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Pontes Aula 4: Cargas móveis Apresentação Nesta aula, veremos o que são as cargas móveis, suas características e como atuam sobre a superestrutura das pontes. Identi�caremos como essas solicitações incidem na laje do tabuleiro e como interferem diretamente no seu dimensionamento. Explicaremos como é utilizado o método de Rüsch para o dimensionamento da laje do tabuleiro. Objetivos Apresentar as cargas móveis; Reconhecer os esforços incidentes na superestrutura; Explicar o método de Rüsch. Primeiras palavras Como já visto anteriormente, a superestrutura é toda a estrutura de uma construção que está acima da linha do solo. Quando nos referimos a pontes, a superestrutura é o seu tabuleiro, ou seja, onde os veículos irão trafegar. A mesoestrutura possui a responsabilidade de transmitir os esforços incidentes na superestrutura até a infraestrutura. Quando nos referimos a pontes, a mesoestrutura são as vigas e pilares. Na mesoestrutura, as solicitações atuantes nos elementos estruturais são classi�cadas quanto à direção de atuação em verticais e horizontais. As direções dessas solicitações podem ser vistas na imagem abaixo: Solicitações na mesoestrutura (Fonte: Roberto Lucas Junior (2017) Segundo Stucchi (2006): "As solicitações verticais e horizontais atuantes na mesoestrutura são as provenientes do tabuleiro, ou seja, as cargas móveis e o peso próprio dos elementos da mesoestrutura." Essas solicitações são incidentes na laje do tabuleiro, em cujo projeto é utilizado o método de Rüsch. Esse método é proveniente da norma alemã DIN 1072 e é adaptado à norma brasileira NBR 7188 de 1982 quanto à utilização do trem-tipo. O método de Rüsch apresenta tabelas com a relação dos tipos de lajes que podem ser calculadas. Para a elaboração desses cálculos são seguidas simbologias especí�cas que representam a carga móvel e os vínculos das lajes. As simbologias utilizadas nas tabelas de Rüsch, podem ser vistas abaixo: Especificação de Carga Móvel adaptado de Rüsch (Fonte: Adaptado por Roberto Lucas Junior (2017) Segundo a NBR 7188: q1 = q2 = q Os valores atribuídos a q e a Q estão relacionados às classes 12, 30 e 45, onde: Para a classe 12 Q = 40kN q = 4kN/m² Para a classe 30 Q = 50kN q = 5kN/m² Para a classe 45 Q = 75kN q = 5kN/m² Onde: A linha pontilhada representa a borda livre; A linha isolada representa a borda apoiada; A linha dupla representa a borda engastada. Vínculos da Laje adaptado de Rüsch (Fonte: Adaptado por Roberto Lucas Junior (2017) Desse modo, seguindo a simbologia e a tabela de Rüsch em função de ly/lx, os momentos �etores da carga distribuída uniformemente (carga permanente) são representados por: = k . g . Mg lx2 Onde: - k é o coe�ciente obtido através da tabela ly/lx e - g é o valor da carga distribuída sobre a laje. Por outro lado, os momentos �etores da carga móvel são representados por: = ϕ . (Q . + . . . Mg ML q1 Mp q2 Mp' Onde: 𝜙 é o coe�ciente de impacto; Q é o peso de uma roda do veículo; 𝑞 é a carga móvel distribuída na área frontal e posterior do veículo; 𝑞 é a carga móvel distribuída na área lateral direita e esquerda do veículo. 1 2 Na equação, os coe�cientes (𝑀 , 𝑀 e 𝑀 ) são disponibilizados pelas tabelas em função dos seguintes parâmetros:𝐿 𝑝 𝑝′ /a e t/alx Onde: a é a distância entre os centros das rodas de cada eixo do veículo; t, segundo Rüsch, representa o lado do quadrado de área igual ao do retângulo gerado pelo contato da roda, propagado até a superfície média da laje. Esses parâmetros são representados pelas �guras seguintes: Distância entre os centros das rodas de cada eixo do veículo adaptado da DIN 1072 (Fonte: Adaptado por Roberto Lucas Junior (2017) Rodas do veículo adaptado da DIN 1072 (Fonte: Adaptado por Roberto Lucas Junior (2017) Seguindo a DIN 1072, o valor de b está relacionado às classes 12, 30 e 45, como visto abaixo: Para a classe 12 b = 0,30m Para a classe 30 b = 0,40m Para a classe 45 b = 0,50m Contato das Rodas no pavimento adaptado da DIN 1072 (Fonte: Adaptado por Roberto Lucas Junior (2017) Na �gura acima, representativa do contato da roda do veículo com o pavimento, são apresentados os seguintes elementos: Em azul, o quadrado de área igual (t’); Em vermelho, a propagação até a superfície média da laje (t); Em laranja, a pavimentação; Em verde, a altura da laje. Onde: t' = 0, 20 . b − −−−−−√ t = t' + 2 . e + h Comentário Pela quantidade de tabelas que compõem o método de Rüsch e pelas limitações quanto à dimensão em páginas deste estudo, elas não foram acrescentadas neste conteúdo, mas para a sua futura conferência é sugerido que as Tabelas de Rüsch sejam acompanhadas através de links especí�cos da internet. Forças atuantes na carga móvel São fatores que in�uenciam diretamente na carga móvel: Clique nos botões para ver as informações. Ocorre em pontes com curvas, como a ponte Rio-Niterói, havendo uma perda de atrito entre as rodas e o pavimento em pontes rodoviárias e entre as rodas e os frisos dos trilhos em pontes ferroviárias. Segundo a NBR 7187 (2003), para pontes rodoviárias, a força centrífuga é quanti�cada de acordo com o tipo de tráfego e o raio de curvatura, enquanto para pontes ferroviárias é quanti�cada de acordo com a largura da bitola, seguindo assim os seguintes parâmetros: Pontes rodoviárias: R < 300m, C = 0,25; Pontes rodoviárias: R > 300m, C= 75/R; Pontes ferroviárias com a linha de bitola larga: C = 0,15 se R ≤ 1200m e C = 180/R se R >1200m; Pontes ferroviárias com a linha de bitola estreita: C = 0,10 se R ≤ 750m e C = 75/R se R > 750m. Força centrífuga Pode ser identi�cado tanto em pontes rodoviárias como em pontes ferroviárias, mas no caso de pontes rodoviárias ele ocorre em momentos excepcionais, como em uma batida lateral de um automóvel no guarda-rodas e guarda-corpo devido a in�uência da força centrífuga. Por outro lado, no caso de pontes ferroviárias, é um fenômeno comum onde há uma força normal que é aplicada na altura do topo do trilho, possuindo o equivalente a 20% da carga do eixo mais pesado. Atenção Para efeito de projeto em pontes curvas, não devem ser somadas as forças normais do choque lateral e da força centrífuga, devendo-se utilizar dos dois apenas o que produzir maiores solicitações. Choque lateral A frenagem e a aceleração produzem forças horizontais ao longo do eixo da ponte, sendo solicitações importantes para o dimensionamento estrutural. Segundo Miller et al. (2005), a NBR 7187 (2003) de�ne que o efeito de aceleração e frenagem aplicado no tabuleiro da ponte, sendo transferido para a mesoestrutura, deve ser considerado como uma fração da carga móvel. Desse modo, conforme a 2ª Lei de Newton, a força de aceleração resultante de um veículo (F) é proporcional ao produto da massa (m) pela sua aceleração (a), resultando em F=m.a. Pode-se determinar também o peso do veículo (P) como um produto entre a sua massa (m) e a aceleração de gravidade (g), sendo assim, P=m.g. Assim obtém-se a massa do veículo (m), que pode ser descrita como m=P/g. Segundo Miller et al. (2005), tratando-se do efeito de aceleração e frenagem no caso de pontes rodoviárias, usa-se: Ffren, multidão = 5%.p.S e Ffren, veículo-tipo = 30%.P Segundo a NBR 7187 (2003), considera-se que para 5% e 30% da relação a/g, tem-se as acelerações 0,5 m/s² e 3 m/s² respectivamente. Assim, deve-se utilizar o maior valor obtido das relações anteriores. Segundo a NBR 7187 (2003), as forças horizontais de frenagem e aceleração devem ser calculadas como uma fração das cargas móveis verticais, seguindo assim os parâmetros apresentados abaixo para pontes ferroviárias: 15% da carga móvel para no caso de frenagem; 25% do peso dos eixos motores no caso de aceleração. Frenagem e aceleração 1 A in�uência da carga de vento sobre a estrutura deve ser calculada segundo os parâmetros estabelecidos pela NBR 6123 (2003) que de�ne as Forças Devidas ao Vento em Edi�cações. TemperaturaAssim como no caso da carga de vento, a temperatura e sua in�uência sobre a estrutura devem ser calculadas segundo os parâmetros estabelecidos pela NBR 6118 (2003) que de�ne o Dimensionamento de Estruturas de Concreto Armado. Nesta aula, objetivou-se uma análise teórica das ações da carga móvel sobre as pontes. As normas técnicas apontadas e os cálculos provenientes do método de Rüsch são apresentados para uma de�nição matemática do assunto. Carga de Vento Atividades 1. Como visto, a força centrífuga ocorre em pontes com curvas, ocasionando uma perda de atrito entre as rodas e o pavimento em pontes rodoviárias e entre as rodas e os frisos dos trilhos em pontes ferroviárias. Com base na NBR 7187 (2003), diga como a força centrífuga in�uencia a carga móvel em pontes rodoviárias. https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0187/aula4.html 2. Pesquise imagens e diga qual das seguintes pontes não possui interferência de força centrífuga sobre as cargas móveis. a) Ponte JK. b) Ponte Octávio Frias de Oliveira. c) Ponte Rio - Niterói. d) Ponte Jornalista Phelippe Daou. e) Ponte Vecchio. 3. Diga a relação entre força centrífuga, choque lateral e carga móvel. 4. A Frenagem e a aceleração produzem forças horizontais ao longo do eixo da ponte, sendo solicitações importantes para o dimensionamento estrutural. Segundo Miller et al. (2005), a NBR 7187 (2003) de�ne que o efeito de aceleração e frenagem aplicado no tabuleiro da ponte, sendo transferido para a mesoestrutura, deve ser considerado como uma fração da carga móvel. De acordo com esta informação, pesquise imagens e diga qual das seguintes pontes possui maior desvantagem quanto à frenagem e à aceleração. a) Ponte Golden Gate. b) Ponte JK. c) Ponte Rio-Niterói. d) Ponte do Forth. e) Ponte do brooklyn. 5. A carga de vento e sua in�uência sobre a estrutura deve ser calculada segundo os parâmetros estabelecidos pela NBR 6123 (1988) que de�ne as Forças Devidas ao Vento em Edi�cações. Busque informações sobre uma famosa ponte construída nos Estados Unidos da América que colapsou devido a ação do vento. Explique os motivos da queda. Notas Ffren, multidão = 5%.p.S e Ffren, veículo-tipo = 30%.P (frenagem e aceleração)1 Onde: Ffren, multidão e Ffren, veículo-tipo são, respectivamente, as forças de frenagem e aceleração da multidão de veículo e do veículo-tipo, em kN; p é o carregamento móvel de multidão de veículos no tabuleiro, em kN/m²; S é a área em planta do tabuleiro da Ponte sem os passeios, em m²; P é a carga total do veículo-tipo não minorada do coe�ciente de impacto vertical.Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Dimensionamento de Estruturas de Concreto Armado. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123: Forças devidas ao vento em edi�cações. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7187: Projeto de pontes de concreto armado e de concreto protendido. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7188: Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestre. Rio de Janeiro, 1982. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7188: Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestre. Rio de Janeiro, 2003. MILLER, C. P.; BARBOSA, L. R., PESSANHA, M. C. R. Dimensionamento estrutural de uma ponte em concreto armado. Campo dos Goytacazes: UENF, 2005. STUCCHI, F. R. Pontes e grandes estruturas. Departamento de Estruturas e Fundações, Escola Politécnica. São Paulo: USP, 2006. Próxima aula Trem-tipo; Linha de in�uência; Envoltória das solicitações. Explore mais Assista aos vídeos: • Colapso: Ponte Tacoma Narrows (1940); <https://www.youtube.com/watch?v=P7RQr72eigI> • Vão Central Ponte Rio-Niterói; <https://www.youtube.com/watch?v=3CBRWomINmg> • Realidade? Ponte "montanha-russa". <https://www.youtube.com/watch?v=VB6jRx2PuAA> https://www.youtube.com/watch?v=P7RQr72eigI https://www.youtube.com/watch?v=3CBRWomINmg https://www.youtube.com/watch?v=VB6jRx2PuAA
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