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acoes_constitucionais (31)

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Elaine Harzheim Macedo
Roberto de Almeida Borges Gomes
Wellington Pacheco Barros
3.ª edição / 2009
Ações Constitucionais
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© 2005-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por 
escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
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Todos os direitos reservados.
M141 Macedo, Elaine Harzheim. / Ações Constitucionais. / Elaine 
 Harzheim Macedo. Roberto de Almeida Borges Gomes. 
Wellington Pacheco Barros. 3. ed. — Curitiba : IESDE Bra- 
sil S.A. , 2009. [Atualizado até abril de 2009]
252 p.
ISBN: 978-85-387-0775-2
1. Ação Constitucional. 2. Direito Civil. I. Título. II. Gomes, Ro-
berto de Almeida Borges. III. Barros, Wellington Pacheco.
CDD 341.4622
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Doutora em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisi-
nos). Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande 
do Sul (PUCRS). Professora do curso de Pós-Graduação da Universidade Lute-
rana do Brasil (Ulbra). Colaboradora dos cursos da Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (UFRGS) de Especialização em Processo Civil, do Instituto de 
Desenvolvimento Cultural (IDC-RS), da Associação dos Juízes do Rio Grande 
do Sul (AJURIS), da Escola Superior do Ministério Público do Rio Grande do 
Sul (ESMP-RS) e do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul (IARGS). 
Desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
Elaine Harzheim Macedo
Mestrando em Direitos Difusos e Coletivos pela Universidade Metropoli-
tana de Santos (Unimes). Especialista em Direitos Difusos e Coletivos pela Pon-
tifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor dos cursos de Gra-
duação da Faculdade Ruy Barbosa (FRB), dos cursos de Pós-Graduação do Centro 
Universitário Jorge Amado e da Universidade Salvador (Unifacs-BA). Professor da 
Fundação Escola Superior do Ministério Público (Fesmip), da Faculdade Social da 
Bahia (FSBA), da Academia de Polícia Civil da Bahia (ACADEPOL), do Centro Pre-
paratório para Carreira Jurídica (JusPODIVM) e do Centro de Estudos Jurídicos de 
Salvador (CEJUS). Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) 
e da Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (MPCON). Mem-
bro-Diretor da Associação Brasileira de Professores de Ciências Penais (ABPCP- 
-Diretoria Bahia). Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia.
Roberto de Almeida Borges Gomes
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Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do 
Sul (PUCRS). Professor do curso de Pós-Graduação do Centro Universitário Ritter 
dos Reis (UniRitter) e da Escola Superior da Magistratura da Associação dos Juízes 
do Rio Grande do Sul (AJURIS). Desembargador aposentado do Tribunal de Jus-
tiça do Estado do Rio Grande do Sul. Advogado.
Wellington Pacheco Barros
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Sumário
Princípios de hermenêutica 
das ações constitucionais ...................................................... 11
Princípios constitucionais....................................................................................................... 11
Princípio da supremacia da Constituição ......................................................................... 12
Princípio da presunção 
de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público ................................... 13
Princípio da interpretação conforme à Constituição ................................................... 13
Princípio da unidade da Constituição ................................................................................ 15
Princípio da razoabilidade ou proporcionalidade ......................................................... 16
Princípio da efetividade .......................................................................................................... 17
Mandado de segurança individual I .................................. 21
Considerações gerais ............................................................................................................... 21
Garantia constitucional ........................................................................................................... 21
Situações de não cabimento de MS ................................................................................... 22
Quem pode praticar a ilegalidade ou o abuso de poder? .......................................... 25
MS como forma de controle da Administração Pública .............................................. 26
MS preventivo............................................................................................................................. 28
Conclusão ..................................................................................................................................... 29
Mandado de segurança individual II ................................. 31
Considerações gerais ............................................................................................................... 31
Regulamentação legal ............................................................................................................ 31
Quem é o autor do MS? ......................................................................................................... 31
Quem pode ser a autoridade pública coatora? .............................................................. 33
Conceito de direito líquido e certo ..................................................................................... 33
Ponto forte da inicial do MS .................................................................................................. 34
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Decisão judicial liminar ........................................................................................................... 35
Resposta da autoridade coatora .......................................................................................... 38
Presença obrigatória do MP .................................................................................................. 38
Sentença ...................................................................................................................................... 39
Cabimento do reexame necessário 
no caso de concessão de segurança .................................................................................. 40
Conclusão ..................................................................................................................................... 41
Mandado de injunção............................................................. 43
Breve histórico ............................................................................................................................ 43
Cabimento ................................................................................................................................... 44
Intervenção do Ministério Público (MP) ............................................................................ 45
Legitimação ativa ...................................................................................................................... 45
Competência versus legitimação passiva ........................................................................ 46Sentença no mandado de injunção ................................................................................... 48
Posição do STF ............................................................................................................................ 51
Mandado de injunção 
e ação de inconstitucionalidade por omissão ................................................................ 51
Texto do Projeto de Lei 6.839/2006 .................................................................................... 53
Justificação .................................................................................................................................. 54
Habeas data ................................................................................ 59
Origem histórica ........................................................................................................................ 59
Cabimento .................................................................................................................................. 61
Objeto do habeas data ............................................................................................................ 63
Intervenção do Ministério Público (MP) ............................................................................ 65
Legitimação ativa ...................................................................................................................... 65
Legitimação passiva ................................................................................................................. 66
Procedimento ............................................................................................................................. 67
Sentença ....................................................................................................................................... 69
Recurso.......................................................................................................................................... 69
(Des)cabimento de liminar .................................................................................................... 70
Opção pela via ordinária ......................................................................................................... 70
Direitos coletivos ...................................................................... 79
Princípios protetivos dos bens difusos e coletivos ....................................................... 79
Categorias de interesse ........................................................................................................... 83
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Direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos ................................................ 85
Distinções necessárias ............................................................................................................. 88
A tutela coletiva dos interesses transindividuais ........................................................... 89
Ação popular .............................................................................. 95
Conceito ........................................................................................................................................ 95
Objeto ............................................................................................................................................ 96
Requisitos ..................................................................................................................................... 97
Finalidade ..................................................................................................................................... 98
Partes ............................................................................................................................................. 98
Competência .............................................................................................................................100
Processo ......................................................................................................................................101
Ação civil pública ....................................................................115
Conceito ......................................................................................................................................115
Ação civil pública e ação popular ......................................................................................115
Responsabilidade por danos ...............................................................................................116
Bens tutelados ..........................................................................................................................116
Hipótese de descabimento da ACP ..................................................................................120
Foro competente .....................................................................................................................121
Objeto da ACP ..........................................................................................................................122
Tutela preventiva .....................................................................................................................123
Legitimidade ativa ..................................................................................................................126
Execução da sentença ...........................................................................................................132
Coisa julgada .............................................................................................................................133
Litigância de má-fé .................................................................................................................135
Ônus da sucumbência ...........................................................................................................135
Inquérito civil ...........................................................................143
Histórico ......................................................................................................................................143
Conceito e natureza jurídica ................................................................................................144
Princípios norteadores do inquérito civil .......................................................................145
Procedimento ...........................................................................................................................149
Termo de ajustamento de conduta ..................................................................................154
Arquivamento ...........................................................................................................................156
Conflito de atribuição entre membros do MP ..............................................................157
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Do valor probatório do inquérito civil .............................................................................159
Inquérito civil e seus reflexos na ação penal .................................................................160
Mandado de segurança coletivo I ....................................165
Considerações gerais .............................................................................................................165
Garantia constitucional .........................................................................................................165
Situações de não cabimento de MS coletivo ................................................................167
Quem pode praticar a ilegalidade ou o abuso de poder ..........................................170MS coletivo como forma 
de controle da Administração Pública .............................................................................172
MS preventivo...........................................................................................................................173
Conclusão ...................................................................................................................................175
Mandado de segurança coletivo II ...................................177
Considerações gerais .............................................................................................................177
Regulamentação legal ...........................................................................................................177
Quem pode ser o autor no MS coletivo ..........................................................................177
Quem pode ser a autoridade pública coatora ..............................................................178
Conceito de direito líquido e certo ...................................................................................178
Ponto forte da inicial do MS coletivo ...............................................................................179
Decisão judicial liminar .........................................................................................................182
Resposta da autoridade coatora ........................................................................................185
Presença obrigatória do Ministério Público (MP) ........................................................186
Sentença .....................................................................................................................................187
Cabimento do reexame necessário 
no caso de concessão de segurança ................................................................................188
Conclusão ...................................................................................................................................189
Ação de improbidade administrativa .............................191
Princípios constitucionais da Administração Pública .................................................191
Estudo da Lei 8.429/92 ..........................................................................................................191
Ação direta de inconstitucionalidade .............................213
Considerações gerais .............................................................................................................213
Em que consiste a inconstitucionalidade 
de lei ou ato normativo? .......................................................................................................214
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Base constitucional .................................................................................................................214
Incidente de inconstitucionalidade: CF, artigo 97 ......................................................215
Regulamentação legal ...........................................................................................................216
Quem pode propor a ação ...................................................................................................216
Conteúdo da petição inicial .................................................................................................217
Indeferimento liminar da inicial pelo relator ................................................................218
Andamento da ação ...............................................................................................................219
Ação cautelar em ação direta de inconstitucionalidade ...........................................219
Julgamento da ADIn pelo Órgão Pleno do STF ............................................................220
Questões importantes da ADIn ..........................................................................................221
Conclusão ...................................................................................................................................222
Ação declaratória de constitucionalidade .....................225
Considerações gerais .............................................................................................................225
Quem pode propor a ação? .................................................................................................227
Conteúdo da petição inicial .................................................................................................228
Indeferimento liminar da inicial pelo relator .................................................................229
Andamento da ação ...............................................................................................................229
Ação cautelar em ação declaratória de constitucionalidade ..................................230
Julgamento da ADC pelo Órgão Pleno do STF .............................................................231
Questões importantes da ADC ...........................................................................................231
Conclusão ...................................................................................................................................232
Arguição de descumprimento 
de preceito fundamental .....................................................235
Considerações gerais .............................................................................................................235
Preceito fundamental ............................................................................................................235
Base constitucional e legal ...................................................................................................236
Legitimados ...............................................................................................................................238
Requisitos da inicial ................................................................................................................239
Liminar ........................................................................................................................................240
Andamento da ação ...............................................................................................................241
Julgamento ................................................................................................................................242
Conclusão ...................................................................................................................................243
Referências ................................................................................245
Anotações .................................................................................251
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Wellington Pacheco Barros
Considerações gerais
Na estrutura do direito brasileiro, toda lei, depois de sancionada e publi-
cada, tem validade plena e somente pode ser retirada do universo jurídico 
pátrio ou por meio de outra lei que a revogue ou pela ação direta de inconsti-
tucionalidade (ADIn). Tem-se, portanto, um verdadeiro controle judicial da lei 
que venha a ferir a Constituição.
Assim, todas as leis ao passarem por processo legislativo regular, sendo 
afinal sancionadas, possuem presunção de constitucionalidade. Isso significa 
dizer que a lei passa a produzir efeitos de acordo com os mandamentos da 
Constituição Federal (CF).
Por vezes, entretanto, surgem dúvidas se tal lei ou ato normativo está de 
acordo com a Lei Maior, necessitando que seja declarada constitucionaltotal 
ou parcialmente. E isto se opera por meio da ação declaratória de constitu-
cionalidade (ADC).
Não custa repetir que o controle de constitucionalidade tem duas verten-
tes: o abstrato e o concreto. O primeiro controla a lei em tese, e o segundo, no 
caso concreto.
A ADIn, por via de consequência, foi criada para ser supletiva (função 
supletiva) aos controles difuso ou concreto. Assim, quando fosse inviável 
fazer o controle difuso, fazer-se-ia o controle por meio da ADIn. Esta rece-
beu, também, uma função corretiva: foi criada como expressão da segurança 
jurídica. Hoje, não há dúvida, deve ser considerado que o controle difuso é 
supletivo.
Tema sempre pertinente ao se analisar a ação declaratória de constitucio-
nalidade diz respeito ao incidente de inconstitucionalidade.
Ação declaratória 
de constitucionalidade
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226
Ações Constitucionais
O órgão fracionário do tribunal não pode, em regra, declarar a inconstituciona-
lidade de norma. Somente o Órgão Especial (ou o Pleno) do tribunal pode declarar 
a inconstitucionalidade desta (princípio da reserva de plenário). Se o órgão fracio-
nário entender que a lei declarada inconstitucional pelo juiz singular é realmente 
inconstitucional, remeterá o processo ao Pleno (ou órgão especial) do Tribunal: 
esse procedimento é denominado incidente de inconstitucionalidade. Após o jul-
gamento da inconstitucionalidade da norma, o processo retorna à câmara para 
apreciação do mérito – o pedido formulado. 
Se o Supremo Tribunal Federal (STF) – até mesmo em Recurso Extraordinário 
(RExt) – ou o Pleno do Tribunal de Justiça já se manifestou a respeito da constitu-
cionalidade da norma, não há necessidade de incidente de inconstitucionalidade. 
Se na volta do processo à Câmara, tiver ocorrido a mudança de entendimento 
desta, não sendo mais considerada inconstitucional por esse órgão, à norma 
declarada inconstitucional pelo Pleno do Tribunal será cabível o Recurso Especial 
(REsp). Não pode o juiz se pronunciar no dispositivo da sentença a respeito da 
declaração de inconstitucionalidade de norma (isso só pode ocorrer na ADIn, não 
no controle difuso), mas ele pode declarar de ofício a inconstitucionalidade de 
norma.
Questão também importante e pertinente ao tema diz respeito aos efeitos 
da declaração de inconstitucionalidade realizado concretamente pelo Judiciário 
em cada caso. Como já dito, o efeito é inter partes. A única forma de existência 
de efeito erga omnes é se houver a decisão definitiva do plenário do STF, e o 
Senado suspender a execução da norma (CF, art. 52, X). O artigo 52, X, da CF, só é 
aplicável ao controle incidental difuso. O Senado não é obrigado a suspender a 
execução da norma. Caso suspenda, terá efeito ex nunc, porém a matéria é discu-
tível: Alexandre de Moraes considera o efeito ex nunc, já Teori Zavascki, considera 
efeito ex tunc. 
O controle abstrato de lei e ato normativo contestado em face da CF, repe-
tindo, é realizado sob a forma de ADIn, que fará coisa julgada com efeito contra 
todos (erga omnes).
Base constitucional
A base constitucional da ADC está no artigo 102 da CF:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe:
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Ação declaratória de constitucionalidade
227
I - processar e julgar originalmente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e ação 
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (grifo nosso)
A ADC foi inserida na CF (art. 102) pela Emenda Constitucional (EC) 3/93. Ao 
ser instituída, a ideia foi a de evitar decisões desfavoráveis ao governo nas ins-
tâncias inferiores e tribunais, a respeito de lei que tivesse sua constitucionalidade 
discutida.
Não existe ADC de lei estadual. A ADC tem como único âmbito de abrangên-
cia: a declaração de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.
Regulamentação legal
A lei que disciplinou o processo da ADC é a mesma que estabeleceu as normas 
procedimentais relativas à ADIn: a Lei 9.868/99, com algumas modificações.
Trata-se de outra ação genérica de controle da constitucionalidade. O Procura-
dor-Geral da República é o fator de contraponto, e é ouvido nessa ação, devendo, 
ao final, emitir parecer por sua procedência ou não. Essa é outra ação que tem 
como objetivo a defesa da ordem constitucional. 
Não há partes, mas sim requerentes. Só se admite seu ajuizamento se houver 
controvérsia sobre a constitucionalidade da lei.
Quem pode propor a ação?
Os legitimados a propor a ADC, segundo o artigo 13 da Lei 9.868/99, são os 
seguintes:
Art. 13. [...]
I - o Presidente da República;
II - a Mesa da Câmara dos Deputados;
III - a Mesa do Senado Federal;
IV - o Procurador-Geral da República.
Como se vê, a lei fechou e reduziu o rol dos legitimados para propositura da 
ADC. Na ADIn, embora restrita, a lista é mais extensa. No cotejo dos legitimados 
para as duas ações, observa-se que na ADC ficaram excluídos as Mesas de Assem-
bleias Legislativas e a Câmara do Distrito Federal, os governadores, o Conselho 
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228
Ações Constitucionais
Federal da Ordem dos Advogados, os partidos políticos e as confederações sindi-
cais. Consoante o STF, a listagem é numerus clausus:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE. LEGITIMAÇÃO. CF, art. 103, §4.º.
I - A ação declaratória de constitucionalidade poderá ser proposta apenas pelo Presidente da 
República, pela Mesa do Senado Federal, pela Mesa da Câmara dos Deputados ou pelo Procura-
dor-Geral da República. CF, art. 103, §4.º, com a redação da EC 3/93. 
II - Agravo não provido. (Tribunal Pleno, ADC – AgR 2, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 07/08/1997). 
Conteúdo da petição inicial
O artigo 14 da Lei 9.868/99 arrolou os requisitos da petição inicial da ADC:
Art. 14. [...]
I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos do pedido;
II - o pedido, com suas especificações;
III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação 
declaratória.
A inicial deve trazer os requisitos essenciais dispostos no Código de Processo 
Civil (CPC) (arts. 282 e 283), acompanhada dos documentos indispensáveis à sua 
propositura.
Além da obrigatoriedade de apresentar o dispositivo de lei ou ato normativo 
questionado, acompanhado dos fundamentos jurídicos e do pedido, a lei ordena 
que se traga a existência da controvérsia judicial – que seja relevante – sobre a 
aplicação da disposição objeto da ação declaratória, porquanto a função do STF 
não é consultiva.
A Corte Suprema assim já se manifestou:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE. PROCESSO OBJETIVO DE CONTROLE NOR-
MATIVO ABSTRATO. A NECESSÁRIA EXISTÊNCIA DE CONTROVÉRSIA JUDICIAL COMO PRESSU-
POSTO DE ADMISSIBILIDADE DA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE. AÇÃO 
CONHECIDA. 
– O ajuizamento da ação declaratória de constitucionalidade, que faz instaurar processo objetivo 
de controle normativo abstrato, supõe a existência de efetiva controvérsia judicial em torno da 
legitimidade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal. Sem a observância desse 
pressuposto de admissibilidade, torna-se inviável a instauração do processo de fiscalização nor-
mativa “in abstracto”, pois a inexistência de pronunciamentos judiciais antagônicos culminaria 
por converter, a ação declaratória de constitucionalidade, em um inadmissível instrumento de 
consulta sobre a validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, descarac-
terizando, por completo, a própria natureza jurisdicional que qualifica a atividade desenvolvida 
pelo Supremo Tribunal Federal. – OSupremo Tribunal Federal firmou orientação que exige a 
comprovação liminar, pelo autor da ação declaratória de constitucionalidade, da ocorrência, “em 
proporções relevantes”, de dissídio judicial, cuja existência – precisamente em função do anta-
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Ação declaratória de constitucionalidade
229
gonismo interpretativo que dele resulta – faça instaurar, ante a elevada incidência de decisões 
que consagram teses conflitantes, verdadeiro estado de insegurança jurídica, capaz de gerar um 
cenário de perplexidade social e de provocar grave incerteza quanto à validade constitucional 
de determinada lei ou ato normativo federal [...] . (Tribunal Pleno, ADC-MC 8, Rel. Min. Celso de 
Mello, j. 13/10/1999).
Indeferimento liminar da inicial pelo relator
O artigo 15 da Lei da ADC prevê as hipóteses de indeferimento liminar da ini-
cial pelo relator: quando a petição for inepta, não fundamentada ou manifesta-
mente improcedente.
No que couber, é aplicável também as regras do CPC (art. 295), podendo o 
magistrado, se for o caso, mandar emendar a inicial.
A ausência de fundamentação jurídica pode ocorrer quando o requerente se 
abstiver de demonstrar os motivos jurídicos que está questionando no ato que 
quer que seja declarado constitucional, porquanto ao STF é vedado o exercício de 
adivinhação da tese jurídica proposta. 
A improcedência manifesta dá-se quando o relator vislumbra o insucesso 
patente e futuro da ação, assim como na ADIn. Pode ocorrer quando o STF já 
se manifestou em caso idêntico, incidentalmente. Há improcedência manifesta 
também quando a constitucionalidade do ato ou da norma questionada é tão 
assente que a instauração da ação ofenderia o princípio da economia processual.
Da decisão que indefere a liminar, cabe agravo em 5 dias. Aqui, deve-se fazer 
uma analogia aos artigos 545 e 557, parágrafo 1.º, do CPC. Por coerência, esse 
recurso somente é cabível em caso de exame singular da peça inicial, restando, 
por óbvio, que, se submetida à apreciação do Plenário, descabe o recurso, por-
quanto se está diante do último grau recursal existente na ordem jurídica bra-
sileira.
Andamento da ação
Recebida a inicial, será aberta vista ao Procurador-Geral da República para 
que se pronuncie no prazo de 15 dias. A presença do representante do Ministério 
Público (MP) como fiscal da lei é essencial, nos casos de propositura da ação pelos 
três primeiros legitimados do artigo 13 da Lei 9.868/99. Se porventura ele for o 
propositor da ação, evidente que a vista dos autos torna-se desnecessária.
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230
Ações Constitucionais
O artigo 20 da lei reitera a concessão de poderes instrutórios ao relator que, de 
ofício, em caso de necessidade de esclarecimentos acerca da matéria ou circuns-
tância ou, ainda, se verificar alguma insuficiência de informações, poderá requisi-
tar dados adicionais, até mesmo por perícia, e oitiva de pessoas com experiência 
e autoridade na matéria, com o objetivo de firmar seu convencimento.
O relator poderá ainda solicitar aos tribunais em geral como está se verificando 
a aplicação da norma questionada no âmbito da respectiva jurisdição.
Realizados esses procedimentos, o relator lançará relatório nos autos e pedirá 
dia para julgamento.
Ação cautelar em ação 
declaratória de constitucionalidade
O STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros – oito ministros se 
presentes todos (onze) e seis ministros se presente o quorum mínimo de oito –, 
poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constituciona-
lidade, consistente na determinação de que os juízes e os tribunais suspendam o 
julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo 
objeto da ação até seu julgamento definitivo. É o que consigna o artigo 21 da Lei 
da ADC.
A crítica que pode ser feita a esse artigo é a de que a Constituição atribui efei-
tos contra todos, e é vinculante apenas às decisões de mérito e definitivas – com 
trânsito em julgado – e não às liminares.
Dessa forma, todo o Judiciário brasileiro restará afetado com essa medida.1
1 AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE. OUTORGA DE MEDIDA CAUTELAR COM EFEITO VINCULANTE. POSSIBILI-
DADE. – O Supremo Tribunal Federal dispõe de competência para exercer, em sede de ação declaratória de constitucionalidade, 
o poder geral de cautela de que se acham investidos todos os órgãos judiciários, independentemente de expressa previsão 
constitucional. A prática da jurisdição cautelar, nesse contexto, acha-se essencialmente vocacionada a conferir tutela efetiva 
e garantia plena ao resultado que deverá emanar da decisão final a ser proferida no processo objetivo de controle abstrato. 
Procedente. 
O provimento cautelar deferido, pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de ação declaratória de constitucionalidade, além de 
produzir eficácia “erga omnes”, reveste-se de efeito vinculante, relativamente ao Poder Executivo e aos demais órgãos do Poder 
Judiciário. Procedente. 
A eficácia vinculante, que qualifica tal decisão - precisamente por derivar do vínculo subordinante que lhe é inerente –, legitima 
o uso da reclamação, se e quando a integridade e a autoridade desse julgamento forem desrespeitadas. (STF, Tribunal Pleno, 
ADC-MC 8, Rel. Min. Celso de Mello, j. 13/10/1999).
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Ação declaratória de constitucionalidade
231
Concedida a medida cautelar, o STF fará publicar em seção especial do Diário 
Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o 
tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de 180 dias, sob pena de perda 
de sua eficácia.
Julgamento da ADC pelo Órgão Pleno do STF
A decisão colegiada da ADC deverá ser tomada se presentes pelo menos oito 
ministros do STF. 
Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou a inconstitu-
cionalidade da disposição ou da norma impugnada, se num ou noutro sentido 
tiverem-se manifestado pelo menos seis ministros. É a necessidade de maioria 
absoluta, sob pena de suspensão do julgamento até que o quorum mínimo seja 
estabelecido.
Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou 
procedente uma eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionali-
dade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente uma eventual ação 
declaratória. É o que se denomina de teoria dos sinais trocados, adotada pela Lei 
9.868/99.
Questão de suma importância envolvendo a ADC diz respeito àquilo que a 
doutrina chama de teoria dos sinais trocados, ou seja, a ação direta de inconstitu-
cionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade perseguem resultados 
diferentes. Porém, as decisões, quando inversas, considerando-se uma e outra 
ação, produzem o mesmo resultado, por coerência. Assim, o efeito vinculante 
também é aplicável à ADC. 
Questões importantes da ADC
A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei 
ou do ato normativo em ação declaratória é irrecorrível – por ser exarada pelo 
órgão maior da Corte Máxima do país – ressalvada a interposição de embargos 
declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória.
Dez dias após o trânsito em julgado da decisão, o STF fará publicar em seção 
especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União a parte dispositiva do 
acórdão.
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232
Ações Constitucionais
A decisão terá efeito contra todos (órgãos do Poder Judiciário e Administração 
Pública federal, estadual e municipal). Após sua publicação, produzirá efeitos de 
coisa julgada, sendo desnecessária a remessa dofeito ao Senado Federal para 
suspensão da execução, como é feito no controle difuso.
Quadro comparativo dos efeitos da ADIn e da ADC
ADIn ADC
erga omnes erga omnes
ex tunc, exceto a previsão 
do artigo 27 da Lei 9.868/99.
ex tunc, exceto as restrições 
constantes no artigo 27 da Lei 9.868/99. 
Efeito vinculante: também é aplicável 
à ADIn, em razão da teoria dos sinais trocados.
Efeito vinculante (CF, art. 102, §2.º): efeito 
vinculante em relação ao Poder Executivo 
e demais órgãos do Poder Judiciário (se 
houver desobediência à decisão de declara-
ção de constitucionalidade, o recurso cabível 
é a reclamação – que originará uma ordem 
ao desobediente para que acate a decisão 
do STF. O Poder Legislativo e o STF não ficam 
vinculados à decisão da ADC. 
Liminar/cautelar: artigos 10 e 11 da Lei 
9.868/99. O STF reconhece efeito vinculante 
à decisão concessiva de medida liminar. 
Pode haver a paralisação dos processos 
em curso que envolvam a matéria 
constante na ADIn.
Liminar/cautelar: artigo 21 da Lei 9.868/99. 
Tem efeito vinculante a decisão concessiva 
de medida liminar (Lei 9.868/99, art. 21, 
caput). Pode haver a paralisação dos 
processos em curso que envolvam questões 
referentes à lei discutida na ADC.
Conclusão
A ação declaratória de constitucionalidade, também conhecida como ação de 
resguardo constitucional, visa espancar dúvidas sobre a constitucionalidade 
de leis ou de atos normativos federais.
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Ação declaratória de constitucionalidade
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Ampliando seus conhecimentos
Sugerimos a leitura das obras abaixo:
Código de Processo Civil Comentado: legislação processual civil e extravagante, 
de Nelson Nery Junior, editora Revista dos Tribunais.
Moreira Alves e o Controle de Constitucionalidade no Brasil, de Gilmar Ferreira 
Mendes, editora Saraiva.
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