Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Delirium Introdução Definição: Delirium é uma síndrome clínica caracterizada por alteração aguda da consciência com caráter flutuante. A alteração cognitiva principal do delirium é desatenção, habitualmente acompanhada por desorientação, desorganização do pensamento e por vezes alucinações. Na maioria dos casos, o delirium é uma condição neuropsiquiátrica de um insulto orgânico subjacente, sendo quadros infecciosos mais comuns. Etiologia e Fisiopatologia A etiologia do delirium está principalmente relacionada a quadros infecciosos, sendo pneumonia e ITU os principais. Os principais fatores de risco para o delirium são: - Idade > 70 anos; - Diagnóstico prévio de demência; - Perda prévia de funcionalidade; - Polifarmácia e múltiplas comorbidades; - Déficits sensoriais; - AVC prévio; - Depressão; - Etilismo. A fisiopatologia do delirium é complexa, multifatorial e pouco compreendida. Achados Clínicos e Diagnóstico O delirium é uma condição de diagnóstico clínico e envolve alteração qualitativa e quantitativa da consciência, com caráter flutuante ao longo do dia. Devemos, dessa forma, pensar em delirium quando o paciente apresentar: - Alteração da atenção; - Desorientação; - Alteração do nível de consciência; - Alterações comportamentais; - Mudança no ciclo sono-vigília; - Distúrbios da percepção: delírio, alucinação; - Comprometimento da funcionalidade. Importante salientar que o delirium pode ser apresentar de 3 formas: - Delirium hipoativo: o paciente apresenta letargia e pouco reativo aos estímulos externos; - Dellirium hiperativo: caracteriza-se por hiperatividade, labilidade emocional, agitação; - Delirium misto: consiste na alternância do delirium hipoativo e hiperativo. Diagnóstico: O rastreamento do delirium pode ser realizado através de SCAM- Short Confusion Assesmente Method. Diagnóstico diferencial: 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Exames Complementares O diagnóstico de delirium como já visto, é essencialmente clínico, de modo que não foram identificados marcadores séricos diagnósticos até o momento. O objetivo dos exames complementares é identificar a causa precipitante e afastar ou confirmar diagnósticos diferenciais. Todo paciente admitido com alteração neurológico deve ser submetido ao ABC e a mensuração de glicemia capilar e oximetria de pulso realizadas. Os pacientes com diagnóstico suspeito podem ser solicitados alguns exames: - Hemograma, hemocultura, gasometria arterial; - Função renal; - Eletrólitos: sódio, cálcio, magnésio e fósforo; - Sumário de urina e urocultura; - Radiografia de tórax; - ECG; - Estudo toxicológico; - Função hepática; - Função tireoidiana; - Função adrenal. Naqueles pacientes em que a causa precipitante do delirium não for identificada com rastreio inicial, deve-se prosseguir a investigação com TC de crânio. O EEG pode ser útil na suspeita de mal epiléptico não convulsivo e a punção lombar é útil em pacientes com suspeita de meningite e encefalite. Tratamento Para orientar o manejo desses pacientes utiliza-se a sigla ADEPT: - Assess: avaliar o paciente através da história clínica e exame físico completo; - Diagnose: rastrear delirium em qualquer paciente idoso agitado ou confuso; - Evaluate: avaliação focada na queixa de agitação/confusão; - Prevent: levantar fatores para prevenção do delirium; - Treat: tratamento não farmacológico e medicamentoso. Tratamento não farmacológico: inclui: Promover comunicação clara com paciente; Disponibilizar relógios, calendários, óculos e aparelhos auditivos; Visitas dos familiares; Ambiente calmo; Controle da dor; Monitorização do débito intestinal e urinário, preferencialmente sem uso de sonda vesical ou dispositivos invasivos; Dieta laxativa; Estímulo à deambulação; Evitar contenção física, e se indicada deve ser descontinuada o mais precocemente possível. Tratamento farmacológico: deve ser limitado a pacientes muito agitados, que se coloquem em risco ou coloquem em risco a vida de terceiros ou também pacientes psicóticos e delirantes. Antipsicóticos: não existe evidência de que essa medicação reduz incidência, mortalidade ou duração do delirium. O seu uso estaria embaso no controle do sintoma da agitação Haloperidol 1-2 mg; Benzodiazepínicos: são usados quando o delirium tem provável causa de abstinência alcoólica.
Compartilhar