figura 6 para a 1ª viga. Usando a Figura 6 para a 2ª viga. Usando a Figura 6 para a 3ª viga. Agora vamos ver as condições de contorno. Para a extremidade B que na figura original é engastada temos: Portanto: Exemplo 2: (elaborado com base em Gere; Goodno, 2017) uma viga continua ABC com dois vãos diferentes, um de comprimento L e outro de comprimento 2L, suporta um carregamento uniforma de intensidade q (veja a figura). Determine as reações RA RB e RC para essa viga. Solução: neste problema, temos três reações e duas equações de equilíbrio. Esta é uma viga estaticamente indeterminada do segundo grau. Usando a Figura 5 para a 1ª viga. Como o L da tabela é para a viga inteira, substituiremos L por 3L. Para o ponto B, x = L. Usando a Figura 5 para a 2ª viga. Como o L da tabela é para a viga inteira, substituiremos L por 3L. b=2L Para o ponto B, x = L. Uma das condições de contorno do ponto B é y = 0. Agora usando as equações de equilíbrio: FINALIZANDO Nesta etapa, aprendemos sobre deflexão e inclinação em vigas, como calcular a deflexão em qualquer ponto da viga, usando dois métodos, o da integração e o da superposição. Usamos esses mesmos dois métodos para achar as reações de apoio de vigas estaticamente indeterminadas. Foram feitos exemplos dos assuntos apresentados, mas para melhor fixar o conteúdo, faça mais exercícios dos assuntos desta etapa. REFERÊNCIAS BEER, F. P. et al. Mecânica dos Materiais. 7. ed. Porto Alegre: AMGH Editora LTDA, 2015. GERE, J. M.; GOODNO, B. J. Mecânica dos Materiais. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2017. HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil LTDA, 2015. MARTHA, L. F. Ftool: A Frame Analysis Educational Software. Rio de Janeiro: 2017. Disponível em: <http://www.tecgraf.puc-rio.br/~lfm>. Acesso em: 2 set. 2022.
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