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Elaine Harzheim Macedo Roberto de Almeida Borges Gomes Wellington Pacheco Barros 3.ª edição / 2009 Ações Constitucionais Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br © 2005-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: IESDE Brasil S.A. IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. M141 Macedo, Elaine Harzheim. / Ações Constitucionais. / Elaine Harzheim Macedo. Roberto de Almeida Borges Gomes. Wellington Pacheco Barros. 3. ed. — Curitiba : IESDE Bra- sil S.A. , 2009. [Atualizado até abril de 2009] 252 p. ISBN: 978-85-387-0775-2 1. Ação Constitucional. 2. Direito Civil. I. Título. II. Gomes, Ro- berto de Almeida Borges. III. Barros, Wellington Pacheco. CDD 341.4622 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Doutora em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisi- nos). Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professora do curso de Pós-Graduação da Universidade Lute- rana do Brasil (Ulbra). Colaboradora dos cursos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de Especialização em Processo Civil, do Instituto de Desenvolvimento Cultural (IDC-RS), da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS), da Escola Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul (ESMP-RS) e do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul (IARGS). Desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Elaine Harzheim Macedo Mestrando em Direitos Difusos e Coletivos pela Universidade Metropoli- tana de Santos (Unimes). Especialista em Direitos Difusos e Coletivos pela Pon- tifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor dos cursos de Gra- duação da Faculdade Ruy Barbosa (FRB), dos cursos de Pós-Graduação do Centro Universitário Jorge Amado e da Universidade Salvador (Unifacs-BA). Professor da Fundação Escola Superior do Ministério Público (Fesmip), da Faculdade Social da Bahia (FSBA), da Academia de Polícia Civil da Bahia (ACADEPOL), do Centro Pre- paratório para Carreira Jurídica (JusPODIVM) e do Centro de Estudos Jurídicos de Salvador (CEJUS). Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) e da Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (MPCON). Mem- bro-Diretor da Associação Brasileira de Professores de Ciências Penais (ABPCP- -Diretoria Bahia). Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia. Roberto de Almeida Borges Gomes Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professor do curso de Pós-Graduação do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) e da Escola Superior da Magistratura da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS). Desembargador aposentado do Tribunal de Jus- tiça do Estado do Rio Grande do Sul. Advogado. Wellington Pacheco Barros Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Sumário Princípios de hermenêutica das ações constitucionais ...................................................... 11 Princípios constitucionais....................................................................................................... 11 Princípio da supremacia da Constituição ......................................................................... 12 Princípio da presunção de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público ................................... 13 Princípio da interpretação conforme à Constituição ................................................... 13 Princípio da unidade da Constituição ................................................................................ 15 Princípio da razoabilidade ou proporcionalidade ......................................................... 16 Princípio da efetividade .......................................................................................................... 17 Mandado de segurança individual I .................................. 21 Considerações gerais ............................................................................................................... 21 Garantia constitucional ........................................................................................................... 21 Situações de não cabimento de MS ................................................................................... 22 Quem pode praticar a ilegalidade ou o abuso de poder? .......................................... 25 MS como forma de controle da Administração Pública .............................................. 26 MS preventivo............................................................................................................................. 28 Conclusão ..................................................................................................................................... 29 Mandado de segurança individual II ................................. 31 Considerações gerais ............................................................................................................... 31 Regulamentação legal ............................................................................................................ 31 Quem é o autor do MS? ......................................................................................................... 31 Quem pode ser a autoridade pública coatora? .............................................................. 33 Conceito de direito líquido e certo ..................................................................................... 33 Ponto forte da inicial do MS .................................................................................................. 34 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Decisão judicial liminar ........................................................................................................... 35 Resposta da autoridade coatora .......................................................................................... 38 Presença obrigatória do MP .................................................................................................. 38 Sentença ...................................................................................................................................... 39 Cabimento do reexame necessário no caso de concessão de segurança .................................................................................. 40 Conclusão ..................................................................................................................................... 41 Mandado de injunção............................................................. 43 Breve histórico ............................................................................................................................ 43 Cabimento ................................................................................................................................... 44 Intervenção do Ministério Público (MP) ............................................................................ 45 Legitimação ativa ...................................................................................................................... 45 Competência versus legitimação passiva ........................................................................ 46Sentença no mandado de injunção ................................................................................... 48 Posição do STF ............................................................................................................................ 51 Mandado de injunção e ação de inconstitucionalidade por omissão ................................................................ 51 Texto do Projeto de Lei 6.839/2006 .................................................................................... 53 Justificação .................................................................................................................................. 54 Habeas data ................................................................................ 59 Origem histórica ........................................................................................................................ 59 Cabimento .................................................................................................................................. 61 Objeto do habeas data ............................................................................................................ 63 Intervenção do Ministério Público (MP) ............................................................................ 65 Legitimação ativa ...................................................................................................................... 65 Legitimação passiva ................................................................................................................. 66 Procedimento ............................................................................................................................. 67 Sentença ....................................................................................................................................... 69 Recurso.......................................................................................................................................... 69 (Des)cabimento de liminar .................................................................................................... 70 Opção pela via ordinária ......................................................................................................... 70 Direitos coletivos ...................................................................... 79 Princípios protetivos dos bens difusos e coletivos ....................................................... 79 Categorias de interesse ........................................................................................................... 83 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos ................................................ 85 Distinções necessárias ............................................................................................................. 88 A tutela coletiva dos interesses transindividuais ........................................................... 89 Ação popular .............................................................................. 95 Conceito ........................................................................................................................................ 95 Objeto ............................................................................................................................................ 96 Requisitos ..................................................................................................................................... 97 Finalidade ..................................................................................................................................... 98 Partes ............................................................................................................................................. 98 Competência .............................................................................................................................100 Processo ......................................................................................................................................101 Ação civil pública ....................................................................115 Conceito ......................................................................................................................................115 Ação civil pública e ação popular ......................................................................................115 Responsabilidade por danos ...............................................................................................116 Bens tutelados ..........................................................................................................................116 Hipótese de descabimento da ACP ..................................................................................120 Foro competente .....................................................................................................................121 Objeto da ACP ..........................................................................................................................122 Tutela preventiva .....................................................................................................................123 Legitimidade ativa ..................................................................................................................126 Execução da sentença ...........................................................................................................132 Coisa julgada .............................................................................................................................133 Litigância de má-fé .................................................................................................................135 Ônus da sucumbência ...........................................................................................................135 Inquérito civil ...........................................................................143 Histórico ......................................................................................................................................143 Conceito e natureza jurídica ................................................................................................144 Princípios norteadores do inquérito civil .......................................................................145 Procedimento ...........................................................................................................................149 Termo de ajustamento de conduta ..................................................................................154 Arquivamento ...........................................................................................................................156 Conflito de atribuição entre membros do MP ..............................................................157 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Do valor probatório do inquérito civil .............................................................................159 Inquérito civil e seus reflexos na ação penal .................................................................160 Mandado de segurança coletivo I ....................................165 Considerações gerais .............................................................................................................165 Garantia constitucional .........................................................................................................165 Situações de não cabimento de MS coletivo ................................................................167 Quem pode praticar a ilegalidade ou o abuso de poder ..........................................170MS coletivo como forma de controle da Administração Pública .............................................................................172 MS preventivo...........................................................................................................................173 Conclusão ...................................................................................................................................175 Mandado de segurança coletivo II ...................................177 Considerações gerais .............................................................................................................177 Regulamentação legal ...........................................................................................................177 Quem pode ser o autor no MS coletivo ..........................................................................177 Quem pode ser a autoridade pública coatora ..............................................................178 Conceito de direito líquido e certo ...................................................................................178 Ponto forte da inicial do MS coletivo ...............................................................................179 Decisão judicial liminar .........................................................................................................182 Resposta da autoridade coatora ........................................................................................185 Presença obrigatória do Ministério Público (MP) ........................................................186 Sentença .....................................................................................................................................187 Cabimento do reexame necessário no caso de concessão de segurança ................................................................................188 Conclusão ...................................................................................................................................189 Ação de improbidade administrativa .............................191 Princípios constitucionais da Administração Pública .................................................191 Estudo da Lei 8.429/92 ..........................................................................................................191 Ação direta de inconstitucionalidade .............................213 Considerações gerais .............................................................................................................213 Em que consiste a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo? .......................................................................................................214 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Base constitucional .................................................................................................................214 Incidente de inconstitucionalidade: CF, artigo 97 ......................................................215 Regulamentação legal ...........................................................................................................216 Quem pode propor a ação ...................................................................................................216 Conteúdo da petição inicial .................................................................................................217 Indeferimento liminar da inicial pelo relator ................................................................218 Andamento da ação ...............................................................................................................219 Ação cautelar em ação direta de inconstitucionalidade ...........................................219 Julgamento da ADIn pelo Órgão Pleno do STF ............................................................220 Questões importantes da ADIn ..........................................................................................221 Conclusão ...................................................................................................................................222 Ação declaratória de constitucionalidade .....................225 Considerações gerais .............................................................................................................225 Quem pode propor a ação? .................................................................................................227 Conteúdo da petição inicial .................................................................................................228 Indeferimento liminar da inicial pelo relator .................................................................229 Andamento da ação ...............................................................................................................229 Ação cautelar em ação declaratória de constitucionalidade ..................................230 Julgamento da ADC pelo Órgão Pleno do STF .............................................................231 Questões importantes da ADC ...........................................................................................231 Conclusão ...................................................................................................................................232 Arguição de descumprimento de preceito fundamental .....................................................235 Considerações gerais .............................................................................................................235 Preceito fundamental ............................................................................................................235 Base constitucional e legal ...................................................................................................236 Legitimados ...............................................................................................................................238 Requisitos da inicial ................................................................................................................239 Liminar ........................................................................................................................................240 Andamento da ação ...............................................................................................................241 Julgamento ................................................................................................................................242 Conclusão ...................................................................................................................................243 Referências ................................................................................245 Anotações .................................................................................251 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Wellington Pacheco Barros Considerações gerais Na estrutura do direito brasileiro, toda lei, depois de sancionada e publi- cada, tem validade plena e somente pode ser retirada do universo jurídico pátrio ou por meio de outra lei que a revogue ou pela ação direta de inconsti- tucionalidade (ADIn). Tem-se, portanto, um verdadeiro controle judicial da lei que venha a ferir a Constituição. Assim, todas as leis ao passarem por processo legislativo regular, sendo afinal sancionadas, possuem presunção de constitucionalidade. Isso significa dizer que a lei passa a produzir efeitos de acordo com os mandamentos da Constituição Federal (CF). Por vezes, entretanto, surgem dúvidas se tal lei ou ato normativo está de acordo com a Lei Maior, necessitando que seja declarada constitucionaltotal ou parcialmente. E isto se opera por meio da ação declaratória de constitu- cionalidade (ADC). Não custa repetir que o controle de constitucionalidade tem duas verten- tes: o abstrato e o concreto. O primeiro controla a lei em tese, e o segundo, no caso concreto. A ADIn, por via de consequência, foi criada para ser supletiva (função supletiva) aos controles difuso ou concreto. Assim, quando fosse inviável fazer o controle difuso, fazer-se-ia o controle por meio da ADIn. Esta rece- beu, também, uma função corretiva: foi criada como expressão da segurança jurídica. Hoje, não há dúvida, deve ser considerado que o controle difuso é supletivo. Tema sempre pertinente ao se analisar a ação declaratória de constitucio- nalidade diz respeito ao incidente de inconstitucionalidade. Ação declaratória de constitucionalidade Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 226 Ações Constitucionais O órgão fracionário do tribunal não pode, em regra, declarar a inconstituciona- lidade de norma. Somente o Órgão Especial (ou o Pleno) do tribunal pode declarar a inconstitucionalidade desta (princípio da reserva de plenário). Se o órgão fracio- nário entender que a lei declarada inconstitucional pelo juiz singular é realmente inconstitucional, remeterá o processo ao Pleno (ou órgão especial) do Tribunal: esse procedimento é denominado incidente de inconstitucionalidade. Após o jul- gamento da inconstitucionalidade da norma, o processo retorna à câmara para apreciação do mérito – o pedido formulado. Se o Supremo Tribunal Federal (STF) – até mesmo em Recurso Extraordinário (RExt) – ou o Pleno do Tribunal de Justiça já se manifestou a respeito da constitu- cionalidade da norma, não há necessidade de incidente de inconstitucionalidade. Se na volta do processo à Câmara, tiver ocorrido a mudança de entendimento desta, não sendo mais considerada inconstitucional por esse órgão, à norma declarada inconstitucional pelo Pleno do Tribunal será cabível o Recurso Especial (REsp). Não pode o juiz se pronunciar no dispositivo da sentença a respeito da declaração de inconstitucionalidade de norma (isso só pode ocorrer na ADIn, não no controle difuso), mas ele pode declarar de ofício a inconstitucionalidade de norma. Questão também importante e pertinente ao tema diz respeito aos efeitos da declaração de inconstitucionalidade realizado concretamente pelo Judiciário em cada caso. Como já dito, o efeito é inter partes. A única forma de existência de efeito erga omnes é se houver a decisão definitiva do plenário do STF, e o Senado suspender a execução da norma (CF, art. 52, X). O artigo 52, X, da CF, só é aplicável ao controle incidental difuso. O Senado não é obrigado a suspender a execução da norma. Caso suspenda, terá efeito ex nunc, porém a matéria é discu- tível: Alexandre de Moraes considera o efeito ex nunc, já Teori Zavascki, considera efeito ex tunc. O controle abstrato de lei e ato normativo contestado em face da CF, repe- tindo, é realizado sob a forma de ADIn, que fará coisa julgada com efeito contra todos (erga omnes). Base constitucional A base constitucional da ADC está no artigo 102 da CF: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Ação declaratória de constitucionalidade 227 I - processar e julgar originalmente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (grifo nosso) A ADC foi inserida na CF (art. 102) pela Emenda Constitucional (EC) 3/93. Ao ser instituída, a ideia foi a de evitar decisões desfavoráveis ao governo nas ins- tâncias inferiores e tribunais, a respeito de lei que tivesse sua constitucionalidade discutida. Não existe ADC de lei estadual. A ADC tem como único âmbito de abrangên- cia: a declaração de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. Regulamentação legal A lei que disciplinou o processo da ADC é a mesma que estabeleceu as normas procedimentais relativas à ADIn: a Lei 9.868/99, com algumas modificações. Trata-se de outra ação genérica de controle da constitucionalidade. O Procura- dor-Geral da República é o fator de contraponto, e é ouvido nessa ação, devendo, ao final, emitir parecer por sua procedência ou não. Essa é outra ação que tem como objetivo a defesa da ordem constitucional. Não há partes, mas sim requerentes. Só se admite seu ajuizamento se houver controvérsia sobre a constitucionalidade da lei. Quem pode propor a ação? Os legitimados a propor a ADC, segundo o artigo 13 da Lei 9.868/99, são os seguintes: Art. 13. [...] I - o Presidente da República; II - a Mesa da Câmara dos Deputados; III - a Mesa do Senado Federal; IV - o Procurador-Geral da República. Como se vê, a lei fechou e reduziu o rol dos legitimados para propositura da ADC. Na ADIn, embora restrita, a lista é mais extensa. No cotejo dos legitimados para as duas ações, observa-se que na ADC ficaram excluídos as Mesas de Assem- bleias Legislativas e a Câmara do Distrito Federal, os governadores, o Conselho Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 228 Ações Constitucionais Federal da Ordem dos Advogados, os partidos políticos e as confederações sindi- cais. Consoante o STF, a listagem é numerus clausus: AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE. LEGITIMAÇÃO. CF, art. 103, §4.º. I - A ação declaratória de constitucionalidade poderá ser proposta apenas pelo Presidente da República, pela Mesa do Senado Federal, pela Mesa da Câmara dos Deputados ou pelo Procura- dor-Geral da República. CF, art. 103, §4.º, com a redação da EC 3/93. II - Agravo não provido. (Tribunal Pleno, ADC – AgR 2, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 07/08/1997). Conteúdo da petição inicial O artigo 14 da Lei 9.868/99 arrolou os requisitos da petição inicial da ADC: Art. 14. [...] I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos do pedido; II - o pedido, com suas especificações; III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória. A inicial deve trazer os requisitos essenciais dispostos no Código de Processo Civil (CPC) (arts. 282 e 283), acompanhada dos documentos indispensáveis à sua propositura. Além da obrigatoriedade de apresentar o dispositivo de lei ou ato normativo questionado, acompanhado dos fundamentos jurídicos e do pedido, a lei ordena que se traga a existência da controvérsia judicial – que seja relevante – sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória, porquanto a função do STF não é consultiva. A Corte Suprema assim já se manifestou: AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE. PROCESSO OBJETIVO DE CONTROLE NOR- MATIVO ABSTRATO. A NECESSÁRIA EXISTÊNCIA DE CONTROVÉRSIA JUDICIAL COMO PRESSU- POSTO DE ADMISSIBILIDADE DA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE. AÇÃO CONHECIDA. – O ajuizamento da ação declaratória de constitucionalidade, que faz instaurar processo objetivo de controle normativo abstrato, supõe a existência de efetiva controvérsia judicial em torno da legitimidade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal. Sem a observância desse pressuposto de admissibilidade, torna-se inviável a instauração do processo de fiscalização nor- mativa “in abstracto”, pois a inexistência de pronunciamentos judiciais antagônicos culminaria por converter, a ação declaratória de constitucionalidade, em um inadmissível instrumento de consulta sobre a validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, descarac- terizando, por completo, a própria natureza jurisdicional que qualifica a atividade desenvolvida pelo Supremo Tribunal Federal. – OSupremo Tribunal Federal firmou orientação que exige a comprovação liminar, pelo autor da ação declaratória de constitucionalidade, da ocorrência, “em proporções relevantes”, de dissídio judicial, cuja existência – precisamente em função do anta- Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Ação declaratória de constitucionalidade 229 gonismo interpretativo que dele resulta – faça instaurar, ante a elevada incidência de decisões que consagram teses conflitantes, verdadeiro estado de insegurança jurídica, capaz de gerar um cenário de perplexidade social e de provocar grave incerteza quanto à validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal [...] . (Tribunal Pleno, ADC-MC 8, Rel. Min. Celso de Mello, j. 13/10/1999). Indeferimento liminar da inicial pelo relator O artigo 15 da Lei da ADC prevê as hipóteses de indeferimento liminar da ini- cial pelo relator: quando a petição for inepta, não fundamentada ou manifesta- mente improcedente. No que couber, é aplicável também as regras do CPC (art. 295), podendo o magistrado, se for o caso, mandar emendar a inicial. A ausência de fundamentação jurídica pode ocorrer quando o requerente se abstiver de demonstrar os motivos jurídicos que está questionando no ato que quer que seja declarado constitucional, porquanto ao STF é vedado o exercício de adivinhação da tese jurídica proposta. A improcedência manifesta dá-se quando o relator vislumbra o insucesso patente e futuro da ação, assim como na ADIn. Pode ocorrer quando o STF já se manifestou em caso idêntico, incidentalmente. Há improcedência manifesta também quando a constitucionalidade do ato ou da norma questionada é tão assente que a instauração da ação ofenderia o princípio da economia processual. Da decisão que indefere a liminar, cabe agravo em 5 dias. Aqui, deve-se fazer uma analogia aos artigos 545 e 557, parágrafo 1.º, do CPC. Por coerência, esse recurso somente é cabível em caso de exame singular da peça inicial, restando, por óbvio, que, se submetida à apreciação do Plenário, descabe o recurso, por- quanto se está diante do último grau recursal existente na ordem jurídica bra- sileira. Andamento da ação Recebida a inicial, será aberta vista ao Procurador-Geral da República para que se pronuncie no prazo de 15 dias. A presença do representante do Ministério Público (MP) como fiscal da lei é essencial, nos casos de propositura da ação pelos três primeiros legitimados do artigo 13 da Lei 9.868/99. Se porventura ele for o propositor da ação, evidente que a vista dos autos torna-se desnecessária. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 230 Ações Constitucionais O artigo 20 da lei reitera a concessão de poderes instrutórios ao relator que, de ofício, em caso de necessidade de esclarecimentos acerca da matéria ou circuns- tância ou, ainda, se verificar alguma insuficiência de informações, poderá requisi- tar dados adicionais, até mesmo por perícia, e oitiva de pessoas com experiência e autoridade na matéria, com o objetivo de firmar seu convencimento. O relator poderá ainda solicitar aos tribunais em geral como está se verificando a aplicação da norma questionada no âmbito da respectiva jurisdição. Realizados esses procedimentos, o relator lançará relatório nos autos e pedirá dia para julgamento. Ação cautelar em ação declaratória de constitucionalidade O STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros – oito ministros se presentes todos (onze) e seis ministros se presente o quorum mínimo de oito –, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constituciona- lidade, consistente na determinação de que os juízes e os tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo. É o que consigna o artigo 21 da Lei da ADC. A crítica que pode ser feita a esse artigo é a de que a Constituição atribui efei- tos contra todos, e é vinculante apenas às decisões de mérito e definitivas – com trânsito em julgado – e não às liminares. Dessa forma, todo o Judiciário brasileiro restará afetado com essa medida.1 1 AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE. OUTORGA DE MEDIDA CAUTELAR COM EFEITO VINCULANTE. POSSIBILI- DADE. – O Supremo Tribunal Federal dispõe de competência para exercer, em sede de ação declaratória de constitucionalidade, o poder geral de cautela de que se acham investidos todos os órgãos judiciários, independentemente de expressa previsão constitucional. A prática da jurisdição cautelar, nesse contexto, acha-se essencialmente vocacionada a conferir tutela efetiva e garantia plena ao resultado que deverá emanar da decisão final a ser proferida no processo objetivo de controle abstrato. Procedente. O provimento cautelar deferido, pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de ação declaratória de constitucionalidade, além de produzir eficácia “erga omnes”, reveste-se de efeito vinculante, relativamente ao Poder Executivo e aos demais órgãos do Poder Judiciário. Procedente. A eficácia vinculante, que qualifica tal decisão - precisamente por derivar do vínculo subordinante que lhe é inerente –, legitima o uso da reclamação, se e quando a integridade e a autoridade desse julgamento forem desrespeitadas. (STF, Tribunal Pleno, ADC-MC 8, Rel. Min. Celso de Mello, j. 13/10/1999). Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Ação declaratória de constitucionalidade 231 Concedida a medida cautelar, o STF fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de 180 dias, sob pena de perda de sua eficácia. Julgamento da ADC pelo Órgão Pleno do STF A decisão colegiada da ADC deverá ser tomada se presentes pelo menos oito ministros do STF. Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou a inconstitu- cionalidade da disposição ou da norma impugnada, se num ou noutro sentido tiverem-se manifestado pelo menos seis ministros. É a necessidade de maioria absoluta, sob pena de suspensão do julgamento até que o quorum mínimo seja estabelecido. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente uma eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionali- dade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente uma eventual ação declaratória. É o que se denomina de teoria dos sinais trocados, adotada pela Lei 9.868/99. Questão de suma importância envolvendo a ADC diz respeito àquilo que a doutrina chama de teoria dos sinais trocados, ou seja, a ação direta de inconstitu- cionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade perseguem resultados diferentes. Porém, as decisões, quando inversas, considerando-se uma e outra ação, produzem o mesmo resultado, por coerência. Assim, o efeito vinculante também é aplicável à ADC. Questões importantes da ADC A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ação declaratória é irrecorrível – por ser exarada pelo órgão maior da Corte Máxima do país – ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória. Dez dias após o trânsito em julgado da decisão, o STF fará publicar em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União a parte dispositiva do acórdão. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 232 Ações Constitucionais A decisão terá efeito contra todos (órgãos do Poder Judiciário e Administração Pública federal, estadual e municipal). Após sua publicação, produzirá efeitos de coisa julgada, sendo desnecessária a remessa dofeito ao Senado Federal para suspensão da execução, como é feito no controle difuso. Quadro comparativo dos efeitos da ADIn e da ADC ADIn ADC erga omnes erga omnes ex tunc, exceto a previsão do artigo 27 da Lei 9.868/99. ex tunc, exceto as restrições constantes no artigo 27 da Lei 9.868/99. Efeito vinculante: também é aplicável à ADIn, em razão da teoria dos sinais trocados. Efeito vinculante (CF, art. 102, §2.º): efeito vinculante em relação ao Poder Executivo e demais órgãos do Poder Judiciário (se houver desobediência à decisão de declara- ção de constitucionalidade, o recurso cabível é a reclamação – que originará uma ordem ao desobediente para que acate a decisão do STF. O Poder Legislativo e o STF não ficam vinculados à decisão da ADC. Liminar/cautelar: artigos 10 e 11 da Lei 9.868/99. O STF reconhece efeito vinculante à decisão concessiva de medida liminar. Pode haver a paralisação dos processos em curso que envolvam a matéria constante na ADIn. Liminar/cautelar: artigo 21 da Lei 9.868/99. Tem efeito vinculante a decisão concessiva de medida liminar (Lei 9.868/99, art. 21, caput). Pode haver a paralisação dos processos em curso que envolvam questões referentes à lei discutida na ADC. Conclusão A ação declaratória de constitucionalidade, também conhecida como ação de resguardo constitucional, visa espancar dúvidas sobre a constitucionalidade de leis ou de atos normativos federais. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Ação declaratória de constitucionalidade 233 Ampliando seus conhecimentos Sugerimos a leitura das obras abaixo: Código de Processo Civil Comentado: legislação processual civil e extravagante, de Nelson Nery Junior, editora Revista dos Tribunais. Moreira Alves e o Controle de Constitucionalidade no Brasil, de Gilmar Ferreira Mendes, editora Saraiva. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 00 14
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